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APOSTILA-SOCIOLOGIA-DA-EDUCAÇÃO-1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 
2 SOCIOLOGIA E SEU CONTEXTO HISTÓRICO .................................................... 5 
2.1 Materialismo histórico e dialético ...................................................................... 8 
2.2 Método compreensivo....................................................................................... 9 
2.3 Funcionalismo ou método comparativo .......................................................... 11 
3 SOCIEDADE E SUAS DEFINIÇÕES .................................................................... 13 
3.1 Estrutura social e impactos na educação. ...................................................... 14 
3.2 Educação e sociedade.................................................................................... 16 
3.3 História da educação no Brasil ....................................................................... 20 
4 SOCIEDADE ECONÔMICA.................................................................................. 22 
4.1 Sistemas econômicos ..................................................................................... 25 
4.2 Teoria do capital humano ............................................................................... 26 
4.3 Capital humano, educação e economia .......................................................... 26 
4.4 Investimento econômico em políticas públicas na educação.......................... 27 
5 O QUE É POLÍTICA? ........................................................................................... 29 
5.1 Política e educação ........................................................................................ 31 
5.2 Ensino e ideologias ......................................................................................... 32 
5.3 Projeto político pedagógico ............................................................................. 36 
6 ESTRUTURA E CONCEITO DA CULTURA ........................................................ 37 
6.1 A escola e seu papel no desenvolvimento humano ........................................ 41 
6.2 Cultura e Educação ........................................................................................ 42 
6.3 Educação e cidadania..................................................................................... 46 
6.4 Educação e mudança social ........................................................................... 48 
6.5 Educação fora da escola ................................................................................ 50 
7 PERSPECTIVAS SOCIOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS ................................. 53 
 
3 
 
7.1 Funcionalismo ................................................................................................. 53 
7.2 Perspectiva do conflito .................................................................................... 55 
7.3 Perspectiva interacionista simbólica ............................................................... 56 
7.4 Perspectiva Estruturalista-Construtivista ........................................................ 58 
7.5 Teoria Feminista ............................................................................................. 59 
7.6 Feminismo Moderno ....................................................................................... 60 
8 PERSPECTIVAS SOCIOLÓGICAS SOBRE EDUCAÇÃO: PERSPECTIVA 
FUNCIONALISTA ..................................................................................................... 61 
8.1 Perspectiva do Conflito ................................................................................... 62 
8.2 Perspectiva Interacionista Simbólica .............................................................. 63 
8.3 Perspectiva Estruturalista-Construtivista ........................................................ 64 
8.4 A Educação em Karl Marx .............................................................................. 65 
8.5 A Educação em Émile Durkheim .................................................................... 65 
8.6 A Educação em Max Weber ........................................................................... 67 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 70 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 SOCIOLOGIA E SEU CONTEXTO HISTÓRICO 
A sociologia é estudo científico da organização e do funcionamento das 
sociedades humanas e das leis fundamentais que regem as relações sociais, as 
instituições, etc. 
Nesta perspectiva, pode-se entender a sociologia como uma das 
manifestações do pensamento moderno. O desenvolvimento do pensamento 
científico, datado da época de Copérnico, abrangeu com a sociologia, um novo campo 
de conhecimento que ainda não havia sido integrado ao conhecimento científico, o do 
mundo social. Surgindo após a constituição das ciências naturais e das diversas 
ciências sociais (MARTINS, 1988). 
Desta forma, a sua formação constitui um fato complexo, para o qual 
contribuem um conjunto de circunstâncias, história e sabedoria, e uma série de 
intenções práticas. O seu surgimento inscreveu-se num contexto histórico específico, 
coincidindo com os momentos finais da desintegração da sociedade feudal e da 
consolidação da civilização capitalista. Sua criação não é obra de um único filósofo ou 
cientista, mas é resultado da construção de um grupo de pensadores empenhados 
em compreender novas situações de existência (MARTINS, 1988). 
Para compreensão da atuação da sociologia e sua interpretação científica, 
percorremos desde a contextualização histórica do seu surgimento até a formação 
dos principais métodos de análise sociológica da realidade social. 
A sociologia ergueu-se como resultado de um processo histórico que culminou 
na Revolução Industrial: a segunda revolução científica e tecnológica. Este evento deu 
origem a problemas sociais que os pensadores contemporâneos não conseguiram 
explicar (MARCON, 2014). 
 
PARA COMPLEMENTAR: Chamamos de revolução industrial o período em que 
um grupo de invenções e inovações criaram um enorme aumento na produção 
de bens. O fenômeno começou na Inglaterra entre 1760 e 1820 e depois se 
espalhou para outros países europeus e Estados Unidos. 
Durante este período, a economia britânica mudou de uma economia 
predominantemente agrícola para uma industrial, caracterizada pela produção em 
larga escala e uso extensivo de maquinário para reduzir tempo e custos (MARCON, 
2014). 
 
6 
 
As mudanças trazidas pela Revolução Industrial moldaram e transformaram 
completamente a organização social, deram origem a novas formas de organização eprovocaram grandes mudanças culturais. Todo esse processo de transformação levou 
ao surgimento de duas novas classes sociais: dos trabalhadores e empresários. O 
número de cientistas e engenheiros aumentou. 
Mas foi a siderurgia que teve um impacto ainda mais decisivo ao revolucionar 
as técnicas de produção, ao influenciar o desenvolvimento de todas as indústrias 
subsequentes. Melhorias em fornos e sistemas de fundição tornaram o ferro de alta 
qualidade disponível e tiveram grandes vantagens sobre outros materiais. Isso levou 
ao aprimoramento de muitas tecnologias existentes e à construção de novas 
máquinas. De acordo MARCON (2014) esse processo trouxe crescimento e 
estruturação das ferrovias, pontuado que: 
O ferro permitiu o desenvolvimento das ferrovias, que vieram se somar às 
outras recentes transformações no sistema de transporte, tais como técnicas 
modernas de pavimentação de estradas e abertura de redes de canais. A 
diminuição do tempo de deslocamento e o intercâmbio iniciaram a ruptura das 
relações de dependência (MARCON, p. 22, 2014). 
Toda mudança em sociedade poderá afetá-la de forma negativa ou positiva, 
com o processo da Revolução Industrial no ponto de vista social, há uma grande 
concentração de pessoas nas cidades britânicas, graças às profundas transformações 
ocorridas no campo. A agricultura de subsistência, típica do feudalismo, foi substituída 
pela mineração em larga escala para atender às necessidades industriais. A 
agricultura foi substituída pela criação de ovelhas para fornecer lã para a indústria 
(MARCON, 2014). 
Um dos fatos mais importantes sobre a revolução industrial é, sem dúvida, o 
surgimento do proletariado e seu papel histórico na sociedade capitalista. Os efeitos 
catastróficos que essa revolução teve sobre a classe trabalhadora fizeram com que a 
classe trabalhadora recusasse suas condições de vida. As manifestações da 
insurreição operária passaram por várias fases, como a destruição de máquinas, atos 
de vandalismo e explosão de algumas oficinas, roubo e criminalidade, que evoluíram 
para a constituição de associações e formação sindical, etc (MARTINS, 1988). 
No século XVII, a forma de idealização avançou significativamente pelo uso 
sistemático da razão na livre investigação da realidade que caracterizou os 
pensadores conhecidos como racionalistas. Este progresso foi aperfeiçoado pelo 
 
7 
 
Iluminismo no século XVIII. O Iluminismo não apenas procurou transformar as velhas 
formas de conhecimento, mas também criticou duramente a sociedade feudal, 
contrapondo os privilégios da nobreza e as restrições que eles impuseram. De acordo 
com os interesses econômicos e políticos da burguesia, esta forma de sociedade era 
irracional, injusta e restritiva da liberdade. Com seu pensamento revolucionário 
iluminista, eles desempenharam um papel fundamental na Revolução Francesa de 
1789 (MARCON, 2014). 
A Revolução Francesa de 1789 não tinha como objetivo apenas mudar a 
estrutura do Estado e abolir radicalmente a antiga forma de sociedade, mas também 
revogar costumes e hábitos arraigados, de acordo com MARTINS (1988): 
A revolução desferiu também seus golpes contra a Igreja, confiscando suas 
propriedades, suprimindo os votos monásticos e transferindo para o Estado 
as funções da educação, tradicionalmente controladas pela Igreja. Investiu 
contra e destruiu os antigos privilégios de classe, amparou e incentivou o 
empresário (MARTINS, p. 23, 1988). 
 
Vejamos o quadro abaixo que demostra os aspectos relacionados a revolução 
Industrial e Revolução Francesa revelando suas ideologias: 
Fonte: https://shre.ink/1YNo 
Certos pensadores da época estavam imbuídos da convicção de que era 
necessário descobrir uma nova ciência para introduzir a "higiene" na sociedade e 
"reorganizá-la". 
A sociologia moderna nasceu com base nas ideias de alguns pensadores que 
trazem a visão sociológica da realidade social. Um deles é Karl Marx. 
 
8 
 
Marx analisou as sociedades capitalistas e concluiu que as principais fontes 
de conflito nas sociedades de classes são o fato de os produtores estarem dissociados 
dos meios de produção e a permeação das relações humanas com a lógica de 
mercado ou financeira. De acordo com a visão marxista, o estudo da sociedade deve 
começar com seus fundamentos materiais. É a estrutura econômica da sociedade que 
representa o próprio fundamento da história humana sobre a qual se baseiam outros 
níveis de realidade, como política, cultura e religião. O conhecimento da realidade 
social deve se tornar uma ferramenta política que possa orientar grupos e classes 
sociais para transformar a sociedade (MARCON, 2014). 
Para complementar: 
Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo alemão e revolucionário socialista. Criou a 
base da doutrina comunista, onde criticou o capitalismo. Sua filosofia tem 
influenciado diversas áreas do conhecimento, como a sociologia, a política, o direito 
e a economia. 
Em Bruxelas, Marx mudou-se com a família e, com Engels, dedicou-se a escrever 
sua tese sobre o socialismo e a manter contato com o movimento operário europeu. 
Fonte: www.ebiografia.com 
 
2.1 Materialismo histórico e dialético 
A teoria marxista prioriza situações de conflito que existem em 
sociedade industrial (capitalistas contra trabalhadores). Marxistas argumentam que é 
a luta de classes, e não a harmonia social, que cria a realidade da sociedade 
capitalista. A luta dos opostos está no cerne desses pensadores. Em outras palavras, 
podemos chamar de dialética. Etimologicamente a palavra dialética advém do 
grego dialetiké. Ao desmembrarmos a palavra, descobrimos que o 
termo dia representa interação, troca. Letiké possui a mesma raiz que logos, 
significando, portanto, palavra, razão ou conceito. Assim, dialética é, a rigor, uma troca 
de palavras, de informações que pode resultar em outra palavra ou informação. De 
acordo com Marcon (2014): 
[...]esse método já era utilizado muito antes de Marx, mas foi ele que o 
retomou e o reintroduziu no pensamento moderno. Para Marx, o método 
dialético possui quatro características fundamentais: tudo se relaciona entre 
si; mudança qualitativa; tudo se transforma; luta dos contrários (MARCON, p. 
27, 2014). 
 
9 
 
 
Com a ideia de constante transformação através de movimentos contínuos, 
toda a mudança sempre tem um propósito qualitativo, pois a busca pelo 
aperfeiçoamento é constante, Marcon (2014), diz que “a luta entre os contrários vai 
sempre resultar em uma solução melhor, pela própria assimilação das ideias e 
enriquecimento do pensamento”. 
 
2.2 Método compreensivo 
Max Weber (1864-1920), foi um importante sociólogo e economista alemão. 
Suas obras representativas são "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" e 
"Economia e Sociedade". Ele dedicou sua vida à pesquisa acadêmica, escrevendo 
sobre vários assuntos, como o espírito do capitalismo e a religião chinesa (FRAZÃO, 
2019). 
O ponto de partida de Weber para entender a sociedade, é concernir a ação 
humana. Para o filósofo alemão, era preciso estudar, explicar e analisar as ações do 
homem em sua existência no mundo, bem como o sentido e a definição que seriam o 
motivo da mesma ação. Seu ponto de partida encontra-se, portanto, na ação social e 
na noção de que a sociologia é uma ciência compreensiva (NERY, 2013). 
Segundo Nery (2013), Weber dialoga com a teoria do marxismo, mas se 
distancia de Marx na medida em que, para explicar a sociedade, parte das relações 
estabelecidas pelo homem no quadro da sociedade capitalista e não centralizada sua 
análise sobre os determinantes econômicos. Ele considera a existência de muitos 
grupos sociais em diferentes sociedades, relacionados a diferentes culturas e, 
portanto, também deve ser levado em consideração no ato de educar. Não nega 
categoricamente a luta de classes, mas defende que todas as causas e efeitos das 
mudanças sociais não se encontram apenas nas classessociais. Além disso, para 
Weber, a sociedade não é uma força externa que determina indivíduos e grupos, mas 
é o resultado de processos interativos. 
Em Weber, observamos que a especificidade das normas e regras sociais só 
se concretizam quando essas normas e regras estão presentes em cada indivíduo 
através do processo de interação, interiorização e expressão presentes nas pessoas 
como motivação. Cada pessoa que atua na sociedade tem como ponto de referência 
um motivo, que pode ser determinado pela tradição, emoção e razão. Nesta fase de 
 
10 
 
sua teoria, Weber estabelece os tipos de ação social que ocorrem na sociedade, pois 
o objetivo expresso na ação social é o que pode revelar o seu próprio significado, pois 
ao final cada indivíduo considera a suas ações relativamente ligadas a 
interação/reação de outras pessoas. 
Existem quatro tipos de ação social estabelecidos por Weber, consideremos a 
tabela abaixo: 
AÇÃO SOCIAL TRADICIONAL É a ação determinada por um costume, 
por um hábito, na qual o ator social 
obedece a reflexos enraizados de longa 
prática, determinada por hábitos, 
costumes e crenças e que acaba por ser 
transformada em uma segunda 
natureza. Nesse tipo de ação social, 
reproduzem-se padrões sociais 
consagrados pelos costumes e pelas 
tradições observadas na convivência 
social. 
AÇÃO SOCIAL AFETIVA Tem como característica fundamental 
ser emotiva, ser determinada por afetos 
ou até mesmo por estados sentimentais. 
Pode ser uma ação reativa de caráter 
emocional do ator social em dada 
circunstância, em dado instante de sua 
vida, não sendo determinada por um 
objetivo ou por um sistema de valores. 
AÇÃO SOCIAL RACIONAL COM 
RELAÇÃO A VALORES 
Tem como característica fundamental 
ser a ação determinada pela crença 
consciente em um dado valor que é 
considerado significativo por parte do 
ator social. De certa forma, o ator social 
age conforme seus princípios morais e 
 
11 
 
éticos e acaba por “racionalizar” o agir 
em conformidade com esses princípios. 
AÇÃO SOCIAL COM RELAÇÃO A FINS Tem como característica básica ser a 
ação que o homem realiza como ator 
social, tendo como referência ou 
motivação seus objetivos e 
considerando os meios de que dispõe 
para atingi-los. 
Em nosso cotidiano, ao desempenharmos nossas funções sociais, deparamos 
com essas formas de agir, ou seja, essas ações sociais servem de estímulos para 
nossas ações cotidianas. 
 
2.3 Funcionalismo ou método comparativo 
 
Émile Durkhein (1858-1917), sociólogo francês, foi considerado o pai da 
sociologia moderna e o diretor da chamada escola francesa de sociologia, e criador 
da teoria da coesão social. Juntamente com Karl Marx e Max Weber, formam um dos 
pilares da pesquisa sociológica (FRAZÃO, 2019). 
Durkheim, enriqueceu o pensamento de seus predecessores e forneceu uma 
base sólida para o desenvolvimento do paradigma funcionalista. Para sua teoria, 
Durkheim se enquadra no quadro da sociologia da regulação. 
Durkheim, afirma que uma das tarefas dos sociólogos é estudar os 
determinantes sociais do comportamento — "dever, lei e costume" — que unem e 
mantêm as pessoas unidas na sociedade. Em sua preocupação com os males sociais, 
identifica duas concepções de solidariedade, a mecanicista, associada às sociedades 
tradicionais, e a orgânica, associada às sociedades industriais. Para ele, as 
'sociedades tradicionais' são mantidas unidas por uma 'solidariedade mecânica', 
enraizada na semelhança das partes e tendo a 'consciência' do indivíduo apenas 
como um apêndice e seguindo a consciência coletiva. (DURKHEIM, 1938, p.148). 
Segundo Cabral (2004), Durkheim estava interessado em distinguir as causas 
de um fato social de suas funções. Também com base na análise da divisão do 
trabalho, ele impôs essa divisão, enfatizando que suas causas não podem ser um 
 
12 
 
padrão previsível em termos de seus efeitos morais, uma vez que os efeitos dessa 
dinâmica só se tornaram aparentes após um longo e difícil processo de previsão 
social. Após excluir as causas individualistas e psicológicas, Durkheim argumentou 
que uma explicação para a divisão do trabalho deve ser buscada em alguma variação 
do contexto social. 
De acordo com Cabral (2004), Durkheim acredita que para formar uma 
sociedade, os indivíduos devem chegar ao consenso por meio da solidariedade, 
mecânica ou orgânica, representando formas extremas de organização social. As 
características de cada um estão resumidas a seguir: 
Solidariedade mecânica - típica das sociedades tradicionais, primitivas ou 
arcaicas. É representado pela metáfora da máquina. É a unidade da semelhança, 
característica de sociedades em que os indivíduos são "intercambiáveis" por diferirem 
tão pouco, reconhecendo os mesmos objetos como sagrados, tendo os mesmos 
sentimentos e valores, além do fato de serem guiados por comandos e proibições 
sociais 
A sociedade tem coesão porque os indivíduos não são diferenciados. A 
implicação é que o indivíduo não é o primeiro na história, ideia central no pensamento 
de Durkheim; 
Solidariedade orgânica - típica da sociedade industrial moderna. É 
representado pela metáfora do organismo. É uma unidade baseada na diferença, 
característica de sociedades em que os indivíduos não são "trocáveis", são distintos 
entre si e têm a liberdade de acreditar, desejar e agir de acordo com suas preferências. 
Os indivíduos diferem por consenso, como resultado de diferenças, ou como 
expresso por diferenças. De acordo com Cabral (2004): 
A diferenciação das profissões e a multiplicação das atividades industriais - 
oriundas da desintegração da solidariedade mecânica e da estrutura 
segmentária - exprimem a diferenciação social que Durkheim prioriza. Da 
análise desses temas decorrem ideias que fazem parte da teoria geral de 
Durkheim, como, por exemplo, o conceito de “consciência coletiva”, 
significando o conjunto das crenças e sentimentos comuns à média dos 
membros de uma sociedade que forma um sistema determinado, com vida 
própria. A consciência coletiva existe em função dos sentimentos e crenças 
presentes nas consciências individuais, mas não é apenas a expressão ou 
efeito destas. A consciência coletiva evolui segundo suas próprias leis e tem 
maior extensão nas sociedades dominadas pela solidariedade mecânica 
(CABRAL, p., 2004). 
De acordo com Cabral (2004) “ao elaborar essas noções, Durkheim conclui que 
o indivíduo nasce da sociedade, e não o contrário”. Assim, uma de suas ideias centrais 
 
13 
 
é a irredutibilidade do conjunto social a uma definição da sociologia que privilegia o 
todo sobre as partes, ou a soma dos elementos e a explicação dos elementos pelo 
todo. 
3 SOCIEDADE E SUAS DEFINIÇÕES 
 
A palavra sociedade se caracteriza pelo conjunto de membros de uma 
coletividade subordinados às mesmas leis ou preceitos, caracterizado por diversos 
períodos correspondes à evolução da espécie humana: sociedade primitiva, feudal, 
capitalista. 
Para compreendermos a formação da sociedade, Trennepohl (2014) diz que, 
primeiro devemos entender a sociedade como algo vivo, em movimento, cuja 
dinâmica é desconhecida. A sociedade está em constante mudança e o desafio é 
entendê-la nessa complexidade em rápido movimento. É necessário, portanto, 
oferecer reflexões voltadas para a construção de uma compreensão das condições 
sociais, econômicas, políticas e culturais de nossa época histórica, como um contexto 
em constante modificações, resultado de um processo de construção histórica. 
É possível conhecer melhor a sociedade brasileira em sua economia política. 
Do ponto de vista do que Marx observou (1983, p. 24), “o modo de produção da vida 
material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral”. 
Diante disso, é necessária uma organização social, econômica, política e cultural. 
Ao longo dos séculos, mudanças ocorreram na sociedade brasileira, 
onde várias leiturassão possíveis. As definições podem variar dependendo da visão 
do mundo do pesquisador, porém, é constituído, no caso do Brasil, por 
diversidade cultural, um processo contínuo, assim como a composição 
por aspectos econômicos e políticos. 
A economia afeta diretamente a vida das pessoas, das empresas e dos 
países. Assim, o Brasil possui uma estrutura produtiva grande e complexa, em 
constante evolução e criação de novas demandas. Cada país deve garantir que sua 
população tenha os suprimentos de que necessita. A estrutura econômica inclui 1) 
processo de produção, 2) distribuição e 3) consumo de bens e serviços 
(TRENNEPOHL, 2014). 
A política desempenha um papel central na organização e funcionamento da 
sociedade e não deve ser confundida simplesmente com a política partidária. Para 
 
14 
 
entender a organização política brasileira, é necessário identificar algumas de suas 
principais características. O primeiro aspecto a considerar também se encontra na 
Constituição brasileira, que a trata como uma república federativa composta por vários 
estados (26), distritos federais (Brasília) e municípios (mais de 5.000). Todos estão 
ligados à União e também são responsáveis por garantir a soberania nacional 
(TRENNEPOHL, 2014). 
Politicamente, a sociedade brasileira tornou-se uma estrutura complexa, 
lembrando que Estado difere de Governo. O que queremos dizer com estado e 
governo? 
O estado é mais estável e contribui para a organização geral do país. 
O Estado desempenha um papel extremamente importante na formação dos 
cidadãos. Compete-lhe assegurar os direitos individuais e coletivos, bem como 
formular e implementar as políticas públicas necessárias ao atendimento das 
necessidades básicas do povo, garantindo-lhe o acesso aos benefícios dele derivado, 
desenvolvimento econômico e tecnológico do país (DA COSTA, 2016). 
 
3.1 Estrutura social e impactos na educação. 
 
De acordo com os impactos em sociedade descritos no tópico anterior, pode-
se dizer que no âmbito educacional não é diferente, a sociedade está intrinsecamente 
relacionada com o processo de escolarização. De acordo com Dias e Pinto (2019) a 
educação, pela sua origem, finalidade e função, é um fenômeno social, associado ao 
contexto político, econômico, científico e cultural de uma determinada sociedade. O 
ato de educar é um processo contínuo na história de todas as sociedades, não é o 
mesmo em todos os tempos e lugares, é, em essência, um processo social. Além 
disso, educação e sociedade estão correlacionadas porque a primeira tem forte 
influência nas mudanças que ocorrem na segunda. 
Ao consideramos a estrutura social, as escolas não estão imunes as 
determinações presentes nela. Nesse sentido, qualquer estrutura social inclui fatores 
econômicos, ideológicos, jurídicos e políticos, formando um todo (OLIVEIRA, P.S. DE, 
2005, P. 35). 
Existem dois conceitos básicos - estrutura social e organização social. A 
estrutura diz respeito aos atores sociais no desempenho de seus papéis sociais, e a 
 
15 
 
organização social trata do próprio funcionamento do chamado corpo social. Podemos 
também concluir que a estrutura social acaba por nos dar uma ideia, uma visão do 
estático - é o presente. Por outro lado, a organização social dá-nos uma ideia de 
desempenho, na medida em que estão envolvidos os atores sociais e as relações que 
estabelecem. A escola é um espaço multidimensional no qual os atores sociais se 
situam (OLIVEIRA, P. S. DE, 2005). Para Nery (2013): 
Pensar na estrutura social é também pensar no modo de produção que 
constitui a estrutura. É importante que retomemos a concepção marxista 
acerca da estrutura social. Temos aí claramente a formação social composta 
da infra e da superestrutura social. É importante que vejamos a relação entre 
essas duas “forças” que formam a sociedade. À infraestrutura, em que se 
encontram as bases econômicas da sociedade, as relações de produção, 
determina a superestrutura, isto é, a forma como os homens se organiza para 
produzir os bens de que necessitam (modo de produção) é a base infra 
estrutural de toda e qualquer sociedade. A superestrutura, por sua vez, é 
composta das instâncias ideológica, jurídica e política. (NERY, p. 73, 2013). 
 
Na Instância Ideológica encontra todas as instituições - escolas, igrejas, 
partidos políticos, etc, que de alguma forma veiculam os valores, costumes, 
conhecimentos e crenças existentes na sociedade. São alguns dos exemplos 
ideológicos de formação social, a instância jurídica que está relacionada com a lei e 
também instância política que identifica as relações de poder que se formam nas 
instituições estatais no contexto da sociedade contemporânea. 
Como podemos ver, a educação faz parte da ideologia, capaz de transmitir 
todos os valores, hábitos e crenças existentes na sociedade. Se a sociedade é 
desigual, a educação pode transmitir os valores da classe dominante. Assim, a 
educação em uma sociedade desigual, as desigualdades se estabelecem no tecido 
social, fazendo com que indivíduos e grupos adotem os valores de quem domina e 
exerce o poder dentro da estrutura da sociedade. Segundo Marx, podemos dizer que, 
no quadro de uma sociedade de classes, a educação transmitirá os valores da classe 
dominante. 
A educação depende do modo de viver total de uma sociedade. Assim, a 
espécie de educação difere de acordo com os tipos de sociedade [...]. Por 
isso, não só são diversos os sistemas educativos e as instituições 
educacionais, assim como cada sociedade tem seus próprios tipos ideais de 
homens e heróis culturais, que os jovens seguem como exemplo. [..] O modo 
de produção da sociedade determina não só o sistema de estratificação social 
(castas, estamentos ou classes sociais) e de educação, como também o 
modo de pensar e agir dos indivíduos na sociedade. No entanto, esta 
determinação não é absoluta. A educação, dada dentro de uma determinada 
sociedade, muda com o correr do tempo, à medida que a sociedade muda. 
Só a partir do surgimento e consolidação do modo de produção capitalista é 
 
16 
 
que a educação se desenvolveu em complexos sistemas de ensino. 
(OLIVEIRA, P.S. DE, 2005, P. 50-51) 
 
3.2 Educação e sociedade 
 
O termo escola vem da palavra grega scholé que significa “lazer, tempo de 
recreação”. O termo é usado para se referir a instituições educacionais porque a 
tradição greco-romana não dava muita importância à formação profissional e ao 
trabalho manual. Treinar homens da classe dominante era o ideal da educação grega. 
Os professores não eram formados de acordo com seu próprio conceito, mas 
deveriam seguir as necessidades da sociedade, formando líderes, pessoas que 
ocuparão altos cargos no futuro. 
Como surgiu a educação? A educação é uma invenção humana. Se existe a 
ideia de uma educação ser feita, é porque existe a necessidade de ensinar algo a 
alguém por um determinado motivo. Educar é ter algum controle sobre o ambiente 
externo e considerar que é possível transformá-lo. Ou seja, quando falamos de cultura, 
predizemos um esforço educativo. Quando o homem se tornar o agente da própria 
história, passa-se a ter os primeiros esforços para educar os indivíduos e os grupos 
aos quais ele pertence. Os humanos primitivos estavam sujeitos ao tempo, como os 
animais, não compreendendo sistematicamente o ontem e o amanhã. Para Paulo 
Freire, o homem primitivo, como os animais, vivia sob esmagadora eternidade. Só 
quando “teve consciência do tempo, se historicizou” (FREIRE, 1999, p. 31). 
As transformações causadas pelo próprio homem, fazem dele o construtor de 
sua própria história. Como disse Paulo Freire, “na medida em que os homens, dentro 
de sua sociedade, vão respondendo aos desafios do mundo, vão temporalizando os 
espaços geográficos e vão fazendo história pela sua própria atividade criadora” (1999, 
p. 33). Se o homem consegue transformar e criar história, então ele pode aprender e 
ensinar seussemelhantes. Mas por muito tempo, no que aqui chamamos de 
sociedades primitivas, as pessoas atribuíram esse poder transformador a uma 
percepção mágica da realidade. Mitos ou interpretações mágicas da realidade eram 
uma importante forma de compartilhamento de poder em grupos sociais. A divisão do 
poder e a divisão do trabalho andavam de mãos dadas, pois poucos indivíduos eram 
capazes de conhecer os mistérios dos fenômenos naturais e, assim, controlar a 
produção e controlar os indivíduos (BATISTA; FREIRE, 2014). 
 
17 
 
Observamos que os seres humanos que vivem em sociedade produzem um 
fenômeno social que chamamos de educação. Pensar a educação das diferentes 
sociedades ao longo da história significa compreender as diferentes formas de 
organização social destinadas a garantir a sobrevivência das populações humanas. 
As primeiras e posteriores civilizações agrícolas que se formaram ao longo dos rios e 
consolidaram assentamentos sedentários criaram uma divisão do trabalho entre 
homens e mulheres, entre produtores e lavradores, dedicando-se ao sagrado e 
protegendo o grupo, entre os governantes e dominados. Era necessário conhecer 
verbalmente os mitos que explicam os fenômenos naturais associados ao poder dos 
deuses. Os deuses representavam a forma racionalizada de tentar explicar o 
significado e a complexidade da vida. Batista e Freire (2014) afirmam que: 
Nas sociedades anteriores à escrita não havia escolas nem professores. A 
educação se resumia à prática e às experiências diretamente ligadas à 
interpretação mágica da natureza. Os rituais auxiliavam a entender o ciclo da 
vida e o caráter divino da natureza. Nos chamados homens pré-históricos 
encontramos os rituais de iniciação (BATISTA; FREIRE, p. 52, 2014). 
Quando as pessoas começaram a produzir não apenas para sobreviver no dia 
a dia, mas para obter um excedente, a propriedade tornou-se um valor social 
importante e tivemos a escravidão. A escravidão foi criada para controlar a produção 
excedente e garantir a produção com o trabalho de terceiros. Exemplos de escravidão 
antiga são as sociedades grega e romana. Um dos elementos mais marcantes da 
história cultural é a divisão entre o trabalho físico e o mental que, nas primeiras 
civilizações, realmente traçou as linhas entre governantes e governados. No caso 
grego, temos uma oposição entre aristoi (excelente) e demo (povo), que logicamente 
se refletirá na educação (BATISTA; FREIRE, 2014). 
Segundo Batista e Freire, os representantes aristocráticos têm uma educação 
anti-tecnologia que aliena todas as formas de trabalho manual. Para o dominante, a 
educação é dedicada ao estudo cuidadoso do uso da linguagem e do raciocínio. 
Assim, desde os gregos, existe um dualismo educacional que tem em vista educar 
crianças e jovens para perpetuar a segregação de classes, voltado para pessoas 
comuns, com foco nas coisas. O que resta é uma educação que não se limita a obras, 
mas em um espaço dedicado a instrumentos e obras. Embora possamos concordar 
que as sociedades e culturas carecem de imobilidade, sociedades pré-históricas, 
sociedades antigas como Grécia e Roma, e mesmo sociedades feudais eram 
 
18 
 
comparativamente esparsas em comparação com as revoluções artísticas e 
científicas pós-renascentistas, podem ser consideradas estáticas. Seja pela rigidez de 
seu dualismo de classe, seja pelo longo período histórico em que essa rigidez 
prevaleceu. Entretanto, algumas mudanças podem ser observadas das sociedades 
pré-históricas para as chamadas sociedades tradicionais, caracterizadas pela longa 
duração de suas estruturas. Vejamos a tabela comparativa abaixo: 
 
Fonte: Batista e Freire, 2014. 
Sucumbindo aos ideais do universo cristão, a cultivo greco-romana obviamente 
deixou raízes profundas no quão entendemos por educação. Mas o desmoronamento 
do Império Romano e a oficialização do cristianismo provocaram mudanças 
importantes na forma de supor e realizar a educação. Foi uma revolução na mente e 
na forma de se compor a sociedade, com ideais muito diversos daqueles quão haviam 
norteado a Antiguidade. Essa nova mentalidade terá implicações de longo alcance 
para instituições, políticas e educação. Se a escola é uma invenção mais recente, 
então a educação das crianças e dos jovens realiza-se prioritariamente no âmbito 
familiar. A família é o primeiro lugar de socialização. O espaço da mulher é o espaço 
da família, ainda que socialmente invisível e necessariamente subordinada. A mulher 
fora do espaço doméstico encontrava-se em posição vulnerável. As crianças também 
estavam nesta área vulnerável e tentavam sobreviver a doenças, negligência, 
violência de todos os tipos no local de trabalho (BATISTA, FREIRE, 2014). 
É esse espírito cristão, justificado pela Igreja, que estabeleceu muito do que hoje 
consideramos como o mundo ocidental. Essa mentalidade moldou os ideais políticos, 
as normas econômicas e a imaginação social. A dualidade social e educacional da 
antiguidade continuou na Idade Média. O mundo medieval deixou-nos uma herança 
 
19 
 
educativa do espírito cristão, mesmo inserido num contexto secular. Além disso, 
práticas educacionais voltadas para recompensa ou punição e organização de 
pesquisas, ainda hoje encontradas em muitas instituições educacionais (BATISTA, 
FREIRE, 2014). 
A modernidade vem com uma revolução pedagógica (OLIVEIRA, 2014). A 
infância, quando aparece nos escritos filosóficos contemporâneos, é apresentada 
como um aluno conduzido por um professor. Assim é nos Ensaios de Montaigne 
(1580), Didactica Magna de Comenius (1631), e também em Emile de Rousseau 
(1762). A invenção da infância na modernidade é sobretudo o ideal de ir à escola. 
É axiomático que as mudanças que ocorrem na Modernidade estão relacionadas 
com as descobertas geográficas devido ao renascimento do comércio, ao crescimento 
das cidades, à mobilidade social e à expansão da navegação. Mas não esqueçamos 
que esta era moderna está relacionada com a criação de estados-nação que 
governam toda a sociedade e suas políticas, e a educação realmente aparece como 
uma ferramenta importante para realizar essa tarefa. 
Gradualmente, as escolas que concebemos hoje foram moldadas pelos ideais 
da ciência e da razão. Por que educação desde a modernidade? Pode-se dizer que 
seu objetivo mudou, buscando formar indivíduos ativos na sociedade, ansiosos por 
romper com as velhas formas de ordem social baseadas em tradições e laços 
familiares, e ansiosos por combinar fé e razão. Se os lugares privilegiados para a 
educação das crianças são o lar e a igreja, então a modernidade se forma na oficina, 
e o exército e a escola se fortalecem. 
Outras instituições de controle social também se sofisticaram: hospitais, 
asilos, prisões. Em outras palavras, toda revolução tem seus limites: os limites do 
desenvolvimento seguro dos meios de produção e as condições de produção do 
sistema capitalista emergente. A base do surgimento da ideologia burguesa na 
modernidade partia dos pressupostos de formar cidadãos e produtores, libertar as 
pessoas dos grilhões da ignorância e da superstição, mas também tornar as pessoas 
produtivas e integradas ao novo sistema. 
 
 
 
 
 
20 
 
3.3 História da educação no Brasil 
 
Em um breve histórico das cronologias educacionais, observamos que os 
contextos culturais são muito complexos e podem ser abordados a partir de diversas 
perspectivas antropológicas, históricas, sociológicas, econômicas e políticas, e cada 
uma delas é uma forma de evidenciar o caráter irredutível da cultura a priori sobre a 
estrutura humana, as relações humanas na sociedade e a reflexão humana no espaço 
educacional. 
A história da educação no Brasil remonta ao século XVI, com os jesuítas, 
nossos primeiros educadores e responsáveis pelas bases do sistema educacional 
daquele período. Os jesuítas desempenharam esse papel por quase dois séculos; 
nesse ciclo, a educaçãoé baseada no ensino do catecismo indígena e, segundo 
Azevedo (1963, p. 93), “quase na sua integridade, o patrimônio de uma cultura 
homogênea, a mesma língua, a mesma religião, a mesma concepção de vida e os 
mesmos ideais de homem culto”. A educação jesuíta para os filhos da classe 
dominante e dos índios. Escravos, pobres e mulheres eram excluídos. 
Os jesuítas que vieram para o Brasil foram treinados em pregação, liturgia e 
prática sacramental (HANSEN, 2000, P. 23). Esses educadores foram formados na 
Europa, com o apoio dos clássicos da época, valendo-se deles para educar os nativos 
brasileiros. Com ênfase na retórica, acredita-se que é possível tornar o índio mais 
"viril" desenvolvendo sua memória e inteligência. 
O conflito de interesses entre o Estado e a Igreja, representada pelos jesuítas, 
levou ao fim da era jesuíta na educação portuguesa. Preocupado com a dominação 
social exercida pela Igreja Católica por meio dos jesuítas, o Marquês de Pombal 
decidiu instaurar um Estado laico e expulsá-los não só de Portugal, mas também das 
demais seitas de seus territórios, inclusive do Brasil (MACIEL; SHIGUNOV NETO, 
2006). Com a saída dos jesuítas, o governo teve que estabelecer novas linhas 
educacionais que regeriam esse instrumento de formação, uma vez que a cultura 
científica estava subordinada à Constituição do Estado. O Marquês de Pombal foi o 
responsável por promover essas mudanças, com pequenas reformas de pesquisa 
(BARBOSA; FILHO, 2013). Até então, a educação estava sob o controle da Igreja 
Católica e os professores eram frequentemente associados a uma ordem religiosa. 
Com a chegada do século XVIII, o governo percebeu que através da educação poderia 
 
21 
 
controlar o povo e para isso demitiu os jesuítas. Desde então, pela primeira vez, foi 
preciso formalizar a profissão docente e prepará-la para atuar em um novo modelo de 
ensino, sob gestão do Estado. 
Com a chegada da realeza e da corte portuguesas ao Brasil, em 1808, 
diversas medidas educativas foram adotadas para atender aos interesses dos nobres 
que aqui vinham. Nasceram as primeiras instituições culturais e científicas, de ensino 
técnico e de ensino superior. Nas outras classes, não existe essa preocupação; são 
preferencialmente fornecidos por iniciativa pessoal, delegando à família a 
responsabilidade pelo ensino da leitura e da escrita (ROMANELLI, 2002). 
Até a Primeira Guerra Mundial, a inércia da economia brasileira permitia a 
sustentação necessária de um sistema dualista que, sobretudo, servia à elite e em 
grande parte à classe média; a classe trabalhadora não tinha acesso à escola 
(TEIXEIRA, 1977). Após a guerra, especialmente na década de 1920, houve uma 
onda de protestos contra as mudanças na sociedade em geral. Nessa época, surgiu 
um grande movimento de implantação da Escola Nova no Brasil, elaborado por 
grandes educadores, como Anísio Teixeira, Almeida Júnior e Lourenço Filho, que 
lideraram o movimento e redigiram o Manifesto dos Pioneiros em 1932, documento 
que redefiniu o papel do Estado na educação e cujo objetivo primordial era lutar pela 
expansão das escolas públicas, laicas e liberais, pelo direito à liberdade, maior 
apropriação da função educativa e descentralização da educação (SAVIANI, 2004), 
que seria o único meio de combate à desigualdade social no Brasil. 
Em um salto histórico muito importante para a educação podemos considerar 
a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 9.394/96), gerando 
esperanças de que o problema da formação de professores em nosso país será 
resolvido, mas essas expectativas ainda não foram satisfeitas. Os institutos de ensino 
superior e as escolas comuns superiores têm sido aceitos como opção de cursos 
pedagógicos e de bacharelado. A LDB veio atualizar os equipamentos que a 
Constituição de 1988 promulgou. A lei atual, que trouxe uma série de mudanças no 
setor educacional, é a lei mais abrangente já desenvolvida. No entanto, apresenta 
falhas passíveis de diversas interpretações, que não garantem avanços substanciais 
e qualidade educacional. As dificuldades encontradas na educação pública brasileira 
são consequência da falta de designação efetiva das mudanças propostas pela LDB, 
 
22 
 
como problemas como baixos salários e formação inadequada de professores 
(SOUZA; MIRANDA; SOUSA, 2018). 
 
4 SOCIEDADE ECONÔMICA 
 
A sociedade econômica é o resultado de séculos de mudança social. Ou mais 
precisamente, três revoluções tecnológicas que marcaram mudanças significativas 
nos processos produtivos e que consequentemente mudaram a vida social. 
As pessoas que formaram as primeiras sociedades, não tinham casas 
permanentes e viviam da caça e da coleta da terra. Para simplificar, as diferentes 
atividades econômicas desse período não podem ser discutidas, pois a produção e o 
consumo de mercadorias faziam parte da vida doméstica. Em seguimento do 
processo evolutivo, os humanos tornaram-se sedentários, o que deu origem aos 
primeiros grupos. Dessa forma, começaram a desenvolver tecnologia agrícola e 
tiveram condições de armazenar alimentos. Essa fase - que se acredita ter ocorrido 
há cerca de 10 mil anos - é conhecida como revolução agrícola (GIL, 2011). 
De acordo com Gil (2011) as pessoas começam a se estabelecer 
permanentemente em um lugar e têm mais controle sobre sua energia. Portanto, todos 
não são mais obrigados a produzir alimentos. Como resultado, alguns começaram a 
se dedicar a atividades mais profissionais, como criar animais, fabricar ferramentas e 
construir casas. Assim nasceu a cidade e a economia tornou-se uma instituição social 
única graças à combinação de quatro fatores: estabilidade permanente, tecnologia 
agrícola, especialização do trabalho e comércio. 
Outra revolução tecnológica ocorreu em meados do século XVIII: a Revolução 
Industrial, marcada pela produção em larga escala para o mercado mundial. A 
revolução começou na Inglaterra e se espalhou pela Europa no século XIX para os 
Estados Unidos, que se tornou o país mais industrializado do mundo no século XX. A 
Revolução Industrial provocou profundas mudanças na economia mundial. Suas 
principais características são citadas por (GIL, 2011): 
 
Novas fontes de energia Durante muito tempo, a energia 
produzida correspondeu ao esforço 
muscular de humanos e animais. Com a 
 
23 
 
invenção de máquinas como a 
lançadeira móvel, o tear elétrico e a 
máquina a vapor, ocorreu uma revolução 
na fabricação. As fábricas começaram a 
produção em massa e a indústria pesada 
apareceu. Por sua vez, a invenção das 
locomotivas e dos barcos a vapor 
contribuiu decisivamente para a 
circulação de mercadorias. 
Centralização do trabalho em fábricas A produção industrial no final da Idade 
Média e no Renascimento era 
caracterizada pelo artesanato local, com 
os artesãos trabalhando em casa e 
realizando todas as etapas do processo 
produtivo com suas famílias. Com a 
Revolução Industrial, essas atividades 
ocorreram principalmente nas fábricas. 
Produção em massa. O trabalho, que antes da Revolução 
Industrial era manual, passou a ser feito 
por máquinas. Portanto, um grande 
número de produtos foi produzido de 
maneira padronizada. 
Especialização Os artesãos da casa completam todas 
as etapas da fabricação das peças. Nas 
fábricas, os trabalhadores passam a 
realizar tarefas repetitivas e, assim, 
contribuem cada vez menos com o 
produto final. Essa especialização 
aumentava a produção, mas também 
reduzia o nível de habilidade exigido dos 
trabalhadores. 
Novas relações de trabalho O novo sistema industrial transformou as 
relações de trabalho, criando duas novas 
 
24 
 
classes sociais que se tornariam a base 
de seu funcionamento. De um lado estão 
os capitalistas (empresários) que 
possuem prédios, máquinas, matérias-
primas e produtos manufaturados. Por 
outro lado, os proletários (trabalhadores) 
que possuem apenas a forçade trabalho 
e a vendem aos capitalistas para 
produzir bens em troca de salários. 
 
Uma das principais consequências da Revolução Industrial foi o rápido 
crescimento econômico. No entanto, seus benefícios não são distribuídos 
uniformemente entre a população. Muitos empresários construíram enormes fortunas, 
mas a maioria dos trabalhadores industriais continuavam a viver na pobreza. Em 
muitas fábricas, os turnos diários eram superiores a 15 horas e as condições de 
trabalho eram precárias. Os períodos de descanso e feriados nem sempre eram 
respeitados, e mulheres e crianças não eram tratadas diferentemente (GIL, 2011). 
O desenvolvimento dos modos de transmissão de informação, como o rádio, a 
televisão, os telefones celulares e principalmente os computadores, trouxe mudanças 
sociais, econômicas e políticas que mudaram o mundo, mudaram profundamente a 
face do mundo. Com a disseminação da Internet, a partir da década de 1990 um 
enorme banco de dados passou a ser compartilhado praticamente em todo o planeta. 
Assim, podemos falar da Revolução da Informação, que marcou profundamente o 
início do século XXI. Essa revolução da informação, combinada com uma economia 
cada vez mais de alta tecnologia e baseada em serviços, criou a chamada economia 
pós-industrial. A automação e os processos robóticos reduziram o papel do trabalho 
humano na manufatura, levando cada vez mais pessoas a participar das atividades 
da indústria de serviços (GIL, 2011). 
Como consequência direta da revolução tecnológica, assistimos desde o final 
do século XX a uma série de transformações da ordem econômica e política mundial, 
conhecidas como globalização. Devido ao aprimoramento da tecnologia da 
informação, à expansão dos meios de comunicação e à redução dos custos de 
 
25 
 
transporte, assistimos ao aumento da interdependência das nações do planeta (GIL, 
2011). 
 
4.1 Sistemas econômicos 
 
Nas sociedades contemporâneas, dois tipos básicos de sistemas econômicos 
podem ser distinguidos: capitalismo e socialismo. A rigor, ambos são tipos ideais, 
porque nenhum país adota rigidamente um ou outro protótipo. 
Idealmente, o capitalismo é um sistema no qual os meios de produção são 
principalmente de propriedade privada, seu principal incentivo é o lucro e sua 
operação é determinada principalmente pelas leis do mercado. Na prática, entretanto, 
os sistemas capitalistas diferem em termos de regulamentação governamental da 
propriedade privada e da atividade econômica. No entanto, o capitalismo 
contemporâneo apresenta-se hoje de uma forma muito diferente. O governo exerce 
forte regulação da atividade financeira, embora a iniciativa privada e a maximização 
do ganho continuem sendo suas principais características. Sem restrições, as 
empresas que buscam aumentar o maneio podem prejudicar os consumidores, 
prejudicar a saúde de seus funcionários e fraudar os investidores. Por essas razões, 
o Estado moderno estabelece normas de segurança no trabalho, protege os 
consumidores, regula as relações de trabalho e muitas vezes controla os preços. 
O socialismo é um sistema no qual os recursos naturais e os meios de 
produção estão concentrados nas mãos do Estado. Suas origens são muito antigas, 
mas seus princípios foram aperfeiçoados por Karl Marx e Friedrich Engels, que 
formaram a base do movimento comunista, cujas ações levaram ao surgimento do 
movimento comunista e economias socialistas como as da União Soviética, China, 
Cuba e a maioria dos países da Europa Oriental. Embora esses países se 
identificassem como comunistas, para Marx o socialismo seria apenas uma etapa de 
transição na construção do comunismo. Uma sociedade verdadeiramente comunista 
seria caracterizada pela completa abolição da propriedade privada e das classes 
sociais. 
 
 
 
 
26 
 
4.2 Teoria do capital humano 
 
É impossível vincular a teoria do capital humano a uma única escola de 
pensamento, e muitos pensadores entenderam esse tópico ao longo das décadas. 
Blaug (1985) encontrou a principal fonte da teoria nos estudos de Adam Smith, Alfred 
Marshall e Irving Fisher, publicados em 1906. Adam Smith foi o primeiro escritor a 
tratar a capacidade humana como uma mercadoria na natureza econômica. Para 
Smith, é preciso viver e se sustentar por meio do trabalho. Portanto, seu salário deve 
ser suficiente para garantir seu sustento. 
Embora o trabalho do ponto de vista capitalista seja considerado capital, neste 
sentido o pecúlio é o resultado da apropriação da força de trabalho de outros, portanto 
o trabalho é considerado uma mercadoria. Alfred Marshall conceituou a capitalização, 
qualquer acumulação de coisas pelo esforço e sacrifício humano, principalmente para 
garantir lucros futuros (MARSHALL, 1957). Para Marx (1978), o trabalho só se torna 
recurso quando se torna mercadoria para o próprio trabalhador, ou seja, com a 
finalidade de lucrar com seu próprio trabalho. Fisher aplicou a teoria do capital de 
Walras, que classifica numerário toda a riqueza disponível num determinado momento 
e permite o fluxo de serviços nesse momento, nomeadamente terra, maquinaria, 
matérias-primas, recursos naturais e qualidades humanas. Muitos pesquisadores têm 
enfatizado a importância do capital humano no crescimento e desenvolvimento 
nacional. Segundo Schultz (1964), a qualificação e atualização da população por meio 
do investimento em educação aumentará a produtividade dos trabalhadores e os 
lucros dos afazendados, afetando a economia como um todo. 
 
4.3 Capital humano, educação e economia 
 
A preocupação com o papel da educação na distribuição de renda está ligada 
ao acúmulo de capital humano no crescimento e nos níveis de renda dos países. O 
fator de crescimento econômico de um país tem sido vinculado à educação no que se 
refere à produtividade e à mão de obra. Segundo Lucas (1988), a força motriz do 
crescimento é explicada pela acumulação de capital humano, de modo que a 
diferença nas taxas de crescimento entre os países se deve principalmente à 
intensidade com que eles aumentam seus recursos neste fator ao longo do tempo. 
 
27 
 
Segundo Blaug (1975), a educação pode ser vista como um bem de consumo 
que transmite conhecimento e bem-estar às pessoas, bem como um bem de 
investimento que visa alcançá-los no futuro. 
A educação é quase sempre ao mesmo tempo investimento e consumo, não 
só no sentido de que um dado tipo de educação, em determinado país, pode 
contribuir para aumentar a renda futura enquanto outro tipo de educação, no 
mesmo país, não tem tal efeito, mas o mesmo quantum de educação, 
digamos um ano de aprendizado escolar para determinado individuo, 
invariavelmente possui aspecto tanto de consumo quanto de investimento. 
(BLAUG, 1975, p. 20). 
 
Se, por um lado, os indivíduos adquirem conhecimento e adquirem valores por 
meio da educação, por outro, potencializam seu potencial produtivo por meio dos 
conhecimentos adquiridos na escola. Portanto, a educação é considerada como uma 
questão básica para fortalecer o fator trabalho. As pessoas investem em educação 
para aumentar seu nível de conhecimento e transformar seu potencial produtivo. 
Assim, o retorno do investimento em educação ocorre por meio da expansão do 
conhecimento e aprimoramento de habilidades ao longo do tempo, resultando em 
maior produtividade para os indivíduos e maior renda no mercado de trabalho. Sempre 
que a educação aumenta a renda futura de um aluno, temos um investimento 
(PEREIRA, LOPES, 2014). 
Sheehan (1975) argumenta que os países desenvolvidos de renda mais alta 
tendem a ter populações altamente educadas e uma força de trabalho altamente 
qualificada, enquanto os países em desenvolvimento de baixa renda, população sem 
alto nível educacional. O autor continua: 
Levando em consideração o fato de que algumas diferenças no dispêndio 
educacional entre países mais ricos e pobres serão devidas a folhas de 
pagamentos mais elevadasnos países ricos, esses países mais ricos 
despendem consideravelmente mais em termos absolutos per capita. 
(SHEEHAN, 1975, p. 74). 
 
Assim, o investimento em capital humano não apenas melhora o desempenho 
individual de um trabalhador e como resultado eleva seu salário, é também fator 
decisivo para a geração de riqueza e de crescimento econômico. 
 
4.4 Investimento econômico em políticas públicas na educação 
 
O pensamento econômico que vincula a educação a maior produtividade e, 
portanto, maior crescimento econômico precisa ser reavaliado à luz de outras 
 
28 
 
evidências, como qualidade da educação, estrutura econômica e ocupação. Hage e 
Garnier (1988) analisaram uma função de produção do tipo Solow para a economia 
francesa de 1825 a 1975. Os autores concluem que o impacto da educação na 
economia só ocorrerá se os currículos escolares forem padronizados e os estados 
controlarem a qualidade dos cursos oferecidos. O autor divide o impacto da educação 
na economia em três momentos: a alfabetização influencia as estruturas econômicas 
que passam da agricultura para formas mais industriais, uma educação mais técnica 
é relevante para os aspectos da segunda revolução industrial e a valorização da 
educação superior nas chamadas sociedades pós-industriais. 
De acordo com o site educacional (2022) há um alto índice de evasão e atraso 
no mundo educacional no Brasil. O que já é alarmante ficou ainda pior com a 
pandemia. Uma análise dos números publicados pelo Fundo das Nações Unidas para 
a Infância revela que a porcentagem de crianças e jovens em idade escolar que estão 
fora da escola está aumentando a cada ano. Em 2019, eram pouco mais de um milhão 
deles, e em 2021 o índice saltou para um milhão. Os dados da Fundação Getulio 
Vargas (FGV) confirmam esse cenário, mostrando que a pandemia fez o índice de 
rotatividade aumentar em um ano. Essas crianças e jovens podem estar fora da 
instituição de ensino em diversas situações. No entanto, 37% dos jovens de 11 a 14 
anos dizem que isso ocorre porque não estão interessados em aprender. 
Ainda que pesquisas apresentadas pelo Estado assegurem a universalização 
do Ensino Fundamental, a realidade mostra que os índices de escolaridade 
brasileira são baixos e de qualidade inferior, se comparados com outros 
países, inclusive da América Latina. Essa realidade contraria radicalmente o 
que estabelece a legislação no que diz respeito à Educação como direito. 
(SMARJASSI, ARZANI, 2021) 
 
Diante da necessidade de investir na educação tanto na qualidade educacional 
quanto na qualificação profissional, surge a necessidade de analisar as realidades da 
educação brasileira para a implementação de políticas públicas efetivas. Ao destacar 
a importância da educação a nível econômico, o investimento na educação é 
essencial para melhorar a educação a todos os níveis. O elemento de universalização 
da educação básica é fundamental para a ideia de investir e melhorar a qualidade da 
educação. Pensar apenas em políticas públicas não é a resposta. Deve-se considerar 
a efetividade e execução de planos que envolvam investimentos de recursos. De 
acordo com a legislação vigente, o sistema público de ensino é administrado pelo 
governo federal, estados, distritos federais e municípios, sendo responsável pela 
 
29 
 
manutenção e expansão das três redes de ensino. Estruturas de apoio 
correspondentes foram estabelecidas para viabilizar os gastos com esses sistemas 
(TOLEDO, 2016). As políticas públicas educacionais de financiamento são as 
responsáveis pelo repasse de recursos para que a educação possa ser implementada 
e, assim, atenda os objetivos do sistema educacional brasileiro. 
A política educacional, consiste em programas ou iniciativas elaboradas no 
nível governamental para contribuir para a efetivação dos direitos previstos na 
constituição federal. Um de seus objetivos é implementar medidas que garantam o 
acesso à educação para todos os cidadãos. Estes incluem dispositivos que garantem 
educação e avaliação para todos e ajudam a melhorar a qualidade da educação no 
país. Com base nessa definição de ordem pública educacional, é necessário avaliar 
criticamente até que ponto eles foram implementados no direito educacional, ou seja, 
eles realmente aconteceram. O deslustre da desigualdade é, entre outras coisas, 
resultado da configuração que o Estado adotou na política educacional desde a época 
do império e continua até hoje, apesar dos avanços no combate à desigualdade 
(SMARJASSI, ARZANI, 2021). 
 
5 O QUE É POLÍTICA? 
 
Para começar esta difícil pergunta, pensemos na política como um tipo de 
atividade humana, algo que nós humanos fazemos. Esta posição é certamente 
discutível. Por exemplo, pode ser que alguns primatas mais avançados também 
exibam o que poderíamos chamar de comportamento político (Waal, 1982). 
Política é uma palavra grega, “ta politika”, originada da palavra grega “polis”. 
A compreensão de pólis está relacionada aos cidadãos que ativamente integram a 
cidade e representavam de forma autônoma o modo de viver sob as próprias regras 
objetivadas para organização da vida comum. As leis formadas para o nivelamento e 
organização do meio comum entre os cidadãos, são definidas como politeía, podendo 
ser representadas por constituição e por regime político (MOREIRA, 2021). 
Se considerarmos a política como uma atividade humana, qual tipo de 
atividade ela será? Primeiro, vemos a política como algo que fazemos juntos. Como 
ser humano, na ilha deserta ao qual muitas vezes imaginamos, ele não se sente capaz 
de fazer política simplesmente porque não tem com quem interagir. Obviamente, a 
 
30 
 
política requer pelo menos duas pessoas. No entanto, nem todas as interações 
humanas constituem atividade política como geralmente a entendemos (portanto, a 
existência de duas pessoas é uma condição necessária, mas não suficiente para a 
existência de atividade política) (MACKENZIE, 2011). Entretanto, para mostrar até que 
ponto os filósofos políticos tendem a divergir. Segundo Leftwich: “a política constitui 
um aspecto universal e difuso do comportamento humano e que ocorre sempre que 
dois ou mais seres humanos estejam engajados em alguma atividade coletiva, quer 
seja ela formal ou informal, pública ou privada” (LEFTWICH, p. 100, 2004). 
De acordo com Mackenzie (2011) a ação política parece ser uma forma 
especial de chegar a um consenso quando os desacordos afetam os outros. Isso 
requer que as partes envolvidas, incluindo os ilhéus do deserto, não apenas busquem 
satisfazer os seus próprios interesses imediatos, mas também participem de um 
processo destinado a estabelecer um conjunto de padrões e normas que ajudarão a 
resolver disputas futuras. 
Esse enfoque da natureza da política está muito bem-apanhado na definição 
de Bernard Crick “política é a atividade pela qual interesses divergentes no âmbito de 
uma unidade de governo podem ser reconciliados pela atribuição de participação no 
poder, em medida proporcional à sua importância para o bem-estar e a sobrevivência 
de toda a comunidade” (Crick, 1964, p. 21). Embora reconhecendo que a sociedade 
como um todo precisa de "bem-estar" e "sobrevivência", a hipótese de Crick é clara 
que a política ocorre quando surgem divergências e conflitos, e que a política consiste 
na arte de resolver adequadamente esses conflitos, ou seja, não recorrer à violência 
ou tirania. 
Dito isso, devemos ter cuidado para não presumir precipitadamente que a 
política existe para resolver conflitos. A política não é um empreendimento mais 
colaborativo, de modo que o ativismo político é principalmente uma forma de reunir 
grupos de pessoas com interesses comuns? Em vez de pressupor divergências e 
conflitos, é melhor pensar a política na busca do bem comum. Talvez, dois ilhéus do 
deserto tenham entrado na política porque perceberam que ambos valorizavam a 
liberdade, e é por isso que vierampara esta ilha em primeiro lugar. Portanto, a tarefa 
política não é principalmente resolver algumas diferenças de recursos, mas expressar 
da maneira mais rica e adequada o seu saudável senso de "bem viver" (MACKENZIE, 
2011). 
 
31 
 
 
5.1 Política e educação 
 
Em Freire, encontramos os elementos básicos de uma proposta pedagógica 
politicamente definida em benefício dos oprimidos. O título do livro "Pedagogia do 
Oprimido" não deixa dúvidas sobre de que lado está o educador diante de uma 
realidade concreta que cria um mundo desigual, injusto e desumano. Nestes termos 
o autor se expressa “Aos esfarrapados do mundo e aos que neles se descobrem e, 
assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam” (FREIRE, 
1993, p. 23). 
Para Freire, a educação nunca pode ser politicamente neutra. Qualquer 
programa ou proposta educativa e qualquer ação educativa é fundamentalmente uma 
ação política. Isso significa que, quando um professor tem que definir um determinado 
modus operandi, ele planeja, decide e produz resultados educacionais que afetam a 
vida dos alunos e a sociedade em que professores e alunos se encontram. Nesse 
sentido, as escolhas pedagógicas dos autores são pautadas pela visão e pelos 
interesses políticos do educador. Num campo mais amplo, todos os planos de governo 
para a educação seguem, certos conceitos de política educacional. 
Segundo Freire (1980; 1993; 1994; 1995), na prática educacional, não há 
neutralidade política em todo e qualquer processo educacional porque já estamos 
imersos em um mundo desigual onde a educação exige uma postura a favor ou contra 
o status quo estabelecido. A essencial e necessária postura política do pedagogo com 
sua ética profissional é um dos grandes princípios básicos da pedagogia freireana e 
perpassa toda a sua atuação como pedagogo e filósofo educacional. Criticando as 
crenças neoliberais, Freire denuncia as práticas desumanizadoras daí decorrentes e 
demonstra a manipulação ideológica por meio do fatalismo e do discurso conservador 
diante das crises provocadas por esse projeto político. 
A força ideológica do neoliberalismo reside principalmente na lógica que 
formula o seu discurso para justificar a realidade histórica e a considera necessária, 
imutável e natural. O grande esforço desse discurso é formar a opinião pública, que 
tenta unificar a consciência em sua forma de ver o mundo produzido 
socioculturalmente, para que as grandes massas (que estão excluídas das regras 
dessa política) aceitem a realidade como ela é (ZITKOSKI, 2007). 
 
32 
 
Outra grande violação ético-política do neoliberalismo é a percepção da 
realidade humana como algo pronto e estabelecido. Essa visão determinista reforça a 
visão extremamente conservadora que justifica a desumanização no mundo moderno 
como uma realidade natural e involuntária e, portanto, independente de práticas 
sociais efetivas. Essa é mais uma característica do discurso neoliberal, que mostra 
sua direção profundamente ideológica e irresponsável em relação ao futuro da 
sociedade (ZITKOSKI, 2007). 
Portanto, o caminho que a maior parte do mundo deve buscar é fortalecer a 
resistência aos projetos políticos hegemônicos e iluminar o leque internacional mais 
amplo de movimentos sociais que possam gerar uma política cívica genuína que 
controle os subsistemas financeiro e administrativo desse poder. A esperança e a 
utopia de um projeto social que supere o mal inerente ao capitalismo (ainda mais 
desumano e repulsivo hoje) é que a história seja feita por pessoas e nenhuma lei ou 
destino, seja predeterminado, invisível ou desconhecido para os homens. Portanto, a 
esperança de Freire na vitória ético-política do neoliberalismo se baseia na 
possibilidade histórica, sempre real e acessível dos oprimidos, que hoje sofrem com 
a desumanidade percebida em seu mundo cotidiano, a fragilidade, um poder que pode 
superar a fortaleza construída pelos opressores. 
 
5.2 Ensino e ideologias 
 
Partindo da linha de pensamento considerado por Mackenzie (2011) de que a 
ação política parece ser uma maneira particular de chegar a um consenso quando as 
divergências afetam os outros. 
Na educação, quando nos referimos à Base Nacional Comum Curricular 
(BNCC), pode-se imaginar um embate de ideias, pois a arena política do processo de 
desenvolvimento da BNCC se configura como parte do contexto de influência no qual 
a política educacional é formada. De acordo com Mainardes (2006, p. 51), “É nesse 
contexto que grupos de interesse disputam para influenciar a definição das finalidades 
sociais da educação e do que significa ser educado”. 
No caso da BNCC, é possível apontar pelo menos três principais grupos de 
interesse que surgiram em seu processo de desenvolvimento: atores diretamente 
relacionados ao ensino fundamental (professores, escolas, gestores, alunos), atores 
 
33 
 
escolares do espaço acadêmico relacionado à produção de conhecimento em 
diversas áreas (pesquisadores, professores universitários, sociedades de pesquisa) e 
os participantes do setor comercial privado, cujos desejos são influenciar a educação 
pública e a política do Estado (fundações privadas, em geral). Não se cogita sugerir 
que sejam grupos unidos por seus interesses. Pelo contrário, existem pontos de vista 
conflitantes, diferenças, tensões dentro de todos. Por exemplo, professores e alunos 
podem ter visões diferentes sobre a definição do conhecimento básico coberto por 
cada componente curricular. Da mesma forma, a visão dos historiadores sobre esse 
assunto pode ser completamente diferente da dos professores de história. No debate 
curricular, essas perspectivas, que também representam ânsias especiais, são 
contestadas (DA SILVA MICARELLO, 2016). 
Diante disso, visualizamos diversos pensamentos e ideias relacionados a 
educação. Chaui (2016) resume a concepção de ideologia nas seguintes definições: 
 
Corpus de representações e de normas Um corpus de expressões e normas que 
predeterminam e prescrevem como 
devemos pensar, agir e sentir. As 
ideologias predeterminam e moldam os 
atos de pensar, agir, querer e sentir de 
maneira a negá-los como eventos novos 
e temporários. 
Universalidade Imaginária O objetivo do corpus assim formado é 
criar uma universalidade fictícia. Porque, 
na verdade apenas generaliza os 
interesses e perspectivas particulares 
das classes que governam as relações 
sociais com a sociedade como um todo. 
A produção dessa universalidade visa, 
portanto, não apenas à particularidade 
generalizada, mas sobretudo a ocultar a 
origem real dessa particularidade, ou 
seja, a dividir a sociedade em classes. 
 
34 
 
Imaginário Coletivo A eficácia da ideologia, como meio de 
fazer cumprir as regras de classe, 
depende de como os indivíduos se 
encontram e se identificam e, através da 
autoconsciência assim obtida, se 
socializam e compartilham 
inconscientemente. A eficácia de uma 
ideologia depende, portanto, de sua 
internalização de um corpus ficcional, de 
sua identificação com a própria realidade 
e, principalmente, de sua capacidade de 
manter a invisibilidade. Uma ideologia 
pode ser descrita como hegemonia se 
não precisa se mostrar, se não precisa 
de sinais visíveis para se afirmar, mas a 
ideologia se espalha naturalmente como 
uma verdade, é igualmente aceita por 
todos. 
Lógica Coerente A essência da ideologia é que ela pode 
representar a realidade e a prática social 
através de uma lógica coerente. A 
continuidade é alcançada por dois 
mecanismos: lacuna e "eternidade". Em 
outras palavras, por um lado, a lógica 
ideológica é lacunar, ou seja, as cadeias 
não ocorrem apesar dos intervalos ou 
silêncios, mas por causa deles; por outro 
lado, sua coerência depende de sua 
capacidade de ocultar sua própria 
gênese, ou seja, deve aparecer como 
uma verdade já feita e já eternamente 
dada, um "fato natural" ou "eterno".35 
 
Ainda Chaui (p. 248, 2016) diz que “a anterioridade do corpus, a 
universalização do particular, a interiorização do imaginário como algo coletivo e 
comum e a coerência da lógica lacunar fazem com que a ideologia seja uma lógica da 
dissimulação (da existência de classes sociais contraditórias) e uma lógica da 
ocultação (da gênese da divisão social)”. 
Por isso, uma das atividades fundamentais da ideologia é passar do discurso 
de para o discurso sobre. Assim, quase podemos identificar momentos em que um 
relato ideológico emerge: por exemplo, quando o elóquio da solidariedade social se 
torna praticamente impossível por causa da divisão social, surge o discurso da 
solidariedade; quando é preciso abafar a fala sobre a loucura, a preleção da loucura 
se faz; onde não pode haver exposição sobre a revolução, surge outra alegação, sobre 
a revolução; onde não pode haver manifestação sobre as mulheres, surge a 
expressão sobre as mulheres, e assim por diante (CHAUI, 2016). 
Chaui, designa que em nossa sociedade, é tacitamente obedecida pela regra 
da competência, cujo resumo pode ser declarado da seguinte forma: não é qualquer 
um que pode dizer a um ou outro qualquer coisa, em qualquer local e em qualquer 
situação. Em outras palavras, o remetente, os destinatários, o conteúdo e o formato, 
o local e a hora da transmissão de uma mensagem são determinadas através de 
regras prévias, quem pode falar e ser ouvido, onde e o que dizer, e o que ouvir. 
A regra da competência também determina antecipadamente quem será 
excluído do círculo de comunicação e informação. Esta regra não só confirma a 
divisão social do trabalho como “natural”, mas sobretudo “racional”, entendendo a 
eficiência da execução ou cumprimento de uma tarefa através da razão. E também 
reforça a distinção entre quem sabe e quem “não sabe”, fomentando nestes o desejo 
de conhecer pelo conhecimento (CHAUI, 2016). 
Com a ajuda da regra da competência podemos questionar: quem se 
considera apto para falar sobre educação, ou seja, da escola como forma de 
socialização? A resposta é óbvia: a burocracia estatal, que regula, regulamenta e 
controla o trabalho da pedagogia por meio de ministérios e secretarias de educação. 
Assim, há um discurso de poder ao qual fala da educação e define seu sentido, 
finalidade, forma e conteúdo. Então, quem fica de fora do discurso educacional? Os 
mesmos que podiam falar de educação como experiência pessoal: professores e 
alunos. Resta saber o motivo da impossibilidade do discurso educacional (CHAUI, 
 
36 
 
2016). Portanto, caminhamos na direção de visualizar fortes influências ideológicas 
na educação. 
 
5.3 Projeto político pedagógico 
 
A intenção política transforma-se numa proposta pedagógica que não é 
apenas declarativa ou descritiva, mas constitui a própria existência da escola, sendo, 
portanto, determinada, segundo a sua especificidade e identidade, pela forma como 
desvenda à vontade coletiva e se adequa à sua finalidade e as condições para serem 
cumpridas (Marques, 1994). 
A escola justifica a sua existência e valida a sua atividade, conciliando a sua 
proposta pedagógica com o livre consentimento dos seus interessados e 
corresponsáveis por ela, e criando as condições para a sua eficácia. Dessa forma, 
duas dimensões de constituição e fundação se entrelaçam na proposta pedagógica: 
a dimensão ético-política da intersubjetividade, da formação da vontade coletiva e a 
dimensão da coordenação e realização de atividades solidárias. A questão dos 
valores definidos por consenso e assim adotados por todas as práticas efetivas de 
responsabilidade coletiva torna-se assim a questão final, porque antes de mais nada 
é necessário definir qual cidadão para qual sociedade a escola forma. Sem ela, a 
atividade política se limitaria à luta por interesses individuais ou coletivos (VEIGA, 
2013). 
Por essas razões, uma proposição política de educação para todos só pode 
ser concebida em um amplo movimento político de toda a sociedade em diversos 
campos, de forma informada e igualmente positiva. Isso ocorre desde a articulação 
das propostas de cada escola em seus respectivos sistemas de ensino e entre eles, 
considerando peculiaridades culturais, saberes e poderes locais, instituições de 
profissionais da educação nos níveis seguintes e imediatos e dentro de sua região e 
opinião política nacional (VEIGA, 2013). 
Entretanto, para que essa intenção moral-política não se esgote na forma de 
voluntarismo inútil e incoerente, ela deve estar na estrutura organizacional da própria 
escola, na dinâmica do currículo, na prática pedagógica. Metodologia de 
aprendizagem de referência, conteúdos de aprendizagem claros e objetivos, 
estabelecimento de autorrelações, gestão democrática da escola, arranjo físico de 
 
37 
 
lugares, coisas e tempo, aproveitando ao máximo a virtualização de recursos e 
métodos disponíveis, etc. A escola é necessária para novas formas de cidadania 
compartilhada, solidariedade, responsabilidade, convivência construtiva e interação 
para todos. (CF. MARQUES 1995, PP. 96-117). 
 
6 ESTRUTURA E CONCEITO DA CULTURA 
Desde crianças, ouvimos histórias de que algumas pessoas têm cultura e 
outras não, apenas pelo fato de que alguém lê muitos livros, fez universidade, viajou 
muito, fez cursos de arte, aprendeu idiomas, tem ideias filosóficas, políticas, 
antropológicas, etc. Mas é verdade que só tem cultura quem reuniu muita informação 
e desenvolveu um pensamento crítico, uma visão intelectual do mundo? A palavra 
cultura é tão complexa e difícil de definir que muitas definições foram formuladas sobre 
ela, embora nenhuma seja completa e definitiva. Há também o conceito de cultura 
como aperfeiçoamento do conhecimento e do pensamento humanístico. Para a 
antropologia, a cultura tem um significado mais amplo que inclui vários aspectos. 
“Cultura é o modo próprio de ser do homem em coletividade, que se realiza 
em parte consciente, em parte inconscientemente, constituindo um sistema 
mais ou menos coerente de pensar, agir, fazer, relacionar-se, posicionar-se 
perante o Absoluto, e, enfim, reproduzir-se.” (GOMES, 2010, p. 36.) 
 
Independentemente da escola que frequentamos, se fomos para a 
universidade, realizamos curso de especialização, estudamos no exterior, quantos 
livros lemos ou quantas línguas falamos, quanto sabemos sobre artes e humanidades, 
quão bem usamos as regras gramaticais, todos nós temos nossa própria cultura. Em 
um mesmo país, cidade ou escola, existem diferenças culturais que devem coexistir. 
Em nosso país, cidade e escolas, constantemente nos deparamos com diferentes 
formas de ver o mundo e viver. As diferenças atuais estão relacionadas à 
nacionalidade, religião, orientação sexual, local de nascimento e raça (MARQUES, 
2012). 
A cultura é compreendida como um produto, um resultado, uma variação que 
ocorre na matéria ou na sua imaginação, na educação ou no ensino, em um ambiente 
que a pode ser compreendida a partir de duas perspectivas. Primeiro, uma natureza 
relativista, que a entende como toda produção humana, despojando-a de seu valor e 
aceitando como manifestações também nocivas, erro lógico, feio e mau. Segundo, 
considera a cultura tudo aquilo que é fruto da atividade humana que contém valor e 
 
38 
 
contravalor, acarretando grandes bloqueios no campo da educação, da ética e do 
direito, existindo inúmeras contradições entre os objetivos e propostas da educação e 
os usos e costumes de culturas diferentes (DUARTE, WERNECK, CARDOSO, 2013). 
A cultura representa, portanto, o resultado da construção de um sujeito que 
se torna culto quando enriquece academicamente sua personalidade, absorvendo 
conhecimentos constituídos e cultivados, quando compreende empiricamente o seu 
grupo social e consegue conviver nele. Aproveitando as conquistas tecnológicas da 
sua geração. A cultura também pode ser considerada o resultado das mudanças feitas

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