Prévia do material em texto
Empreededorismo e Inovação Autor Liane Broilo Bartelle Indaial – 2022 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2022 Elaboração: Liane Broilo Bartelle Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI APRESENTAÇÃO Caro aluno, seja bem vindo ao nosso curso profissionalizante em Empreendedorismo, onde abordaremos a disciplina Empreendedorismo e Inovação. É um prazer tê-lo conosco nesse processo de ensino e esperamos que você possa construir aprendizados relevantes na sua jornada acadêmica. Esta disciplina está dividida em três unidades que irão transcorrer sobre assuntos que nos farão compreender melhor o tema Empreendedorismo, que é um processo muito importante para a criação e o desenvolvimento de negócios, como também de pessoas alocadas dentro de uma organização que poderão, assim, co- laborar com o crescimento desta, com o viés empreendedor. Na Unidade 1, iniciaremos falando sobre o que é o empreendedorismo, bus- cando desmistificar essa iniciativa de transformar ideias em negócios. Também va- mos entender quem é o empreendedor, isto é, o perfil de um indivíduo considerado empreendedor. Em seguida, entraremos no assunto inovação, porém, para com- preender o que é inovação, precisaremos saber diferenciá-la do que é invenção para, assim, ampliarmos os nossos estudos para o campo da inovação social. Na Unidade 2, o foco dos nossos estudos estarão voltados para os ambien- tes que favorecem o empreendedorismo, ou seja, identificar os setores da econo- mia para empreender. Trataremos, também, sobre como inovar dentro do nicho de mercado que um negócio atua. Por fim, encerraremos a segunda unidade falando sobre o poder do foco e da inovação, afinal não adianta querer que sua empresa cresça se o empreendedor não tiver foco e disciplina para fazer com que a sua organização tenha sucesso, além de uma pitada de inovação, que ajuda na diferen- ciação e competitividade de um empreendimento. Na Unidade 3, abordaremos os seguintes tópicos: o que é uma organização empreendedora, visto que apenas abrir um negócio não garante que este tenha sempre o viés empreendedor; conhecendo o empreendedorismo corporativo, a fim de que possamos aprender que, mesmo sendo colaboradores de uma empresa, também podemos ser empreendedores dentro dela; o processo empreendedor, que diz respeito às fases/atividades para que uma empresa seja criada. Seguimos juntos a jornada, em busca de novos conhecimentos que possibilitem a construção do nosso saber nessa área fascinante que é o Empreendedorismo e a Inovação. Desejo a você um ótimo período de estudos! Professora Liane Broilo Bartelle. SUMÁRIO UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO SOCIAL ............................................................................................................9 TÓPICO 1 SOBRE O EMPREENDEDORISMO ......................................................... 11 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 2 O QUE É EMPREENDEDORISMO .................................................................. 11 2.1 CASE 1 – CULINÁRIA VENEZUELANA .....................................................13 2.2 CASE 2 – EMPREENDEDORES CRESCEM EM MEIO À PANDEMIA COM TRANSFORMAÇÃO DOS NEGÓCIOS ................................................... 14 3 QUEM É EMPREENDEDOR ............................................................................15 4 FORMAS DE EMPREENDER ........................................................................ 18 4. 1 CASE 3 – DOLADO .....................................................................................19 RESUMO DO TÓPICO 1 .............................................................................................23 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................24 TÓPICO 2 NOVAÇÃO X INVENÇÃO ....................................................................... 27 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 27 2 O QUE É INOVAÇÃO ....................................................................................... 27 3 O QUE É INVENÇÃO ........................................................................................31 4 DIFERENÇAS ENTRE INOVAÇÃO E INVENÇÃO ......................................33 RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................ 37 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................38 TÓPICO 3 INOVAÇÃO SOCIAL .................................................................................41 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................41 2 O QUE É INOVAÇÃO SOCIAL ........................................................................41 3 BENEFÍCIOS DA INOVAÇÃO SOCIAL E O EMPREENDEDORISMO SOCIAL .....................................................................45 4 CASES SOBRE INOVAÇÃO SOCIAL ...........................................................48 4.1 CASE 1 – MICROCRÉDITO ..........................................................................48 4.2 CASE 2 – PROJETO MÃO AMIGA ...........................................................50 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................52 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO COMO ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL: UM CASO DE ENSINO ........................52 2 DESCRIÇÃO DO CASO ..................................................................................52 2.1 A HISTÓRIA DE UM EMPREENDEDOR ....................................................52 2.2 O INÍCIO DA HISTÓRIA SIVET ...................................................................53 2.3 OS PRIMEIRO DESAFIOS ..........................................................................53 2.4 INOVAR PARA O CRESCIMENTO .............................................................54 2.5 MUDANÇAS NO CENÁRIO E SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA .......55 RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................ 57 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................58 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................60 UNIDADE 2 AMBIENTES QUE FAVORECEM O EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO ........................................................ 65 SETORES DA ECONOMIA PARA EMPREENDER TÓPICO 1 ............................. 67 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 67 2 AMBIENTES QUE FAVORECEM O EMPREENDEDORISMO ................... 67 3 SETORES DA ECONOMIA ............................................................................. 73 4 EMPREENDIMENTOS .................................................................................... 75 RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................. 78 AUTOATIVIDADE ....................................................................................................... 79 TÓPICO 2 COMO INOVAR DENTRO DO NICHO DE MERCADO QUE ATUO ... 81 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 81 2 AMBIENTES QUE FAVORECEM A INOVAÇÃO ......................................... 81 2.1 CASE: GREEN MOUNTAIN – TORRADEIRAS DE CAFÉ .......................83 3 A IMPORTÂNCIA DO INCENTIVO À INOVAÇÃO ......................................85 4 COMO CRIAR UM AMBIENTE INOVADOR ................................................ 88RESUMO DO TÓPICO 1 .............................................................................................94 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................95 TÓPICO 3 O PODER DO FOCO E DA INOVAÇÃO ................................................ 97 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 97 2 FOCO NOS NEGÓCIOS PARA O CRESCIMENTO .................................... 97 3 A INOVAÇÃO COMO FATOR PARA DIFERENCIAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE UM NEGÓCIO .....................................................101 3.1 CASE CARBON PLAY ............................................................................... 103 4 COMO CRIAR UM NEGÓCIO INOVADOR ..................................................104 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................... 109 INOVAÇÃO ABERTA COMO UMA VANTAGEM COMPETITIVA PARA A MICRO E PEQUENA EMPRESA ..................................................... 109 2 CRIAÇÃO DE VANTAGEM COMPETITIVA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES .................................................................................... 109 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................... 112 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................113 REFERÊNCIAS ..........................................................................................................115 UNIDADE 3 ORGANIZAÇÕES EMPREENDEDORAS, EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO E PROCESSO EMPREENDEDOR ....................................................................................... 119 TÓPICO 1 O QUE É UMA ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA .......................121 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................121 2 IDENTIFICANDO UMA ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA ................121 3 A IMPORTÂNCIA DE SER UMA ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA .......................................................................................... 128 4 O IMPACTO DAS ORGANIZAÇÕES EMPREENDEDORAS NO MERCADO ................................................................................................... 133 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................... 135 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................... 136 TÓPICO 2 CONHECENDO O EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ......... 139 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 139 2 O QUE É O EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ............................. 139 3 A IMPORTÂNCIA DO INTRAEMPREENDEDORISMO .............................144 4 COMO SER UM EMPREENDEDOR CORPORATIVO ............................... 146 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 149 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................... 150 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 153 2 AS FASES DO PROCESSO EMPREENDEDOR ........................................ 153 TÓPICO 3 O PROCESSO EMPREENDEDOR ....................................................... 153 3 A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO EMPREENDEDOR ............................ 156 4 EMPREENDENDO NA PRÁTICA ............................................................... 158 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................... 163 EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS ......................................................................... 163 2.2 CULTURA EMPREENDEDORA CORPORATIVA .................................. 163 2.3 A UNIVERSIDADE PÚBLICA COMO ESPAÇO AO EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ...................................................... 165 RESUMO DO TÓPICO 3 ...........................................................................................167 AUTOATIVIDADE .....................................................................................................168 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 170 UNIDADE 1 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO SOCIAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o que é o empreendedorismo; • identificar quem é um empreendedor; • diferenciar inovação de invenção; • compreender o que é inovação social. PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SOBRE O EMPREENDEDORISMO TÓPICO 2 – INOVAÇÃO X INVENÇÃO TÓPICO 3 – INOVAÇÃO SOCIAL 11 TÓPICO 1 SOBRE O EMPREENDEDORISMO 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, daremos início a nossa jornada com o objetivo de compreender o tema Empreendedorismo. Para tanto, começaremos abordando o que de fato é o empreendedorismo, conhecendo suas práticas e a importância para o mercado econômico, seja setorial como também o mundial. Além de nos aprofundarmos sobre o que é empreendedorismo, precisamos também identificar quem é a figura do empreendedor, ou seja, o perfil dos indiví- duos considerados empreendedores e o que difere eles dos demais profissionais. O empreendedor é apenas aquela pessoa que abre uma empresa ou há muito mais por trás de alguém que atua com o viés de um empreendedor? E já que falamos sobre o que é empreendedorismo e quem é o empreende- dor, então nada melhor do que encerrarmos esse nosso primeiro tópico estudando um pouco sobre as formas de empreender, seja você um vendedor, um fabricante de algum produto ou, até mesmo, um professor, isso mesmo, até um professor pode ser um empreendedor. Então, lhe convido a partirmos para esse nosso percurso de estudos, avan- çando passo a passo rumo ao empreendedorismo e à inovação! 2 O QUE É EMPREENDEDORISMO Vamos empreender? Por que o empreendedorismo caiu no gosto popular? Como a pandemia pelo Covid-19 afetou o empreendedorismo? Quem pode empreender? Quando é a hora certa para empreender? O que preciso para me tornar um empreendedor? 12 São muitas as perguntas em torno da temática do Empreendedorismo, isso porque ele se tornou uma pauta muito abordada hoje em dia, principalmente no Brasil, onde sempre há um jeitinho para colocar comida na mesa, e isto também é empreendedorismo. Aquele vendedor de churros ou pipoqueiro que fica na frente da escola. Até o dono de uma multinacional que começou na garagem de casa. Empreender é a chave para todo profissional que quer ser dono do seu próprio negócio ou também para aqueles que dependem da criação de uma empresa para sobreviver. José Dornelas (2016), especialista brasileiro em empreendedorismo, explica que o conceito de empreendedorismo tem sido muito difundido no Brasil nos últimos anos, mas o que explica esse aumento? Dornelas destaca que no final da década de 1990 o tema empreendedorismo começou a se intensificar, porém a relevância do assunto se deu mesmo a partir dos anos 2000. Para ele, existem vários fatores capazes de explicar tal interesse na matéria. Nos Estados Unidos, por exemplo, a sua principal caracterização é o capitalismo – crescer, vender, expandir. Já no Brasil, há uma preocupação com a criação de pequenas empresas que sejam duradouras, evitando sua falência, por parte do governo e de entidades de classe. Sendo assim, o termo “empreendedorismo” vai se popularizando. Dornelas também explica que o aumento do índice de desemprego afeta o mercado e sem alternativas, os então ex-funcionários, ou até mesmo aquelas pessoas que atingirama maioridade, porém ainda não conseguiram conquistar a sua primeira oportunidade de trabalho em uma empresa, começam a criar novos negócios. Por vezes, o autor explica, muitos desses empreendedores abrem empresas sem ao menos terem experiência no ramo, utilizando o pouco que ainda lhes restava de economias pessoais, fundo de garantia, etc. Quando esses indivíduos se dão conta, eles já se tornaram patrões e não mais empregados. Mas, qual seria a resposta mais direta, ao sermos questionados sobre o que é empreendedorismo? Dornelas, na capa do seu livro, já traz essa informação de forma prática para fácil entendimento: empreendedorismo é transformar ideias em negócios. Isso mesmo, aquele que empreende decidiu tirar a sua ideia do papel e colocá-la em prática. E temos muitos exemplos bem próximos a nós em relação a isso. Vamos pensar na pandemia de Covid-19 como exemplo, que se iniciou em dezembro de 2019 na China e após alguns meses tomou conta de todos os países do mundo, afetando a economia, já que foi necessário o isolamento físico para conter o contágio pelo vírus SARS-CoV-2. Muitas empresas sem público para atender fecharam as suas portas e, como consequência, funcionários foram demitidos e o desemprego aumentou. E agora, quando você se vê desempregado, em meio a uma pandemia, como fazer para ganhar dinheiro e suprir suas necessidades básicas? Empreender 13 foi a solução encontrada por muitos brasileiros. Vamos, então, ver dois cases de sucesso que nos mostram como colocar uma ideia empreendedora para funcionar. De acordo com o presidente do Sebrae, o Brasil foi o país onde a pandemia teve o papel mais forte de impulsionar o crescimento do empreendedorismo a longo prazo, isso porque com o desemprego formal em alta, o empreendedorismo individual passou a crescer (EM, 2021). 2.1 CASE 1 – CULINÁRIA VENEZUELANA Figura 1 – Culinária Venezuelana FONTE: Freepik 2022. O venezuelano Jorge Luis, depois que perdeu o seu emprego como engenheiro de sistemas devido à pandemia do covid-19, alçou novos vôos em busca de uma maneira para sustentar sua família, e a aposta feita foi na culinária de seu país de origem – a Venezuela – para começar a gerar renda. O negócio montado teve a participação da sua família e foi aberto no litoral sul do Estado de São Paulo, a fim de atender cidades vizinhas como São Vicente, Santos e Praia Grande. O produto comercializado são “tequeños”, isto é, uma iguaria salgada que pode ser recheada com diferentes sabores (DA REPORTAGEM, 2020, s. p.). Jorge Luis é refugiado e regularizou a sua permanência no Brasil. Durante a pandemia, montou a sua microempresa TQ Real. 14 Figura 2 – Tequenõs FONTE: Freepik 2022. Residindo no Brasil naquela época, há 18 meses, o venezuelano desempregado levou o ditado a sério e fez de um limão uma limonada, como disse a reportagem. Junto com a sua esposa Isabel Eugenia, eles buscaram na culinária típica do seu país de origem o caminho para o empreendedorismo (DA REPORTAGEM, 2020, s. p.). O que era para ser apenas uma saída para levantar dinheiro em tempos difíceis, se tornou um negócio efetivo na vida do casal, que mantém a empresa ativa até hoje (ANDRADE, 2020). 2.2 CASE 2 – EMPREENDEDORES CRESCEM EM MEIO À PANDEMIA COM TRANSFORMAÇÃO DOS NEGÓCIOS O vídeo “Empreendedores crescem em meio à pandemia com transforma- ção dos negócios”, disponível no Youtube, traz uma abordagem sobre como alguns empreendedores buscaram colocar suas ideias em prática em meio à pandemia do Covid-19 para driblar a crise, trabalhar, gerar recursos, mas também viverem o so- nho de ter o próprio negócio. 15 Neste link, você pode acessar o vídeo supracitado, “Empreendedores crescem em meio à pandemia com a transformação dos negócios”. Veja: https://www.youtube.com/watch?v=JT7MpWv2GUU DICA Seja um pequeno negócio que você abre para atender os vizinhos de bairro, uma loja no centro da sua cidade, um e-commerce (loja virtual) ou uma grande fábrica de automóveis, você está dando o primeiro passo rumo ao empreendedorismo, ou seja, visualiza uma oportunidade de mercado e inicia um empreendimento para suprir essa demanda. 3 QUEM É EMPREENDEDOR O Brasil é, de fato, um país movido por empreendedores, e os dados provam isso, conforme podemos ver na tabela a seguir. Tabela 1 – países e o empreendedorismo COMPARATIVO ENTRE PAÍSES DE O PERCENTUAL DE EMPREENDEDORES PAÍS % de empreendedores estabelecidos Coreia do Sul 16,4 Grécia 14,7 Guatemala 12,7 Cazaquistão 12,1 Polônia 11,1 Turquia 11,0 Brasil 9,9 FONTE: adaptado de poder 360 (2022, s. P.) 16 Analisando a Tabela 1 e conforme notícias (PODER360, 2022), o Brasil tem aumentado o número de empreendedores, tendo mais de 14 milhões de empreendedores estabelecidos no país, e entre os anos de 2020 e 2021, o Brasil avançou posições nesse ranking, indo do 13º lugar para o 7º. INTERESSANTE Contudo, depois dos exemplos que vimos no Case 1 sobre a culinária venezuelana e no Case 2 que demonstrou o surgimento de alguns empreendedores em meio à pandemia do Covid-19, pode ter despertado em você o desejo de se tornar empreendedor. Assim, voltamos, então, para algumas perguntas feitas lá no começo do Tópico 1: • Quem pode empreender? • Quando é a hora certa para empreender? • O que preciso para me tornar um empreendedor? Para começar a responder essas questões, é preciso deixar uma coisa clara desde o começo: toda ideia de negócio não é sinônimo de sucesso, para tanto, a dica é: antes mesmo de pôr a mão na massa, dê uma investigada no mercado que você pretende atender. A pesquisa de mercado é de extrema importância para dar suporte para um novo empreendimento. Se o seu negócio é pequeno e você não tem dinheiro para investir em uma empresa especializada em realizar esse tipo de investigação, então parta você mesmo para a pesquisa de seu consumidor e nicho de mercado que pretende atuar. Vamos ilustrar isso a partir de um exemplo prático. Você quer começar a vender doces gourmetizados, como brigadeiros, trufas, bombons, entre outras guloseimas. Em primeiro lugar, questione-se quem serão os seus possíveis clientes. Se você mora em um prédio, quem sabe os seus vizinhos tenham interesse em adquirir as primeiras remessas do produto. Então bata de porta em porta e verifique a aceitação deles para a mercadoria oferecida, questione-os sobre preços, sabores, quantidade, melhores dias para consumo, embalagem, tudo que puder identificar nesse primeiro momento será válido para equilibrar a forma como você irá trabalhar e ofertar os artigos que serão comercializados. Depois dessa dica e avaliação inicial, é hora de responder as perguntas, começando por quem pode empreender. Quem será? O Bill Gates por já ter muito dinheiro, quem sabe? Mas não, a resposta não seria exatamente essa ou tão específica. Qualquer pessoa pode se tornar um empreendedor, seja ela um jovem de 15 anos que começa a oferecer serviços de programação para configurar os computadores dos colegas de escola por ter aptidão nessa área, ou até mesmo um 17 adulto que sente vontade, necessidade e interesse em ter seu próprio negócio. Ah! E, não é necessário ou crucial começar lá do topo não, isto é, investindo milhares de reais para dar o pontapé inicial no seu negócio. Há empreendimentos como startups que nascem com pouco investimento e em um curto espaço de tempo passam a valer muito dinheiro. No item “4 FORMAS DE EMPREENDER” será abordado com maior profundidade o que são startups e o que isso tem a ver com empreendedorismo. ESTUDOS FUTUROS Mas quem é o empreendedor e o que é preciso para se tornar um empreendedor? Para responder essas perguntas, Dornelas (2016) explica que empreendedor é o indivíduo que faz as coisas acontecerem, antecipando-se aos fatos com uma visão futura da organização. Além disso, o autor ainda aponta que é possível classificar os empreendedores como pessoas diferenciadas com motivação singular e apaixonada pelo que fazem, que quebrama ordem corrente e inovam, assumindo riscos calculados. Schumpeter (apud DORNELAS, 2016, p. 44) classifica o empreendedor como aquele que “cria novos negócios, mas pode também inovar dentro de negócios já existentes; ou seja, é possível ser empreendedor dentro de empresas já constituídas. Nesse caso, o termo que se aplica é o ‘empreendedorismo corporativo’.” INTERESSANTE Podemos, então, definir o empreendedor de maneira abrangente e, ao mesmo tempo, objetiva, como: “o empreendedor é aquele que faz acontecer, se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização.” DORNELAS, 2016, p. 19). 18 4 FORMAS DE EMPREENDER Um modelo de empreendimento que tem crescido bastante são as startups. Uma startup não é a versão menor de uma grande empresa (BLANK; DORF, 2014), uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza (SEBRAE, 2014), conforme podemos ver na Figura 4, que apresenta pessoas buscando ideias e, mesmo na incerteza, decidindo partir para essa empreitada. Uma startup se difere de uma empresa tradicional, pois esta última tem um modelo de negócios que já foi testado repetidas vezes – loja para venda de roupas, por exemplo – já em uma startup não, tudo é incerto e novo no mercado. Segundo o Sebrae, as startups podem ser até mesmo consideradas como embrio- nárias, que contam com projetos promissores, ligados à pesquisa, investigação e desenvolvimento de ideias inovadoras. Contudo, são jovens e estão implantando uma ideia no mercado – assim começou a Uber, por exemplo – com baixos custos de investimento inicial. Figura 4 – Startup: grupo de pessoas à procura de um negócio FONTE: Freepik 2022. E mais, atualmente, temos o termo “startup unicórnio”, cunhado por Aileen Lee, fundadora da Cowboy Ventures. As startups unicórnios são novos empreen- dimentos ou empresas da nova economia, geralmente de base tecnológica, que atingem uma avaliação de mercado de US$1 bilhão antes de serem cotadas em bolsa. São empresas de crescimento exponencial e que aceleram rapidamente a partir de rodadas de investimento antes da abrir capital (PACETE, 2022). A Petlove é um exemplo desse tipo de negócio. Ela é uma empresa do setor de produtos e serviços para animais de estimação, com um total captado com investidores de US$222 milhões. A Petlove começou como um e-commerce de produtos para animais de estimação em 1999 e hoje é um grupo que reúne tanto essa loja virtual quanto serviços como o clube de assinatura, o aplicativo de passeio e hospedagem DogHero, a plataforma de educação Vet Smart e a empresa 19 de seguros Porto.Pet. No total, a companhia faturou R$800 milhões em 2021 (FONSECA, 2022). Livro para aprofundar os conhecimentos sobre startup: “A startup enxuta: como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bem-sucedidas”. Autor: Eric Ries. Editora: Lua de Papel, São Paulo, 2012. DICA Anteriormente citamos alguns exemplos de negócios que surgiram durante a pandemia, então vamos ver mais um case contando a história de uma startup que também foi criada nesse período: 4. 1 CASE 3 – DOLADO A startup Dolado (PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS, 2020) foi fundada por Guilherme Freire em julho de 2020, juntamente com os sócios Khalil Yassine e Marcelo Loureiro, tendo como objetivo substituir os “caderninhos” que os pequenos varejistas usavam para contabilizar dados da empresa, oferecer a eles uma plataforma on-line de vendas e para auxiliar na gestão do negócio. A platafor- ma criada pelos empreendedores apoia os pequenos lojistas na compra e venda de produtos. Ao invés de anotar o que entra e o que sai em um bloco de papel, agora esses lojistas podem ter como auxílio uma plataforma digital simples e prática para ajudar no dia a dia do negócio. Para saber como está a startup Dolado hoje em dia e as empreitadas da empresa, confira o artigo que a Suno publicou, através link: https://www. suno.com.br/noticias/dolado-startup-capta-digitalizar-pequenos-comer- cios/. DICA Outras ideias de empreendimentos partem das habilidades de cada indiví- duo. Por exemplo, se você sabe costurar, então pode abrir um ateliê de costura, e esse será o seu empreendimento. Talvez começando na sala da sua casa, fazendo alguns ajustes de roupas aqui e outros ali, e conforme o seu negócio for crescendo e você puder investir nele (tempo, maquinário, conhecimento, recursos etc), quem sabe você poderá abrir a sua própria confecção de roupas. Ou, então, digamos que você recém terminou a graduação em Letras – Inglês, então que tal dar aulas 20 particulares? Você sabia que isso também é uma maneira de empreender? Afinal, você estará colocando uma ideia em prática e começando o seu próprio negócio. Os exemplos sobre formas de empreender são inúmeros, no entanto falta um questionamento para sanarmos, que é descobrir quando é a hora certa de empreender. Para saber a hora certa de empreender, precisamos verificar primeiramente as circunstâncias que levam uma pessoa a se tornar um empreendedor, e para isso vamos analisar o Quadro 1. Quadro 1 – Circunstâncias que dão origem a um empreendimento e ao empreendedor Empreendedor nato Personalização integral do empreendedor, que, normalmente, desde cedo, demonstra traços de personalidade comuns dos empreendedores. O herdeiro Pode ou não possuir características de empreendedor. Em caso positivo, dá continuidade ao empreendimento. Em caso negativo, pode vir a ser um problema para a continuidade da empresa. O funcionário de empresa Pode possuir características de empreendedor. Sente um desequilíbrio e falta de reconhecimento entre suas contribui- ções na empresa em que atua e as recompensas. Pode se desmotivar pela falta de interesse em suas ideias ou pela interfe- rência da burocracia da empresa. Essa desmotivação o leva à criação de um negócio próprio. Excelentes técnicos Iniciam o seu negócio, pois têm características de empreendedor e conhecimento sobre algum produto, serviço, processo ou tecnologia. Vendedores O conhecimento do mercado e a experiência no ramo os levam a iniciar o próprio negócio. Opção ao desemprego Uma modalidade mais arriscada devido às circunstâncias em que o novo negócio se inicia. O sucesso do negócio está associado à existência de características empreendedoras. Desenvolvimento paralelo Com características de empreendedor, o funcionário inicia seu negócio, mas mantém o vínculo empregatício atual. Aposentadoria Com a experiência adquirida ao longo de sua vida, o empreendedor inicia seu negócio próprio para garantir rendimentos na sua aposentadoria. FONTE: Adaptado de Porto (2013) No Quadro 1, temos oito possibilidades que fazem uma pessoa ser empreendedora. Porto (2013) começa informando o primeiro exemplo deles, que é o empreendedor nato, ou seja, aquele que sempre teve dentro de si a vontade de abrir um negócio, de fazer dos seus sonhos a sua realidade. Em seguida temos o empreendedor herdeiro, este que pode ou não ter como característica o empreendedorismo na veia, contudo, lhe é deixado um legado a ser seguido quando o seu pai, por exemplo, vir a falecer e como herança a empresa criada por ele ficará para o seu filho. Temos também os empreendedores que são funcionários de empresas, que apesar de serem empregados, sentem a vontade de colocar ideias em prática. Se eles não forem ouvidos pelos gestores, tendem a se desapontar e sair da organização, muitas vezes para abrirem o seu próprio negócio. Em seguida, vemos os excelentes técnicos, que por terem habilidades específicas (ex.: técnico em informática, 21 professor particular de matemática etc), começam a atender consumidores que necessitam da sua assistência. Ainda de acordo com o Quadro 1, proposto por Porto (2013), os vendedores também são considerados empreendedores quando adquirem um amplo conhecimento de mercado e, com isso, decidem abrir suas próprias empresas. Um exemplodisso são os vendedores de automóveis, após um período desempenhando suas funções, seu conhecimento sobre carros aumenta, bem como o trato com o cliente. Frente a isso, alguns optam por largarem seus empregos e abrirem revendas de veículos. Por fim, Porto (2013) destaca aqueles que empreendem por opção ao desemprego; os que empreendem mesmo tendo um emprego com carteira assinada; e também aqueles que após se aposentarem seguem o caminho do empreendedorismo. Sendo assim, a hora certa de empreender é quando a necessidade, a vontade ou o interesse estiver desperto dentro de você. Uma pessoa pode se tornar empreendedor enquanto ainda é um jovem adolescente, um idoso recém aposentado que quer tanto ocupar seu tempo livre trabalhando, como também complementar a sua renda, ou o empreendedorismo pode, ainda, surgir na vida de pessoas que já estão empregadas e buscam um rendimento adicional para terem as contas de casa pagas em dia, ou até mesmo para garantir uma reserva financeira de segurança, ganhando um dinheiro a mais através do seu empreendimento. Há, também, os empreendedores corporativos, que são aqueles que empreendem dentro da empresa que trabalham, já que empreender é colocar uma ideia em prática. Estes empreendedores corporativos devem levar uma proposta para o seu CEO e organizar maneiras para tornar viável a sua ideia. Abordaremos mais sobre o empreendedorismo corporativo na Unidade 3 do nosso material de estudo. ESTUDOS FUTUROS 22 Na Figura 5 a seguir, temos uma ilustração do que seria o empreendedorismo em ação. Figura 5 – Empreendedorismo em ação FONTE: Freepik 2022. Na Figura apresentada, temos a lâmpada, que representa uma ideia de negócio, em seguida as engrenagens mostram que é preciso trabalhar para que essa ideia aconteça, ou seja, pesquisar o mercado e planejar estratégias para que de fato o empreendimento ganhe vida. E como consequência, ao atingir nosso alvo, que é oferecer um produto ou serviço para determinado público-consumidor, conquistaremos o almejado retorno financeiro, isto é, o lucro pelo trabalho executado. 23 Neste tópico, você aprendeu: • O empreendedorismo é um tema que ganhou popularidade em todo o mundo, e no Brasil não é diferente. Empreender significa transformar ideias em negócios, e é assim que muitos indivíduos passam a ter a sua própria empresa, ao abrirem pequenos empreendimentos ou grandes organizações. • Sendo assim, o empreendedor é aquele que, seja por necessidade ou vontade, dá início a sua empresa, tirando as ideias do papel e colocando-as em prática, assumindo um certo grau de riscos, porém agindo de forma inovadora, antecipando fatos e aproveitando oportunidades. • Como resultado de tudo isso, temos empreendimentos que movimentam a economia local, de um país e de todo o mundo, assim como, também temos empreendedores que transformam as suas habilidades em maneiras de ganhar dinheiro, atendendo os desejos e as necessidades dos consumidores. • Empreender pode ser a iniciativa para gerar um recurso financeiro adicional para quem já tem um emprego formal em uma organização, como também uma maneira de ofertar ao mercado novas empresas que tragam praticidade e facilidades para o dia a dia da população. RESUMO DO TÓPICO 1 24 1. O Empreendedorismo vem se popularizando mundo afora, e a pandemia do Covid-19, iniciada no ano de 2020, foi um dos fatores que intensificou o aumento de novos negócios. Considerando isso, assinale a alternativa CORRETA que informa porque muitas pessoas escolhem o empreendedorismo como forma para gerarem renda: a. ( ) O empreendedorismo é uma escolha tanto para aqueles indivíduos que têm vontade de abrir o seu próprio negócio como também para aqueles que estão desempregados. b. ( ) O empreendedorismo é uma das melhores formas para aumentar os rendimentos financeiros de um indivíduo. c. ( ) Considerando que a pandemia do Covid-19 intensificou o uso da internet, muitas pessoas optaram por empreender no mundo digital, que vem crescendo. d. ( ) Porque empreender é sinônimo de prestígio, logo muitos profissionais optam por seguir a carreira de empreendedor, que otimiza oportunidades de fazer negócios no mercado. 2. O tema empreendedorismo se intensificou no final da década de 1990 pelo mundo e com isso muitos indivíduos começaram a empreender. Com base no crescimento do número de empreendimentos e empreendedores, analise as sentenças a seguir: I. Uma das circunstâncias que levam uma pessoa a empreender é o desenvolvimento paralelo. II. Vendedores ambulantes não são caracterizados como empreendedores por não possuírem a formalização do seu negócio. III. Aposentados também podem fazer parte do quadro de empreendedores, apesar de já terem contribuído legalmente com o período necessário de trabalho que o governo exige. Assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) As sentenças I e II estão corretas. b. ( ) Somente a sentença II está correta. c. ( ) As sentenças I e III estão corretas. d. ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 25 3. Os empreendedores são responsáveis por transformar ideias em negócios, enxergando oportunidades e promovendo transformações no mercado. De acordo com as características dos empreendedores, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: a. ( ) Empreendedores se antecipam aos fatos. b. ( ) Empreendedores são pessoas comuns como qualquer outro funcionário de uma empresa. c. ( ) Empreendedor é um indivíduo curioso. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. ( ) V – F – F. b. ( ) V – F – V. c. ( ) F – V – F. d. ( ) F – F – V. 4. Existem diferentes formas de empreender, seja abrindo um restaurante, uma loja on-line para venda de roupas ou até mesmo dando aulas particulares, caso você seja professor e tenha conhecimentos em uma área específica. Disserte sobre as características de um empreendedor nato e em que se diferenciam das circunstâncias que levam um herdeiro a se tornar dono de uma empresa. 5. Existem muitas formas de começar um empreendimento, como, por exemplo, criar uma startup, que é um tipo de negócio que vem crescendo bastante nos últimos tempos, além de ter variações como as startups unicórnios. Diante desse contexto, disserte sobre o que é uma startup e o que é uma startup unicórnio, dando exemplos sobre cada uma delas. 27 TÓPICO 2 INOVAÇÃO X INVENÇÃO 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 2 o assunto abordado será a inovação e a invenção. Como vimos no tópico anterior, o empreendedorismo tem como base a transformação de ideias em negócios e muitas vezes isso parte de propostas inovadoras. Como observamos também, existem as startups, empreendimentos que apostam em atividades que são uma verdadeira novidade para o mercado, diferentemente das empresas tradicionais. Veremos, então, o que é inovação e como ela pode ser um grande diferencial para tornar empresas competitivas, tanto na criação de um negócio como também durante todo o processo de existência dessa organização. Afinal, estar sempre inovando no nicho de mercado em que se atua é importante para continuar atendendo cada vez melhor os desejos e as necessidades dos seus consumidores, como também atraindo novos clientes para a empresa. Entretanto, é preciso, também, diferenciar o que é inovação do que é invenção, pois, muitas vezes, esses termos são confundidos e isso pode gerar uma falsa sensação de que a empresa está inovando no mercado, quando ela só está fazendo alguns aperfeiçoamentos em propostas já existentes. 2 O QUE É INOVAÇÃO Digamos que você é um empreendedor e acaba de abrir a sua empresa, mas sabe que a competição no mercado é acirrada e com isso terá que disputar espaço e ganhar clientes, enfrentando diversos concorrentes. Como fazer com que o seu negócio se dê bem nesse cenário? Apostar na inovação é uma maneira, isso porque ela gera diferencial competitivo. Para tanto, precisamos entender o que éinovação. Cicconi (2013, p. 1) explica que “a inovação também pode ser vista como uma ferramenta importante para o empreendedor, os meios pelos quais exploram as alterações, como uma oportunidade para um negócio ou um serviço diferente.”. 28 É exatamente isso, é ser diferente, é inovar, é propor para o mercado algo que ainda não exista. Contudo, não é qualquer ideia que irá emplacar, por isso, conforme podemos observar na Figura 6, a inovação irá partir de muita pesquisa e planejamento. Figura 6 – Inovação = Pesquisa + Planejamento FONTE: Freepik 2022. Mas por que pesquisar e planejar? É importante investigar o mercado, caso contrário você não saberá se a sua ideia, de fato, será uma inovação, pois pode já existir algo semelhante e você ainda não tem conhecimento. O planejamento vem logo em seguida, afinal você estará oferecendo aos consumidores um produto ou um serviço completamente novo, então é importante a forma como ele será apresentado aos clientes para que eles compreendam a função da mercadoria e percebam como ela pode suprir seus desejos e as suas necessidades. Após entender isso, vamos, então, conhecer os tipos de inovação, conforme Sausen (2018) propõe, isso porque a inovação pode ser tanto de processo, de produto, como comportamental, tecnológica, de mercado e estratégica. A inovação de produto refere-se a inovações quanto à originalidade e singularidade de produtos, que podem ser percebidas pela perspectiva do consumidor e, também, pela perspectiva da empresa. Além disso, a inovação de produto é uma ótima oportunidade para o crescimento de negócios e expansão dentro de novas áreas. A inovação de mercado, por sua vez, está relacionada com a inovação de produto, pois é constantemente estudada a relação entre produto-mercado, afinal ao colocar um produto inovador à venda, a empresa terá exclusividade no nicho de mercado que atua. Sendo assim, para inovar no mercado é preciso identificar novas oportunidades e a entrada em novos segmentos. “É importante destacar que as definições de inovação de produto e de mercado estão inevitavelmente entrelaçadas” (SAUSEN, 2018, p. 189). 29 Ao inovar, o empreendedor está atento às mudanças, tendências e oportunidades do mercado. É preciso saber o time para agir e colocar a sua ideia em prática para, assim, ter sucesso na sua empreitada IMPORTANTE Outro tipo de inovação que Sausen (2018) apresenta é a inovação de processo, responsável por captar a introdução de novos métodos de produção, novas abordagens de gestão e novas tecnologias que possam ser usadas para melhorar a produção e gestão de processos. Vamos ver um exemplo? Que tal olharmos para o Google, esta empresa norte-americana de tecnologia que está sempre inovando no mercado, seja com os seus produtos, na forma em que atua no seu segmento e, também, em seus processos. O novo escritório do Google na capital paulista traz ambientes bem diferentes do que podemos ver em escritórios tradicionais, além disso, contam também com o modelo híbrido de trabalho. Por dentro do escritório, Granato (2021) informa que em cada andar tem uma área central com pequenas cozinhas com chá, café, frutas e lanches variados. Granato diz que nesse ambiente também é possível se reunir com a equipe ou fazer uma pausa. Há sofás espalhados por todo o escritório e também salas mais reservadas para garantir momentos de descompressão ou de maior concentração. O trabalho híbrido foi adotado pelo Google devido à pandemia de Covid-19 e este modelo acabou por se estabelecer na empresa, assim, os funcionários trabalham três dias presenciais e algumas funções específicas, como as do escritório de engenharia em Belo Horizonte, terão a possibilidade de trabalhar no modelo totalmente remoto. Figura 7 – Home Office/Trabalho Remoto FONTE: Freepik 2022. 30 Dando continuidade às tipologias de inovação, temos a inovação tecnológica, que Sausen (2018) apresenta como um desafio para máquinas e métodos de produção. Conforme disponibilidade, inovações tecnológicas podem ser inseridas em empresas, otimizando a forma como elas trabalham e resultando em ofertas com maior qualidade para os seus clientes. Por exemplo, digamos que o empreendedor decida abrir sua loja on-line e para isso contrate um sistema digital para conferência de estoque, vendas e entrega. Diante disto, erros serão minimizados ou evitados e os clientes receberão com uma velocidade maior os pedidos efetuados. A inovação comportamental, por sua vez, Sausen (2018) afirma que pode estar presente em diferentes níveis, como individual, em equipes ou na gestão organizacional. Ela é estabelecida através de indivíduos, times e gestão que permitem a formação de uma cultura de inovação, recebendo internamente novas ideias e sendo responsável pelos resultados inovadores das empresas. Aqui, podemos fazer referência àquela ideia de “pensar fora da caixa”, isto é, permitir que a empresa como um todo tenha liberdade de pensamento e criação, e como resultado, ideias inovadoras surgem e acarretam no bom desempenho da organização – e, claro, no seu diferencial competitivo. Por fim, temos a inovação estratégica, que visa a forma como o negócio atua no mercado, de modo que o posicionamento da empresa possa ser aperfeiçoado continuamente, identificando lacunas a serem aproveitadas como oportunidade. Por exemplo, a estratégia de comunicação das empresas é fundamental para divulgação da marca e das suas ofertas. Atualmente, as mídias sociais são as tecnologias mais aproveitadas pelas organizações quando o quesito é estratégia de comunicação. Logo, a forma como cada companhia irá se posicionar ali, trará um impacto para a imagem da empresa. Estar atento ao comportamento do consumidor e conseguir estreitar laços através dessas redes de interação on- line é pertinente para se destacar. Se uma música está em alta e você pode usá-la em uma campanha promocional, então tente ser o primeiro a “surfar essa onda” e ganhar visibilidade no mundo digital. Que tal assistir o vídeo do Sebrae PR sobre os “10 Passos para Desenvolver Cultura de Inovação em seu Negócio: Passo a Passo Prático”? Disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=hJurECZpbcA> DICA Inovação pode ser a identidade da sua empresa, assim como é para empresas como o Google, o Facebook, entre outras, que surgiram no mercado com ideias inovadoras e permanecem até hoje, propondo novos produtos e serviços, todos 31 com uma dose de inovação. Dornelas (2016) trata a inovação como a semente do processo empreendedor. Para o autor, a criatividade do empreendedor e da sua equipe induz à inovação, que é um ingrediente indispensável em empreendimentos. Eduardo L’Hotellier, empreendedor que faz sucesso na internet através de uma plataforma de intermediação de serviços, a GetNinjas, explica sobre a necessidade de mais inovação nos negócios brasileiros dizendo que: “O brasileiro é muito criativo, mas muitos têm medo de ousar e tirar sua ideia do papel. Além de receber estímulos do governo, é preciso que o empreendedorismo seja algo cultural, ensinado nas escolas, para que as pessoas já cresçam com esse pensamento de inovar e criar” (DORNELAS, 2016, p. 92). 3 O QUE É INVENÇÃO Vimos até o momento o que é inovação e a sua importância para o empreendedorismo. Mas e o que seria a invenção? Para Jung (2021, p. 7), é considerada invenção tudo aquilo que é resultado de atividade revestida com requinte de novidade. E o autor informa, ainda, que um inventor é aquela pessoa que combina duas habilidades fundamentais: 1. identificar oportunidades nos problemas ou nas coisas que não funcio- nam bem; 2. olhar a sua volta e identificar princípios que podem ser extraídos de eventos naturais ou de objetos existentes e aplicá-los à solução de pro- blemas. Um exemplo de invenção é a lâmpada, por exemplo, criada pelo inventor Thomas Edison, no ano de 1879. Figura 8 – Thomas Edison: inventor da lâmpada FONTE: Freepik 2022. 32 Até então, não existiaesse tipo de produto no mercado, assim como não existia o descascador de abacaxi. Isso mesmo, o descascador de abacaxi foi uma invenção projetada para facilitar a vida dos usuários que têm dificuldade em apreciar a fruta por conta do árduo processo de retirar a sua casca. É importante ressaltar que não basta inventar alguma coisa, ela precisa ser, de fato, útil para a população. E se uma invenção é útil para a população, consequentemente, haverá mercado para comercialização da mercadoria, caso contrário o empreendedor terá prejuízos. Assim, ressaltamos mais uma vez a importância de pesquisar o mercado e planejar as ações que a sua empresa vai tomar, de acordo com o nicho de mercado que irá atuar e o seu público-alvo. O processo de inventar algo sempre existiu, contudo muitos podem pensar que já não há muito espaço para inventar um produto ou serviço que ainda não existe no mercado, porque já temos à nossa disposição diversos itens para satisfazer nossos desejos e nossas necessidades. Entretanto, é preciso entender que só pensamos assim porque ainda não nos deparamos com uma nova invenção. Por exemplo, antes de termos os smartphones, achávamos normal fazermos chamadas para telefones fixos quando queríamos falar com uma pessoa, hoje em dia fica até difícil encontrar um número expressivo de pessoas que ainda agem assim, ao invés de se conectarem com amigos e familiares por meio de mensagens enviadas por aplicativos, como o WhatsApp. E o que dizer das fotos antigas, em que era preciso comprar um filme com até 36 poses e mandar revelar para ver se alguma das imagens estava realmente com boa qualidade? Atualmente, nem utilizamos mais as câmeras fotográficas, isso porque os telefones celulares ampliaram cada vez mais as suas funções, e, agora, fazer fotos e vídeos digitais com o smartphone é a coisa mais comum. Contudo, se não tivéssemos todos esses aparatos a nossa disposição e, claro, se não tivéssemos conhecimento deles, acharíamos que todas as nossas urgências e anseios estavam sanados. Logo, há espaço, sim, para novas invenções, basta que elas sejam, como dito anteriormente, úteis e que surpreendam – positivamente – os consumidores. Quando um empreendedor inventar algo, um produto, um serviço ou um processo, por exemplo, é importante que ele registre a patente disso. “Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação” (BRASIL, 2020) IMPORTANTE 33 Também é importante para a economia a invenção de novos artigos para serem comercializados no mercado, gerando interesse de compra por parte dos consumidores, bem como, a abertura de novas empresas e o consequente fortalecimento de novos empregos. Por exemplo, quando os aparelhos de telefone celular começaram a surgir, foram abertas lojas para comercializar acessórios para esta tecnologia, como capinhas que protegem e decoram o celular, películas para evitar que a tela do telefone fique riscada, entre outros itens. 4 DIFERENÇAS ENTRE INOVAÇÃO E INVENÇÃO A invenção se diferencia da inovação, pois ela utiliza primeiramente a ideia para criar um novo produto ou processo, enquanto a inovação busca colocar em ação a ideia, isto é, a inovação se preocupa com a aplicação da prática (FAGERBERG, 2005). No exemplo da lâmpada, a invenção trouxe ao mercado um artefato que oferecia iluminação para os ambientes através da corrente elétrica. Já a inovação, propôs um produto mais econômico, com menor emissão de calor, que oferecia mais rendimento, simulando a iluminação natural, com maior durabilidade e contribuindo para a sustentabilidade (JUNG, 2011). Figura 9 – Invenção versus Inovação FONTE: adaptada de Jung (2011) Também citamos o descascador de abacaxi, não é mesmo? Este objeto foi uma invenção, afinal não havia nada igual no mercado para facilitar o manuseio da fruta na hora de descascá-la. Essa invenção ainda pode sofrer inovações, como, por exemplo, a criação de um descascador elétrico, onde o usuário insere a fruta, aperta um botão e todo processo acontece automaticamente, evitando, inclusive, a possibilidade de o indivíduo se machucar, ferindo-se ao cortar manualmente a fruta. Na Figura 11, o descasque de um abacaxi de forma manual. 34 Figura 11 – Descascando abacaxi manualmente FONTE: Freepik 2022. Esse tipo de inovação também adentrou outros campos. Você gosta de tomar suco de limão ou laranja? Para fazer essa bebida, é necessário espremer a fruta, e, antigamente, até a inovação chegar no mercado e estar disponível para o acesso dos clientes, os espremedores eram completamente manuais, como podemos ver na Figura 12. Figura 12 – Espremedor de fruta manual FONTE: Freepik 2022. No entanto, algum empreendedor estudou esse processo e pensou: Por que não automatizarmos esse sistema oferecendo para o consumidor um espremedor elétrico? E além disso, construirmos máquinas com maior potencial para que lanchonetes e restaurantes também usufruam desse benefício, podendo fazer quantidades maiores de suco. O resultado pode ser observado na Figura 13, que apresenta um espremedor elétrico. 35 Figura 13 – Espremedor de frutas elétrico FONTE: Freepik 2022. Ao analisarmos essas comparações feitas entre invenção e inovação, percebemos que, conforme aponta Kline e Rosenberg (1986, p. 283 apud FAGERBERG, 2005), o fato é que as inovações mais importantes vão, através de mudanças drásticas em suas vidas – mudanças que podem, e muitas vezes o fazem, transformar totalmente seu significado econômico. As melhorias subsequentes em uma invenção, após a sua primeira introdução, pode ser muito mais importante, economicamente, do que a disponibilidade da invenção em sua forma original. Assim, apesar de uma invenção ter a sua utilidade na vida dos indivíduos, ela só será adotada de fato no dia a dia das pessoas após a inovação remodelar o objetivo do produto/serviço. Por exemplo, muitas pessoas nunca tiveram um espremedor manual de laranja, por considerarem trabalhoso o processo para fazer o suco de laranja ou limão. No entanto, quando surgiu o espremedor elétrico, diversos consumidores adquiriram, pela primeira vez em suas casas, um produto para espremer a fruta e fazer o seu suco. Assim, os produtos que sofreram inovação ganham mais espaço no comércio que, por vezes, a própria invenção em si. Entretanto, é importante considerar que ambos fortalecem a economia, e claro, quanto mais inovação – útil – melhor para as empresas, o comércio e os seus consumidores. 36 Convidamos você para a leitura do artigo: “O uso criativo dos mecanismos de busca da Web 2.0 para pesquisar invenções e criar inovações frugais.” Assunto abordado: A competitividade crescente tem levado as empresas a buscar inovações nos seus modelos de negócios. Por isso, este artigo visa identificar como a Web 2.0 pode contribuir, com a sua nova geração de serviços on-line, para recuperação de informações existentes na internet que possam contribuir para a pesquisa de invenções e criação de inovações. Link para acesso: <https://revistafuture.org/FSRJ/article/view/229>. DICA Portanto, a invenção é uma grande contribuição para trazer praticidade e facilidade, otimizando a vida da população. E a inovação vem logo em seguida, aprimorando todo esse processo, de modo que os produtos e serviços, com o tempo, fiquem cada vez mais contemporâneos, como por exemplo, o telefone celular que passou de analógico para digital, a TV preto e branco que tornou-se colorida e a internet que foi sofrendo aperfeiçoamento e hoje, com a fibra óptica, seu acesso é mais rápido e com maior qualidade. A inovação é um chamado para que as empresas não fiquem obsoletas no mercado e, com o passar do tempo, deixem de existir para serem substituídas por outras organizações, que, ao aderirem práticas inovadoras, começam a oferecer produtos e serviços muitomelhores para o mercado. E isso serve, também, para os empreendedores que querem começar o seu negócio: com a inovação é possível encontrar espaço no mercado, destacar-se e ter sucesso no seu empreendimento. No Brasil existe a Lei da Inovação para incentivar o ato no país. A Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências, a fim de: • promover maior desenvolvimento científico e tecnológico no país; • estimular a transformação das inovações concebidas no ambiente acadêmico (universidades e instituições científicas) em tecnologia efetivamente implementada no mercado produtivo; • incentivar a cooperação entre as entidades públicas e o setor privado, nas diversas etapas do processo inovativo e produtivo, desde a criação da invenção até a transferência de tecnologia, mediante, por exemplo, licenciamento (OAB SP, 2019). 37 Neste tópico, você aprendeu: • Invenção e inovação, dois temas importantes para o empreendedorismo, a fim de que novos negócios comecem, e empresas já existentes se mantenham no mercado. • A invenção tem o objetivo de criar algo que ainda não existe para os consumidores no mercado. • A inovação vem para aprimorar práticas e processos, de modo que haja aperfeiçoamento em produtos e serviços já existentes, trazendo praticidade e facilidade para o dia a dia dos consumidores. • Há espaço no mercado, tanto para invenções quanto para inovações, ambas essenciais para que um empreendimento se destaque, diferenciando-se da concorrência e se tornando competitivo no segmento econômico em que atua. RESUMO DO TÓPICO 2 38 1. Um determinado empreendedor decidiu que era hora de se destacar no mercado e adotou a estratégia de inovação como pressuposto para que seus produtos e serviços pudessem atingir um número maior de consumidores. Com relação à inovação também poder ser vista como uma ferramenta importante para o empreendedor, assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) Porque depois da promulgação da Lei da Inovação, tornou- se obrigatório que empreendimentos adotassem a inovação em diferentes níveis da organização. b. ( ) Afinal é somente a partir da inovação que os empreendedores irão aumentar os rendimentos financeiros do seu negócio. c. ( ) A inovação é importante para que os produtos e serviços se tornem úteis na vida dos consumidores. d. ( ) Pois ao explorar alterações surgem oportunidades para negócios e serviços diferentes. 2. Há espaço no mercado para invenções, por isso novos empreendedores surgem com o passar do tempo, trazendo ideias diferentes para os consumidores, a exemplo disso, temos o Google, o Facebook, o WhatsApp etc. Tendo como base o enfoque na invenção de produtos/serviços/ processos, analise as sentenças a seguir: I. Invenção refere-se a algo que ainda não existia no mercado. II. A invenção não precisa, exclusivamente, ser algo útil para o consumidor. III. A invenção é importante para a economia, pois provoca o surgimento de novos negócios. Assinale a alternativa CORRETA: d. ( ) As sentenças I e II estão corretas. e. ( ) Somente a sentença II está correta. f. ( ) As sentenças I e III estão corretas. g. ( ) As sentenças II e III estão corretas. AUTOATIVIDADE 39 3. Há diferenças entre invenção e inovação, por isso é importante entender o conceito de cada uma, a fim de compreender se o que o seu negócio está propondo para o mercado é uma invenção ou uma inovação. De acordo com os princípios sobre inovação e invenção, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A invenção utiliza primeiro a ideia para criar um produto ou processo. ( ) A inovação busca pegar um produto ou processo já existente e trabalhar a sua aplicação prática. ( ) A inovação vem antes da invenção, a fim de abrir caminho para que uma ideia surja e sua aplicação em um produto ou processo possa ser efetiva. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. ( ) V – F – F. b. ( ) V – F – V. c. ( ) V – V – F. d. ( ) F – F – V. 4. Antes de Thomas Edison criar a lâmpada, nenhum produto semelhante a este, ligado na energia elétrica e que produzisse luz, existia à venda no mercado para os consumidores. Disserte sobre o processo de invenção e como ele influencia a economia. 5. Depois que uma invenção surge no mercado, muitas empresas começam a estudar essa novidade em busca de como a inovação pode contribuir a partir desse produto, serviço ou processo. Nesse contexto, escolha um tipo de inovação e disserte sobre ele explicando o seu impacto no mercado. 41 TÓPICO 3 INOVAÇÃO SOCIAL 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, chegamos ao Tópico 3 da primeira unidade sobre Empreendedorismo e Inovação. Aqui, abordaremos o tema inovação social, que é pertinente quando se fala em empreendedorismo e em propostas inovadoras. Se um negócio se propõe a inovar no nicho de mercado em que atua, o que poderia ser mais relevante do que inovar de maneira que haja um impacto positivo no meio socioambiental que aquela organização está inserida? Para tanto, veremos o conceito de inovação social, e abordaremos também os benefícios que ela pode trazer a partir de projetos que não visam exclusivamente o lucro, mas o bem comum, com impacto positivo em uma comunidade, por exemplo. Por fim, encerraremos estudando alguns cases que nos ajudarão a exemplificar o assunto. 2 O QUE É INOVAÇÃO SOCIAL A inovação social vai além da busca por competitividade no mercado entre as empresas e a ânsia que elas têm por atender e satisfazer um número maior de clientes, isso porque o termo inovação social, o qual ganhou maior visibilidade nos últimos tempos, é definido como “o resultado do conhecimento aplicado às necessidades sociais, através da participação e da cooperação de todos os atores envolvidos, gerando soluções novas e duradouras para grupos sociais, comunidades ou para a sociedade em geral” (BIGNETTI, 2011, p. 4). Dizemos, então, que a inovação social tem ganhado notoriedade, pois com a economia globalizada, as empresas precisam estar constantemente atualizadas e, além disso, se diferenciar da concorrência no nicho de mercado em que atuam. Outro fator que também implica na competitividade dos negócios é o avanço das tecnologias digitais virtuais que fazem com que o comércio local não seja o único espaço de concorrência por novos (e mais) consumidores. 42 Com a internet, por exemplo, a compra e venda de produtos e serviços atravessam os estados e o país, criando um ecossistema de competição acirrada na rede, pois através da internet é possível comprar produtos de qualquer lugar do mundo, buscar informações sobre qualquer assunto nas mais diferentes bases de dados ou bibliotecas e também conversar com outras pessoas através de sala de bate papos, a qualquer hora do dia ou da noite (GRAEML; VOLPI; GRAEML, 2004, p. 1). Assim, com a inovação social, os negócios que antes eram focados apenas na venda de produtos/serviços, passaram também a se preocupar com o consumidor, isto é, com a pessoa/o ser humano por trás daquele cliente que efetua a compra de mercadorias. Inovação Social engloba, então, a ideia de pessoas se conectarem com pessoas e como isso influencia o meio em que elas estão inseridas, podendo afetar uma comunidade específica ou uma sociedade em geral, como bem trouxe Bignetti, anteriormente, na definição do conceito de Inovação Social. Figura 14 – Pessoas se conectam com pessoas FONTE: Freepik 2022. Quando falamos de “pessoas se conectarem com pessoas”, precisamos entender que empresas focadas somente no lucro estão mais preocupadas em “empurrar” produtos e serviços para os compradores e, por fim, contabilizar quanto dinheiro entra a partir dessa relação comercial fria e, frequentemente, pontual. No entanto, se o empreendedor entende, conhece e procura estreitar os laços com os seus clientes, ele saberá que suas ofertas vãomuito além da venda de um determinado objeto; a venda do seu produto/serviço é a personificação da marca na casa de uma família ou em uma empresa composta por um grupo de funcionários, circulando por vários locais e atendendo seus desejos e necessidades. 43 Você voltaria a fazer negócio com uma empresa onde não foi bem atendido(a), sentindo que durante aquela transação comercial faltava carisma, afeto e atenção do vendedor na oferta de um produto/serviço que fosse de encontro com sua demanda e urgência? Mas, vamos um pouco além, e se, depois disso, você descobrisse que na loja ao lado estão vendendo um produto semelhante ao que você quer adquirir, porém lá a mercadoria tem características mais atuais, um preço mais competitivo, sem falar, é claro, no atendimento recebido, na durabilidade do artigo e consciência socioambiental. Então, qual seria a sua escolha? Figura 15 – Inovação social FONTE: Freepik 2022. Desse modo, podemos dizer que a Inovação Social se preocupa com os problemas sociais e busca soluções para minimizá-los ou até mesmo erradicá-los, como podemos ver na Figura 15, que apresenta um grupo de pessoas identificando as problemáticas e buscando meios para resolvê-las. A inovação social faz isso por meio da adoção de novas estratégias, tecnologias e processos que visam atender as necessidades sociais, gerando uma repercussão social com resultados positivos. 44 Figura 16 – Ciclo da inovação social: uma ideia gera uma ação que provoca um resultado, o qual influencia uma (nova e melhor) ideia Fonte: a autora Conforme apresentado na Figura 16, percebemos que para cada ação há uma reação consequente e, ao agir tendo como ponto de partida a Inovação Social, os resultados serão reflexos das boas decisões tomadas desde o começo. Entretanto, para que esse ciclo se mantenha estável, é preciso acompanhar o processo, conferir os impactos que foram causados e, diante disso, definir quais movimentos serão repetidos, o que precisa ser corrigido e o que precisa ser descartado, ou seja, o que pode ser replicado porque gerou um impacto positivo ou o que deve ser evitado, pois o efeito obtido não foi satisfatório para ambos os lados – empresa/ empreendedor e consumidores. É importante salientar que na Inovação Social, o bem comum deve ser o pressuposto para desenvolver uma estratégia e permanecer com a atividade adotada, caso ela seja promissora. É como aquela história de EGO e ECO. No ego, o indivíduo está acima de tudo e de todos, impondo regras que devem ser cumpridas para que tudo ocorra exatamente como uma única pessoa (ou empresa) deseja. Muitas vezes, isso não funciona, basta observar como o homem tem destruído o meio ambiente onde vive para satisfazer seus desejos exacerbados. Já no conceito de eco, a vida acontece em harmonia, nada nem ninguém se sobrepõem aos desejos e às vontades dos outros, tudo acontece de forma sustentável, isto é, focando na preservação, na permanência e, obviamente, avaliando os impactos que cada ação pode gerar. Um empreendimento pode começar as suas atividades tendo como proposta a inovação social, isto é, o empreendedor abre uma empresa, exclusivamente, para atender a sua comunidade de maneira inovadora, corroborando para a exaltação de aspectos sociais. 45 ATENÇÃO Uma inovação é verdadeiramente social somente se a balança está inclinada na direção do valor social, benefícios para o público ou para a sociedade como um todo – ao invés do valor privado – ou seja, ganhos para empreendedores, investidores e consumidores tradicionais (não pessoas em risco social)” (PHILLS JR.; DEIGLMEIER; MILLER, 2022, s. p.). Entretanto, que tipo de impacto social a inovação social pode trazer para uma sociedade ou comunidade em particular? Ela pode mudar a vida de inúmeras pessoas, de diferentes formas possíveis, melhorando a qualidade de vida desses indivíduos, tratando aspectos de saúde, educação, moradia, finanças, transporte, segurança, entre outros. A inovação social passa a oportunizar o acesso a produtos e serviços, que – em geral – são itens básicos para a sobrevivência do ser humano, contudo, antes não eram ofertados de modo que essa população específica conseguisse suprir de maneira satisfatória os seus desejos e as suas necessidades. É interessante percebermos, e isso poderá ser visto quando abordarmos sobre os cases, que a inovação social no começo atinge um pequeno grupo, porém com o tempo, e considerando os seus benefícios – o que também estudaremos a seguir – a sua dimensão vai tomando proporções maiores, e cada vez mais pessoas passam a ser assistidas por esses projetos. 3 BENEFÍCIOS DA INOVAÇÃO SOCIAL E O EMPREENDEDORISMO SOCIAL Ao estudarmos um pouco sobre o que é Inovação Social, foi possível perceber o quão importante é esse tipo de ação para uma comunidade, isso porque as minorias podem ser assistidas, estas que antes não tinham respaldo para suprir as suas carências. Do mesmo modo, um empreendedor, além de realizar o seu sonho, que é transformar uma ideia em um negócio, também pode fazer com que este seja voltado para o benefício social. Atender as demandas de uma comunidade ou uma sociedade em geral pode ir muito além de satisfazer os seus desejos e as suas necessidades com produtos e serviços disponibilizados corriqueiramente no mercado. Por exemplo, todos temos a necessidade de nos alimentarmos, logo, abrir uma indústria alimentícia ou um supermercado para a venda de alimentos é apenas uma forma tradicional de empreender. No entanto, estudar maneiras de possibilitar o acesso à comida pode ser feito de formas mais eficientes para famílias carentes, sendo uma proposta que entra na área da inovação social. 46 E quais são os benefícios da inovação social? Partindo do princípio que minorias, por exemplo, poderão ser assistidas por empresas, identificamos o primeiro ponto positivo na inovação social, que começa a focar em indivíduos que antes eram esquecidos ou até mesmo evitados pelas organizações. Convidamos para a leitura do artigo “Inovação Social para Mudar o Mundo”, publicado na Revista La Fundación em junho de 2018. Acesse em: <https://www.revistalafundacion.com/pt-br/innovacion-social- cambiar-mundo/>. DICA Outros benefícios da Inovação Social que podemos listar são (LENCINI, 2013): 1. melhoria da qualidade de vida de forma sustentável; 2. oportunizar a auto suficiência individual, familiar, comunitária e organizacional. Logo, a partir da Inovação Social, também temos o Empreendedorismo Social, que não visa os benefícios próprios de uma organização, mas a ajuda que pode ser oferecida ao próximo, isto é, empreendedorismo + sociedade = empreendedorismo social. O empreendedorismo social se caracteriza por, ao invés de buscar oportunidades de negócio, procurar problemas na sociedade e propor solucioná- los por meio de uma empresa lucrativa (CARDOSO, 2015). No entanto, Cardoso esclarece que essa empresa não se apropria do conceito de uma ONG ou instituição filantrópica, mas o empreendedor social irá criar uma empresa que atende a parcela fragilizada da sociedade, buscando suavizar ou até mesmo resolver o problema, lucrando com isso também. Isso não deixa de ser um negócio social. Cardoso (2015) ainda destaca que os empreendedores sociais são aqueles que iniciam e lideram mudanças na sociedade, trabalhando para garantir que ideias tomem seu caminho e mudem o pensamento, a fala e o comportamento das pessoas. Para ele, os empreendedores sociais são agentes de mudança; eles mudam o mundo. E essa mudança de mundo traz benefícios para pessoas que, até então, não tinham acesso a produtos e serviços de qualidade que suprissem a sua demanda, por conta de diversos fatores socioeconômicos. E o empreendedorismo aliado à inovação social começa a proporcionar tudo isso. 47 Existem organizações que, através de meios comerciais ou de negócio, têm como missão o foco em questões sociais, e isso faz com que elas agreguem valor social a sua marca, atuandode maneira inovadora e fazendo uso de recursos financeiros como garantia de sustentabilidade (HERVIEUX; GEDAJLOVIC; TURCOTTE, 2010). Convidamos você para assistir ao vídeo: “Empreendedorismo Social Cresce no Brasil”. Nele, é abordado como empreender pode promover cidadania, tentando minimizar os impactos da desigualdade, com um modelo de negócio que está cada vez mais em alta e que movimenta cerca de 60 bilhões de dólares por ano em todo o mundo, o empreendedorismo social. O Brasil já figura no segundo lugar da lista de uma rede global de organizações que impulsionam o empreendedorismo em países emergentes. Veja no link: <https://www.youtube.com/watch?v=TfbCUkq2ZVQ>. DICA A seguir, no Quadro 2, analisaremos as diferenças entre empreendedorismo empresarial, ou seja, a criação tradicional de uma empresa, e o empreendedorismo social. Quadro 2 – Diferenças entre empreendedorismo empresarial e empreendedorismo social EMPREENDEDORISMO EMPRESARIAL EMPREENDEDORISMO SOCIAL 1. É individual 2. Produz bens e serviços 3. Tem o foco no mercado 4. Sua medida de desempenho é o lucro 5. Visa a satisfazer necessidades dos clientes e a ampliar as potencialidades do negócio 1. É coletivo 2. Produz bens e serviços à comunidade 3. Tem o foco na busca de soluções para os problemas sociais 4. Sua medida de desempenho é o impacto social 5. Visa a respeitar pessoas da situação de risco social e a promovê-las FONTE: adaptado de Melo Neto e Froes (2002 apud OLIVEIRA, 2004) Vemos, então, que o empreendedorismo empresarial é criado para oferecer ao mercado produtos e serviços e o objetivo é obter lucro nessas operações. Já o empreendedorismo social pensa no coletivo, tendo como foco a solução de proble- mas sociais. É nesse momento, a partir de empresas que optam por seguir nesse ramo de atividade, que os benefícios surgem para a sociedade e a população que é assistida por esses projetos. 48 Algumas empresas brasileiras com foco na missão social são: • GRAACC: sigla para Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, é uma entidade que nasceu em 1991 para garantir todas as chances de cura do câncer infantil (GRAACC, 2020). • ASID: sigla para Ação Social para Igualdade das Diferenças, busca construir uma sociedade inclusiva com projetos que unem empresas, institutos e fundações corporativas, a fim de impactar instituições, pessoas com deficiência e suas famílias (ASID, 2022). E algumas empresas internacionais que seguem a proposta do empreendedorismo social são: • The Clothing Bank (O Banco de Roupas): é uma iniciativa na África do Sul que visa o engajamento de mães que estão desempregadas e moram em regiões periféricas do país, na reciclagem de roupas não utilizadas (THE CLOTHING BANK, 2020). • Worldreader (Leitores do Mundo): é um empreendimento nos Estados Unidos que visa, através da alfabetização, a transformação social. Para tanto, tablets são entregues para mais de 60 países para que a população menos assistida possa adotar hábitos de leitura usufruindo da biblioteca digital (WORLDREADER, 2022). 4 CASES SOBRE INOVAÇÃO SOCIAL Agora, vamos conhecer alguns cases que nos ajudarão a entender melhor como a inovação social pode ser colocada em prática e como isso gera benefícios consideráveis na população que é alcançada por estes projetos. Começaremos com o caso de Muhammad Yunus, conhecido por muitos como o pai do Microcrédito. Veremos como a sua proposta de inovação social influenciou – positivamente, é claro – a vida financeira de muitas pessoas e qual a consequência disso em nível global. 4.1 CASE 1 – MICROCRÉDITO Muhammad Yunus é um professor de economia da Universidade Chaka, nascido em Bangladesh no ano de 1940. Yunus é, também, um empreendedor e, por isso, percebeu a dificuldade de pessoas carentes em ter acesso ao crédito, ao sistema financeiro e, muitas vezes a uma conta bancária para gerir melhor suas finanças, aumentar seu poder de compra através da aquisição de bens de forma 49 parcelada, dentre outras possibilidades que o sistema financeiro oferece (YUNUS INVESTIMENTOS, [2022?]). Figura 18 – Acesso a crédito, aumento do poder de compra FONTE: Freepik 2022. Desse modo, o professor começou a fazer experiências ao fornecer pequenos empréstimos para indivíduos com baixo poder aquisitivo, sem solicitar deles garantias e as tradicionais exigências bancárias que dão suporte a um valor financeiro feito a terceiros. Muhammad chamou esse projeto de Grameen Bank e teve início no ano de 1976. Mais tarde, no ano de 1983, consagrou-se como um banco oficial para fornecer empréstimos aos pobres, especialmente para mulheres de Bangladesh que viviam na zona rural. A ideia de negócio de Muhammad Yunus foi crescendo e se espalhando por quase todos os países do mundo, até mesmo países desenvolvidos e industrializados (YUNUS INVESTIMENTOS, [2022?]). Com o passar do tempo e com a notoriedade da sua ideia inovadora, Yunus, o pai do microcrédito, foi escolhido como uma das 25 pessoas mais influentes de negócios pela Wharton School of Business, além de ter sido convidado para ser defensor dos objetivos de desenvolvimento do milênio. Dentre outros ganhos que Muhammad obteve, foi angariar mais de 50 títulos honoris causa, concedido por universidades de 20 países. Sendo ele, um empreendedor muito premiado em diversos países, incluindo honras de Estado em 10 países diferentes (YUNUS INVESTIMENTOS, [2022?]). No ano de 2006, foi atribuído ao professor Muhammad Yunus, em conjunto com o Grameen Bank, o Prêmio Nobel da Paz. E em 2008, através de uma votação on-line aberta, ele foi escolhido dentre os Top 100 intelectuais do mundo pela revista britânica Prospect em parceria com a Foreign Policy, ocupando o segundo lugar desta classificação. Já em 2010, a revista inglesa The New Statesman, listou-o como uma das “50 figuras mais influentes do mundo”(YUNUS INVESTIMENTOS, [2022?]). 50 Veja, agora, alguns pontos importantes sobre o microcrédito: 1. A garantia do acesso ao microcrédito é o aval solidário apoiado na confiança. 2. A instituição financeira torna-se próxima do tomador de empréstimo, estreitando o relacionamento entre as partes, excluindo processos burocráticos. 3. Nessa modalidade de empréstimo, há acompanhamento e orientação junto ao tomador de empréstimo e o seu negócio, otimizando, assim, as chances do investimento dar certo. 4. A parcela da população que vive à margem da sociedade recebe a concessão de crédito, o que promove um impacto social neste local. Após conhecermos um pouco sobre essa história, vamos refletir um pouco sobre os aprendizados que podemos obter a partir disso tudo. 1. Por que a atitude de Muhammad Yunus pode ser considerada inovadora e como isso impacta a sua comunidade e, como reflexo, a sociedade como um todo? Yunus inovou, pois identificou uma necessidade na sua comunidade e implementou formas de sanar este problema. Ao solucionar as deficiências, uma transformação mais abrangente pode ser percebida. A população, que antes vivia à margem da sociedade, agora, com acesso ao microcrédito, ampliou suas possibilidades de crescimento, ajudando no desenvolvimento social responsável e contínuo. 2. Qual a importância do empréstimo aos pobres e como isso pode influenciar o desenvolvimento de uma região, um país, uma nação? O acesso ao crédito permite não somente aumentar o poder aquisitivo dos cidadãos, mas também restaurar a dignidade deles e, eventualmente, propiciar um novo começo, dando a chance de homens e mulheres vulneráveis começarem um negócio próprio, expandindo suas possibilidades de garantir o sustento pessoal e familiar. 4.2 CASE 2 – PROJETO MÃO AMIGA Na cidade de Caxias do Sul, RS, no ano de 2009, nasceu um projeto premiado e reconhecido nacionalmente, o Projeto Mão Amiga. Este projeto visa encaminhar para escolas particulares as crianças carentes, de zero a quatro anos, que não conseguem vaga no ensino gratuito (CHAIS et al., 2016). O Projeto Mão Amiga édescrito pela seguinte frase: “Você efetivando esperança.”, criado com o intuito de incluir na educação infantil todas as crianças em vulnerabilidade social, considerando aquelas que não são atendidas pela rede pública da cidade de Caxias do Sul. Diante disso, busca-se dar a oportunidade de 51 terem acesso à educação infantil, por meio da assistência social e fortalecendo a família na comunidade, seguindo sempre o compromisso de atuar com ética, respeito, solidariedade, acolhimento, espiritualidade e comprometimento. O Projeto trabalha com a proposta de pagar entre 40%, 50% ou 80% do valor da mensalidade cobrada na educação infantil, e isso é feito com base em análises socioeconômicas e instituições de ensino parceiras. O restante do valor é arcado pelas famílias que também são encaminhadas ao mercado de trabalho recebendo incentivo para se manterem em atividade. Além disso, os responsáveis pelas crianças, participam de um projeto chamado “Fortalecendo Famílias”, que oportuniza encontros anuais tratando o tema Educação. Este é um projeto que se tornou referência na cidade de Caxias do Sul, no que tange o auxílio às famílias em situação de vulnerabilidade social que não foram contempladas com vagas em escolas públicas de educação infantil. Ao receberem o auxílio, abre-se a possibilidade de ingresso dos estudantes no mundo acadêmico, à vistas de minimizar o impacto social de pessoas analfabetas e não escolarizadas que, como consequência, poderão enfrentar dificuldades para se desenvolverem como cidadãos e ingressarem no mundo do trabalho (CHAIS et al., 2016). Assim como no Case sobre o Microcrédito, propomos, também, algumas questões para reflexão sobre a temática do Projeto Mão Amiga. 1. Com objetivo de oportunizar o ingresso de discentes no ambiente escolar, um projeto social pode ser útil para solucionar essa carência. De que forma podemos identificar as demandas da nossa comunidade e como a inovação pode servir como ferramenta para trazer respostas efetivas aos problemas? 2. Ao estarmos à parte das dificuldades da nossa comunidade, podemos começar a pensar em soluções, por isso é fundamental se inteirar das políticas públicas e do andamento dos processos governamentais, a fim de identificar as carências da população menos assistida. E ao identificarmos, por exemplo, que o número de vagas nas escolas públicas não é suficiente para atender o número de estudantes, precisamos pensar em formas de oferecer ajuda e auxílio aos que dependem da solidariedade alheia. Podemos nos juntar com amigos, colegas, empresários e propor alternativas; formarmos um grupo pronto para agir na constituição de projetos, a fim de impactar positivamente, promovendo mudanças sociais. 3. Quais inovações sociais você conhece que causaram transformações na sua comunidade, estado ou até mesmo em seu país? Para refletir sobre esta questão, recomendamos a leitura do artigo “A ino- vação social como processo e resultado da governança da colaboração interorga- nizacional: o caso do Canal Futura”, Disponível em: www.repositorio.jesuita.org.br/ handle/UNISINOS/3260. 52 LEITURA COMPLEMENTAR EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO COMO ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL: UM CASO DE ENSINO William Rafael Cararo Alessandro Becker Julio Cesar Ferro Guimarães Eliana Andréa Severo 2 DESCRIÇÃO DO CASO 2.1 A HISTÓRIA DE UM EMPREENDEDOR Valmir Sinhorin é o filho mais novo da família, nasceu e foi criado no interior de Maximiliano de Almeida junto com seus nove irmãos. Sua família vivia da agricultura familiar e devido aos recursos serem escassos, todos os filhos acostumaram-se a trabalhar na agricultura. Mesmo com essa necessidade familiar, os pais sempre incentivaram os filhos a estudar e buscar seus objetivos. Devido a família morar na zona rural, Valmir tinha de se deslocar a pé ou de bicicleta para estudar na cidade. Após ele terminar seus estudos não tinha grandes ambições, apenas buscava sua independência financeira, já que a família não tinha como disponibilizar um pedaço de terra para cada filho usufruir do seu próprio plantio. Conforme as oportunidades de trabalho surgiam, os irmãos foram se distanciando. Valmir então, com muita coragem e esperança se despediu da família buscando uma oportunidade no Colégio Agrícola (escola para agricultura), localizado no município de Erechim. Empreendendo desde jovem, para custear seus estudos e sobreviver, ele e um amigo durante os finais de semana e feriados trabalhavam com serviços de jardinagem, pensando em uma futura parceria após o término dos estudos. Mas os planos foram interrompidos, devido ao estágio obrigatório onde ele foi efetivado. Com o passar dos anos ele presenciou a instabilidade empregatícia que os trabalhadores enfrentavam. Desse modo, por ser o homem da casa ele se perguntava sobre o risco do desemprego e como isso afetaria sua família. Em 1995 ele teve a oportunidade de trabalhar com vendas (representante comercial) de produtos agropecuários e laboratoriais, mais especificamente 53 no oeste do Paraná. Como já tinha a intenção de conhecer o mercado para futuramente abrir seu próprio negócio, não podia perder essa oportunidade. Após um período prestando serviços para essa empresa, esta o demitiu passando por algumas dificuldades financeiras. Sinhorin continuou a trabalhar como representante comercial no ramo agropecuário de outra empresa no RS. Devido ao seu trabalho estar sendo muito bem desempenhado, a primeira empresa que havia lhe despedido, retorna o contato oferecendo garantias e auxílios, porém sua função seria diferente, não mais atuando como representante comercial. 2.2 O INÍCIO DA HISTÓRIA SIVET A empresa fornecedora estava com dificuldades de realizar seu trabalho no interior do estado do Rio Grande do Sul, dessa forma a proposta oferecida pela empresa era para não atuar mais como representante comercial, mas ser um distribuidor independente da marca. Contudo, caso o empreendedor não aceitasse a oferta, essa proposta seria repassada para outra empresa ou representante, sendo assim esta oportunidade poderia ser perdida. Sinhorin conhecia o produto fornecido pela empresa e sua qualidade, mas acima de tudo, por conhecer o mercado, ele sabia do trabalho ocioso e sem comprometimento que algumas empresas prestavam. Por acreditar na sua competência e eficácia, Sinhorin não podia perder esta oportunidade e decidiu, então, se tornar dono do seu próprio negócio. 2.3 OS PRIMEIRO DESAFIOS O início da empresa foi marcado pelo financiamento de doze mil reais, mas principalmente pelo comprometimento e coragem do empreendedor na realização do seu trabalho. Por conhecer esse ramo, sabia que muitas empresas trabalhavam de forma comprometedora, sem muito controle do negócio, dessa forma, seu intuito era começar de maneira profissional, realizando todas as atividades de forma legal e com total controle sobre os processos do negócio. Sinhorin vendia os produtos no início da semana e realizava a entrega das mercadorias para os lojistas no final da semana. O empreendedor vislumbrava o crescimento da empresa, e tinha todo seu planejamento formulado em sua mente. Com o passar do tempo a empresa cresceu, sendo necessário alugar um estabelecimento maior para a empresa de 60 m2, e contratar mais colaboradores para auxiliá-los. 54 Ele, com seu grande comprometimento sempre acompanhou seus funcionários e priorizou o atendimento pessoal para seus clientes. Também investiu em conhecimento técnico para uma diferenciação da empresa e do seu produto, devido à alta competitividade do ramo. Os esforços adotados pelo empreendedor estavam apresentando resultado e o crescimento da empresa não estagnava. Esta já havia trocado veículos de portemédio vislumbrando seu crescimento, percebendo a necessidade de planejar a compra de um veículo de porte maior, para já estar preparada para o futuro. Então, ele teve uma iniciativa um tanto quanto arriscada para a empresa, pois sabendo da necessidade de um caminhão, o adquiriu de forma parcelada, visto sua necessidade. Cumprindo o planejamento cognitivo feito por ele, o uso do caminhão era cada vez mais necessário para a organização. 2.4 INOVAR PARA O CRESCIMENTO A organização aumentou o número de representantes comerciais para ter uma maior cobertura no Estado, possibilitando assim que a mesma obtivesse uma coleta de informações do mercado mais precisa, devido ao seu atendimento pessoal especializado. Por consequência disso, em 2009 a organização buscou novas tecnologias para desenvolver um produto inovador no mercado. A empresa buscou um parceiro para auxiliá-lo no desenvolvimento desse novo produto, que até o momento não existia no mercado. Foi então desenvolvido o sal mineral nomeado como Forteleite. O produto tinha como finalidade melhorar a produção das vacas leiteiras. Visto que as vendas cres- ciam, em 2011 a empresa comprou a marca de uma concorrente, e aprimorou seu produto inovador e de sucesso com próbióticos e leveduras, aumentando ainda mais sua qualidade. Isso acarretou que a empresa se posicionasse no mercado de forma to- talmente diferente a seus concorrentes. Enquanto seus concorrentes focavam somente no preço dos produtos, o empreendedor partiu no sentido oposto, apostando na qualidade do seu produto e do seu trabalho. Além disso, o atendimento e o relacionamento com seu consumidor foram diferenciais para o negócio, pois agregaram valor. Nem todo histórico da empresa foi de sucesso. Pela inexperiência no mercado, a empresa não tinha conhecimento das obrigações necessárias ao criar e desenvolver produtos, e sofreu com questões referentes a patentes de marcas. Após ter criado a marca Forteleite e não a ter patenteado, recebeu o contato de que não poderia mais utilizar a marca pois havia sido registrado por outra empresa, desse modo, havia duas possíveis possibilidades a serem tomadas pelo empreendedor. 55 Primeira possibilidade, a empresa poderia pagar direitos de uso para a empresa que havia registrado sua marca, ou, segunda possibilidade, trocar o nome do produto. Analisando as opções, Sinhorin percebeu que no momento a melhor forma de solucionar o problema seria trocar o nome do produto, posteriormente vindo a se chamar, Fosvet. Atualmente, a empresa adota como pilar da criação de novos produtos esse cuidado. Devido a terceirização da sua produção, a Sivet teve alguns contratempos. Para não parar seu processo produtivo ela assumiu dívidas desse parceiro, negociando, assim, essa parceria, para que toda a gestão e planejamento ficassem a critério do empreendedor, e seu parceiro ficasse somente com a mão de obra capacitada para a produção. Nesta etapa a empresa já utilizava logística própria mantendo seus valores iniciais como direcionamento. 2.5 MUDANÇAS NO CENÁRIO E SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA Devido a seu crescimento anual contínuo, em média de 20% a 30%, a empresa precisou ampliar seu estabelecimento para 250m². Atualmente conta com 50 produtos da própria marca, buscando evoluir sempre. Faturamento da empresa 2006 R$ 540.000,00 2007 R$ 720.000,00 2008 R$ 960.000,00 2009 R$ 1.272.000,00 2010 R$ 1.704,000,00 2011 R$ 2.268.000,00 2012 R$ 3.000.000,00 2013 R$ 4.044.000,00 2014 R$ 5.400.000,00 2015 R$ 7.200.000,00 2016 936.000,000,00 2017 1216.000,000,00 FONTE: Dados da pesquisa (Dados Fictícios) A empresa Sivet, construiu sua sede no distrito industrial da cidade, com área disponível de 725 m² para o escritório da empresa e estocagem de produtos. Almejando até 2019 fabricar seus produtos sem a ajuda de um parceiro, incluindo seu carro chefe, o Fosvet. Percebendo que este produto ainda 56 tem potencial de crescimento, a fabricação própria do produto pode reduzir seus custos de produção, para que possa ser investido em pesquisa e desenvolvimento. Atualmente a empresa atua com 550 produtos tanto agropecuários quanto de laboratórios, sendo destes, 50 da marca própria com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Em virtude do seu crescimento nos últimos 10 anos a empresa conta com quatro colaboradores internos atuando na parte comercial, financeira, logística e gestão, sete colaboradores externos atuando em campo, ou na venda direta para os lojistas. Sua logística conta atualmente com três caminhões próprios, atendendo todo o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O governo federal aprovou a reforma trabalhista, alterando pontos importantes na jornada de trabalho, nas férias, na remuneração e no plano de carreira dos colaboradores, impactando, assim, no cenário organizacional. Já não bastava as mudanças que a empresa vinha buscando para o futuro da organização, as alterações legais como a reforma, impactam de maneira muito mais forte em um momento de transição como esse, exigindo, assim, um planejamento mais detalhado que a organização deverá fazer em tempo despendido para as atividades organizacionais e também em jornadas de trabalho. FONTE: BECKER, A.et al. Empreendedorismo e inovação como estratégia organiza- cional: um caso de ensino. Revista UFPEL, [s. l.], v. 12 n. 7, jul./dez. 2018. Disponível em: https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/ReAT/article/view/1326. Acesso em: 31 jul. 2022. 57 Neste tópico, você aprendeu: • Ao conhecermos o que é inovação social, percebemos que, além de inovar em busca de atender um número maior de consumidores, também é possível criar negócios que tenham como foco uma missão social. • A missão social de um empreendimento é assistir pessoas e, até mesmo, co- munidades que não têm acesso ou que tenham um acesso restrito a produtos e serviços que supram os seus desejos e as suas necessidades. • Diante disso, temos o empreendedorismo social, que não tem como objetivo a venda de mercadorias para obtenção de lucro, e sim buscar soluções para os problemas sociais, produzindo bens e serviços à comunidade. • Por fim, analisamos cases que tratam sobre a inovação social, e foi possível ob- servar a diferença que esses tipos de empreendimentos podem fazer na vida de um grupo de indivíduos, reverberando e gerando mudanças em toda uma sociedade. RESUMO DO TÓPICO 3 58 1. A Inovação Social vai além da mera busca por processos e mercadorias inovadores, já que seu enfoque é identificar carências sociais e assistir a população que ainda não tem acesso a determinados produtos e serviços. Sobre este tema, assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) Apesar de o foco da Inovação Social ser as pessoas, o objetivo de uma empresa com essa empreitada é aumentar o seu lucro. b. ( ) A inovação social tornou-se um tema obrigatório em empresas que querem se tornar mais competitivas no mercado. c. ( ) A inovação social tem, primeiramente, foco nas pessoas, nos consumidores, e não no lucro em si. d. ( ) Com a inovação social, as empresas ganham respaldo do governo para atuarem em áreas carentes, e com o incentivo do Estado podem promover ações sociais. 2. Para que a inovação social possa minimizar ou, até mesmo, erradicar problemas sociais, alguns pontos devem ser adotados por empresas. Considerando isso, escolha a alternativa CORRETA que informa os meios que organizações podem adotar para inovar socialmente: a. ( ) Novas estratégias, tecnologiase processos. b. ( ) Alto investimento financeiro em pesquisa e implantação de projetos sociais. c. ( ) Buscar isenção de impostos para poder, assim, aumentar o salário dos seus funcionários. d. ( ) Copiar ações que empresas internacionais estão fazendo. 3. Empreender vai além da criação de um negócio, empreender pode ser, também, signficado de atender demandas sociais com qualidade. Por isso, considerando o que é um empreendimento empresarial e o que é um empreendimento social, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Um empreendimento empresarial tem foco na solução de problemas da sua comunidade. ( ) Um empreendimento social é individual. ( ) Um empreendimento social existe para atender as demandas de um grupo específico. AUTOATIVIDADE 59 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. ( ) V – F – F. b. ( ) V – F – V. c. ( ) F – V – F. d. ( ) F – F – V. 4. No decorrer desta unidade de estudos, vimos cases sobre a Inovação Social e como isso pode influenciar uma comunidade em específico e, até mesmo, abranger toda uma sociedade. Um desses cases estudados foi sobre o microcrédito. Disserte sobre a empreitada de Muhammad Yunus e faça uma relação sobre como o microcrédito também pode ser acessado hoje no Brasil: 5. O empreendedorismo social não funciona como uma ONG, por exemplo, isso porque ele assiste indivíduos com determinadas necessidades, porém também obtém lucro dessa transação. Nesse contexto, disserte sobre empresas que têm como missão o empreendedorismo social, e apesar de lucrarem com isso, acabam ajudando de forma muito positiva a vida de diversas pessoas. 60 REFERÊNCIAS ANDRADE, J. Forbes, 9 jul. 2020. 13 negócios que surgiram durante a crise de Covid-19.Disponível em: https://forbes.com.br/escolhas-do-editor/2020/07/em- preendedorismo-na-pandemia-13-negocios-que-surgiram-durante-a-crise-de- -covid-19/. Acesso em: 29 jul. 2022. ASID. Asid Brasil, [2022?]. Ação Social para Igualdade das Diferenças. Disponível em: https://asidbrasil.org.br/br/. Acesso em: 30 jul. 2022. BECKER, A.et al. Empreendedorismo e inovação como estratégia organizacional: um caso de ensino. Revista UFPEL, [s. l.], v. 12 n. 7, jul./dez. 2018. Disponível em: https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/ReAT/article/view/1326. Acesso em: 31 jul. 2022. BIGNETTI, L. P. As inovações sociais: uma incursão por ideias, tendências e focos de pesquisa. Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, v. 47, n. 1, p. 3-14, jan./ abr. 2011. Disponível em: revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/ view/1040. Acesso em: 14 jul. 2022. BLANK, S.; DORF, B. Startup: manual do empreendedor o guia passo a passo para construir uma grande companhia. Rio de Janeiro: Alta Books, 2014. BRASIL. Ministério da Economia. Gov, 29 jul. 2020. Patentes. Disponível em: ht- tps://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/perguntas-frequentes/patentes. Acesso em: 31 jul. 2022. CARDOSO, G. Mude, você, o mundo! São Caetano do Sul: Lura Editorial, 2015. CICCONI, E. G. Empreendedorismo. In: PORTO, G. Gestão da inovação e em- preendedorismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. CHAIS, C.et al. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS. 4. Porto Alegre, 19–21 out. 2016. Anais [...] Porto Alegre, 2016. Disponível em: https:// anaiscbeo.emnuvens.com.br/cbeo/article/view/181/173. Acesso em: 30 jul. 2022. DA REPORTAGEM. Diário do Litoral, 23 ago. 2021. Em busca do sucesso, vene- zuelano recomeça do zero e empreende em São Vicente. Disponível em: https:// www.diariodolitoral.com.br/cotidiano/em-busca-do-sucesso-venezuelano-reco- meca-do-zero-e-empreende-em-sao/148359/. Acesso em: 29 jul. 2022. 61 DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 6. ed. São Paulo: Empreende/Atlas, 2016. EM. Empreendedorismo no Brasil cresce com a pandemia e o desemprego em alta. Estado de Minas, 5 out. 2021. Economia. Disponível em: https://www.em. com.br/app/noticia/economia/2021/10/05/internas_economia,1311468/empreen- dedorismo-no-brasil-cresce-com-a-pandemia-e-o-desemprego-em-alta.shtml. Acesso em: 29 jul. 2022. FAGERBERG, J. Innovation: a guide to the literature. Oxford: Oxford University Press, 2005. FONSECA, M. Infomoney, 9 fev. 2022. Unicórnios brasileiros: veja quais são as startups que podem virar bilionárias neste ano. Disponível em: https://www.info- money.com.br/do-zero-ao-topo/os-13-proximos-unicornios-brasileiros-veja-a- -lista-das-startups-que-virarao-bilionarias-neste-ano/. Acesso em: 30 jul. 2022. GRAACC. Grupo de apoio ao adolescente e à criança com câncer. Graacc, 2020. História. Disponível em: https://graacc.org.br/nossa-historia/. Acesso em: 30 jul. 2022. GRAEML, K. S.; VOLPI, J. H.; GRAEML, A. R. O impacto do uso (excessivo) da Inter- net no comportamento social das pessoas. Revista Psicologia Corporal, [s. l.], v. 5, 2004. GRANATO, L. Exame, 23 dez. 2021. Por dentro do novo escritório do Google e seu novo modelo híbrido; veja fotos. Disponível em: https://exame.com/carreira/novo- -escritorio-google-trabalho-hibrido/. Acesso em: 31 jul. 2022. HERVIEUX, C.; GEDAJLOVIC, E.; TURCOTTE, M-F. B. The legitimization of social en- trepreneurship. Journal of Enterprising Communities, [s. l.], v. 4, n. 1, p. 37–67, 2010. JUNG, C. F. Invenção e inovação. Material para fins didáticos. Faccat. Taquara, RS, 2011. Disponível em: https://tecnologia.qualidade.faccat.br/moodle/pluginfile. php/430/mod_resource/content/1/Módulo%20-%20Invenção%20e%20Inovação. pdf. Acesso em: 31 jul. 2022. LENCINI, C. A. dos S. A implantação de inovação social por organizações participantes da matriz do empreendedorismo social. 2013, 131 p. Disserta- ção (Mestrado em Administração) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo, RS, 2013. Disponível em: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/ UNISINOS/4249. Acesso em: 30 jul. 2022. 62 OAB SP. OAB SP, c2019. A lei da inovação (Lei nº 10.973, de 02.12.2004. Disponível em: https://www.oabsp.org.br/comissoes2010/gestoes2/2016-2018/direito-pro- priedade-imaterial/artigos/a-lei-da-inovacao-lei-no-10.973-de-02.12.2004. Aces- so em: 1 ago. 2022. OLIVEIRA, E. M. Empreendedorismo social no Brasil: atual configuração, perspec- tivas e desafios – notas introdutórias. Rev. FAE, Curitiba, v.7, n.2, p.9-18, jul./dez. 2004. Disponível em: https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/416. Aces- so em: 30 jul. 2022. PACETE, L. G. Forbes, 29 abr. 2022. O que é uma startup unicórnio? Disponível em: https://forbes.com.br/forbes-money/2022/04/o-que-e-uma-startup-uni- cornio/. Acesso em: 29 jul. 2022. PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS. Pequenas empresas grandes negócios, 23 dez.2020. 8 histórias de negócios que foram criadas por causa da pandemia em 2020.Disponível em: https://revistapegn.globo.com/Empreendedo- rismo/noticia/2020/12/8-historias-de-negocios-que-foram-criados-por-causa- -da-pandemia-em-2020.html. Acesso em: 29 jul. 2022. PHILLS JR., J. A; DEIGLMEIER, K.; MILLER, D. T. Stanford Social Innovation Re- view Brasil, Biblioteca Essencial, 2 fev. 2022. Redescobrindo a inovação social. Disponível em: https://ssir.com.br/colaboracao-2/redescobrindo-a-inovacao-so- cial. Acesso em: 6 set. 2022. PODER360. Poder 360, 24 mar. 2022. Brasil é o 7ª país com mais empreendedo- res, diz pesquisa. Disponível em: https://www.poder360.com.br/economia/bra- sil-e-o-7o-pais-com-mais-empreendedores-diz-pesquisa/. Acesso em: 06 ago. 2022. PORTO, G. Gestão da inovação e empreendedorismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. PROJETO MÃO AMIGA. Mão Amiga Caxias, [2022?].Como ajudar. Disponível em: https://www.maoamigacaxias.org.br. Acesso em: 30 jul. 2022. SAUSEN, F. P.. Tipologias de inovação: um estudo exploratório em organizações empreendedoras. Revista de Administração IMED, Passo Fundo, v. 8, n. 2, p. 183-202, jul./dez. 2018. SEBRAE. O que é uma startup? Sebrae, 13 jan. 2014. Disponível em: https://bit.ly/ 3WdpThb. Acesso em: 29 jul. 2022. 63 THE CLOTHING BANK.About us. The Clothing Bank, 2020. Disponível em: ht- tps://www.theclothingbank.org.za/the-facts/. Acesso em: 30 jul. 2022. YUNUS INVESTIMENTOS. Yunus Negocios Sociais, [2022?]. Muhammad Yu- nes. Disponível em: https://www.yunusnegociossociais.com/muhammad-yunus. Acesso em: 30 jul. 2022. WORLDREADER. Worldreader, 2022. Our work. Disponível em: https://www.worl- dreader.org/our-work/where-we-work/united-states/. Acesso em: 30 jul. 2022. 65 UNIDADE 2 AMBIENTES QUE FAVORECEM O EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender os setores da economia para empreender; • compreender como inovar dentro do nicho de mercado que o seu negó- cio atua; • compreender o poder do foco na sua marca e produto/serviço para ter sucesso no seu empreendimento; • identificar porque a inovação ajuda no sucesso de um empreendimento. PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SETORES DA ECONOMIA PARA EMPREENDER TÓPICO 2 – COMO INOVAR DENTRO DO NICHO DE MERCADO QUE ATUO TÓPICO 3 – O PODER DO FOCO E DA INOVAÇÃO 67 TÓPICO 1 SETORES DA ECONOMIA PARA EMPREENDER 1 INTRODUÇÃO Caro Aluno, estamos iniciando nossa segunda Unidade, onde abordaremos assuntos relacionados aos ambientes que favorecem o empreendedorismo e a inovação. Neste primeiro tópico, nossas seções estarão divididas em temas que integram os setores da economia para empreender. Portanto, precisamos conhecer os ambientes que favorecem o empreendedorismo, isso porque o mercado é dividido em diferentes segmentos econômicos, onde cada empreendedor pode apostar em um ramo de atividade profissional para trabalhar. Todavia, existem setores mais fortes por conta da constante procura por parte dos consumidores por determinados produtos e serviços. O campo das tecnologias tem crescido exponencialmente, visto os avanços tecnológicos, a internet e a inserção das pessoas no mundo digital. No entanto, a indústria alimentícia não fica de fora, isso porque prover bebidas e alimentos está na base da pirâmide de consumo para nós, seres humanos, sobrevivermos. 2 AMBIENTES QUE FAVORECEM O EMPREENDEDORISMO O campo das tecnologias digitais vem crescendo bastante, se você está fazendo esse curso no formato EaD, seria quase certeiro da minha parte dizer que você tem a sua disposição um smartphone e/ou computador para participar das aulas. Segundo dados do IBGE do ano de 2019, a internet chegava a oito em cada dez domicílios do país, e o celular é o equipamento mais usado para o acesso à Internet, além da posse de microcomputador por 40,6% dos domicílios brasileiros (IBGE, 2022). Confira a seguir, na Figura 1, os domicílios que utilizam internet por região do país. 68 Figura 1 – Internet em domicílios brasileiros separada por regiões FONTE: https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/20787-uso-de-interne- t-televisao-e-celular-no-brasil.html. Acesso em: 8 ago. 2022. Desse modo, podemos perceber que há ambientes que favorecem o em- preendedorismo, por exemplo, alguns setores da economia. Mas a empresa, como um todo, pode propiciar um ecossistema onde o foco seja o empreendedorismo contínuo. Muitos empreendedores começam o seu negócio e com o tempo deixam o empreendedorismo de lado, isso porque ter uma ideia, colocá-la em prática trans- formando-a em uma empresa/produto/serviço/processo não concede o título per- manente de que essa organização seja, de fato, uma companhia empreendedora. Empreender é um processo constante de ter novas ideias, estudá-las e implantá- -las no mercado para que a empresa se mantenha competitiva no nicho de merca- do em que atua. “Todo empresário deveria planejar ser o último empreendedor de seu mercado específico. Para isso, deve começar se perguntando: como será o mundo daqui a dez, vinte anos e como meu negócio se encaixará?” (THIEL, 2014, p. 198). IMPORTANTE 69 Assim, o ambiente interno é um dos cenários que podem favorecer ou não o empreendedorismo. Você já reparou que tem empresas que parecem engessar os seus funcionários? Contratam profissionais altamente capacitados e não permitem que eles exponham as suas opiniões. Por vezes, impõem que a palavra do gestor esteja sempre acima de todas, palavra esta que, muitas vezes, não tem todas as habilidades que uma equipe integrada por diferentes colaboradores, com habilida- des variadas, pode ter. Figura 2 – O sucesso de uma empresa está na sua equipe FONTE: Freepik 2022. Na Figura 2, podemos observar um grupo de pessoas trabalhando de modo cooperativo com o propósito de desenvolvimento da organização. Cada um está qualificado em uma área do conhecimento e, juntos, podem tornar a empresa mais forte. Dornelas (2007) diz que é preciso saber a hora de personalizar e de delegar, isso porque empreendedores que concentram demais as decisões em si mesmos e controlam todas as ações da empresa, podem acabar prejudicando a organização em dado momento. O autor ressalta, então, que é muito importante trazer colabo- radores e executivos que entendam de administração de negócios e que ajudarão na expansão do negócio. Dornelas termina informando que não é sempre que o criador da empresa será a melhor pessoa para fazer com que o negócio se desen- volva promissoramente. Existe uma analogia bem prática para entender o quanto o ambiente interno pode fortalecer o empreendedorismo e a pergunta é clara, a qual faremos a partir da ilustração de uma pequena história. 70 Por felicidade do destino, um determinado indivíduo foi afortunado com uma relevante quantia em dinheiro. Sem nenhum curso superior ou conhecimento técnico em alguma área específica, porém com um grande desejo no coração, ele optou por fazer um investimento em um empreendimento que beneficiaria a sua cidade. Esse indivíduo construiu um hospital e passou a ser o dono daquele estabelecimento. No entanto, por ser proprietário da empresa, isso lhe capacita a ser gestor administrativo ou até mesmo financeiro desse hospital? E vamos um pouco além, por ele ter investido o seu próprio dinheiro na abertura do centro hospitalar, isso lhe dá o direito de ser visto e atuar como médico? Bom, claramente você deve pensar que é óbvio que não. Muitos pensam assim, pois estamos falando de um empreendimento com tamanha importância, que é um hospital. Contudo, isso também se aplica a qualquer outro tipo de empreendimento. Ao nos capacitarmos em determinada área do saber, ganhamos – ou pelo menos deveríamos ganhar – subsídios suficientes para atuar conforme nossos conhecimentos, o que for além disso não passa de “achismos”, que podem gerar consequências desastrosas para um negócio. Então, para que o ambiente interno possa favorecer o empreendedorismo, a primeira coisa a ser feita é contratar profissionais que possam, de fato, colaborar com o desenvolvimento de uma empresa, permitindo a liberdade criativa desses colaboradores. “Aprenda tudo o que puder sobre o negócio e jamais se lance em uma empreitada sem nenhuma experiência profissional no ramo pretendido” (DORNELAS, 2007, p. 21). (THIEL, 2014, p. 198). IMPORTANTE Ainda na criação da empresa, é preciso estruturar a sua base de funcionamento, definindo claramente: • A missão da empresa: a missão de uma empresa é a sua “razão de ser” ou o motivo pelo qual ela existe (SCORSOLINI-COMIN, 2012). • A sua visão: enquanto a missão da empresa se refere ao que ela faz e a sua razão de existir, a visão se volta para o lugar onde a organização pretende chegar, ou podemos dizer também, as metas que a empresa tem (SCORSOLINI-COMIN, 2012). • E os valores da organização: já os valores da organização são os prin- cípios difundidos e organizados em ordem de importância dentro de uma empresa, pois referem-se as suas prioridades, estabelecem o que é central na organização e o que é periférico, o que édesejável e o que não é (FERREIRA, 2016). 71 Vejamos um exemplo meramente ilustrativo: Nome da empresa: Fit Food Loja de Produtos Saudáveis e Orgânicos Segmento de atuação: setor alimentício Missão da empresa: ser uma empresa reconhecida no mercado de alimentos saudáveis, como uma das mais inovadoras e empreendedoras. Visão da empresa: oferecer produtos de alta qualidade para os consumidores, sempre tendo disponível novidades lançadas na linha de atuação da empresa. Valores da empresa: honestidade; transparência; criatividade; inovação; espírito empreendedor. Na empresa Fit Food apresentada como exemplo, quando algum profissional for procurar por uma vaga de emprego na organização, ele poderá, a partir da missão, visão e valores da empresa, ter uma ideia de como ela deve trabalhar e o que deve esperar que lhe seja demandado ao exercer as suas funções. O mesmo ocorre com a empresa, que ao contratar colaboradores, deve observar o perfil de cada um, de modo que estes estejam de acordo com as expectativas da marca. No segundo tópico desta nossa unidade, em que falaremos sobre o poder do foco e da inovação, será explicada a importância do foco nos negócios para o crescimento e sucesso de um empreendimento. Logo, é importante que a empresa se conheça, isto é, tenha seus objetivos de trabalho claros e sabendo aonde quer chegar, para que, assim, consiga de fato obter bons resultados. ESTUDOS FUTUROS Ao empreender, o indivíduo foi ousado e decidiu assumir riscos na busca para obter os melhores resultados. Erros inevitavelmente ocorrerão e fazem parte desse processo, o importante é aprender com eles e saber tolerar possíveis fracassos, mas não perder de vista o seu foco. Para continuar nessa jornada empreendedora, é preciso estar sempre atento aos rumos do negócio, ajustando ações sempre que necessário, e isso demanda tempo e recursos para se dedicar ao empreendimento. A fim de que a empreitada seja um sucesso, a cultura organizacional fará grande diferença nessa estrada. A cultura organizacional é definida como “um sistema de valores compartilhado pelos membros de uma organização que a diferencia das demais” (ROBBINS; SOBRAL, 2012, p. 501). Se na cultura da empresa estiver enraizado o espírito empreendedor, o foco na inovação e a permissão do 72 pensamento criativo por parte de toda a equipe, as chances de prosperar poderão ser maiores. “Um bom espírito organizacional exige abertura plena à excelência individual. Toda atuação excepcional deve ser reconhecida, incentivada e recompensada, e tornada produtiva para todos os outros membros da organização. Logo, um bom espírito organizacional requer a concentração nos aspectos positivos do ser humano – naquilo que ele é capaz de fazer, e não nas suas inaptidões. Requer um aperfeiçoamento constante da competência e do desempenho de todo o grupo; o bom do desempenho passado deve se tornar o mínimo do presente, a excelência de ontem, o lugar-comum de hoje” (DRUCKER, 2003, p. 138). IMPORTANTE Voltando ao exemplo da Fit Food, quando os gestores da empresa definiram a missão, os valores e a visão do negócio, consequentemente, eles estavam projetando uma cultura organizacional e o que se espera é que ela seja fidedigna ao que foi proposto lá no começo da sua história, para que todos compreendam exatamente a forma que a organização se propõe a trabalhar, focando no objetivo do empreendimento. Vamos assistir ao vídeo do ex-técnico da seleção brasileira de vôlei, Bernardo Rezende, que deu uma palestra no Ted Talk com o tema “Estabelecendo a cultura da excelência”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?- v=j5e-56_Xo00>. DICA Podemos concluir que um bom empreendedor não é aquele que é ótimo em todos os setores de uma empresa, conhecendo sobre economia, contabilidade, marketing, vendas, publicidade, operacional etc., mas, sim, aquele que contrata bons profissionais para suprirem as demandas dessas áreas específicas. Assim, o ambiente interno de uma empresa é fortalecido e poderá favorecer o empreendedorismo. 73 3 SETORES DA ECONOMIA Falamos até aqui sobre o ambiente interno e como ele pode favorecer – ou não – o empreendedorismo. Mas e o ambiente externo? Como ele pode influenciar o crescimento, desenvolvimento e o constante foco no empreendedorismo de uma organização? Quando começamos a abordar o assunto “ambientes que fortalecem o empreendedorismo”, no subtópico anterior a este, o tema tecnologia entrou em pauta. E um dos motivos é o fortalecimento do setor de tecnologias, conforme vimos nos dados de acesso à internet e dispositivos móveis. Logo, o setor de tecnologias é um dos ambientes favoráveis ao empreendedorismo. Nele, podemos ter empreendedores que trabalham com: • a criação de aplicativos para Android e iOS; • elaboração de sistemas operacionais para smartphone e computadores; • especialista em Big data; • especialista em segurança cibernética e de redes; • desenvolvedor de jogos digitais; • especialistas em datacenter, virtualização e mobilidade; • dentre muitas outras possibilidades na área de TI – Tecnologia da Infor- mação. Além disso, temos outros setores também favoráveis ao empreendedoris- mo, que são: • Setor educacional – cursos, escolas, faculdade, universidades, centros profissionalizantes, aulas particulares etc. • Setor de infraestrutura – redes de telecomunicações, transportes, par- ques industriais, incubadoras etc. • Comércio – lojas físicas e on-line. • Serviços – prestação de diferentes tipos de serviços ao cliente como: salão de beleza e barbearia, conserto de computadores e celulares, pe- dreiro, eletricista, encanador, musicista, ator/atriz, cozinheiro etc. • Setor jurídico e de políticas públicas – advogados, secretários, juristas, promotores, prefeitos, vereadores, deputados, senadores, presidente. • Entre outros. 74 Ademais, alguns dos fatores que impactam nas possibilidades de empreen- der são a economia local e regional, isso porque conforme a atividade empreende- dora que será executada, o ambiente tem maior receptividade e espaço. O mesmo serve para a inovação. Por exemplo, se você quer abrir uma confecção de roupas, é interessante verificar a distância que os seus fornecedores estarão, para que você tenha acesso à matéria prima considerando o prazo de entrega e custo viáveis para a continuidade do seu negócio. Dessa maneira, será possível ofertar produtos condizentes com os desejos e as necessidades dos seus consumidores. Ou se você for ter uma loja on-line, efetuando a venda de roupas através do e-commerce, você precisará analisar os custos do frete e o tempo para fabricar as peças encomendadas pelos clientes e, por fim, informar o prazo para envio aos compradores. Vamos, então, tomar como exemplo a empresa apresentada na seção anterior, a Fit Food e o que aprendemos na Unidade 1, sobre pesquisa e planejamento. Por conta da Fit Food ser uma empresa voltada para a venda de produtos saudáveis e orgânicos, ela precisa identificar onde está o seu público-alvo, pois não adianta abrir uma loja física se os consumidores desse tipo de mercadoria, em geral, fazem suas compras pela internet, por exemplo. Dessa maneira, seria mais pertinente investir em um webstore para aumentar as chances da empreitada comercial dar certo. Portanto, para que um empreendimento funcione de maneira satisfatória, o mínimo que ele deve ter é informação, trabalho qualificado, tecnologia e investimento para alavancar o negócio. Faz-se necessário capital de giro, tanto para investir na matéria prima dos produtos e serviços que serão disponibilizados no mercado, como também para o investimento voltado para a divulgação da empresa e suas mercadorias. Aqui, também entram as estratégias de marketing que serão elencadas, as quais devem ir de encontro com o público-alvo, para que o retorno seja o mais assertivo possível. Na Figura 3, observamos o que um empreendimento precisa para fluir adequadamente. Figura 3 – Dados, informações,planejamento e estratégia FONTE: Freepik 2022. 75 O empreendedor precisa estar igualmente atento a dois fatores que influenciam o desenvolvimento e crescimento de um empreendimento: os fatores sociais e os fatores culturais. Diante disso, é preciso investigar a forma que o empreendimento será trabalhado, o público que será atendido, a necessidade de mão de obra para efetivar as ofertas de acordo com a ideia inicial do negócio, a criatividade, inovação e impacto socioambiental. Por exemplo, se você for abrir uma cervejaria, verifique público, insumos e todo aparato necessário para que a empresa funcione, se destaque e tenha sucesso. 4 EMPREENDIMENTOS Dornelas (2016) explica que um empreendedor deve prestar atenção nos pontos que podem ser positivos e negativos para um negócio. Quanto ao ambiente externo, ele diz que é necessário identificar as oportunidades e ameaças. Já no ambiente interno, Dornelas afirma que o foco deve estar nas forças e fraquezas da organização. Já que falamos até aqui sobre a Fit Food, vamos continuar utilizando-a como parâmetro. Digamos que a empresa identificou uma oportunidade de mercado, sendo esta o crescimento do número de pessoas interessadas no tipo de mercadoria que a marca comercializa, porém há uma ameaça nesse setor que é a constante entrada de novos concorrentes. O que ela deveria fazer diante disso, com uma boa e uma má notícia em mãos? Considerando isso, a Fit Food deve buscar um diferencial competitivo para se destacar em meio à concorrência. Como a missão da empresa é ser reconhecida pelas suas inovações e ações empreendedoras, logo ela precisa fazer jus a este compromisso. E se a sua visão é ter sempre disponível novidades para os clientes, este é mais um ponto que deve ser preservado ao traçar estratégias para conquistar o mercado. Por fim, lembrando os valores da organização, ela cita que criatividade, inovação e, mais uma vez, o espírito empreendedor devem estar presentes. Frente a isso, só há uma opção para a empresa: adotar todas as medidas que ela se propôs ao entrar no mercado, pois isso aumentará suas chances de sucesso, minimizando as ameaças da concorrência. Identificar oportunidades e ameaças, forças e fraquezas, faz parte do que chamamos de análise de SWOT (Figura 4). E ao fazer a análise de SWOT do seu negócio, o empreendedor saberá se posicionar melhor no mercado, sabendo como agir internamente no comando da sua organização. 76 Figura 4 – Análise de Swot: oportunidades e ameaças, forças e fraquezas FONTE: Freepik 2022. Ainda sobre as forças e fraquezas da Fit Food, ela pode constatar, por exemplo, que uma de suas forças são os colaboradores da organização, que são engajados com o projeto e têm um perfil compatível com o da marca. No entanto, uma fraqueza do negócio é a falta de treinamento desses funcionários. Ora, o empreendimento tem profissionais competentes na sua equipe, mas carece no quesito capacitação, este é um desperdício enorme, afinal não basta contratar um vendedor comunicativo, com desenvoltura e simpático com seus clientes se ele não receber o devido treinamento a respeito dos produtos e serviços que irá oferecer aos consumidores. Com o objetivo de nos aprofundarmos no estudo da análise de SWOT, indicamos a leitura do artigo: “Uma Visão Sobre a Análise da Matriz SWOT como Ferramenta para Elaboração da Estratégia”, disponível para acesso no link: https://revistajuridicas.pgsskroton.com.br/article/view/720. DICA Para consertar o problema interno da Fit Food e fortalecer o seu lado positivo, é preciso que os funcionários recebam treinamento antes mesmo de começarem a atender os clientes, seja qual for o segmento em que a organização atua. É muito comum, lembrando do caso do indivíduo que comprou um hospital, que muitas pessoas pensem que só cargos importantes são passíveis de estudo e treinamento, no entanto, se queremos valorização de todos os tipos de trabalho e em todos os níveis hierárquicos, precisamos começar dentro dos nossos próprios negócios. Se você está abrindo uma confeitaria, treine o pessoal que irá atender os clientes, não apenas no trato cordial para com eles, mas também capacitando-os sobre todos os produtos que são oferecidos e as formas que o comprador pode consumi-los. 77 Quantas vezes já chegamos em um restaurante e o garçom se desculpou por não ter as informações que queríamos? Isto porque, provavelmente, era o primeiro dia de trabalho dele. Contudo, isso seria aceitável se um médico cirurgião fosse fazer a sua primeira operação e por infelicidade o paciente viesse a óbito? O que ele diria para a família? “Desculpa, essa é a minha primeira cirurgia”? Obviamente não. E isso raramente acontece, porque nessa profissão é preciso muito estudo e preparo, e o mesmo também deve acontecer nas demais profissões. A Figura 5 mostra uma cliente com sorriso no rosto, o que demonstra que ela está sendo bem atendida pelo profissional daquele estabelecimento comercial que ela está. Qual será o resultado da experiência que essa cliente teve durante o tempo que esteve no restaurante? Figura 5 – Cliente sendo bem atendido FONTE: Freepik 2022. O resultado da experiência que um consumidor pode ter em um estabelecimento comercial ao ser bem atendido por todos que compõem a equipe de trabalho, certamente deve ser o mais satisfatório possível. E quem ganha com isso? Todos. O cliente, que sai satisfeito do lugar e provavelmente irá retornar, além de indicá-lo para amigos. E também a própria empresa, que não fatura apenas no lucro, mas também no prestígio que tem no mercado. 78 Neste tópico, você aprendeu: • Conhecimento a respeito dos ambientes que favorecem o empreendedorismo, reconhecendo que estes ambientes podem ser tanto internos quanto externos. • Quanto ao ambiente interno, é preciso construir uma organização com espírito empreendedor, desde a concepção da sua missão, visão e valores, até a contratação de colaboradores que tenham o perfil semelhante ao da empresa. • Já a respeito do ambiente externo, verificou-se os setores econômicos possíveis para empreender, como também alguns aspectos que podem influenciar no empreendimento, que são a economia local e regional, fatores sociais e culturais. • Por fim, englobando tudo isso, verificamos que oportunidades e ameaças, bem como, forças e fraquezas podem gerar impacto nos empreendimentos, e é preciso estar atento a elas a fim de minimizar os pontos negativos e favorecer os positivos. RESUMO DO TÓPICO 1 79 1. Quando um empreendedor decide transformar a sua ideia em negócio, ele precisa compreender que existem ambientes que favorecem o empreendedorismo, e quando falamos do ambiente interno da organização, este é um dos fatores que o empreendedor precisa prestar atenção. Sobre o ambiente interno de um empreendimento, assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) Deve contar com uma equipe de colaboradores engajados com as propostas da empresa. b. ( ) Precisa ter colaboradores com perfis diferentes e divergentes com o da organização para assim incentivar mudanças. c. ( ) Faz-se necessário que a cultura organizacional se ajuste às demandas e especificidades de cada funcionário para que o clima na empresa seja bom. d. ( ) É importante dar atenção para o ambiente interno, pois é ali que está a produção da empresa, mas mais importante do que isso, e acima disso, é o com cuidado o ambiente externo. 2. Dentro dos ambientes que favorecem o empreendedorismo, temos os setores econômicos, que são diversos. Existe o setor jurídico e de políticas públicas, o de comércio e serviços, entre outros. Entretanto, o setor de tecnologia está em evidência nos últimos tempos. Com base nessa afirmação, analise as sentenças a seguir: I. Ele está em foco por conta dos avanços tecnológicos e da internet. II. Ficou em evidência, pois a perspectiva é que no período de 10 anos haja uma desaceleração nesse setor, então muitas empresas estão buscando lucrar ao máximoenquanto ainda há tempo. III. Muitas são as possibilidades de trabalho no setor tecnológico, como: desenvolvedor de aplicativos e software, especialista em datacenter etc. Assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) As sentenças I e II estão corretas. b. ( ) Somente a sentença II está correta. c. ( ) As sentenças I e III estão corretas. d. ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 80 3. Ao começar uma empresa é preciso que alguns pilares estejam bem definidos e que a partir deles a organização como um todo tenha o norte que deverá ser seguido. De acordo com a missão, a visão e os valores de uma organização, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A missão da empresa diz respeito ao porquê daquele negócio existir. ( ) A visão da empresa refere-se ao motivo da existência daquela organização. ( ) Os valores da empresa estão atrelados aos pontos importantes que ela não abre mão de fazerem parte da organização. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. ( ) V – F – F. b. ( ) V – F – V. c. ( ) F – V – F. d. ( ) F – F – V. 4. A Análise de SWOT é uma ferramenta que ajuda o empreendedor a melhorar seu posicionamento no mercado, tanto entendendo o ambiente interno como o externo. Disserte sobre o ambiente externo que uma empresa deve avaliar a partir da análise de SWOT, e como agir a partir das informações encontradas: 5. Ainda falando sobre a Análise de SWOT, o empreendedor pode valer-se também da avaliação do ambiente interno para fortalecer o seu negócio. Nesse contexto, disserte sobre os aspectos que compõem o ambiente interno da Análise de SWOT, e como o empreendedor deve agir de acordo com as informações encontradas: 81 COMO INOVAR DENTRO DO NICHO DE MERCADO QUE ATUO TÓPICO 2 1 INTRODUÇÃO Vimos até aqui, no decorrer do nosso material de estudo, que empreender é um processo contínuo, que vai além da mera abertura de uma empresa. Empreender depende de processos constantes para fazer com que a organização permaneça ativa no mercado e de forma atraente para os consumidores. Mas como é possível fazer com que um empreendimento se mantenha assim? Uma das ações que constituem o empreendedorismo é a inovação. Inovar é a chave para o sucesso de muitos negócios que estão recém abrindo as suas portas, assim como para aquelas empresas que já têm anos de mercado. Para tanto, precisamos avaliar quais são os tipos de ambientes que favorecem a inovação, qual a importância do incentivo à inovação e, claro, como criar um ambiente inovador. É esta proposta de estudo do segundo tópico desta Unidade. 2 AMBIENTES QUE FAVORECEM A INOVAÇÃO Se um bom empreendimento tem doses de inovação, como seria um ambiente que favorece esta ação? Steve Johnson foi responsável por fazer uma longa investigação sobre o que ele define como a origem das “boas ideias”, e nesse percurso foram estudados os espaços que fizeram história ao gerar níveis significativos de criatividade e inovação (OLIVEIRA, 2013). A autora ainda destaca que foram descobertos em todos esses espaços a existência de padrões recorrentes que são cruciais para criar meios consideravelmente inovadores. 82 Um desses padrões foi denominado de “palpites lentos”, isso porque as ideias ditas como revolucionárias, em suma, não surgem de uma hora para outra, logo, as ideias mais importantes acabam levando mais tempo para evoluir e passam um tempo mais longo adormecidas, e quando amadurecem, elas se tornam úteis. Oliveira explica que isso ocorre porque as boas ideias, em geral, emergem do encontro de palpites menores, dando uma proporção do que o produto, a marca ou o serviço poderia se tornar para o mercado. É como o processo de amadurecimento de uma fruta, no princípio a semente é plantada (ideia), ela vai crescendo, fortalecendo-se (ideia vai tomando formato), algumas novas possibilidades surgem (flor) e, por fim, o fruto se estabelece, isto é, a ideia ganha vida, forma e é posta em prática – o produto/serviço nasce e é inserido no mercado. Tal analogia podemos ver na Figura 6. Figura 6 – Analogia sobre o nascimento de uma ideia até constituir-se um produto/negócio FONTE: Freepik 2022. Ainda conforme Oliveira (2013, p. 16), é preciso de mudança de paradigmas para que as oportunidades para a inovação possam surgir, isso porque, principalmente no que diz respeito à inovação radical, cada vez mais deixa de ser uma possibilidade e passa a se tornar um discurso obrigatório. Não se pode pensar mais em inovar essencialmente de forma incremental. A tecnologia cresce exponencialmente e a população hoje é sete vezes maior que a do século XVIII, tornando obsoleta a mentalidade da inovação puramente incremental. Outra oportunidade de inovação proposta pelo autor é a identificação de lacunas, visto isso, Oliveira (2013, p. 19) diz que “por mais criativa e interessante que seja uma proposta inovadora, se o mercado não estiver disposto a pagar por ela, ou se ela não for conveniente para seus consumidores de alguma forma, ela tenderá a fracassar”. Dessa forma, as organizações precisam compreender a verdadeira proposta do produto elaborado, considerando o que ele se propõe a fazer, satisfazendo os desejos e as necessidades dos consumidores, sem deixar de ser atraente e viável para o público-alvo. Portanto, 83 a inovação deve oferecer a seu consumidor a possibilidade de fazer algo que antes ele era incapaz de realizar, seja pela falta de recursos ou pela complexidade do produto. Assim, a melhor maneira de se pensar na inovação é identificar as lacunas deixadas por produtos e serviços, até então, oferecidos ao mercado, em termos de suas funções (OLIVEIRA, 2013, p. 19). A terceira percepção que deve ser considerada é a preparação da organização e superação de desafios. Diante disso, Oliveira informa que, atualmente, os consumidores estão reavaliando seus conceitos sobre custo e valor, para tanto, produtos e serviços com novas características e menor complexidade, a baixo custo, tendem a corresponder a esses anseios do mercado consumidor. No vídeo do Ted Talk intitulado “O Poder da Inovação”, de Marcus Linhares, podemos conhecer mais sobre a evolução do pensamento empreendedor, da concepção de inovação por pendências ou tendências, e as relações entre inovação, tecnologia e empreendedorismo. Disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=BsDifn_0AmE>. DICA Vamos ver, a seguir, um case sobre inovação, e como ela pode ser posta em prática. 2.1 CASE: GREEN MOUNTAIN – TORRADEIRAS DE CAFÉ A Green Mountain representa um excelente exemplo de organização que conseguiu se antecipar e provocar uma ruptura em seu mercado, como proposto no primeiro passo. De acordo com suas pesquisas, evidenciou-se que os consumidores buscam alternativas de baixo custo, mas que ainda assim ofereçam um café de qualidade, que possa ser preparado em casa de forma rápida e sem muitos inconvenientes. Em 1981, a Green Mountain era apenas uma pequena torrefadora de café que, após décadas de experiência no mercado, percebeu um nicho representado pelos consumidores que estariam dispostos a comprar café premium em supermercados, restaurantes e outros pontos. Esses consumidores mostravam-se interessados em um café de qualidade superior, mas com a possibilidade de preparo simples e pessoal. Percebeu-se que para entregar um produto factível e de fácil utilização ao consumidor, ela precisaria oferecer um método não convencional de se preparar o café, o que se tornou possível, em 2006, com a aquisição das tecnologias K-cup e sistema Keurig, com a utilização de 84 cápsulas de café já moídos. É interessante notar que a Green Mountain também se viu obrigada a inovar no modelo de negócio, não se utilizando dos canais varejistas tradicionais. Sua entrada se deu por meio das empresas. A percepção existente era a de que o consumidor, ao utilizar e ver a máquina de café funcionando dentro do escritório,se sentiria à vontade para investir os, então, 150 dólares para comprar o produto. Enquanto muitos de seus concorrentes enfrentavam dificuldades nesse setor, a Green Mountain Coffee chegou ao segundo lugar no ranking da revista Fortune, na lista das 100 organizações globais com o crescimento mais rápido (OLIVEIRA, 2013, p. 21). Podemos perceber, a partir desse exemplo, que a empresa soube identificar as necessidades dos consumidores, bem como avaliar as tendências. Frente a isso, a organização precisou se preparar para inovar no nicho de mercado em que atua, isso significa estar preparada para sustentar a inovação de ruptura que será proposta, ou seja, aquela inovação que irá se diferenciar de tudo que já existe no mercado, apresentando uma nova forma que os consumidores terão para saciar suas vontades. Oliveira (2013) ainda sugere que no campo das oportunidades para inovação é preciso desenvolver e gerenciar uma carteira de inovações, levando em consideração os seguintes aspectos: mercado alvo, grau de novidade do produto, modelo de negócio, e o propósito estratégico da inovação. Organizações devem, constantemente, avaliar as possibilidades de inovar, e para isso é preciso observar de perto o mercado, além de estabelecer um ambiente organizacional favorável a rupturas nas mercadorias até então produzidas, ou seja, ter profissionais atentos ao atual momento que a sociedade passa e aptos a propor implementações a serem feitas nas ofertas da marca. Assista aos vídeos de casos de sucessos de empresários que usaram a inovação para se destacar no mercado e superar obstáculos. Disponível para acesso através do link: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ sebraeaz/inspirar-e-prosperar,fa3003c4d8378510VgnVCM1000004c00210 aRCRD>. DICA Gundling (1999) corrobora dizendo que a cultura organizacional precisa ter algumas características, de modo que haja um ambiente propício para a inovação. Dentre essas características estão: a liberdade, a antecipação de fatos, a persistência, o aprendizado a partir das falhas e, claro, se divertir no trabalho, pois se este for prazeroso, consequentemente, gerará resultados melhores. Na Figura 7, vemos a analogia de um ambiente de trabalho que incentiva a inovação a partir da criatividade e interação entre a equipe. 85 Figura 7 – Ambiente de trabalho FONTE: Freepik 2022. Desse modo, tanto fatores internos como externos podem influenciar positiva ou negativamente o ato de inovar. Para Barbieri (2004), alguns dos fatores externos são: a estrutura de mercado, o ambiente nacional e internacional, as normas sociais e culturais de uma sociedade. Já os fatores internos são: modelo de gestão, motivação, satisfação no trabalho, estímulo à criatividade, redução de conflitos entre gerências, liderança, comunicação interna, gestão de projetos de inovação, empreendedores internos, sistemas de recompensas e clima inovador. 3 A IMPORTÂNCIA DO INCENTIVO À INOVAÇÃO Vamos começar este subtópico analisando as empresas mais inovadoras no mundo que são listadas pela Fast Company, que elabora esse ranking anualmente. Assim, é possível perceber quais organizações causam maior impacto nos mercados em que atuam, gerando, igualmente, impacto na economia e na cultura, uma vez que empresas inovadoras têm a capacidade de movimentar ambientes socioeconômicos. Vejamos, a seguir, o ranking das Top 10 empresas mais inovadoras do mundo de 2022 (e por que elas foram escolhidas): 1. Stripe: por impulsionar a remoção de CO2 da atmosfera. 2. Solugem: por desenvolver um processo de produção de substâncias químicas a partir da cana-de-açúcar. 3. Twelve: por virar o jogo na indústria petroquímica. 4. BlocPower: pela geração de energia elétrica nas próprias residências. 5. ClimateTrace: por rastrear e reunir dados sobre níveis de emissão de carbono dos países. 6. Watershed: por colocar em empresas em “dieta de carbono”. 86 7. Doconomy: por calcular o custo de nosso estilo de vida. 8. Microsoft: por humanizar a produtividade. 9. SpaceX: por construir um foguete que só voa. 10. Canva: por trazer à tona o designer que há dentro de cada um. (FAST COMPANY, 2022, s. p.). Porter (1990) diz que quando uma empresa é singular em alguma de suas ações no mercado, ela é capaz de se diferenciar da concorrência e isso resultará em um desempenho superior. E, de maneira mais ousada ainda, Slywotzky e Morrison (2002) acreditam que para uma empresa permanecer lucrativa, a única maneira é através do constante processo de inovação. Então, se a inovação é a chave para o sucesso de uma empresa, se diferenciando no nicho de mercado em que atua e permanecendo competitiva frente às demais organizações, o incentivo a essa prática deve ser não apenas constante, mas primordial. A empresa multinacional americana de tecnologia diversificada, 3M, tem uma definição simples e direta sobre a inovação, que é: novas ideias + ações que produzem resultados (GUNDLING, 1999). INTERESSANTE Ademais, a competitividade não vem apenas da concorrência direta, isto é, por parte de empresas semelhantes entre si, mas também de forma indireta. Por exemplo, uma loja física de roupas compete diretamente com outras lojas da sua cidade, além do e-commerce; e compete indiretamente com outros estabelecimentos que não têm como foco principal a venda de roupas, mas estas também são comercializadas, como por exemplo, as grandes redes de supermercado que além de venderem bebidas e alimentos, vendem eletrodomésticos, artigos esportivos, roupas, entre outros itens, conforme podemos observar na Figura 8, que apresenta seções de uma loja de departamento. 87 Figura 8 – Loja de departamento: venda de diferentes tipos de produtos FONTE: Freepik 2022. E se a competitividade é acirrada e a inovação é pautada como um importante aspecto no quesito diferenciação entre as empresas, torna-se pertinente o incentivo do Estado para com as organizações no que tange às áreas de ciência, tecnologia, inovação e sociedade. “Uma política de inovação parte da premissa de que o conhecimento tem, em todas as formas, um papel crucial no progresso econômico, e que a inovação é um fenômeno complexo e sistêmico” (SALERNO; KUBOTA, 2008, p. 17). Os autores explicam que é complexo porque, além da boa ciência, é preciso ter uma boa base produtiva, isto é, empresas capacitadas para pôr em prática os princípios científicos descobertos – transformar a ideia em produto. Assim, precisamos da ciência que fará as descobertas, mas tão importante quanto isso, é a produção, o acesso à tecnologia para desenvolvimento das propostas para, assim, concretizar a inovação. Para Salerno e Kubota, o Brasil, ao longo das últimas três décadas, tem contado com um sistema mais robusto de inovação, e a Lei de Incentivo Fiscal à Pesquisa e Desenvolvimento de 2005 implicou em mudanças, tendo em vista a disponibilização de um conjunto de instrumentos de apoio à inovação nas empresas. A Lei de Incentivo Fiscal, criada pelo poder público, é uma espécie de renúncia do governo ao recebimento de recursos por meio de impostos, para que incentivos sejam gerados pelas empresas, estimulando o investimento, o crescimento e a geração de empregos, de forma que haja a promoção do desenvolvimento social e econômico (ASID, 2019). Já a Lei nº 11.196/05, conhecida como Lei do Bem, foi criada para conceder incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realizarem pesquisa e desenvolvimento de 88 inovação tecnológica (FI GROUP, [2022?]). Essa Lei foi instituída porque sabe-se que o crescimento dos países passa pelo investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Vamos, então, conhecer os pré-requisitos da Lei do Bem: • empresas em regime no Lucro Real; • empresas com Lucro Fiscal; • empresas com regularidade fiscal (emissão da CND ou CPD-EN); • empresas que invistam em Pesquisa e Desenvolvimento. Então, além, é claro, do incentivo interno por parte da empresa para que todos os envolvidos com a organização busquema inovação, é preciso, também, identificar o incentivo público que um município, um Estado e um país, como um todo, pode oferecer às empresas. 4 COMO CRIAR UM AMBIENTE INOVADOR Você já parou para pensar como um empreendedor pode inovar no segmento em que atua? Pesquisar o nicho de mercado é o primeiro passo. E o que compreende o nicho de mercado? Além, é claro, do ramo de atividade econômica que é trabalhado, dentro de cada setor temos um tipo de público-alvo específico, assim como fornecedores e concorrência específicos. Na Figura 9, vemos a análise do nicho de mercado, onde cada empreendedor, ao segmentar o seu ramo de atuação, avalia as ações e influências dentro desse espaço. Figura 9 – Análise nicho de mercado FONTE: Freepik 2022. 89 O público-alvo é caracterizado pelos consumidores com maior interesse pelos produtos e serviços que uma empresa oferece. Por isso, é sempre importante que as organizações estejam próximas a eles, identificando tendências e oportunidades. Hoje em dia com as mídias sociais não existem desculpas para não estar próximo do seu cliente. Além de divulgar sua marca e mercadorias através das redes on-line, é necessário também ouvir o feedback dos usuários e interagir com eles. As empresas que fazem isso, já estão a um passo à frente das suas concorrentes. O mundo digital tem crescido, e mesmo que sua empresa seja majoritariamente física, é importante se fazer presente na internet, através do site da sua companhia, ter um perfil nas mídias sociais, e um canal direto e eficiente para troca de mensagens com os consumidores, como o Telegram ou o WhatsApp, por exemplo. Na sequência, temos os fornecedores: quanto melhor for o seu fornecedor, melhor será o produto e serviço que você disponibilizará para o mercado, e isso diz respeito ao preço, qualidade da matéria-prima e prazo de entrega. Por exemplo, se você é dono de um restaurante, os sabores e preços dos pratos elaborados para o cardápio dependerão, dentre alguns fatores, dos fornecedores que você escolher. Para isso, é importante que haja um padrão nos tipos de alimentos utilizados para elaboração dos pratos. Se os clientes conseguirem em diferentes épocas do ano visitar o seu restaurante e puderem saborear os pratos sem grandes variações, este, certamente, será um ponto positivo para a sua organização. E o que falar em relação ao atendimento? O bom atendimento ao cliente é essencial e indiscutível. Na era do digital, em que processos automatizados com interação através de máquinas vem crescendo cada vez mais, as empresas que priorizam o contato pessoal com o seu público podem ser beneficiadas desde que esse atendimento seja eficiente, cordial e atencioso, correspondendo às demandas dos compradores. E caso o atendimento seja por meio de sistemas operacionais, é preciso escolher uma plataforma que funcione adequadamente de modo que o software entenda a solicitação do usuário e possa ajudá-lo. Na Figura 10, vemos o atendimento ao cliente sendo realizado através de um chatbot. 90 Figura 10 – Atendimento ao cliente – Chatbot FONTE: Freepik 2022. O chatbot é considerado um software inteligente que simula os atos de conversação como se fossem seres humanos, sendo este o resultado das próprias pesquisas e avanços da Inteligência Artificial (LUCCHESI et al., 2018). E, por vezes, se a sua empresa for muito grande, é interessante investir em tecnologias digitais, como os chatbots, para que todos os seus clientes possam ser atendidos com facilidade, rapidez e agilidade. Mais um ponto positivo para as empresas que adotarem essas práticas. Convidamos você para assistir ao vídeo Chatbot (atendimento automatizado), do Sebrae Minas, que conta um pouco mais sobre essa tecnologia. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ugack8yYSeA>. DICA E, por fim, no nicho de mercado que uma empresa atua, temos a concorrência, esta que deve também ser acompanhada pela organização, assim como os clientes. Mas porquê devemos investigar as ações da concorrência? Porque caso ela esteja propondo algo diferente daquilo que a sua empresa já faz para os consumidores, é bom que a sua organização junte toda a sua equipe, exponha a proposta da concorrência e, em cima disso, tenham ideias do que pode ser feito para superar esse possível obstáculo nos lucros da companhia. 91 Copiar o que a concorrência faz não é a solução, o ideal a ser feito é oferecer a mesma coisa de uma forma diferente ou com benefícios a mais. Por exemplo, no caso do restaurante, se a sua concorrência oferece desconto durante os dias de semana, que tal o seu estabelecimento fazer uma promoção em que cada dia da semana, um determinado prato do menu terá um desconto especial. Você também estará ofertando a redução no preço do produto vendido, porém com um diferencial. A exemplo disso, temos a loja de sanduíches Subway, que a cada dia da semana tem o sanduíche do dia como sugestão e preço padrão. Dessa maneira, os seus consumidores já podem se organizar, tanto com relação ao preço que precisarão desembolsar para degustar o lanche, como também para o dia em que o sabor da sua preferência estará com desconto. Figura 11 – Sanduiche – todos os dias uma promoção FONTE: Freepik 2022. Para criar um ambiente inovador, é preciso: • conhecer o seu nicho de mercado; • aprimorar processos; • incentivar a criatividade da equipe; • aprender com os erros e corrigir falhas; • ser receptivo a críticas e sugestões; • desenvolver competências; • identificar políticas públicas de incentivo à inovação. 92 E, os conceitos básicos, segundo Van de Ven, Angle e Poole (2000, p. 12-18 apud MACHADO, 2007, p. 9-10), que promovem a inovação dentro de um ambiente organizacional são: a. Ideias – a criação da nova ideia é a invenção, o seu desenvolvimento e implementação resulta na inovação. A nova idéia pode ser a recombinação de velhas idéias, um esquema que desafia a ordem atual ou uma fórmula ou uma abordagem que é percebida como nova por aqueles envolvidos com a inovação – embora muitas vezes possa ser percebida como uma imitação por outros que não estão envolvidos com a ideia. Incluem as inovações técnicas (novas tecnologias, produtos e serviços) e administrativas (novos procedimentos, políticas, formas organizacionais). b. Resultados – ocorrem em um momento específico, após o desenvolvimento e implementação da nova ideia. Uma nova ideia pode tornar-se uma inovação, como também pode resultar em um erro. E, para isso, é preciso criar uma metodologia para identificar periodicamente, ao longo do desenvolvimento das novas ideias, indícios de que se efetivará como uma inovação. c. Pessoas – representam o aspecto central do processo de inovação. Muitas inovações são complexas para uma única pessoa colocar em prática, dessa forma, grupos de pessoas precisam ser recrutados, organizados e dirigidos. A associação de pessoas em grupos resulta na interação de diferentes habilidades, níveis de energia e percepções que favorecem as inovações. As pessoas também são influenciadas pela forma como a organização foca ou protege práticas existentes, ao invés de estimular novos caminhos, encorajando as pessoas a contribuir com novas ideias. d. Transações – relações inerentes ao gerenciamento de inovações que envolvem: 1) o relacionamento entre colegas, entre chefes e entre estes e seus subordinados; 2) o comprometimento para obter e alocar recursos; 3) o envolvimento entre diferentes unidades ou organizações para obter recursos para desenvolver as inovações ao longo do tempo. e. Contexto – é o cenário ou ambiente institucional onde as ideias de inovação são desenvolvidas e transacionadas entre as pessoas. O processo de inovação deve abranger uma concepção macro, referindo-se à infra-estrutura organizacional necessária para implementar e comercializar uma inovação. 93 Desse modo, a Figura 12 nos mostra que a inovaçãodepende, então, de pessoas, de processo, de recursos e de comprometimento. Figura 12 – Ideias FONTE: Freepik 2022. “A melhor maneira de se pensar na inovação é identificar as lacunas deixadas por produtos e serviços até então oferecidos ao mercado, em termos de suas funções” (OLIVEIRA, 2013, p. 19), e, em cima disso, remodelar bens e serviços para oferecer aos seus consumidores a possibilidade de fazerem algo que antes eles eram incapazes de realizar com os recursos que tinham no mercado. E talvez, ao fazer isso, muita coisa mude na sua empresa, desde os colaboradores que auxiliarão nesse processo, até mesmo a demanda de maquinário, tecnologia e demais investimentos. 94 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu: • Para inovar dentro do nicho de mercado que uma determinada empresa atua, é primordial que ela conheça o seu segmento e tudo que pode influenciar as de- cisões que serão tomadas. • Assim, faz-se necessário analisar os ambientes que favorecem a inovação, es- tes que podem ser tanto internos como externos. Quanto ao que se refere aos aspectos externos temos toda uma estrutura de mercado. Já aos internos, é preciso ter atenção à composição da empresa. • Isso porque, para inovar, também é preciso de incentivo à prática, esta que pode vir tanto do poder público como também de dentro da própria organização. • Logo, avaliando os fatores internos e externos, é possível criar um ambiente fa- vorável à inovação e que beneficie a empresa e o mercado como um todo, com boas ofertas de produtos e serviços para os consumidores. RESUMO DO TÓPICO 1 95 1. Há um percurso para que boas ideias surjam, desde a sua concepção até o desenrolar de novas possibilidades que vão surgindo e, por fim, a sua idealização, de fato. Desse modo, há padrões que criam meios inovadores. Sobre esses padrões de inovação, assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) Há dois padrões de criação de ideias: horizontal (ideias que vão sendo construídas quando mais informações surgem); ver- tical (ideias que já surgem praticamente prontas, só precisam de pequenos ajustes para serem colocadas em ação). b. ( ) Um dos padrões cruciais para criar meios inovadores são os “palpites lentos”, ou seja, as ideias não surgem de uma hora para outra, elas levam mais tempo para evoluir e passam um período adormecidas. c. ( ) Os padrões de inovação são conhecidos conforme os períodos da história, como por exemplo, antes da tecnologia as ideias eram mais lentas, já na era digital, tudo é mais rápido. d. ( ) O padrão de inovação considerado mais usual entre as em- presas é a “inovação por partes”, isso significa adotar estratégias, e colocá-las em prática de tempos em tempos para avaliar a re- cepção dos consumidores diante de novas ideias. 2. Para que os empreendedores se sintam motivados a inovar, bem como as empresas adotarem práticas inovadoras para o desenvolvimento das suas organizações, é importante que incentivos sejam gerados. Com base nas ações do poder público quanto ao incentivo à inovação, analise as sentenças a seguir: I. O Estado pode participar, divulgando para a população o nome das empresas que mais inovam na sua região. II. O governo pode contribuir através de incentivos fiscais, como a Lei do Bem. III. Algumas ações dos governos em relação ao incentivo à inovação estão atreladas à cobrança de mais impostos, a fim de aumentar o arrecadamento do Estado para que ele possa aumentar a distribuição de recursos para a população. Assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) As sentenças I e II estão corretas. b. ( ) Somente a sentença II está correta. AUTOATIVIDADE 96 c. ( ) As sentenças I e III estão corretas. d. ( ) Somente a sentença III está correta. 3. Conhecer o setor de mercado que a empresa atua é um fator importante quando ela parte na empreitada em busca da inovação, pois somente as- sim ela saberá como se diferenciar e em que pontos produtos/serviços/ processos carecem de uma remodelagem. De acordo com a concorrência que a empresa encontrará no setor que ela atua, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Existe tanto a concorrência direta como também a concorrência indireta, e ambas irão influenciar as atividades da empresa. ( ) A concorrência é um fator que influencia o nicho de mercado que uma determinada empresa atua, no entanto não devemos dar atenção a ela para não comprometer a saúde da empresa. ( ) Competitividade é um tema complexo para as empresas, pois em geral só há concorrência quando uma empresa lança um produto/serviço diferente no mercado, o que impulsiona a busca por novidades por parte das demais organizações. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. ( ) V – F – F. b. ( ) V – F – V. c. ( ) F – V – F. d. ( ) F – F – V. 4. Para que um empreendimento possa adotar ações inovadoras nos seus processos, a fim de que produtos e serviços sejam oferecidos ao mercado com um diferencial competitivo, é preciso ter atenção às ideias dos colaboradores e como elas vão se desenvolvendo. Diante disso, disserte sobre o processo de nascimento e amadurecimento de uma ideia. 5. Criar um ambiente inovador dentro de uma organização demanda a adoção de algumas práticas e atenção a alguns aspectos para que assim esse ecossistema seja de fato promissor, gerando bons resultados. Considerando isso, disserte sobre os conceitos básicos que promovem a inovação dentro de um ambiente organizacional: 97 O PODER DO FOCO E DA INOVAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 3 abordaremos o poder do foco e da inovação, isso porque, às vezes, os empreendedores querem abraçar o mundo, atender todos os públicos, ter um grande sortimento de mercadoria e, como consequência, pecam nos pontos mais importantes que são o foco e a inovação. Se uma empresa não tem foco, ela não saberá o melhor caminho a seguir e como agir dentro do mercado, e isso aumenta os riscos de falência do empreendimento. E sem foco também não é possível inovar, pois para onde as ideias se voltarão se não há um norte para o empreendimento? Assim, nas três seções a seguir veremos os seguintes temas: foco nos negócios para o crescimento; a inovação como fator para diferenciação e competitividade de um negócio; e, por fim, encerraremos abordando a criação de um negócio inovador. No decorrer da abordagem desses assuntos, veremos práticas que as empresas precisam adotar para ter sucesso. 2 FOCO NOS NEGÓCIOS PARA O CRESCIMENTO Assim como um jogo de dardos, representado na Figura 13, se o empreendedor não tiver foco no seu negócio para que este cresça, tudo poderá acontecer, menos o alcance dos seus objetivos. Figura 13 – Jogo de dardos: foco no objetivo FONTE: Freepik 2022. TÓPICO 3 98 Dornelas (2016) explica que as vantagens competitivas irão acarretar em diferenciais para a empresa, fazendo com que os consumidores se beneficiem. Contudo, como se diferenciar se o empreendedor não tiver foco no tipo de negócio que quer desenvolver e nos produtos e serviços que quer ofertar? Você, certamente, já foi em algum restaurante e, ao abrir o cardápio, os tipos de pratos servidos eram os mais diversos possíveis em um mesmo estabelecimento. Pizza, hambúrguer, arroz, feijão, churrasco e sushi. E o pior de tudo: sempre está faltando algum ingrediente e, por isso, determinadas opções do menu nunca estão disponíveis. Você quer sushi? Ah, mas está faltando peixe! Você quer pizza de calabresa? Ah, mas não tem calabresa! E que tal um churrasco de picanha? Bom, só tem costela. Pois é, caro aluno, às vezes o empreendedor quer inovar demais, quer oferecer muita coisa para o seu cliente, a fim de atender todos os seus desejos e necessidades, mas no fim não consegue suprir o básico: ter um cardápio com produtos de qualidade e sem faltar alguma opção. Nada mais chato e inconveniente do que abrir a carta de uma lanchonete, ver que tem pastel de queijo, a boca começar a salivar e o garçominformar: estamos sem queijo. Nesse exato momento, um balde de água fria é jogado no consumidor que, imediatamente, se decepciona com o lugar. E se isso acontecer repetidas vezes, é certo que a imagem do local ficará comprometida entre os clientes. ATENÇÃO Se você quer conquistar o seu cliente, nada melhor do que atendê-lo bem. E para oferecer um serviço de qualidade, tenha foco no seu negócio. Questione-se: o que eu quero, de fato, vender para o meu consumidor? Eu tenho capacidade de suprir essa demanda com excelência? Vou dar conta de assumir todos os compromissos comprometidos com meu público-alvo? O índice de mortalidade de micro e pequenas empresas brasileiras, infelizmente, é algo relevante, mas nos Estados Unidos, referência em empreendedorismo, a mortalidade das chamadas startups também é alta (DORNELAS, 2016). Dornelas informa que apenas 2% dos casos de fracasso das startups americanas têm causas desconhecidas, no entanto, 98% se resumem em falha ou falta de planejamento adequado do negócio, como podemos ver no Quadro 1. 99 Quadro 1 – Causas de fracasso das startups americanas Incompetência gerencial 45% Inexperiência no ramo 9% Inexperiência em gerenciamento 18% Expertise desbalanceada 20% Negligência nos negócios 3% Fraudes 2% Desastres 1% Total 98% Apenas 2% são fatores desconhecidos FONTE: Dornelas (2016, p. 95) Para Dornelas, conforme pesquisas anuais realizadas pelo Sebrae-SP, as empresas brasileiras têm fatores de mortalidade semelhantes às empresas dos EUA. Ele cita a falta de planejamento em primeiro lugar, como a principal causa para o insucesso, na sequência aspectos como deficiências de gestão (gerenciamento do fluxo de caixa, vendas/comercialização, desenvolvimento de produto etc.), políticas de apoio insuficientes, conjuntura econômica e fatores pessoais (problemas de saúde, criminalidade e sucessão). O autor afirma, ainda, que as falhas no gerenciamento diário de pequenas empresas são uma armadilha para o insucesso das organizações, conforme podemos ver no Quadro 2. 100 Quadro 2 – Maiores armadilhas no gerenciamento de pequenas empresas Falta de experiência Atitudes erradas Falta de dinheiro Localização errada Expansão inexplicada Gerenciamento de inventário impróprio Excesso de capital em ativos fixos Difícil obtenção de crédito Uso de grande parte dos recursos do dono FONTE: Dornelas (2016, p. 96) Então, a pergunta que surge nesse momento é: como evitar essas armadilhas e aumentar a eficiência na administração do negócio? Novamente, Dornelas (2016) explica que não há uma receita padrão para isso, porém é aconselhado que os empreendedores, continuamente, busquem capacitação com o objetivo de adquirir a experiência necessária e a disciplina no planejamento do seu negócio. Em resumo, o autor esclarece que a ação mais importante no gerenciamento de um empreendimento é o: PLANEJAMENTO! Vídeo: Como elaborar um plano de negócio. Para que tudo dê certo na sua empresa, é importante que você tenha um plano de negócio. Com ele, é possível detalhar informações sobre seu ramo, produtos e serviços, clientes, concorrentes, fornecedores, além de pontos fortes e fracos. Neste vídeo, você terá mais informações sobre esse importante passo: <https://www.youtube.com/watch?v=V3u2Tu6t1UU>. DICA Se formos perguntar a todos os empreendedores que começaram um negócio se eles querem ter sucesso naquela empreitada, a resposta será unânime: é óbvio que eles querem obter os melhores resultados. Ninguém lança um produto para que seja um fracasso, ocasionando a perda de tempo e de investimentos de recursos financeiros. Contudo, muitos acabam tendo que enfrentar esses problemas, por falta de foco na empreitada que estão prontos a encarar. 101 Na Figura 14 podemos observar a ilustração de um empreendedor que teve fracasso empresarial. FIGURA 14 – FRACASSO EMPRESARIAL FONTE: Freepik 2022. A perda de prestígio no mercado ocasiona a redução das vendas, dos ganhos financeiros e, por fim, o fracasso do empreendimento. Mas tudo isso pode ser evitado ou revertido se o empreendedor tomar algumas decisões, primeiro buscando entender o porquê da atual situação que se encontra e, segundo, começando a planejar passo a passo o que será feito para que o negócio frutifique. 3 A INOVAÇÃO COMO FATOR PARA DIFERENCIAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE UM NEGÓCIO Após a tomada de decisão do empreendedor em focar no seu negócio, identificando o nicho de mercado que irá atuar e escolhendo com rigor os produtos e serviços que tem capacidade de ofertar com qualidade aos consumidores, é chegada a hora de pensar na inovação. 102 Figura 15 – Inovar para se diferenciar FONTE: Freepik 2022. A Figura 15 mostra o impacto da inovação no mercado. Enquanto todos estão fazendo as mesmas coisas, exatamente da mesma forma, um empreendedor surge com uma ideia nova e se destaca em meio aos demais. “É preciso ter disposição para investir tempo e vida pessoal na empresa. É necessário estruturar a empresa em cima de um modelo de negócio. Inovar, revolucionar, apostar em algo diferente. Crie seu segmento de negócio. Não desanime com os riscos de perda. Acredite nas possibilidades de vencer” (DORNELAS, p. 44). INTERESSANTE Cardoso (2015) afirma que inovar é preciso, isso porque o desenvolvimento, aprimoramento e inovação de produtos, serviços e processos devem fazer parte da rotina de qualquer organização do século XXI. Cardoso destaca, ainda, que ao compararmos a lista das empresas mais valiosas do mundo com a lista das empresas mais inovadoras, é possível observar que as companhias são basicamente as mesmas. Percebemos, então, que a inovação é o que gera valor e coloca as organizações contemporâneas à frente das demais. Para Contador (1995 apud BIASI et al., 2018) existem cinco campos de competição de uma empresa que interessa para os consumidores, os quais veremos no Quadro 3, a seguir. 103 Quadro 3 – Campos da competição que interessam o cliente Competição em preço O preço mais baixo possibilita à empresa conquistar sua fatia no mercado e o volume de vendas faz com que esta consiga reduzir seus custos. Competição em produto Pode-se competir em projeto de produto, qualidade de produto, variedade e novos modelos. Competição em assistência técnica As empresas podem competir em atendimento antes, durante e depois da venda. Competição em imagem Pode estar relacionada à imagem da própria empresa, da marca, do produto ou sustentabilidade. Fonte: Contador (1995 apud 2018, p. 9) Ao escolher um desses cinco campos, a empresa irá se diferenciar no mercado, enquanto as demais organizações permanecerão com as mesmas estratégias. Logo, uma organização pode se diferenciar no mercado, tornando-se mais competitiva, quando ela opta por praticar preços mais baixos na venda das suas mercadorias; ou quando ela decide remodelar e aprimorar o produto vendido; ou na assistência técnica, seja durante ou após a venda das mercadorias; ou, até mesmo, na imagem da marca, aliando ela, por exemplo, às questões ligadas à sustentabilidade. Anteriormente, no Tópico 2 – Subtópico 3, falamos da importância do incentivo à inovação, trazendo o ranking das Top 10 empresas mais inovadoras do mundo no ano de 2022. E uma dessas empresas, que conquistou o primeiro lugar na lista, foi a Stripe, por impulsionar a remoção de CO2 da atmosfera. A Stripe é uma empresa de tecnologia e, a seguir, veremos um case sobre uma de suas inovações que influenciou no seu poder de diferenciação no mercado, tornando-a competitiva por aliar práticas sustentáveis. 3.1 CASE CARBON PLAY “CarbonPay lança cartões para compensação de carbono com a Stripe em apenas 20 semanas” (STRIPE, 2022, s. p.). A CarbonPay emite cartões de pagamento que permitem que as empresas combatam as mudanças climáticas assumindo a responsabilidade por seu uso de carbono em cada transação. A CarbonPay compensa, automaticamente, 1 kg de CO2 para cada US$1,50 gasto, sem custo extra para osclientes. A Stripe ajudou a plataforma a colocar no mercado essa combinação inédita de serviços financeiros e climáticos, acessível para empresas de todos os tamanhos e em qualquer estágio da jornada de sustentabilidade (STRIPE, 2022, s. p.). 104 Desafio: criar um modelo de negócios que promovesse mudanças sistêmicas e permitisse que todos agissem. Ser automático, simples e com um alto nível de transparência, para que os clientes percebessem que estavam criando efeitos reais. Diante disso, a ideia da equipe foi transformar as compras simples que as empresas fazem todos os dias em um catalisador para salvar o planeta (STRIPE, 2022, s. p.). Solução: a equipe da CarbonPay sabia que podia fazer a diferença se escolhesse parceiros alinhados com os valores da marca e que fossem os melhores do mercado. Para isso, era preciso encontrar entidades com sucesso comprovado no combate às mudanças climáticas. A CarbonPay escolheu Stripe Issuing, Stripe Connect e Stripe Treasury para criar seus produtos financeiros e o Stripe Climate para doar parte das tarifas das transações para iniciativas em favor do clima (STRIPE, 2022, s. p.). Resultados: em apenas 20 semanas, a equipe usou a Stripe para criar rapidamente uma plataforma de pagamentos e adicionar remoção de carbono ao seu portfólio de ações climáticas, resultando em 1 kg de compensação de carbono para cada US$1,50 gasto (STRIPE, 2022, s.p.). 4 COMO CRIAR UM NEGÓCIO INOVADOR Mão na massa! É hora de tirarmos aquela ideia do papel e colocarmos em prática, seja um novo produto ou um negócio a ser construído. Mas nada de fazermos igual a tudo que já tem sido feito no mercado, vamos inovar! Para inovarmos, vamos fazer como a Figura 16 nos mostra. Juntamos uma equipe, reunimos ideias, alinhamos nossos conhecimentos, pesquisamos e planejamos todo o processo. Figura 16 – Processo de inovação FONTE: Freepik 2022. 105 Assim, para criar um negócio inovador, é preciso descrever, desenhar e mapear como o seu empreendimento pode funcionar, dentro das necessidades demandadas, como: colaboradores, fornecedores, intermediários, recursos e, claro, os consumidores. E para ser inovador, você precisa pesquisar o que já existe no mercado para que possa estudar como criar um diferencial para o produto ou serviço que será ofertado. Vamos ver um exemplo? Que tal citarmos a Netflix? A Netflix ([2022?]) é um serviço de transmissão on-line que oferece ampla variedade de séries, filmes e documentários premiados em milhares de aparelhos conectados à internet. Você pode assistir a quantos filmes e séries quiser, quando e onde quiser, sem comerciais – tudo por um preço mensal bem acessível. Na plataforma, você sempre encontra novidades, isso porque a cada semana são adicionados novos títulos. Antes da Netflix, assistíamos a esse tipo de conteúdo na programação da TV aberta ou canais a cabo. Era preciso esperar o horário que seu programa iria começar para sentar em frente a televisão e assistir o filme, a série ou o documentário. No entanto, além do incômodo de ter um horário fixo, os comerciais também atrapalhavam o momento de curtir a programação desejada. Um filme de 1h30min tornava-se muito mais longo, devido às propagandas. E se dá aquela vontade de fazer uma pipoca, ir ao banheiro, ou até mesmo atender uma ligação telefônica? Pronto, basta uma dessas interrupções para que você perca parte do conteúdo ou até mesmo desista de assistir. Pensando nisso, a Netflix não chegou ao mercado exclusivamente para oferecer a opção dos usuários assistirem filmes e seriados. Ela inovou em dois pontos. Primeiro, a plataforma pode ser acessada através do smartphone, computador ou televisão. E em segundo lugar, o assinante escolhe a melhor hora para assistir a programação desejada, pausando os vídeos quando necessário ou até mesmo pulando partes que não lhe interessa ver. Ah, e claro, sem a interrupção de propagandas comerciais. Todo o sucesso da Netflix é consequência do conteúdo que ela oferece para os consumidores e também a forma – prática e fácil – que eles têm acesso a isso. E essa acessibilidade que o consumidor tem cria valor para a empresa, afinal quem não gosta de organizações que surgem no mercado com novas propostas que otimizam nossa rotina? 106 Vídeo: A história da Netflix. Conheça como essa empresa surgiu e foi ganhando grande espaço no mercado, fazendo com que ela se tornasse um sucesso no segmento em que atua. Disponível para acesso através do link: <https://www.youtube.com/watch?v=uRfwKgm_hTM>. DICA Para criar um negócio inovador é preciso, então, perceber os desejos e as necessidades dos clientes por meio de pesquisas de mercado, a fim de verificar oportunidades no setor que se pretende trabalhar. E, por fim, elaborar o produto/ serviço na sua melhor versão para apresentá-lo ao público consumidor. O segredo para a inspiração organizacional, de modo que ideias estejam sempre surgindo, é construir redes de informação que permitam que a intuição persista, e até mesmo se disperse e recombine-se, sem enclausurar as intuições (JOHNSON, 2011). Veja o quão importante é a liberdade de pensamento, geração de ideias e a permissão para ser criativo dentro do ambiente organizacional. Na Figura 17, trazemos de novo a proposta de pensar fora da caixa, a qual já citamos nessa disciplina. Sem empreendedores que ousaram ou que permitiram que seus funcionários compartilhassem ideias novas, não teríamos a Netflix, o Uber, o Facebook, o Google, etc. 107 Figura 17 – Pensar fora da caixa FONTE: Freepik 2022. Entretanto, caro aluno, “um grande mito que envolve os empreendedores é o de que essas pessoas diferenciadas, que assumem riscos, que não se contentam com a mesmice, são autossuficientes, [...] são super-homens ou mulheres-maravilha” (DORNELAS, 2007, p. 54). No entanto, todos precisamos do auxílio de pessoas que também embarquem nessa jornada empreendedora conosco, apostando nas nossas ideias para que assim, através da cooperação mútua, um sonho se torne realidade. Por isso, por vezes um sócio aparecerá nesse percurso, além dos colaboradores que irão unir o seu conhecimento aos processos de fabricação. Tudo isso vem a colaborar com o resultado final da empreitada. Assim, Oliveira (2013) afirma que o empreendedor deve ter em mente que o futuro depende da capacidade que ele terá de abandonar práticas de negócio tradicionais e adotar práticas inovadoras, quando exigidas. Novas tecnologias estão sempre surgindo e se abster delas é um problema, bem como deixar de considerar as inovações que são capazes de criar novos clientes e mercados. Isso quer dizer que, para uma empresa se manter no topo, não basta continuar fazendo com excelência o que ela já tem feito nos últimos tempos, mas também procurar atender novos públicos, dentro do segmento em que ela atua. Um exemplo que podemos dar em relação a isso é quanto às hamburguerias, que ao ver o crescimento de consumidores vegetarianos e veganos, introduziram lanches no cardápio para atender esse público. Assim, uma família ou um grupo de amigos podem ir no mesmo lugar, fazer a refeição juntos, cada um conforme o seu gosto. Uma última observação sobre esse ponto, que se difere do que falamos anteriormente sobre um restaurante com vários tipos de comida e que não consegue atender a demanda do seu público. No caso da hamburgueria, ela não irá mudar o tipo de prato que oferece para os clientes, mas irá acrescentar um produto da mesma linha, em uma nova versão. Em vez de ofertar apenas hambúrgueres de carne e frango, ela poderá dispor de hambúrgueres de soja, de plantas etc. 108 109 LEITURA COMPLEMENTAR INOVAÇÃO ABERTA COMO UMA VANTAGEM COMPETITIVA PARA A MICRO E PEQUENA EMPRESA Glessia Silva Antonio Luiz Rocha Dacorso 2 CRIAÇÃO DE VANTAGEM COMPETITIVA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES Discussões acerca do que seria vantagem competitiva foram tratadas por Michael Porter, em seu livro Vantagem Competitiva, de 1989. Segundo ele, o termodiz respeito à criação de valor para a organização por meio de estratégias bem elaboradas que permitam elevado desempenho perante o mercado e concorrentes em geral. Essa visão apresenta uma abordagem que considera a busca por melhor posicionamento mediante a exploração de competências, percepção de mercado e oportunidades, e fortalecimento da relação com os clientes, pautada na visão sistêmica do negócio e não mais apenas do produto (PORTER, 1989). No mesmo sentido, Brito e Brito (2012) a definem como o posicionamento acima da média de uma determinada organização em relação a si mesma, em anos anteriores, e às demais empresas com as quais compete, conquistada por meio de criação de valor entre empresa, cliente e fornecedor, de forma a fazer com que a superioridade de seu desempenho seja reconhecida e valorizada por seus clientes. Baseados nisso, Salunke, Weerawardena and Mccoll-Kennedy (2011) afirmam que a competitividade exige uma análise apurada tanto do ambiente interno quanto externo às organizações, a fim de alinhar as estratégias adotadas com o mercado e gerar boas performances sustentáveis no decorrer dos anos. Corroborando com o exposto, Woerter and Roper (2010) destacam que, num ambiente de constantes mudanças e incerteza quanto ao futuro, buscar alternativas de atuação tem se tornado mais que um objetivo, uma necessidade de sobrevivência. A capacidade de identificar onde se está, por que se está trilhando determinada estratégia, e como são elaboradas as ações, se torna, assim, decisiva para se manter atuante no negócio. Todos esses aspectos denotam aquilo que, segundo Salunke et al. (2011), está, atualmente, cada vez mais relacionado com a vantagem competitiva, a 110 necessidade de as organizações inovarem e aprenderem com a inovação. Isso porque a capacidade de buscar novas ideias e soluções, assim como novas formas de fazer negócio têm se transformado na melhor maneira de acompanhar as rápidas transformações no mercado. Assim, com seu desenvolvimento muitas vezes suprimido pelas mudanças no mercado, as empresas estão tendo de competir em meio a descontinuidades e a buscar constantemente conhecimento que lhes permitam prosperar. As capacidades e potencialidades das empresas são, assim, desenvolvidas e controladas de forma a melhor aproveitarem os recursos disponíveis, uma vez que, por serem estes escassos, devem ser corretamente manipulados para agregar valor ao negócio (MAÇANEIRO; CHEROBIM, 2011), dificultar a imitação por concorrentes e permitir a inovação. Ademais, o foco da vantagem competitiva concentra-se nos processos de mudança, inovação e dinâmica da concorrência e baseia-se na descoberta interativa de informações divergentes e conhecimentos dispersos, com oportunidades a serem identificadas. Nesse contexto, como evidenciam Robertson, Casali e Jacobson (2012), as capacidades dinâmicas, relativas à capacidade de as empresas compreenderem e influenciarem os processos de mudança, tornam-se favoráveis à flexibilidade e antecipação, no intuito de estabelecer uma ponte entre a estratégia empregada e o mercado. Assim, há a necessidade de atuação conjunta das organizações com outros agentes, para melhor enfrentar as turbulências de mercado, uma vez que a formação de parcerias constitui uma das principais práticas de negócio e resulta no efetivo compartilhamento de recursos a partir de estratégias específicas (ALVES; TIERGARTEN; ARAÚJO, 2008). Segundo Maçaneiro e Cherobim (2011), dado o atual cenário global altamente competitivo, no qual as organizações estão inseridas, as firmas encontram maior possibilidade de competir através de cooperações e associações que garantam vantagens para todos os envolvidos e que amenizem os riscos oriundos do mercado. Assim, Esteves e Nohara (2011) apontam que a criação de vantagem competitiva por meio de alianças contribui para facilitar o acesso a outros atores, recursos e atividades, além de ampliar a obtenção de conhecimento, melhorar o posicionamento e agregar valor aos relacionamentos de negócio. Em face dessas perspectivas, Chesbrough (2012a) expõe que algumas organizações têm buscado vantagem competitiva através de alternativas que superem as antigas práticas de inovação e demandem uma interação ainda maior com agentes externos, de modo que organizações com visão abrirão seus negócios a ideias oriundas de fontes externas e praticarão aquilo que se denomina inovação aberta. Assim, tendo em vista que a nova forma de competir está voltada para o fortalecimento das relações e busca por conhecimento compartilhado, com 111 menor custo e maiores oportunidades, Parida et al. (2012) apontam para uma maior possibilidade de longevidade e crescimento das MPEs ao incorporarem esses preceitos em suas estratégias competitivas, uma vez que necessitam transpor algumas barreiras que inibem seu desenvolvimento. FONTE: adaptada de DACORSO, A. L. R.; SILVA, G. Inovação aberta como uma vantagem competitiva para a micro e pequena empresa. RAI – Revista de admi- nistração e inovação, v. 10, ed. 3, p. 251–269, jul./set. 2013. Disponível em: https:// www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1809203916302686. Acesso em: 4 ago. 2022. 112 RESUMO DO TÓPICO 3 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu: • O poder do foco e da inovação foi tema do último tópico da Unidade 2. Vimos a importância de compreender o segmento que a empresa irá atuar e o que ela precisa fazer para poder corresponder aos desejos e às necessidades dos consumidores com qualidade e excelência. • Além disso, abordamos como a inovação pode ser um fator relevante para que as organizações criem um diferencial competitivo, tanto para aumentarem suas vendas, como para que os clientes sejam assistidos da melhor maneira, com produtos e serviços novos, práticos e facilitadores no dia a dia das pessoas. • Foi a partir deste estudo, que pudemos compreender como criar um negócio inovador, o qual dependerá de pesquisa e planejamento para obter bons resultados. • Assim, um bom empreendimento atingirá o topo quando satisfazer o mercado e for capaz de inovar sempre que possível. Para tanto, é preciso estar aberto a ideias, deixar a intuição fluir e a criatividade entrar em cena para levantar novas possibilidades de produtos/serviços e negócios. 113 AUTOATIVIDADE 1. Digamos que um determinado empreendedor, na sua ânsia em ter o próprio negócio, simplesmente montou a sua empresa e no decorrer do processo tentou atender todos os consumidores, fabricando produtos de todos os tipos para não perder clientela. Diante do que acontece com empreendimentos que tentam abraçar o mundo, assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) Por mais controverso que isso pareça, eles começam a ter lucro e expandir a sua empresa. b. ( ) Empreendimentos assim tendem a segmentar mais ainda o seu público, atendendo um número restrito de consumidores. c. ( ) Pela falta de foco, deixam de suprir o básico, que é ter produtos de qualidade e atender bem o seu cliente. d. ( ) Acabam cobrando valores muito altos, o estoque está sempre cheio, apesar do grande número de clientes que frequentam o local. 2. Muitas pequenas empresas brasileiras estão dentro do índice de mortali- dade, em virtude de fatores que prejudicam o seu crescimento e desen- volvimento no mercado. Com base nos fatores que levam uma empresa a fechar suas portas, analise as sentenças a seguir: V. A falta de planejamento dos empreendedores, seja na abertura da empresa ou durante as suas atividades, é um dos fatores críticos para saúde das organizações. VI. Problemas na gestão da empresa como gerenciamento do caixa, das vendas e desenvolvimento do produto, são indícios que a em- presa não está indo bem. VII. Empreendedores extravagantes, que gostam de fazer do seu negócio o centro das atenções, acabam desviando a atenção do público para os produtos e isso pode levar à falência do empreendimento. Assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) As sentençasI e II estão corretas. b. ( ) Somente a sentença II está correta. c. ( ) As sentenças I e III estão corretas. d. ( ) Somente a sentença III está correta. 114 3. Empresas podem se tornar competitivas de diversas formas, e diante disso se tornam atrativas para os clientes. De acordo com os campos da competição que interessam o cliente, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Competição em imagem é um desses campos, e diz respeito à forma como a marca é vista pelo consumidor. ( ) Competição em segmentos, é um dos campos de competição que interessam ao cliente, pois refere-se a todos os produtos que uma empresa tem para oferecer para segmentos diferentes onde há clientes com desejos e necessidades diversos. ( ) Competição em produto é outro campo, este que refere-se a tudo que pode ser feito para que um produto seja aprimorado e se destaque no mercado. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. ( ) V – F – F. b. ( ) V – F – V. c. ( ) F – V – F. d. ( ) F – F – V. 4. Para competir no mercado, a empresa precisa se diferenciar e uma forma de fazer isso é através da inovação. No nosso material de estudo, vimos o caso da empresa Stripe, que se diferenciou e se tornou competitiva por aliar práticas sustentáveis ao seu negócio. Além dela, outras nove empresas foram citadas no ranking das Top 10 empresas mais inovadoras do mundo no ano de 2022. Disserte sobre uma dessas empresas destacando o seu diferencial competitivo. 5. Às vezes, abandonar práticas de negócio tradicionais vem a calhar de forma positiva, a fim de que a empresa se mantenha ativa no mercado. Afinal, novas tecnologias vão surgindo e se apropriar delas é pertinente para a contemporaneidade dos negócios, bem como a necessidade de atender novos clientes e novos mercados. Disserte sobre como o futuro das organizações depende fortemente da capacidade de mudar. 115 ASID – Ação Social para Igualdade das Diferenças. ASID Brasil, 31 jan. 2019. Leis de incentivo fiscal: o que são e como funcionam. Disponível em: https://bit.ly/3U- drbqI. Acesso em: 3 ago. 2022. BARBIERI, J. C. (org.). Organizações inovadoras: estudos e casos brasileiros. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003, v. 1. 158p . BIASI, N. B. et al. Inovação como vantagem competitiva na indústria alimentícia. Rev. FAE, Curitiba, [s. l.], v. 21, n. 2, p. 7–20, jul./dez. 2018. Disponível em: https:// revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/543. Acesso em: 4 ago. 2022. CARDOSO, G. Mude, você, o mundo! São Caetano do Sul: Lura Editorial, 2015. DACORSO, A. L. R.; SILVA, G. Inovação aberta como uma vantagem competitiva para a micro e pequena empresa. RAI – Revista de administração e inovação, v. 10, ed. 3, p. 251–269, jul./set. 2013. Disponível em: https://www.sciencedirect. com/science/article/pii/S1809203916302686. Acesso em: 4 ago. 2022. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo na prática: mitos e verdades do em- preendedor de sucesso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 6. ed. São Paulo: Empreende/Atlas, 2016. DRUCKER, P. F. Prática da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Lear- ning, 2003. FAST COMPANY. Fast Company Brasil, 8 fev. 2022. Fast Company elege as empresas mais inovadoras do mundo em 2022.Disponível em: https://fastcom- panybrasil.com/news/fast-company-elege-as-empresas-mais-inovadoras-do- -mundo-em-2022/. Acesso em: 3 ago. 2022. FERREIRA, A. V. S. Elementos de articulação: missão, visão, valores e a identidade organizacional. Revista Eduicep, [s. l.], v. 1, n. 1, 2016. Disponível em: www.icepsc. com.br/ojs/index.php/eduicep/article/view/129. Acesso em: 2 ago. 2022. FI GROUP. Fi group Lei do Bem, [2022?]. O que é a Lei do Bem. Disponível em: https://www.leidobem.com/lei-do-bem-inovacao/#:~:text=A%20Lei%20 11.196%2F05%2C%20que,em%20pesquisa%2C%20desenvolvimento%20e%20ino- vação. Acesso em: 3 ago. 2022. REFERÊNCIAS 116 GUNDLING, E. The 3M Way to innovation: balancing people and profit. Vintage Books; NY, 1999. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE educa, 2022. Uso de internet, televisão e celular no Brasil. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/ jovens/materias-especiais/20787-uso-de-internet-televisao-e-celular-no-brasil. html. Acesso em: 2 ago. 2022. JOHNSON, S. De onde vêm as boas ideias. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. LUCCHESI, I. L. et al. Avaliação de um chatbot no contexto educacional: um rela- to de experiência com metis. RENOTE, Porto Alegre, v. 16, n. 1, 2018. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/renote/article/view/85903. Acesso em: 3 ago 2022. MACHADO, D. D. P. N. Organizações inovadoras: estudo dos fatores que formam um ambiente inovador. RAI – Revista de Administração e Inovação, São Pau- lo, v. 4, n. 2, p. 5–28, 2007. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rai/article/ view/79078. Acesso em: 3 ago. 2022. NETFLIX. Netflix Brasil, [2022?].Perguntas frequentes. Disponível em: https:// www.netflix.com/br/. Acesso em: 4 ago. 2022. OLIVEIRA, J. P. L. de. Oportunidades para inovação. In: PORTO, G. Gestão da ino- vação e empreendedorismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. PORTER, M. E. The competitive advantage of nations. New York: The Free Press, 1990. ROBBINS, S. P.; SOBRAL, F. Comportamento organizacional. 14. ed. São Pau- lo: Prentice-Halll, 2012. SALERNO, M. S.; KUBOTA, L. C. Estado e inovação. In: NEGRI, J. A. de; KUBOTA, L. C. Políticas de incentivo à inovação. Brasília: IPEA, 2008. SCORSOLINI-COMIN, F. Missão, visão e valores como marcas do discurso nas or- ganizações de trabalho. PSICO,Porto Alegre, PUCRS, v. 43, n. 3, p. 325–333, jul./ set. 2012. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/revistap- sico/article/view/8055/8233. Acesso em: 2 ago. 2022. SLYWOTZKY, A. J.; MORRISON, D. J. The profit zone: how strategic business de- sign will lead you to tomorrow’s profits. Nova Jersey, EUA: Wiley, 2002. 117 STRIPE. Stripe, 2022. CarbonPay lança cartões para compensação de carbono com a Stripe em apenas 20 semanas. Disponível em: https://stripe.com/pt-br-in/ customers/carbonpay. Acesso em: 4 ago. 2022. THIEL, P. De zero a um: o que aprender sobre empreendedorismo com o Vale do Silício. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. E-book. 118 119 UNIDADE 3 ORGANIZAÇÕES EMPREENDEDORAS, EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO E PROCESSO EMPREENDEDOR OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o que é uma organização empreendedora; • diferenciar uma organização empreendedora de uma organização que não é empreendedora; • compreender o que é o empreendedorismo corporativo; • identificar o processo empreendedor. PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – O QUE É UMA ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA TÓPICO 2 – CONHECENDO O EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO TÓPICO 3 – O PROCESSO EMPREENDEDOR 120 121 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, ao longo de todo o nosso material de estudo conhecemos um pouco mais sobre o que é o Empreendedorismo, o que é a Inovação, formas de empreender e inovar, bem como a importância da inovação para diferenciação de um empreendimento, resultando na competitividade de mercado. Assim, nesta terceira unidade, veremos a partir do Tópico 1 o que é uma organização empreendedora. No primeiro subtópico, esse assunto será abordado com o objetivo de distinguir as organizações que mantêm o espírito empreendedor durante a sua jornada, daquelas organizações que deixam de lado essa atividade. Nos subtópicos seguintes, daremos ênfase à importância do empreendedorismo contínuo dentro das organizações. E também veremos o impacto das organizações empreendedoras no mercado. Desse modo, o tema empreendedorismo vai se fortalecendo, e nossa compreensão sobre o assunto também aumenta, o que nos permite tomar decisõesmais assertivas para o sucesso dos empreendimentos, seja como donos de um negócio ou como funcionários. 2 IDENTIFICANDO UMA ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA Iniciativas empreendedoras – que deveriam existir a fim de manter a longevidade de uma empresa – ocorrem em organizações durante todo o seu período de existência, isso porque se partirmos do pressuposto de que empreender é transformar ideias em negócios, então o desenvolvimento e a continuidade de uma empresa dependem de certa constância em ter ideias e colocá-las em prática. Hashimoto (2013) confirma isso, dizendo que uma organização com orientação empreendedora é aquela que mantém vivo o espírito empreendedor. TÓPICO 1 O QUE É UMA ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA 122 Novas oportunidades empreendedoras podem surgir em momentos distintos, para tanto é preciso estar sempre observando o mercado. Iniciativas em prol do empreendedorismo e que criaram bases para empreender no Brasil podem ser percebidas em dois importantes eventos no país: a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016 (DORNELAS, 2016). Estes acontecimentos, segundo Dornelas (2016), estimularam novas oportunidades empreendedoras, bem como proporcionaram a criação e o desenvolvimento de novos negócios no país que podem ter continuidade por vários anos, mesmo após o encerramento dos eventos. Vamos ver alguns exemplos disso? A chance de lucrar com a Copa do Mundo fez grandes empresas criarem produtos inspirados no Mundial, segundo Neumam (2014). No entanto, este autor explica que há regras para fazer menção ao evento que são impostas pela Fifa, logo, somente empresas que patrocinam a Copa podem usar símbolos oficiais. Contudo, algumas organizações optam por apenas fazer referências indiretas à Copa nos produtos e na publicidade, explorando ícones do futebol, da cultura do país e, claro, as cores verde e amarelo, sem utilizar símbolos e menções explícitas. Uma das empresas que aproveitou a oportunidade foi a Lupo, que criou a coleção «Cueca da Sorte», cuja campanha foi estrelada pelo jogador Neymar. A Lupo investiu R$4,5 milhões na campanha que foi veiculada na televisão, na mídia impressa e na internet, a fim de projetar um retorno de 20% no aumento das vendas de cuecas. Figura 1 – Cores verde e amarelo em itens alusivos à copa do mundo FONTE: Freepik 2022. 123 Outras empresas também se aproveitaram da ocasião e impulsionaram novas campanhas e novos produtos. Uma delas foi a Avon, que criou a colônia masculina Golaço na versão 75ml. O Boticário também disponibilizou perfumes com vidros coloridos da linha Linda Brasil. A Havaianas fez sapatilhas, chinelos e tênis nas cores verde e amarelo. E a Tramontina lançou faqueiro, kit de caipirinha e até uma frigideira com as cores do Brasil e com o desenho de bola de futebol (NEUMAM, 2014). Figura 2 – Roupas, bandeiras, objetos: copa do mundo de futebol FONTE: Freepik 2022. Na Figura 2, vemos produtos lançados em referência à Copa do Mundo de 2014 que foi realizada no Brasil. A Avon, assim como o Boticário, a Lupo, a Tramontina, e outras organizações nacionais e internacionais, tomam iniciativas, inovam e agem prontamente para atender os desejos e as necessidades dos seus clientes, gerando impacto na economia e constante renovação no segmento de mercado em que atuam. Na reportagem do Portal E-commerce Brasil, o artigo intitulado Em tem- pos de mudanças contínuas, marcas devem se reinventar sem per- der o DNA traz uma abordagem interessante sobre como o movimento de empresas no mercado é importante para continuarem competitivas. Acesse em: https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/mudancas- -marcas-reinventar-dna/. DICA 124 Sausen, Rossetto e Behling (2018) explicam que um fator importante nas organizações é a busca constante pela inovação, pois as ideias dificilmente surgem do nada. Assim, ainda de acordo com os autores supracitados, amparados em Bhupendra e Sangle (2015, p. 186 apud ROSSETO; BEHLING, 2018, p. 4), “a inovação se constitui de um processo sistemático, que consiste na busca deliberada e organizada de mudanças e na análise sistemática das oportunidades que tais mudanças podem oferecer para a inovação econômica ou social” . Logo, organizações empreendedoras são aquelas que estão sempre em processo de busca e análise de oportunidades. Ademais, é preciso ter habilidades para empreender. Frente a isso, Dornelas (2007, p. 93), começa explicando que “gerenciar o caixa da empresa deve ser uma das principais habilidades dos empreendedores. Se você não gosta ou não se entende com os números, a primeira coisa a fazer é buscar tal conhecimento”. Ele complementa citando cinco fatores que atestam porque é importante um controle eficiente do caixa. Vejamos a seguir. • O planejamento financeiro ajudará você a tomar decisões acertadas e antecipar problemas futuros. • O fluxo de caixa é a melhor ferramenta para auxiliar o empreendedor a analisar quanto realmente está ganhando e gastando. • O fluxo de caixa ajudará você a analisar as melhores alternativas de in- vestimento e financiamento para o negócio. • Um dos principais problemas enfrentados pelos empreendedores é a falta de capital de giro. Isso pode ser contornado a partir de um fluxo de caixa bem administrado. • O mais importante: se você realmente almeja ver seu negócio crescer e se tornar uma grande empresa, isso só será possível com uma adminis- tração adequada do caixa. Outra dica que Dornelas (2007) dá é identificar parceiros e/ou sócios para o seu negócio, a fim de que eles tenham habilidades que você não tem e que são essenciais para o funcionamento da marca. Por fim, Dornelas acrescenta algumas habilidades específicas dos empreendedores: competências gerenciais; estratégias de curto, médio e longo prazo; motivação, autocontrole, propensão para assumir riscos; resolução de problemas; ser influenciador; ter autoconfiança; valorizar a crítica; não temer ser diferente dos outros; encorajar a criatividade; não ficar desconfortável com a ambiguidade; gostar de novas faces e novos lugares; acreditar e sonhar; ter mente aberta e pensamentos livres – sem restrições; ser proativo; gostar de olhar ao longe e para frente. 125 Em termos organizacionais, a base fundamental da orientação empreendedora é que empresas empreendedoras diferem das demais empresas. Miller e Friesen (1982) argumentam que empresas empreendedoras se destacam por forte ênfase em inovação. A orientação empreendedora relaciona-se à prioridade das firmas no processo de identificar e de explorar oportunidades do mercado (SHANE, VENKATARAMAN, 2000). Hitt e outros (1999) verificaram que as firmas com forte orientação empreendedora têm habilidade para lidar com as incertezas do ambiente em seu benefício. Covin e Miles (1999) vêem o empreendedorismo como forma de explorar oportunidades, de renovar e de rejuvenescer firmas. (FERNANDES; SANTOS, 2008, p. 5-6). INTERESSANTE Se você faz parte de uma organização pautada nessas premissas, é possível que ela seja uma organização empreendedora. Agora, se você se vê como um empreendedor, porém o seu único ato foi abrir um negócio e depois se fechou para novas ideias e avanços, é restritivo ao parecer dos demais integrantes da empresa e suas críticas, e não permite a proatividade, a criatividade e o adentrar de processos inovadores, então, infelizmente, a sua organização não é considerada empreendedora, e o ciclo de existência da empresa e de vida dos produtos que ela oferta ao mercado estão correndo riscos, visto que a concorrência está sempre batendo na porta e tentando tomar o seu espaço na fatia de mercado que, até então, é ocupada pela sua marca. Vamos ver alguns exemplos de empresas que sofreram com as mudanças de mercado, perdendo parte da sua participação no segmento em que atuam por conta de novidades que vão surgindo. Figura 3 – Câmera fotográfica vs smartphone FONTE: Freepik 2022. 126 Quando os smartphones surgiram, a populaçãocomeçou gradualmente a aderir a tecnologia, talvez você nunca tenha tido uma câmera fotográfica antes, porém com um smartphone você passou a ter mais essa possibilidade agregada ao seu aparelho de telefone celular. Com isso, os smartphones influenciam e seguem influenciando a indústria de câmeras. “De acordo com a Camera & Imaging Products Association (CIPA), uma associação internacional do setor fotográfico, entre 2010 e 2019 as vendas de câmeras digitais caíram 87% em todo o planeta” (HELDER, 2022, s. p.). Figura 4 – Tirando foto com o smartphone FONTE: Freepik 2022. Na Figura 4, observamos uma foto sendo feita a partir de um telefone celular. Frente a isso, Bonaventura (2022, s.p.) aborda o fato de que a cada novo lançamento de um smartphone, as fabricantes procuram inovar e adicionar mais recursos para chamar a atenção do público. Vez após vez, as empresas precisam usar a sua criatividade para se destacar frente aos seus concorrentes, e o departamento de câmeras dos smartphones é um amplo campo para isso, possibilitando configurar dispositivos com duas, três e até quatro lentes em sua traseira, proporcionando versatilidade para os produtos. O que podemos perceber aqui? Percebemos que empresas voltadas, única e exclusivamente, para fabricação e comercialização de câmeras fotográficas foram perdendo cada vez mais espaço para novas tecnologias que surgiram com o passar do tempo. O cliente, é claro, irá atrás do que lhe convém, e ter um smartphone com diversas possibilidades – telefonar, realizar vídeo chamadas, tirar fotos, acessar internet, dentre outras funcionalidades – é óbvio que irá atrair mais interessados, que escolherão as mercadorias com melhores benefícios. 127 O que uma organização empreendedora faz nesse caso? Primeiramente partimos do que já foi mencionado anteriormente, a respeito da necessidade de estar sempre observando e pesquisando o mercado, a fim de encontrar tanto oportunidades como também respostas sobre tendências, sobre direção da economia e até mesmo sobre questões culturais e ambientais. Vídeo: Construindo organizações mais empreendedoras. Por: Sebrae RS. Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=GvhshVkUt_o. DICA O setor de moda é um exemplo disso. É preciso estar sempre atento aos ciclos e se engajar na produção de peças, conforme o interesse da comunidade que se pretende atender. Se a tendência em determinada estação do ano são roupas com tonalidades específicas e cortes exclusivos, é comum percebermos que, em geral, todas as confecções partem para o mesmo caminho, produzindo vestimentas semelhantes para agradar o público que irá voltar suas atenções para o que está na moda, exemplificado na Figura 5. Figura 5 – Moda: cliente vai às compras FONTE: Freepik 2022. E no fim das contas, segundo Dornelas (2007), o que irá diferenciar um empreendedor de sucesso dos demais que tentam e não atingem grandes patamares de desempenho será aquele que compreende a importância de unir forças com pessoas que também têm visões empreendedoras e, assim, formar uma equipe que faz acontecer. 128 No Tópico 2 desta Unidade, abordaremos o empreendedorismo corporativo e como ele cria valor e grande diferencial para as empresas, isto é, para as organizações que, de fato, buscam o empreendedorismo em todo o processo de desenvolvimento do seu negócio. ESTUDOS FUTUROS Dornelas (2007) complementa que quando falamos de organizações empreendedoras, o trabalho em equipe é essencial para o sucesso do empreendedor, deixando de ser apenas um discurso e se tornando um fato. Ainda para o autor, a construção de uma empresa com grande potencial de crescimento, pretendida pelo empreendedor, necessita, em primeira instância, responder às seguintes perguntas: “Quais são meus pontos fortes? Quais são os meus pontos fracos? Que pessoas devo trazer para o negócio, que complementam meu perfil, ou seja, que tenham pontos fortes que supram meus pontos fracos?” (DORNELAS, 2007, p. 54). 3 A IMPORTÂNCIA DE SER UMA ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA Qual seria a maior diferença entre uma organização empreendedora e uma organização que deixou de empreender no momento em que abriu as portas do seu negócio? Certamente essa resposta permeia duas palavras: sucesso e fracasso. Ao estudarmos o subtópico 2 deste Tópico 1, percebemos que negócios que deixaram de prestar atenção às tendências e às oportunidades de mercado ficaram obsoletos e com o tempo deixaram de existir ou diminuíram sua presença no mercado. É o caso das máquinas fotográficas e demais tecnologias que não se reposicionaram no segmento econômico em que atuam. No entanto, vimos também que, ao analisar tendências e oportunidades, empresas podem renovar suas possibilidades de produtos e serviços ofertados aos consumidores e continuar atendendo o mercado com diferencial competitivo, despertando o interesse dos clientes, bem como atendendo com qualidade e atra- tividade os seus desejos e necessidades. A exemplo disso temos as empresas que inovaram durante a Copa do Mundo de Futebol realizada no Brasil no ano de 2014. 129 Figura 6 – Organização empreendedora vs organização que não empreende FONTE: Freepik 2022. Na Figura 6, vemos uma analogia da diferença entre organizações empreendedoras e organizações que não empreendem durante o seu processo de existência no mercado. Enquanto temos uma organização que empreende e muda a sua direção no mercado, comercializando produtos e serviços diferenciados, inovadores e que atraem a atenção do público-alvo, temos do outro lado as organizações que ficaram paradas no tempo, acreditando que apostar no mesmo processo de vendas adotado desde a concepção do negócio seria eternamente vantajoso. O empreendedorismo não é para todo mundo, isso porque para empreender é preciso ousar, inovar, aceitar riscos, estar em movimento, desejar o novo e fazê-lo acontecer, não se dar por satisfeito, estar sempre em processo de pesquisa, planejamento e implantação de novas propostas para o mercado. ATENÇÃO Há um ponto interessante que é pertinente tratarmos aqui, que fala sobre o porquê da necessidade constante de empreender, já que muitos gestores acabam buscando soluções no empreendedorismo apenas quando as vendas estão em baixa. Neste momento, os recursos financeiros podem estar também em patamares menores, e a empreitada de traçar novas estratégias para que o negócio não vá à falência se torna menos expressiva. Certo é que um empreendedor não é aquela pessoa que trabalha apenas 8h por dia, bate ponto às 9h da manhã ao entrar no trabalho e às 17h finaliza a sua jornada de serviço. Quando se empreende, o trabalho é muito mais longo do que isso, 12h, 14h e até mesmo 16h por dia de expediente fazem parte da rotina de um empreendedor, que mesmo ao chegar na sua casa, continua estudando possibili- dades para que o seu empreendimento seja um sucesso. 130 Livro: Ponto de inflexão. Autor: Flávio Augusto da Silva. Editora: Buzz. Ano: 2019. Resumo: Um livro que vai te ajudar a fazer seu próprio caminho. “Vou dispensar o aprofundamento nas equações que geram um Ponto de Inflexão, mas vou apenas me apropriar desse conceito para descrever momentos de nossa vida em que nossas decisões vão determinar para que direção seguiremos e que bônus ou ônus assumiremos. Em outras palavras, tomamos milhares de decisões diariamente. Contudo, algumas delas não são decisões corriqueiras. São decisões especiais. Decisões que têm o poder de mudar o rumo do roteiro de nossa vida. A elas eu dou o nome de Ponto de Inflexão. É um conceito da matemática, mas que usaremos para ilustrar perfeitamente os momentos de nossa vida que podem tomar direções opostas a depender de nossas escolhas” (SILVA, 2019, s. p.). Fonte: SILVA, F. A. da. Ponto de inflexão. São Paulo: BUZZ, 2019. DICA Há um tempo atrás, nas mídias sociais, começou a ser compartilhada uma postagem alusiva ao trabalho do empreendedor, a qual observamos na Figura 7. Figura 7 – Publicação mídiassociais: vaga empresário Fonte: adaptada de https://i.pinimg.com/564x/60/e4/52/60e452196ac5a72dcf- 654cb19d015859.jpg. Acesso em: 1 nov. 2022. 131 Na Figura 7, vemos o anúncio de uma vaga para o cargo de empresário. As informações concedidas são: • A carga horária de trabalho pode exceder as 12 horas diárias. • A possibilidade de férias é remota. • O pagamento do décimo terceiro não entra nessa categoria. • Pagamento de hora extra também está fora de cogitação. • E aquele atestado para ficar uns dias em casa cuidando da saúde? Não rola não! • Auxílios para garantir uma eventual falência do negócio? Também não constam. • O que um profissional nessa área enfrentará: trabalho sob pressão. • Muitos, para começarem seus negócios, precisarão levantar uma quantia financeira para poder trabalhar. • E como resultado poderão ou não reverter o investimento inicial. Pois é, empreender é realmente para os fortes. Mas graças aos empreendedores temos um mini mercado na rua da nossa casa para comprarmos bebida e comida. Os empreendedores também suprem as demandas da população, abrindo estabelecimentos comerciais de produtos e serviços essenciais, como farmácias, por exemplo, e também postos de combustível que permitem que os veículos sejam abastecidos, fazendo com que todo o resto do ciclo comercial permaneça ativo. Além disso, há os empreendedores que se preocupam em assistir a população com entretenimento e empreendem abrindo parques de diversão, agências de viagens, shopping centers, cinemas etc. O que seria do mercado sem os empreendedores? Certamente, ele não existiria, não é mesmo? E o que seria do mercado contemporâneo sem as mentes inquietas que propõem novos produtos, processos e serviços aos consumidores? Seria chato, monótono e sem todas aquelas mercadorias que trazem praticidade e facilidade para o nosso dia a dia. Quando o brasileiro Alberto Santos Dumont, em 1906, inventou o avião, o veículo não era nem perto parecido com os aeromodelos que temos hoje em dia à nossa disposição, com capacidade de levar centenas de passageiros de um país para outro, cruzando oceanos. A Figura 8 apresenta como eram os aviões antigamente e a Figura 9 traz como eles são hoje em dia, após diversos e constantes processos de inovação que permitem, não só, que os consumidores sejam beneficiados, mas também que as empresas aumentem seu lucro através de um bom posicionamento no mercado, que é diretamente influenciado pela diferenciação e competitividade. 132 Figura 8 – Avião antigo FONTE: Freepik 2022. Figura 9 – Aviões atualmente FONTE: Freepik 2022. Desse modo, podemos perceber a importância de uma organização empreendedora, sendo aquela que busca por inovações e processos contínuos de aperfeiçoamento. Por isso, atualmente, com a crescente demanda de novos produtos e a alta competitividade faz-se necessário explorar meios que promovam a mudança e o reposicionamento estratégico das organizações, visando dotá-las de maior competitividade no mercado de desenvolvimento econômico (SAUSEN; ROSSETTO; BEHLING, 2018, p. 185). 133 4 O IMPACTO DAS ORGANIZAÇÕES EMPREENDEDORAS NO MERCADO Citamos na subtópico anterior o fato de que o mercado, simplesmente, não existiria sem o ato empreendedor. Não teríamos supermercados, lojas, drogarias, postos de combustíveis, estabelecimentos comerciais voltados para o lazer e o entretenimento, dentre muitas outras variedades de comércios, bem como pontos de assistência à saúde, como hospitais, clínicas médicas e veterinárias, e assim por diante. O empreendedorismo é a força locomotiva de um município, um Estado, um país e uma nação como um todo. Sem o empreendedorismo ficamos presos às propostas governamentais e isso é um risco à diversidade de ofertas e ao atendimento das individualidades de cada ser humano, que tem vontades e necessidades diferentes dos demais indivíduos. Na Unidade anterior falamos sobre uma hamburgueria que, além de ter a opção de lanches com carne e frango, passou a comercializar produtos vegetarianos e veganos. Você imagina como seria se isso não passasse a existir no mercado econômico? Essa parcela da população ficaria desassistida por parte dos empreendedores. E, como resultado disso, a economia da região não se desenvolveria de forma promissora. Quando um novo empreendimento surge no mercado, a economia automaticamente é fortalecida. Empregos são gerados, consumidores passam a comprar os novos produtos e serviços que estão à venda, a empresa passa a gerar receita, impostos são pagos e com isso há movimentação no setor econômico. Benfeitorias com o aumento da arrecadação de recursos financeiros por parte do poder público podem ser feitas em diferentes esferas de uma determinada região, como: investimento na saúde pública, na segurança, no transporte, na educação etc. Artigo: Empreendedorismo e crescimento econômico: uma análise empírica. Autores: Aluízio Antonio de Barros e Cláudia Maria Miranda de Araújo Pereira. Síntese estudada: Este artigo busca responder à seguinte questão de pesquisa: no Brasil, as diferentes taxas de empreendedorismo entre regiões afetam o desempenho econômico? Acesse em: https://www.scielo.br/j/ rac/a/FVt5FgZfKy9xjjQr9TytyZM/abstract/?lang=pt. DICA 134 No entanto, quando uma organização mantém o seu status de empreendedora, isso pode ser ainda mais benéfico para a economia e para a sociedade, pois conforme já estudamos, ao inovar em produtos, serviços e processos, as empresas passam a atender melhor os desejos e as necessidades dos consumidores. E quando os clientes são melhores assistidos, o volume de compras também aumenta. Um exemplo que podemos dar em relação a isso é quanto ao surgimento de novos smartphones no mercado. Muitas pessoas trocam de modelo de celular quando um novo aparelho é posto à venda, isso porque o seu desejo é aflorado para ter uma tecnologia digital com funcionalidades modernas. Isso ocorreu também quando o Netflix foi lançado e muitos consumidores passaram a assinar a plataforma de streaming. Dentre tantos outros exemplos. Quando o empreendedorismo não é incentivado, seja pelo poder público ou por questões pessoais de um empreendedor, todos saem perdendo: os consumidores, a economia e o mercado como um todo. ATENÇÃO Por fim, é preciso reconhecer que o impacto gerado pelas organizações empreendedoras pode ser a nível global, ao passo que produtos e serviços podem ser ofertados através da internet e, assim, serem comercializados para todo o mundo, além da criação de empresas que se propõem a exportar as suas mercadorias para outros países. Isso, novamente, irá gerar impacto na economia mundial e na população de diferentes países. 135 Neste tópico, você aprendeu: • Você já pensou em empreender ou já é dono de algum negócio? Contudo, este empreendimento que você pretende ter ou já o tem, é considerado uma organização empreendedora? • Existem algumas características que compreendem o que é de fato uma empresa voltada, durante todo o seu desenvolvimento e período ativo no mercado, para o empreendedorismo. Isso porque a abertura de um negócio não concede caráter perpétuo de ter aspectos empreendedores e de inovação durante toda a sua jornada. • E quando falamos de uma organização empreendedora, é preciso também reconhecer a sua importância para o mercado, para a sociedade e para as economias local, regional e global. • É por isso que organizações empreendedoras causam um impacto positivo no mercado, pois ajudam a alavancar a economia e a atender os desejos e as necessidades dos consumidores com maior qualidade e também com características contemporâneas que trazem facilidade e praticidade para otimizar o dia a dia das pessoas. RESUMO DO TÓPICO 1 136 1. Seja pelo sonho que vive dentro de um empreendedor nato ou pela necessidade por conta do desemprego, o empreendedorismo acaba surgindo na vida de muitos indivíduos. No entanto, o que caracteriza uma organização empreendedora?Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) Uma organização empreendedora é aquela que se preocupa com a qualidade no ambiente de trabalho onde os colaboradores irão conviver diariamente. b. ( ) Uma organização empreendedora é aquela que ao abrir as suas portas teve um insight de grande representatividade para o mercado. c. ( ) Uma organização empreendedora é aquela que mantém vivos os aspectos voltados ao empreendedorismo a todo o tempo. d. ( ) Uma organização empreendedora é aquela que oficializou o começo das suas atividades no mercado, atendendo os desejos e as necessidades dos consumidores em geral. 2. 2 Existem empresas que empreendem constantemente e companhias que deixaram o empreendedorismo de lado durante sua história. Por consequência disso, ambas irão colher algum tipo de resultado frente às decisões que tomaram. Com base nas diferenças entre organizações empreendedoras e organizações que não são empreendedoras, analise as sentenças a seguir: I. Organizações empreendedoras acabam gastando muitos recursos (tempo, dinheiro, pessoas) e isso não se reflete no lucro angariado pela companhia. II. Organizações que não são empreendedoras poupam recursos ao manterem processos permanentes, e isso influencia na redução de gastos da empresa e no aumento do seu lucro. III. Organizações empreendedoras aumentam suas chances de obter sucesso no mercado, enquanto organizações que não empreendem podem estar fadadas ao fracasso. Assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) As sentenças I e II estão corretas. b. ( ) Somente a sentença II está correta. c. ( ) As sentenças I e III estão corretas. d. ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 137 3. Empreender, empreender e empreender. Às vezes parece ser um pouco cansativa essa constância e também certa insistência. Entretanto, a frequência com que um negócio empreende implica diretamente na saúde do empreendimento. De acordo com a regularidade que uma empresa deve empreender, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A ânsia por empreender pode ser prejudicial para a saúde do negócio, contudo quando as vendas estão em baixa, é um alerta para se voltar ao empreendedorismo. ( ) Quando gestores buscam o empreendedorismo somente quando as vendas estão baixas, os riscos para a saúde do negócio aumentam. ( ) Empreender é um processo que demanda regularidade, isto é, a cada três anos as empresas de sucesso devem rever suas perspectivas quanto aos processos empreendedores. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. ( ) V – F – F. b. ( ) V – F – V. c. ( ) F – V – F. d. ( ) F – F – V. 4. Procura-se um empreendedor que deve ter algumas características que são um tanto quanto diferentes dos demais profissionais no mercado, isso porque empreender demanda certas habilidades e também renúncias. Disserte sobre as dificuldades e incertezas de quem decide se tornar um empresário: 5. O que seria da sociedade, do mercado e da economia global sem o empreendedorismo? Muitas ações são decorrentes de novos empreendimentos, como também pela falta deles. Nesse contexto, disserte sobre as mudanças que o empreendedorismo causa na sociedade, na economia, no mercado. 138 139 1 INTRODUÇÃO Você já pensou em empreender, entretanto, atualmente, você é funcionário de uma empresa e gosta de colaborar com a organização? Então saiba que é possível empreender, mesmo sendo empregado de uma companhia. Sendo assim, caro aluno, neste Tópico 2, abordaremos o que é o empreendedorismo corporativo, a fim de que possamos reconhecer que o empreendedorismo pode acontecer tanto por parte de um empresário que abre um negócio, como também a partir dos seus funcionários que mantêm vivo o espírito empreendedor no negócio. Além disso, veremos a importância do intraempreendedorismo para o desenvolvimento e sucesso das organizações. Também analisaremos como um indivíduo pode ser um empreendedor corporativo e ajudar no crescimento da organização em que ele trabalha. 2 O QUE É O EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO Você já ouviu falar em intraempreendedorismo? Parece ser uma palavra meio difícil, não é mesmo? Mas o intraempreendedorismo também é conhecido como empreendedorismo corporativo. Ok, até aí tudo bem, mas você pode ficar na dúvida sobre o que o intraempreendedorismo ou o empreendedorismo corporativo quer dizer. E é isso que iremos abordar nesta parte do nosso material de estudo. Dornelas (2016) diz que o empreendedorismo está relacionado à transformação de ideias em negócios, e também que a palavra “empreendedor” (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer “aquele que assume riscos e começa algo novo”. Isso significa, então, que para ser empreendedor o indivíduo TÓPICO 2 CONHECENDO O EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO 140 precisa abrir uma empresa? Sim e não. Empreendedor pode ser aquela pessoa que abre o seu próprio negócio, como também aquele funcionário que tem ideias e as coloca em prática dentro de uma organização. Assim, nasce o empreendedorismo corporativo. Figura 10 – Empreendedor: aquele que assume riscos e começa algo novo FONTE: Freepik 2022. A Figura 10 ilustra uma mulher à frente de um negócio e, independentemente de ela ser a proprietária da empresa ou funcionária, precisamos analisar aqui a capacidade que um indivíduo tem em identificar oportunidades de mercado para transformar ideias de negócios em soluções práticas, aplicáveis e úteis para os consumidores. De maneira geral, o que importa no mundo do empreendedorismo é aquela pessoa capaz de conceber propostas de trabalho e, claro, também aplicá-las, e isso vai além do cargo hierárquico ocupado dentro de uma empresa. Tomando novamente Dornelas (2008) como exemplo, ele afirma que quando o assunto é comportamento empreendedor, logo vem à tona o papel dos líderes nas organizações, aqueles profissionais que comandam equipes, usam seu carisma e poder de persuasão para implementar seus projetos empresariais. No entanto, para Dornelas (2008), se observarmos a liderança por essa perspectiva, imaginamos que apenas aqueles gerentes e executivos de mais alto posto e mais bem posicionados hierarquicamente é que têm condições de implementar ações voltadas ao ato empreendedor. Por fim, o autor atesta que agir/pensar dessa forma faz com que a empresa e seus funcionários limitem a disseminação de uma cultura empreendedora em todos os níveis organizacionais. 141 Imagine que você é dono de uma empresa, teve condições financeiras para montar um negócio e contratar alguns funcionários. Dentre esses profissionais admitidos, há muitas mentes cheias de ideias que podem colaborar com o seu empreendimento. O que você faz? Permite que eles compartilhem o conhecimento e ajudem no desenvolvimento da organização, ou impede a colaboração da equipe? ATENÇÃO Vamos pensar, agora, como proprietários de uma empresa. Se estamos efetivando profissionais capacitados para trabalhar nela, logo entendemos que eles têm habilidades para colaborar com a organização. Então, se não dermos ouvidos a eles que estão diariamente lidando com as atividades empresariais da nossa marca, como é que poderemos identificar novas e melhores soluções para nossas ofertas, se insistimos em fazer as coisas sempre do mesmo jeito? Vamos ver, então, um exemplo meramente ilustrativo, a partir de uma história que pode acontecer em qualquer tipo de empreendimento: Fátima trabalha como comissária de bordo em uma empresa de transporte aéreo de passageiros. Ela é responsável, conforme podemos ver na Figura 11, por diversas tarefas, como: recepcionar os passageiros e auxiliá-los desde a entrada no avião, durante o voo até a sua saída, zelar pela segurança a bordo, oferecer alimentação e bebidas durante o voo, orientar os passageiros em situações de emergências, estar sempre em alerta, entre outras funções. Figura 11 – Comissária de bordo: funções FONTE: Freepik 2022.142 Então, se formos pensar em quem é a pessoa mais próxima entre a empresa e o consumidor, capaz de estreitar o relacionamento com o cliente e perceber as suas demandas, além de verificar prontas possibilidades de empreender, a resposta mais óbvia será a comissária de bordo Fátima. E se, em uma sequência de voos, a profissional percebeu alguns desejos e necessidades dos clientes, como a troca de copos plásticos por copos de papel descartáveis (Figura 12), o que gera menor impacto no meio ambiente, apoiando, assim, causas sustentáveis e demonstrando para o consumidor que a companhia aérea também está preocupada com a repercussão dos seus atos. Figura 12 – Copo descartável de papel FONTE: Freepik 2022. Fátima também pode identificar clara e diretamente formas de empreender, como, por exemplo, ofertar a venda de almofadas de pescoço para viagem (Figura 13) personalizadas com a logomarca da empresa e que podem ser adquiridas durante o voo. Figura 13 – Almofadas de pescoço para viagem FONTE: Freepik 2022. 143 Logo, se ela levar essas demandas até os responsáveis pela gestão da organi- zação, e se estes derem ouvidos as suas propostas, quem tende a ganhar com isso tudo? Todos! Isso mesmo, todos tendem a ganhar, desde a empresa que irá satisfazer os seus clientes, além de aumentar eventualmente o seu faturamen- to; a comissária de bordo que terá suas ideias não apenas ouvidas, mas também postas em prática, o que irá refletir no seu trabalho, ao lidar com passageiros mais bem assistidos pela companhia, de forma que ela poderá receber gratificações de acordo com as ideias dadas e implantadas; e, por fim, é claro, que quem também sairá ganhando são os passageiros que terão ofertas novas e melhores para lhes proporcionar conforto, comodidade e segurança, com a confiança de saberem que escolheram uma empresa de aviação que se preocupa com o meio socioam- biental e demais aspectos relacionados ao bem-estar dos clientes. Os colaboradores de uma empresa são a ponte mais próxima e eficiente para detectar os desejos e as necessidades dos clientes. Para tanto, é importante ter um canal aberto para ouvir quais são as percepções deles junto aos consumidores. IMPORTANTE De acordo com Cardoso (2015), o empreendedor corporativo é aquele colaborador que se comporta como empreendedor dentro de uma empresa já existente, buscando oportunidades e convertendo-as em negócios para a própria organização. Ele detém características que são muito valorizadas pelas empresas, que atualmente procuram contratar seus funcionários buscando aqueles que têm perfil empreendedor. Mas por que isso? Pois um indivíduo com espírito empreendedor quer ver um negócio sempre crescendo, quer colocar ideias em prática e oferecer aos consumidores propostas úteis que podem suprir a demanda da sua rotina, por meio de produtos e serviços. Assim, quem não deseja ter um funcionário proativo na sua empresa? Quem não quer contratar uma profissional como a Fátima, atenta às necessidades dos clientes e que leva soluções para que a companhia possa implantá-las? Para tanto, precisamos refletir sobre como o empreendedorismo corporativo pode ser benéfico para as finanças de uma empresa e também como isso influenciará a economia como um todo, o mercado e os consumidores. 144 3 A IMPORTÂNCIA DO INTRAEMPREENDEDORISMO Dornelas (2003) diz que no empreendedorismo corporativo um indivíduo ou um grupo de indivíduos, associados a uma organização existente, criam uma nova organização ou instigam a renovação ou inovação dentro da organização existente. E isso implica em fortalecer um negócio, auxiliar no desenvolvimento de uma empresa e possibilitar que ela permaneça competitiva no segmento de mercado em que atua, além de abrir margem, por meio do empreendedorismo e de práticas inovadoras, para criar um diferencial competitivo que faça com que a organização se destaque em meio à concorrência, conquistando mais clientes. Vejamos, agora, alguns exemplos de empreendedorismo corporativo (TORRES, 2021): • Google: o gigante Google, além de ser o site de buscas mais conhecido e utilizado, oferece ao seu público uma série de produtos. O que talvez você não saiba é que alguns deles foram criados por seus empreendedores corporativos, como é o caso do Gmail. A empresa tem a cultura de incentivar os seus colaboradores a utilizarem 20% do seu tempo para se dedicarem a projetos pessoais. E foi justamente em um desses períodos que Paul Buchheit criou um dos webmails mais necessários e utilizados do mundo. • Facebook: sabe o botão “curtir” do Facebook, tão enaltecido por pessoas físicas e pessoas jurídicas para validar e potencializar as suas postagens? Também foi criado em um programa interno de ideias. A empresa de Mark Zuckerberg também utiliza o intraempreendedorismo como caminho para inovar constantemente. Com isso, consegue sempre trazer novidades para o seu público e aumentar o seu poder de alcance. • DreamWorks: a DreamWorks é o estúdio de animação americano responsável por grandes sucessos de bilheteria, como O Poderoso Chefinho, Monstros vs Alienígenas, Shrek, Gato de Botas e muitos outros. O empreendedorismo corporativo da empresa é extremamente democrático. Ele permite que qualquer funcionário, independentemente do cargo, envie sugestões sobre os filmes que estão sendo criados. Somado a isso, a DreamWorks oferece cursos de desenvolvimento, o que potencializa os seus talentos internos e motiva a atuação dos seus profissionais. 145 Portanto, vamos verificar os passos para implementar o empreendedorismo corporativo nas organizações (DORNELAS, 2008). • Trabalhar o perfil empreendedor dos colaboradores. • Criar condições internas para que o empreendedorismo seja sistemati- zado na empresa. • Foco na identificação de oportunidades de inovação. Para isso, Dornelas (2008) explica que é preciso adotar algumas abordagens estratégicas, de modo que o empreendedorismo corporativo seja favorecido nas organizações. Veja a seguir. • Deve-se integrar o empreendedorismo à estratégia corporativa. • Ter visão de médio e longo prazo. • Abordagem top-down e bottom-up: da base da empresa para o topo. • Focar na proatividade e assumir riscos calculados. O empreendedorismo corporativo irá acontecer de uma maneira melhor, se você já começar o seu negócio dando abertura para esse tipo de ambiente. Por isso, aqui vai uma dica: se você é empresário, procure contratar profissionais com perfil empreendedor. E se você é empreendedor e está buscando emprego em uma empresa, invista em organizações que favorecem o espírito empreendedor. Além disso, é importante formar equipes que trabalhem em sintonia dentro de uma empresa, de forma que os envolvidos possam se ajudar, fazendo com que as ideias de fato frutifiquem e não sejam sabotadas. Às vezes uma pessoa tem uma ideia, porém é necessári uma equipe inteira para implantá-la, logo o esforço é mútuo, e como o próprio nome diz, o trabalho é em equipe. Dessa maneira, todos devem ser beneficiados e terem a sua parcela de reconhecimento por uma ideia posta em prática e que deu certo. Figura 14 – Trabalho em equipe FONTE: Freepik 2022. 146 A Figura 14 não representa apenas o trabalho em equipe, mas o espírito de trabalho em conjunto de forma cooperativa, a fim de que a união de um grupo fortaleça o todo: o crescimento de uma empresa. Apoiar as ideias dos colegas é uma maneira de manter um canal aberto de comunicação, diálogo e troca de experiências, sem que os colaboradores se sintam inibidos por exporem suas opiniões, as quais, por vezes, podem se tornar a chave que irá mudar tudo em uma empresa e elevá-la para patamares ainda maiores no mercado, sobretudo no que diz respeito ao aumento de clientes sendo atendidos por ela, bem como o aumento no seu faturamento (lucro). 4 COMO SER UM EMPREENDEDOR CORPORATIVO O empreendedor é um agente de mudança, isso porque ele não se preocupa unicamente em melhorar o que já existe oumodificar apenas um produto, mas sim criar valor para as mercadorias e para a empresa, a fim de satisfazer os clientes (DRUCKER, 2003). E esse empreendedor pode ser um camelô, um dentista que abriu seu consultório, um técnico que começa uma fábrica (MARCONDES; BERNARDES, 2000), e até mesmo um funcionário atento às possibilidades de inovação dentro de uma empresa. Essa pessoa irá sugerir novas ideias e propostas para a organização se fortalecer no mercado. Para Pinchot (1987 apud COSTA; CERICATO; MELO, 2007), o intraempreendedor, independentemente de estar trabalhando em cima de uma ideia própria ou de terceiros, ele se caracteriza por ser um tipo de sonhador que age. Percebemos, então, que o empreendedor corporativo tem como atributo fazer ideias acontecerem, arregaçando as mangas para não ver um sonho desmoronar, e para isso é preciso de muita aptidão, prontidão e a tal criatividade, que faz com que uma proposta seja uma idealização possível. Figura 15 – Empreendedor corporativo: trabalhando para a empresa crescer Fonte: https://bit.ly/3Ud88g4. Acesso em: 8 ago. 2022. 147 Na Figura 15, vemos a representação de uma possível empreendedora corporativa que tem ideias, propõe mudanças na empresa e também empenha-se em fazer com que a ideia dos seus colegas seja posta em prática. No entanto, tudo isso dependerá da cultura da empresa, que precisa estar voltada para os processos empreendedores. Afinal, existem organizações que limitam a participação dos seus funcionários quando o assunto é opinar e manifestar propostas que geram transformações. Muitas acabam se tornando assim por conta dos seus gestores que têm medo da inovação ou acreditam que somente os seus conceitos é que são os certos. Na leitura do artigo Empreendedorismo Corporativo: Uma Nova Estratégia para a Inovação em Organizações Contemporâneas, é possível evidenciar como os funcionários também participam desse ambiente de mudanças, renovando e inovando dentro de uma organização. Link para acesso: http://www.spell.org.br/documentos/ver/27861/em- preendedorismo-corporativo--uma-nova-estrateg---. DICA Agora, veremos os tipos de empreendedores corporativos, segundo Dornelas (2008). • Empreendedor corporativo clássico: é aquele que busca resultados e tem necessidade de realização. • O Grande vendedor: são indivíduos que têm uma ampla rede de relacionamentos, além de habilidades de vendas, e são persuasivos. • O gerente: compreende os profissionais gestores com boas habilidades gerenciais, orientados ao crescimento profissional. • O criativo: aquele que é conhecido como o gerador de ideias. “Um poeta latino chamava o ser humano de ‘rerum novarum cupidus’ (ganancioso por coisas novas). A administração empreendedora deve fazer de cada administrador da empresa em atividade um ‘rerum novarum cupidus’.” (DRUCKER, 2003, p. 210). INTERESSANTE 148 Dornelas complementa dizendo que o empreendedor corporativo tem como características individuais: • propensão a assumir riscos; • desejo de autonomia; • necessidade de realização; • orientação a metas; • autocontrole. A seguir, no Quadro 1, são apresentados mecanismos que os líderes podem estabelecer para estimular um ambiente empreendedor: Quadro 1 – Mecanismos organizacionais que os líderes podem usar para estimular um ambiente empreendedor Mecanismos organizacionais que os líderes podem usar para estimular um ambiente empreendedor • A empresa deve ter uma visão empreendedora claramente definida e reforçada constantemente. • Deve haver um sistema de recompensas e reconhecimento aos funcionários, incluindo participação nos resultados, stock options (opções de compra de ações da empresa) etc. • Incentivar a melhoria de performance, assumindo riscos calculados, sem penalidades ou punições por falhas (a menos que sejam repetidas). • Reduzir os níveis hierárquicos e as segmentações de unidades organizacionais. • Possuir pequenas unidades organizacionais com equipes multifuncionais. • Estabelecer papéis variados às pessoas, encorajar/estimular a iniciativa e a experimentação. • Possibilitar altos níveis de empowerment. • Possibilitar acesso irrestrito à informação. • Implementar fundos corporativos para investimento nos novos negócios. • Trazer para dentro da empresa (em todos os níveis) a voz do consumidor. FONTE: adaptado de Dornelas (2008, p. 14) Dessa forma, percebemos que mesmo que um funcionário tenha espírito empreendedor, cabe à empresa preservá-lo e fortalecê-lo, para que o empreendedorismo se torne uma prática constante na organização. Alguns mecanismos que Dornelas propõe, conforme vimos no Quadro 1, consiste em: incentivar e empoderar o funcionário empreendedor, estabelecer um ambiente interno propício ao empreendedorismo, possibilitar o acesso à informação por parte dos colaboradores, estes que também precisam ser devidamente recompensados pelos seus esforços, além, é claro, dispor de recursos que servirão de investimento para novos negócios e não deixar que a voz do consumidor, a qual tem impacto crucial no rumo de uma empresa, seja desprezada. 149 Por fim, Lenzi (2008) afirma que a criação de unidades estratégicas de negócio é resultado de uma ação empreendedora nas organizações, assim, novos negócios e projetos inovadores podem surgir. Para tanto, Fleury (2002 apud LENZI, 2008, p. 39), informa que uma pessoa poderá demonstrar à organização a sua competência por meio de ações do tipo: “saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber se engajar, assumir responsabilidades e ter visão estratégica, gerando resultados e ações realizadas (entrega)”. 150 Neste tópico, você aprendeu: • Conhecendo o Empreendedorismo Corporativo, percebemos que empreender vai muito além de abrir uma empresa, pois envolve a transformação de ideias em negócios, como Dornelas (2008) propõe. • Essas ideias podem partir de funcionários de uma empresa, logo temos o empreendedorismo corporativo ou também chamado de intraempreendedorismo. • Diante da abordagem desse assunto, vimos a importância do empreendedorismo corporativo, como ele pode ajudar no desenvolvimento e crescimento de uma organização com o objetivo de inovar e ter sucesso no mercado. • Como ser um intraempreendedor, reconhecendo características desse indivíduo e também o que uma empresa deve fazer para estimular o ambiente empreendedor dentro da organização. RESUMO DO TÓPICO 2 151 1. Abrir uma empresa é um ato empreendedor, porém, no decorrer da sua existência, práticas empreendedoras precisam integrar o desenvolvimento da organização e é nesse momento que entram os funcionários. Com relação a como os colaboradores podem ser responsáveis por tornar e manter uma organização com visão empreendedora, assinale a alternativa CORRETA,: a. ( ) Eles são responsáveis por obedecer às ordens dos seus superiores que, conforme hierarquia empresarial, detém o direito e deve estabelecer ideias para que os colaboradores coloquem em prática. b. ( ) A responsabilidade dos colaboradores de uma empresa quanto ao constante processo de empreendedorismo se restringe à execução sistemática das suas funções na organização. c. ( ) Os colaboradores são responsáveis quanto à venda e divulgação dos produtos e serviços de uma organização, para que ela tenha sucesso no mercado, se destaque e possa aumentar o seu investimento na fabricação de novas mercadorias. d. ( ) Considerando o empreendedorismo corporativo, os funcionários agregam valor às organizações cooperando com ideias que influenciam na criação de novos negócios ou projetos. 2. Com o empreendedorismo corporativo, uma organização tende a se fortalecer e, como consequência, novidades surgem para atender o mercado. Com base nos benefícios do empreendedorismo corporativo, analise as sentenças a seguir: I. Todos tendem a ganhar com o empreendedorismo corporativo, tanto a empresa, como os funcionários e os consumidores. II. Isso porque oempreendedorismo corporativo aumenta as chances de novas ideias, projetos e negócios nascerem. III. Contudo, é preciso restringir o empreendedorismo corporativo aos cargos hierárquicos mais altos da empresa, isto é, aos gestores e gerentes da organização que se responsabilizarão pelo sucesso do empreendimento. Assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) As sentenças I e II estão corretas. b. ( ) Somente a sentença II está correta. AUTOATIVIDADE 152 c. ( ) As sentenças I e III estão corretas. d. ( ) Somente a sentença III está correta. 3. Todo profissional tem características específicas, como por exemplo, um médico tem como característica cuidar da saúde das pessoas, estar apto a interpretar exames, entre outras habilidades. E o mesmo ocorre com o empreendedor corporativo. De acordo com as características individuais do empreendedor corporativo, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Por serem funcionários de uma empresa, os empreendedores corporativos são avessos a assumir riscos. ( ) Algumas das características do empreendedor corporativo são dependência das regulamentações provenientes do seu líder e dispensa à ambição de realizar feitos. ( ) Apesar de trabalharem como colaboradores de uma empresa, ainda assim os empreendedores corporativos têm desejo de autonomia. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. ( ) V – F – F. b. ( ) V – F – V. c. ( ) F – V – F. d. ( ) F – F – V. 4. Às vezes, as ideias para novos negócios, produtos, serviços, processos e projetos, são provenientes de uma única pessoa que tem um insight sobre determinado assunto. Entretanto, o trabalho em equipe pode colaborar para que essa simples ideia ganhe vida e seja efetivada no mercado. Disserte sobre a importância do trabalho em equipe quando o assunto é intraempreendedorismo: 5. O empreendedorismo corporativo é importante para o sucesso empresarial de modo que uma empresa busque a inovação com frequência, aprimorando a forma como trabalha. No entanto, há mecanismos organizacionais que os líderes podem usar para estimular um ambiente empreendedor. Nesse contexto, disserte sobre esses mecanismos. 153 154 1 INTRODUÇÃO Nesta nossa última seção, o Tópico 3 da Unidade 3, o assunto abordado será o processo empreendedor, a fim de que possamos entender como o empreendedorismo, em todas as suas etapas e fases, acontece. Empreender pode parecer uma prática fácil para alguns e complexa para outros. E tendo isto em vista, explorar esse assunto se torna pertinente para elucidar dúvidas e pontuar as ações que são perpassadas até a criação de um novo negócio. Abordaremos, então, as fases do processo empreendedor, considerando que para empreender é preciso de tempo e dedicação para fazer sua ideia ser transformada em algo prático e útil para o mercado; e a fim de obter sucesso, alguns passos precisam ser dados. Como consequência disso, poderemos reconhecer a importância do processo empreendedor. Por fim, encerraremos falando sobre o empreendedorismo na prática, pois após termos nos debruçado sobre tanto conhecimento e novos saberes, é importante ver como acontece o processo empreendedor que vai desde o insight até a abertura de uma empresa ou produto/serviço colocado à venda no mercado. 2 AS FASES DO PROCESSO EMPREENDEDOR Chave na ignição, motor ligado, é hora de dar a partida, pisar fundo e fazer o processo empreendedor rodar e acontecer. Epa, mas espera aí! Estão faltando alguns passos nisso tudo, não pode ser tão simples assim! Empreender não é algo tão complexo, entretanto é necessário agir de maneira prudente e ordenada, a fim de que os bons resultados possam ser alcançados. TÓPICO 3 O PROCESSO EMPREENDEDOR 155 Figura 16 – Empreender pode ser divertido FONTE: Freepik 2022. A Figura 16 mostra que empreender pode ser divertido, prazeroso, além de ser uma forma de angariar recursos financeiros para a sobrevivência do empreendedor, é também uma maneira do profissional trabalhar com uma atividade que lhe agrada, o deixa satisfeito e não causa aborrecimento em ter que trabalhar em uma segunda-feira pela manhã, por exemplo, o que é muito chato para muitas pessoas descontentes com a sua profissão. E isso serve também para os funcionários quando eles trabalham em uma empresa que permite e incentiva o espírito empreendedor da equipe, e estes indivíduos estão alocados em organizações que realizam atividades profissionais as quais são condizentes com o seu perfil, então eles também sentem prazer e contentamento ao efetuarem suas responsabilidades diárias no trabalho Dessa forma, Dornelas (2007, p. 98) aborda o processo empreendedor, iniciando com uma recomendação: «Lembre-se de que o processo empreendedor trata apenas de parte do desenvolvimento de um novo negócio.» Isso porque, para o autor, “uma administração empreendedora será sempre importante para o sucesso de qualquer organização, em TODOS os estágios de seu desenvolvimento”. Após essas considerações, analisaremos o Quadro 2, que nos mostrará as fases do processo empreendedor. As quais consistem em: 1) identificar e avaliar a oportunidade; 2) desenvolver o plano de negócios; 3) determinar e captar os recursos necessários; e 4) gerenciar a empresa criada. 156 Quadro 2 – O processo empreendedor Identificar e avaliar a oportunidade Desenvolver o plano de negócios • Criação e abrangência da oportunidade • Valores percebidos e reais da oportunidade • Riscos e retornos da oportunidade • Oportunidade versus habilidades e metas pessoais • Situação dos competidores 1. Sumário executivo 2. O conceito do negócio 3. Equipe de gestão 4. Mercado e competidores 5. Marketing e vendas 6. Estrutura e operação 7. Análise estratégica 8. Plano financeiro 9. Anexos Determinar e captar os recursos necessários Gerenciar a empresa criada • Recursos pessoais • Recursos de amigos e parentes • Angels • Capitalista de risco • Bancos • Governo • Incubadoras • Estilo de gestão • Fatores críticos de sucesso • Identificar problemas atuais e potenciais • Implementar um sistema de controle • Profissionalizar a gestão • Entrar em novos mercados FONTE: adaptado de Hisrich (1998 apud DORNELAS, 2016, p. 27) Todavia, Dornelas explica que mesmo que as fases apresentadas no Quadro 2 sejam sequenciais, elas não precisam ser completamente concluídas para que inicie a próxima. E ele dá como exemplo que ao ser identificada e avaliada uma oportunidade, esta que compreende a Fase 1, o empreendedor deverá ter em mente que tipo de negócio irá criar, e isso diz respeito à Fase 4. Identificar e avaliar uma oportunidade, para Dornelas, talvez seja a parte mais difícil no processo empreendedor, pois muitas vezes não percebemos o que passa ao nosso redor, as possibilidades que podem se tornar um grande empreendimento. No entanto, quando o empreendedor se dá conta de uma oportunidade, ele corre atrás dela até conseguir agarrá-la. Já na segunda fase do processo empreendedor, que diz respeito ao desenvolvimento do plano de negócios, essa poderá ser a etapa mais trabalhosa, principalmente para os empreendedores de primeira viagem. Dornelas explica que nesse estágio muitos conceitos estão envolvidos e é preciso entendê-los, a fim de sintetizar a essência da empresa, a estratégia do negócio, o mercado e a concorrência. Assista ao vídeo do Sebrae Talks sobre os seis passos para ABRIR UMA EMPRESA DO ZERO! - Aprenda com o Sebrae. Acesso em: https://www.youtube.com/watch?v=7cit-y2oeUg. DICA 157 Entrando na terceira fase, onde são determinados os recursos necessários, será uma consequência do que foi feito e planejado no plano de negócio. Dornelas complementa dizendo que a captação de recursos pode ser feita de diferentes formas e por meio de fontes distintas. Ex.: financiamento em bancos, parceiros de negócios, economias pessoais, empréstimo com familiares e amigos. Por fim, a última fase, a Fase 4, consiste em gerenciar a empresa, estaque pode parecer ser a etapa mais fácil, afinal todos os estágios anteriores levaram o empreendedor até aqui. No entanto, Dornelas argumenta que não é bem assim, pois cada fase do processo empreendedor traz desafios e aprendizados. Ajustes terão que ser feitos a todo tempo, por isso acompanhar o desenvolvimento do negócio de perto é primordial. E somente um empreendedor dedicado ao seu negócio fará isso da melhor maneira, seja reconhecendo as suas limitações e contratando profissionais para ajudá-lo a gerenciar a empresa, como também implementando ações que visem minimizar os problemas, orientando-se pelo o que é prioridade e o que é crítico para o sucesso do empreendimento (DORNELAS, 2016). 3 A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO EMPREENDEDOR Para que o empreendedor tenha sucesso na sua empreitada, ele precisa compreender a importância do processo empreendedor, e aliar isso a algumas práticas pessoais para que o negócio seja estabelecido da melhor maneira e possa se desenvolver promissoramente. Assim, Dornelas (2007) aponta alguns aspectos fundamentais para que isso aconteça: • Foco: o foco no início do negócio é essencial para que o empreendedor não se disperse e possa identificar um nicho de mercado para atuar. • Montar uma equipe complementar e comprometida com o negócio: empreendedorismo é uma relação de trabalho em equipe, onde sócios e parceiros estão envolvidos, logo é fundamental que o empreendedor escolha os melhores sócios e parceiros, pois serão eles que o ajudarão no momento de crescimento do negócio, deste modo é importante que eles tenham habilidades que você não tem e que são essenciais para o seu negócio. • Saber a hora de profissionalizar e delegar: querer tomar todas as decisões sozinho e ser o responsável por todas as ações da empresa é um grande risco, sendo assim, no momento de crescimento da empresa, é de suma importância saber trazer pessoas/executivos de mercado que entendem de administração de negócios e que podem colaborar com a empresa, isso porque nem sempre o criador da empresa é o melhor executivo para fazê-la crescer. 158 • Otimizar os recursos disponíveis: provavelmente um negócio não começa com todos os recursos que precisa já em mãos. Diante disso, o empreendedor deve, desde o início, evitar imobilizar o capital financeiro da empresa, otimizando recursos e negociando os itens necessários para a sua empresa. Resistir à tentação de construir rapidamente a organização é também primordial, pois isso pode afetar o capital que o negócio tem. Dica: tenha paciência, avalie ofertas e negocie compras e prazos. • Identificar boas fontes de investimento e financiamento: ao monitorar o que está acontecendo no mercado, em termos de oportunidades de acesso a capital, é possível identificar instituições financeiras e investidores que possuem boas ofertas de acesso ao crédito voltado para negócios inovadores. • Networking: é essencial participar das entidades de classe e tornar- se conhecido no seu setor, ampliando seus contatos e sua rede de parceiros, fornecedores, possíveis sócios e nova cartela de clientes. Sem foco, sem uma equipe comprometida com o negócio, sem saber delegar e profissionalizar seu empreendimento, sem a otimização dos recursos disponíveis, sem a identificação de boas fontes de investimento e financiamento, e por fim sem um networking adequado e promissor, o processo empreendedor pode não se desenvolver. Isso porque o empreendedor estará tomando decisões sem a ajuda de indivíduos capacitados para auxiliá-lo em questões técnicas, sem uma averiguação correta quanto aos recursos e investimentos necessários para fazer a empresa ganhar vida e, como consequência, todos esses fatores podem enfraquecer o plano de negócio e impedir que uma organização comece as suas atividade ou até mesmo abra as portas. A leitura do artigo O processo empreendedor em empresas criadas por ne- cessidade, ajudará na compreensão entre as teorias e práticas quanto ao pragmatismo dos processos empreendedores. Acesse em: https://www.scielo.br/j/gp/a/PRgCLb4whT36zZPJTrhrygz/ abstract/?lang=pt. DICA Por exemplo, alguns empresários decidem começar um empreendimento, pois em determinado período da sua vida, receberam uma certa quantia em dinheiro. Digamos que você foi demitido do seu emprego atual e com a rescisão de 159 trabalho você recebeu uma determinada quantia em dinheiro. Com esse valor, no dia seguinte, você aluga uma loja no centro da sua cidade, entra em contato com alguns fornecedores de produtos específicos e dois dias depois já está trabalhando, vendendo suas mercadorias. E os demais encargos para custear a demanda que toda a empresa gera? E quem será o seu público, e a partir desse conhecimento qual é a quantidade certa de produtos que você precisaria ter para abrir o seu comércio? Como será sua estratégia de venda e divulgação do empreendimento? O local em que você abriu a sua loja é realmente adequado? Quem são seus concorrentes, como eles agem? São muitas questões que compreendem a identificação de uma oportunidade de negócio, o desenvolvimento de estratégias para que esse negócio seja estruturado, os recursos necessários para dar vida a ele, e toda a capacidade para gerir a empresa. 4 EMPREENDENDO NA PRÁTICA Se você pensa em ser um empreendedor, é claro que ter sucesso é uma das opções que você almeja, afinal ninguém começa uma empreitada para fracassar, não é mesmo? Por isso, ter cuidado com o seu negócio ou com suas atividades empresariais, caso você seja um empreendedor corporativo, é muito importante para os resultados que serão obtidos. Visto isso, é relevante tomar decisões com calma e sabedoria, isto é, tendo todas as informações na mesa e analisando todos os pontos fortes e fracos ao optar por investir em determinada ação/estratégia/ empreendimento. Também é fundamental buscar ajuda para empreender com confiança e segurança, ou seja, estar cercado de pessoas que saibam “como fazer as coisas”, profissionais qualificados para atuarem com sabedoria em cada área da empresa ou atividade a ser executada. Diante disso, Dornelas (2007) dá dicas valiosas, às quais chama “de empreendedor para empreendedor”, apontando alguns conselhos dos empreendedores de sucesso para aqueles que pretendem empreender: • Planejamento: “Antes de começar o negócio, pense mais de trinta vezes, repense novamente e monte a coisa na cabeça antes de tomar a decisão final, mas depois que tomou a decisão agarre-a com unhas e dentes e não olhe para trás” (DORNELAS, 2007, p. 85). Trabalhe muito. Tenha visão de longo prazo. Conheça a fundo onde está pisando. Seja otimista e prepare-se muito bem antes de iniciar o negócio. Estude o projeto antes de abrir a empresa. Faça análise de mercado. Avalie seus custos. Tenha garra e força de vontade. Acredite nas suas ideias, mas faça um planejamento e um cronograma das suas atividades. • Oportunidade: “Entendo que, para empreender, além da sorte, da boa oportunidade e da visão, temos que ter a calma suficiente para 160 analisar as questões, delimitar riscos e, só então, mergulhar de cabeça” (DORNELAS, 2007, p. 87). Se estiver descontente com o seu cotidiano, mude-o, assim terá paixão por aquilo que faz, para tanto esteja sempre atento às oportunidades. Não se iluda inventando uma oportunidade, oriente-se pelo mercado. Esteja preparado e atento para aproveitar as chances que aparecem, sem se esquecer de analisar o mercado que muda constantemente. Por fim, saiba que «as pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, as criam” (DORNELAS, 2007, p. 87). “Boas ideias não são necessariamente oportunidades, e não saber distinguir umas das outras é uma das grandes causas de insucesso” (DOLABELA, 1999, p. 4). ATENÇÃO • Conhecimento e gestão: “Se tiver uma ideia, coloque-a em prática. Mas faça algo novo, inexistente e diferenciado no mercado, e acima de tudo, para o bem-estar sociale com desenvolvimento sustentável” (DORNELAS, 2007, p. 87). Trabalhe de forma honesta e com ética. Surpreenda o cliente. Conheça o mercado. Invista em preparação acadêmica. Ouça o seu instinto empreendedor. Saiba que empreender é ser um pouco administrador, um pouco executor e um pouco gestor. • Dedicação e paixão pelo que faz: “Conheça claramente as regras do jogo em que você vai atuar, não acumule dívidas, prepare-se para trabalhar como um louco e não se iluda: se der errado, a culpa foi sua» (DORNELAS, 2007, p. 88). Tenha disposição para investir seu tempo a abdicar da vida pessoal pela empresa. Acredite no que você quer e persista, persista. Faça o que você gosta, pois o que é feito por obrigação não dá certo. Além de dedicação, seja otimista. Esteja ali por causa de um sonho. Lembre-se que quando o jogo está difícil, não é momento de desistir. O empreendedor é obstinado, apaixonado, desprendido e nunca desiste ao primeiro obstáculo. • Equipe: «A colaboração de pessoas qualificadas é uma das colunas que suportam o empreendimento” (DORNELAS, 2007, p. 89). Divida responsabilidades e opiniões. Não faça as coisas sozinho. Seja ousado, aberto a mudanças e cerque-se de pessoas melhores que você mesmo. • Recursos e riscos: “É preciso, antes de mais nada, saber tomar decisões arriscadas e difíceis. Para isso, é necessário ter muita determinação e coragem. Para o negócio valer a pena, é preciso se sentir bem com o 161 que faz” (DORNELAS, 2007, p. 90). Ao utilizar capital próprio, tome muito cuidado, sacrifique-se e sue a camisa, pois ao se endividar e mergulhar em dificuldades, é possível perder o objetivo de vista, o desespero aparecer e o sonho acabar sendo vendido. Tentar é a melhor forma de saber se algo é possível, e para isso será preciso assumir alguns riscos, porém não abra mão de fazer análises e ter uma reserva para se isentar das turbulências de mercado. • Diversos: Seja um bom vendedor. Tenha networking. Acredite em você, respeite seus parceiros e seja leal. Trabalhe com ética e honestidade. Tenha perseverança e humildade. E Thiel (2014, p. 12-13) complementa dizendo que quando pensamos no futuro, esperamos um futuro de progresso. Esse progresso pode assumir uma das duas formas. O progresso horizontal ou extensivo significa copiar coisas que funcionam — ir de 1 a n. Ele é fácil de imaginar porque já conhecemos sua aparência. O progresso vertical ou intensivo significa criar coisas novas — ir de 0 a 1. Este é mais difícil de imaginar porque requer fazer algo que ninguém fez antes. Se você pega uma máquina de escrever e fabrica cem, fez um progresso horizontal. Se você tem uma máquina de escrever e desenvolve um processador de texto, fez um progresso vertical. Quadro 3 – Progresso horizontal vs progresso vertical Progresso horizontal ou extensivo Copiar coisas que funcionam Progresso vertical ou intensivo Fazer coisas novas FONTE: Thiel (2014, p. 12) O que Thiel (2014) quer dizer e o que o Quadro 3 representa é que há duas formas de empreender e começar um negócio ou uma ação dentro de uma empresa já existente (sendo você funcionário dela). Uma é optando por copiar o que já existe, o que lhe dará um progresso horizontal, e não há nada de inovador nisso, porém há uma certa garantia de que se os outros estão fazendo e se eu fizer tão bem quanto eles, também poderei – quem sabe – ter sucesso. Um exemplo disso é a plataforma 162 de mídia social TikTok e a função Reels, serviço oferecido pelo Instagram. A rede social on-line de compartilhamento de fotos e vídeos, Instagram, percebeu uma ligeira concorrência ao surgir o TikTok, um aplicativo de mídia para criar e comparti- lhar vídeos curtos, e que começou a se tornar febre entre muitos jovens e diversas pessoas ao redor do mundo. Ao invés de o Instagram efetuar um progresso vertical, criando um serviço inovador para atender seus clientes, ele decidiu implantar em sua plataforma um sistema similar ao TikTok, e o chamou de Reels. O Instagram, com essa empreitada, foi de 1 a n, pois fez o que era familiar. Já o TikTok, ao ser lançado, foi de 0 a 1, conforme Thiel propõe, isso porque a empresa criou algo novo, e «o ato de criação é singular, assim como o momento da criação e o resultado é algo original e estranho» (THIEL, 2014, p. 8). Não há certo e errado para isso, há apenas constatações. Ao criar o Reels, o Instagram passou a competir com o TikTok, com o objetivo de não perder o seu público e, quem sabe, também conquistar novos usuários. Contudo, se você quer fazer algo diferente e proporcionar ao mercado algo novo, então o progresso vertical faz mais sentido. Figura 18 – Processo empreendedor: ideias = problemas + pensamento + solução FONTE: https://bit.ly/3DWDfHq. Acesso em: 9 ago. 2022. De acordo com a Figura 18, o Processo Empreendedor pode, também, partir do pressuposto de que uma ideia de negócio surja ao verificarmos um problema no mercado, isto é, um desejo ou uma necessidade dos consumidores que não estão sendo atendidos. Diante disso, o empreendedor pensa em como poderá resolver essa questão, e ao encontrar a solução tem uma proposta de empreendimento em mãos. Por fim, como instrução adicional, Dornelas (2007) expõe os principais erros dos empreendedores de primeira viagem, sendo eles: 163 • Recursos: não dar a devida atenção para os recursos necessários que irão fazer o negócio acontecer. • Fluxo de caixa: não entender ou gerenciar mal o caixa da empresa. • Investimentos: acreditar que o investimento inicial é o único capital financeiro que a empresa irá precisar. «Na verdade, todo negócio precisa do investimento inicial e recursos adicionais até chegar ao ponto de equilíbrio» (DORNELAS, 2007, p. 93). • Ciclo de vendas: considerar que nas negociações haverão os clientes maus pagadores, que não conseguem arcar com a responsabilidade assumida, por algum motivo. Enquanto esse problema não se resolver, haverá dificuldades no caixa da empresa que podem causar prejuízos no negócio, e para minimizar esses impactos é importante ter um planejamento financeiro que considere perdas percentuais decorrentes de pagadores duvidosos. • Foco vs Diversificação: para ver a empresa crescer rapidamente e ter sucesso, muitos empreendedores buscam vender novos produtos ou versões de produtos para serem colocadas no mercado, no entanto, ainda formando o seu público-alvo, é fundamental ter foco no início, controlar os recursos da empresa (agradar o cliente e depois se endividar não é a solução). Além disso, é preciso ter ciência do nicho de mercado que está sendo abordado. E, claro, depois de a empresa estar estabelecida no seu segmento, ela pode partir para ações de diversificação. • Empreendedores não ganham escala: alguns empreendedores têm sucesso inicial e com isso acham que terão competência para tocar o negócio, sendo controladores e se baseando no sucesso passado. Isso é um risco e um desafio para as empresas crescerem. A solução é contratar bons profissionais para ajudarem no desenvolvimento da organização. • Agilidade vs Controle: o momento de ser ágil ou o momento de ser controlador é um dilema. Não existe uma regra a ser seguida. No entanto, conforme a empresa cresce, o negócio vai se consolidando, e, assim, se torna mais organizado e controlado. Logo, o começo de um empreendimento tende a ser mais ágil. • Ansiedade por resultados: esse ponto pode estragar muitos negócios bons. Qual o momento de colher frutos? Isso vai dar certo? Vai demorar muito para os resultados aparecerem? Bom, no curto prazo, provavelmente a maioria dos negócios não trarão resultados, afinal eles têm um ciclo de vida natural e que deve ser respeitado, sendo assim a expansão rápida é prejudicial, pois a queda pode ser rápida também. 164 A fim de começar um negócio da maneira mais tranquila possível, espera- se que o empreendedor: • identifique ideias; • avalie oportunidades; • elabore um plano de negócios/planejamentopara o empreendimento tomar forma e abrir suas portas; • efetue o levantamento dos recursos necessários; • identifique e viabilize investimentos; • contrate profissionais capacitados e delegue funções para a empresa criada. Assim, empreender poderá ser divertido e rentável. LEITURA COMPLEMENTAR EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS Robson Paulo Ribeiro Ferras Fernando César Lenzi Silvio Roberto Stefano Flávio Ramos 2.2 CULTURA EMPREENDEDORA CORPORATIVA A cultura de uma organização pode ser entendida como o conjunto de fatores subjetivos que influenciam sua forma de agir como, por exemplo, as suposições que se demonstraram eficientes na resolução de problemas e que, por isso, foram consagradas na organização, configurando, assim, as práticas organizacionais (SCHEIN, 1985, 1999). Em linhas gerais, a cultura organizacional é construída a partir das pessoas que compõem a organização. A cultura intraempreendedora, por sua vez, é caracterizada pela postura dos gestores em incentivar práticas organizacionais inovadoras e pelo comprometimento dos profissionais em contribuir para o desenvolvimento da organização, através da geração de inovações que impactem em melhorias dos produtos, serviços, processos ou do ambiente interno (DRUCKER, 1987; FESTA, 2015). 165 Para que a cultura intraempreendedora seja desenvolvida, as estratégias organizacionais devem estar pautadas em motivar os profissionais a promoverem ações inovadoras (DORNELAS, 2003; FESTA, 2015). Segundo Filion (2004), tais ações são possíveis em todos os níveis hierárquicos, sendo que o fluxo de ideias pode ocorrer de baixo para cima, por iniciativa dos intraempreendedores, ou de cima para baixo, por iniciativa dos gestores. Nesse processo, a postura da administração é um dos principais fatores impactantes na cultura intraempreendedora, já que pode flexibilizar o ambiente às ações inovadoras ou, em caminho inverso, dificultar sua difusão (PINCHOT, 1985; FUMAGALLI; DEL CORSO; SILVA; COSTA, 2015). Quando a inovação se torna uma diretriz organizacional, os intraempreendedores ganham espaço para desenvolver ideias inovadoras (FILION, 2004). Normalmente, os intraempreendedores são os primeiros a se inserirem no contexto das inovações e, muitas vezes, acabam estimulando a integração dos demais funcionários. Isso ocorre porque as práticas inovadoras podem causar sinergias que contagiam a todos na organização (LENZI; LANA; ORLANDI; CAMARGO; BRANCO, 2013). Visando estimular o processo inovador, a organização deve criar estímulos que articulem o potencial dos empreendedores corporativos às características organizacionais, fortalecendo a integração entre os profissionais e a organização (LENZI et al., 2011; FESTA, 2015). Mesmo sabendo-se que a inovação nas organizações não depende exclusivamente de ações planejadas, mas também da iniciativa inovadora dos profissionais (PINCHOT, 1985), um processo de inovação estruturado possibilita a canalização do potencial intraempreendedor da organização aos objetivos pré-definidos (PINCHOT; PELLMAN, 2004; SEIFFERT, 2005). Tal estruturação deve incorporar ações canalizadas à construção de um ambiente inovador, uma vez que a existência de um clima favorável à inovação reflete no desenvolvimento de uma cultura pautada no intraempreendedorismo (SCHEIN, 1985, 1999; HISRICH; PETERS, 2004; PINCHOT; PELLMAN, 2004; HASHIMOTO; ANDREASSI; ARTES; NAKATA, 2010; PISCOPO, 2010; FESTA, 2015). Considerando que a falta de flexibilidade é a maior barreira à inovação existente nas organizações (FESTA, 2015), o desenvolvimento da cultura intraempreendedora requer a criação de um espaço para adoção de estratégias voltadas ao estímulo de ações empreendedoras corporativas (SEIFFERT, 2005; PISCOPO, 2010). Moriano, Topa, Valero e Lévy (2009) buscaram evidenciar os elementos que influenciam a cultura intraempreendedora. Para os autores, a conduta intraempreendedora é influenciada por cinco fatores: a) o apoio da direção ao desenvolvimento de ideias voltadas a melhorias organizacionais; b) a liberdade concedida aos funcionários para a execução de suas atividades; c) a criação de um 166 sistema de recompensas às ideias inovadoras; d) a disponibilização de tempo para execução das ideias; e, e) as incertezas inerentes nas tarefas desenvolvidas. Os resultados apresentados na pesquisa de Moriano et al. (2009) demonstram que a conduta intraempreendedora é mediada pela identificação organizacional. Dessa forma, os profissionais que se identificam com a organização são mais propensos a assumir riscos e a inovar, gerando com isso benefícios organizacionais. Nem todas as organizações intraempreendedoras sempre possuíram tal perfil. Assim, uma organização pode vir a desenvolver a cultura intraempreendedora, uma vez que as características inerentes ao conceito podem ser adquiridas através da criação de estímulos à inovação (PINCHOT, 1985; FESTA, 2015). 2.3 A UNIVERSIDADE PÚBLICA COMO ESPAÇO AO EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO Intraempreendedorismo público é definido por Roberts (1992) como o desenvolvimento de ideias inovadoras articuladas com a realidade do setor público. As discussões sobre o intraempreendedorismo nesse setor têm sido impulsionadas pela busca da eficiência na administração pública, traduzida por fatores como a qualidade dos serviços ofertados, a aplicação eficiente dos recursos, a promoção de desenvolvimento social, entre outros (BELLONE; GOERL, 1992). As instituições públicas, assim como vem ocorrendo nas organizações privadas, também podem desenvolver o conceito em seus ambientes, buscando otimizar suas rotinas, melhorar o desempenho e aumentar a qualidade de seus serviços, proporcionando maior satisfação a seus usuários (DORNELAS, 2003; WOLF et al., 2011; NIENKOETTER; CRUZ, 2012). Dentre as organizações públicas, evidencia-se o caso das instituições de Ensino Superior, objeto deste estudo. De acordo com Souza (2008), as universidades são organizações intensivas em conhecimento, o que significa que esse ativo intangível é a matéria-prima principal para os produtos e serviços ofertados por essas instituições. A existência de profissionais orientados para a busca do conhecimento torna o ambiente universitário propício à participação desses servidores na resolução dos problemas organizacionais, o que caracteriza um espaço para a ação intraempreendedora. Contudo, repensar as organizações públicas pelo enfoque do empreendedorismo corporativo requer a superação de algumas barreiras impostas pelo próprio formato do sistema administrativo dessas organizações. A falta de flexibilidade para a incorporação de mudanças nos processos organizacionais dificulta a difusão de ações inovadoras nas instituições e é uma dessas barreiras impostas (FILION, 2004; PIRES; MACÊDO, 2005; BERNIER; HAFSI, 2007). 167 O contexto organizacional das instituições públicas é visto por Bernier e Hafsi (2007) como paradoxal, uma vez que apresenta potencialidades que podem ser exploradas em prol do desenvolvimento de um ambiente inovador. Em caminho antagônico, esse contexto está associado ao conservadorismo, à rotina comportamental, à aversão ao risco, decorrente da estabilidade funcional e à falta de iniciativa. O desafio ao desenvolvimento do empreendedorismo corporativo em instituições públicas está, portanto, em identificar as potencialidades intraempreendedoras existentes na instituição e canalizá-las para a construção de um ambiente inovador, superando as barreiras decorrentes do formato organizacional público, sem infringir os aspectos legais. Fonte: FERRAS, R. P. R.; LENZI, F. C.; STEFANO, S. R.; RAMOS, F. Empreendedoris- mo Corporativo em Organizações Públicas. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, [s. l.], v. 7, n. 2, p. 31-66, 2018. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3205478. Acesso em: 9. ago. 2022. 168 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu: • Seria possívelensinar a empreender? Pois é, essa questão intriga algumas pessoas, no entanto, com base no processo empreendedor, é possível identificar fases que um empreendimento deve passar para abrir suas portas e buscar bons resultados. • É preciso compreender as quatro fases do processo empreendedor: a identificação e avaliação da oportunidade; o desenvolvimento do plano de negócios; a determinação e a captação dos recursos necessários; e o gerenciamento da empresa criada. • Ao identificar essas fases, o empreendedor pode se guiar por elas a fim de efetivar seu negócio sem tantos contratempos, minimizando os prejuízos e otimizando a abertura de uma empresa de sucesso. • Para empreender, além de se orientar pelo processo empreendedor, é preciso que o indivíduo acompanhe o seu negócio, esteja sempre ciente das necessidades da empresa e quando necessário busque apoio de profissionais competentes para ajudar no desenvolvimento da organização. 169 AUTOATIVIDADE 1. Dornelas (2007) nos lembra que o processo empreendedor é apenas parte do desenvolvimento de um negócio, pois uma administração em- preendedora é importante em todos os estágios de uma empresa. Con- siderando as fases do processo empreendedor, sobre qual é a primeira delas, assinale a alternativa CORRETA: DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo na prática: mitos e verdades do empreendedor de sucesso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. a. ( ) Identificar e avaliar a oportunidade. b. ( ) Plano de negócios. c. ( ) Gerenciamento empresarial. d. ( ) Elaboração de estratégias de divulgação e vendas. 2. Uma das partes que pode ser mais trabalhosa no processo empreendedor, dentre as quatro fases, é o plano de negócios, principalmente para os empreendedores de primeira viagem. Com base no plano de negócios, analise as sentenças a seguir: I. Nessa etapa do processo empreendedor, serão analisadas as oportunidades para a empresa em relação aos riscos e retornos que poderão ser obtidos. II. É uma das fases em que o empreendedor busca o melhor gerenciamento da empresa a partir do estilo de gestão que a impulsionará rumo ao sucesso empresarial. III. Neste estágio o empreendedor definirá a essência da empresa, a estratégia do negócio, o mercado e a concorrência. Assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) As sentenças I e II estão corretas. b. ( ) Somente a sentença II está correta. c. ( ) As sentenças I e III estão corretas. d. ( ) Somente a sentença III está correta. 170 3. Para que o processo empreendedor funcione da melhor maneira possível, o empreendedor deve ter e adotar algumas características que propiciam isso. De acordo com os aspectos fundamentais para o sucesso empreendedor, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O empreendedor precisa saber a hora de delegar tarefas, pois é um grande risco ser responsável por todas as ações da empresa. ( ) Foco: as tomadas de decisões dentro da empresa devem ser todas supervisionadas pelo empreendedor, este que precisa ser o responsável por todas as atividades que a empresa desenvolve. ( ) Expandir e fortalecer a sua rede de contatos é importante para tornar- se conhecido no setor, melhorando o seu networking. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: e. ( ) V – F – F. f. ( ) V – F – V. g. ( ) F – V – F. h. ( ) F – F – V. 4. Começar um negócio pode ser o sonho ou a necessidade de um empreendedor, no entanto, por mais que o empreendimento seja simples, alguns recursos e investimentos serão necessários para que a empresa abra as suas portas e passe a oferecer produtos ou serviços para os consumidores. Disserte sobre a necessidade e importância de identificar boas fontes de investimento e financiamento para um negócio. 5. No processo empreendedor uma ideia de negócio surge, diante disso o empreendedor investigará formas de solucionar problemas da sociedade a partir da oferta de produtos e serviços. Contudo, alguns empreendedores de primeira viagem cometem erros ao darem os primeiros passos na abertura do seu negócio. Nesse contexto, disserte sobre os principais erros que os empreendedores de primeira viagem cometem: 171 REFERÊNCIAS AVON. G. Avon Datas Especiais, 20 dez. 2013.Avon vem aí para a Copa 2014. Disponível em: avondatasespeciais.blogspot.com/2013/12/golaco-avon-vem-ai- -para-copa-2014.html. Acesso em: 7. ago. 2022. AVON COSMÉTICOS LTDA. A Avon. Avon, 2021. Disponível em: https://www.avon. com.br/institucional/a-avon?sc=1. Acesso em: 7 ago. 2022. BONAVENTURA, A. Oficina da Net, 23 mai. 2022. Lente macro, telefoto, ultrawide e mais: entenda as câmeras de celular. Disponível em: https://www.oficinadanet. com.br/smartphones/36853-quais-sao-as-lentes-de-celular. Acesso em: 7 ago. 2022. CARDOSO, G. Mude, você, o mundo! São Caetano do Sul, SP: Lura Editorial, 2015. COSTA, A. M.; CERICATO, D.; MELO, P. A. de. Empreendedorismo corporativo: uma nova estratégia para a inovação em organizações contemporâneas. Revista de Negócios, Blumenau, v. 12, n. 4, p. 32–43, out./dez. 2007. COVIN, J.; MILES, M. Corporate entrepreneurship and the pursuit of competitive advantage. Entrepreneurship Theory and Practice, [s. l.], v. 23, n. 3, p. 47-64, 1999. DOLABELA, F. E depois da incubação? Uma metodologia inédita de clube de empreendedores para apoio às empresas emergentes de base tecnológica. In: WORLD CONFERENCE ON INTERNATIONAL ENTREPRENEURSCHIP, Singapure, 1999. Anais [...] Singapure, 1999. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo corporativo: como ser empreendedor, inovar e se diferenciar em organizações estabelecidas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo corporativo. 2. ed. Rio de Janeiro: El- sevier, 2008. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo na prática: mitos e verdades do em- preendedor de sucesso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 6. ed. São Paulo: Empreende/Atlas, 2016. 172 DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor (entrepreneurship): práti- ca e princípios. São Paulo: Pioneira Thomson, 2003. FERNANDES, D. V. D. H.; SANTOS, C. P. dos. Orientação empreendedora: um estu- do sobre as consequências do empreendedorismo nas organizações. RAE-ele- trônica, [s. l.], v. 7, n. 1, art. 6, jan./jun. 2008. HASHIMOTO, M. Espírito empreendedor nas organizações: aumentando a competitividade através do intraempreendedorismo. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. HELDER, D. Tecnoblog, 11 dez. 2021. Adeus, câmeras profissionais. Disponível em: https://tecnoblog.net/especiais/adeus-cameras-profissionais/. Acesso em: 7 ago. 2022. HITT, M. A. et al. Empreendedorismo Corporativo e Fertilização Multifuncional: ati- vação, processo e desintegração de uma equipe de design de novo produto. Teo- ria e Prática do Empreendedorismo, [s. l.], v. 23, n. 3, p. 145–168, 1999. LENZI, F. C. Os empreendedores corporativos nas empresas de grande por- te dos setores mecânico, metalúrgico e de material elétrico/comunicação em Santa Catarina: um estudo da associação entre tipos psicológicos e compe- tências empreendedoras reconhecidas. Tese (doutorado em Administração) – Fa- culdade de Economia, Administração e Contabilidade. Universidade de São Paulo, 2008. P. 126. MARCONDES, R. C.; BERNARDES, C. Criando empresas para o sucesso. 2. ed. São Paulo: Futura, 2000. MILLER, D.; FRIESEN, P. H. Innovation in Conservative and Entrepreneurial Firms: Two Models of Strategic Momentum: Summ. Strategic Management Journal (pre-1986), [s. l.], v. 3, n. 1; jan./mar. 1982. NEUMAM, C. Uol, 31 mar. 2014.Empresas usam produtos verde-amarelos e apro- veitam Copa sem licença da Fifa. Disponível em: https://economia.uol.com.br/no- ticias/redacao/2014/03/31/empresas-usam-produtos-verde-amarelos-e-apro- veitam-copa-sem-licenca-da-fifa.htm. Acesso em: 7 ago. 2022. SAUSEN, F. P.; ROSSETTO, C. R.; BEHLING, H. P. Tipologias de inovação: um estu- do exploratório em organizações empreendedoras.Revista de Administração IMED, Passo Fundo, v. 8, n. 2, p. 183–202, jul./dez. 2018. 173 SHANE, S., VENKATARAMAN, S., The promise of entrepreneurship as a field of re- search, Academy of Management. The Academy of Management Review, [s. l.], v. 25, n. 1, p. 217–226, jan. 2000. SILVA, F. A. da. Ponto de inflexão. São Paulo: BUZZ, 2019. THIEL, P. De zero a um: o que aprender sobre empreendedorismo com o Vale do Silício. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. TORRES, V. Empreendedorismo corporativo: o que é? Quais as principais compe- tências e como se aplica? Contabilizei.blog, 30 dez. 2021.Disponível em: https:// www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/empreendedorismo-corporativo/. Acesso em: 8 ago. 2022. _heading=h.gjdgxs EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO SOCIAL SOBRE O EMPREENDEDORISMO 1 INTRODUÇÃO 2 O QUE É EMPREENDEDORISMO 4. 1 CASE 3 – DOLADO 4 FORMAS DE EMPREENDER 3 QUEM É EMPREENDEDOR 2.2 CASE 2 – EMPREENDEDORES CRESCEM EM MEIO À PANDEMIA COM TRANSFORMAÇÃO DOS NEGÓCIOS 2.1 CASE 1 – CULINÁRIA VENEZUELANA RESUMO DO TÓPICO 1 autoatividade INOVAÇÃO X INVENÇÃO 1 INTRODUÇÃO 2 O QUE É INOVAÇÃO 4 DIFERENÇAS ENTRE INOVAÇÃO E INVENÇÃO 3 O QUE É INVENÇÃO RESUMO DO TÓPICO 2 autoatividade INOVAÇÃO SOCIAL 1 INTRODUÇÃO 2 O QUE É INOVAÇÃO SOCIAL 2.5 MUDANÇAS NO CENÁRIO E SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA 2.4 INOVAR PARA O CRESCIMENTO 2.3 OS PRIMEIRO DESAFIOS 2.2 O INÍCIO DA HISTÓRIA SIVET 2.1 A HISTÓRIA DE UM EMPREENDEDOR 2 DESCRIÇÃO DO CASO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO COMO ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL: UM CASO DE ENSINO LEITURA COMPLEMENTAR 4.2 CASE 2 – PROJETO MÃO AMIGA 4.1 CASE 1 – MICROCRÉDITO 4 CASES SOBRE INOVAÇÃO SOCIAL 3 BENEFÍCIOS DA INOVAÇÃO SOCIAL E O EMPREENDEDORISMO SOCIAL RESUMO DO TÓPICO 3 autoatividade REFERÊNCIAS AMBIENTES QUE FAVORECEM O EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO TÓPICO 1 4 EMPREENDIMENTOS 3 SETORES DA ECONOMIA 2 AMBIENTES QUE FAVORECEM O EMPREENDEDORISMO 1 INTRODUÇÃO RESUMO DO TÓPICO 1 AUTOATIVIDADE COMO INOVAR DENTRO DO NICHO DE MERCADO QUE ATUO 1 INTRODUÇÃO 2 AMBIENTES QUE FAVORECEM A INOVAÇÃO 4 COMO CRIAR UM AMBIENTE INOVADOR 3 A IMPORTÂNCIA DO INCENTIVO À INOVAÇÃO 2.1 CASE: GREEN MOUNTAIN – TORRADEIRAS DE CAFÉ RESUMO DO TÓPICO 1 AUTOATIVIDADE O PODER DO FOCO E DA INOVAÇÃO 1 INTRODUÇÃO 2 FOCO NOS NEGÓCIOS PARA O CRESCIMENTO 2 CRIAÇÃO DE VANTAGEM COMPETITIVA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES INOVAÇÃO ABERTA COMO UMA VANTAGEM COMPETITIVA PARA A MICRO E PEQUENA EMPRESA LEITURA COMPLEMENTAR 4 COMO CRIAR UM NEGÓCIO INOVADOR 3.1 CASE CARBON PLAY 3 A INOVAÇÃO COMO FATOR PARA DIFERENCIAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE UM NEGÓCIO RESUMO DO TÓPICO 3 AUTOATIVIDADE REFERÊNCIAS ORGANIZAÇÕES EMPREENDEDORAS, EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO E PROCESSO EMPREENDEDOR 2 IDENTIFICANDO UMA ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 4 O IMPACTO DAS ORGANIZAÇÕES EMPREENDEDORAS NO MERCADO 3 A IMPORTÂNCIA DE SER UMA ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA RESUMO DO TÓPICO 1 AUTOATIVIDADE 1 INTRODUÇÃO 2 O QUE É O EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO 4 COMO SER UM EMPREENDEDOR CORPORATIVO 3 A IMPORTÂNCIA DO INTRAEMPREENDEDORISMO RESUMO DO TÓPICO 2 AUTOATIVIDADE 1 INTRODUÇÃO 2 AS FASES DO PROCESSO EMPREENDEDOR TÓPICO 3 2.3 A UNIVERSIDADE PÚBLICA COMO ESPAÇO AO EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO 2.2 CULTURA EMPREENDEDORA CORPORATIVA EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS LEITURA COMPLEMENTAR 4 EMPREENDENDO NA PRÁTICA 3 A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO EMPREENDEDOR RESUMO DO TÓPICO 3 AUTOATIVIDADE REFERÊNCIAS