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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA 2º Ano Disciplina: PLANEAMENTO E CONTROLO FINANCEIRO Código: ISCED22-ADMCFE009 Total Horas/1o Semestre: 125 Créditos (SNATCA): 6 Número de Temas: O SUPER INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- ISCED ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 823055839 Fax:23323501 E-mail: isced@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz mailto:isced@isced.ac.mz http://www.isced.ac.mz/ ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro ii Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela Coordenação Pelo design Direcção Académica do ISCED Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da Educação a Distância (IAPED) Elaborado Por: João Calenga e Licenciado em Gestão de Empresas ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro iii Índice Visão geral 1 Benvindo à Disciplina/Planeamento e Controlo Financeiro ............................................. 1 Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 Ícones de actividade ......................................................................................................... 4 Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 8 Avaliação ........................................................................................................................... 8 TEMA – I: PLANEAMENTO E CONTROLO FINACEIRO 11 UNIDADE Temática 1. Planeamento Empresarial ........................................................... 11 Introdução ....................................................................................................................... 11 Planeamento Empresarial ............................................................................................... 14 TEMA II. Empresa Como Sistema 28 TEMA III. Planeamento Financeiro 30 Introdução ....................................................................................................................... 30 Exercícios de auto-avaliação ........................................................................................... 55 Resumo ........................................................................................................................... 59 Referências Bibliográficas ............................................................................................... 61 TEMA IV. Orçamento Empresarial 62 Introdução ....................................................................................................................... 62 Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 95 Referências Bibliográficas ............................................................................................... 98 TEMA V. Controlo Orçamental 99 Introdução ....................................................................................................................... 99 Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 130 Referências Bibliográficas ............................................................................................. 132 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 1 Visão geral Benvindo à Disciplina/Planeamento e Controlo Financeiro Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Planeamento e Controlo Financeiro deverá ser capaz de: elaborar um Orçamento financeiro de pequena complexidade e destacar seus pontos prioritários para avaliação dos resultados. Objectivos Específicos Compreender o processo de planeamento e controlo financeiro, incluindo os planos financeiros de longo prazo (estratégicos) e os planos financeiros de curto prazo (Operacionais); Discutir o processo de planeamento de caixa e a preparação, avaliação e a utilização do Orçamento de caixa; Explicar os procedimentos para elaboração e avaliação das demonstrações financeiras; Apresentar os modelos de controlo financeiro adoptados pelas empresas. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Contabilidae e Auditoria do ISCED e outros como Gestão de Rcursos Humanos, Administração, etc. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 2 sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. Como está estruturado este módulo Este módulo de Planeamento e Controlo Financeiro, para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina/módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes caracteristicas: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algunas incluido estudo de caso. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro3 Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recóndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD- ROOM, DVD. Para elém deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas caracteristicas: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 4 Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico- Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamó-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes eeficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 5 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudarpor tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descansoà mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 6 Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalhjo intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder as questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobretudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 7 Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas,etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Daí a relevância da comunicação no Ensino à Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante-Tutor, estudante-CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com o staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntosde natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos à distância, é de muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidades temáticas, no módulo. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 8 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1é uma viloção do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Como é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. 1Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 9 Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10% do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhadamente do regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou módulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 11 TEMA – I: PLANEAMENTO E CONTROLO FINACEIRO UNIDADE Temática 1: Planeamento Empresarial UNIDADE Temática 2: Empresa como Sistema UNIDADE Temática 3: Planeamento Financeiro UNIDADE Temática 4: Orçamento Empresarial UNIDADE Temática 5: Controlo Financeiro UNIDADE Temática 1. Planeamento Empresarial Introdução Para um melhor entendimento do planeamento e controlo financeiro vamos começar com um exemplo apresentado por ROSS et al (2000): “EM ABRIL DE 2008, a Pacific Ethanol, uma empresa californiana de biocombustível, anunciou um prejuízo além do esperado no quarto trimestre do ano anterior. A Pacific Ethanol é conhecida por ter um director-presidente que foi secretário de Estado da Califórnia por oito anos e porque, entre seus investidores, encontram-se nomes famosos como Bill Gates. É claro que nada disso garante bons resultados. Vários factores afectaram o desempenho financeiro da empresa. A superexpansão da indústria relativamente nova do etanol fez os preços caírem. Em razão disso, fazendeiros plantaram menos milho (do qual o etanol norte-americano é feito), resultando em matéria-prima mais cara. Por fim, as dívidas relativamente altas da Pacific Ethanol exigiam grandes somas para o pagamento de juros, resultando em um desempenho ainda pior. De facto, a Pacific Ethonol foi forçada a procurar uma injecção de caixa de fora da empresa. E ela não estava sozinha. A Cargill e a Vera-Sun Energy descartaram planos de novas usinas, e a Central Illinois Energy foi forçada a solicitar recuperação ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 12 judicial”. Esses exemplos mostram quão é importante e vital uma gestão crescimento de uma empresa ou organização. Esta unidade temática enfatiza a importância do planeamento para o futuro e discute algumas ferramentas que as empresas usam para refletir sobre o crescimento e administrá-lo. O planeamento financeiro estabelece orientações para a mudança e o crescimento de uma empresa. Normalmente, ele se concentra no contexto geral. Isso significa que ele se preocupa com os principais elementos das políticas de investimento e financiamento de uma empresa, sem examinar detalhadamente seus componentes individuais. Em primeiro lugar, descrevemos o que quer dizer planeamento financeiro. Falaremos principalmente sobre planeamento de longo prazo. O planeamento de curto prazo será discutido posteriormente. Nesta unidade temática examinaremos o que pode ser realizado pela empresa com o desenvolvimento de um plano financeiro de longo prazo. Para isso, desenvolvemos uma técnica de planeamento de longo prazo simples, mas útil: a abordagem da percentagem de vendas. Descreveremos como aplicar essa abordagem em alguns casos simples e discutiremos algumas de suas variações. Para desenvolver um plano financeiro explícito, a alta administração de uma empresa deve estabelecer alguns elementos básicos da sua política financeira (ROSS et al, 2000:94): 1. O investimento necessário em novos activos. Isso surgirá das oportunidades de investimentos escolhidas e é resultado das decisões de orçamento de capital tomadas pela empresa. 2. O grau de alavancagem financeira que a empresa escolhe empregar. Isso determinará o montante de dívidas que a empresa usará para financiar seus investimentos em activos ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 13 reais. Essa é a política para sua estrutura de capital. 3. O montante de caixa considerado necessário e apropriado para pagar aos acionistas. Essa é a política de dividendos da empresa. 4. O montante de liquidez e capital de giro necessário para suas operações continuadas. Essa é a decisão sobre o capital de giro da empresa. As decisões tomadas por uma empresa nessas quatro áreas afectarão directamente a sua lucratividade futura,a necessidade de novos financiamentos de fontes externas à empresa e as suas oportunidades de crescimento. De acordo com o autor citado acima os planeadores financeiros têm nada menos do que seis Ps: Proper Prior Planning Prevents Poor Performance (planeamento adequado com antecedência evita desempenho ruim). O planeamento financeiro força a empresa a pensar em objectivos. Um objetivo bastante cobiçado pelas empresas é o crescimento, e quase todas as empresas definem uma taxa de crescimento explícita a ser buscada por todas as suas unidades como o principal componente de seu planeamento financeiro de longo prazo. Por exemplo, em Setembro de 2007, a Toyota Motor anunciou que havia planeado vender aproximadamente 9,8 milhões de veículos em 2008 e 10,4 milhões em 2009, tornando-se o primeiro fabricante de automóveis a vender mais de 10 milhões de veículos em um ano. Na ocasião, a General Motors detinha o recorde de vendas de automóveis, com 9,55 milhões de unidades vendidas em 1978. Existem ligações directas entre o crescimento que uma empresa pode atingir e sua política financeira. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 14 Objectivos específicos Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Definir, precisamente, o planeamento da empresa; Diferenciar entre planeamento, previsão, predição, resolução de problemas e o plano; Caracterizar os diferentes tipos de planeamento e os níveis de responsabilidade; Utilizar o conhecimento sobre a relação existente entre o volume de vendas e a rendibilidade sob diferentes condições operacionais para estabelecer um plano operacional de qualquer empresa; Utilizar o modelo do ponto crítico, para estimar a capacidade a instalar numa empresa, ou a utilizar em função do objectivo de vendas definido; Aplicar métodos, técnicas e conceitos econômico-financeiros no planeamento dos recursos empresariais, trabalhando em diferentes cenários e ambientes organizacionais de uma empresa; Desenvolver acções de planeamento, avaliação e gestão de pessoas e processos referentes a negócios e serviços presentes em organizações públicas ou privadas de todos os portes e ramos de actuação. Planeamento Empresarial O planeamento constitui a primeira etapa do processo administrativo que vem antes da execução de qualquer actividade. Segundo Oliveira (2009), existe certa dificuldade em conceituar Planeamento, no entanto, ele estabelece que existem cinco dimensões do planeamento estabelecidas por Steiner(1969:12) que a seguir apresentamos: Assunto abordado – que pode ser produção, pesquisas, novos produtos, finanças, marketing, instalações, recursos humanos, ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 15 etc. Elementos do planeamento – propósitos, objectivos, estratégias, políticas, programas, orçamentos, normas e procedimentos, entre outros. Tempo do planeamento – que pode ser de longo, médio ou curto prazo. Unidade organizacionais onde o planeamento é elaborado – neste caso pode ser planeamento corporativo, de unidades estratégicos de negócios, de subsidiárias, de grupos funcionais, de divisões, de departamentos, de produtos, etc. Características do Planeamento – que podem ser representadas por complexidades ou simplicidade, qualidade ou quantidade, planeamento estratégico ou táctico, confidencial ou público, formal ou informal, económico ou caro. O planeamento na óptima de Oliveira (2009) deve ser conceituado como um processo, considerando os aspectos abordados pelas 5 dimensões anteriormente apresentadas, desenvolvido para o alcance de uma situação futura desejada, de um modo mais eficiente, eficaz e efectivo, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa. O planeamento financeiro não deve ser confundido com previsão, projecção, predição, resolução de problemas ou plano, pois: Previsão: corresponde ao esforço para verificar quais serão os eventos que poderão ocorrer, com base no registro de uma série de probabilidades. Projecção: corresponde à situação em que o futuro tende a ser igual ao passado, em sua estrutura básica. Predição: corresponde à situação em que o futuro tende a ser ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 16 diferente do passado, mas a empresa não tem nenhum controlo sobre seu processo e desenvolvimento. Resolução de Problemas: corresponde a aspectos imediatos que procuram tao-somente a correcção de certas discontinuidades desajustes entre a empresa e as forças externas que lhe sejam potencialmente relevantes. Plano: corresponde a um documento formal que se constitui na consolidação das informações e actividades desenvolvidas no processo de planeamento; é o limite da formalização do planeamento, uma visão estática do planeamento, uma decisão em que a relação custos versus benefícios deve ser observada. Planeamento é a função administrativa que determina antecipadamente quais os objectivos almejados e o que deve ser feito para atingi-los de maneira adequada. É, assim, uma actividade contínua, sistemática e disciplinar que consiste em ordenar e estruturar as tarefas a desenvolver de modo a que se alcance determinados objectivos previamente fixados. É escolher os objectivos, políticas e estratégias de orientações. A figura abaixo representa a estrutura geral do Planeamento. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 17 Uma perspectiva geral do planeamento Objectivos ou Metas da Empresa Plano de Longo Prazo Previsão de vendas de LP % Participação de MercadoProcura Total de Mercado Estratégia de Mix de Produto Previsão de Vendas de CP % Participação de MercadoProcura Total de Mercado Politicas de Produção: - Orçamento de Produção - Orç. de Materiais -Orç de Mão de Obra - Orç de Capital Politicas de Marketing: - Orçamento de Publicidade - Orçamento de Vendas Politicas de Pesquisa e Gestão Geral: - Orçamento de Pesquisa - Orç de Equipas Politicas de Controle Financeiro: - Orçamento de Produtos - Orç. de Filiais -Orç Regionais Demonstrações financeiras previsionais: - Fluxo de Caixa e Orçamento de Tesouraria(Caixa) - Demonstração de Resultados Previsional - Balanço Patrimonial Previsonal Uma perspectiva geral do planeamento Importância e Necessidade Esta função está voltada para a continuidade da empresa e focaliza o futuro. Sua importância reside no seguinte aspecto: sem o planeamento a empresa fica perdida no caos. O planeamento é vital para as demais funções, isto é, sem planeamento, as funções organização, direcção e controle perdem todo o seu efeito. A necessidade do planeamento reside na racionalidade que imprime às decisões. Por racionalidade entende-se a escolha dos meios adequados para atingir determinados objectivos. Através do planeamento, as acções da empresa se tornam racionais, isto é, mais adequadas aos fins propostos. Princípios Fundamentais de Planeamento O planeamento está sujeito a dois princípios que devem ser observados no processo da sua elaboração, a saber: ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 18 a) Princípio da Definição do Objectivo O objectivo deve ser definido de forma clara e concisa para que o planeamento seja adequado. A finalidade do planeamento é determinar como o objectivo deverá se alcançado. Se o objectivo não for claramente definido, o planeamento será muito vago e disperso. b) Princípio da Flexibilidade do Planeamento O planeamento deve ser flexível a fim de poderse adaptar a situações imprevista. Como o planeamento se refere ao futuro, a sua execução deve permitir certa flexibilidade a situações que podem sofrer alterações imprevistas. Oliveira (2009) aponta 4 princípios gerais do planeamento para os quais os executivos deverão estar atentos: a) O princípio da contribuição aos objectivos e, nesse aspecto, o planeamento deve, sempre, visar aos objectivos máximos da empresa. No processo de planeamento devem-se hierarquizar os objectivos estabelecidos e procurar alcançá-los em sua totalidade, tendo em vista a sua interligação; b) O princípio da precedência do planeamento, corresponde a uma função administrativa que vem antes das outras (organização, direcção e controlo); c) O princípio das maiores influências e abrangência, pois o planeamento pode provocar uma série de modificações nas características e actividades da empresa. As modificações podem ser provocadas nas pessoas, tecnologias ou sistemas. Nas pessoas podem corresponder às necessidades de treinamento, substituições, transferências, funções, avaliações etc.; na tecnologia as modificações podem ser representadas pela evolução dos conhecimentos, pelas novas maneiras de fazer os trabalhos, etc.; e nos sistemas podem ocorrer alterações nas responsabilidades estabelecidas, nos níveis de autoridade, ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 19 descentralização, comunicações, procedimentos, instruções etc. d) Os princípios das maiores eficiência, eficâcia e efectividade, neste caso planeamento deve procurar maximizar os resultados e minimizar as deficiências apresentadas pelas empresas. A eficiência é uma medida individual dos componentes das empresas e se consolida pela ocorrência dos segunites aspectos: Fazer as coisas de maneira adequada; Resolver os problemas que surgem; Salvaguardar os recursos aplicados pela empresa; Cumprir os deveres e as responsabilidades estabelecidas; e Reduzir custos. A eficácia é uma medida do rendimento global das empresas e se consolida pela ocorrência dos seguintes aspectos: Fazer as coisas certas, ou seja, fazer o que precisa ser feito; Produzir alternativas criativas paras as várias situações que surgirem nas empresas; Maximizar a utilização de recursos disponíveis; Obter os resultados estabelecidos e esperados nos processos de planeamento das empresas; e Aumentar o lucro da empresa. E efectividade é uma medida do rendimento global das empresas e se consolida pela ocorrência dos seguintes aspectos: Manter-se no mercado; e Apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo (permanentemente). ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 20 Princípios Específicos do Planeamento De acordo com Ackoff (1974:28) citado por Oliveira (2009), existem 4 princípios específicos do planeamento, que passamos a citar: 1. Planeamento participativo: o principal benefício do planeamento não é seu resultado final, ou seja, o plano, mas o processo desenvolvido. Nesse sentido, o papel do respons’avel pelo planeamento não é só elaborá-lo, mas facilitar o processo de sua elaboração pela própria empresa, e este planeamento deve ser realizado pelas áreas pertinentes ao processo; 2. Planeamento coordenado: todos os aspectos envolvidos devem ser projectados de forma que actuem interdependentemente, pois nenhuma parte ou aspecto de uma empresa pode ser planeado eficientemente, se o for de maneira independente de qualquer outra parte ou aspecto da empresa; 3. Planeamento integrado: os vários escalões de uma empresa – de porte médio ou grande – devem ter seus planeamentos integrados. Nas empresas voltadas para o mercado, nas quais os objectivos empresariais dominam os de seus membros, geralmente os objectivos são estabelecidos de “cima para baixo” e os meios para alcançá-los, “de baixo para cima”, sendo este último fluxo usualmente invertido em uma empresa cuja a função primária é a de servir a seus membros. 4. Planeamento permanente: essa condição é exigida pela própria turbulência do ambiente empresarial , pois nenhum plano mantém seu valor e utilidade com o tempo. Segundo Oliveira (2009), é muito importante para o executivo de uma empresa estar atento aos princípios gerais e específicos do planeamento, pois estes lhes proporcionarão base mais sólida para o processo decisório inerente ao processo de planeamento na empresa. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 21 Filosofias do Planeamento De acordo com Ackoff (1974:4) citado por Oliveira (2009), existem 3 tipos de filosofias de planeamento dominantes, sendo que a maioria dos processos envolve uma mistura dos três tipos , embora possa haver predominância de um deles. 1. Filosofia de satisfação: designa os esforços para alcançar um mínimo de satisfação, mas não necessariamente para excedê-lo, sendo que satisfazer é fazer “suficientemente bem”, mas não necessariamente “tão bem quanto possível”. O processo de planeamento começa pela determinação dos objectivos factíveis, resultantes de uma sistemática de consenso político entre os vários centros de poder. Tais objectivos poderão ser de desempenho (quantitativos ou qualitativos); A preocupação básica desta filosofia está no aspecto financeiro, sendo dada grande ênfase ao orçamento e suas projecções. Não é dada grande importância aos demais aspectos do planeamento de recursos – humanos, tecnológicos, equipamentos, materiais, serviços, etc. – porque está subentendido que, com suficiente quantidade de recursos monetários, o restante pode ser obtido; é feita apenas uma única projec,cão para o futuro, sendo ignoradas as possibilidades de outras alternativas. É aplicada em empresas cuja preocupação é a sobrevivência e não o crescimento ou desenvolvimento. 2. Filosofia da optimização: o planeamento não é feito apenas para realizar algo suficientemente bem, mas para fazê-lo tão bem quanto possível. Caracteriza-se pela utilização de técnicas matemáticas e estatísticas, de modelos de simulação e de pesquisa operacional. Nesse caso, os objectivos são formulados em termos quantitativos, pois são reduzidos a uma escala comum – monetária – e combinados em uma medida geral e ampla de desempenho. Isto porque o planeador optimizador tende a ignorar os objectivos ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 22 não quantificáveis, porque eles não poderão ser incorporados num modelo a ser optimizado. 3. Filosofia de adaptação: esta filosofia, que algumas vezes é denominada planeamento inovativo, apresenta as seguintes características: Baseia-se na suposição de que o principal valor do planeamento não está nos planos elaborados, mas no processo de elaboração desses planos; Supõe que a maior parte da necessidade actual de planeamento decorre da falta de eficâcia administrativa e de controlos, e que os profissionais das empresas são os responsáveis pela maioria das confusões que o planeamento tenta eliminar ou evitar; e que O conhecimento do futuro pode ser classificado em três tipos: certeza, incerteza e ignorância, visto que cada uma dessas situações requer um tipo diferente de planeamento, comprometimento, contigência ou adaptação. Esta filosofia também chamada de homeostase, procura equilíbrio – interno e externo – da empresa, após ocorrência de uma mudança. O desequilíbrio pode vir a reduzir a eficiência do sistema- empresa de modo efectivo; daí a necessidade de restabelecer o estado de equilíbrio. Segundo Oliveira (2009), nesta situação, a empresa podeadoptar diferentes respostas aos estímulos externos. A resposta pode ser passiva, em que o sistema muda seu comportamento de modo defasado, adorando as soluções normais para o estímulo, tais como mais economia de material, dispensa de pessoal etc. A resposta ainda pode ser antecipatória ou adaptativa, quando há preocupação por parte da empresa em procurar antecipar as mudanças do seu ambiente externo e/ou adaptar-se a ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 23 esses novos estados. Finalmente, pode adoptar uma resposta auto-estimulada, em que há preocupação constante pela busca de novas oportunidades para crescimento e/ou expansão da empresa. Partes do Planeamento O planeamento é conjunto complexo de decisões interligadas que formam um sistema que pode ser separadas em partes. Ackoff (1974:4) citado por Oliveira apresenta 5 partes, nomeadamente: Planeamento dos fins: especificação do estado futuro desejado, ou seja, a visão, os valores, a missão, os propósitos, os objectivos, os objectivos funcionais, os desafios e as metas; Planeamento dos meios: proposição de caminhos para a empresa chegar ao estado futuro desejado, por exemplo, pela expansão da capacidade produtiva de uma unidade e/ou diversificação de produtos. Aqui tem-se a escolha de macroestratégias, macropolíticas, estatégias, políticas, procedimentos e processos. Planeamento organizacional: esqumatização dos requisitos organizacionais para poder realizar os meios propostos. Aqui pode- se ter o exemplo, a estruturação da empresa em unidades estratégicas de negócios. Planeamento dos recursos: dimensionamento de recursos humanos, tecnológicos e materiais, bem como a determinação da origem e aplicação de recursos financeiros. Aqui se tem o estabelecimento de programas, projectos e planos de acção necessários ao alcance do futuro desejado. Planeamento da implantação e do controlo: coresponde à actividade de planear o acompanhamento da implantação do empreendimento. Devem-se ressaltar alguns aspectos, a saber: ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 24 o O próprio processo de planeamento deve ser planeado; o O processo é interativo, ou seja, sua acção, se exerce mutuamente, entre duas ou mais partes do todo; e o O processo é iterativo, ou seja, repete-se ao longo do tempo. Tipos de Planeamento A administração reconhece três níveis hierárquicos aos quais correspondem três tipos de planeamento, a saber: a) Planeamento estratégico: é concebido numa perspectiva de longo prazo e envolve a empresa como um todo. É definido ao nível mais alto de gestão que procura responder questões como: o que nós somos; o que pretendemos ser; em que ambiente operamos. b) Planeamento táctico: respeita à tomada de decisões relativas a áreas menos amplas da empresa, empreendimentos mais limitados, a prazos mais curtos e a níveis mais baixo da hierarquia da gestão (geralmente no nível intermédio). c) Planeamento operacional: refere-se ao desdobramento dos planos tácticos, limitando-se a prazos mais curtos (carácter imediato). Liga-se com o “que fazer” e o “como fazer”, caracterizando-se pelo pormenor como fixa as tarefas e as operações, envolve o estabelecimento de numerosos planos operacionais. A sua relação genética aos níveis de decisão pode ser estabelecida na seguinte ―pirâmide organizacional: ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 25 Hoje em dia todo o empresário consciente reconhece a necessidade de prever e planear não só o que deverá efectuar nos meses ou anos seguintes, mas também o próprio futuro da empresa, o que esta terá de pôr em prática para fazer face às realidades dos anos próximos num mundo em constante evolução. Fazer planeamento numa empresa consiste, grosso modo, em estabelecer propósitos e objectivos e formular, em conformidade, os programas de acção futuros. Composição do Plano da Empresa Os planos das empresas podem ser globais ou parcelares. Os Planos Globais subdividem-se em: Estratégico (porque importa formular as politicas a adoptar perante os contextos em que a empresa irá mover-se). Financeiro (porque se torna necessário expressar em cifras monetárias, ainda que aproximativas, os efeitos das políticas e acções a desenvolver no período futuro a que se reporta o planeamento). E os Planos Parcelares subdividem-se em: de financiamentos (escolha dos meios de financiamento possíveis e/ou adequados); de investimento e desinvestimento; de investigação e desenvolvimento (R&D), incluindo estudos de novos mercados, processos e produtos, áreas de actividade e ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 26 recursos humanos de exploração (vendas, produções aprovisionamentos, pessoal, gastos de funcionamento, tesouraria, etc.) Na realização desse planeamento formal impõem-se dois tipos de acções: Acções de estratégia o Definição de propósitos ou pressupostos de conduta A este respeito importará a apresentação de princípios que devem nortear os gestores. Poderá tal definição começar pela apresentação de condutas éticas até à definição de acções a desenvolver no sentido de se alcançarem posições de mercado, poder concorrencial, novas áreas de expansão, novos campos de actuação, nível de concentração, dimensão, especialização, diversificação, etc. o Fixação de Objectivos A determinação dos objectivos será desenvolvida por tipos de preocupação ou áreas de actuação que poderão ser: mercado, produtividade, recursos financeiros, lucros e rendibilidade, remunerações, inovação e desenvolvimento, empresa e exterior. Acções tácticas Tarefas iniciais: que envolve diagnóstico de pontos fracos e fortes, exame de factores críticos, definição de metas (objectivos concretos); Elaboração dos planos específicos; e Coordenação: que envolve a elaboração de planos, orçamentos, contas, etc. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 27 O Processo de Planeamento O planeamento pressupõe a necessidade de um processo decisório que ocorrerá antes, durante e depois da sua elaboração e implementação na empresa. Este processo de tomada de decisões na empresa deve conter, ao mesmo tempo, os componentes individuais e organizacionais, bem como a acção nestes dois níveis pode ser orientada de tal maneira que garanta certa influência de interesses dos diversos factores alocados no ambiente da empresa. O processo de planear envolve, portanto, um ―modo de pensar; e um salutar modo de pensar envolve indagações; e indagações envolvem questionamento sobre o que será feito, como, quando, quanto, para quem, por que, por quem e onde será feito. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 28 TEMA II. Empresa Como Sistema Para uma melhor compreensão do processo de planeamento é importante abordarmos alguns conceitos relacionados com a teoria dos sistemas. Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objectivo e efectuando uma função (Oliveira, 2009:24). Segundo Oliveira (2009), os elementos componentes de um sistema são: Os objectivos, que se referem tanto aos objectivos dos usuários do sistema, quanto aos objectivos do próprio sistema; As entradas do sistema, cuja função caracteriza as forças que fornecemao sistema os materiais, as informações e as energias para a operação ou processo, o qual gera determinadas saídas do sistema que devem estar em sintonia com os objectivos estabelecidos; O processo de transformação do sistema, que é definido como a função que possibilita a transformação de um insumo (entrada) em produto, serviço ou resultado (saída); As saídas do sistema, que correspondem aos resultados do processo de transformação. As saídas podem ser definidas como as finalidades para as quais se uniram objectivos, atributos e relações do sistema. As saídas devem ser, portanto, coerentes com os objectivos do sistema, e, tendo em vista o processo de controlo e avaliação, as saídas devem ser quantificáveis, de acordo com critérios e parâmetros previamente fixados; Os controlos e avaliações do sistema, principalmente para verificar ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 29 se as saídas estão coerentes com os objectivos estabelecidos. Para realizar o controlo e avaliação de maneira dequada, é necessária uma medida do desempenho do sistema, chamada padrão; e A retroalimentação ou realimentação ou feedback do sistema, que pode ser considerado como a reintrodução de uma saída sob a forma de informação. Se essa entrada faz aumentar o desempenho da saída ou do processo, a retroalimentação é considerada positiva e, caso contrário, será negativa. Além do conceito de sistema, também é importa conceituar o ambiente onde a organização opera. De acordo com Oliveira (2009), ambiente é o conjunto de todos os factores que, dentro de um limite específico, se possa conceber como tendo alguma influência sobre a operação do sistema, o qual corresponde ao foco do estudo. De maneira simples, pode-se definir ambiente de um sistema como o conjunto de factores ou elementos que não pertencem ao sistema, mas: Qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar os factores externos ou não controláveis; e Qualquer alteração nos factores externos pode mudar ou alterar o sistema. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 30 TEMA III. Planeamento Financeiro Introdução Iniciaremos esta secção com um texto extraído de Bertolo (2000): “Boston Chicken Inc., operadora e franqueadora dos restaurantes Boston Market, foi uma das grandes estórias de sucesso no começo dos anos de 1990. A empresa adicionou restaurantes a uma taxa incrível resultando num acréscimo nas vendas de $42,5 milhões em 1993 (o primeiro ano em que ela se tornou uma corporação negociada publicamente) para $462,4 milhões em 1997, numa taxa de crescimento média de 82% ao ano. Infelizmente, a receita da empresa para o crescimento foi revelada como um desastre em 1998 porque a empresa crescia muito rápido para manter a qualidade que os seus clientes esperavam. Ainda mais, a Boston Chicken fez empréstimos aos seus franqueadores para construírem lojas, mas as lojas deparavam-se progressivamente com dificuldades financeiras por causa do aumento da concorrência. Como resultado, o nível total de dívidas no sistema tornou-se muito grande para suportar, e a empresa perdeu o jogo de asas de galinha para seus credores. Efetivamente faltando de dinheiro, a empresa foi entregue formalmente à falência em Outubro de 1998 e fechou 178 das suas 1.143 lojas. A companhia não emergiu da falência até 2000, quando ela foi adquirida pelo McDonald's”. Segundo Bertolo (2000), o caso da Boston Chicken não é único. Frequentemente empresas que crescem a um ritmo fenomenal deparam-se com problemas de fluxo de caixa e subsequentemente, dificuldades financeiras. Em outras palavras, é literalmente possível "crescer quebrado." Este subunidade temática enfatiza a importância de planeamento para o futuro e discute as ferramentas que as empresas usam para pensarem acerca, e gerirem, o seu crescimento. O planeamento financeiro estabelece um guia para mudança e ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 31 crescimento de uma empresa. Ele normalmente focaliza no que é importante. Isto significa que ele está envolvido com os elementos principais das políticas de investimento e financeiras de uma empresa sem examinar os componentes individuais daquelas políticas em detalhes. Para Proppelli e Nikbakht (1998, p.364): “Planeamento financeiro é o processo de estimar a quantia necessária para continuar as operações de uma companhia e decidir quando e como a necessidade de fundos seria financiada. Sem um procedimento confiável para estimar as necessidades de financiamento, uma companhia pode acabar não tendo fundos suficientes para pagar seus compromissos, tais como juros sobre empréstimos, letras a pagar, despesas de aluguel e as despesas de luz e telefone”. Segundo Gitman (1997, p. 588), o planeamento financeiro é um instrumento muito relevante para as organizações: “... pois fornece roteiros para dirigir, coordenar e controlar suas acções para na consecução de seus objectivos”. Já para Brealey et al. (2001: 522), o planeamento financeiro é um processo que consiste: 1. Avaliar as alternativas de investimento e financiamento disponíveis à empresa; 2. Estimar os futuros impactos previstos para as decisões actuais; 3. Escolher os caminhos a serem trilhados; 4. Estabelecer medidas de comparação entre o desempenho ocorrido e as metas estabelecidas no plano financeiro. Enquanto para Brigham et al. (2001, p.533), esse processo é composto das seguintes etapas: 1. Adoptar um sistema de demonstrações financeiras projectadas; 2. Calcular a demanda de fundos necessários para a execução dos ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 32 planos traçados; 3. Elaborar a previsão da disponibilidade de fundos resultantes da execução dos planos; 4. Conceber um sistema de controle sobre as fontes e as aplicações de fundos dentro da organização; 5. Desenvolver metodologia de adaptação dos planos às variáveis externas não controláveis. Braga (1989, p.230) diz que o planeamento financeiro de uma empresa compreende a programação dos planos financeiros e sua integração e coordenação com os demais planos da organização. O planeamento financeiro pode ser preparado em termos de curto e de longo prazo. Os planos financeiros de longo prazo procuram reflectir os resultados esperados no planeamento estratégico da empresa. À medida que o horizonte de planeamento se distancia da data de elaboração, o grau de detalhamento se reduz, em virtude do nível de confiabilidade das projecções. O planeamento financeiro a longo prazo se apoia nos instrumentos de orçamento de capital e nas expectativas de geração de lucros e caixa. Já os planos financeiros de curto prazo, devem ser bem detalhados. Os instrumentos usados são: 1. Orçamento de capital; 2. Projecção do fluxo de caixa; 3. Projecção do demonstrativo de resultados; 4. Balanços patrimoniais projectados (Lemes Júnior et al., 2002: p.507). Brealey et al. (2001, p. 522) afirma o horizonte de planeamento típico de longo prazo é cinco anos, embora ressalve que algumas empresas operem com períodos de dez anos. Ross et al. (1995) menciona que não existe consenso quanto ao intervalo que pode ser interpretado como curto prazo, mas observa ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 33 que o período de um ano usualmente adoptado como tal. Para desenvolver um plano financeiro explícito, os administradores devem estabelecer certos elementos da política financeira daempresa. Os elementos básicos da política do planeamento financeiro segundo Bertolo (2000) são: 1. O investimento necessário da empresa em novos activos. Isto irá surgir das oportunidades de investimentos que a empresa escolhe para incorporar, e é o resultado das decisões de orçamento de capital da empresa. 2. O grau de alavancagem financeira que a empresa escolhe a empregar. Isto determinará a quantidade de empréstimos a serem tomados pela empresa e que serão usados para financiar seus investimentos em activos reais. Isto é a política de estrutura de capital da empresa. 3. A quantia de caixa que a empresa pensa que é necessária e apropriada para pagar seus accionistas. Isto é a política de dividendos da empresa. 4. A quantia de liquidez e capital de giro que a empresa necessita progressivamente. Isto é uma decisão de capital de giro líquido da empresa. As decisões que uma empresa toma nestas quatro áreas afectarão directamente sua lucratividade futura, necessidade de financiamentos externos, e oportunidades de crescimento. O planeamento financeiro formula a maneira na qual as metas financeiras serão atingidas. Um plano financeiro é assim uma declaração do que é para ser feito no futuro. A maioria das decisões tem tempo de execução longos, o que significa que elas levam um longo tempo para implementarem. Se uma empresa desejava construir uma fábrica em 2015, por exemplo, ela deveria começar a alinhar os contratos de construção e os fornecedores, bem como ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 34 conseguir os financiamentos em 2013 ou até mesmo antes. Se uma empresa desejava construir uma fábrica em 2015, por exemplo, ela deveria começar a alinhar os contratos de construção e os fornecedores, bem como conseguir os financiamentos em 2013 ou até mesmo antes. As semelhanças entre o processo de planeamento acima descrito e o de orçamentação fazem com que os dois conceitos sejam utilizados como sinónimo de orçamento. Enquadramento do Planeamento Financeiro O planeamento não deve ser nunca do dominou exclusivo dos responsáveis respectivos. A não ser que a gestão esteja profundamente envolvida no processo, o resultado final não lhe merecerá muita confiança. Acresce que os planos financeiros devem estar interligados aos planos de actividade da empresa. Uma série de previsões financeiras terá um reduzido valor operacional se a gestão não tiver, equacionando as decisões de produção e de marketing necessárias a realização daquelas previsões. O planeamento financeiro é uma actividade de enquadramento geral no sentido de que os seus responsáveis tentam analisar o investimento conjunto de cada tipo de actividade e evitam ver-se submergidos em detalhes. Um grande número de proposta de pequenos investimentos são consolidados e, de facto, tratados como um simples projecto. Exemplo: no arranque do processo de planeamento os responsáveis da empresa poderão exigir a cada divisão que apresente três planos de actividades alternativos que cubram os próximos 5 anos: ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 35 1. Um plano de crescimento agressivo exigindo fortes investimentos e novos produtos, aumento da quota nos mercados actuais ou entrada em novos mercados. 2. Um plano de crescimento normal, no qual a divisão cresce à taxa do respectivo mercado, mas não de uma forma significativa à custa dos seu concorrentes. 3. Um plano de redução de custos e de especialização, visando minimizar os gastos de investimentos o que poderá levar à gradual liquidação da divisão. 4. Um plano de desinvestimento, a venda ou liquidação da divisão (opção que depende dos responsáveis pelo planeamento, a sua apresentação) À cada uma destas alternativas é associada uma série de fluxos tesouraria previsionais. Estas alternativas podem ser analisadas como quatro projectos que se excluem mutuamente entre si. Assim, o processo de planeamento financeiro global da empresa, conforme o quadro a seguir, deve iniciar com estabilidade das metas e objectivo da empresa (Brigham, 2000). Conforme o quadro o estabelecimento das metas determina o planeamento estratégico de longo prazo e este por sua vez envolve uma previsão de vendas a longo prazo. A previsão de vendas a Longo prazo exige a determinação de tipos e quantidade de produtos que serão fabricados no presente e nos anos futuro do horizonte do planeamento. Esta é a estratégia de “Produto Mix”. As previsões e orçamentos de curto prazo são formulados dentro de características de um plano de longo prazo. Por exemplo: Pode-se começar com uma previsão de vendas cobrindo seis meses ou um ano. A previsão de vendas de curto prazo fornece uma base a grande variedade de políticas, indicadas na parte inferior do quadro. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 36 Primeiro, existem políticas de fabricação cobrindo a escolha dos tipos de equipamento do layout da fábrica e do arranjo da linha de produção. Ademais, a durabilidade dos produtos e seu custo associados serão considerados. Segundo, devem ser formadas diferentes políticas de Marketing. Estas relacionam-se a itens, tais como o desenvolvimento da organização de vendas da própria empresa versos do uso de organizações de vendas externas, o número de vendedores e o seu método de remuneração, as formulas, os tipos e as quantidades gastas em propaganda e outros factores. Terceiro, existem as políticas de pesquisa gerencial geral. Estas políticas relacionam-se com relativa ênfase à pesquisa básica em vez da pesquisa aplicada às áreas de produto enfatizadas por ambos os tipos de pesquisa. E Quarto, existem as políticas financeiras, que são a essência desta unidade temática; ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 37 As quatro principais políticas devem ser estabelecidas simultaneamente, já que uma afecta a outra. As políticas de controlo financeiro incluem a organização e o conteúdo de vários tipos de orçamentos de controlo financeiro. Estas, por sua vez, incluem um orçamento dos produtos individuais para cada actividade significativa da empresa. Ademais, os orçamentos são formulados para controlar as operações em escritório e filiais. Estes por sua vez, são agrupados e modificados para controlar as operações regionais. De igual maneira, as políticas estabelecidas aos níveis de fabricação, marketing, pesquisa e gerência geral, fornecem informações para uma série de outros orçamentos (de mão-de-obra, materiais gastos gerais fabris, etc.). Importância do planeamento financeiro Segundo Neves (2001), o planeamento financeiro é uma actividade essencial na gestão e nas finanças da empresa pois trata de identificar as necessidades de financiamento previsionais e de estudar as formas de financiamento mais adequadas. Para além de ser um instrumento essencial na gestão financeira e estratégica das empresas, tem também um papel importante na banca comercial e de investimento, nas actividades relacionadas com a concessão de crédito, com as reestruturações financeiras, com os aumentos de capital e com a avaliação de empresas e negócios. O planeamento financeiro é também parte integrante de qualquer plano de negócios (“business plan”). O plano de negócios é fundamental nos processos de criação de empresas, assim como em todas as reestruturações empresariais, nomeadamente, MBO (Management Buy Out - que corresponde à aquisição da empresa pelos próprios administradores e/ou directores), fusões, aquisições, ISCED CURSO:CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 38 cisões e outras reestruturações empresariais. Na avaliação de empresas é fundamental a estimativa dos fluxos de caixa previsionais pelo que as avaliações de empresas exigem sempre o recurso a técnicas de planeamento financeiro. Tipos de planeamento financeiro O planeamento financeiro visa determinar as necessidades de financiamento previsionais e estudar as formas mais adequadas de financiamento no futuro. De acordo com Neves (2001), pode alcançar- se este objectivo de três modos distintos: Método expedito – Neste método privilegia-se a rapidez ao rigor. O centro das atenções é alcançar de forma rápida a estimativa das necessidades de financiamento previsional. Assim, as demonstrações financeiras são agregadas pelos seus elementos mais ou menos homogéneos e através da expectativa de evolução do volume de negócios e de mais 3 a 5 rácios, calculam-se as necessidades financeiras previsionais. Existem múltiplas formas de proceder a estas simplificações na prática. Na literatura das finanças de empresa existem duas formas padronizadas muito conhecidas. Um dos métodos mais conhecidos é o “método da percentagem das vendas” (Ross, Westerfield e Jaffe, 2000). Pelo seu excesso de simplificação este método parte de pressupostos que se tornam pouco realistas. Também encontramos na literatura de finanças de empresa um modelo expedito mas mais realista que pode designar-se por “Método expedito do fluxo de caixa” (Brealey e Myers, 2000). Método directo – Neste método as demonstrações financeiras são reproduzidas a um nível detalhado suficiente para tratar cada rubrica de forma como se prevê que seja a sua evolução. A projecção do volume de negócios ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 39 é sempre uma base fundamental do planeamento financeiro. Identificam-se todas as rubricas que poderão variar de forma percentual com as vendas e estima-se a evolução de cada uma das outras rubricas que têm um comportamento distinto. Todas as rubricas depois de projectadas são levadas de forma directa aos documentos financeiros previsionais: balanço, demonstração de resultados e dos fluxos de caixa. Este método é muitas vezes usado pela direcção financeira na gestão dos recursos financeiros bem como para apresentação ao exterior, nomeadamente, nos processos de obtenção de empréstimos. Este também é o método usado nos processos de avaliação de empresas; Método de consolidação orçamental – Este método recorre ao processo orçamental da empresa, consolidando os orçamentos que foram produzidos para cada uma das áreas da empresa. Baseia-se, por isso, no processo orçamental da empresa que deverá ter a participação dos principais responsáveis da empresa. O método de consolidação orçamental O processo orçamental da empresa exige tempo pois deve ser descentralizado pelos principais responsáveis que irão orçamentar a sua área de responsabilidade. O planeamento financeiro neste caso irá proceder à consolidação de todos os orçamentos da empresa. Neste método de planeamento financeiro, os orçamentos subdividem- se em dois tipos: orçamentos operacionais que se relacionam com as decisões operacionais como sejam comerciais ou de produção; orçamentos de investimento onde se reflectem as previsões de investimento; orçamentos financeiros que produzem a síntese dos orçamentos ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 40 operacionais. Como exemplo de orçamentos operacionais pode listar-se os seguintes: Plano e orçamento de volume de negócios; Plano e orçamento de produção; Plano e orçamento de aprovisionamento; Plano e orçamento de custos com pessoal pelas diversas áreas da empresa – produção, comercial, administrativa e financeira; Plano e orçamento das despesas de produção; Plano e orçamento das despesas comerciais e de distribuição; Plano e orçamento das despesas administrativas gerais; A demonstração de resultados pró-forma – significa a demonstração de resultados ainda sem os custos financeiros. Os planos de investimento identificam as necessidades da empresa por diversas áreas da empresa e os orçamentos de investimento reflectem as previsões de despesas com esta rubrica. A partir destes orçamentos estimam-se as respectivas amortizações. Os orçamentos financeiros incluem: A demonstração de resultados líquidos previsional; Os balanços previsionais; A demonstração de fluxos de caixa (tesouraria) previsional Em síntese, o método de consolidação dos orçamentos acaba por se reduzir aos seguintes passos: Plano do volume de negócios e consequente previsão financeira; Previsão do volume de produção e respectivos custos de produção; Previsão das outras naturezas de custos: ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 41 Consolidação das informações orçamentais nas demonstrações financeiras pró-forma: resultados, balanço e fluxo de caixa; Analise das necessidades financeiras e escolha das formas de financiamento mais adequadas; Elaboração das demonstrações financeiras previsionais. Para efeitos de planeamento e controlo da gestão da empresa a administração da empresa deve levar os principais responsáveis da empresa a participar na elaboração do plano, discutindo e definindo com eles os objectivos, as estratégias e as políticas de gestão para que estes possam elaborar planos de recursos coerentes com os objectivos globais da empresa e se mantenham empenhados no alcance dos mesmos. Para efeitos de planeamento financeiro pode aproveitar-se esta informação. Mas também é certo que muitas empresas não têm um processo de planeamento tão rigoroso e, muitas vezes são precisos planos urgentes para apresentação ao exterior, como sejam bancos, parceiros estratégicos, etc. Assim, os gestores e analistas financeiros recorrem com frequência ao método directo de planeamento financeiro. O método directo de planeamento financeiro No método directo de planeamento financeiro, por comparação com o método de consolidação orçamental, simplifica-se toda a fase de estimativa dos proveitos e custos e custos operacionais através rácios e pressupostos de evolução das despesas. Com base nessa informação seguem-se as seguintes fases: Projecção das demonstrações financeiras pró-forma: resultados, balanço e fluxo de caixa; Analise das necessidades financeiras e escolha das formas de ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 42 financiamento mais adequadas; Elaboração das demonstrações financeiras previsionais A projecção das demonstrações financeiras pró-forma pode fazer-se da seguinte forma: Previsão do volume de negócios – esta constitui uma das fases determinantes de um bom plano financeiro, pois muitas das outras previsões estarão com ela relacionadas. Os métodos de previsão do volume de negócios podem ser de diversa natureza desde os modelos baseados na mera observação das taxas de crescimento históricas e explicitação de expectativas de evolução até aos modelos baseados em técnicas estatísticas como a análise de tendência, análise de regressão simples e múltipla e análise de séries cronológicas que consistem em identificar as suas quatro componentes, nomeadamente, a tendência, a ciclicidade, a sazonalidade e a aleatoriadade. Projecção dos custos variáveis – como os custos variáveis são função do volume de negócios há que definir qual a tendência de evolução dessa relação, desde a manutenção da relaçãohistórica até à reflexão das expectativas de introdução de eficiências operativas por cada uma das naturezas de custos. Entre estes custos destacam-se os custos das mercadorias e consumidas e diversas naturezas de fornecimentos e serviços externos; Projecção dos custos fixos – por natureza estes custos são fixos e, por isso não têm uma relação proporcional com o volume de negócios. Há que reflectir sobre a expectativa da sua evolução face às necessidades de organização e desenvolvimento da empresa. Neste grupo de despesas estão uma parte importante das despesas com pessoal e muitas das rubricas de fornecimentos e serviços externos. Outro tipo de custo a considerar são as amortizações do exercício que são função dos activos fixos e das ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 43 respectivas taxas de amortização. Estimativa do investimento – esta estimativa deve ter em consideração o activo fixo necessário para suportar a evolução prevista para o volume de negócios. Colocam-se aqui aspectos relacionados com a capacidade produtividade e com as melhorias da qualidade, bem como com a protecção do ambiente e condições de trabalho. Em métodos de planeamento mais simplificados assume-se a evolução do activo fixo líquido em termos de objectivos para o rácio de rotação do activo fixo; Estimativa das necessidades em fundo de maneio – esta estimativa tem por base a evolução do volume de negócios e as condições de funcionamento da empresa e da própria concorrência. Esta fase leva o analista a identificar no balanço as rubricas que variam em percentagem do volume de negócios. Entre estas estão os activos cíclicos (e.g. existências, clientes e outros devedores de exploração) e os passivos cíclicos (e.g. fornecedores, Estado de exploração e outros credores de exploração). O analista deve tomar em consideração a evolução histórica do ciclo financeiro de exploração e a expectativa futura de evolução; Estimativa de evolução de outras rubricas do balanço - As outras rubricas do balanço não directamente relacionadas com as volume de negócios, como seja o capital social, os empréstimos bancários, os empréstimos de accionistas, etc., são introduzidos de acordo com a expectativa da sua evolução, nomeadamente, do plano de reembolso da dívida, do plano de aumento de capital, etc. Os passos que acabámos de identificar são fundamentais para a elaboração das demonstrações financeiras pró-forma. Uma vez feitas estas projecções financeiras, o analista está em condições de elaborar os documentos financeiros pró-forma (1ª ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 44 aproximação) e identificar as necessidades de financiamento previsionais para a empresa. As necessidades de financiamento previsionais podem ser analisadas no balanço pró-forma ou no mapa de fluxos de caixa pró-forma: No balanço pró-forma – O somatório dos activos projectados menos o total da projecção dos passivos identifica as necessidades acumuladas de financiamento previsional; Nos fluxos de caixa pró-forma – A diferença entre os recebimentos e pagamentos identifica as necessidades anuais de financiamento previsionais. Aplicação dos Modelos de Planeamento Financeiro Para compreensão dos métodos apresentados acima, iremos destacar os modelos abaixo 1. Método do percentual de vendas 2. Método de regresso Múltiplo 3. Regressão Simples Considerando que a variável mais importante na determinação de financiamento da empresa é o seu volume de vendas em unidades monetárias, veremos 1º, o Método do Percentual de vendas, e será abordada com a devida ilustração. O Método de regressão será sumariamente abordado. Método do percentual de vendas A utilização deste método requer vários passos: 1º Passo – isola-se os itens do mapa de resultados e do balanço patrimonial que se espera variem directamente com as vendas – um maior nível de vendas, regra geral, necessita de maior volume de caixa para as transacções, mais contas a receber, um nível mais alto de ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 45 existências e uma capacidade industrial adicional fixa. No Passivo – as contas a pagar a curto prazo bem como os aprovisionamentos aumentarão com o aumento das vendas (excepto títulos). Os lucros retidos aumentarão à medida que a companhia for lucrativa e não distribuir 100% dos lucros, embora a percentagem de aumento não seja constante nem igual à do aumento de vendas. Porém, nem as acções ordinárias, nem os financiamentos a longo prazo aumentarão espontaneamente com um aumento de volume de vendas, (os custos financeiros de financiamento – CFF-, também, pois dependem do financiamento). 2º Passo - Fazer uma primeira aproximação dos valores esperados multiplicando os itens que se espera variarem proporcionalmente há vendas, enquanto aqueles itens que não são espontâneos às vendas são transcritas. 3º Passo - somar o activo e o passivo obtido pela execução do passo 2, anterior. Haverá um desequilíbrio entre a soma do activo e a do passivo, a favor do activo. À diferença serão as necessidades financeiras que poderão ser financiadas pelos lucros retidos ou, então, pelas fontes externas (novas emissões ou C. Alheios). Exemplo: Em 2003 a empresa KL apresentava uma determinada situação económico financeira conforme as demonstrações financeiras abaixo: ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 46 BALANÇO Valores em Contos Demonstração de Resultados Valores em Contos ACTIVO Caixa 10,00 1 Vendas Liquidas 500,00 Clientes 85,00 2 Custos dos MCMCV 400,00 Mercadorias 100,00 3 Custos Administrat. e Vendas 52,00 Total de Activo Circulante 195,00 4 RAJI (1-2-3) 48,00 Activo Fixo Liquido 150,00 5 CFF 8,00 Total do Activo 345,00 6 RAI (4-5) 40,00 7 IRPC 16,00 PASSIVO 8 RL (6-7) 24,00 Fornecedores 40,00 9 Dividendos 8,00 Letras a Pagar 10,00 10 Lucro a Reter (8-9) 16,00 Antecipacoes Passivas 25,00 Total de Passivo Corrente 75,00 Titulos Hipotecarios 72,00 Capital (Accoes Ordinarias) 150,00 Lucros Retidos 48,00 Total de Passivo Corrente+SL 345,00 Pressupostos: a) O nível de vendas conseguido pela empresa está em ritmo cruzeiro e constitui a sua capacidade máxima. b) As existências e disponibilidades estão em relação espontânea (directa) com o seu nível de vendas. c) Se as vendas aumentarem no ano seguinte, a empresa precisará de aumentar na mesma proporção todo o seu activo. d) A margem de lucro sobre as vendas é de 4,8% e distribui 1/3 dos lucros líquidos em dividendos aos accionistas. Espera-se que a taxa de imposto sobre pessoas colectivas se mantenha em 40%. Questões: Se as vendas da empresa atingirem 750 mil contos no ano seguinte, qual será a performance dos dois instrumentos financeiros da companhia e qual será o nível de nível de financiamento externo requerido para a empresa? ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Planeamento e Controlo Financeiro 47 Resolução: BALANÇO PROJECTADO (1ª Aproximação) Valores em Contos (2003) 1ª Projecção 2004 Valores em Contos (2003) 1ª Projecção 2004 ACTIVO Caixa 10 15 1 Vendas Liquidas 500 750 Clientes 85 128 2 Custos dos MCMCV 400 600 Mercadorias 100 150 3 Custos Administrat. e Vendas 52 78 Total de Activo Circulante 195 293 4 RAJI (1-2-3) 48 72 Activo Fixo Liquido 150 225 5 CFF 8 8 Total do Activo 345 518 6 RAI (4-5) 40 64 7 IRPC 16 26
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