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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Ética cristã
Elaboração
Paulo Lima
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5
introdução.................................................................................................................................... 7
unidAdE i
OPÇÕES ÉTICAS .................................................................................................................................... 9
CAPítulo 1
EnTrE A ÉTICA E A mOrAl ....................................................................................................... 9
CAPítulo 2
SISTEmATIzAÇãO HISTórICA E COnCEITuAÇÕES .................................................................... 17
CAPítulo 3
VAlOrES mOrAIS ObjETIVOS E SuAS OrIgEnS ....................................................................... 25
CAPítulo 4
APrOfundAndO-SE Em ÉTICA CrISTã ................................................................................... 30
unidAdE ii
QuESTÕES bIOÉTICAS .......................................................................................................................... 40
CAPítulo 1
QuESTÕES bIOÉTICAS mAIS COnHECIdAS .............................................................................. 40
CAPítulo 2
QuESTÕES bIOÉTICAS nA bíblIA .............................................................................................. 55
CAPítulo 3
QuESTÕES ÉTICAS dOS dIrEITOS ............................................................................................ 63
CAPítulo 4
fIlOSOfIA dA CIênCIA (APlICAÇãO TEórICA) ....................................................................... 81
PArA (não) finAlizAr ..................................................................................................................... 84
rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 85
AnExoS .......................................................................................................................................... 87
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da 
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que 
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica 
impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
A ética, tão difundida ao longo dos séculos nas mentes das mais proeminentes figuras 
que têm sua importância marcada e devidamente alocada em prateleiras bem definidas 
na história da humanidade, será discutida em termos de pensamentos éticos voltados 
para similaridades para com a cultura cristã, obedecendo-se ao tema proposto.
As opções éticas serão apresentadas para que facilite o pensamento e posicionamento, 
uma vez que possuem caráter didático-informativo. Tais apresentações não se darão 
apenas em uma weltanschauung cristã, pois terá que se expandir em certo grau 
para contextos éticos filosóficos, retornando, contudo, mais a frente com opções 
éticas cristãs, principalmente oferecendo as diferentes visões não absolutistas, 
representadas pelo antinomismo, situacionismo, generalismo e, absolutistas, que os 
absolutistas não qualificados, conflitantes e qualificados se convergem e divergem 
entre si em diversos pontos. 
Serão abordadas, posteriormente, as questões éticas decorrentes da ética e moral. Dentro 
de uma cosmovisão cristã serão esboçadas essas visões com suas principais alegações 
e argumentações de defesas, bem como até mesmo embasamento bíblico para apoiá-las, 
contudo, também serão expostas argumentações cristãs em favor daquilo que é 
considerado bom e moral não somente para a sociedade em geral, mas sim aquilo que é 
tratado e abordado nas Sagradas Escrituras – as quais aqui são consideradas revelações 
divinamente inspiradas para a humanidade – dos contextos ética e moral. 
Tais questões, oriundas de assuntos atuais ou mais antigos, trazem importantes debates 
e embates delicados como aborto, eutanásia, homossexualidade e pena de morte. 
Serão tratados de modo sectário para que o pensamento e posicionamento do aluno não 
se tornem tentado a obedecer às ideias de terceiros, mas sim de maneira que estude, 
pesquise e se posicione por si mesmo frete às questões que têm enchido os noticiários 
contemporâneos de conteúdo.
8
objetivos
 » Analisar conceituação ética e moral secular e cristã.
 » Despertar e instigar o pensamento e posicionamento.» Compreender as opções éticas.
 » Compreender e posicionar frente às questões éticas.
 » Correlacionar opções éticas às questões éticas.
 » Demonstrar argumentações a favor e contrárias dentro de contextos 
bioéticos.
9
unidAdE ioPçÕES ÉtiCAS
Nesta unidade, isto é, dentro de opções éticas serão tratados, serão abordados temas 
e pensamentos filosóficos que discorrem analogamente em sua maioria com assuntos 
que trataremos sobre conceituações e questões posicionais éticas e bioéticas cristãs. A 
importância desta unidade está em oferecer um melhor conteúdo intelectual lógico, 
dentro das mentes mais importantes da história humana, com contextos autoexplicativos 
que facilitarão o processo de absorção e aprendizagem. 
CAPítulo 1
Entre a ética e a moral
Antes de começarmos qualquer explanação e estudos sobre o que queremos, devemos 
ter em mente muito bem claro as “possíveis” diferenças entre os termos ética e moral. 
Tugendhat em sua obra Lições sobre Ética nos explica as diferenças não partem de 
simploriamente apelar para afirmação de que a ética é mais abrangente do que a moral, 
ele afirma que tampouco existe tal elucidação, para ele “soa como se a gente quisesse 
perguntar sobre a diferença entre veados e cervos” (TUGENDHAT, 1996, p.35).
Um tipo de enunciado, para ele, são os enunciados morais que expressam 
juízos morais, isto é, muito mais importa a discussão filosófica sobre o 
que representam as terminologias do que de fato sua origem exegética. 
Contudo, ainda sim é-nos importante não deixar dúvidas quanto isso, 
pois certamente iremos usar, mesmo que de modo inconsciente, tais 
definições adiante de nosso estudo.
Realmente os termos “ética” e “moral” não são particularmente apropriados para 
nos orientarmos. Cabe aqui uma observação sobre sua origem, talvez em primeiro 
lugar curiosa. Aristóteles tinha designado suas investigações teórico-morais – então 
denominadas como “éticas” – como investigações “sobre o ethos”, “sobre as propriedades 
do caráter”, porque a apresentação das propriedades do caráter, boas ou más (das assim 
denominadas virtudes e vícios) era uma parte integrante essencial destas investigações. 
A procedência do termo “ética”, portanto, nada tem a ver com aquilo que entendemos 
10
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
por “ética”. No latim o termo grego éthicos foi então traduzido por moralis. Mores 
significa: usos e costumes. Isto novamente não responde a nossa compreensão da ética, 
nem de moral. Além disso, ocorre aqui um erro de tradução. Pois na ética aristotélica 
não apenas ocorre o termo éthos (com e longo), que significa propriedade do caráter, 
mas também o termo éthos (com e curto) que significa costume, e é para este segundo 
termo que serve a tradução latina (TUGENDHAT, 1996, pp.33-34).
Para fins didáticos, não entraremos com profundidade no campo da filosofia ética, 
tampouco a estudaremos em demasia, contudo, não podemos ser refém desse 
conhecimento lá na frente, deste modo, continuaremos na tentativa de diagnosticar 
possíveis diferenças no pensamento kantiano, o qual se norteia em grande parte a 
cosmovisão cristã da ética.
As duas obras de Kant Crítica da razão pura (1781) e Crítica a razão prática (1788) são 
tidas como fundamentais para a ética contemporânea, dada a sua influência até mesmo 
no meio cristão protestante. O cerne do pensamento kantiano é a autonomia da razão, 
pois age moralmente aquele que é capaz de se autodeterminar. Então perguntas como 
o que devo saber? O que devo fazer? O que é lícito esperar? O que é o homem? Kant 
remonta a concepção e atribui a fatores metafísicos, morais, religiosos e antropológicos, 
sendo que convergem todos para a antropologia como questões últimas da ética.
O que nos é válido elucidar, Marcondes (2007, pp.94-95) encontra em a Fundamentação 
da metafísica dos costumes de Kant o princípio fundamental racional ético kantiano 
sobre o imperativo categórico, que de acordo com este conceito “os deveres morais 
são válidos incondicionalmente, isto é, princípios que não admitem exceção.” Estamos 
entrando na zona dos valores morais objetivos, mas trataremos deles mais adiante.
Immanuel Kant, não se utilizou do termo restrito e técnico moralis, na visão de Tugendhat, 
mas sim de mores, como pretensa tradução da palavra grega. Dentro da razão existem 
algumas regras (são os imperativos de Kant) assim como no jogo de xadrez, você até 
pode jogar do jeito que quiser, mas estará jogando qualquer coisa, menos xadrez, contudo 
não podemos afirma que alguém imoral é também irracional, simplesmente ele não está 
jogando conforme as regras. Para nos posicionarmos, segue para efeitos didáticos o 
quadro abaixo de maneira resumida:
Quadro 1. Conceituações.
Moral Tem a ver com “ter de” fazer/não fazer... “deve”, “para quê?” fazer/não fazer...
Juízos Morais Tem a ver com o “bom” ou “ruim”.
Ética
Tem a ver com a filosofia da moral e seu sentido. Possui argumentos universais onde o que é ético para um grupo, pode não 
se para outro. Espécie de doutrina do caráter.
fonte: baseado em Tugendhat (1996). 
11
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
De maneira genérica, o iluminismo moderno tem trilhado dois caminhos. O primeiro 
deles se dá em Hume1, onde em sua concepção a filosofia simplesmente precisa fazer 
uma junção sistemática supostamente a qual todos aprovam ou criticam, deixando 
de lado toda a pretensão de fundamentação. Já em Kant, a segunda linha, enxerga-se 
somente uma consciência moral, devendo ser fundamentada. Desta forma, em linhas 
gerais, o pensamento kantiano tem mais a ver com a ética cristã do que demais 
filósofos que atribuem ao posicionamento cristão que todo fim da linha lógica cai no 
valor absoluto das Sagradas Escrituras, portanto na vontade absoluta e perfeitamente 
verdadeira de Deus.
Muitos críticos, filósofos discordam da analogia que é feita da fundamentação absoluta 
kantiana (nascida em Aristóteles) com critérios absolutos que o cristão deve satisfazer 
(ou o homem natural em geral) como àquele guiado pelos estatutos absolutos divinos. 
Em uma weltanschauung da crítica kantiana e do posicionamento cristão frente à 
fundamentação absoluta é a de que não necessariamente é a Bíblia é a verdade-fim 
das coisas, tampouco Deus, mas que se deve filosoficamente procurar alternativa ética 
dos valores morais para se atribuir relatividade às coisas, portanto, temas como a 
cosmovisão cristã sobre o absolutismo é tido por parte dos críticos algo repugnante e 
contorcido da ética. 
Por fim, o “ter de” não necessariamente deve seguir o caráter normativo da Bíblia, 
tampouco de preceitos divinos, mas que deve haver normas que satisfaçam 
àquela sociedade, naquele determinado tempo situacionista (veremos mais sobre 
situacionismo adiante).
Vejamos em Tugendhat o resumo do modo como às diversas posições filosóficas 
modernas compreendem o ser-fundamentado de um juízo moral:
Quadro 2. Posições filosóficas sobre o ser-fundamentado.
Em Hume A pergunta pelo ser-bom é respondida exclusivamente com recurso à efetiva aceitação geral.
Em Kant O ser-bom deve ser fundamentado absolutamente com recurso a uma razão com “R” maiúsculo. 
Em Schopenhauer
Dá uma base à ética, que a fundamenta não como ela é compreendida – como obrigação – e trata-se aqui também 
apenas de um fundamento e não de uma fundamentação (os juízos morais não têm em Shopenhauer uma pretensão 
de fundamentação; a palavra “bom” desaparece).
No contratualismo
Anuncia uma fundamentação em um ser-bom relativo para cada um. Não podem existir no contratualismo, sendo ele 
consequente, juízos de valor com pretensão de fundamentação, mas fundamenta-se (apenas) porque é bom para o 
indivíduo seguir tais regras.
fonte: baseado em Tugendhat (1996, pp.82-83). 
Portanto, dentro de uma cosmovisão cristã, temos em Kant o que mais nos aproxima 
daquilo que é proposto pelo cristianismo desde Jesus, não excluindo obviamente a lei 
1 Filósofo deísta escocês David Hume.
12
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
(Torah) mosaica (veremos mais adiante esse contexto).A proposta então, em Kant, é a de 
que como se deve entender o bem, deste modo, para o filósofo prussiano o bem reside no 
fato de ser bom, o que para Aristóteles esse bom tem a ver tão puro e simplesmente com 
a felicidade subjetiva de cada um e ainda na visão aristotélica ética está sujeita à política. 
Principais filósofos da História
Depois de termos em mente as definições básicas entre ética e moral e como Kant se 
aproxima de uma weltanschauung cristã, e ainda, antes de entrarmos no contexto ético 
cristão ou teologia da moral, importante nos é esboçar um breve panorama dos filósofos 
e seus respectivos pensamentos sobre ética. Para que o assunto não fique maçante, mas 
de uma maneira didática recorramos à tabela do tempo para termos claro quais ideias 
nortearam quem, quando e o que pensavam:
Quadro 3. filósofos e pensamentos éticos.
FILOSOFIA CLÁSSICA
Sócrates
Sócrates via leis absolutas na mente universal, e por isso concebia princípios morais imutáveis, sem ter de apelar para qualquer 
revelação divina. Ele tinha certeza disso, e ainda afirmava que a ética é uma virtude e como tal, para Péricles, não pode ser 
ensinada. Ele condensava o conhecimento como virtude máxima das virtudes temperança, fortaleza, justiça e sabedoria. Foi o 
fundador da Filosofia Ética.
Platão
Acreditava que os padrões éticos derivam-se do mundo espiritual dos universais e não mediante as experiências deste mundo físico. A 
sua ética, pois, estava calcada sobre valores do outro mundo. Contribuiu relativamente pouco para a definição de moral.
Aristóteles
Localizava a conduta humana neste mundo, para benefício da vida neste mundo. A felicidade teudemoniai era o seu alvo. E ele dizia 
que esse alvo seria atingido quando cada pessoa desenvolvesse a sua função particular, com a qual pudesse servir a si mesma e à 
sociedade. Toda conduta, para ele, deveria ser governada pelo princípio da moderação, o imortal princípio grego. Para Aristóteles a 
ética é subordinada à política e o bem supremo humano é a busca da felicidade. Portanto, não seria uma ética ou teoria moral, mas 
uma teoria da felicidade, considerando como alicerce o prazer e o gozo, estudados massivamente por filósofos contemporâneos.
FILOSOFIA ANTIGA
Epicuro
Representante do hedonismo grego enfatizava os prazeres; mas visava especialmente, se não mesmo exclusivamente, os prazeres 
mentais, e não os carnais. Nesta cosmovisão, o prazer carnal é a causa da ansiedade e sofrimento, sendo que, ao contrário do 
pensamento aristotélico, a vida se resume à busca pela vida virtuosa, pois neste sentido sim, faz-se um meio para se chegar à 
felicidade, portanto, a mortificação do corpo regia o pensamento do hedonismo.
FILOSOFIA MEDIEVAL
Agostinho 
Embora, Agostinho possuísse suas raízes platônicas, como absolutista não qualificado 2 foi um dos mais importantes mestres de 
teologia de todos os tempos. Agostinho de Hipona insistia na necessidade de regeneração para que o homem fosse capaz de 
seguir uma conduta ideal, uma vez que o homem não regenerado se torna completamente incapaz de seguir uma conduta correta 
aos olhos de Deus. Como é óbvio, ele seguia cegamente as ideias paulinas. Agostinho aprovava certa dose de ascetismo, como 
um meio de disciplina, a fim do crente poder servir mais perfeitamente a Deus. Contudo, a moderação, o grande ideal grego, que 
também é representado nas epístolas paulinas, com frequência é melhor do que a abstinência. Agostinho não concordava com 
Pelágio, – que dizia que Deus nos criou humanos, mas que nós mesmos nos tornamos retos. Antes, ele descobria esse princípio no 
poder de Cristo, na regeneração, por meio do princípio da graça divina. Ainda afirmava que a doutrina da fé é a mais perfeita, pois 
assemelha-se ao conhecimento divino.
Tomás de 
Aquino
Misturava as ideias de Platão, Aristóteles e Agostinho, introduzindo ainda o motivo da lei natural. Mas principalmente Aquino usava, 
adaptava e modificava as ideias de Aristóteles. Em sua abordagem ética geral, na Suma Teológica, ele aborda a felicidade, a virtude, as 
ações e emoções humanas. Ele deu ao catolicismo romano sua teoria ética básica, que ele também depende em muito de Aristóteles. 
O homem possui livre-arbítrio, podendo fazer escolhas genuínas, pelas quais também torna-se responsável. A vontade de Deus é ativa 
quanto ao homem, e ajuda-o a fazer as escolhas certas. Sem isso, o homem nada poderia fazer. Contudo, há um esforço cooperativo 
envolvido em toda a ética. O homem não é um autômato.
2 Veja Capítulo sobre Sistemas Éticos.
13
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
Descartes
Ele acreditava que se pode obter certa dose de conhecimentos, mas sentia que, para tanto, é mister o estudioso ultrapassar 
os limites do ceticismo. Seu alvo era desenvolver uma filosofia que conferisse um perfeito conhecimento e uma conduta ideal, 
servindo de meio para ajudar no progresso das ciências. Ele procurava criar um sistema que possuísse a certeza da matemática, 
e não dependesse dos sistemas· escolástico e dogmático. Desconfiava do método empírico de obter conhecimentos, no que dizia 
respeito à obtenção da certeza no conhecimento, e preferia aplicar o racionalismo.
Spinoza
A obtenção da sabedoria é um dos fatores importantes da ética de Spinoza. Para ele, a ética depende de leis fixas, e não da 
tentativa humana de constituir sistemas que dependam de fatores variáveis em constante mutação. A ética seria algo tão fixo como 
a geometria e as leis do mundo físico. Os princípios éticos são atingidos mediante a razão, a intuição e as experiências místicas. 
Esses princípios são descobertos por esses meios, e não produzidos por eles. Quando um homem é governado por suas paixões, é 
apenas um escravo. A pessoa verdadeiramente boa é alguém capaz de controlar sua vida e suas circunstâncias. A sabedoria liberta-
nos, e a sabedoria é a essência da bondade de Deus. O indivíduo é um modo de Deus. Deus é conhecido no pensamento puro; 
e quando chegamos a isso, também temos a moralidade de Deus. Não existem em Deus o bem e o mal, o certo e o errado; mas 
o homem, em sua experiência corrompida das coisas, força essas ideias sobre Deus. A bondade, a maldade, o certo e o errado 
existem somente em relação aos interesses humanos. As coisas que tendem por beneficiar-nos são boas; e as coisas que tendem 
por prejudicar-nos são más. O maior bem, para o homem, consiste no autocumprimento, na direção do amor de Deus. Albert 
Einstein se inclinava para as concepções de Spinoza como a nenhum outro filósofo.
FILOSOFIA MODERNA
Hegel 
Não se preocupava com as limitações salientadas por Kant, mas supunha que em sua Triada-tese, antítese e síntese ele podia 
discutir de forma inteligente aos problemas éticos. Alterou significativamente a filosofia do idealismo alemão. Pensava que com a 
dialética podia mostrar como o Espírito absoluto manifesta-se de forma ética. A principal triada hegelíana, sobre a moralidade, tem 
como sua tese, propósito, como sua antítese, intenção e bem-estar, e, como sua síntese, bondade e iniquidade.
Hume
David Hume mesclava o conceito de senso moral de Hutcheson com a simpatia (outro nome para o amor), com o hedonismo e 
com o utilitarismo como diretrizes.
Kant
Kant estabeleceu o seu imperativo categórico, ele promoveu uma regra ética que reside na razão humana, sem qualquer apelo ao 
ser divino. Nunca se deve fazer qualquer coisa que não se queira tornar em uma lei universal. Kant acreditava na existência de leis 
universais, absolutas e éticas, as quais podem ser compreendidas pela razão e pela intuição humanas. Se deve fazer qualquer. 
Veremos mais adiante seu posicionamento como absolutista não qualificado.
Kierkegaard 
Rejeitava a ideia inteira de que pode haver uma síntese que ultrapassa toda antítese. Antes, muitas grandes questões terminam em 
paradoxos, nos quais o intelecto humano fica inteiramente perplexo, derrotado por qualquer tentativa de chegar a uma definição 
final e a uma compreensão última. O Deus homem, na pessoa de Jesus, é um exemplo disso. Osparadoxos fazem os homens 
aproximarem-se da fé, afastando-os da pura racionalidade. Um homem corresponde internamente a uma pergunta, e é dotado de 
discernimento intuitivo, mas não é capaz de dar solução aos grandes paradoxos.
FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
Karl Marx
A dialética de Hegel (com suas triadas) foi modificada por Marx a fim de obter dali uma filosofia para suas teorias políticas. Marx preferia 
pensar que este mundo é guiado por fatores econômicos, Assim, as forças espirituais foram substituídas por um materialismo mecânico. 
E essa mecânica envolveria uma triada. Marx reduziu um princípio espiritual a triadas materialistas, assim também a chamada Teologia 
da Libertação reduz a teologia cristã a uma sociologia materialista, tipo marxista. Influenciou diversos movimentos deterministas.
Nietzsche
Objetava às regras éticas, eternas e fixas, postuladas por Kant, Para ele, os nossos processos de aprendizagem não passam de 
expedientes práticos para manipular as situações humanas. Não há casos idênticos na natureza, pelo que a ética estaria sempre em 
estado de fluxo, de constante flutuação. Usamos a nossa inteligência para fazer avaliações e para agir de acordo com as mesmas. 
Nietzsche ensinava a força da vontade, traduzida em uma excelência acima do normal quanto às definições do bem e do mal. Para 
ele, esse seria o alvo dos sábios.
Freud
A ética de Freud estava inteiramente assentada sobre o homem. Freud desenvolveu uma hipótese sobre a natureza humana. A psicoterapia 
precisa levar em conta vários níveis da consciência humana. Os elementos da psique são o Id, o Ego e o Superego. Freud antecipava o fim 
das religiões, uma vez que a humanidade chegasse a ultrapassar seus preconceitos, projeções e falsa maturidade infantis. Com o tempo, o 
positivismo lógico de Comte tomou conta da mente do jovem cientista. Os padrões do homem residiriam essencialmente em seu superego, 
de que partem repressões. Nada tendo a ver, necessariamente, com a verdade. Os padrões morais seriam criações humanas; e uma 
consciência perturbada surgiria simplesmente porque não vivemos à altura dos ilusórios padrões estabelecidos pela sociedade.
Weber
Para Weber a ética da convicção não é necessariamente religiosa3: uma vez que se caracteriza essencialmente pelo compromisso com um 
conjunto de valores associados a determinadas crenças. A ética da responsabilidade, por sua vez, valoriza, sobretudo, as consequências da 
ação e a relação entre meios e fins, com base nas quais um ato deve ser julgado como bom ou mau. Elas podem entrar em conflito, deste 
modo uma decisão deve ser tomada e uma das duas, prevalecer. Weber foi um defensor da ética da responsabilidade.
3 Muito embora em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo Weber usa de maneira prolongada e vasta a sobre o 
protestantismo e o cristianismo, considerando o Sermão do Monte o cerne da cultura cristã. Mas afirma que “o único resultado 
ético eram, pois, algo de negativo: a submissão dos deveres seculares ascéticos da situação existente (WEBER, 2008, p.46).
14
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
Paul Tillich 
O filósofo existencialista opinava que a ética cristã precisa reter elementos reflexivos, dialéticos e paradoxais, uma vez que, afinal de 
contas, a ética cristã faz parte da teologia, e a teologia encerra esses elementos. 
Karl Barth 
e Emil 
Brunner
Desenvolveram a conhecida teologia dialética, como reação que tomou forma contra os conservadores, bem como os liberais, 
os quais insistem em fazer assertivas não qualificadas sobre Deus (veremos mais sobre este contexto adiante). Para Brunner, a fé 
ocupa lugar primordial, tal como dizia Kierkegaard, visto que os objetos da fé com frequência parecem absurdos e paradoxais. 
Desse modo à própria revelação divina é paradoxal.
fonte: baseado Enciclopédia de bíblia, Teologia e filosofia et. al. 
Após tal análise, vimos que a cosmovisão mesmo de mentes brilhantes como estas se 
convergem e divergem muitas vezes sobre pontos específicos de um mesmo assunto. 
O grande problema talvez que tenhamos seja o de definir se existem e quais são os 
valores morais objetivos. Na concepção copernicana em Kant trata-se do objetivismo 
e subjetivismo da filosofia ética, bem como no historicismo de Hegel, ressalta ainda 
Kreeft e Tacelli (2008, pp.573-574):
Kant ficaria horrorizado se nos visse classificar a sua teoria sob o título 
de subjetivismo. Ele achava que sua revolução copernicana era o único 
caminho que dava conta do nosso conhecimento científico sobre o 
universo. Também acreditava que todas as mentes fossem constituídas da 
mesma forma, então, sua teoria certamente não seria um individualismo 
ou relativismo [...]. O historicismo de Hegel afirma que toda a realidade 
é um processo histórico, até Deus e a verdade. A verdade muda com a 
história, da mesma forma que nós, seus sujeitos, mudamos [...]. Como 
o kantismo, o historicismo é uma meia verdade, mas não pode ser 
universalmente verdadeira sem se contradizer. É parcialmente verdadeira, 
pois o significado de cultura avançada na Idade da Pedra, poderia ser a 
mesma que o significado de primitivismo inculto na Idade Moderna.
Vemos no modo crítico do texto acima uma posição confrontadora dos pensamentos 
de Kant e Hegel para adaptação à ética cristã, uma vez que as verdades absolutas não 
mudam em função do tempo, mas o que muda é o nosso conhecimento de Deus. Teorias 
refutadas não significam leis universais alteradas, mas potencialmente caracterizadas 
como leis universais. Tal aprofundamento em filosofia da ciência não nos é de extrema 
importância neste momento, veremos no fim deste material superficialmente as 
posições de Thomas Kuhn, Karl Popper e Ernst Nagel, mas principalmente em Kuhn 
teremos atributos que nos ajudarão na compreensão de decisões bioéticas.
teologia Moral
Muito embora a teologia da moral (ou ética cristão) tenha se dado no Ocidente4, 
reconheceu-se esta vertente teológica somente após o século XVI. Ainda antes deste 
4 Ver mais detalhes sobre a Igreja do Ocidente e a do Oriente no material Ecumenismo de nosso curso.
15
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
século a terminologia theologia moralis, já se fazia presente que por sua vez, se espalhou 
após a Reforma e Contrarreforma5. Deste modo é óbvio que objetivou-se a partir dessa 
nova cosmovisão guiar a consciência do cristão para fins psicológicos de julgamento, 
como sempre, possuindo raízes em Tomás de Aquino e agostinianas.
Os puritanos foram os principais a contribuírem para a teologia da moral, sendo que 
todo o protestantismo fora atraído para esse novo modo de ver, e ainda Ferguson, 
Wright e Packer em seu bom Novo Dicionário de Teologia continuam:
A validade da teologia moral tradicional tem sido matéria de controversa. 
É típica, de muitos modos, do século XVII, em que floresceu: é 
individualista em sua concepção de agente consciente, orientada de 
modo leigo, em sua preocupação pela vida no mundo; todavia, procura 
impor ordem sobre as percepções morais subjetivas [...]. Não obstante, 
essa teologia contribui enormemente para uma compreensão do tipo de 
discernimento que se requer à interpretação de situações particulares 
de decisão moral, apontando, assim, para um pensamento cristão moral 
não legalista nem subjetivo. Essa tradição, contudo, cairia em perda de 
reputação nos círculos protestantes no século XVIII. No catolicismo 
romano, alcançou seu ápice no começo do século XVIII, com a obra de 
Alphonsus Liguori (1696-1787), e vigor renovada no século XIX, vindo a 
perder apoio somente no século XX (FERGUSON, 2009, p.1085).
Kant teve influência direta na visão moral protestante desde o final do século XVIII, 
movimento que estudou como sua ética autônoma pode ser aplicada ao contexto cristão. 
Tal influência tem principalmente nos temas conduta ética na guerra, prática ética médica 
e relações trabalhistas no mundo hodierno.
Abaixo, estão os principais pontos recomendativos da teologia moral:
Quadro 4. Pontos recomendativos para a teologiamoral.
1. A teologia moral se distingue da “teologia espiritual” e da “teologia pastoral” (estudo das tarefas do ministério cristão), por se 
preocupar com questões mais mundanas que a primeira citada e mais orientada para o leigo que a segunda. Todavia, haverá sempre 
interação entre as três.
2. A tarefa primordial da teologia moral é deixar claros os conceitos morais cristãos, mostrando os diversos modos cristãos de 
apresentar as questões morais — em termos de mandamento de Deus, amor pelo próximo, liberdade de fé, santificação do crente, 
formas de ordem criadas etc. — , que emergem das Escrituras, e comparando-os com outras formas em que as questões morais 
possam ser colocadas.
3. A teologia moral deve desenvolver em detalhes certos aspectos da doutrina cristã da natureza humana, especialmente da 
sociedade e do governo, da sexualidade e da vida e morte. Isso dá continuidade à obra da teologia sistemática nessas áreas, ao levar 
as ordenanças e os mandamentos bíblicos relevantes a alcançar uma visão sistemática.
5 Também melhor explanada no material acima cita, contudo, o bom aluno, caso tenha pouco conhecimento ou queira 
aprimorá-los com detalhes pertinentes, fará pesquisas mais aprofundadas frente a um tema demasiadamente vasto.
16
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
4. A teologia moral deve se voltar para questões decisórias enfrentadas pelos indivíduos e pela sociedade, de tal modo que ela seja 
aplicável do melhor modo possível. Essas questões costumam se apresentar de três maneiras: a) questionando-se sobre que atitude 
deve assumir o crente individual que tenha de tomar uma decisão (perspectiva de agente); b) indagando-se de que modo o crente 
ou a Igreja pode ou deve aconselhar pessoas que tenham decisões a tomar (perspectiva de aconselhamento); c) questionando-se 
sobre a adoção de uma regra social adequada que poderia orientar a prática (perspectiva legislativa). Todavia, se essas três formas de 
questionamento não forem mantidas distintas e separadas, poderá resultar em confusão. 
5) Não há proveito algum na divisão de teologia moral em “ética pessoal” e “ética social”, divisão essa que promove o conceito 
errôneo de que o pessoal e o social constituem campos separados da investigação moral, quando, na verdade, assuntos decisórios 
contêm tanto aspectos pessoais quanto sociais a ela ligados.
fonte: fergosun et. al. (2009, pp.1086-1087). 
Com base nessas informações, daremos continuidade ao conteúdo, uma vez que se fez 
necessário apenas delimitar os posicionamentos teológicos morais.
17
CAPítulo 2
Sistematização Histórica e Conceituações
A Cultura Moral na lei 
Com grande frequência o termo syneidesis6 aparece nas cartas de Paulo, posteriormente 
a reflexão escolástica definiu uma dupla concepção entre syndéresis como capacidade 
originária de percepção dos valores (consciência habitual), e a aplicação desses valores 
às situações concretas (consciência atual), de acordo com Azpitarte (1995, p.196), ainda 
segundo o autor “a obediência da lei aparecia então como o remédio mais eficaz para a 
superação desses perigos”, perigos os quais representados pela culpabilidade ou não da 
consciência errônea.
Tal consciência que na lei reside todos os atributos objetivos e norma última da 
moralidade aplicou-se de modo mecanicista à realidade humana antes de Cristo. Após 
Jesus, tudo tornou-se um tanto quanto mais complexo, “como então agradar a Deus e 
fazer suas vontades se a lei mosaica e, portanto a Torah, tem validade direta somente 
ao povo daquela aliança?”
Ao contrário do que se pensa, em uma cosmovisão cristã, não se tem o laxismo no 
cristianismo dentro de um sistema comparativo com a rigidez da lei, uma vez que tal 
sistema torna-se cada vez mais complexo em um emaranhado de suposições hipotéticas 
se tomar-se como norte as Sagradas Escrituras e a vida de Jesus.
É-nos importante diferenciar o legalismo, antinomismo e o situacionismo nas palavras 
de Azpitarte (1995, pp.205-206), veremos mais adiante a respeito do situacionismo, 
porém já se faz importante tê-los bem claro antes de continuarmos:
A relação lei-consciência poderia ser vivida segundo três estilos ou 
modalidades diferentes. Para o legalista, a lei mantém sempre a 
primazia absoluta, até quando a consciência não vê suficientemente sua 
obrigatoriedade. A obediência ratifica a objetividade da decisão e é o 
critério mais seguro para não cair no subjetivismo. O antinomista anula a 
importância da lei e prefere seguir, ao menos em algumas circunstâncias, 
os ditames de sua consciência, até com o risco de equivocação. Ele prefere 
sacrificar a objetividade da lei ao seu próprio juízo e autonomia. E, entre 
ambos os extremos, o situcionista – eliminando o sentido pejorativo 
6 Consciência.
18
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
e antinomista que teve em seus primeiros tempos – aceita a validade 
e a obrigatoriedade da lei, mas a subordina, em algumas ocasiões, às 
exigências mais altas de sua consciência, quando se vê diante dos valores 
mais importantes, que pedem cumprimento prioritário [...]. Assim, ainda 
que defendamos uma posição intermediária, não há dúvida de que a 
deontologia tem tendência maior para o legalismo, enquanto a teleologia 
se inclina mais para o subjetivismo, se bem que ambas pretendam superar 
seus próprios riscos.
Culturas diversas e a Ética Cristã
De certo a ética cristã não possui influência apenas bíblica, uma vez que se considerarmos 
a infalibilidade das Escrituras Sagradas e a falibilidade interpretativa subjetiva 
antropológica das destas, veremos que doutrinas e culturas diversas subverteram o 
cristianismo desde os primórdios dos tempos (veja mais sobre sincretismo religioso 
em Ecumenismo, material de nosso curso). Portanto, concretamente houve ação 
direta de costumes, crenças gostos e modos de vida, expressões populares e artísticas, 
conhecimentos seculares e ocultos, tradições dos mais diversos fins, civilizações 
pseudo-primatas, sistemas sociais e instituições sagradas ou pagãs, culturas 
greco-romanas e greco-latinas, ocidentais, africanas e modernas em todo sistema 
religioso cristão.
A avaliação ética cristã não independe completamente da ação de interferentes externos, 
daí surgem as frequentes injustiças e incompreensões nos elementos de juízos trazidos 
à nossa vida cotidiana. O fato de residir em Deus os valores morais objetivos, para 
o cristão e tão somente em uma cosmovisão do cristianismo, exacerba que somente 
nas Sagradas Escrituras e na busca pelo Cristo ressurreto faz-se possível à ocorrência 
correta de julgamento ético e moral humano.
A Ética Cristã, o relativismo e 
Aspectos normativos 
Não se pode descartar o relativismo do diálogo ético cristão. Muito embora, as mudanças 
éticas não tenham sido tão profundas como se imagina, haja vista os valores morais 
objetivos, as normas tem sido fonte de debates acirrados, pois por meio delas muitos 
grupos humanos se submetem e se rebelam de acordo e em função de seu ponto de vista 
relativo. Azpitarte (1995, pp.161-162) nos dá um panorama geral:
As normas constituem, com efeito, os instrumentos concretos para 
a consecução de qualquer objetivo ético, e, por estarem vinculadas 
19
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
aos fatores complexos da realidade, a possibilidade de mudança se 
torna maior. As condições históricas e culturais de cada época ou 
povo produzem uma variedade de expressões que buscam a defesa 
de um mesmo valor e são a melhor maneira de protegê-lo, de acordo 
com as circunstâncias, conhecimentos e sensibilidade da época 
[...]. A análise das “constantes históricas” nas diversas épocas e 
culturas elimina em grande parte a impressão desconcertante de 
relativismo absoluto. 
Muito embora a verdade possua caráter definitivamente absoluto, em si mesma, 
o ser humano não consegue chegar nela de forma absoluta, sempre há um entrave 
que o separa desta verdade, a consciência pré-reflexiva aprimora o pensamento 
humano, porém de modo progressivo e intermitente. A ética margeiao subjetivismo 
por diversos fatores que interagem com o ser, e deste modo inalcançável se faz o 
absoluto verdadeiro.
A ética normativa aduz ao que é moral e justo, o caminho a se trilhar, as normas objetivas 
de orientação, trazidas ao longo da história, contudo, a reflexão casuística se faz maior, 
dada a enormidade da complexidade da vida.
O aspecto deontológico da norma está inserido na natureza de alguma função ou estuda 
o significado de determinada faculdade (tal relação nos faz importante para termos 
uma clara e correta interpretação dos modelos bioéticos e seus respectivos problemas 
posteriormente em nosso material).
Existem três elementos que são tidos como tradicionais os quais influenciam a 
moralidade:
 » a natureza;
 » o fim;
 » as circunstâncias.
Tendo isso mente, veremos em absolutismo qualificado maiores detalhes, pois exatamente 
neste momento se chocam absolutos morais dos mais diversos fins, onde o incorreto 
é sempre errado, veremos mais adiante a concepção do “mal menor”, pois por muitos 
anos acreditava-se no absolutismo do aborto, não poupando a vida da própria mãe, 
onde neste sentido, ocorria-se duplo homicídio, mas discorreremos mais sobre dentro 
do tema aborto.
20
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
o Princípio do duplo Efeito
Mesmo tratando mais sobre isto e o mesmo ficando mais evidente sob o tema absolutismo 
qualificado faz-nos importante ter em mente a definição proposta por Azpitarte (1995, 
pp.176-177) sobre o bem moral:
O bem moral consiste então em se discernir com lucidez e objetividade 
qual é a alternativa que se apresenta como a mais humana evangélica: 
defender o valor que se consegue com a ação, apesar de suas 
consequências negativas, ou deixar de fazê-la, para se evitarem os 
males que se julgam mais importantes do que a não consecução do 
valor desejado. O que é decisivo para o bel ou o mal moral é a referência 
dessa ação polivalente à realização humana e sobrenatural da pessoa. 
Essa capacidade máxima de humanização cristã, dentro do possível, a 
qual encerra determinado comportamento, é que converte em tolerável 
o que, em outras circunstâncias, seria condenado como ilícito.
Qual valor se deveria, portanto, buscar acima de tudo? Existiriam dentro do julgamento 
da eticidade consequências morais ao ser? Pergunta as quais o modo de ver secular 
dificilmente tem respostas contundentes, pois se não há um Deus que reside aos valores 
morais objetivos, segue-se que a consequência de qualquer ato, independente da sua 
objetividade, é tido como subjetivo. 
Ética Cristã e outras conceituações
Primeiramente, precisamos considerar as diferenças etimológicas dos termos, ética e 
moral. Veja abaixo, as considerações em Fundamentação da Ética Cristã:
O ethos e o pathos são duas faces opostas ou duas dimensões do 
mesmo sujeito. Na acepção de pathos entre tudo o que nos foi dado 
pela natureza, sem intervenção nem colaboração ativa de nossa parte. 
Chamamos a isso pathos porque o recebemos passivamente, sem a 
decisão de nossa vontade. O que recebemos assim da natureza constitui 
nosso modo natural, nossa maneira instintiva de ser, que padecemos 
como algo imposto, e que, como vimos, não serve para dirigir nossa 
conduta [...]. Para exprimir esse esforço ativo e dinâmico, que não se 
deixa vencer pelo pathos recebido, o grego usava a palavra éthos, mas 
com dois significados, conforme se escrevesse com eta ou com épsilon. 
No primeiro caso – além de exprimir a residência, a moradia ou o lugar 
de habitação – essa palavra indicava fundamentalmente o caráter, o 
21
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
modo de ser, o estilo de vida que cada pessoa quer dar à sua existência. 
Na segunda opção, ela fazia referência aos atos concretos e particulares 
pelos quais se leva a efeito esse projeto (AZPITARTE, 1995, p.50).
Esses conceitos nos serão demasiadamente úteis no tocante aos assuntos que iremos 
abordar sequencialmente. Tenha tais termos em mente, principalmente o fator 
inalterável de pathos, uma vez que, quando se é dado naturalmente, deve-se agir 
naturalmente ao fato, a fim de contorná-lo e conviver com ele, seja de qual magnitude 
ou gravidade for. Assim como temos nas ideias gerais de Martin Heidegger em sua obra 
Ser e Tempo, em suma afirma que as angústias existem pelo simples fato de se estar no 
mundo (esse contexto ficará também mais claro no subtema Filosofia da Ciência).
Na idade média havia uma renúncia exacerbada à dialética que impediam a inserção da 
metafísica na teologia e na moral, contudo ao passo que os estudos bíblicos aumentava, 
tal assunto, passou a ser cada vez menos discriminado no meio teológico e com isto 
tomou forma. Os sistemas morais aplicáveis ainda enquanto não existia na conduta 
unanimidade suficiente sobre a liceidade, discutia-se mais sobre a quantidade e 
autoridade do autor do que de fato pelo seu raciocínio lógico.
Hodiernamente muito se fala da interrogação que o marxismo coloca sobre a ética, bem 
como sobre a religião por meio de argumentos econômicos, na qual o mito de Prometeu 
toma forma como o primeiro santo do calendário de Marx, representando o gênio 
humano que supera limites, questiona privilégios de deuses e ainda protesta contra 
um terrível engano de uma religião infantil e dominadora e ainda, por fim, estabelece 
o homem como cerne do universo e o único responsável por ele. Azpitarte (1995, p.28) 
nos dá mais informações:
Hoje em dia se discute se o marxismo é uma ciência que elimina a 
base da moral, pela denúncia que faz de certas exposições como falsas 
justificações de interesses econômicos, ou se, ao contrário, constitui uma 
cosmovisão cheia de humanismo e eticidade, uma vez que nem todos os 
marxistas creem que a ética seja deformação ideológica. Não obstante, e 
apesar de todas as discussões atuais, o marxismo denunciou com força 
os critérios e as avaliações da moral comumente aceita [...]. Deus se 
transforma então para o povo numa droga, numa felicidade ilusória, 
sem a qual não valeria a pena viver [...]. Portanto, o único caminho para 
a superação de semelhantes alienações é a mística revolucionária. 
O reducionismo da moral é feito por psicanálise, assim como reduz-se a mesma por 
meio das estruturas econômicas em Marx. Já em Nietzsche vê-se claramente a raiz de 
denúncia da moral como máscara, a qual alega que usa o cristianismo como forma 
22
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
de aliviar tensões humanitárias do ser. O existencialismo e o secularismo sempre 
persistirão no caráter autônomo e independente da norma ética. 
O Concílio Vaticano II pressupôs o reinício da tarefa histórica do “aggiornamento” cristão, 
consistindo principalmente no diálogo fecundo da fé com o mundo. A constituição 
pastoral Gaudium et spes veio a ser o símbolo deste diálogo de reconciliação e de 
nova síntese. A teologia moral dos anos pós-conciliares realizou, como poucas áreas 
da teologia, trabalho ingente e globalmente positivo de “aggiornamento” interno e de 
diálogo com o mundo.
Houve disparidades interpretativas da contribuição do concílio para com o tema 
da teologia moral. Onde de acordo com Vidal (1993, p.31) Congar, no III Congresso 
Internacional do Apostolado dos Leigos em Roma (1967), colocando em debate o 
que fora tratado no concílio, constatou deficiência no que tange o tema sobre moral, 
contudo, Häring, antagonicamente, viu de modo positivo a contribuição feita. Para o 
próprio autor, ambas as visões estão corretas, uma vez que o tema central não era a 
moral, mas sim Ecumenismo (tema o qual é visto na matéria você verá mais detalhes 
sobre isto na apostila Ecumenismo deste curso).
Para Vidal, a compreensão da moral cristã baseia-se na responsabilidade moral 
humana, ainda afirma que não existe moral sem responsabilidade; deste modo, ainda 
segundo o autor, pode-se afirma que “ser livre” e “agir moralmente” são termos iguais 
em realidade.
Comportamento Moral
Vidal (1993, p.55), existe a dualidade esquemáticas para a formulação das expressõesdo comportamento moral, que divergem o esquema aristotélico-escolástico-casuístico 
e esquema atual personalista.
O primeiro trabalha com potências, seguidas de hábitos (virtudes, vícios etc.), seguido 
de atos. Não entraremos em profundos detalhes, contudo, sabemos que por muito 
tempo a moral cristã se foi baseada no esquema aristotélico-escolástico-casuístico. 
Quais potências constituem a primeira estrutura contundente do comportamento 
humano, onde a “alma” não é imediatamente operante. O início do ato moral se dá 
na conjunção de ambas as potências. Tratando-se de hábitos, estes constituem uma 
estrutura intermediária entre as potências e os atos, podendo ser bons ou ruins, Vidal 
os classificam como “princípios intrínsecos da ação humana”.
Já quanto ao esquema atual personalista, tem-se a opção fundamental, seguida da 
atitude a qual precede o ato. Neste esquema, o conhecimento do homem é que deve 
23
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
proporcionar as estruturas expressivas do comportamento humano. Um esquema 
dinâmico que coloca a pessoa e não mais o objeto no centro do conjunto moral.
identificando o que vem primeiro
Existem diversas discussões do que vem primeiro, para muitos cristãos que dizem-se 
maduros na fé confundem valores e princípios assim como se confunde roxo com lilás. 
Alguns constitutivos históricos do valor moral em determinado sistema moral:
Quadro 5. O Constitutivo do valor moral segundo diversos sistemas morais.
CONSTITUINTE CARACTERÍSTICAS
Na obrigação externa Obediência a princípio exterior legislante (sistemas morais obrigacionistas, legalistas, heterônomos, tabuísticos etc.).
No prazer
É bom o que origina prazer e à medida que o causa (existem variantes notáveis: hedonismo crasso, epicurismo, 
hedonismo elitista, hedonismo do gozo tranquilo e compartilhado etc.).
Na felicidade (eudemonia)
O ideal ético consiste na realização feliz do homem (mediante o exercício de suas funções superiores: ética 
aristotélica; mediante a consecução do fim último humano: ética tomista; mediante a realização integral da pessoa: 
versão moderna da ética eudemônica etc.).
Na harmonia interior
O ideal ético está na “ataraxia” e na “apatia” (estoicismo clássico), ou na realização do “sustineet abstine” (= 
“suporta e abstém-te”) (estoicismo popular).
No dever pelo dever Vivência ética partindo da autonomia da vontade (ética kantiana).
Na utilidade 
O bem reside em tirar a máxima utilidade para o maior número possível de sujeitos (utilitarismo clássico), ou em 
conseguir o máximo proveito para a vida individual e social (neo-utilitarismo).
No altruísmo (mesclado com 
certa dose de egoísmo)
O ideal ético está em olhar sempre pelos outros, sabendo que deste modo se dá atenção também a si mesmo.
Na liberdade
Entendida como absurdo (ética sartriana), como luta contra os valores vigentes (éticas revolucionárias), ou como 
fator de destruição (éticas de cunho niilista).
No exercício da razão
Agindo lucidamente em um mundo em que, diante de todas as inseguranças inevitáveis e diante de todos os 
motivos reais de desespero, a racionalidade é o último recurso do homem.
fonte: baseado em Vidal (1993, pp.72-73). 
Por meio de Glaudium et spes7 15, sobre dignidade da consciência moral e de 27-31 
sobre a responsabilidade do homem para com ele mesmo, traça-se um contexto que 
compreende a correlação entre cristianismo e o mundo moderno em geral ainda dentro 
do Concílio Vaticano II e, portanto, em uma weltanschauung católico-romana. 
Para Vidal (1993, p.77) dentro do tema descrição da consciência moral em um enfoque 
geral, entende-se que consciência moral engloba:
 » Sensibilidade moral: nesta acepção, a consciência moral se identifica 
com o “sentido moral”; 
 » O núcleo de valores que constituem a moral objetiva: nesta acepção, a 
consciência moral vem a ser o mesmo que a objetivação dos valores morais;
7 Vale apena conferir na íntegra no site oficial do vaticano: <http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/
documents/vat-ii_const_19651207_gaudium-et-spes_po.html>.
24
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
 » A responsabilidade objetiva: nesta acepção, a consciência moral se refere 
à implicação da responsabilidade subjetiva no comportamento moral.
Dentro deste contexto entendemos consciência moral objetiva: assassinato, abuso 
infantil, estupro, roubo e furto, entre outros fatores, são tratados unanimemente em 
uma mente sã e normal como errado tanto aqui como em qualquer parte do mundo, 
bem como em qualquer cultura, uma vez que, mesmo que se admita tais atos em alguns 
rituais africanos e de origens desconhecidas, o ser humano possui dentro de si uma 
aversão absoluta contra tais absurdos, é disso que trataremos agora.
25
CAPítulo 3
Valores Morais objetivos e suas origens
Valores Morais objetivos
Se nós sabemos que tais atos são errados e o antagônico, por sua vez, certo, pergunta-se, 
qual o padrão? 
A moral cristã, portanto, confronta veementemente a ideia da pós-modernidade em 
busca do “nada”, pois segundo ela, tudo tem um sentido, valor e propósito, de acordo 
com o argumento teleológico, o qual se dá que todas as coisas tendem a um fim objetivo, 
seja ele um ciclo ou finalização do processo, quer seja aceito ou não, estes conceitos de 
fato estão presentes e cabe ao homem optar em buscá-los ou permanecer ignorante.
Craig (2012, p.100) indaga porque o ceticismo atribui os valores morais: “bom” ao certo 
e “ruim” ao errado, seguindo-se que não há consequência alguma futura. Cita ainda 
“Porque sabemos o que é certo e o que é errado? Onde reside o valor moral objetivo?” 
– William Sorley (1855 – 1935). A alegação ateísta traz consigo a ideia que “tudo o 
que contribui para o bom andamento da vida é bom, o que não contribui é ruim, e 
ponto”. Levante-se, contudo, tais perguntas: o peixe rouba a comida de outro ou o faz 
por extinto? Um determinado ser assassina outro animal ou por necessidade natural o 
faz? Estupra ou acasala em favor da vida? Ainda segundo o autor: “se Deus não existe, 
segue-se que a moralidade, em última análise é subjetiva e não coercitiva” – (CRAIG, 
2012, p.167). 
Para darmos correlação mais aprofundada em uma weltanschauung apologética 
cristã8, existem premissa argumentativas contundentes que são utilizadas em demasia 
pelos conhecedores do tema apologético cristão, através de silogismo9 argumentativos 
de Leibniz:
1. Se Deus não existe, também não existem valores e obrigações morais 
objetivos.
2. Valores e deveres morais objetivos existem.
3. Logo, Deus existe.
8 Defesa da fé cristã.
9 S.m. Lógica. Raciocínio que se pauta na dedução, composto basicamente por duas premissas ou preposições (maior e menor), 
a partir das quais se alcança uma conclusão. 
26
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
Acreditando-se que as premissas acima são em geral autoexplicativas, não será ocupado 
espaço em demasia para explicá-las individualmente em minúcias, tampouco todos 
os silogismos apresentados serão explanados individualmente, uma vez que se trata 
de sequências lógicas as quais por vezes explicam-se por si mesmas; portanto, as 
premissas serão utilizadas somente como ferramentas para dar maior força às colocações 
argumentativas. Cabe-nos aqui somente apresentar um contexto de uma cosmovisão 
cristã em defesa de sua fé. 
Para aprofundar-se no tema: Apologética Cristã, indicamos as seguintes leituras: 
Apologética Contemporânea: a veracidade da fé cristã. 2a Ed. São Paulo: Vida Nova, 
2012, do Dr. William Lane Craig, filósofo apologético cristão internacionalmente 
reconhecido, proferindo acalorados debates até mesmo com o ateu evolucionista 
Richard Dawkins. E de uma maneira mais didática e de linguagem acessível: Em 
Guarda, do mesmo professor.
Por ora sabe-se que matar, roubar, dar falso testemunho de outrem entre outros são 
obrigações morais que ferem princípios do Estado, tornando-se em sua maioria (salvo 
culturas indígenas, africanas canibalistas e outras tendo tais atos legalmente normais, 
antagonizando-se com o sentimentopopular em geral, como já dissemos), que são 
passíveis de punição, seja em qual religião e cultura for. 
Azpitarte (1995, p.135) nos esclarece um pouco mais quanto ao subjetivismo feito por 
muitos da moral objetiva:
O vínculo obrigatório que nasce da verdade moral deve ser formalizado 
em proposições concretas e determinadas. Os valores mais universais 
[...], gozam de evidência tão grande que ninguém pode negar-lhes 
firmeza permanente. Todos concordamos em que se deve fazer o bem, 
praticar a justiça, viver de acordo com a razão, respeitar a dignidade 
da pessoa, dizer a verdade e defender a vida humana; nenhum código 
ético ou civil defende o assassínio e o roubo, nem permite a injustiça e a 
mentira. É uma defesa dos bens e valores fundamentais do ser humano 
e da sociedade na qual ele vive. Sem eles não seriam possíveis nem a 
vida social nem a civilização, porque então só imperaria a lei da força. 
Nesse sentido tais valores têm caráter universal, enquanto constituem 
o patrimônio ético da humanidade e se revestem de dimensão absoluta, 
uma vez que oferecem a primeira orientação necessária e estável para 
todos os tempos e circunstâncias. Fazer o mal ou cometer crime não 
podem ser justificados.
27
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
A Filosofia da Ciência trata do assunto por meio de Thomas Kuhn, o qual infere que o 
primeiro mundo de fato é o mundo visível, o mundo material, já o segundo é o mundo 
da consciência, da alma, e por fim o terceiro o mundo das proposições, que residem os 
valores morais objetivos. Qualquer semelhança com Terceiro Céu de Paulo é mera 
coincidência!
William Sorley (1855-1935) citado por Craig (2012, p.100), indaga: “porque sabemos 
em boa parte que bom é certo e que mal é errado, porque não o contrário, e porque 
essas coisas são assim?”. Segue-se, portanto, poder-se-á enquadra-se devidamente a 
causa primeira (Deus) em um quadro natural de realidade, tal como:
1. Sentido – Tem a ver com a importância, o porquê de algo importar.
2. Valor – Tem a ver com o bem e o mal, o certo e o errado.
3. Propósito – Ter a ver com um objetivo, uma razão para algo. 
Não existe sentido em viver uma vida que tem um fim sem retorno ou sem sequência, 
segue-se que não se precisa importar-se com nada que neste mundo é feito, desejado ou 
executado, pois não há padrões, não um pano de fundo para se basear, o quebra-cabeça 
pode ser montado de qualquer maneira, pois não há uma foto para se embasar, não há 
um padrão único.
Os valores podem ser invertidos inadvertidamente ser qualquer ônus, pode-se roubar, 
matar, estuprar e adulterar sem qualquer penitência futura. Já quanto ao propósito, 
qual a razão, mesmo que não haja fé neste propósito, de ser bom neste mundo se 
independe após a morte se o indivíduo optou por ser um assassino de aluguel e um 
adúltero sua vida inteira?
Vidal (1993, p.94), aprofunda-nos em uma ótica ainda cristã, porém de outro prisma, a 
gênese da consciência mora:
Existem diversas teorias para explicar o surgimento da consciência 
moral na pessoal: teoria biologicista, sociologicista, freudiana, piagetina, 
skinneriana etc. Levando em conta um enfoque interdisciplinar do 
problema, julgamos que a “etização” do indivíduo humano se vai 
estabelecendo através do jogo dialético entre processos de “adaptação” 
e processos de “autodescoberta”. A maturidade ética do indivíduo 
alcança-se mediante o equilíbrio tensional entre a “originalidade” e 
a “confrontação”. Os processos de originalidade e de confrontação 
passam por diferentes estágios, que vão, de um lado, da anarquia da 
psicomotricidade inicial à subjetividade autocontrolada e, do outro 
lado, da total constrição exterior à reciprocidade compartilhada.
28
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
Para promover melhor o exposto, se ainda parecer obscuro tais informações, as mesmas 
não se fazem com sua condensação:
Quadro 6. gênese da consciência moral.
(1) Processos de CONSISTÊNCIA (2) Processos de ABERTURA (3) Processos de OBJETIVAÇÃO
1. Aquisição da psicomotricidade (esquemas 
senso motores).
1. Relação de dependência e de constrição. 1. Domínio das funções fisiológicas.
2. Capacidade de assumir e de repelir “o que 
vem de fora”..
2. Relação de identificação e de repulsa. 2. Aceitar as ações de outros e ater-se a elas.
3. Independência, como fonte de originalidade.
3. Relação de respeito, de colaboração e de 
cooperação.
3. Assumir a realidade de ações conjuntas do 
“eu” e dos “outros”.
4 SUBJETIVIDADE 4. RECIPROCIDADE 4. COMPROMISSO SOCIAL
fonte: Vidal (1993, p.95) 
Em a dignidade da consciência moral (GS 16 – Gaudium et spes), a “consciência é o 
núcleo secretíssimo do homem, no qual este se sente a sós com Deus, cuja voz ecoa no 
recinto mais íntimo daquela”. A visão teleológica de mundo pela ciência se torna cada 
dia mais subjetiva, isto é, qual o fim? Para onde estamos nos encaminhando? Essa é 
uma pergunta difícil de ser respondida, pois se não haverá consequências futuras, em 
uma weltanschauung cristã, segue-se que não se faz necessário agir de modo correto, 
pois independente do que se faça, o fim da linha é igual tanto para Hitler como para 
Tereza de Calcutá.
Azpitarte (1995, p.64) traz um fulcro comentário, para finalizarmos, ainda dentro do 
tema:
Algo parecido como poder-se-ia dizer sobre o sentido egocêntrico, 
aparentemente defendido. Se a salvação eterna interessa, é porque 
com ela está em jogo nossa felicidade. Até a desobediência e a 
submissão a Deus seriam motivadas pelo interesse pessoal, porque a 
única coisa que importa, acima de tudo, é não sermos condenados a 
uma desgraça que, além de tudo, é eterna. Deus e seus mandamentos 
chegam a ser vividos como peso molesto, mas inevitável, como 
simples meios utilitários para se conseguir o objetivo desejado. A frase 
de Dostoievski, “se Deus não existe, tudo é permitido”, exprimiria 
então a nostalgia de uma impossibilidade que nos teria abandonado: 
a de podermos viver como quiséssemos e sem necessidade de 
nenhuma coação.
Weber, por fim, de modo assertivo resume a weltanschauung ética protestante do 
sentido igualitário dos bens. Em sua notável obra A Ética Protestante e o Espírito do 
Capitalismo, considerada por muitos no campo acadêmico como ‘o livro do século’:
29
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
[...] a verdadeira objeção moral refere-se ao descanso sobre a posse, ao 
gozo da riqueza, com a sua consequência de ócio e de sensualidade, e, 
antes de mais nada, à desistência da procura de uma vida “santificada”. 
E apenas é condenável porque a riqueza traz consigo este perigo de 
relaxamento, pois o “eterno descanso da santidade” encontra-se no 
outro mundo; na Terra, o Homem deve, para estar seguro de seu estado 
de graça, “trabalhar o dia todo em favor do que foi destinado”. Não é, 
pois, o ócio e o prazer, mas apenas a atividade que serve para exaltar 
a glória de Deus, de acordo com a inequívoca manifestação da Sua 
vontade (WEBER, 2008, p.86). 
30
CAPítulo 4
Aprofundando-se em Ética Cristã
Sistemas éticos
A partir deste momento, nos aprofundaremos especificamente em nosso tema inicial, 
uma vez que temos as principais informações globais sobre ética em caráter secular. 
Genericamente podemos dividir os sistemas éticos entre absolutistas e não absolutistas. 
Deste modo:
Quadro 7. Sistemas éticos.
NÃO ABSOLUTISTAS ABSOLUTISTAS
Antinomismo Absolutismo não qualificado
Situacionismo Absolutismo conflitante
Generalismo Absolutismo graduado
Falaremos em detalhes não exaustivos de cada um, já que nos é insofismavelmente 
importante aos debates éticos hodiernos. Basearemos fortemente em na obra do teólogo 
e filósofo Norman Geisler Ética Cristã para compreendermos tais sistemas éticos e é o 
que melhor classifica cosmovisões individuais de grandes pensadores.
não absolutistas
Antinomismo 
Nesta visão de mundo não há leis morais, portanto mentir não é certo nem errado: não 
existem leis. O antinomismo expõe sua visão excluindo todas as leis morais objetivas. 
Em um sistema“antilei” tudo se torna relativo. O filósofo e teólogo Dr. Norman Geisler 
destaca os principais pontos antinômicos e dividi-os em períodos:
Quadro 8. Antinomismo em períodos.
MUNDO ANTIGO
Heraclitismo
Heráclito cria que todas as coisas estavam em fluxo constante, já Cráticlo, acreditava que neste fluxo nada tinha a mesma 
qualidade, de modo imutável. 
Hedonismo
Os epicureus acreditavam que o que é bom para um pode não ser bom para outro, a relatividade aqui pertencia ao gosto e 
cosmovisão do ser (como vimos em seu mentor Epicuro no breve comentário sobre o mesmo na unidade anterior).
Ceticismo
A suspensão do juízo em todos os seus sentidos aqui é o cerne da visão ceticista. Sexto Empírico no período antigo e David 
Hume na modernidade são famosos representantes dessa weltanschauung. Aqui nada é absoluto, por enquanto nenhuma forma 
de pensamento está completamente errada, tampouco completamente correta.
31
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
MUNDO MEDIEVAL
Intencionalismo
Aqui, prima facie, tudo está envolto à intenção, torna-se bom um ato quando a intenção é boa e mau quando a intenção é má 
e tão somente, de acordo com Pedro Abelardo (século XII). 
Voluntarismo
Para Guilerme de Ockham (século XIV), os princípios morais estão contidos em Deus. Aqui a moralidade podia ser 
completamente inconstante, uma vez que Deus poderia mudar atos corretos para errôneos e errados como bons; não havia 
certeza de que Deus não agiria desta forma, encaminhando-se para o pensamento antinômico.
Nominalismo
Ainda em Ockham, a negação dos universais ou nominalismo. Atos individuais nesta cosmovisão são reais, porém, formas 
universais residem apenas na mente humana, isto é, um caráter imaginativo da “essência humana”.
MUNDO MODERNO
Utilitarismo
Aqui o intuito era favorecer beneficamente o maior número de pessoas possível. Sua base é hedonista, estabelecida por Jeremy 
Bentham (1748-1832). Ainda sim não existem valores morais absolutos, tudo é vislumbrado essencialmente naquilo que traz 
maior prazer, variando de pessoa pra pessoa em determinadas situações e localizações.
Existencialismo
Nós falamos de Kierkegaard (1813-1855), o pai do existencialismo na era moderna. Aqui o dever mais elevado ultrapassa a lei 
moral, para Jean-Paul Sartre (1905-1980) nenhum ato ético possuía significado real.
Evolucionismo
É cediço que o nascimento desta linha de pensamento se deu em Darwin o que levou e leva cientistas até hoje a crerem na 
ideia de que tudo o que corre para o bom andamento da vida é bom e o que o atrapalha é mau e ponto. Adolf Hitler seguiu uma 
visão deturpada evolucionista da seleção natural e sobrevivência dos mais aptos entre os grupos étnicos humano.
MUNDO CONTEMPORÂNEO
Emotivismo
Para A.J. Ayer (1910-1989) as fundamentações éticas são dadas por aspectos emotivos. Aqui não há leis morais obrigatórias a 
ninguém, pois decerto o homem não mata porque “não gosta de matar” e “sente que matar é errado”.
Niilismo
Os valores morais objetivos aqui estão mortos juntos com Deus, segundo Friedrich Nietzsche (1844-1900). Corroborado por 
Fiódor Dostoiévski (1821-1881) onde afirma que se Deus está morto, de fato, tudo é válido! Nietzsche argumenta que prefere 
querer o nada a nada querer, destarte niilismo ou redução a nada.
Situacionismo
Aqui tudo se torna relativo frente a uma situação determinada. Joseph Fletcher (1905-1991) afirma que se devem evitar termos 
como nunca e sempre, uma vez que não existem princípios morais que possam aplicar-se a todos o tempo todo. Deste modo, 
as decisões éticas baseiam-se em sua utilidade de acordo com as circunstâncias.
fonte: baseado em geisler (2010, pp.24-38) 
Em suma, o antinomismo é uma forma radical de ética relativista. “Sem lei”. Enfatizam 
o valor do indivíduo em tomar decisões éticas, bem como o valor dos relacionamentos 
pessoais. Aqueles que negam todos os valores, certamente valorizam o direito de 
negá-los.
De certo mentes prodigiosas e conhecidas no campo filosófico não poderiam ser 
completamente irracionais dentro do contexto antinômicos, portanto contribuições 
positivas existem, são elas: a ênfase nas responsabilidades individuais e nos aspectos 
emocionais, bem como nas relações pessoais e nas dimensões finitas da ética. Contudo, 
os críticos atribuem para esta visão características autodestrutivas, subjetivas, 
individualistas, ineficazes e irracionais.
Situacionismo 
Afirma que existe uma lei absoluta. Por exemplo, mentir é certo algumas vezes: existe 
somente uma lei universal e ainda sustenta a existência de um único absoluto moral 
excluindo todos os outros. Inserido no antinomismo, Joseph Fletcher (1905-1991) é tido 
32
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
como principal referência, uma vez que em sua obra, não opondo-se veementemente 
ao pensamento antinômico, existem algumas leis. Emil Brunner e John A. T. Robison 
também são representantes desta cosmovisão.
Esta lei absoluta de Fletcher se resume em uma só lei: a lei do amor. Deste modo, não está 
totalmente divergente da ética cristã, porém possui características controversas em seus 
princípios funcionais, os quais para Fletcher resumem-se em quatro grandes pontos:
Quadro 5. Princípios funcionais do situacionismo. 
Pragmatismo
Aqui tudo o que corre em prol do amor deve funcionar ou satisfazer. A prática é preferível à teoria, deste modo, soluções 
verbais e abstratas são rejeitáveis.
Relativismo
Aqui todas as coisas são relativas, pois para ele há somente apenas um absoluto. A imutabilidade reside no fato do amor ser 
imutável, destarte o situacionismo cristão corre em favor deste critério, intitulado de ‘amor ágape’.
Positivismo
Em oposição ao naturalismo, aqui se defende os valores oriundos de um caráter voluntário e não racional. Possui 
características emotivistas. Nas afirmações éticas, não busca-se confirmação, mas somente justificativas.
Personalismo
Aqui as pessoas e tão somente elas representam o valor moral último e definitivo. Somente as pessoas têm valor, portanto 
as ‘coisas’ somente têm valor porque as pessoas dão valor às coisas. Deste modo, tudo converge em favor do bem para as 
pessoas que são boas por si mesmas.
fonte: baseado em geisler (2010, pp.42-44)
Em resumo, segundo o professor Geisler (2010, p.44) o situacionismo é uma ética com 
estratégia pragmática, tática relativista, atitude positivista e centro de valor personalista. 
É uma ética com um único absoluto, sob o qual tudo se torna relativo e se direciona 
para o fim pragmático de fazer o bem às pessoas. Ele mesmo ainda se posiciona quanto 
à amplitude que poder-se-á dar das aplicações práticas do situacionismo, alegando que 
adultério altruísta, prostituição patriótica, suicídio sacrificial, aborto aceitável, assassinato 
misericordioso podem ser, de um certo ponto de vista situcionista, aceitáveis.
O Dr. Azpitarte assim enxerga o situacionismo ético:
A consciência não pode ser submetida a nenhuma norma externa; isso 
equivaleria a tirar-lhe sua autonomia e dignidade. A liberdade humana 
não tem, portanto, nenhum limite no seu agir. A única exigência é o 
direito de exercê-la de acordo com a decisão pessoal, direito que é 
ao mesmo tempo o critério único e fundamental da conduta. Cada 
um encontra e determina por si mesmo as normas concretas de sua 
ação [...]. A negação absoluta de todo valor objetivo, para se fazer da 
consciência individual o único fundamento da moralidade, levou 
logicamente a um subjetivismo impressionante, com todas as suas 
lamentáveis consequências e contradições (AZPITARTE, 1995, p.202).
Ainda sim, o situacionismo possui seu aspecto positivo, como em qualquer cosmovisão, 
o qual é uma oposição normativa em sua abordagem, e não tão somente, também é 
33
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
absolutista, haja vista o amor; soluciona as questões referentes às normas conflitantes 
e atribui o valor devido a diferentes circunstâncias. Norman Geisler em a Ética Cristã 
critica sob os pontos de vista de que (1) uma norma só é algo muito geral, (2) a situação 
não determina o significadodo amor, (3) a possibilidade de muitas normas universais, 
(4) uma norma universal diferente é possível, (5) uma ética de muitas normas é 
defensável e (6) que Fletcher na realidade é utilitarista (GEISLER, 2010, pp.52-59).
generalismo 
Reivindica que existem algumas leis gerais, mas não existe absoluta. Por exemplo, mentir 
é normalmente errado: não existem leis universais. Afirma que existem exceções às leis 
morais. Os utilitaristas são os adeptos tradicionais dessa visão de mundo.
Até agora, isso não significa que utilitaristas não possuem absolutos. 
Eles podem ter fins absolutos, mas reivindicam não possui normas 
absolutas. Eles podem possuir um absoluto ou resultado último 
mediante o qual eles julgam todas as ações, mas eles não confessam 
possuir nenhuma regra absoluta que capacita o indivíduo a realizar esse 
fim supremo de produzir o maior bem para o maior número de pessoas 
(GEISLER, 2010, p.61).
Quadro 6. representantes utilitaristas
Jeremy Bentham (1748-1832)
Utilitarismo quantitativo: oriundo do hedonismo, o generalismo também crê que o prazer é o maior bem do 
homem. Bentham calculou o prazer. Deste modo, nenhum ato ou palavras possuem qualquer significado 
ético à parte de suas consequências. Aqui deve-se buscar o prazer e evitar a dor e ainda possui seis fatores: 
intensidade, duração, certeza ou incerteza, proximidade ou distância, fecundidade e pureza; um sétimo ainda 
extensão quando aplicado a um grupo de pessoas.
John Stuart Mill (1806-1873)
Utilitarismo quantitativo, porém em Mill a abrangência é vista ao considerar leis morais gerais. Para ele o prazer é 
definido qualitativamente. Aqui prazeres sofisticados e intelectuais são maiores que não sofisticados e sensuais. 
Esta posição também possui caráter normativo, porém de regras não universais. A verdade, deste modo, torna-
se uma regra geral (porém com exceções) aplicada para guiar a pessoa a executar àquilo que trará maior bem a 
maior quantidade de pessoas. 
G.E. Moore
Ele combina abordagens conhecidas como utilitarismo de regras, as quais nunca devem ser quebradas e, 
utilitarismo de ato que sustenta que cada ato ético particular precisa ser julgado por suas consequências. Aqui 
também as regras possuem valor geral, mas algumas não devem ser quebradas. Justificam-se apenas por seus 
resultados, não são deontológicas, muito menos o ato possui valor intrínseco, pois devem ser julgado por seus 
resultados.
John Austin
Ele ultrapassa a visão de Moore quanto às regras inquebráveis, pois somente não podem ser quebradas devido 
seu aspecto geral e a incerteza de uma exceção legítima. Aqui as regras são justificadas pelos resultados gerais 
e por isso a obediência universal às regras é justificada
fonte: baseado em geisler (2010, pp.61-70). 
Ainda sim, como de costume, vemos seus valores positivos como a necessidade de 
normas, a solução para normas conflitantes e ainda que alguns generalistas possuem 
uma norma “universal”. Suas impropriedades são que (1) o generalismo não possui 
34
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
normas universais, (2) os fins não justificam os meios, (3) atos utilitaristas não possuem 
valor intrínseco, (4) a necessidade de uma norma absoluta, uma vez que é confusa a 
ideia de norma relativa de um fim, portanto (5) o “fim” é um termo ambíguo e ainda (6) 
a necessidade de normas éticas absolutistas. 
Geisler (2010, p.75) assim resume e o conclui:
Em contraposição ao antinomismo, o generalismo argumenta que 
há alguns princípios morais obrigatórios. Em contraposição ao 
absolutismo, o generalismo insiste que nenhuma dessas leis morais é 
realmente absoluta. Uma vez que todo princípio moral admite exceções, 
o generalista possui um princípio moral absoluto, sua visão tende a ser 
reduzida a uma espécie de antinomismo. A menos que existam algumas 
prescrições morais objetivas de conteúdo substancial, obrigatórias 
a todas as pessoas durante todo o tempo, a qualquer tempo torna-se 
possível que qualquer tipo de ação possa ser justificada. 
Absolutistas
Absolutismo não qualificado 
Acredita em muitas leis absolutas que nunca são conflitantes. Por exemplo, mentir é 
sempre errado: existem muitas leis não conflitantes. Insiste em que existe sempre uma 
saída para o conflito aparente entre as leis morais absolutas.
Quadro 7.Absolutistas não qualificados.
Agostinho (354-430)
É confundido por muitos com um situacionista, porém não se baseava somente no amor em seu sistema 
ético. Para ele somente falsificações feitas com a intenção de enganar podem ser qualificadas como mentiras, 
como contar uma mentira com o intuito que o ouvinte entenda algo verdadeiro. Aqui, indica Geisler, “cometer 
um pecado para evitar outro pecado ainda é pecado”. Como mentir para fugir de um estupro ou assalto, essa 
mentira é pecado.
Immanuel Kant (1724-1804)
Como já vimos, para Kant existe apenas um dever moral universal em seu imperativo categórico. Seu 
comprometimento está para a ética deontológica (centrada no dever). Ele não acreditava na existência de 
exceções nos deveres morais. Em A Crítica da Razão Prática Kant defende que não se minta para um bandido 
para evitar um roubo, pois coisas como o vizinho chamar a polícia e não encontro do assassino com a vítima 
podem acontecer.
John Murray (1898-1975)
Pretendia manter a “santidade da verdade” mesmo em meio a situações que parecem exigir a prática de uma 
mentira justificável. Para mentir é sempre errado.
fonte: baseado em geisler (2010, pp.77-84)
Segue ainda que na concepção deontológica o resultado não determina a regra em 
oposição ao generalismo, já os absolutistas não qualificados, acreditam que Deus 
sempre mostra uma terceira alternativa para dilemas morais aparentes.
35
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
As premissas básicas que regem o absolutismo não qualificado de acordo ainda com 
Norman são:
1. O caráter de Deus é a base dos absolutos morais.
2. Deus manifestou seu caráter moral na sua lei.
3. Deus não pode contradizer a si mesmo.
4. Por esse motivo, duas leis morais absolutas não podem realmente conflitar.
5. Todos os conflitos morais são aparentes e não reais.
Como já sabemos, o caráter de aspectos positivos existem, quando mais se falamos de 
Agostinho, um dos pais da igreja, os quais são o de que (1) o absolutismo não qualificado 
baseia-se na natureza imutável de Deus, (2) enfatiza a regra sobre o resultado, (3) 
demonstra confiança na providência de Deus e (4) há sempre uma forma de evitar o 
pecado.
Contudo, como ponto de divergência os quais críticos a esta cosmovisão mais se apoiam 
e indagam é que (1) algumas premissas falsas ou discutíveis, (2) pode a mentira para 
salvar vidas ser separada da misericórdia? (3) Os atos são intrinsecamente bons? (4) 
Uma mentira pode ser definida como algo não intencional? (5) A mentira destrói toda 
certeza? (6) Há uma escolhe entre permissão e comissão? (7) Sonegar parte da verdade, 
como fez Abraão, é mentir? 
Portanto, como opositor ao absolutismo qualificado, Geisler (2010, p.95) conclui:
Apesar dos aspectos positivos do absolutismo não qualificado e de seus 
nobres esforços em preservar absolutos sem modificação, há algumas 
sérias deficiências nessa visão. Ela é não realista, é não misericordiosa 
(chega a ser legalista algumas vezes) e não consegue ser bem-sucedida 
em evitar a inevitável modificação de seus absolutos em busca de 
alcançar uma resposta adequada aos inúmeros conflitos relacionados 
aos mandamentos divinos que encontramos na Bíblia e na vida real. 
Apesar de sabermos que não é um ideal de Deus a existência de reais 
conflitos morais, também entendemos que este mundo em que vivemos 
não é um mundo ideal. É um mundo real e caído. E se a ética cristã for 
adequada a este mundo real no qual vivemos, ele não deve se refugiar 
por trás de absolutos não qualificados. Ela precisa encontrar uma forma 
aceitável de preservar os absolutos ao mesmo tempo em que procura 
uma maneira honesta e adequada de suprir uma resposta para cada 
situação moral.
36UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
Absolutismo conflitante 
Defende a ideia de que há muitas normas absolutas que algumas vezes são conflitantes. 
Por exemplo, mentir é perdoável: existem muitas leis conflitantes. Defende que, quando 
há conflito entre leis morais, o ato de fazer o menos de dois males é desculpável, porém 
considera a pessoa culpada, independente da posição que tomar.
Suas raízes provêm do mundo grego e foi incorporado no pensamento da Reforma 
como “eu fiz o menor de dois males”, isto é, o “mal menor”. Martinho Lutero: “peque 
descaradamente”, pois nesta concepção um pecado redimido é um pecado perdoado, 
uma vez que no mundo não há como não pecar.
Há quatro premissas básicas no absolutismo conflitante, de acordo com Geisler (2010, 
pp.100-102) são as crenças básicas do absolutismo conflitante:
1. A lei de Deus é absoluta e não pode ser quebrada.
2. Conflitos inevitáveis entre os mandamentos de Deus irão ocorrer em um 
mundo caído. 
3. Quando conflitos morais acontecem, nós devemos fazer o mal menor.
4. O perdão está disponível se nós confessarmos os nossos pecados.
Como aspectos positivos desse modo absolutista de pensamento, temos que (1) o 
absolutismo conflitante preserva os absolutos morais, (2) possui um realismo moral, (3) 
apresenta uma solução sem exceções e (4) vê os conflitos morais arraigados na queda. 
Contudo as críticas são latentes e veementes quanto a (1) um dever moral de pecar é 
moralmente absurdo, (2) a inevitabilidade não é moralmente culpável, (3) Jesus deve 
ter pecado, pois Cristo teve que enfrentar conflitos morais.
Para Azpitarte, a saída seria a ética normativa, como tratamos à luz do subtema a ética 
cristã, o relativismo e aspectos normativos deste material. Segue abaixo, sua concepção 
ideológica:
A ética normativa, mais do que uma lei, é vista então como uma espécie 
de modelo que a ética pessoal tenta reproduzir na realidade [...]. Por 
isso, nessa visão não há lugar também para relativismo arbitrário, que 
induza cada um a comportar-se como bem lhe parecesse. A objetividade 
de uma conduta não depende da simples obediência à lei, mas da 
submissão concreta àquele valor que, em tais circunstâncias, deve 
prevalecer a ser respeitado acima de tudo. Trata-se de encontrar a melhor 
resposta possível às diferentes exigências éticas que se acumulam numa 
37
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
situação. Quando a pessoa opta assim em função do valor prevalente, 
a sua decisão é plenamente objetiva, embora não seja talvez sempre a 
mesma, se as circunstâncias variarem seu projeto anterior. 
É tida por muitos como uma visão um tanto quanto idealista, mas aplicável em alguns 
casos que de fato situem-se os valores morais objetivos, contudo, incerto em muitas 
situações até mesmo corriqueiras do cotidiano.
Na concepção absolutista conflitante, para Geisler, por fim, acredita-se nos diversos 
absolutos morais e que estes inevitavelmente a qualquer momento entram em conflito. 
Tem-se que o mundo é caído e desta forma haverá pecado; os valores morais são 
absolutos, uma vez que são criados em Deus, desta forma, a obrigação é a de executar e 
escolher o mal menor quando no conflito moral. No entanto, críticos alegam que faz-se 
um absurdo moral dizer que há um dever moral de pecar ou culpar outrem por aquilo 
que é inevitável.
Absolutismo graduado 
Diz que muitas leis absolutas são conflitantes, e nós somos responsáveis por obedecer 
àquela que for mais elevada. Por exemplo, mentir é certo algumas vezes: existem leis 
maiores. Afirma que quando leis morais conflitam, Deus nos dispensa da obrigação de 
obedecer à lei menos em função do nosso dever de obedecer à maior. 
Para o professor Geisler há problemas em se optar pelo pensamento absolutista graduado 
e o conflitante. Um dos nossos objetivos neste material é o instigar o pensamento 
e posicionamento do cristão frente a temas controversos cheios de dificuldades 
interpretativas e, ainda, se o cristão pouco informado dialogar com alguém cuja opção 
secular seja latente, certamente não terá onde se apoiar e terá problemas em defender 
sua fé (I Pe 3, 15).
Vejamos a abordagem resumida de Geisler quanto aos principais defensores do 
absolutismo graduado, como de costume, enquadrado didaticamente para facilitar 
seu processo de absorção de nosso tema:
Quadro 8. Absolutistas graduados.
Agostinho 
(354-430)
Muito embora tenhamos veementemente a defesa optativa de Agostinho pelo absolutismo não qualificado existem 
alguns pontos em sua concepção que convergem a o pensamento graduado. Como a hierarquização de pecados, 
onde um é mais grave que o outro, tal como Deus deve ser mais amado do que as pessoas ou coisas, pois mesmo 
que o mandamento é de nos amar, ainda sim, amar a Deus é um bem maior e amá-lo menos do que coisas e 
pessoas é um pecado de prioridades. Ele cria nos diferentes deveres, pensamento que dá base ao absolutismo 
graduado. Portanto, aqui, quando dois deveres morais se chocam, escolhe-se o dever maior e o cristão está isento 
do dever menor.
38
UNIDADE I │ OPÇÕES ÉTICAS
Charles Hodge 
(1797-1878)
Acredita que às vezes é correto falsificar a verdade de maneira intencional. Como exemplo, o irmão mais novo tem o 
dever de proteger a irmã mais velha, se um suspeito estuprador bate na porta perguntando pela moça na ausência de 
seus pais e ele mente, qual mal é menor? 
Kierkegaard 
(1813-1855)
Geisler nota neste representante sua visão da obediência de Abraão à instrução de Deus para fazer de seu filho um 
cordeiro, portanto, a obediência do dever maior não necessariamente é a negação do dever menor, o qual matar ainda 
continuava sendo errado, quanto mais o próprio filho.
W. David Ross 
(1877-1971)
Existe sempre um sentido deontológico não utilitarista. Para ele é sempre uma obrigação absoluta seguir os deveres 
maiores acima dos menos.
fonte: baseado em geisler (2010, p.113-117) 
Percebe-se que, dentro dos absolutos morais ainda há linhas de pensamentos que 
convergem e divergem entre si, se tornando até mesmo um absurdo moral a concepção 
de um para com o outro. Segue-se que o absolutismo não qualificado está associado com 
a tradição anabatista. O absolutismo conflitante com a tradição luterana. Absolutismo 
graduado com a tradição reformada (GEISLER, 2010, 113). 
Dentre os elementos essenciais do absolutismo graduado: (1) Existem leis morais 
maiores e menores, veja principalmente em Mt 23, 23 e 5, 19, sobre assuntos maiores e 
menores10. (2) Existem conflitos morais inevitáveis, como no caso de Abraão e Isaque. 
(3) Nenhuma culpa é imputada por aquilo que é inevitável, como no caso do irmão que 
mentiu para proteger a irmã mais velha. (4) O absolutismo graduado é verdadeiro, por 
guardar o maior dever moral, Abraão se houvesse concretizado a ação diante de Deus 
do assassinato de Isaque, por obedecer a Deus em primeiro lugar à lei “não matarás” 
não teria sido culpado de homicídio. Como exemplo, o filósofo e teólogo cristão Geisler 
insere (1) o amor de Deus está acima do amor para com o ser humano, (2) a obediência a 
Deus está acima da obediência ao governo e (3) a misericórdia está acima da veracidade. 
Jesus de fato enfrentou conflitos morais, mas em todos eles sabia exatamente como 
agir como é o caso do shabat (Mc 2), seus pais biológicos (Lc 2) e governo (Mt 22). 
Jesus é o exemplo supremo de como lidar diretamente com pecados maiores (veja a 
nota de rodapé acima). Os conflitos não deixaram de existir, pois, como seres humanos 
passíveis de falhas de modo integral, temos a tendência natural enfrentar qualquer 
caráter normativo com equívocos, quanto mais absolutos morais em conflito. Muito 
interessante nos é estudar o resumo de Geisler (2010, pp.134-135):
O absolutismo graduado se distingue do antinomismo, do situacionismo 
e do generalismo, porque acredita em absolutos morais. As leis morais 
são absolutas em sua fonte; absolutas em sua própria esfera, em que 
não existe conflito; e absoluta em sua ordem de prioridade quando 
existe um conflito. Em contrastecom o absolutismo conflitante, ele 
mantém que, nessas circunstâncias, o indivíduo não é culpado por 
10 Não deixe de ler também Mt 22, 34-40; Jo 19, 11; 1Co 13, 13; Jo 15, 13; Tg 2, 10; Mt 5, 22 e 28; Rm 2, 6; Ap 20 12; 1 Co 3 11-15; 
1Co 5; 1Co 11, 30; Mc 3, 29; Mt 10, 37; como também Pv 6, 16-18; 1Tm 1, 15;1Jo 5, 16.
39
OPÇÕES ÉTICAS │ UNIDADE I
subordinar o dever menor a um dever maior. Os princípios essenciais 
do absolutismo graduado são: há muitos princípios morais arraigados 
no caráter moral absoluto de Deus; há deveres morais maiores e outros 
menores – por exemplo, amar a Deus é um dever maior do que amar 
outras pessoas; as leis morais, algumas vezes, entram em conflitos 
inevitáveis; quando estes acontecem, nós estamos obrigados a seguir 
à lei moral maior; quando seguimos a lei moral maior nós não somos 
considerados responsáveis por não guardar as leis menores.
Trouxemos aqui, de maneira geral, o enquadramento dos sistemas éticos nos 
pensamentos de grandes mestres. De fato muitos podem não se rotular como 
tal, mas sua posição favorece sua colocação em tais sistemas. Na atualidade, 
Norman L. Geisler se destaca como um dos maiores nomes, douto em filosofia e 
teologia há mais de cinquenta anos, deste modo o uso intensivo de seu trabalho. 
Com efeito, o que prezamos aqui são a posição e abordagem intelectual que 
o bom aluno dará para as concepções acima apresentadas, e instigamos, não 
deixe de adotar uma delas de maneira categórica e contundente, estando firme 
quando indagado por terceiros o porquê sua fé (I Pe 3, 15).
40
unidAdE iiquEStÕES BioÉtiCAS
Trataremos de um assunto de extrema notoriedade e polêmico tanto em caráter 
profissional, quanto amador, uma vez que é de interesse científico, porém também 
social, por enquanto, simplesmente, envolve vida e suas barreiras éticas. Na primeira 
unidade tratamos das opções éticas, já aqui trataremos das questões éticas. Esta 
unidade não tem por objetivo esgotar o tema, considerando que a medicina, bem como 
toda a ciência, é muito mais ampla do que contemplaremos, tampouco de maneira 
exaustiva cada assunto será tratado, contudo, nosso objetivo é incentivar o pensamento 
e posicionamento e a contínua busca da verdade dentro de contextos delicados, porém 
posicionáveis; principalmente aos cristãos.
CAPítulo 1
questões Bioéticas mais conhecidas
Começamos com ideia concisa, mas objetiva de Meilaender (2009, p.151):
A bioética não trata só dos problemas morais difíceis [...] nem só das 
decisões que precisamos tomar em um momento ou outro. De modo 
mais fundamental, ele nos convida a pensar acerca da maneira pela 
qual vivemos em direção à morte em um mundo marcado pela doença 
e pelo sofrimento [...]. Para onde quer que nos voltemos, é provável 
que nos confrontemos com doenças e sofrimentos, e se somos 
abençoados com uma boa saúde, a disparidade entre nossa condição 
e a dos outros pode tornar o próprio fato do sofrimento ainda mais 
contundente. Precisamos pensar acerca do significado da doença na 
vida humana. 
Eutanásia
Eutanásia basicamente significa “boa (ou feliz) morte ou morte sem dor”. Pode ser 
voluntária ou involuntária, o paciente consente com a morte ou não consente. Pode ser 
41
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
autodeterminada ou determinada por outra pessoa, contudo no primeiro caso: suicídio 
e segundo caso: homicídio. 
Como veremos o termo infanticídio é utilizado para criança/jovens e eutanásia para 
adultos ou idosos. Subdivide-se em eutanásia ativa ou passiva e tem como argumentos 
favoráveis, tomaremos como base Geisler (2010, p.194-197) que (1) há um dever moral 
de morrer com dignidade; (2) a eutanásia é um ato de misericórdia para com aquele 
que sofre; (3) é um ato de misericórdia para com a família sofredora; (4) alivia a família 
de um grande esforço financeiro; (5) alivia a sociedade de um grande peso social; (6) 
é um ato “humano” a ser feito; (7) deve-se dar autonomia para os sofredores; (8) há 
distinção entre vida biográfica e biológica, que o indivíduo mantém certas aspirações 
biograficamente é considerado bom, se a vida somente se dá em caráter biológico e não 
biográfico simultaneamente, ruim.
O maior problema, no entanto, é que não se encaixa, e esse possivelmente é o maior 
dos entraves, em nenhuma situação corriqueira cotidiana, pois simplesmente se 
escolhe vida ou morte e tão somente. Ainda dentro de uma weltanschauung cristã, se 
a decisão for desligar os aparelhos temos um nome para isso, por mais que queiramos 
apelidá-lo ou mascará-lo, seu nome é homicídio (Ex 20, 13). Caso de alguma forma 
haja racionalidade por parte do agente com a enfermidade e decide racionalmente 
tirar a própria vida, também não se pode abrandar, o nome dado é suicídio. Muito 
embora as Sagradas Escrituras não tratem de suicídio especificamente e diretamente, 
temos em Saul (I Sm 17, 23); Zinri (I Re 16. 18) e Judas (Mt 27, 5) exemplos que se faz 
cediça a inferência não agradaram de fato a Deus. O auto-homicídio, se assim podemos 
utilizar o termo, se torna um homicídio duplamente qualificado, com duas intenções 
insofismavelmente perversas.
Vejamos em Vidal (1989, p.201) ainda sob o tema valor da vida humana:
Quadro 9. Valor da vida humana.
1. A vida humana tem valor por si mesma; possui inviolabilidade axiológica de caráter apriorístico;
2. A vida humana não adquire nem perde valor ético por situar-se em condições de aparente “descrédito”: velhice, “inutilidade” social etc.;
3. O valor da vida humana é a base fundamental e, ao mesmo tempo, o sinal privilegiado dos valores éticos e dos direitos sociopolíticos da pessoa;
4. A vida humana, assim como a pessoa, não pode ser instrumentalizada com relação a outros fins distintos de si mesma. Concretamente: não se 
pode estabelecer autêntico conflito ético entre valor da vida humana (também do paciente próximo do desenlace final) e um valor social;
5. A vida humana não pode ser instrumentalizada pelo próprio indivíduo que dela goza. Concretamente: não se pode estabelecer autêntico conflito 
ético entre o valor da vida do paciente e outro bem do próprio paciente que não englobe a totalidade valorizada da pessoa.
fonte: baseado em Vidal (1989, p.201). 
Não conseguiremos nos estender em demasia sobre o assunto, mas bem sabemos que a 
geração de debates sobre eutanásia vai além da lógica e da emoção, haja vista diversas 
42
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
capas de jornais e revistas que dão vazão ao tema. Em 12 de agosto de 2014, no jornal 
The New York Times International Weekly, a França ainda opõe-se a retirada da vida, 
enquanto em muitos países da Europa aderem ao fato de que os poderes de decisão são 
dados aos médicos e pacientes. Em o Estado de S. Paulo11 de 14 de Fevereiro de 2014 
(Ed. 14, p.16) também há uma matéria eutanásia, porém infantil, onde informa que a 
Bélgica legalizou a ação.
Quando chegarmos ao tema Filosofia da Ciência possivelmente se fará mais claro e 
melhor para posicionamento frente à eutanásia.
Se considerarmos como ser no mundo de Martin Heidegger uma causa de efeitos 
devastadores da natureza, grosso modo, são passíveis de aceitação quaisquer turbulências, 
muito embora o cristão creia em milagres divinos que quando devidamente tratados o 
natural como natural e o sobrenatural como sobrenatural, são metafisicamente lógicos 
de ocorrência. Azpitarte (1995, p.67) nos traz um interessante comentário:
A ordem moral forma parte da ordem divina, que rege o universo. O 
homem, que vive nesse cosmo sagrado, deve submeter-se também 
aos imperativos da natureza, os quais revelam um querer superior. A 
norma suprema consiste na conformidade com essa lei soberana, que 
nos governa e à qual toda a criação está sujeita [...]. A moralidade não 
consiste em se conformar com uma ordem superior, e sim na obediência 
e docilidade à sua mensagem.
Para que nossa visão sobre o assunto se torne um tanto quanto mais ampla, vale 
analisarmos as palavras do já membro do conselho consultivo em questõesrelacionadas 
à bioética da presidência dos EUA:
Se a autodeterminação é realmente tão importante ao ponto de termos o 
direito de ajudar alguém a pôr fim a própria vida, como então podemos 
insistir em que esse auxílio só se justifica quando concedido a quem 
esteja passando por um grande sofrimento? Há indivíduos que, embora 
não estejam sofrendo, não veem nenhum sentido na vida, pessoas 
para quem o esforço de continuar vivendo não vale a pena. Trata-se 
de seres igualmente autônomos e, se a autonomia é tão importante 
como afirma o argumento, segue-se então que as pessoas que, em sua 
autonomia, desejam a eutanásia, devem ser respeitadas, mesmo que 
não estejam acometidas de dores insuportáveis [...] a eutanásia não é 
simplesmente uma extensão da autonomia pessoal [...]. É igualmente 
verdadeiro que aumentará a pressão para que se pratique a opção; 
11 Disponível em: <http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/20140214-43949-nac-16-mrt-a16-not/busca/eutan%C3%A1sia>.
43
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
para que se opte pelo “heroísmo ponderado”, não permanecendo vivo 
tanto tempo nem gastando recursos que poderiam ser mais úteis em 
outras coisas. Se, ou quando, a eutanásia tiver aprovação da sociedade, 
é provável que a suposta liberdade mostre-se menor. Em suma, existem 
bons motivos para não concordarmos com o argumento da autonomia. 
(MEILAENDER, 2009, pp.84-85).
Como já vimos em ética à vida sem Deus pode ser facilmente sem sentido, valor e 
propósito. Não existe padrão moral sem Deus, o sofrimento é simplesmente um mar 
de sentimentos e situações sem objetivos, torna-se algo que serve para esmagar a vida 
de outrem, circunstâncias que definham o ser, antagonicamente isso é visto na Bíblia. 
O deserto é citado em praticamente toda a Escritura Sagrada como algo em que Deus 
se revela sobremaneira ao homem, e aquele é o lugar onde Deus mais trabalha, forja-o, 
corrige-o e, portanto, cabe ao homem permitir-se as operações que muitas vezes são 
literalmente cirúrgicas de Deus, para retomar o caminho correto de acordo com a 
perfeita, agradável e boa vontade dele.
Poderíamos utilizar diversos argumentos em favor da eutanásia, uma vez que somente 
pensando sobre o delicado tema facilmente nosso raciocínio emocional nos leva a seu 
favorecimento. Deste modo, é válido ressaltar alguns posicionamentos embasados que 
nos farão refletir melhor sobre o tema, bem como instigar (um dos propósitos principais 
deste material) o pensamento e posicionamento.
Quando falamos da “morte digna” incorre-se antes da inferência deduzível de possíveis 
argumentos, a pergunta quanto vale uma vida em moeda local? Qual o valor da vida 
humana? De forma insipiente (ou logicamente racional, dependendo da cosmovisão 
posicional) pode-se até mesmo pensar que naquele estágio aquela vida custa o valor 
dos gastos para custear sua manutenção em aparelhagem, honorários médicos, 
medicamentos diversos, bem como demais custos. 
Vale a pena, por fim, verificarmos a posição cristã conclusiva de Norman Geisler:
Eutanásia passiva é o ato de permitir a ocorrência da morte, de modo 
natural, mediante a suspensão de meios artificiais de manutenção da 
vida, tais como equipamentos que substituem as funções do coração e 
dos pulmões. Meios naturais de manutenção da vida incluem comida, 
água e ar. A suspensão deliberada destes últimos constitui o que 
chamamos de eutanásia passiva não natural; esta prática, na perspectiva 
cristã, é moralmente inaceitável. Mesmo no caso moralmente aceitável 
da eutanásia passiva natural, há algumas decisões difíceis a serem 
tomadas. Essa prática deve ser exercida somente quando um indivíduo 
44
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
estiver com uma doença irreversível em fase final; e, ainda assim, isso 
nunca deve ser feito contra a vontade expressa do paciente. Além do 
mais, essa decisão deve ser tomada mediante consenso do pastor, dos 
médicos, do advogado e dos familiares. Deus deve ser buscado em 
primeiro lugar por meio de orações constantes feitas em favor da cura 
do enfermo. Quando o curso da doença se torna irreversível do ponto de 
vista médico, e não houver nenhuma intervenção divina, é moralmente 
justificado para todos os esforços artificiais que visam prolongar o 
processo de morte (GEISLER, 2010, p.211).
infanticídio
Tratamos da “morte feliz” para um ser humano depois do nascimento, vejamos 
quando se trata de crianças, a qual a terminologia infanticídio é adotada. Geisler 
(2010, pp.188-190), os entende em dois grandes grupos, o (1) infanticídio passivo: 
simplesmente permite a morte de um infante por abstenção do tratamento necessário 
e (2) infanticídio ativo: procedimentos são adotados para tirar-lhes a vida. 
Os principais argumentos favoráveis, segundo ainda o autor, são o de que (1) crianças 
recém-nascidas com risco iminente de morte e que os pais têm o direito de escolha em 
casos de deficiência qualquer e que (2) essas crianças não são pessoas. (3) Dificilmente 
essa criança terá uma qualidade de vida adequada aos padrões humanos, bem como (4) 
a qualidade de vida dos terceiros que cuidarão dessa criança será prejudicada. 
De certo são argumentos no mínimo instigantes, contudo os contrários e críticos 
provocam que (1) os direitos dos pais não implicam em direitos absolutos, (2) crianças 
com risco iminente de morte ainda são pessoas, alegam também que (3) matar um 
sofredor não é um ato de misericórdia, bem como (4) não é misericordioso matar o 
outro para aliviar o peso de minha responsabilidade.
Geisler (2010, pp.193-194) conclui seus argumentos contrários ao infanticídio de modo 
contundente12:
Os argumentos contra o infanticídio são os mesmos que são usados 
contra o homicídio. A criança é um ser humano inocente, e é moralmente 
errado matar com intenção um ser humano inocente. Duas razões são 
suficientes. Em primeiro lugar, seres humanos são feitos à imagem de 
Deus. Matá-los é matar Deus em efígie [...]. A segunda razão para não 
se matar um ser humano inocente é que Deus é soberano sobre a vida. 
Somente Deus dá a vida (Gn 1, 21), e somente Deus tem o direito de 
12 Veja os textos bíblicos Gn 9, 6; 1, 27 e Ex 20, 13.
45
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
tomá-la (Dt 32, 39; Jó 1, 21). O fato de a criança não ser plenamente 
desenvolvida não significa que ela não seja plenamente humana [...] 
argumentos que se oponham a isso são falaciosos porque se baseiam 
em diferenças acidentais, e não em diferenças substanciais. Um 
humano infante é um humano por essência, não por características 
acidentais. Aqui, o infanticídio intencional é uma forma moralmente 
culpável de homicídio.
Aborto
Das questões éticas, as mais urgentes são aquelas que tratam da vida e da morte. Quando 
falamos de aborto de um nascituro, o espanto é geral, o asco toma conta da qualquer 
um somente em pensar na possibilidade, contudo, ainda sim, existem questões que 
geram debates acalorados quando o nascituro não é fecundado de maneira natural e de 
acordo com o esperado.
Uma em cada três crianças nos EUA, segundo Craig (2010, pp.123-124) é abortada, são 
estes os principais motivos citados por ele:
1. O assassinato deve ter um motivo maldoso.
2. Há muitas crianças indesejadas no mundo, e casais brancos não gostam 
de adotar crianças de minorias.
3. A população do mundo está explodindo muito rapidamente.
4. A maioria dos casais sem filhos não quer ter filhos ou adotá-los.
5. O corpo de uma mulher é problema dela; não deveria ser uma questão 
pública.
6. Se as pessoas em nações não desenvolvidas são instruídas a adotar meios 
de controle de natalidade ou praticar o aborto, as mesmas políticas 
deveriam se aplicar em nações desenvolvidas.
São argumentos que no mínimo causam incômodo naquele que ouve e desfavorece a 
prática do aborto, desta forma, de acordo com nosso tema, nos restam duas questões de 
acordo com Craig (2010, p.124): (1) Os seres humanos possuem valor moral intrínseco? 
(2) O feto em desenvolvimento é um ser humano? Para o cristãominimamente 
conhecedor das Sagradas Escrituras, certamente eliminará, de modo instantâneo, mais 
da metade desses argumentos por meio de princípios e verdades bíblicas.
Antes de prosseguirmos, tenham em mente as três abordagens sobre o aborto:
46
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
Quadro 10 : Três abordagens sobre o aborto. 
Condição do nascituro Plenamente humano Humano em potencial Subumano
Aborto Nunca Algumas vezes A qualquer momento
Fundamento Santidade da vida Surgimento da vida Qualidade de vida
Direitos da mãe Vida acima de privacidade Combinação de direitos Privacidade acima do direito à vida
fonte: geisler (2010, p.153) 
Existem argumentos bíblicos para os que são favoráveis ao aceite de que o feto é 
subumano por meio de interpretações controversas e questionáveis13, a qual Cortes 
de direito ao sinalizar a legalidade da prática abortiva só pode se basear em um só 
argumento, que o feto é um subumano, ou seja, o nascituro não é considerado uma 
pessoa real, do contrário se o fosse, alterar-se-ia o termo aborto para homicídio. 
Deste modo nos é demasiadamente válido, novamente para efeitos didáticos aplicados 
em favor do nosso pensamento e posicionamento, ver os argumentos e contra 
argumentos que o professor Geisler (2010, pp.155-158) nos traz de forma ampla, 
seguida pela interpretação de nosso material de estudo em caráter unitário:
Quadro 11. Argumentos e contra argumentos pró-escolha.
ARGUMENTOS PRÓ-ESCOLHA CONTRA ARGUMENTOS
1. Argumento da autoconsciência. Onde o bebê não é um ser humano 
até possuir autoconsciência.
1. A autoconsciência não é necessária para caracteriza um ser humano. 
Aqui se alega que em estado de sono profundo e em coma também 
não podem ser considerados seres humanos, tampouco crianças até 
um ano e meio.
2. Argumento da dependência física. Aqui o bebê é uma extensão do 
corpo da mãe, dando-lhe todo o direito de fazer o que quiser com ele.
2. Um embrião não é a extensão de sua mãe. Aqui se alega que o 
nascituro é outro ser humano, com seu próprio sexo e tipo sanguíneo.
3. Argumento da transmissão de sinais hormonais. Aqui o bebê é um 
subumano até a implantação (aproximadamente um ou duas semanas 
após a concepção).
3. Alega-se que nenhuma informação é transmitida ao ser humano após 
a concepção. O “rádio é rádio mesmo sem estar ligado na tomada”, o 
bebê é um bebê mesmo antes de ser amamentado.
4. Argumento da dependência do zigoto de moléculas materiais para 
ser desenvolvimento. Aqui a mãe tem o direito de escolher deixar o 
zigoto existir ou não.
4. O zigoto é uma substância viva e um ser unificado, que tem em si 
mesmo a capacidade de ser influenciado a conduzir-se em direção à 
sua causa final. Os seres humanos que tem recorrido a qualquer fonte 
molecular material exterior também não podem ser considerados humanos.
5. Argumento da segurança da mãe. Aqui pede-se a legalização para a 
prática, uma vez que a ilegal e irregular gera grandes riscos à vida da 
mãe se decidir praticar o aborto mesmo não autorizada.
5. O abordo legalizado não salva vidas. Em 1973 nos EUA a legalização 
do aborto não impediu a morte de milhares de mulheres, mas dizimou 
dezenas de bebês. 
6. Argumento de autonomia da mãe sobre seu corpo. Sua autonomia 
sobre o corpo está acima do direito do nascituro à vida.
6. O direito à vida tem preferência ao direito do próprio corpo.
7. Argumento baseado no abuso e na negligência. Aqui indaga-se 
porque permitir que a criança nasça mesmo com má formação como 
também a grande estatística de abuso infantil.
7. Estudos apontam que 91% dos abusos infantis eram de crianças 
desejadas. Quanto à má formação, pessoas com deficiência física 
adquirida também deveriam ser assassinadas, o que é considerado crime.
8. Argumento do direito à privacidade. Aqui alega-se que a privacidade 
dá o direito de tirar um estranho de dentro de casa a hora que quiser, 
assim ocorre também para um nascituro indesejado.
8. A privacidade não dá o direito de matar, tampouco em legítima 
defesa, pois se trata de um inocente.
13 Veja: Gn 2, 7; Jó 34, 14-15; Is 57, 16; Ec 6, 3-5 e Ec 9, 10; Mt 26, 24. 
47
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
9. Argumento do estupro. Aqui alega-se a imoralidade da obrigação da 
mulher em gerar um filho de atos ilícitos.
9. Compreensivelmente emocionante, contudo um estupro não 
justifica um assassinato (veja lei menor e maior). Devido a fatores 
psicológicos e físicos, poucas gravidezes ocorrem, Geisler traz o 
número de menos de 1% de ocorrência. Além disso, a adoção futura 
da criança “indesejada” (pois mais da metade desse 1%, decide criar 
a criança) é uma melhor alternativa.
10. Argumento da incapacidade de saber quando a vida começa. Aqui 
os defensores da pró-escolha alegam que seria um dogmatismo tolo 
acreditar que o feto é um ser humano.
10. Se o organismo é uma pessoa e sabemos (pela ciência) disso, 
segue-se que o ato é homicida. Se o organismo é uma pessoa e não 
sabemos, é homicídio culposo. Se o organismo não é uma pessoa e 
não sabemos, ainda sim decorre de uma incerteza, portanto, homicídio 
culposo. Se organismo não é uma pessoa e nós sabemos, segue-se 
lícito, porém nenhuma ciência detém essa verdade, portanto uma 
certeza surreal ainda sim é culposa.
11. Argumento referente aos direitos de autonomia da mãe e ao seu 
consentimento para o sexo.
11. Se o sexo é concedido, segue-se que é sabido da possibilidade 
de ocorrência da fecundação, portanto, culposo em caso de prática 
abortiva.
12. Argumento de que a sociedade decide quando a vida começa. Aqui 
se alega que a criança somente é considerada um ser humano quando 
a sociedade a vê como tal.
12. A maior parte das culturas creem que a vida começa na 
concepção e celebram por isso, ainda sim há ideias de que a criança 
somente é considerada após os 13 anos (Bar Mitzvah dos judeus) e 
quando batizadas, nem por isso deixam de ser humanas. O feto não 
muda geneticamente, simplesmente ganha forma e tamanho, ainda 
sim é um humano. 
13. Argumento de que os valores intrínsecos são insuficientes para 
determinar o valor humano. Aqui o valor intrínseco do nascituro é 
potencial e não real.
13. A natureza não se apresenta em graus. Com esta ideia diferentes 
pessoas deveriam ter diferentes valores intrínsecos, portanto, desiguais 
perante a lei, o que é inconstitucional.
fonte: baseado em geisler (2010, pp.155-167)
Ainda sim, alega-se que o nascituro é um ser humano em potencial, por meio de que (1) 
a personalidade humana se desenvolve de forma gradual e que (2) o desenvolvimento 
humano está conectado ao desenvolvimento físico. As críticas quanto à abordagem 
de que o feto é um humano em potencial de maneira compactada temos que (1) a 
personalidade é diferente do ser humano, (2) nem uma manga nem um embrião 
representam vida em potencial e (3) os nascituros são protegidos pela constituição.
Se a vida da mãe estiver ameaçada temos os respaldo do absolutismo graduado. Neste 
sub-tópico aborto terapêutico (veja definição a seguir), o professor americano de 
assuntos éticos cristãos Gilbert Meilaender, membro do conselho consultivo em questões 
relacionadas à bioética da presidência dos EUA, afirma que se for para escolher entre 
mãe e filho, não se faz possível pedir à mãe que morra para que se dê prosseguimento à 
raça humana, mas não com ela no mundo, tampouco quando o nascituro possui chances 
irrisórias de sobrevivência (MEILAENDER, 2009, p.53).
Metade de todas as concepções resulta em abortos espontâneos (o Senhor deu, e o 
Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor! (Jó 1, 21). Ainda sim Gêmeos provam que 
a vida começa na concepção. 
Na obra de Vidal (1989, pp.195-197) a tipologia do aborto divide-se o espontâneo e o 
provocado e define-se os termos:
48
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
 » Chame-se aborto espontâneo quanto à interrupção da gravidez se dá por 
causas naturais, sem a livre intervenção humana.
 » O aborto provocado é o que se deve à intervenção livre do homem.
 » O aborto terapêutico é o aborto provocado quando o prosseguimentoda 
gravidez põe em risco a vida da gestante. 
 » Aborto eugênico. Aborto provocado quando existe o risco, e às vezes 
a certeza, de que o novo ser nasça com anomalias ou malformações 
congênitas (muitas vezes na literatura médica faz-se inapropriado chamar 
aborto terapêutico).
 » Aborto humanitário. Aborto provocado quando a gravidez veio como 
consequência de ação violenta, como, por exemplo, o estupro (às vezes 
chama-se aborto “ético”).
 » Aborto psicossocial. Aborto provocado quando a gravidez é “indesejada” 
por razões de caráter social ou psíquico: problemas econômicos ou de 
moradia, gravidez em mulheres solteiras, ou como consequência de 
relações extraconjugais, motivos psicológicos na mulher etc.
Para Meilaender (2009, p. 47), como falamos o já conselheiro de assuntos bioéticos 
da presidência do EUA “depois da fertilização, é difícil localizar alguma outra ruptura 
igualmente decisiva no processo de desenvolvimento”, e ainda nos faz interessante 
continuar em sua linha de raciocínio para nos posicionarmos de maneira mais 
contundente frente ao assunto:
Uma alternativa possível, alguma vezes proposta, é a de que a vida pode 
ou não iniciar no momento em que a “geminação” ocorre. Sabemos que 
é possível que o blastócito em desenvolvimento pode “segmentar-se” 
nos primeiros quatorze dias após a fertilização. Isto é, a “geminação” 
pode ocorrer se o blastócito dividir-se em dois (ou mais) do mesmo 
genótipo. Portanto, alguém pode argumentar que não podemos dizer 
com confiança que o ser humano como indivíduo exista antes desse 
momento. Esse argumento que, a meu ver, já foi mais persuasivo, 
perdeu agora toda sua força – em parte, porque o fundamento filosófico 
é questionável, e, em parte, porque a base de nosso conhecimento 
sobre o desenvolvimento embrionário torna-se cada vez mais incerta 
(MEILAENDER, 2009, p.48).
49
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
figura 1. fecundação.
fonte: <http://4.bp.blogspot.com/_dxnS147nlwo/SedpgYkufxI/AAAAAAAAAAk/Hv0IaO8gAdw/s400/segmentacao+holoblastica+igual+2.jPg>.
A origem da vida, segundo as Sagradas Escrituras se dá em Deus (leia Sl 139, 13-16), 
especialmente em “teus olhos viram a minha substância ainda sem forma”, e ainda, em 
uma weltanschauung cristã temos que se considerarmos um feto com forma de algo, 
tem-se que este já é um ser humano e dentro de assuntos constitucionais já possui seus 
direitos. Já se considerarmos que o nascituro é informe segue-se que Deus já lhe deu 
vida e a ama como tal, isto é, um ser humano vivo como qualquer outro, porém informe, 
em qualquer período onde o espermatozoide penetrou no óvulo.
O embrião, em seus momentos primordiais, assim parece, é mais que 
apenas um amontoado de células indistintas; ele é um organismo 
integrado capaz de autodesenvolvimento, e também capaz (se tudo 
ocorrer bem) do desenvolvimento contínuo que caracteriza a vida 
humana [...]. A afirmação de uma mulher grávida, “Posso fazer do meu 
corpo o que eu quiser; posso abortar se quiser”, torna-se obviamente 
menos persuasiva a partir do momento em que rejeitamos o argumento 
da pessoalidade. Se seu corpo está agora alimentando outra vida humana 
cuja dignidade é igual à dela ou à nossa, será muito mais difícil o aborto 
[...]. O argumento da privacidade, porém, é útil de certo ângulo. Ao passo 
que o argumento da pessoalidade dirige nossa atenção unicamente para 
o feto, cuja condição procura determinar, esse argumento traz à nossa 
atenção o vínculo entre mãe e filho (MEILAENDER, 2009, p.49, 51 e 52).
Podemos ver esse processo de geração de vida ou iniciação em todas as áreas sociológicas, 
patológicas, na fauna, na flora e em toda sua biodiversidade; em processos químicos e 
orgânicos, físicos e matemáticos, tal verificação pode ser feita. Acreditava-se em no 
passado na ideia do flogisto para ocorrência da combustão, contudo após a descoberta do 
oxigênio por Lavoisier descobriu-se que é somente em contato com o oxigênio é que se 
ocorre a combustão, portanto, seguindo a analogia, faz-se um tanto quanto ilógico dizer 
que o fogo é tão somente considerado fogo apenas após ter incendiado a casa toda. 
O fogo é fogo instantaneamente após o contato do comburente (gasolina, álcool etc.), 
com a fonte de ignição (ou elétrica) para geração de combustão. Assim, o serve para 
bomba quando explode, um semente em contato com o solo que fertiliza, ao tomar a 
decisão de saltar de um paraquedas e no meio desistir (você já pulou). Enfim, “seja, 
50
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência 
maligna” (Mt 5, 37).
Anencefalia
Em um aspecto jurídico, dentro do Código Penal Brasileiro, de acordo com o doutor 
Antonio Telmo de Toni, dentro do livro organizado por Hoch e Wondracek (2006, p. 52) 
afirma que não há legislação específica sobre anencefalia, mas somente sobre o aborto, 
e o traz como ilegal14. 
Segundo o autor, a anencefalia é frequente, muito mais que do que o imaginado (veja os 
números abaixo), ele explica e dá alguns números:
Consiste em malformação congênita caracterizada pela ausência total 
ou parcial do encéfalo e da calota craniana, proveniente de defeito de 
fechamento do tubo neural durante a formação embrionária, entre os dias 
23 e 28 da gestação. Ocorre com maior frequência em fetos femininos, 
pois parece estar ligada ao cromossomo X [...]. As estimativas apontam 
para a incidência de, aproximadamente, 1 caso a cada 1.600 nascidos 
vivos. Anualmente o número de registros de crianças nascidas vivas 
no Brasil oscila entre 2,7 e 3.0 milhões/ano [...]. O risco de incidência 
de anencefalia aumenta 5% nos casos de gravidez subsequente. As 
mães diabéticas têm 6 vezes maior probabilidade de gerarem filhos 
com este problema. Da mesma forma, há maior incidência de casos de 
anencefalia em mães muito jovens ou nas de idade avançada (HOCH; 
WONDRACEK, 2006, p.50).
Por fim, mesmo anencefálico, o nascituro não pode ser abortado sem autorização judicial. 
Segundo Toni ainda, os documentos necessários devem ser entregues, não se admitindo 
qualquer hipótese futura de vida da criança, mas com total comprovação de que nascerá 
morta. Cita que os documentos necessários são: (1) relatório médico, que informe ao 
Juiz da Vara, objetivando o suprimento judicial, a constatação de que a patologia é letal 
em 100%; (2) exames de ultrassom morfológico com avaliação de idade gestacional e 
descrição da patologia; (3) avaliação psicológica e (4) assinatura do casal.
Em uma weltanschauung cristã, pode-se aplicar, de modo leigamente aproximado, 
com o aborto natural, pois se estamos no mundo, existem riscos e eles são iminentes 
para cristãos ou não, portanto, de acordo com as Sagradas Escrituras: “nu saí do 
ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor me deu e o Senhor tomou; 
14 Arts. 124,126, caput e 128, I e II do Código Penal.
51
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1, 21). O que não quer dizer que o cristão deva 
estar plenamente conformado com a situação (Rm 12, 2), mas que o importante é 
continuar a jornada (Mt 5, 1-11). 
Exames
Ainda sim, persistiremos nos estudos e pensamentos de homens referenciais bioéticos 
cristãos, e seguimos a arguição de Meilaender (2009, p.66):
O objeto do exame de recém-nascidos consiste na detecção de doenças 
adquiridas por meio de herança recessiva, as quais, se detectadas com suficiente 
antecedência, podem ser tratadas com sucesso. A amostra de sangue que se tira 
do calcanhar dos recém-nascidos é o exemplo mais trivial desse exame. Essa 
amostra é testada para detecção da fenilcetonúria, uma deficiência enzimática, 
herdada recessivamente, que impede a fragmentação da fenilalanina, um 
aminoácido. Disso decorre uma grave deficiência mental. Se, porém, uma 
criança com fenilcetonúria for submetida imediatamente a uma dieta de pouca 
fenilalanina, podem-se evitar as consequências. Embora, a dieta seja bastante 
restrita, suas vantagenssão tão óbvias que se torna difícil não classificar o exame 
de fenilcetonúria como um sucesso.
A decisão da aplicação de exames extremamente promissores como Tay Sachs, fibrose 
cística e a doença de Gauche leva tentadoramente após sua detecção à decisão abortiva 
do nascituro. Pergunta-se, portanto, até que ponto é válido saber de possíveis doenças 
do filho ocorrerão? Uma questão delicada, porém facilmente contornada por um cristão 
que possui seus olhos voltados para aquilo que é a boa, agradável e perfeita vontade de 
Deus. Hoje em dia, tal seleção pré-natal, por meio da amniocentese, vem ocorrendo 
com certa frequência como recurso médico para justificar o aborto.
Se sua vida [do agente cristão que abortará] possui valor, sentido e propósito, saberá 
que mesmo em meio a uma vida futura possivelmente conturbada, passível de todos os 
problemas e mesmo assim venha a se concretizar o aborto, terá ciência que a intenção 
homicida, portanto homicídio doloso; pois certamente não se assassinaria um ser 
humano somente porque após um grave acidente este fica tetraplégico e decreta-se, 
“Vamos matá-lo, pois se nós sofremos, quanto mais ele”, ou ainda, trazendo para nosso 
contexto, detecta-se a ploriferação de células cancerígenas malignas no corpo de um 
indivíduo e diz-se, “Ide, vamos matá-lo para que se reduza sua dor e também nossos 
gastos futuros”.
De fato isso não ocorre. Para um cristão tal atitude além de insana é homicida, 
simplesmente porque acredita que ainda nos poucos dias ou meses (e até mesmo anos!) 
52
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
em que aquela vida estará na Terra, poderá ser edificadora e motivadora de dezenas de 
milhares de mentes suicidas e contrárias à beleza e à dádiva da vida por parte de Deus. 
Iremos continuar tratando de temas delicados, existem diversos autores, 
posições e pensamentos sobre todos os temas abordados aqui de maneira 
vasta. Escolhemos os que mais se adéquam em nosso material, deste modo, não 
deixe de, ao passar por cada tema aqui proposto, pesquisar externamente mais 
detalhes para que com isto, seu estudo fique mais rico e seu posicionamento 
mais firme.
Controle de natalidade
Basicamente, temos na Igreja Católica Romana a incipiência deste pensamento. Até 
agora, vimos dentro de caráter éticos que, após a concepção (veja Anexo I), qualquer 
tentava abortiva é homicídio. Porém aqui, a controversa está em simplesmente não 
permitir que se bloqueie a fecundação por nenhuma forma, isto é, dentro de contextos 
protestantes não se dá nenhum problema, pois o mal aqui é simplesmente a não geração 
de um nascituro, deste modo, não se configura assassinato, pois simplesmente ele não 
foi gerado. 
Argumentos da posição em favor do controle de natalidade, de acordo com Geisler 
(2010, pp.467-469) é que (1) o controle de natalidade é desobediência ao mandamento 
divino de propagar a espécie; (2) é intenção de assassinato incipiente; (3) o único 
propósito do sexo é a procriação; (3) a Bíblia condenou uma tentativa específica de 
controle de natalidade15. 
Contudo, como de praxe, existem os contra argumentos, os quais invertem o ônus da 
prova em que (1) o mandamento divino de propagar a espécie é geral, e não específico16, 
haja vista a aprovação de Jesus quanto aos eunucos por opção; (2) o controle de 
natalidade não é um assassinato insipiente, pois existe total diferença entre impedir o 
nascimento de uma criança e tirar sua vida após a concepção. Limitar a quantidade de 
filhos no mundo não necessariamente é pecado; (3) a procriação não é o único propósito 
do sexo17 (GEISLER, 2010, pp.469-473).
Claramente temos que, o argumento que se usa contraceptivos para relações extraconjugais 
e fora do casamento, não se faz favorável ao pensamento cristão, tampouco quando 
esse controle de natalidade causa abortos. Mas o argumento favorável ao controle alega 
que é correto para adaptar aos custos familiares18; adiar esse nascimento por conta da 
15 Vide texto: Gn 38, 9-10 (consideravelmente utilizado como argumento contra a masturbação); 
16 Vide Mt 19, 12; 1Co 7, 17; 1Co 7, 5 e Gn 1, 28.
17 Vide Pv 5, 18 e 1Tm 6, 17.
18 1Tm 5, 8 e Lc 14, 28.
53
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
imaturidade dos recém-casados e ainda é facilmente descontrolada a fertilização de 
muitos, uma vez que existem casais mais férteis que outros. 
reprodução Assistida ou fecundação In Vitru 
e Eugenia
Na reprodução in vitro também utiliza-se o esperma e o óvulo do marido e da mulher 
caso não haja participação de terceiros19. Meilaender (2009, p.34) trata da questão 
instrumentalista do corpo, o que passa a ser bem interessante para efeitos didáticos:
De certo modo, na inseminação artificial e, muito mais na fertilização 
in vitro, fazemos de nosso corpo um instrumento para a realização de 
nossos fins. Não damos simplesmente nosso corpo no ato do amor, nós 
o instrumentalizamos e o utilizamos para a produção de um filho. Em 
certo sentido, é claro, trata-se de um exercício de nossa liberdade em 
nada diferente de outros em que fizemos uso de objetivos. Evidencia-
se assim o exercício do domínio dado pelo Criador à humanidade. 
Todavia, é preciso cautela quando o “objeto”usado é o corpo humano, 
lócus da presença pessoal. Ao instrumentalizar desse maneira o corpo, 
somos tentados a ver a nós mesmos unicamente como espírito livres 
dissociados do corpo. O “eu” verdadeiro torna-se a vontade livre e 
ilimitada que assume a direção até mesmo do corpo de que faz uso. 
Corremos aqui o risco de separar a pessoa do corpo, diminuindo-lhe a 
importância e transformando-o em uma “coisa”.
O res nullius (coisa de ninguém) é um marco na história humana. Desde primórdios 
dos tempos sabe-se que o homem se dá às concupiscências da carne até mesmo como 
forma de adoração a outros deuses20. A instrumentalização do corpo humano torna 
em vão, bem como anula insofismavelmente o que aduz a Palavra de I Co 6, 19 “ou 
não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual 
possuís da parte de Deus, e que não sois vós mesmos?”.
Vidal (1993, p.239) define bem o termo eugenia:
Foi Francis Galton o criador, em 1883, da palavra “eugenia” (eugenics). 
Conforme indicam os dois elementos gregos que o compõe, o termo 
criado por Galton tem o significado de “boa origem”, “boa herança” ou 
“boa linhagem”. A eugenia tem vertente teórica e vertente prática, é ao 
19 Pedimos no fim Para (Não) Finalizar que o aluno se envolva também com assunto terceiros na reprodução.
20 Em nosso material Ecumenismo você poderá encontrar maiores detalhes sobre o pacto de sangue misturado com orgia e 
assassinatos por entretenimento de cristãos que se faziam antigamente, na idade média e certamente ainda ocorre em muitas 
culturas e credos secretos ao redor do mundo hodiernamente.
54
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
mesmo tempo estudo e ação. Esta dupla função se concretiza nas ações 
sob controle social que podem melhorar as qualidades hereditárias das 
gerações humanas, tanto no aspecto físico quanto mental. Em outras 
palavras, trata-se de melhorar geneticamente as populações humanas. A 
eugenia se apresenta como ciência aplicada, cuja função específica é a de 
conservar, preservar e melhorar o patrimônio genético da humanidade. 
Existe tanto a eugenia negativa, quanto à positiva. Aquela subdivide-se em evitar a 
descendência defeituosa (na tentativa de evitar casamentos com risco genético) e 
eliminar a descendência defeituosa (o aborto propriamente dito ou matando o recém-
nascido). Enquanto que esta, a positiva, procura o aumento proporcional de genes e 
genótipos desejáveis.
Grosso modo, podemos pensar na eugenia positiva como algo bom, controlando os 
casais e indivíduos reprodutores, dando-se principalmente por meio de crivo genético 
e passando por conselhos genéticos. Tratando-se de Ética Cristã tal visão não favorece 
a visão divina do ser, obviamente não se dando mediante o retrocesso de pensamento 
para com o desenvolvimento da ciência, entretanto, aforma engessada de pensar de 
que todo casal deveria procurar avaliação genética para gerar filhos cai no absurdo 
estatístico, o que obviamente não ocorre quando há relação parental entre familiares.
A intenção, como sempre, é incentivar o acréscimo e possível decréscimo que tal 
contexto nos trás para o mundo contemporâneo ideológico e geneticista. De maneira 
superlativa, podemos inferir que a manipulação de fato genética nos leva, em termos 
práticos, à terapia genética, engenharia genética e clonagem humana, assunto que será 
abordado adiante.
55
CAPítulo 2
questões Bioéticas na Bíblia
Homossexualidade
Grande, abrangente e gerador de acaloradas fontes de debates e polêmicas, muito 
provavelmente o assunto do ano de 2014, assim como passamos uma década atrás 
(baseado no ano de 2014) sobremaneira sobre o tema clonagem humana, sendo a 
mídia e respectivos programas televisivos as fontes de tais celeumas, segue, portanto, 
que hodiernamente os holofotes estão voltados aos contrários e favoráveis ao 
homossexualismo, termo controverso, preferível aos prós, homossexualidade.
A definição para Vidal (1993, p. 266) da condição homossexual também é válida de 
enfoque:
O termo “homossexualidade” foi introduzido por um médico 
húngaro no século XIX. Apesar da inicial conotação clínica, passou a 
significar a realidade humana total das pessoas cuja pulsão se orienta 
para indivíduos do mesmo sexo [...]. Com efeito, se na realidade da 
sexualidade se distinguem três níveis – “sexus”, “eros” e “filia” –, pode-se 
falar de: homogenitalidade” (assim como de “heterogenitalidade”), com 
referência aos aspectos biológicos do sexo; de “homoerotismo” (assim 
como de “heteroerotismo”), com relação aos aspectos emotivos; e de 
“homofilia” (assim como de “heterofilia”), para aludir aos aspectos 
relacionais. O termo que engloba adequadamente a realidade é o de 
homossexualidade.
Tal definição do termo nos faz importante, uma vez que podemos ver casuisticamente 
em até mesmo em entrevistas, reportagens e conversas informais a geração de conflito 
no uso indevido da expressão. Tendo isso em mente, vejamos alguns argumentos 
favoráveis à homossexualidade:
Vamos aos argumentos favoráveis à homossexualidade. Alega-se que (1) o pecado de 
Sodoma não era a prática de homossexualidade, mas que era o egoísmo21; (2) a lei levítica 
não mais se aplica22; (3) a esterilidade era uma maldição entre as mulheres judias23; (4) 
a homossexualidade estava conectada com a idolatria, destarte a desaprovação divina 
21 Gn 19.5 e8; Sl.139.1; Ez 16.49. 
22 Lv 18.22; At 10.15; Mc 7.19.
23 Gn 16.1; 1Sm 1.3-8; Gn 3.15; Sl.127.3.
56
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
não era para com ela, mas sim contra a adoração a outros deuses24; (5) as condenações 
paulinas são apenas opiniões pessoais25; (6) Paulo também condenou o uso do cabelo 
cumprido por homens26; (7) 1Coríntios 6.9 fala apenas contra ofensas praticadas; (8) a 
heterossexualidade não é natural para os homossexuais; (9) Isaías previu a existência 
de homossexuais no reino27; (10) Davi e Jônatas eram homossexuais28; (11) não deve 
existir nenhum tipo de constrangimento sexual entre adultos que consentem com a 
prática; (12) o direito à privacidade protege a homossexualidade; (13) os homossexuais 
também têm direitos civis; (14) tendências sexuais são herdadas; (15) os padrões morais 
têm mudado ao longo dos anos; (16) muitos outros mamíferos são homossexuais 
(GEISLER, 2010, pp.332-336).
De certo são argumentos válidos e não divagados pelo professor Geisler, desta forma, 
consideramos que ainda sim existe teístas homossexuais, os quais possuem de fato todo 
o direito, uma vez que somos todos criaturas de Deus.
Como apologista veterano em debates, haja vista os feitos defendendo a fé até mesmo 
com Richard Dawkins, Craig (2010.p.146) traz as seguintes premissas lógicas:
1. Temos obrigação de fazer a vontade de Deus.
2. A vontade de Deus está expressa na Bíblia.
3. A Bíblia condena a prática homossexual.
4. Logo, a prática homossexual é contrária à vontade de Deus, ou seja, 
é errada.
Vemos que, dentro da lógica, para que a prática homossexual diante de Deus seja 
aceita, faz-se necessário negar (2), isto é, Deus não se revelou nas Sagradas Escrituras, 
portanto, não há critérios para atribuir verdade ou falsidade a nenhuma prática, não 
somente a homossexual, desta forma, a vontade de Deus se torna objetiva e retoma-se 
o ciclo relativista do bom e ruim, onde “o que é certo para você, não é certo para 
mim”. Não há padrão moral, tampouco valores morais objetivos, mas sim decorre o 
pensamento evolucionista que “tudo que corre para o bem da vida é bom e o atrapalha 
é ruim, e ponto”. 
Tabelamos as contra argumentações dos primeiros argumentos em favor da 
homossexualidade:
24 Dt. 23.17; 1Rs 14.24.
25 1 Co 7.12 e 25; 1 Co 6.9.
26 1Co 11.14.
27 Is.56.3-5.
28 1Sm 18 a 20, mas principalmente em 18.3 e 4, 20.41; 2Sm 1.26.
57
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
Quadro 12. resposta aos argumentos a favor da homossexualidade.
1 e 2
O pecado de Sodoma e Gomorra era a homossexualidade, pois a palavra conhecer tem conotação sexual e não somente de se ‘fazer 
conhecido’. Os pecados sexuais são uma forma de egoísmo (Ez.16.49 não exclui a homossexualidade). Sodomia sempre se refere às 
perversões sexuais29. A proibição contra a homossexualidade é moral, não apenas cerimonial.
3 A esterilidade não é a razão pela qual a homossexualidade não é aceitável30.
4
A prática homossexual não é aceitável na Bíblia independente da idolatria31. Os 10 mandamentos fazem divisão dos pecados de 
idolatria (primeira tábua) dos sexuais (segunda tábua).
5 O ensinamento paulino possui autoridade divina32.
6 A homossexualidade não é equivalente ao comprimento do cabelo.
7 A prática sexual homossexual é uma ofensa a Deus.
8 As práticas homossexuais são contrárias à natureza33.
9 Isaías refere-se aos eunucos34.
10
Davi e Jônatas não eram homossexuais, haja vista a atração de Davi por Bete-Seba e, seu amor por Jônatas não era sexual (eros), 
mas sim fraternal (philia). Eles de fato choraram, sem conotação alguma sexual35.
11 O consentimento adulto mútuo não torna o ato correto.
12 O direito à privacidade não dá direito à violação de princípios bíblicos.
13 Todos possuem direitos civis.
14 Não existem evidências unânimes da aceitação de herança genética ou alteração genética homossexual36.
15 A moralidade de Deus é imutável37, pois princípios bíblicos do novo e velho testamento existem mesmo após quatro mil anos.
16 O comportamento de animais não é normativo para seres humanos.
fonte: baseado em geisler (2010, pp.336-343)
Uma terceira alternativa a qual pode não ter sido comentado pelo filósofo e teólogo 
Dr. Norman Geisler refere-se ao argumento determinista, o sentido aqui é o caráter 
normativo do nascimento mecanicista automático, com ações predeterminadas e 
idênticas às que se observam no mundo dos animais. Destarte, o ser humano está 
regulamentado por “leis” prévias – biológicas, psicológicas e sociais – que discorrem 
rumo às ações determinadas independente de suas escolhas.
Nenhuma escola psicológica tem dificuldade na aceitação da indeterminação da espécie 
humana, uma vez que sua plasticidade é muito maior e mais complexa do que a fauna 
em geral. Comportamentos aparentemente homossexuais dos animais não servem de 
contra argumentação em favor da homossexualidade, pois entraríamos em um modo 
reducionista das ações humanas, ausentando o homem de ser consciente de si mesmo, 
livre e autônomo.
29 Gn 4.1,17 e 25; 19.8; 24.16; 38.26; Ez 16.49-51; Jd 7 / Lv 18.6-14; cap.22 e 23. 1Rm 1.26,27; 1Co 6.9; 1Tm 1.10.
30 Lv 18.24; Mt 19.11,12; 1Co 7.8.
31 Lv 18.22; Rm 1.26,27; Os 3.1; 4.12; Rm 1.22-27.
32 Gl 1.11,12; Rm 1; 1Co 1; 2Co 12.12; 1Co 2.13; 1Co 14.37; Jo.16.13.
33 Rm 1; Gl 2.24.
34 Is 56.3-5; Mt 19.11,12
35 2Sm 11; 1Sm 18.4; 20.41.
36 Sl 51.5; Ef 2.3; Rm 1.26,27.
37 Ml 3.6; Hb.6.18.
58
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
Um dos maiores filósofos e teólogos vivosdo mundo contemporâneo é o americano Ph. 
D. William Lane Craig, como bom apologista cristão, Craig ressalta que Deus jamais 
condenou tendências homossexuais, uma vez que a biologia genética tem procurado 
enaltecer o fato de que os genes provocam essas tendências, o que de fato é ressaltado 
pelos homossexuais a vida em cativeiro psicológico que muitos têm de viver por conta 
da não aceitação da sociedade em geral. O que é condenado, portanto na Bíblia, tão 
puro e simplesmente é o efeito da prática38 homossexual. 
Com grande cuidado, Craig (2010, p.154) traz alguns números importantes que fogem 
do velho argumento que homossexuais tiveram problemas de pedofilia e por isto 
assumiram a prática, mas sim na instabilidade sobremaneira de relação duradoura, 
portanto, na maior parte dos casos, promíscua:
A média dos homens homossexuais tem mais de 20 parceiros num ano 
[...]. Associado a essa promiscuidade compulsiva, difunde-se, entre 
os homossexuais, o uso de drogas como um meio de intensificar suas 
experiências homossexuais. Em geral, os homossexuais representam um 
número três vezes maior do que a população que tem problemas com 
alcoolismo. Estudos mostram que 47% dos homossexuais masculinos 
têm em seu histórico de vida o uso excessivo de álcool, e 51% uso excessivo 
de drogas. Há uma correlação direta entre o número de parceiros e a 
quantidade de drogas consumidas [...]. Por exemplo, 40% dos homens 
homossexuais apresentam um histórico de depressão profunda. Esse 
número ainda se torna mais impressionante quando comparado com 
o dado de que apenas 3% dos homens em geral enfrentam o problema 
de depressão profunda. De modo semelhante, 37% das mulheres 
homossexuais apresem um histórico de depressão. Tal fato, por sua 
vez, resulta no aumento das taxas de suicídio. Os homossexuais são 3 
vezes mais inclinados a praticar o suicídio do que a população em geral 
[...] 75% dos homens homossexuais são portadores de uma ou mais 
doenças sexualmente transmissíveis [...]. Também são bem comuns 
entre os homossexuais as infecções virais como a herpes e a hepatite 
B (que afligem 65% dos homens homossexuais), que são incuráveis, e 
como a hepatite A e as verrugas anais, que afligem 40% dos homens 
homossexuais [...] a expectativa de vida é de aproximadamente 45 anos 
[...], se incluir aqueles que morrem de AIDS, cuja estatística é de 30% dos 
homens homossexuais, a expectativa de vida cai para 39 anos.
Em resumo, diferem-se diversos estudos em prol e contra a homossexualidade, portanto, 
conclui-se que (tendo claro que o argumento está baseado em um pensamento, concepção 
e cosmovisão cristã que contra argumenta alegações em favor da homossexualidade de 
38 Veja Gn.2.24; Lv.18.22 e 20.13; 1Co 6.9-10; 1Tm 1.10; Rm.1.24-28.
59
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
acordo com a Bíblia) se ela caracteriza-se como uma tendência genética, é passível de 
cuidados e não se pode privar o direito de busca pela luta contra essa tendência (assim 
como nascemos com tendências ao alcoolismo), seja ela científica ou religiosa, bem 
como o indivíduo, quando contradito, não se obriga, tampouco é obrigado a aceitar. 
Se for simplesmente uma opção, ele pode escolher também não ser, tão simplesmente. 
O entrave está em achar que o indivíduo não escolhe e deve ser aceito desta maneira, 
enquanto o cristianismo afirma que Jesus pode o libertar, assim como o faria em qualquer 
outro caso, pois a libertação vem somente e tão somente por intermédio da aceitação e 
confissão do senhorio de Jesus Cristo e a busca contínua em conhecê-lo.
Deste modo, o cuidado e zelo pela vida dos homossexuais não está em convencê-los, 
pois quem convence é o Espírito Santo (Jo.16.7-11), mas sim o ide e pregai o evangelho 
da ordenança de Cristo, bem como o bom cristão não deve ser esquecer que, como bem 
ressalta Craig (2010) “no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e 
Gomorra do que para aquela cidade” (Mt.10.15; 11.24).
Pornografia
É bem sabido que a grande oferta de conteúdo pornográfico dá-se a grande demanda 
necessária para essa produção. Os argumentos desfavoráveis, nesse sentido, não 
provêm somente dos cristãos, mas também de psicólogos e sociedade em geral.
Vejamo-los em Geisler (2010, p.450-455) que (1) a pornografia estimula agressão e 
violência entre as pessoas; (2) cria um tipo de comportamento animal em seres humanos; 
(3) afeta o aspecto neuropsíquico em seres humanos; (3) cria vício e dependência 
semelhantes aos das drogas, no cérebro humano; (4) está relacionada com outros 
crimes (como pedofilia, assédio sexual, abuso sexual, estupro, abuso do conjugue, 
homicídio etc.); (5) produz famílias disfuncionais; (6) permite que a disfuncionalidade 
sexual seja a norma da sociedade; (7) a pornografia enquanto meio de satisfazer 
fantasias sexuais leva a comportamentos anormais; (8) inibe namoro e relacionamentos 
conjugais normais; (9) impõe restrições financeiras à sociedade, pois bilhões são gastos 
anualmente para manter esse “negócio” em forte expansão; (10) reduz o sexo a um ato 
meramente animal, portanto, ação reducionista do ponto de vista filosófico; (11) leva à 
degradação da atividade sexual.
Por desonrar o casamento39 conforme a Bíblia40, a pornografia promove práticas 
pecaminosas na vida do cristão41, bem como de cultiva a lascívia e o adultério na alma42. 
39 Rm 1.32; Gn 2.22-25; Hb 13.4; cap.17.
40 Hb 13.4; Gn 2.24; 1Co 7; 1Tm 4.3; Ef 5.3-6. 
41 1Pe 5.8,9; 1.13;4.7; 1Co 6.18; 1Jo 2.15-17; Ef 6.10-20; Mt 4.1-11; 1Jo 1.6-10; Lc 22.3; 2Co 4.3,4; Gl. 5.19-21; Hb 11.25.
42 Mt 5.27-30; Mt 15.17-19; Tg 1.14; Rm 13.14.
60
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
Corrompe o coração43 e a mente do servo de Deus, obscurecendo-os44 a modo tal que 
pode levar a um resfriamento espiritual sem precedentes.
Autoerotismo
A masturbação ou autoerotismo (dever-se-iam evitar os termos 
“onanismo” ou “vício solitário”) é variação psíquica que afeta todo o 
ser do sujeito. Não é exclusivamente problema “sexual”, tem significado 
mais amplo, que afeta a estrutura psíquica do ser humano. Dentro do 
significado antropológico global, o aspecto psicológico é o que mais se 
destaca. Examinada neste nível, a masturbação é realidade psíquica 
de grande complexidade. Não obstante, existe nela algo comum que a 
define como entidade psicológica. Enquanto o ser humano amadurece 
na abertura para os outros, a masturbação é ação que o enclausura em 
si mesmo. (VIDAL, 1993, p.269).
Na visão secular frente a este contexto, afirma-se ser até mesmo saudável o ato de 
se masturbar, com pornografia ou não, diante do parceiro ou não, o que na verdade 
importa, é o sentimento de prazer e satisfação através da liberação principalmente 
dos hormônios endorfina (hormônio que tranquiliza), ocitocina (diminui dores em 
função das contrações musculares, reduz perda sanguínea entre outros) e serotonina 
(que possui como principal função a sensação de bem-estar). Se considerarmos 
a alegação evolucionista ateísta que “tudo que corre para o bem da vida é bom 
e o que for contrário a isto é ruim” pode-se dizer que não há mal nenhum mesmo 
no autoerotismo.
Em uma cosmovisão cristã (Gn.38.9) este ato não agrada a Deus por diversos motivos, 
conforme listamos abaixo:
 » É uma “relação sexual” egoísta, pois somente o próprio agente sente 
prazer;
 » É uma “relação sexual” psicologicamente prejudicial, uma vez que as 
chances do parceiro (ou não, este pode ser solteiro) estar pensando em 
outra pessoa(as) é muito grande, o que Jesus aduziu como pecado em seu 
coração (Mt.5.28).
 » É uma “relação sexual” oculta e hostil. Muitas vezes (na maioria dos 
casos na realidade), o agente que pratica o autoerotismo tem vergonha 
43 1 Co 5.6-8; Ef 4.22; Cl 3.5,9; Ef 4.23,24; Cl 3.10.
44 Mt 5.22,23; Mt 7.17-20; Tg 3.11,12; Gl 5.19-21; Ef 5.3-5.
61
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
e medo de que terceiros descubram, principalmente se estiver dentro 
de seu matrimônio; isto o aterroriza comprometendo profundamente 
sua confiança em si mesmo,porquanto na maior parte dos casos o 
agente deseja se libertar do hábito/vício e não consegue, se sentindo 
extremamente frustrado e desmotivado com a situação.
 » É uma “relação sexual” viciante. Não há um fim. Jamais aquele agente 
se satisfará por completo, pois não há possiblidade dele/dela desejar e 
imaginar todos os parceiros existentes no mundo!
 » É uma “relação sexual” potencialmente instigante. O agente por vezes 
desejará praticar o ato a qualquer momento e lugar em que seus olhos 
se depararem com situações estimulantes. Mesmo que o indivíduo 
não queira pensar, ele se vê preso e imerso àquele mundo de fantasias 
obscenas que jamais ocorrerão em um mundo real.
Muitos cristãos acreditam que esta será a maior batalha espiritual da igreja. Os espíritos 
ali envolvidos são os mesmo de milênios atrás, e eles sabem como atuar para cativar 
de forma mórbida, principalmente adolescentes, os quais cultivam tais vícios e entram 
no matrimônio com tantos fatores espirituais adversos que vemos o que temos hoje, 
divórcios uns atrás dos outros como se não houvesse nenhum compromisso assumido 
e aliançado com Deus.
Para os que possuem fé solidifica nas Sagradas Escrituras e anda conforme princípios 
éticos cristãos não há o que se preocupar quando solteiro referente à liberação dos 
hormônios acima mencionados. Toda tensão é liberada de maneira involuntária 
naturalmente pelo organismo quando acumuladas sobremaneira, por meio da polução 
noturna, podendo ocorrer também em mulheres, sem envolver, portanto, intenções 
lascivas e formadores de hábito, conforme Dt 23.10. 
Não conseguiremos tratar de maneira aprofundada tais contextos, mas para 
ambos os assuntos, pornografia e autoerotismo, indicamos que assista ao vídeo: 
Campanha contra o vicio da pornografia entre cristão Josh McDowell no link: <https://
www.youtube.com/watch?v=FJ96U-R68oU>. Não deixe também de pesquisar mais 
profundamente sobre polução noturna.
Sexo
Tudo é permitido desde que se pratique com o consenso de dois adultos. Esse é o lema 
que rege a sociedade secular, obviamente, não se restringido a somente duas pessoas. 
De fato, e não de modo inocente e idealista de concepção, tem-se que a prática do sexo 
62
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
nos seus mais promíscuos e obscuros modos, não vem de hoje, contudo, nos últimos 
séculos houve uma revolução sexual quase retomando as práticas antigas de orgias a 
céu aberto e públicas.
Fatores que deram origem a essa visão secular e relativista a respeito do sexo moderno 
e contemporâneo se deu por meio de alguns pensamentos, veja a seguir:
Quadro 13. Surgimento da revolução sexual. 
PENSAMENTO 
SECULAR
REPRESENTANTES E CONCEPÇÕES
Niilismo
Nietzsche (1844-1900): “Deus está morto e fomos nós que o matamos”. A verdade é que, quando matamos o Legislador 
moral, não resta fundamento para a lei moral.
Emotivismo
A.J. Ayer (1910-1989). Aqui as declarações éticas foram reduzidas ao nível do sentimento. Não há leis morais objetivas, 
pois não existem imperativos divinos. 
Existencialismo Jean-Paul Sartre (1905-1980). Sem ninguém para dar ordens, tudo se torna relativo.
Situacionismo
Joseph Fletcher (1905-1991). Aqui somente os fins justificam os meios, portanto, o prazer do orgasmo com terceiros é 
superior à moral matrimonial.
Humanismo secular
Manifesto Humanista Secular I (1933) e II (1973). Onde o universo é autoexistente e incriado, aqui também não há 
Legislador da moral.
Darwinismo Charles Darwin (1809-1882). A liberdade sexual está acima da lei moral por extinto de sobrevivência do mais forte.
Zen-budismo Aqui também existe o relativismo da moral, pois rege o argumento “aproveite a vida com moderação em todos os sentidos”.
fonte: baseado em geisler (2010, pp.311-314) 
Se não existem absolutos morais, portanto, absolutamente qualquer coisa que se faça 
é válida. Não é o que está de acordo com princípios bíblicos e cristãos como é óbvio, 
entretanto usa-se a Bíblia até mesmo para provocar a alegação que práticas sexuais sem 
freios estão respaldadas sobre a alegação de liberdade do ser humano45.
Geisler (2010, pp.314-331) ressalta a posição bíblica frente às questões sexuais que 
praticamente em todo Gêneses Deus condena atos sexuais ilícitos, bem como o é 
especificado como proibidos dentro da lei mosaica atos como o adultério46, incesto47, 
sexo no período menstrual48, homossexualismo49, bestialidade50 e fornicação51.
A maior parte das doenças sexualmente transmissíveis incuráveis do mundo atual se 
dá pelo fato da bestialidade e sexo sem compromisso, e isso é ciência. Vidal (1993, 
p. 263) traz que a liceidade das relações sexuais pré-matrimoniais possui fatores que 
mais prejudicam do que contribuem para uma união estável dentro do matrimônio, 
considerando uma dádiva a relação pós-casamento. 
45 Jo 8.36.
46 Ex 20.14; Lv 18.20; 20.10; Gn 20.9; Gn 39.9; Mt 5.27; Tg 2.11.
47 Lv 18.6-18.
48 Lv 18.19.
49 Lv 18.22; 28; Rm 2.12-15. 
50 Ou união sexual com animais também era proibida, vide Lv 18.23; Ex 22.19; Lv 20.15,16; Dt 27.21.
51 Lv 19.29; Is 23.17; Ez 16.15,26,29; Lv 21.7; Dt 23.18.
63
CAPítulo 3
questões Éticas dos direitos
Casamento e divórcio 
De acordo com Vidal (1993, p.297) o matrimônio equivale a afirmar que é um “estado” 
e com isto possui algumas instâncias éticas. De acordo com as Sagradas Escrituras é a 
única forma de conceber família no sentido de multiplicação e procriação, pois somente 
pela relação entre homem e mulher é que tem a continuidade da vida e, a família, por 
sua vez, é um bem patriarcal. 
Os matrimônios civil, cristão e meramente civil se divergem e convergem em alguns 
sentidos. Para princípios éticos cristãos o mesmo deve se dar de modo sociológico 
jurídico, uma vez que de acordo com a Bíblia o cristão deve cumprir o estatuto do 
Estado, bem como anunciar à sociedade sua união, isto é, uma aliança terrena; cumprir 
a subordinação à autoridade espiritual, concretizando sua aliança espiritual (Mt.18.18). 
Separando-se em última instância, dando-lhe [ao cristão] como motivação somente por 
meio da fornicação do parceiro (Mt.5.32).
Sob o ponto de vista ético cristão a reformulação da dimensão institucional do casal 
e o equilíbrio entre “pessoa” e “instituição” na vida do casal conjugal são alternativas 
quando na instabilidade matrimonial (VIDAL, 1993, pp.329-330).
De acordo com as Sagradas Escrituras, o divórcio não é permitido por qualquer motivo, 
tampouco é um projeto de Deus, pois não há fundamento52 para o divórcio, entretanto 
a infidelidade dá o direito à vítima desta infidelidade de divorciar-se53, uma vez que o 
próprio Deus “divorciou-se” de Israel54, contudo para Geisler (2010) “Jesus não disse 
o pecado do adultério era imperdoável55”, para o inocente (vítima), de acordo com 
Geisler (2010, p.368) ainda há uma justificação do segundo casamento, pois há uma 
má compreensão dos termos adultério e infidelidade, veja o comentário abaixo:
A má compreensão da cláusula da exceção. No Evangelho de Mateus, 
Jesus é citado, por duas vezes, dizendo que o divórcio é errado “a não ser 
por causa de infidelidade [porneia]” (Mt 5.32; 19.9) [...]. Uma palavra 
grega diferente para designar o adultério é usada no Novo Testamento. 
52 Mt 19.6; Rm 7.2. O voto diante do Senhor: Pv 2.17; Ml 7.2; Ec 5.5. Jesus acerca do divórcio (sem fundamentos): Mc 10.1-11; Lc 
16.18; Mt 19.1-9; 5.32; Mt 1.18-25; Lc 16.18; Jo 4.16,18. Paulo acerca do divórcio (sem fundamento): 1Co 7.10-13; 1Tm 3.2.
53 At 15.20; Rm 1.29; Mt 5.32; Mc 10.1-9; Lc 16.18;1Co 7.10; 2.13; 7.12,40; 14.37; 1Co 7.15.
54 Jr 3.8; Is 50.1.
55 Jr 3.1,11,14.; 1Jo 1.9; Mt 5.32.
64
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
Trata-se do termo grego moikeia. Se Mateus tivesse a intenção de se 
referir a adultério (prática sexual ilícita envolvendo uma pessoa casada), 
ele teria usado essa palavra, e não “infidelidade” (porneia). Mateus usa 
a palavra moikeia, quando descreve o adultério (Mt 5.27,28; 19.18). 
Outros autores do Novo Testamento fazem uso regular das palavrasmoikeiae moikeuδ para descrever o adultério (e.g., Mc 7.21; Lc 16.18; 
Jo 8.4; Rm 2.22; Tg 2.11; Ap 2.22). Em algumas passagens, as duas 
palavras “infidelidade” (porneia) e “adultério” (moikeia) são usadas de 
forma recorrente e distinta uma da outra. Por exemplo, Jesus disse: 
“Porque do coração é que saem [...] adultérios, imoralidade sexual” (Mt 
15.19; ver também Mc 7.21; Gl 5.19).
Para o autor, Jesus de fato não afirma que o inocente, de fato, comete adultério, 
tampouco em caso de falência do conjugue seguido do casamento do que ficou, este 
não é acometido de adultério. Cita ainda que a Confissão de Fé de Westminster vê uma 
espécie de morte da pessoa da parte ofensora, bem como o perdão mediante a confissão 
pode ser aceitado pelo ofendido56. A alegação de que em caso de divórcio, nenhum dos 
conjugues pode casar-se novamente está sob efeito das passagens Mc 10.11; Lc 16.18; 
Mt 19.9; contudo, para Geisler (2010, p.369) não há problema o segundo casamento 
(logicamente com o intuito de matrimônio para a vida toda) sob o ponto de vista de 
infidelidade, e ainda sim, embora o divórcio nunca seja justificável, é algumas vezes 
permissível e sempre perdoável.
Pena de Morte
Na obra Ética Cristã de Vidal (1989, pp.211-212), seu posicionamento faz-se claro frente 
a esse contexto:
A pena de morte é inútil. As estatísticas demonstram que sua 
permanência ou supressão não influem na proporção de delitos 
cometidos. Aliás, a morte delinquente não serve para ninguém e não 
repara nada [...]. Ela é imoral. Isto quer dizer que ela desmoraliza, 
que dá mau exemplo [...]. Ela é desnecessária. Porque, para defender a 
sociedade, basta pôr o delinquente em reclusão e, ainda assim, somente 
durante o tempo indispensável para recuperá-lo, dando-lhe tratamento 
adequado [...]. Ela é pessimista. Não se crê que tenhamos hoje meios 
para ajudar um homem a regenerar-se completamente, a melhorar pelo 
menos, para o mínimo tentar fazer isto. Esta lei prefere solução taxativa, 
56 1Jo 1.9; Jr 3.1,14.
65
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
que extirpe o mal com execução do delinquente, como se o mal pudesse 
hipostasiar-se [...]. Ela é injusta [...]. Ela é anticristã. 
Geisler (2010, p.237), contudo, vai mais a fundo e desmembra as terminologias dos 
pensamentos em favor e contra a pena de morte, que admite três abordagens frente ao 
tema; cita-se o (1) reconstrucionismo, que insiste na aplicação da pena de morte; (2) 
reabilitacionismo, que não permite a aplicação da pena de morte para nenhum crime e; 
(3) retribucionismo, que recomenda a pena de morte em alguns crimes (capitais). 
reabilitacionismo
Como de costume, de maneira didática para facilitar a compreensão, pensamento e 
o devido e imprescindível posicionamento, observe com atenção na leitura o quadro 
abaixo:
Quadro 14. reabilitacionismo.
Argumentos favoráveis
Argumentos bíblicos 
favoráveis e contrários
Argumentos morais
Contra argumentos 
morais
O propósito da justiça é a reforma e 
não a punição.
O princípio primário da justiça 
não é reabilitação57
A pena de morte é aplicada de 
forma injusta.
A desigualdade na justiça não 
nega a necessidade de justiça.
A pena de morte foi abolida junto 
com Lei de Moisés.58
A pena de morte existia antes da 
lei mosaica.59
A pena de morte não funciona como 
meio de intimidação de crimes.
A pena de morte funciona como 
meio de intimidação de crimes.
O padrão da pena de morte ensinado 
por Moisés não é praticado nos dias 
de hoje.
As leis de Moisés não são 
efetivas nos dias de hoje.60
A pena de morte é anti-humanitária.
A pena de morte reafirma a 
dignidade humana.
Jesus aboliu a pena de morte para o 
adultério.61
A resposta de Jesus dada à 
mulher adúltera não revogou a 
pena de morte.62
Criminosos deve ser curados, não 
mortos.
Criminosos devem ser tratados 
como pessoas, e não como 
pacientes.
Caim não foi punido com a pena de 
morte.63
A pena de Caim implica a pena 
de morte.64
A pena de morte manda os 
incrédulos para o inferno.65
A pena de morte não condena 
as pessoas ao inferno.66
Davi não recebeu a pena de morte.67
Há razões específicas por que 
Davi não foi punido com a pena 
de morte.68
 O amor ensinado no Novo Testamento 
rejeita a pena de morte.69
Amor e pena de morte não são 
contrários.70
A cruz representou a pena de morte 
para todas as pessoas.71
A cruz não aboliu a pena de 
morte.72
fonte: baseado em geisler (2010, pp.237-244).
57 Êx 20.5; Ez 18.4,20; Gn 9.6; Êx 21.12; 1Pe 3.18; Rm 6.23.
58 Ez 18.23
59 Mt 5.17; Rm 10.4; Gn 9.6; Êx. 20; Hb 7.8; Rm 2.2-14; Rm 13.4; At 25.11; Jo 19.10-11.
60 Pesquise mais sobre “crimes capitais” e “não capitais”; ofensas religiosas e deveres cerimoniais do Velho Testamento.
61 Lv 20.10; Jo 8.11; 1Co. 5
62 Jo 8; Nm 35.30; Jo 8.10-11; Jo 8.10,11.
63 Gn 4; 4.15.
64 Gn 4.14,15; Gn 4; Dt 32.39; Jó 1.21.
65 Mt 25.41-46; 2Ts 1.7-9; Ap 20.11-15.
66 Jo 3.36.
67 Sl 51; 32; 2 Sm 18,19.
68 Dt 17.6; 2Sm cap.12 e 16.
69 Jo 15.13.
70 Jo 3.16; Jo 15.13; Lv 17.11; 2Co 5.21; 1Pe 3.18. Sem falar de Abraão e Isaque que não se concretizou por propósitos celestiais.
71 Rm 6.23; 5.12-18. Veja ainda Gn 1.27; Dt 32.39.
72 Rm 13.2; At 25.11; Rm 5.12.
66
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
Foram apresentados os principais argumentos expostos pelo professor Geisler em a 
Ética Cristã. Deste modo, a importância de acompanhar os textos bíblicos para não se 
tornar indiferente junto aos pensamentos apresentados. A adoção do reabilitacionismo 
como a fiel atitude cristã está firmemente baseada em que Jesus quando na Terra 
em momento nenhum aprovou ou deu qualquer indício de que corroborava com o 
assassinato de outrem, tampouco mandou fazer, muito menos com as próprias mãos, 
como Moisés o fez. Vejamos mais uma weltanschauung a seguir.
reconstrucionismo
Muitos se deixam enganar sobre a abolição das leis mosaicas, contudo Jesus veio 
mostrar que não veio para revogá-la, mas para cumpri-la (Mt 5.17). A única diferença é 
que Jesus por ser judeu a tinha que cumprir, e não os gentios da nova aliança, definição 
de graça e lei tão bem explanada por Paulo em sua carta aos Romanos. A lei, deste 
modo, ainda vale para os da velha aliança, portanto, os judeus, o que os gentios não 
cumprem e simplesmente são impedidos de cumprir por serem estrangeiros (vide Êx 
12.40-51). Veja a seguir, as mortes necessárias de acordo com seu crime:
Quadro 15. reconstrucionismo.
  CRIMES GRAVES REFERÊNCIAS BÍBLICAS
1 Assassinato Êx 21.12
2 Atitude arrogante para com um juiz Dt 17.12
3 Indução de um aborto fatal Êx 21.22-25
4 Falso testemunho em um crime passível de pena de morte Dt 19.16-19
5 Negligência do dono de um boi agressivo, que resulta na morte de uma pessoa Êx 21.29
6 Idolatria Êx 22.20
7 Blasfêmia Lv 24.15-16
8 Feitiçaria ou magia Êx 22.18
9 Falsa profecia Dt 18.20 
10 Apostasia Lv 20.2
11 Quebra do sábado Êx 31.14
12 Homossexualismo Lv 18.22,29
13 Bestialidade Lv 20.15-16
14 Adultério Lv 20.10
15 Estupro Dt 22.25
16 Incesto Lv 20.11
17 Amaldiçoar os pais Êx 21.17; Lv 20.9
18 Rebeldia dos filhos Dt 21.18-21; Êx 21.15
19 Sequestro Êx 21.16
67
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
20 Embriaguez do sacerdote Lv 10.8-9
21 Tocar em coisas sagradas do templo sem ser um indivíduo consagrado Nm 4.15
22 Agressão aos pais Êx 21.15
23 Ter relações sexuais durante o período menstrual Lv 18.19,29
fonte: geisler (2010, p.245).
O reconstrucionismo, por sua vez, possui sua perspectiva favorável e contrária, como 
praticamente qualquer cosmovisão e posição; deste modo ainda se discute a aplicação da 
lei de Moisés, as 613 Mitzvot, uma vez que, se justificado pela lei (Torah) será condenado 
por ela (Rm 3.20), ainda sim, se tropeçar em um só ponto dela, é culpado por toda ela (Tg 
2.10). O cuidado aqui, portanto, é saber se ainda a necessidade faz-se necessária ou não. 
O professor filósofo e teólogo Geisler (2010, pp.246-255) continua a nos trazer os 
diferentes argumentos, iniciando pelos favoráveis ao reconstrucionismo, o qual alega 
que (1) a lei de Deusreflete seu caráter imutável73; (2) os Dez Mandamentos são repetidos 
no Novo Testamento74; (3) o Antigo Testamento era a Bíblia da igreja primitiva75; (4) 
Jesus disse que não veio para abolir a lei76; (5) A pena de morte é repetida no Novo 
Testamento77; (6) a lei mosaica foi aplicada aos gentios.
Como segue, ainda na mesma referência, os contra argumentos iniciam-se em afirmar 
que (1) a lei de Deus não torna obrigatória toda a Lei de Moisés78; (2) nem todos os 
Dez Mandamentos são repetidos no Novo Testamento79; (3) o Antigo Testamento pode 
ser usado pela igreja, mas não foi escrito para ela80; (4) Jesus aboliu as leis do Antigo 
Testamento81; (5) nem todas as aplicações de pena de morte do Antigo Testamento são 
repetidas no Novo Testamento82. E continua com críticas mais acentuadas como (1) 
a separação entre categorias cerimoniais e morais é problemática83; (2) os apóstolos 
deixaram de lado a lei84; (3) Tiago afirmou a unidade da lei85; (4) Paulo disse que os 
cristãos não estão sob a lei86; (5) os Dez Mandamentos foram dissipados87; (6) Cristo é o 
fim da lei88, pois a lei devia existir até Cristo chegar89; (7) a lei mosaica foi dada somente 
ao povo de Israel90; nós não podemos remover a lei sem remover suas maldições91.
73 Lv 11.44; Ez 18.5,6.
74 Rm 13.9; Ef 6.2-3.
75 2Tm 3.15, 16; 1.5.
76 Mt 5.17-18.
77 Rm 13.4; Jo 19.10,11; At 25.11.
78 1Co 5.7; Mc 7.19; At 10.15; Rm 1.32; 6.23;.
79 At 20.7; 1Co 16.2; Rm 14.5; Cl 2.16; 1Co 5.5.
80 At 2.42; Ef 2.20; 2Co 12.12; Hb 2.3-4.
81 Mt 5.17-18; Rm 10.2-3; 2Co 3.7, 11,12, 25; 8.3; Jr 31.31; Rm 6.15; 2.14. 
82 Jo 19.11; At 25.11; Rm 13.4; 1Co 5.5; 2Co 2.6; Rm 2.12-15.
83 Mc 7.19; At 10.15; 1Tm 4.3-4; Lv 11.27; At 15.29; Gn 9.4; Lv 11.45.
84 Gn 9.4; At 15.28.
85 Tg 2.10.
86 Rm 6.14; Jo 1.17.
87 2Co 3.7,11; Hb 7.12; Ef 2.15; Rm 8.1.
88 Rm 10.4; Mt 3.15; Rm 8.3-4; Mt 5.17-18.
89 Gl 3.24-25.
90 Hb 7.11, 12, 18; 8.9,10-13; Sl 147.19-20; Lv 20.1-2; Rm 2.15, Êx 12.48. 
91 Gl 3.10, 13, 21; Dt 27.
68
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
Coloque seus pensamentos em ordem com a aplicação das leituras das referências 
de rodapé das argumentações e contra argumentações acima expostas. De fato é 
cansativo buscar ler todas e promovem no mínimo um desafio para acompanhar 
seu raciocínio, no entanto, é justamente deste modo – sectário – instigando seu 
pensamento e posicionamento é que este material tem por objetivo. Portanto, 
não deixe de lê-los, bem como buscar referências das mais atuais possíveis para 
que, sua pesquise enriqueça e se torne produtiva, focando, dentro do contexto 
reconstrucionismo, a lei (para os judeus?) e a graça (para os gentios?). 
retribucionismo
Aqui, como na introdução sobre pena de morte foi falado, tem-se que alguns crimes de 
fato são passíveis de punição e transcorrem por meio de, somente, os crimes capitais. O 
criminoso aqui é um pecador, e não uma pessoa doente, na exposição de Geisler (2010), 
ainda sim, ele nos traz, por fim, as posições frente a esta weltanschauung:
Quadro 16. retribucionismo.
RETRIBUCIONISMO
PRÓ CONTRA
Argumento Referência Argumento Referência
A necessidade da pena de morte 
está implícita na natureza humana.
Gn 1.27; Dt 32.39; Gn 9.6.
A pena de morte não diminui a 
incidência de crimes.
Dt 17.13; Ec 8.11.
Caim merecia e esperava receber 
a pena de morte.
Gn 4.10; Gn 4.14,15.
A pena de morte não é bíblica, 
pela menos os dias de hoje.
Gn 9.6; Jo 19.10,11; At 25.11; 
Rm 13.4.
A pena de morte foi incorporada à 
lei mosaica.
Êx 21; Gn 4; Gn 9.6; Êx 19; Sl 
147.19,20; Êx 31.14.
A pena de morte é contrária ao 
conceito de perdão.
Rm 1.32; 6.23; Gn 4.
Deus deu o poder de aplicar 
a pena de morte ao governo 
humano.
Gn 4.14; Gn 9.6.
 
A pena de morte é rearfirmada no 
Novo Testamento.
Dt 4.8; Sl 147.19,20; Gn 
9.6,11; Cap. 9 e 10; Rm 13.4; 
At 25.11; Jo 19.11.
OUTROS ARGUMENTOS
(1) A pena de morte baseia-se em uma compreensão elevada de 
humanidade; (2) a pena de morte trata o criminoso com respeito; (3) 
a pena de morte funciona com base em uma visão correta de justiça; 
(4) a pena de morte diminui a prática de crimes; (5) a pena de morte 
protege vidas inocentes.
(1) O criminoso não deve morrer, mas curar-se; (2) A pena de morte é 
uma forma de punição cruel e incomum; (3) a pena de morte é aplicada 
de modo injusto; (4) alguns assassinos não são responsáveis do ponto 
de vista racional; (5) a pena de morte ignora os que são insanos.
fonte: baseado em geisler (2010, pp.256-260).
Paulo afirma que não conheceríamos pecado se não o fosse a lei (Rm 7.7), de modo 
que afirma no versículo seguinte que a concupiscência não seria errada se não fosse 
o mandamento “não cobiçarás” (Êx 20.17). Não se pode, contudo, deixar de lado 
69
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
a morte espiritual92 do homem. Nenhum homem pode ser privado dos direitos de 
conhecimento de Cristo para sua reconciliação com Ele, como também não pode ser 
obrigado a aceitá-la (e este é mais argumento em favor do retribucionismo, que alega 
que a pena de morte chega a tratar com respeito àquele que não deseja tratamento, 
mas a morte).
desobediência Civil
As observações contidas neste contexto, facilmente podem ser analogamente aplicadas 
para temas como guerra civil, fria, anarquista; posição do cristão frente à política e 
assuntos governamentais, bem como quaisquer contextos que exigem pensamento 
e posicionamento do cristão para com assuntos complexos político-sociais, muito 
embora, claramente, não esgotando-os de nenhuma forma.
Geisler (2010, p.291-294), referência bastante utilizada não só por este material, mas 
referência mundial em contextos filosóficos cristãos; dá-nos alguns bons argumentos 
em favor desobediência civis em alguns casos específicos como a que (1) Deus ordenou 
o governo, e não a maldade praticada pelo governo93; (2) a obediência ao governo não 
é irrestrita94; (3) não precisamos obedecer às maldades do governo95. Contudo ressalta 
que a monarquia é melhor que a anarquia, uma vez que os governos são instituídos 
pelo próprio Deus e nesta lei inviolável de submissão é que garantem que os planos 
dEle sejam executados96. Portanto, ainda segundo o autor, as revoluções são sempre 
injustas, pois (1) Deus deu a espada ao governo para governar97; (2) Deus exorta contra 
a aliança com revolucionários98; (3) de forma constante, as revoluções são condenadas 
por Deus99; Moisés foi julgado por seu ato violento no Egito100; (4) Israel não lutou 
contra Faraó, mas fugiu dele101; (5) Jesus exortou contra o uso da espada102; (6) Jesus 
falou contra a retaliação103.
Tem-se claro desta maneira que, qualquer posição do governo contrária aos estatutos 
imutáveis divinos, de acordo e em função dos valores morais objetivos contidos na 
Bíblia – dentro de uma cosmovisão cristã – que provoquem atitudes imorais do cristão, 
este tem aprovação divina de se contrapor a tal imposição governamental. 
92 Mortos para o pecado, vivos em Cristo: Rm 6.; Jo 3.1-21
93 Rm 13.4; Ob; Jn 1; Na 2; Is 10.1.
94 At 4.19; Ap 13; Êx 1; Dn 3 e 6.
95 Êx 1; Dn 3.
96 Rm 13.1-7; 1Pe 2.13.
97 Rm 13.4; Gn 9.6.
98 Pv 24.21.
99 Nm 16; 2Sm cap. 15 e 18; 1Rs 12; 1Rs 11; Js 10; 2Cr 23.14, 21.
100 Êx 2.12; Êx 12.
101 Êx 12; Dn 4.17.
102 Mt 26.51, 52; Êx 22.2. 
103 Mt 5.38,39; Rm 12.19.
70
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
Veja tabela a seguir:
Quadro 17. duas visões sobre o momento em que se deve desobedecer ao governo.
Posição contrária à promulgação Posição contrária à compulsão
Quando se permite o mal Quando se ordena o mal.
Quando se promulgam leis perversas Quando se obriga a prática de ações perversas.
Quando se limita a liberdade Quando se nega a liberdade.
Quando se faz uma política opressiva Quando se faz uma religião opressiva.
fonte: geisler (2010, p.296).
Ao longo dos séculos se tem na comunidade cristã a confrontação frontal às leis e 
estatutos perversos governamentais que se opuseram a princípios bíblicos, como tirania 
homicida, opressiva religiosa, retirada da Bíblia das mãos dos cristãos,obrigações 
imorais terríveis, torturas e demais ocorrências conhecidas e não conhecidas pela 
história; não oferecendo, portanto, escolha ao cristão ao não ser simplesmente se opor 
ao sistema imperialista ou imperialista adaptado. 
drogas e Jogos de Azar
Tais temas estão intersubjetivamente ligados, uma vez que ambos são viciantes e nocivos 
(veja os números abaixo) para processos cógnitos humanos. Muitos ainda praticam, 
uma vez que o liberalismo extremo (libertinagem) e a indisciplina não foram sanados, 
veja em Fundamentação da Ética Cristã, o que Azpitarte comenta:
Em estágios posteriores e mais conscientes, o sentimento de culpa se 
alimenta do próprio narcisismo. A culpa é fato que destrói o eu ideal, 
com o Qual o indivíduo se identifica. Para esse eu ele encaminhou 
uma multidão de esforços, com a ilusão de conseguir um dia sua plena 
realização. O desajuste entre esse ideal e a sua execução prática cria os 
sentimentos de condenação, de rejeição, de degradação. É insatisfação 
de fundo por causa da incapacidade de obter a meta sonhada, na qual 
estavam depositadas tantas esperanças pessoais e expectativas dos 
outros. É inconformismo egocêntrico, fomentado pela urgência da 
autossatisfação. O insucesso é doloroso, não porque esteja em jogo o 
bem dos outros, mas por se ter desfeito de novo a imagem narcisista, 
o que humilha e abate. É também inconformismo estéril e infecundo, 
porque toda a energia foi posta a serviço de “perfeição” que, até na 
hipótese de ser atingida, não teria sentido humano nem evangélico, 
uma vez que não nasce do altruísmo e da doação. (AZPITARTE, 
1995, p.323). 
71
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
Temos em Geisler (2010, pp.442-445) os argumentos prós e contra as jogatinas, que 
os favoráveis alegam que (1) lançar sortes era prática na Bíblia104; (2) os soldados 
apostaram pela vestes de Jesus e (3) a palavra “aposta” sequer aparece na Bíblia. Em 
contrapartida, os desfavoráveis argumentam que (1) a aposta é uma forma de cobiça ou 
ganância105; (2) a aposta é uma forma de roubo; (3) a aposta é uma forma de idolatria; 
(4) a aposta é uma forma de opressão ao pobre106; (5) a aposta é uma falta de fé na 
provisão de Deus107; (6) a aposta é má mordomia dos recursos dados por Deus108; (7) a 
aposta despreza a maneira designada por Deus o ganha-pão109; (8) a aposta destrói a 
dignidade humana; (9) a aposta tem influência corrosiva sobre a sociedade.
Destarte vemos nos jogos de azar pecados que sem essas observações poderiam passar 
de largo do pensamento. Ainda sim, existem diversos aspectos análogos à utilização de 
entorpecentes, os quais a Bíblia condena e traz suas consequências:
Quadro 18. Os resultados do uso de entorpecentes na bíblia.
1 Desaceleram o processo de pensamento Pv 3.4,5
2 Deixam atordoada e cambaleante a pessoa Jó 12.25
3 Associam-se ao egocentrismo Hc 2.5
4 Causam enjoo e mal-estar Jr 25.27
5 Provocam esquecimento Pv 31.6,7
6 Produzem sonhos e visões delirantes Pv 23.33
7 Resultam em sonolência Gn 9.20-25
8 Geram complacência e preguiça Sf 1.12
9 Entorpecem os sentidos Pv 23.31-35
10 Conduzem à pobreza Pv 21.17
11 Levam à fraqueza Jr 23.9
12 Resultam em tristeza e depressão Is 16.9,10
13 Causam angústia Pv 23.29,30
14 Produzem amnésia temporária Gn 19.33-35
15 Conduzem à imoralidade Jl 3.3
16 Estimulam a perversão sexual Hc 2.15
17 Resultam em culpa Is 24.20
18 Causam ferimentos Pv 23.55
19 Podem resultar em insanidade Jr 51.7
20 Tornam a pessoa vulnerável a seus inimigos 2Sm 13.28
fonte: baseado em geisler (2010, p.426)
104 Js 14.2; At 1.26; Pv 16.33.
105 Êx 20.17; 1Tm 6.10.
106 Is 3.13-15; 4.1.
107 Mt 6.24.
108 Sl 24.1; 2Co 4.2; Mt 25.21; 1Co 6.19,20.
109 Gn 3.19; 2Ts 3.10.
72
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
A utilização das drogas ilícitas já é comum saber seus malefícios diversos, problemas 
psíquicos e químicos os quais não entraremos em pormenores científicos, contudo, 
o “beber socialmente” nunca esteve tão em alta, resultando em boa parte dos casos 
em vício. A maior incidência de morte no trânsito, de avião no ato de suicídio entre 
outros males, está associada ao consumo de álcool. Sem contar bilhões que são 
gastos com recursos para resgate, serviços médicos, mortes prematuras, doenças 
relacionados ao seu consumo, tratamentos diversos, acidentes, incêndios, crimes 
entre outros.
Beber ou não beber? Observamos com sobriedade essa questão. Qual 
é a reposta? Simplesmente diga “não!” Por quê? A ingestão de bebidas 
alcoólicas é antibíblica, viciante, prejudicial à saúde, dispendiosa, não 
exemplar, não edificante e desnecessária. Evidentemente, a abstinência 
total é a política mais segura em relação ao álcool e a outras drogas que 
causam dependência [...] Mark Twain afirmou em relação à aposta e à 
jogatina que o melhor modo de jogar dados é jogá-los para bem longe 
(GEISLER, 2010, p.440)
Meio Ambiente Ecológico
A degradação ambiental desmoraliza o chamado estado de direito [...]. 
Entre as bases da sustentabilidade do subdesenvolvimento, grassam 
um baixo nível de conhecimento e gritante insensibilidade social na 
maioria dos legisladores [...], tais fatos não livram o Poder Legislativo 
e Judiciário do danoso regime do clientelismo que gera, além de 
leis injustas, leis inconstitucionais. Noutras palavras, leis ilegais 
(PROCÓPIO, 2008, p.23).
Exploração dos recursos naturais até seu total esgotamento, danos irreversíveis à 
natureza e respectivamente ameaça à própria existência e sobrevivência humana na 
Terra, desmatamento caótico e desenfreado, utilização fatídica dos recursos hídricos e 
bens de consumo mal providos, superpopulação e as revoluções industriais, “exploração 
racional” da terra, dos recursos naturais renováveis e não renováveis; contaminação do 
solo, lençol freático e todo meio ambiente aquático. Com efeito, o aspecto e impacto 
ambiental negativo é denominado degradação do meio ambiente.
Segundo Milaré (2011, p.141), a expressão “meio ambiente” (milieuambient) poderia ter 
sido utilizada em sua primeira vez pelo naturalista francês Geoffroy de Saint-Hilaire na 
obra Études Progressives d´unnaturaliste, em 1835, tendo sido adotada por Augusto 
Comte em seu curso de filosofia positiva. 
73
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
Nessa perspectiva ampla, o meio ambiente seria a “interação do 
conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o 
desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas” (MILARE, 
2011, p.143).
São estes alguns dos exemplos de um contexto ôntico de crise ambiental que ocorre 
hodiernamente no planeta (se considerado os milhões de anos dado pela ciência 
evolucionista). O filósofo alemão Martin Heidegger [1889-1976] traduz de maneira 
assertiva o valor subjetivo do homem frente ao desenvolvimento tecnológico no 
enunciado “esvaziamento do ser” (HEIDEGGER, 1999, p.182). 
A humanidade, em larga escala, ainda dentro desta cosmovisão antropocêntrica, 
considera sagazmente o meio ambiente, seu habitat natural e tudo o que nele 
naturalmente há como res nullius (coisas de ninguém) antagonizando qualquer noção 
sadia de sociedade, economia e direito do ambiente ao não adotar o conceito de res 
communes omnium (coisas comum a todos), terminologias utilizadas por Milaré (2011, 
pp.249-306), deste modo deflagra-se um consenso entre todos e alastra-se como uma 
chama nas mentes dantes preocupadas com seu oikos (casa), independentemente se 
outrem possui a mesma dedicação ou não.
O teólogo alemão Jürgen Moltmann em sua obra “Deus na Criação” traz consigo uma 
abordagem interessante sobre o homem e sua relação com a crise ambiental:
É certo que com o conceito “crise ecológica” a questão também é 
caracterizada de forma muito fraca e inexata, pois trata-se na verdade 
de uma crise de todo o sistema de vida do mundo industrializado 
moderno, dentro da qual as próprias pessoas se colocaram a si e ao seu 
meio-ambiente natural e dentro da qual continuam imergindo cada vez 
mais (MOLTMANN, 1992, p.46).Ainda na ideia de Moltmann (1992, p.47), em um pensamento genérico, o autor 
discorre sobre se, uma determinada sociedade não consegue mudar fundamentalmente 
seu sistema de valores, não podem modificar-se e não podem pôr fim à destruição que 
provocam, no entanto, a própria destruição natural do meio age de forma destruidora 
sobre elas próprias, provocando crises de sentidos e perda de valores. Neste mesmo 
sentido, o filósofo e teólogo contemporâneo William Lane Craig, em sua metafisica, 
critica veementemente a noção da não aceitação de Deus na criação como um todo, 
sendo que a vida humana de fato, corroborando com Moltmann, sem Deus, em Craig 
(2012, p.71) não possui Valor, Sentido e Propósito, especificamente (como já estudados 
e aplicados ao longo de todo nosso material).
74
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
Não aprofundando-se na celeuma dualista radical de Descartes sobre corpo-mente, 
mas usando-a como suporte, com efeito, segue-se que se em Heidegger o res cogitans 
fundir-se factualmente com a percepção do res communes omnium ter-se-á um meio 
ambiente ecologicamente mais equilibrado, pois a mente e processos cognitivos atuaram 
sobre a ética e moral ambiental, entretanto, se ainda res extensa atuar sem parada, 
dentro do conceito metafisico de corpo material inferior à mentalidade espiritual, a 
concepção de res nullius ganhará força tal que, somente através de uma calamidade 
pública da matéria em si, passível de instaurar centenas de milhares de mortes, é que 
se dará efetivamente um plano de ação imediato. 
A ética ambiental também não poderá sobremaneira ser esquecida, uma vez que rege 
por vezes ações humanas contra o meio ambiente, porquanto a ética é tida neste caso 
como a ideia de ethos do grego, o habitar humano e seu respectivo descuro com o meio 
ambiente, haja vista seu desiderato e ingente sentimento peremptório da satisfação 
pessoal sem precedentes na história. No livro Introdución a la Economía Ecológica de 
Michael Common, há um interessante comentário:
La ética, o filosofía moral, esel estúdio de losprincipios que 
debenregirlaconducta humana [...]. Segúnlasteoríasdeontolotógicas, 
lacorreción moral es una cuestón de cumplir com obligaciones, uma 
cuestón de deber. Segúnlasteoríasconsecuencialistas, lacorreción moral 
se debejuzgar em términos de lasconsecuencias que derivan de una 
acción determinada. (COMMON, 2008, p.7).
O termo desenvolvimento sustentável dado pela ciência ambiental está perdendo 
espaço para tão somente sustentabilidade, incorrendo na pergunta, sustentar o quê? 
Pense sobre isso! O que de fato a espécie humana quer sustentar? Uma árvore ou 
um carro? Um peixe ou um litro de petróleo no mar? Sustentar a família atual ou 
também as gerações futuras? Não deixe de fazer sua pesquisa sempre necessária 
frente a este contexto.
Para Heidegger (1993, p.224) este mesmo ser [humano] que fala pouco, que não dá vazão 
aos instintos de defesa ambiental, mesmo falando pouco, deve falar: “e, como o mudo, 
aquele que, por natureza, fala pouco, também ainda não mostra que silencia e pode 
silenciar. Quem nunca diz nada também não pode silenciar num dado momento”. Em 
economia verde esta ideia surge como uma verdade inerente ao plano do homem como 
consumidor capitalista, uma vez que pesquisas do setor aferem números específicos, 
veja o que nos traz Makower (2009, 33 e 36):
Pesquisas de 2008 apontam que 64% dos consumidores em todo o 
mundo dizem estar dispostos a pagar um preço mais alto – em média 
75
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
11% a mais – por produtos e serviços que produzem menores emissões 
dos gases de efeito estufa, de acordo com um estudo da Accenture. 
Entretanto, dos 63% que se dizem “muito preocupados” com os efeitos da 
mudança climática ou aquecimento global, dois terços não sabem como 
a maior parte da eletricidade é produzida, de acordo com outro estudo 
do SheltonGroup Energy Pulse, e ainda, menos de 4% conseguiram 
apontar corretamente a produção de eletricidade pela queima de 
carvão como a maior responsável pela alteração climática. 37% dos 
consumidores sentem-se “altamente preocupados” com o ambiente, 
mas apenas um em cada quatro se acha amplamente consciente de 
tais problemas [...]. Somente 22% acham que podem fazer diferença 
quando se trata do ambiente.
Por fim, numa ótica cristã, Geisler (2010, p.395) diz que há três visões principais com 
respeito ao meio ambiente:
1. Materialista: vê o meio ambiente como uma fonte ilimitada de energia. 
Ao longo dos tempos, essa fonte tem produzido seres humanos, que se 
encontram no comando do mundo ao seu redor, pela virtude do seu 
estado evolucionário mais elevado. Mediante o uso da tecnologia, os 
seres humanos podem modificar seu meio ambiente a fim de satisfazer 
suas próprias necessidades. 
2. Panteístas: acreditam que a natureza é divina. Por esse motivo, nós 
temos a obrigação de reverenciar o mundo natural e de protegê-lo contra 
as intrusões da tecnologia. 
3. Cristianismo: não acredita nem na exploração tecnológica e nem na 
aforação mística. O cristianismo sustenta que Deus é o criador e que a 
humanidade é a guardiã deste mundo magnificente e glorioso. É de nosso 
dever manter a não corromper, preservar e não poluir. A natureza não é 
Deus, mas a natureza é o jardim de Deus (Sl.24.1). A natureza não deve 
ser venerada; em vez disso, os humanos devem cuidar dela.
direitos dos Animais 
As visões acima podem ser aplicadas também aos direitos dos animais, exortado pelas 
Sagradas Escrituras que o “justo cuida de seus animais” (Pv 12.10). A tabela baseada em 
informações contidas em A Ética Cristã: opções e questões contemporâneas do filósofo 
e teólogo Norman Geisler, nos traz argumentações importantes:
76
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
Quadro 19 - direitos dos animais.
ARGUMENTOS
MATERIALISTA PANTEÍSTA
TEÍSTA NEO-
ORTODOXAS
TEÍSTA CRISTÃ 
EVANGÉLICA
Diferença em grau pode, por fim, tornar-se diferença em 
natureza.
A natureza é um 
organismo vivo (animismo)
Os homens e os animais 
recebem a mesma benção110.
A humanidade foi criada 
à imagem de Deus111.
Muitos cientistas acreditam que diferenças aparentes 
em natureza entre as espécies são sempre redutíveis a 
diferenças em grau.
As espécies viventes são 
manifestações de Deus
Toda a criação possui valor 
intrínseco112.
A humanidade foi 
criada com uma alma 
vivente113.
Tanto seres humanos quanto animais podem resolver 
problemas.
Os seres humanos são um 
com a natureza.
Todos os seres humanos 
possuem glória e partilham 
da glória divina.
Os seres humanos 
possuem características 
singulares114.
Os animais associam-se socialmente da mesma forma 
que os seres humanos.
O próprio cristianismo já 
foi panteísta.
A intenção divina original 
para a criação consistia em 
ordem e harmonia.
Os seres humanos 
ocupam lugar único na 
criação115.
Insanidade neurótica pode ser vista em seres humanos 
e animais.
 
Adão não utilizou nem 
utilizaria as criaturas do 
mesmo modo como o fazem 
as pessoas hoje em dia.
A ordem divina para 
a criação é disposta 
hierarquicamente116.
Os humanos diferem dos animais somente em grau, pois 
não existe algo como uma alma racional.
Cristo redimiu toda a 
criação117.
Não se proíbem a 
domesticação e o uso 
agrícola dos animais118.
CONTRA ARGUMENTOS
AO MATERIALISMO: (1) Diferença em grau não se torna diferença em natureza; 
(2) as diferenças entre homens e animais não são meramente superficiais; (3) a 
racionalidade especial de humanos (raciocínio discursivo) não se desenvolveu de modo 
evolucionário; (4) animais são se associam em grupos sociais da mesma maneira que 
humanos; (5) insanidade neurótica em humanos e animais não provam semelhança 
racional; (6) evidências de uma alma racional mostram diferença em natureza entre 
humanos e animais. 
AO PANTEÍSMO: As espécies viventes não são manifestações de Deus119; (2) os 
humanos não são um com a natureza120; (3) o cristianismo acreditou na ressurreição e 
não reencarnação e de fato, é teocêntrica.A Bíblia fala de paz e ordem 
mútua entre Deus, seres 
humanos e animais121.
Não se proíbe comer 
animais122.
Em suas parábolas, Cristo 
falou do valor dos animais.
 Deus requer o fim do 
sacrifício de animais123.
Ordenou-se, originalmente, 
que os homens fossem 
vegetarianos124.
fonte: baseado em geisler (2010, p.398-418)
Portanto, não deixe de conferir os referenciais bíblicos para se posicionar frente a um 
tema que torna-se, dependendo da época, mais ou menos intenso.
110 Gn 1.11,26-28; Ec 3.19; 1Co 11.7; Tg 3.9; Ef 1.18; 4.18; Rm 2.15; Gn 41.9; Jó 32.8,9 – Contra argumento bíblico: Mt 6.26; 10.31; 
12.12; Jó 35.11; Gn 2.19,20.
111 Gn 1.26,27; Gn 9.6; Rm 8.29; Cl 3.10; Tg 3.9.
112 Gn 1.31; Sl 19.1; Gn 1.28; 2.15; Lv 25.7; Nm 22.27-32; Dt 25.4. Contra argumento bíblico: Sl 8.5; Hb 2.7; Mt 12.11,12; Gn 1.26, 
28; Sl 8.7; Rm 1.23.
113 Gn 2.7; Jó 33.4; Sl 49.12-15; 2Co 5.8; Fp 1.23; Ap 6.9.
114 Sl 49.12-15; Jo 5.25-29; 1Co 15.51-55; Ef 1.18; 4.18; 1Co 9.17; 2Pe 1.21; Rm 2.15; 1Tm 4.2.
115 Gn 1.26,27; Sl 8.5; Hb 2.7; Mt 6.26; 10.31; 12.12; Sl 32.9; 73.22; Jd 10; Gn 1.29; Gn 2.19,20; Tg 3.7; Lv 25.7; Dt 25.4; Gn 3.21; 
Jó 31.20; Gn 9.2.
116 1Tm 6.15,16; Êx 20.3-6; Rm 1.18-23; Hb 2.7; Gn 1.30; Mt 13.4.
117 Contra argumento bíblico: Rm 8.20; Gn 3.17-19; Hb 2.14-16; Ap 21.
118 Lv 25.7; Tg 3.7; Dt 25.4; Sl 36.6; 104.10-12,26-30; Nm 22.27-32; Pv 12.10; Gn 9.4; Dt 12.16,23,24; Êx 22.31; Lv 17.15; 22.8; Gn 
36.6; 45.17; Ez 5.17.
119 Rm 1.18-32; 1.20-23,25.
120 Gn 1.26,27; Sl 49.12-15; 2Pe 2.16.
121 Rm 8.18-23; Is 9.6; Is 11.6.
122 Mc 7.19; At 11.9; 1Tm 4.4; Gn 9.2-4; Dt 12.16,23,24; Êx 22.31; Lv 17.15; Mc 7.19; Rm 14.14; At 10.15; 1Tm 4.3-5; Tt 1.15; Mt 14.13-
21; 15.32-39; At 10.13-15; Mt 26.17-23; Jo 13.1,2; Lc 24.41-43; Jo 21.9-13; At 15.19-29; Rm 14; 1Co 8; Cl 2.21-23; 1Tm 4.3-5.
123 1Sm 15.22. Contra argumento bíblico: Is 53.4-6; Gl 3.10-13; 1Pe 2.24.
124 Contra argumentos bíblicos: Mt 14.13-21; 15.32-39; Lc 24.41-43; At 10.13; Tg 1.12-18; Gn 9.1-3; Mc 7.19; At 11.9.
77
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
direitos Humanos
No Anexo II incluímos a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948125, onde 
trata de todos os direitos que como seres humanos têm uns para com os outros. A 
igreja católica se posicionou de várias maneiras através das conclusões do Vaticano 
II, tal como já vimos a Declaração Dignitatis Humanae 126sobre a liberdade religiosa. 
Vejamos dentro de uma ótica ética filosófica, a visão de Tugendhat:
A pergunta diretiva desta é, portanto: o que significa que às obrigações 
morais correspondem direitos morais. Isto então acrescenta algo novo? 
E o que é este novo? Esta questão também nos conduzirá ao conceito 
dos direitos humanos, que é um conceito central da moral política. 
Por juízos de moral política compreendo aqueles nos quais se decide 
sobre o ser-bom e ser-mau de um Estado, de maneira análoga como 
em juízos morais sobre indivíduos [...]. Também estes juízos são de 
maneira análoga fundamento para emoções morais, ao menos para o 
sentimento de indignação [...]. Direitos desse tipo são em si e por si pré-
morais e pré-legais. Agora porém podemos esclarecer que os diversos 
tipo de obrigações podem sobrepor-se. Se considerarmos moralmente 
mau quebrar uma promessa, então significa que existe uma obrigação 
moral não relativa (TUGENDHAT, 1996, pp.363- 367).
Para o filósofo alemão os direitos humanos estão totalmente ligados a tudo o que temos 
tratado, porém de maneira diplomática e oficial127. O direito de outrem é, portanto, 
fortalecido por um direito moral? O autor discorre mediante um artigo de H. Bedau 
International Human Rights três modelos de sociedade:
1. Uma sociedade na qual de modo algum se falaria de direitos gerais, mas 
somente de obrigações, como no Antigo Testamento.
2. Conhecedora dos diretos gerais, os quais, contudo são concedidos pela 
ordem jurídica e estão vinculados a peculiaridades e papéis específicos 
das pessoas em questão.
3. Todos os seres humanos, independente de todas as peculiaridades e dos 
papéis específicos, teriam determinado direitos simplesmente enquanto 
são seres humanos.
Se trazermos tais considerações para nosso contexto ético cristão veremos que 
mesmo antes de Cristo a concepção teleológica da lei mosaica fazia-se tão presente 
125 Pode ser conferida também na íntegra: < http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf>. 
126 Dignitatis Humanae: < http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decl_19651207_
dignitatis-humanae_po.html>. 
127 Leia o Anexo II integralmente antes de prosseguir.
78
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
quanto a jurisprudência mais atual hodierna, uma vez que se tem em ambos 
condenações, uma sofrível na Terra a outra no céu, porém ambas passíveis de 
punição. Deste modo, ulterior a Jesus, é tido que somente o ato de pensar a respeito 
de ferir o direito de terceiros já o é considerado ato pecaminoso, haja a vista a cobiça 
e lascívia.
Existem três objeções standard contra o reconhecimento dos direitos sociais de acordo 
com Tugendhat (1996, p.389):
1. Enuncia que estes já não podem ser garantidos incondicionalmente, 
porque isto depende da riqueza da nação.
2. Apontar-se-á que os direitos fundamentais têm que ser claros, uma vez 
que precisam oferecer condições para ser cobrados juridicamente. Os 
direitos sociais fundamentais, por exemplo, o direito a um mínimo de 
existência humana digna, exigem, contudo determinações arbitrárias. 
3. Se os direitos fundamentais fossem assumidos na constituição, 
então “a economia doméstica seria, em suas partes essenciais, 
constitucionalmente estabelecida”; isto conduziria a “um deslocamento 
da política social da competência do parlamento para a competência do 
tribunal constitucional”.
Precisamos avaliar dentro de tais direitos sociais distributivos igualitários a objetividade 
e subjetividade de cada um. A distribuição, dessa forma, impossibilita que ela seja 
comum a todos em tudo, haja vista as incertezas que decorrem do comunismo e 
socialismo. Existem boas razões para não descurar de um deficiente físico do que de 
outro ser humano sem essa deficiência, porém se o caso de outrem for câncer em seu 
caráter terminal se desconfigura-se a urgência do deficiente e passa a ser de interesse 
comum ajudar ao humano com câncer, assim como a fome na África, guerras no oriente 
médio e outros aspectos que exigem maior esforço altruísta. 
O mérito ficaria aonde então ainda dentro deste contexto. A ética contemporânea 
discute assuntos que já são verdades absolutas nas Sagradas Escrituras, as quais jamais 
escondem o favorecimento de Deus àquele que procura em maior grau o bem, se livra 
da preguiça (Pv.6.6-11) e sabe multiplicar talentos (Mt.25.14-30).
Teríamos muito a tratar, contudo nos é necessário apenas entender o processo que 
o mundo secular vê dos direitos humanos, os quais estão muito bem definidos e 
delimitados na Declaração dos Direitos Humano (veja anexo II), neste sentido, de 
modo genérico, estão de acordo e em função da liberdade humana, o que globalmente 
analogias à cosmovisão cristã.
79
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
fanatismo
O significado exegético de nosso assunto agora é oriundo do latim fanumcujo 
literal é templo. Para Vidal (1993, p.484) o fanatismo constitui uma patologia do 
comportamento humano. É forma desviada do comportamento que se caracteriza 
pelos três aspectos seguintes:
1. crer-se de posse de toda a verdade; pelo menos com relação a um âmbito 
da realidade;
2. viver esta posse de modo exaltado, quase místico, como se fosse enviado;
3. sentir um imperativo irresistível para impor a verdade aos outros como 
missão imprescindível.
Ainda em sua obra ele afirma que o fanatismo alimenta-se e expressa-se mediante 
conjunto de fatores que são seus elementos concomitantes inevitáveis:
 » a convicção irracional mais do que a busca sincera;
 » a consciência descomedida da própria grandeza;
 » a intolerância como forma de relação interpessoal e intergrupal: o fanáticose alimenta com zelo inquisitorial e age como fiscal ou comissário da 
verdade; o fanatismo se identifica com a práxis da unidimensionalidade.
Com certa frequência o fanatismo tem ocupado o meio evangélico e ramificações da 
igreja, bem como católico-romanos não se excluem do meio cristão, que está envolto a 
um mar fanático hodierno. Dessa maneira ainda, a igreja é vista e tida como irracional 
hipotético-indutiva, onde somente se crê mediante a tradição, na qual o pai ensina sua 
religião para o filho e que por sua vez ensina à sua descendência. 
Tira-se, portanto, a autoridade nos assuntos considerados científicos e produtivos 
ao “desenvolvimento” social, uma vez que os evangélicos não podem ser vistos como 
excelência de padrão moral frente àqueles que buscam se posicionar para com temas de 
profundas diversificações argumentativas. Vidal (1993, p.485), traz mais um importante 
comentário:
Com relativa frequência, o fanatismo constitui a patologia da debilidade 
e do ressentimento; indivíduos incapazes de viver e de agir, lançam-se 
ao descomedimento do fanatismo como tábua de salvação. A busca de 
segurança fictícia, que vença a insegurança pessoal, está na origem de 
muitos comportamentos fanáticos. Encarando com base nas teorias 
80
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
da personalidade social, o fanático se configura mediante os seguintes 
fatores: o autoritarismo, a intransigência e a exaltação. 
Para qualquer ateu, agnóstico ou semeadores de asco evangélico, dar-se-ão comentários 
de extrema indignação. Tais circunstâncias obviamente se misturam nitidamente com a 
busca da verdade e defesa da Palavra de Deus, que um cristão genuíno jamais se voltará 
contra, tampouco deturpará a verdade em mentira, contudo, momentos inoportunos, 
situações inadequadas, palavras mal proferidas e colocações desajeitadas, bem como 
outros fatores, trazem à imagem do crente (cristão ético em nosso tema) uma espécie 
de criadores de discórdia mútua. 
A falta de busca pela informação (até mesmo bíblica!) e a fé irracional tem levado 
muitos não cristãos a caminhos imprudentes res nullius (coisa de ninguém), pois de 
fato, já que não há um Deus, não há padrão moral, não há o que seja melhor ou pior 
para se fazer, desde que seja bom. O cristão aprofundado nas Escrituras Sagradas sabe 
que precisa mais do que sua própria fé para contra argumentar, e isto é um estatuto 
divino (I Pe.3.15).
81
CAPítulo 4
filosofia da Ciência (aplicação teórica)
filosofia da Ciência na Ótica Anômala
Trouxemos este contexto para inserir apenas um esboço do que a Filosofia da Ciência 
nos pode trazer de ajuda e suporte em possíveis aplicações bioéticas. 
Os principais nomes deste braço da filosofia, possivelmente de todos os tempos, sejam 
dos americanos Thomas Kuhn e Ernst Nagel, bem como de Sir Karl Popper. As ideias de 
refutabilidade em A Lógica da Pesquisa Científica e de Ernst Nagel em La Estructura 
de la ciencia possuem fundamental importância para esse campo, as quais divergem e 
convergem com Kuhn em diferentes pontos e sentidos, contudo, ainda sim ficaremos 
com a abordagem e pensamento de Kuhn para efeitos didáticos e mais adequada 
aplicação ao tema proposto.
Se tratarmos que a maioria dos casos, tal como aborto, anencefalia e outros se aplica à 
ciência, pode ser claramente vistos e constatados como anomalias. E é esse o principal 
entrave da tão famosa, aclamada e criticada ciência normal de Thomas Kuhn.
Para ele, em A Estrutura das Revoluções Científicas (1962), a ciência é dirigida pela 
rotina intensiva dos cientistas, onde os mesmos apenas revolucionam quando há 
alguma anomalia dentro de alguma teoria, hipótese ou concepção. Dessa maneira, 
podemos aplicar a bioética que tudo corre em favor da normalidade da vida, 
contudo, pois como vimos, uma em cada 1600 crianças têm problemas anômalos 
de anencefalia. 
Na concepção kuhniana tem-se a ideia de que constatada anomalia, a ciência entrará 
em um estágio de crise científica, onde cientistas tentarão tratar aquele problema para 
que se mantenha o paradigma existente, ocorrendo de três formas distintas, começando 
por (1) capaz de tratar [a ciência normal] do problema que provoca a crise; (2) se o 
problema resistir, este é posto de lado para ver se futuras gerações o podem resolver; 
(3) caracteriza-se como emergencial e um novo paradigma é estudado para ser aceito 
pela comunidade científica (KUHN, 1962, p.115).
O que isso nos traz, portanto, é que de qualquer anomalia deve ser tratada com 
propostas de novas teorias que tentem refutar paradigma anômalo por completo, por 
isto é chamado de incomensurável. Após a crise e constatado a necessidade de mudança 
de paradigma, a teoria entra de vez em colapso, este estágio é chamado de ciência 
82
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
extraordinária, a qual Kuhn afirma que aquele paradigma já não mais tem utilidade 
(KUHN, 1962, p.125).
Verificado que o novo paradigma é capaz de solucionar o problema extraordinário e 
que não causará mais problemas, ele é aceito, ocorrendo de fato revolução científica 
não desejada (extremamente divergente das concepções popperianas de falseabilidade, 
bem como do aproveitamento de teorias de Nagel), instaurando conseguintemente a 
retomada da ciência normal (KUHN, 1962, pp.213-214).
Aplica-se, por fim, a todas as teorias científicas tais concepções, que novamente afirma-
se, possuem divergência e convergência com muitos filósofos da ciência, contudo e desta 
forma, não cabe à ciência se acomodar em deixar “normalizar” pelos fatos ocorridos, 
mas procurar sempre alternativas das mais tecnológicas possíveis a fim de sanar e/ou 
mitigar o máximo possível tais questões éticas.
Trouxemos, portanto, uma aplicação teórica extremamente sucinta e 
objetiva para um tema [filosofia da ciência] tão demasiadamente vasto! 
Somente estas três notáveis obras inicialmente citadas, gerarão dezenas 
de centenas de livros criticando-as de modo a se contrapor ou se posicionar 
a favor. Segue-se que, com isto, apresentou-se a ‘fórmula’ e não somente 
a questão resolvida, cabendo ao aluno desenvolver-se dentro do tema 
e por que não, efetuar a leitura das literaturas até aqui tão fortemente 
utilizadas (vide referências bibliográficas).
Considerações finais
Procurou-se não se utilizar pesados jargões técnicos, tampouco de todo arcabouço legal 
pertinente a cada contexto aqui explanado, uma vez que procurou-se dar cadência ao 
material de forma a obedecer o tema proposto Ética [Cristã]. Se deste modo o é, segue-se 
 que sua base teria que ser fundamentada mais nas Sagradas Escrituras do que em 
códigos penais ou leis confederativas internacionais. Destarte modo, ressalta-se, o 
abordamos não esgota o assunto, tampouco abrange cada tema profundamente, mas 
sim, apresentar um grau norteador ao estudante dedicado para que siga adiante em 
suas posições, pesquisas e pensamentos.
Poderíamos ter resumido a posição do Cristão simplesmente no Sermão do Monte, onde 
Jesus aborda sobre questões delicadas da vida, sem, contudo, perder a esperança. Ali, 
muitas traduções diretamente do original trazem que as famosas “bem-aventuranças” 
tem conotação duvidosa quando traduzido para o português, ali Jesus não se utiliza de 
makarioi (bem-aventurado), mas para manter a formação quiasmática utilizou-se de 
83
QUESTÕES ÉTICAS │ UNIDADE II
ashréi que significa “em marcha”, e tem como radical ashar que certamente não nos 
leva a nenhuma conotação “feliz”.
Portanto, se o Senhor deu, mas tomou (Jó 1.21), uma vez que “em tudo somos 
atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas 
não desamparados; abatidos, mas não destruídos (2Co 4.8,9), no coração do cristão 
não deve haver dúvidas em fazer o bem absoluto que vem de Deus, mesmo que, em total 
tribulação. Já que se está no mundo, não há mais o que fazer, é viver e entregar, o que 
vier em Deus pode ser contornado, e ainda, em uma cosmovisão cristã, uma vida sem 
Deus se torna além de vazia, sem sentido, sem valor e propósito.84
Para (não) finalizar
Seria uma ilusão e pretensão sem precedentes acreditarmos que mesmo com todo 
o conteúdo percorrido, consideramos e damos todos os assuntos como esgotados, 
tampouco é válido nos enganar que absolutamente todos os contextos éticos e bioéticos 
foram abordados. Portanto, para que sua pesquisa e estudos não parem por aqui, 
sugerimos que comece por alguns temas específicos, percorra suas vertentes de conteúdo 
e parta para assuntos menos esclarecidos pela ciência, para que, como sempre, seu 
posicionamento se afirme e seu pensamento afie-se em caráter progressivo. São eles:
Esterilidade; suicídio assistido e coletivo; tenha clara a diferença 
do nível ôntico do nível ético; inseminação artificial; reprodução 
assistida; ética cristã na política; moral subjetiva da expressão artística; 
terrorismo; clonagem humana; posição cristã frente à greve trabalhista, 
reprodução assistida, terapia da célula somática, clonagem de embriões 
para pesquisa; postura cristã diante do serviço militar, desarmamento, 
guerra nuclear, guerra fria e guerra convencional como “mal menor” 
entre outros. 
Não conseguimos abordar esses temas em detalhes, pois, partimos de um pressuposto 
que (1) vida e morte (física ou espiritual) possuem maior peso, (2) decisões sociais estão 
em maior número estatístico do que decisões governamentais em decorrência do valor 
subjetivo (por exemplo, não temos controle se aceitamos ou não a guerra, terrorismo 
e/ou alistaremo-nos ou não o exército; (3) assuntos previamente lógicos de posição de 
acordo e em função da adoção de uma postura cristã (como suicídio assistido e política). 
Portanto, continue.
Como diria Ovídio (43 a.C -18 d.C), Finis coronat Opus128.
128 O fim coroa a obra!
85
referências
AZPITARTE, Eduardo L. Fundamentação da ética cristã. São Paulo: Paulus, 1995.
BENTES, J.M.; CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 
São Paulo: Candeia, v. 1. 1991.
______.______.São Paulo: Candeia, v. 2. 1991.
______.______.São Paulo: Candeia, v. 3. 1991.
______.______.São Paulo: Candeia, v. 4. 1995.
______.______.São Paulo: Candeia, v. 5. 1997.
______.______.São Paulo: Candeia, v. 6. 1997.
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Janeiro: CPAD, 1998.
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2008.
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CRAIG, William Lane. Apologética contemporânea: a veracidade da fé cristã. 2. 
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Declaração Dignitatis Humanae sobre a Liberdade Religiosa. Disponível em: <http://
www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_
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Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.onu.org.br/
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F. W. J. SCHELLING. Ideias para uma filosofia da natureza. Tradução de Carlos 
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GEISLER, Norman L. Ética cristã: opções e questões contemporâneas. São Paulo: 
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86
UNIDADE II │ QUESTÕES ÉTICAS
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______. O princípio do fundamento. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.
______. Ser e tempo. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 1993.
HOCH, L.C., WONDRACEK, Karin H.K. Bioética: avanços e dilemas numa ótica 
interdisciplinar do início ao crepúsculo da vida. São Leopoldo: Sinodal, 2006.
KREEFT, Peter; TACELLI, Ronald R. Manual de defesa da fé. Rio de Janeiro: 
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KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Editora 
Perspectiva, 1962.
MAKOWER, Joel. A economia verde: descubra as oportunidades e os desafios de 
uma nova era dos negócios. São Paulo: Editora Gente, 2009.
MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 
2007.
MEILAENDER, Gilbert. Bioética: uma perspectiva cristã. 2.ed. São Paulo: Vida Nova, 
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MILARÉ, Édis. Direto do ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina, 
jurisprudência, glossário. 7. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.
MORELAND, J.P. ;CRAIG, William Lane. Filosofia e cosmovisão cristã. São Paulo: 
Vida Nova, 2005. 
PINKER, Steven. Como a mente funciona. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
PROCÓPIO, Argemiro. Subdesenvolvimento sustentável. Curitiba: Juruá, 2008.
TUGENDHAT, Ernst. Lições sobre ética. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
VIDAL, Marciano. Para conhecer a ética cristã. São Paulo: Paulinas, 1993. 
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 2. ed. São Paulo: 
Cengage Learning, 2008.
87
Anexos
Anexo i
fecundação e primeiras fases do desenvolvimento 
do embrião
figura 1. fecundação.
fonte: <http://teovida.wikispaces.com/file/view/Imagem1.jpg/97903481/469x641/Imagem1.jpg>.
88
anexos
Anexo ii
declaração universal dos direitos Humanos – 1948
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da 
família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da 
liberdade, da justiça e da paz no mundo.
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduziram 
a atos de barbárie que revoltam a consciência da humanidade e que o advento de um 
mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da 
miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem.
Considerando que é essencial à proteção dos direitos humanos por meio de um regime 
de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra 
a tirania e a opressão.
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre 
as nações.
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé 
nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na 
igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a favorecer 
o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade 
mais ampla.
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação 
com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos 
humanos e das liberdades fundamentais.
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta 
importância para dar plena satisfação a tal compromisso.
A Assembleia Geral Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos do 
Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de 
que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade tendo-a constantemente no 
espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses 
direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e 
internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre 
as populações dos próprios Estados-Membros como entre as dos territórios colocados 
sob a sua jurisdição.
89
anexos
Artigo I – Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade. São dotados de 
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo II 
1 – Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos 
nesta Declaração, sem distinção de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião nacional ou 
social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
2 – Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica 
ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, que se trate de umterritório independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra 
limitação de soberania.
Artigo III – Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV – Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico 
de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo V – Ninguém será submetido à tortura ou castigo cruel desumano ou degradante.
Artigo VI – Todo ser humano tem direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como 
pessoa humana perante a lei.
Artigo VII – Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual 
proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que 
viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII – Todo ser humano tem direito a receber, dos tribunais nacionais competentes, 
remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela 
constituição ou pela lei.
Artigo IX – Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo X – Todo ser humano tem direito a uma justa e pública audiência por parte 
de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou do 
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo XI 
1 – Todo ser humano acusado de ato delituoso tem o direito de ser presumido 
inocente até que sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em 
julgamento público no qual tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à 
sua defesa.
90
anexos
2 – Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, 
não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será 
imposta pena mais forte do que aquela quem no momento da prática, era aplicável ao 
ato delituoso.
Artigo XII – Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, 
no seu lar ou na correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação. Todo ser 
humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo XIII 
1 – Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência, dentro das 
fronteiras de cada Estado.
2 – Todo ser humano tem direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este 
regressar.
Artigo XIV 
1 – Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e gozar asilo em 
outros países.
2 – Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada 
por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das 
Nações Unidas. 
Artigo XV 
1 – Todo o ser humano tem direito a uma nacionalidade.
2 – Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de 
mudar de nacionalidade.
Artigo XVI
1 – Os homens e as mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, 
nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. 
Gozam de iguais direito em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
2 – O casamento não será válido senão com o livre consentimento dos nubentes.
3 – A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da 
sociedade e do Estado.
91
anexos
Artigo XVII 
1 – Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
2 – Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo XVIII – Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência 
e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade 
de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela 
observância, em público ou em particular.
Artigo XIX – Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este 
direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e 
transmitir, informações e ideias por quaisquer meio e independentemente de fronteiras.
Artigo XX 
1 – Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.
2 – Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo XXI 
1 – Todo ser humano tem direito de fazer parte no governo de seu país diretamente ou 
por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2 – Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3 – A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa 
em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universa, por voto secreto ou processo 
equivalente que assegure a liberdade do voto.
Artigo XXII – Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança 
social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo 
com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais 
indispensáveis a sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.
Artigo XXIII 
1 – Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha do emprego, a condições 
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2 – Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por 
igual trabalho.
3 – Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, 
que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade 
humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
92
anexos
4 – Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção 
de seus interesses.
Artigo XXIV – Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação 
razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
Artigo XXV 
1 – Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua 
família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos 
e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, 
doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência 
em circunstâncias fora de seu controle.
2 – A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as 
crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social.
Artigo XXVI 
1 – Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos 
graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução 
técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada 
no mérito.
2 – A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade 
humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades 
fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre 
todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações 
Unidas em prol da manutenção da paz.
3 – Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será 
ministrada a seus filhos.
Artigo XXVII 
1 – Todo ser humano tem direito a participar livremente da vida cultural da comunidade, 
de fruir das artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
2 – Todo ser humano tem direito à proteção de seus interesses morais e materiais 
decorrentes de qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor.
Artigo XXVIII – Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que 
os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente 
realizados.
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anexos
Artigo XXIX 
1 – Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual é possível o livre e 
pleno desenvolvimento de sua personalidade. 
2 – No exercício de seus direitos e liberdades, todo homem está sujeito apenas às 
limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido 
reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas 
exigênciasda moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
3 – Esses direitos e liberdade não podem, em hipótese alguma, ser exercidos 
contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XXX – Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como 
o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa do direito de exercer qualquer 
atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer direitos e 
liberdades aqui estabelecidos.

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