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SANEAMENTO AMBIENTAL E 
SUSTENTABILIDADE 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ana Lizete Farias 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula trataremos de um tema novo, principalmente no contexto da 
sustentabilidade, que é sobre a importância da utilização de águas residuais por 
nossa sociedade, cuja demanda de água está em constante aumento, mas os 
recursos hídricos sofrem exigências em relação à demanda de captação e 
contaminação. 
Também olharemos o contexto em áreas urbanas e agrícolas permeado 
pela necessidade de desenvolver métodos mais sustentáveis para a gestão 
desse importante recurso nas próximas décadas. Ainda nesse sentido 
estudaremos a sinergia entre os serviços dos ecossistemas e a gestão das 
águas residuais. 
Depois desses temas vamos pensar sobre quais são os principais 
impactos na saúde da população decorrentes de saneamento ambiental 
inadequado. E, por fim, vamos entender a realidade dos assentamentos em 
áreas irregulares, onde os serviços públicos de saneamento básico são 
inexistentes ou precários. 
Em nossa prática aprenderemos sobre a utilização das águas de reúso 
para consumo humano na Califórnia, Estados Unidos, onde a seca drástica que 
assola o estado nas últimas décadas tem imposto essa necessidade de 
mudança. 
TEMA 1 – REÚSO DE ÁGUAS 
As águas de reuso (águas residuais), ou seja, os efluentes tratados após 
serem submetido a processos químicos, físicos e biológicos são um recurso 
valioso que pode se tornar um pilar fundamental na construção de um novo 
modelo de economia. Segundo dados da WWAP (Programa Mundial de 
Avaliação dos Recursos Hídricos Nações Unidas, 2017), mais de 80% das águas 
residuais mundiais são despejadas no meio ambiente sem qualquer tratamento. 
Em países de alta renda, a motivação para avançar no tratamento de 
águas residuais baseia-se no desejo de manter a qualidade do meio ambiente 
ou ter uma fonte alternativa de água para o enfrentamento à escassez de água. 
No entanto, ainda segundo informações do WWAP (2017), o despejo de águas 
residuais não tratadas continua a ser uma prática usual, especialmente em 
 
 
3 
países em desenvolvimento, devido à falta principalmente de infraestrutura, 
capacidades e arranjos técnicos bem como financiamentos institucionais. 
As principais consequências da sua má utilização são os efeitos nocivos 
sobre a saúde humana, bem como repercussões desfavoráveis para as 
atividades econômicas. 
No Brasil, a crise hídrica em diversos estados, principalmente a partir do 
ano de 2014, acabou como incentivo para se fortalecer a utilização das águas 
de reúso como novos mananciais, ou alternativos de água potável em tempo de 
escassez. De lá para cá, apresentou crescimento tímido no país, mas com 
expectativa de que ganhe mais espaço nos próximos anos, principalmente na 
indústria. 
O projeto de água de reúso para fins industriais do hemisfério Sul com 
maior visibilidade no território brasileiro abastece o Polo Petroquímico de 
Capuava, em Mauá (SP), e outras empresas da região do ABC paulista. Batizado 
de Aquapolo, esse projeto é considerado o maior empreendimento para a 
produção de água de reúso industrial na América do Sul e o quinto maior do 
mundo com capacidade de produzir 1000 litros/segundo de água de reúso, dos 
quais fornece por contrato 650 litros/segundo para o Polo Petroquímico da 
Região do ABC Paulista, onde o referido volume equivale ao abastecimento de 
uma cidade de 500 mil habitantes (Aquapolo, 2018). Ainda segundo informações 
do projeto, as empresas contempladas deixaram de usar mensalmente 900 
milhões de litros de água potável, ao custo de, em média, 50% menos do que a 
água potável (Reúso..., S.d). 
Sabe-se que há, no Brasil, conforme aponta Lima (2018), a existência de 
vários complexos industriais de pequenos e grandes portes, cujos investimentos 
podem ser realizados e integrados às infraestruturas de saneamento existentes, 
novas ou ampliadas, para viabilizar o reúso da água proveniente do tratamento 
de esgoto sanitário. 
Os gestores do projeto Aquapolo bem como especialistas no tema, no 
entanto, relatam que a maior dificuldade na implantação é a falta de padrão nas 
legislações municipais e estaduais para que os investimentos em reúso de água 
fossem ampliados, ou seja, há a necessidade de se fortalecer quanto aos 
aspectos regulatórios, clareza de propriedades e incidências tributárias, tal qual 
descrito por Lima (2018). 
 
 
4 
Dessa forma, a favor do reúso hoje tramitam no Congresso Nacional 
projetos de lei em textos dedicados a subsídios para empresas, redução de 
custos e diminuição de impostos para equipamentos utilizados em reúso, por 
exemplo. Há ainda uma iniciativa do Ministério das Cidades de criar a Política 
Nacional de Reúso de Água, mas ainda sem previsão de implantação futura 
imediata. 
De toda forma, por uma grande parte do setor industrial e governamental 
no mundo inteiro as águas residuais continuam a ser um recurso subvalorizado, 
muitas vezes visto como um fardo para ser eliminado ou um incômodo a ser 
ignorado. Essa percepção precisa mudar de modo a refletir corretamente seu 
valor, pois para além dessa visão as águas residuais são fontes potencialmente 
acessíveis e sustentáveis de água, energia, nutrientes, matéria orgânica e outros 
subprodutos úteis. Isto é especialmente importante no contexto de uma 
economia circular, cujo desenvolvimento econômico é equilibrado com a 
proteção de recursos e proteção ambiental. 
TEMA 2 – ÁGUAS RESIDUAIS EM SISTEMAS URBANOS E SISTEMAS 
AGROINDUSTRIAIS 
Como vimos anteriormente, as águas residuais têm assumido um papel 
cada vez mais importante dentro do contexto das novas economias atreladas à 
busca por uma equanimidade para as questões sociais e ambientais em termos 
planetários. 
Nesse sentido, a aceleração de crescimento urbano, as mudanças nas 
práticas familiares e de trabalho bem como a expansão de assentamentos, 
principalmente por processos migratórios de grande escala desafiarão cada vez 
mais a prestação de serviços, dentre eles a questão do saneamento. Essa é uma 
situação agravada pelo impacto de eventos extremos, mudanças climáticas e 
migração em áreas em conflito. 
Mudanças nos padrões de urbanização resultaram em mais 
desigualdade, com os pobres em algumas regiões desenvolvidas enfrentando os 
mesmos desafios que os das regiões em desenvolvimento. Até 2030, a demanda 
global por energia e por água deve crescer 40% e 50%, respectivamente (UN-
Habitat, 2016) e a maior parte desse crescimento será nas cidades, o que exigirá 
novas abordagens para a gestão de águas residuais e que pode fornecer 
 
 
5 
algumas das respostas para desafios como a produção de alimentos e o 
desenvolvimento industrial. 
Da mesma forma, podemos raciocinar em relação à agricultura, em que 
as lacunas de conhecimento relacionadas à poluição da água da agricultura são 
consideráveis. A real contribuição das culturas, pecuária e aquicultura para a 
poluição da água não é conhecida pela maioria das bacias e países, 
particularmente no mundo em desenvolvimento (FAO, 2013). 
Mas mesmo diante desse contexto incerto, o alto conteúdo de nutrientes, 
domésticos e municipais águas residuais apresenta uma opção atraente, 
especialmente onde os recursos hídricos convencionais são escassos ou 
ausentes, desde que utilizadas com as devidas precauções de segurança. Se 
adequadamente tratadas e aplicadas com segurança, as águas residuais são 
uma valiosa fonte de água e nutrientes, contribuindo para a produção de 
alimentos. (FAO, 1997). 
Outra maneira importante de utilização das águas residuais de forma 
diretamente para agricultura é por meios de recarga gerenciada de aquíferos 
onde são tratadas ou parcialmente tratadas e, após, infiltradas em aquíferos 
através de lagoas, trincheiras, lagoas ou poços de injeção e, posteriormente, 
abstraído (Dillon; Escalante; Tuinhof, 2012).O que podemos analisar e concluir com base nesses fatos é que há um 
caminho sem volta em relação à gestão das águas residuais, mas que isso 
precisa ser feito com segurança, baseado em estudos que ampliem a 
capacidade de sua utilização. Os sistemas a serem projetados deverão incluir 
características acerca da origem, componentes e nível de contaminantes para 
que o uso final pretendido. E para que isso aconteça, é fundamental que 
governos, o setor da agricultura e industrial bem como a sociedade estejam 
engajados quanto ao tratamento adequado dessas águas. 
TEMA 3 – ÁGUAS RESIDUAIS E OS ECOSSISTEMAS 
 Da mesma forma, como vimos em relação ao tema anterior, as águas 
residuais, quando administradas de forma inadequada, trazem efeitos nocivos 
para os ecossistemas, no entanto ainda assim existem inúmeras oportunidades 
para criar sinergias entre ambos (WWAP, 2017). 
Podemos examinar essas interações com base em duas perspectivas. 
Primeiro, os serviços ecossistêmicos podem contribuir para o tratamento de 
 
 
6 
águas residuais como alternativas ou suplemento para sistemas convencionais 
de tratamento de água. Em segundo lugar, os recursos incorporados em águas 
residuais – incluindo água, nutrientes e carbono orgânico, sob circunstâncias 
apropriadas – serem usadas para rejuvenescimento e remediação de 
ecossistema, melhorando os serviços ecossistêmicos. 
Essas premissas estão estabelecidas no trabalho desenvolvido pela 
WWAP - United Nations World Water Assessment Programme (2018) no sentido 
de trabalhar-se com Soluções Baseadas na Natureza (SbN), ou seja, soluções 
que usam, ou simulam, processos naturais a fim de contribuir para o 
aperfeiçoamento da gestão da água. 
Florestas, zonas úmidas e pastagens, bem como solos e plantações, 
quando administrados adequadamente, fornecem uma “infraestrutura verde” de 
alto valor para melhorar a proteção da fonte de água. Desempenham um papel 
importante na regulação de vazões de água ao mesmo tempo que mantêm a 
qualidade dessa ao reduzirem a quantidade de sedimentos, impedindo a erosão 
do solo bem como a captura e retenção de contaminantes (UNEP-DHI/IUCN / 
TNC, 2014). 
As SbN trabalham com a natureza, não contra ela e por isso oferecem 
meios essenciais para ir além das abordagens tradicionais para aumentar os 
ganhos em eficiência social, econômica e hidrológica, no que diz respeito à 
gestão da água. Além disso, são especialmente promissoras na obtenção de 
progressos em direção à produção alimentar sustentável, à melhora dos 
assentamentos humanos, ao acesso ao fornecimento de água potável e aos 
serviços de saneamento, e à redução de riscos de desastres relacionados à água 
(WWAP, 2018). 
TEMA 4 – IMPACTOS NA SAÚDE AMBIENTAL 
Podemos trazer, com base nos textos anteriores, algumas importantes 
reflexões em relação ao impacto na saúde ambiental. Vimos que as questões 
que circunscrevem as águas residuais trazem consigo aspectos amplos 
envolvendo desde os altos impactos provocados pelos processos industriais, 
urbanização acelerada e uma agricultura que utiliza em larga escala produtos de 
grande periculosidade. 
Como uma consequência direta desses elementos, ou seja, no contexto 
da complexidade da nossa sociedade e do impacto que esse modelo tem 
 
 
7 
causado ao ambiente natural adicionamos, no caso do Brasil, os baixos índices 
em relação ao saneamento ambiental. Dessa forma, diversos autores apontam 
que há uma série de riscos que se relacionam à saúde ambiental que podem ser 
assim discriminados: 
 Riscos relacionados com a ingestão de água contaminada por agentes 
biológicos (bactérias, vírus e parasitos), por meio de contato direto, ou por 
meio de insetos vetores que necessitam da água em seu ciclo biológico; 
 Riscos derivados de poluentes químicos e radioativos, geralmente 
efluentes de esgotos industriais, ou causados por acidentes ambientais. 
Não há dúvidas que, com base na visão desses riscos, os efeitos 
prováveis decorrentes de um sistema de abastecimento de água são, sem 
dúvida, positivos, na medida em que se constituem um serviço que assegura 
melhoria e bem-estar da população. 
O fato é que a falta de saneamento básico e de rede de esgoto deixa o 
país em situação de maior vulnerabilidade a doenças, desde as mais 
corriqueiras como diarreia e doenças dermatológicas, até o agravamento de 
epidemias como a dengue, chikungunya e zica. Dessa forma, uma grande 
parcela da população que não tem acesso ao saneamento básico está 
suscetível a diversas doenças como descrito em Funasa (2015): 
 Febre tifoide: infecção que se dá pelo contato direto com o portador da 
doença ou pelo consumo de água e alimentos contaminados com bacilos 
eliminados nas fezes e urina do doente. A falta de higiene e condições 
sanitárias precárias são determinantes para proliferação 
da Salmonela entérica Typhi, bactéria causadora da doença. 
 Cólera: causada pela bactéria víbrio colérico (Vibrio cholerae), é uma 
doença infectocontagiosa aguda do intestino delgado. Sua contaminação 
dá‐se principalmente pela ingestão de alimentos contaminados, 
malcozidos ou o contato direto com as fezes de pessoas infectadas. A 
falta de higiene e saneamento é uma das principais fontes de 
contaminação da doença. 
 Leptospirose: os principais transmissores da doença são os ratos 
urbanos, responsáveis por contaminar a água com a bactéria Leptospira, 
presente na urina desses roedores. A contaminação acontece quando o 
 
 
8 
indivíduo entra em contato com a água contaminada e a bactéria entra 
na corrente sanguínea através de pequenos ferimentos ou mucosas. 
 Disenteria bacteriana: dá‐se pelo contato com fezes ou alimentos 
contaminados pela bactéria Shigella. 
 Parasitoides: a convivência em ambientes insalubres, sem o 
saneamento correto e acesso a água potável, pode ocasionar a 
proliferação de parasitas humanos. O contato com água e fezes 
contaminadas provoca doenças proeminentes de protozoários lombrigas 
e vermes. 
A proliferação de agentes causadores de epidemias como o mosquito 
Aedes aegypti dá um tom ainda mais preocupante a essa questão. O 
saneamento básico é fundamental para que a população se sinta envolvida num 
conjunto de medidas para combate ao mosquito e a outras doenças, porém se 
existe o abandono por parte dos gestores, dificilmente os moradores se sentirão 
comprometidos com as ações. O abandono de regiões periféricas ou até mesmo 
cidades inteiras favorece a cultura do acúmulo de lixo além de outras condições 
favoráveis à incidência de criadouros do mosquito. 
Como já vimos anteriormente, há um custo econômico expressivo em toda 
essa situação e que estão relacionadas às Doenças Relacionadas a um 
Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI), que atingem as populações 
vulneráveis e de baixa renda, destacando entre essas doenças as diarreias 
(Funasa, 2010). 
A situação do saneamento tem, portanto, reflexos imediatos nos 
indicadores de saúde, e um dos mais graves, mesmo não existindo indicadores 
mais recentes, é a taxa de mortalidade infantil no Brasil. Em 2011, essa taxa foi 
de 12,9 mortes por 1.000 nascidos vivos em 2011, um valor bem mais elevado 
que o da média mundial ou que as taxas de mortalidade infantil de Cuba (4,3‰), 
Chile (7,8‰) ou Costa Rica (8,6‰). Dessa forma, quanto maior o acesso ao 
saneamento, menor a mortalidade infantil. Outro indicador preocupante está 
relacionado à longevidade da população onde a esperança de vida no Brasil, de 
73,3 anos em 2011, foi menor que a média da América Latina (74,4 anos) 
(CEBDS, 2014). 
 
 
9 
Trazemos alguns elementos no sentido de ilustrar a complexidade do 
tema, que exige soluções integradas não somente em termos institucionais e 
ambientais como vimos na questão das SbN - Soluções Baseadas na Natureza. 
TEMA 5 – SANEAMENTO EM ÁREAS IRREGULARES 
Grande parte de todo contexto de saneamento básico inadequado ocorre 
em áreasjá degradadas ou ainda, segundo a terminologia usada pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, assentamentos irregulares ou 
aglomerados subnormais. De acordo com a referida instituição, a definição de 
assentamentos irregulares ou aglomerados subnormais é o conjunto constituído 
de, no mínimo, 51 unidades habitacionais (barracos, casas etc.) carentes, em 
sua maioria de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado, até 
período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando 
dispostos, em geral, de forma desordenada e densa. Segundo o Censo 2010 do 
IBGE, o Brasil tinha cerca de 11,4 milhões de pessoas morando em favelas e 
cerca de 12,2% delas (ou 1,4 milhão) estavam no Rio de Janeiro. Considerando-
se apenas a população dessa cidade, cerca de 22,2% dos cariocas, ou 
praticamente um em cada cinco, eram moradores de favelas (IBGE, 2010). 
Segundo os estudos realizados pela TrataBrasil (2016), além da carência 
de serviços públicos, outro aspecto que caracteriza essas ocupações é a 
irregularidade fundiária, a qual ocorre seja por meio da ocupação de terrenos de 
propriedade alheia ou mesmo localizados em áreas de proteção ambiental, tal 
como nas margens de rios, estuários, encostas e topos de morro. 
Nesses assentamentos irregulares, os serviços públicos de saneamento 
básico são inexistentes ou precários ocorrendo frequentes situações inadequada 
de água em recipientes e baldes, poços e fossas rudimentares, esgoto a céu 
aberto e acúmulo de lixo, além de situações de desabamentos de moradias 
localizadas em áreas de risco, fatores que têm grande contribuição para maior 
vulnerabilidade social e susceptibilidade dessa população a problemas de saúde 
pública, assim como contaminação do meio ambiente (TrataBrasil, 2016). 
Além disso, também é comum encontrar, nessas áreas, situações de 
ligações clandestinas às redes de abastecimento de água, as quais resultam, 
entre outros, em possibilidade de contaminação da água distribuída nas redes 
públicas, além de maiores perdas de água, sejam físicas ou financeiras. 
 
 
10 
Adicionalmente, os esgotos dessas áreas, na sua grande maioria, são lançados 
diretamente em córregos, a céu aberto ou em fossas rudimentares. 
A ilegalidade da ocupação dessas áreas bem como a falta de 
regularização fundiária perante os aspectos legais são fatores que impedem aos 
prestadores de serviços de ofertar, de forma regular, os serviços de 
abastecimento de água e esgotamento sanitário. A consequência imediata é que 
a população residente nesses locais tem como alternativa recorrer a formas 
precárias de abastecimento de água e esgotamento sanitário, causando 
prejuízos à saúde pública e ao seu próprio desenvolvimento. Outra questão 
importante que traz vultosos prejuízos financeiros aos prestadores de serviços 
são as ligações clandestinas às redes existentes, contribuindo para o aumento 
das perdas físicas de água, comprometendo a prestação dos serviços nas áreas 
de entorno e causando. 
Conforme as conclusões apontadas em TrataBrasil (2016), esse conjunto 
de fatores associados a outros elementos vistos em aula tornam cada vez mais 
distante e oneroso ao poder público o alcance da universalização dos serviços, 
princípio fundamental da Lei de Diretrizes Nacionais do Saneamento Básico. 
NA PRÁTICA 
Saiba mais 
Califórnia considera reciclar águas residuais para enfrentar seca: 
possibilidade de reutilizar águas contaminadas sempre gerou rejeição 
Californianos mudaram de opinião após anos consecutivos de secas. Os 
danos provocados pela seca na Califórnia obrigaram as autoridades americanas a 
considerar a reciclagem de águas residuais como uma opção para garantir o recurso 
no longo prazo. A possibilidade de reutilizar para consumo humano as águas 
contaminadas com urina e fezes sempre gerou rejeição por causa de seu sabor. Os 
californianos, contudo, começam a mudar de opinião após quatro anos consecutivos 
de duras condições climáticas, sem chuvas nem nevascas. A neve das montanhas 
de Sierra Nevada, uma das principais fontes para o consumo, praticamente 
desapareceu, enquanto as importações de água procedentes do rio Colorado 
caíram. “Todo mundo está estudando a reciclagem das águas residuais”, explicou o 
especialista e professor emérito da Universidade Califórnia Davis, George 
Tchobanoglous. “Atualmente jogamos no mar uma grande parte dessas águas, 
 
 
11 
quando poderíamos reutilizá-la”, afirmou. “Pode-se fazer e é rentável em grandes 
aglomerações costeiras”. Em um estudo publicado no ano passado, Tchobanoglous 
estimou que até 2020 as águas recicladas poderão alimentar uma quinta parte dos 
38 milhões de habitantes de Califórnia. O estado do Texas, que também vive uma 
seca, começou a usar há tempo o sistema que recupera a água dos banheiros, 
duchas, máquinas de lavar e lava-louças para dar-lhes uma segunda vida. Os que 
apoiam esse método na Califórnia apontam o exemplo da usina de depuração do 
condado de Orange, ao sul de Los Angeles, que abriu em 2008 e cada dia trata 378 
milhões de litros, suficientes para abastecer 850.000 personas. No condado de Los 
Angeles, há outra usina menor conhecida como West Basin, também especializada 
em reciclar água para consumo e uso industrial. “Até agora víamos as águas 
residuais como um desperdício, mas agora é um recurso de muito valor”, apontou 
seu responsável, Shivaji Deshmukh. Diferentemente do Texas, onde as usinas 
distribuem água reciclada aos consumidores, a Califórnia as realoca para os lençóis 
freáticos antes de ser bebida. A qualidade é igual em ambos os casos: primeiro se 
microfiltra a água para eliminar qualquer organismo, depois se purifica e passa por 
raios ultravioletas que matam as últimas bactérias. A água acaba sendo quase mais 
pura do que a engarrafada dos supermercados, por isso é preciso acrescentar 
alguns sais minerais, que dão o sabor. A NASA recorre a essa técnica na Estação 
Espacial Internacional. Uma máquina recolhe a urina e o suor dos astronautas para 
produzir a água do café ou a que é usada para escovar os dentes. O custo final 
desse processo pode contribuir para melhorar a imagem das águas residuais. 
“A água engarrafada vale cerca de 10 mil vezes mais sem que sua qualidade 
seja necessariamente melhor”, afirmou o porta-voz de West Basin, Ron Wildermuth. 
“Há um ou dois dias, essa água estava em cloacas. Agora tem uma das 
melhores qualidades que podemos encontrar”, afirmou, antes de beber um gole. 
Fonte: California..., 2015. 
FINALIZANDO 
Ao longo da nossa aula, aprendemos sobre as águas de reúso ou águas 
residuais como um recurso valioso que pode se tornar um pilar fundamental na 
construção de um novo modelo de economia. No sentido de aprendermos mais 
sobre a utilização desse recurso em larga escala, estudamos a sua utilização em 
relação às questões urbanas, ao setor industrial e à agricultura. Também 
aprendemos sobre águas residuais no contexto dos ecossistemas e com isso 
 
 
12 
aprendemos sobre as SbN – soluções baseadas na natureza. De posse desses 
elementos, pudemos analisar o quadro preocupante das doenças que afetam o 
Brasil decorrente dos baixos índices de saneamento ambiental. 
Por fim, de forma a somar ao nosso conhecimento, deparamo-nos com o 
tema das ocupações irregulares e o impacto sobre o alcance da universalização 
dos serviços, princípio fundamental da Lei de Diretrizes Nacionais do 
Saneamento Básico. 
Complementarmente à nossa aula, em nossa prática, vimos que a 
utilização das águas residuais para o consumo humano já não é uma realidade 
distante, como nos prova o estado da Califórnia. A realidade da escassez de 
água frente a questões climáticas, mas também de desperdício por parte da 
população direcionou as ações do governo e está mudando a cultura local. Em 
relação ao Brasil, vemos que esse avanço tecnológico ainda tem um longo 
caminho a percorrer, poisestamos trilhando aspectos básicos como doenças 
causadas por água contaminada. 
 
 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
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CALIFÓRNIA considera reciclar águas residuais para enfrentar seca. G1, 29 out. 
2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/10/california-
considera-reciclar-aguas-residuais-para-enfrentar-seca.html>. Acesso em: 24 
jan. 2019. 
CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. 
Benefícios econômicos da expansão do saneamento brasileiro. TrataBrasil; 
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DILLON, P. J., ESCALANTE, F. E. AND TUINHOF, A. Management of aquifer 
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http://http/cebds.org.br/publicacoes/beneficios-economicos-da-expansao-saneamento-brasileiro/
 
 
14 
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