Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INFLUENZA EQUINA DEFINIÇÃO - Doença infectocontagiosa caracterizada principalmente pelo desenvolvimento de sinais respiratórios + importante causa de doença respiratória - Diversidade genética e antigênica hospedeiro terminal – relativamente + estável - Habilidade de ocasionalmente transmitir entre diferentes hospedeiros ETIOLOGIA - Família: Orthomyxoviridae - Gênero: Influenza A - Proteínas virais: HA (18), NA (11) - Tipos virais: H7N7, H3N8 subtipos H3N8: Europeu; Americano (Florida, Kentucky, South America) - RNA vírus segmentado polaridade negativa segmentado (8) - Quando tem dois vírus diferentes infectando mesma célula durante replicação, podem trocar segmentos de RNA produzem nova variedade de vírus - Vírus envelopado - Condições ambientais (umidade, temperatura, luz) permanece infeccioso por dias (superfície contaminada) - Umidade < 60% / ventos > 30 km/h (consegue infectar lugares distantes) - Sensibilidade aos desinfetantes comuns - Sensíveis ao calor: 56 graus 30 min - Permanece viável por meses REPLICAÇÃO VIRAL - Receptor para entrada na célula é o ácido siálico alfa-2,3 por isso não infecta humanos - Induz apoptose celular - Tropismo por células epiteliais trato respiratório superior e inferior - Em termos de variabilidade genética, não faz muitas trocas de segmentos, mas faz muitas mutações pontuais - Problemas respiratórios em animais vacinados variabilidade da amostra no campo e a vacinal (mas não mudou subtipo, não teve troca) ESPÉCIES SUSCEPTÍVEIS - Equídeos em geral: equinos, muares, jumentos - Muares e jumentos: prevalência de infecção maior um pouco mais susceptíveis - Cães também podem ser infectados com amostras de equinos (H3N8 principalmente) EPIDEMIOLOGIA - Incidência mundial - Uma das principais doenças virais de equinos - Alta morbidade e baixa mortalidade alta transmissão - Ocorrência principalmente na forma de surtos - Prognóstico favorável - Animais mais susceptíveis: todas as faixas etárias - Vírus lábil IMPORTÂNCIA - Alta morbidade pode chegar a 100% dos animais susceptíveis - Altos custos com tratamento e dias parados - Baixa mortalidade, virulência das cepas - Disseminação em aglomerados de animais: feiras, leilões surtos: animais + susceptíveis ◦ Secreção nasal: 24-48 horas 6-7 dias ◦ Não tem um padrão sazonal todo o ano - Medidas de controle: desinfecção local, vacinação e higienização - Rigoroso acesso/movimentação/pé dilúvio - Vacina: reduz sinais clínicos/transmissão excreção em baixos títulos - Não previne infecção/subsequente excreção viral - continua transmitindo - Distância antigênica: vacina X campo TRANSMISSÃO - Horizontal: contato direto entre animais, fômites - Fontes de infecção: animais com doença clínica ou convalescentes (maior quantidade de vírus liberada em animais não vacinados), secreções - Vias de eliminação: secreções nasais - Porta de entrada: via nasal PATOGENIA - Exposição ao vírus replicação no trato respiratório superior febre (2 picos, outro depois de 7 dias) replicação no trato respiratório inferior bronquite, pneumonia destruição do epitélio muco ciliar infecção secundária - Replicação no epitélio respiratório ciliado traqueia, brônquios - Rápida propagação viral - Apoptose - Rompimento da camada superficial - Infecções bacterianas secundárias - Multiplica rápido e destrói rapidamente - Infecção autolimitante duração: 3 semanas SINAIS CLÍNICOS - Febre (pico 48-96h) / 7 dias - Anorexia - Secreção nasal (serosa mucopurulenta) - Tosse seca persistente mais de 3 semanas - Dispneia - Apatia - Taquipneia - Hiperemia nasal - Encefalite DIAGNÓSTICO - Métodos indiretos: sorologia pareada ELISA – NP (núcleo proteína, que não se altera muito), inibição da hemaglutinação - Métodos diretos: isolamento viral (não é fácil, demorado), RT-PCR em tempo real - Coleta de material: swab nasal (2-3 dias pós-infecção), lavado bronqueal - Diferencial: farrotilho/adenite equina (S. equi), infecções por EHV 1 e 4, rinite PROGNÓSTICO - Favorável - Depende da presença de infecções secundárias - Raramente ocorrem manifestações neurológicas e cardíacas CONTROLE - Quarentena: 4 semanas antes da introdução do animal positivo / vacinação - Cuidados com filhotes (colostro, restrição de ambientes, fômites) - Imunidade do filhote: imunidade materna (6 meses) - Desinfecção ambiental (hipoclorito) - Vacinação: início nos animais de 6 meses reforço (30 dias, 2-3 doses); populações alto risco: booster (6 meses de idade) - Vacinas: viva, inativada, recombinante VACINAÇÃO: - DIVA marcador de diagnóstico para diferenciar infectados/vacinados ◦ Sequência imunogênica no poxvirus replica e produz anticorpos contra agente - Vírus vacinal: não tem material genético, não replica tem anticorpos contra HA/NA, mas não tem anticorpos contra outros 6 segmentos (naturalmente infectado tem) FALHAS VACINAIS: - Interferência de anticorpos maternos - Variações antigênicas (shift, drift) - Refrigeração incorreta das vacinas - Estresse e imunossupressão TRATAMENTO - Equilíbrio hidro-eletrolítico e energético: fluidoterapia - Descanso - Alimento de alta palatabilidade - Anti-inflamatórios - Antibiótico ANEMIA INFECCIOSA EQUINA ETIOLOGIA - Família: Retroviridae - Sub-família: Orthoretrovirinae - Gênero: Lentivirus - RNA vírus fita simples polaridade positiva - “Diploide” (duas cópias do genoma) - Transcriptase reversa e integrase integração ao genoma do hospedeiro ◦ Transcriptase reversa: RNA DNA ◦ Integrase: integra DNA na célula uma vez infectado, sempre infectado ESTRUTURA VIRAL - Transcriptase reversa - Integrasse - Mutações p90 OBS: P26 importante para o diagnóstico = IDGA - Multiplicação: não causa lise vírus faz brotamento da membrana plasmática DISTRIBUIÇÃO - Doença de notificação obrigatória à OIE - Programa nacional de sanidade dos equídeos (PNSE) – MAPA - Não tem estado nenhum livre de AIE não é obrigado a mandar relatos sempre = doença endêmica - Variação periódica na incidência: estação de maior atividade de vetores e geralmente confinado a certas áreas habitat adequado para inseto vetor (principal transmissão = picada = vetor mecânico = pelo sangue; não tem replicação no hospedeiro invertebrado como seria no caso do vetor biológico) - Doença endêmica entre cavalos em pastos localizados em área baixas e pantanosas e beira de rios e vales - Brasil: maior prevalência no norte de Goiás, Pantanal mato-grossense ◦ Prevalência no Pantanal é tão grande que tem medidas específicas não sacrifica; divisão de tropa + e – - Frequência 1,5% baixa, mas controle ainda é necessário ANIMAIS SUSCEPTÍVEIS - Família Equidae - Susceptibilidade a doença clínica: equinos, asininos (jumentos) e muares (burros) - Asininos são mais resistentes título viral até 1.000 vezes menor na viremia TRANSMISSÃO POR INSETOS HEMATÓFAGOS: - Parece ser o principal meio de transmissão - Transmissão mecânica do vírus - Tabanus, Stomoxys, Chrysops e Hybomtra - Eficácia depende do status da infecção no cavalo doador de sangue e da distância separando animais infectados e sadios - Vírus sobrevive por 4 horas no aparelho bucal da mutuca refeição interrompida, pois cavalo reage à picada mosca procura outro animal facilita transmissão de infectado para suscetível - Mutuca voa aproximadamente 200 metros aglomeração/densidade maior risco aumenta - Animal infectado picada vírus no aparelho bucal vetor mecânico/carreador próximo equino infectado outras mocas picam TRANSMISSÃO VERTICAL: - Filhos de mães com viremia durante a gestação são infectados no útero, perpetuando o ciclo potro pode nascer infectado e já ter anticorpos ao nascimento - Colostro pode ser soropositivo, pois mamou colostro com anticorpos e não porque foiinfectado ◦ Imunidade passiva espera passar e faz exame para testar realmente esperar potros serem desmamados e, depois do desmame, ainda espera ~2 meses = ~6 meses ◦ Colostro tem leucócitos vírus infecta monócito e macrófago AGULHAS E EQUIPAMENTO CONTAMINADOS TRANSMISSÃO POR CONTATO DIRETO (alguns relatos): - Sêmen - Secreções e excreções durante ciclos de viremia PATOGENIA - Exposição ao vírus viremia fase aguda inaparente / fase crônica / morte - 1ª viremia = 1º pico febril - Fase aguda: anemia, trombocitopenia, febre, hemorragias petequiais, edema - Depois da fase aguda, que às vezes tem só febre, alguns animais vão ser inaparentes (mas são infectados) ◦ Se sofre imunodepressão ou tem alteração do material genético (vírus escapa do sistema imune, capacidade de mutar), pode ter fase aguda de novo - Morte: susceptibilidade do plantel aumentada, surtos - Alguns podem sofrer mutação fase crônica (febre, emagrecimento) = animal vai perdendo condição corporal - Ciclos de viremia são frequentes na AIE DURANTE FASE AGUDA: - Vírus multiplica em macrófagos do baço e fígado, na medula, nos linfonodos e no sangue viremia febre - Vários episódios febris - Início: picos vão acontecendo em intervalos menores depois, intervalos vão se espaçando - AIEV tem alto grau de mutação no genoma devido a transcriptase reversa que não tem a função de editar o que está transcrevendo - As mutações ocorrem no gene ENV que codifica as glicoproteínas gp90 e gp45 (externas vírus consegue escapar do sistema imune) EPISÓDIOS FEBRIS: - Sucessivos ciclos de viremia que levam a hipertermia devido ao aparecimento de novas variantes do vírus, não reconhecidas pelo sistema imune do hospedeiro - No meio tempo do sistema imune ter que montar nova resposta, vai ter febre (vírus multiplicando) - Mecanismo de hipertermia: infecção dos macrófagos pelo vírus com produção de IL-1 e outros mediadores = IL-6, IL-1, TNF-alfa aumento de PGE2 febre ANEMIA: - Após febre e produção de anticorpos precipitantes - Imunomediada (anticorpos ou complemento) - São 3 mecanismos responsáveis 1. AUMENTO DA ERITROFAGOCITOSE - Aumento da destruição das hemácias no baço (hemácias vão ter vírus ligado à elas reconhecimento no baço e destruição) - Não infecta hemácia de fato (anucleada) - Leva à esplenomegalia (aumento de polpa vermelha = onde tem hemocaterese) e hepatomegalia - Maior sequestro de plaquetas 2. HEMÓLISE MEDIADA PELO SISTEMA IMUNE - Acontecendo na corrente sanguínea - Ligação de hemoaglutinina viral à hemácia 3. DEPRESSÃO DA ERITROPOIESE NA MEDULA - Degranulação de neutrófilos, liberação de lactoferrina compete pelo ferro com a transferrina diminuição dos níveis de ferro disponíveis - Transferrina transporta ferro novamente para formar hemácias sem ferro não tem Hb nem hemácia = anemia ferropriva SINAIS CLÍNICOS - Morbidade variável podendo chegar a 100% - Em casos de surtos: mortalidade até 30% normalmente é baixa - Severidade da doença vai depender da dose e virulência da cepa e susceptibilidade individual FASE AGUDA: - Exposição inicial ao vírus doença aguda, 5-30 dias (PI) - Extensiva replicação viral em macrófagos febre, anorexia, viremia, diminuição do número de plaquetas ◦ TFN-alfa inibe produção de plaquetas na medula = trombocitopenia - Não é uma única vez pode ter recorrência = imunodepressão FASE CRÔNICA: - Caracterizada por ciclos periódicos de viremia e sintomas clínicos com intervalos de 1-6 meses à medida que animal esta infectado a mais tempo, intervalo vai aumentando - Cada episódio clínico dura de 3-5 dias pode passar desapercebido - Febre, anorexia, anemia, edema nas partes baixas, leucopenia, diarreia, glomerulonefrite, letargia, emagrecimento gradativo mas é mais comum ver animais sem sintomatologia - Intervalo entre ciclos de viremia/hipertermia são irregulares, indo de semanas a meses - Episódios aparecem cada vez menos severos e com intervalos maiores - Mucosa pálida, pode ter presença de petequiais - Edema - Sinais sugestivos - Febre, trombocitopenia, edema = outras doenças: babesiose, encefalites, influenza sinais inespecíficos PORTADOR INAPARENTE: - Não apresenta sintomatologia clínica - Baixo nível de viremia, mas transmite a doença - Soropositivo: importante no controle da doença ACHADOS MACRO E MICROSCÓPICOS - Lesões variam com estágio da doença - Aumento dos linfonodos, baço, fígado e rins hemocaterese (hiperplasia de polpa vermelha) e proliferação de tecido linfoide (hiperplasia de polpa branca) - Hemorragias nas membranas serosas e mucosas - Edema subcutâneo e emaciação - Deposição de complexos Ag-Ac nos rins e fígado - Proliferação de células linfoides e infiltração em diversos órgãos (baço, fígado, etc) DIAGNÓSTICO HEMATOLOGIA E, QUANDO POSSÍVEL, ACHADOS MACRO E MICROSCÓPICOS: - Testes hematológicos junto com sinais clínicos anemia hemolítica, sideroleucócitos (hemólise intravascular = monócitos englobando hemácias), hipergamaglobulinemia (aumento de gamaglobulina associado à infecção) LABORATORIAL: - Baseado na detecção de anticorpos formados após contato com o vírus - IDGA (teste de Coggins) teste padrão - ELISA indireto não é confirmatório (pode usar como triagem = se der +, tem que fazer IDGA) ELISA x IDGA: - ELISA = alta sensibilidade - IDGA = baixa sensibilidade (muito falso negativo), mas alta especificidade - Vantagem do ELISA: mais rápido (se tiver muitos animais); no IDGA, cada um só testa 3 animais (ELISA testa 96, + prático) - Contra-teste/contra-prova: proprietário pode pedir - Reteste: veterinário oficial erro de comunicação OU não consegue identificar animal da resenha (não sabe qual animal realmente +) - Doença de controle oficial – MAPA E OIE - IDGA: anti precipitante anti-antigenico p36 teste padrão para comércio e trânsito de equídeos ◦ + = linha de identidade - Quem requisita exame e coleta sangue para o teste: veterinário credenciado - Resenha fundamental para identificar animal animal + ser devidamente reconhecido veterinário oficial tem que ir - Quando soro é coletado, são duas alíquotas com a primeira, faz o IDGA; a segunda é guardada (contra-prova) por até 30 dias após resultado (direito do proprietário pedir novamente) - Depois do +, tem 8 dias após comunicação para pedir contra-prova (mesmo soro de antes e mesmo laboratório) - Se teve erro de comunicação do resultado + para o proprietário, pode fazer reteste nova amostra e laboratório oficial se der negativo, é negativo ANIMAIS POSITIVOS NO IDGA: - Eutanásia dos animais - Abate em frigorífico com inspeção federal - Abate na propriedade acompanhado pelo serviço oficial - Marcação com ferro candente na paleta esquerda “A” pediu contraprova - Isolamento dos animais (máximo 30 dias) - Interdição da propriedade - Realização de 2 testes em todos os animais para desinterdição em intervalos de 30-60 dias - Potros de mães positivas: considerar como infectado até teste 2 meses após desmama CONTROLE - Controle do tráfego animal (GTA) atestado negativo para AIE - Isolamento e eutanásia de animais reagentes (200 metros) - Teste de IDGA de todos os equídeos existentes em propriedade + - Quarentena de novos animais na propriedade e reteste - Combate aos vetores mecânicos: uso de pesticidas apropriados, drenagem de áreas alagadiças aproximas ao haras - Medidas de biossegurança e manejo sanitário: destino adequado de dejetos (multiplicação das moscas) limpeza e esterilização de instrumentos de casqueamento, esporas, escovas, freios; uso de agulhas e luvas de palpação descartáveis, esterilização de instrumentos cirúrgicos
Compartilhar