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1 Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Jurídicas Faculdade de Direito do Recife DISCIPLINA: Direito Empresarial 4 – Recuperação de Empresas e Falência TURMAS: 2022.1 – M7-N7 AVALIAÇÃO 1º Exercício - DATA: 24/09/2022 INSTRUÇÕES Responda, com clareza e objetividade, as questões abaixo. Sempre que precisar transcrever o enunciado de uma norma, indique a sua fonte ou origem. Enviar o arquivo de resposta em formato PDF, e postar no espaço de Atividades das turmas M7 e N7 no Google Meet - Código da Turma 4fdvyww; acesso em: https://classroom.google.com/u/0/c/NTI2MTk5MTYyMTM5 . Por segurança, enviar o arquivo também para o e-mail do Professor: ivanildo.figueiredo@ufpe.br ou ivanildo.figueiredo@gmail.com, até as 23:59 horas do dia 01/10/2022 (sábado). Cada resposta deverá ter, no mínimo 20 (vinte) e no máximo, 30 (trinta) linhas, fonte Arial, Calibri, Tahoma ou Times New Roman, tamanho 12. Nome dos arquivos: Os arquivos deverão ser nomeados e identificados com o nome abreviado do(a) aluno(a), a disciplina, turma e semestre, para facilitar a ordenação segundo a lista da turma. Exemplo: Bruna.Silva.Empresarial 4.M7.2022.1.1exercicio.pdf. Atenção: Arquivos enviados em outro formato e sem a identificação contendo o nome do(a) aluno(a), conforme critério acima, serão devolvidos para correção e a nota não será lançada no Siga, até que sejam reenviados com a identificação correta. Estudo de Caso Empresa recuperanda: Máquinas Piratininga Indústria e Comércio S.A. Processo nº 0006698-47.2015.8.17.0810 2ª Vara Cível da Comarca de Jaboatão dos Guararapes Diante do caso apresentado, após análise dos documentos em anexo, responder de modo fundamentado com base na Lei 11.101/2005 (avaliação de 2,5 pontos por quesito): 1) Na petição inicial do pedido de Recuperação Judicial da Máquinas Piratininga Indústria e Comércio S.A., protocolado em março de 2015, a empresa alegou que a sua crise econômico-financeira foi provocada pelo inadimplemento da Petrobras no pagamento de equipamentos industriais e bens de capital anteriormente contratados, destinados à construção da Refinaria Abreu e Lima, em Suape. Esse inadimplemento, por parte da Petrobras, teria sido causado, de acordo com as justificativas apresentadas pela empresa devedora, em razão das investigações da denominada operação Lava Jato. Em decorrência dessas investigações, o Tribunal de Contas da União – TCU suspendeu todos os pagamentos relativos à construção da refinaria de petróleo. Dentre outras razões ou causas da crise, a petição inicial da Recuperação Judicial também relacionou os seguintes motivos: “A conjunção de Copa do Mundo, excessos de feriados, eleições, erros sucessivos do governo na política econômica do país e os escândalos de corrupção levaram a uma redução brutal no ritmo dos investimentos, com repercussões graves na indústria nacional e, em especial, no setor metalmecânico. Essa desordem causou uma grande desestruturação em empresas vitais, a exemplo da Petrobras e da Eletrobras, fundamentais para o bom andamento dos projetos de infraestrutura no Brasil” (Petição Inicial da RJ, p. 9). https://classroom.google.com/u/0/c/NTI2MTk5MTYyMTM5 mailto:ivanildo.figueiredo@ufpe.br mailto:ivanildo.figueiredo@gmail.com 2 Perguntas: Cabe ao juiz, ao despachar o pedido de recuperação judicial, investigar as causas e razões apontadas pela empresa da sua crise econômico-financeira para, a partir da verificação da procedência dos argumentos, deferir o processamento da recuperação judicial? A análise das causas e razões da crise econômico-financeira deve se limitar apenas à análise dos fatores internos, decorrentes da administração da empresa e das suas políticas de gestão, ou deve também levar em consideração as causas externas ou exógenas? No caso de o juiz indeferir o processamento da recuperação judicial, considerando não demonstradas as causas da crise, cabe recurso dessa decisão? Resposta à 1ª Questão Não. O que ocorre é que, no processamento do pedido de recuperação judicial, o juiz deve analisar questões específicas a respeito do procedimento, estando elas relacionadas aos requisitos da petição inicial para a entrada desse tipo de ação. Sobre o assunto, apresenta o art. 51 da Lei 11.101/2005 uma série de elementos que devem estar presentes junto à petição inicial, os quais devem ser úteis à análise da situação econômica da empresa, sendo eles fiscais, contábeis e/ou econômicos. Por isso, nos termos do art. 52, estando em termos a documentação exigida, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial. Assim, independentemente dos motivos pelos quais a empresa está em situação de inadimplência, deverá a recuperação judicial ser processada. A análise das causas e das razões da crise econômico-financeira pela qual passa a empresa pode ser analisada para fins de apresentação do plano de recuperação judicial (art. 53, Lei 11.101/2005). Isso porque, nesta fase, será necessária a apresentação de estratégias que tenham como fim precípuo justamente o contorno da inadimplência. Por isso, não se deve descartar a análise das condições internas e externas à empres que possam ter contribuído para a situação de inadimplência. Entretanto, é cediço que a apresentação de causas para o pedido de recuperação judicial não é necessário, bastando tão somente a demonstração da situação de inadimplência empresarial. Contra a decisão que indefere o processamento da recuperação judicial, cabe agravo de instrumento, conforme preleciona o art. 1.015, parágrao único, do CPC. 3 2) O quadro geral de credores da Máquinas Piratininga Indústria e Comércio S.A. apresentou os seguintes dados quanto ao número de credores e ao valor dos créditos habilitados na Recuperação Judicial (Plano de Recuperação Judicial, p. 26): Classe Credores Valor % Credores % Valor I - Trabalhistas 312 R$ 4.737.819,00 61,35 17,89 II - Garantia Real 4 R$ 9.167.888,00 0,60 34,62 III - Quirografários 100 R$ 11.615.477,00 19,92 43,86 IV - Micro e pequena empresa 91 R$ 959.701,00 18,13 3,62 Total 507 R$ 26.480.885,00 100 100 Segundo a Ata da Assembleia de Credores que apreciou e votou o plano de recuperação judicial, estavam presentes os seguintes credores, conforme a respectiva classe (fls. 03): Classe Credores Valor I - Trabalhistas 311 R$ 4.690.441,00 II - Garantia Real 3 R$ 8.566.474,55 III - Quirografários 38 R$ 9.686.146,27 IV - Micro e pequena empresa 36 R$ 359.312,05 Total 388 R$ 23.302.373,87 Perguntas: De acordo com os critérios para a aprovação do plano de recuperação judicial definidos pela lei, calcular o quorum mínimo em cada classe, para que todas as classes de credores, em conjunto, por unanimidade, aprovem o plano. Responder se, de acordo com o resultado constante da Ata da Assembleia Geral de Credores, esse quorum foi efetivamente atingido, apesentando, em números, planilha ou quadro com resumo da apuração dos votos. Na hipótese da Classe I – Trabalhista, ter votado pela rejeição do plano, aprovado por 102 dos credores presentes, não sendo alcançada a unanimidade de todas as classes, mesmo assim pode o juiz conceder a Recuperação Judicial da empresa Máquinas Piratininga Indústria e Comércio S.A.? Sob qual procedimento e fundamento? Resposta à 2ª Questão Para a aprovação unânime do Plano de Recuperação Judicial apresentado, é necessário, por óbvio, que todas as classes o aprovem, isoladamente. De acordo com os termos estabelecidos pela Lei 11.101/2005, para que haja a aproovação, é preciso que a votação tenha como resultado a maioria simples de presentes nas classes trabalhista e micro e pequena empresa e maioria simples de crédtos e presentes nas classes de garantia real e de quirografários (sem qualquer garantia).Nesse sentido, o quorum para aprovação unânime seria do mínimo de, respectivamente, 117, 2, 19 e 19 votos favoráveis à aprovação. 4 3) O Plano de Recuperação Judicial apresentado e aprovado pela Assembleia Geral de Credores, realizada em 05/07/2016, assim estipulava quanto ao pagamento dos credores da Classe I – Trabalhistas (fls. 33): Todavia, em 10/08/2015, a empresa Máquinas Piratininga Indústria e Comércio S.A., já havia celebrado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos do Estado de Pernambuco (Ata da AGC, fls. 36/47), um Termo de Ajuste e Entendimento para Celebração de Acordo Coletivo referente ao pagamento dos créditos trabalhistas dos funcionários da Piratininga. Nesse Termo de Ajuste, constavam as seguintes condições para o pagamento dos credores trabalhistas: Perguntas: Nos termos da lei, qual desses dois instrumentos deve prevalecer, para determinar o modo de pagamento dos credores trabalhistas: o Acordo Coletivo com o Sindicato, que estabelecia o prazo de 2 anos para pagamento dos créditos trabalhistas, com deságio de 35,3%, ou o Plano de Recuperação Judicial proposto pela empresa devedora e aprovado pela Assembleia Geral de Credores, estipulando o prazo de um ano para pagamento dos credores trabalhistas, sem qualquer redução ou deságio? É válido, juridicamente, que o valor de créditos trabalhistas reconhecidos pela Justiça do Trabalho e transitados em julgado, possam sofrer redução ou deságio em acordos de dívida nos processos de recuperação judicial? Fundamentar e apontar as normas incidentes. Ainda sobre a questão dos credores trabalhistas. No mês de dezembro de 2021, o Sindicato dos Trabalhadores realizou reunião no portão da fábrica da Máquinas Piratininga, denunciando que, desde o ano de 2016, a empresa em Recuperação Judicial não vem realizando o pagamento dos créditos trabalhistas, nos termos das obrigações assumidas perante os credores laborais. O Sindicato informou 5 que requereu, assim, da Juíza da 2ª Vara Cível de Jaboatão dos Guararapes, a decretação da falência da empresa, devido ao descumprimento do plano quanto ao pagamento dos credores trabalhistas. Nesse caso, a Juíza da Recuperação Judicial deve convolar a recuperação judicial em falência, com base no pedido de uma única classe de credores, ou cabe a ela convocar a Assembleia de Credores, para que todas as classes de credores se pronunciem sobre o pedido de falência por descumprimento do plano? Indicar as normas aplicáveis. No ano de 2013, a empresa Máquinas Piratininga possuía um quadro de 410 empregados diretos. Na data do pedido de recuperação judicial, em março de 2015, o número de empregados estava reduzido a 80 funcionários. No mês de dezembro de 2021, o quadro de funcionários limitava-se a apenas 39 empregados, conforme o Relatório Mensal de Atividades – RMA apresentado pelo administrador judicial (fls. 24). Esse fato, ao demonstrar que a empresa não está atendendo aos objetivos do art. 47 da Lei nº 11.101/2005, de manutenção dos empregos dos trabalhadores, por si só, seria evidência bastante e suficiente para a convolação da recuperação judicial em falência? Justificar. https://wordpress-direta.s3.sa-east-1.amazonaws.com/sites/1511/wp-content/uploads/2021/12/15155633/WhatsApp-Video-2021-12-15-at- 07.47.44.mp4?_=1 Resposta à 3ª Questão https://wordpress-direta.s3.sa-east-1.amazonaws.com/sites/1511/wp-content/uploads/2021/12/15155633/WhatsApp-Video-2021-12-15-at-07.47.44.mp4?_=1 https://wordpress-direta.s3.sa-east-1.amazonaws.com/sites/1511/wp-content/uploads/2021/12/15155633/WhatsApp-Video-2021-12-15-at-07.47.44.mp4?_=1 6 4) A empresa Máquinas Piratininga, em recuperação judicial desde 2015, ou seja, há mais de 7 (sete) anos, não vem conseguindo cumprir com a obrigação assumida, básica ou elementar, de pagar seus credores, como assim reconhecido pelo Relatório Mensal de Atividades – RMA, elaborado pelo administrador judicial em julho de 2022 (fls. 12/25). A empresa devedora encontra-se, de fato, em situação indefinida, em autêntico limbo jurídico, porque nem consegue cumprir o plano de recuperação judicial, ainda que funcionando, de modo precário, com poucos empregados, nem teve a sua falência decretada. Nos termos da lei, o processo de recuperação judicial deveria ter a duração de, no máximo, 2 (dois) anos, após a aprovação do plano pelos credores e sua homologação pelo juiz. Perguntas: Considerando que a empresa Máquinas Piratininga não vem conseguindo cumprir o plano de recuperação judicial homologado pela juíza, deixando de pagar seus credores, é possível, de acordo com a lei aplicável, que a empresa devedora possa reformular e apresentar novo plano de recuperação judicial, propondo novas condições para o pagamento da dívida? O novo plano deverá ser submetido à aprovação da Assembleia Geral de Credores, ou a própria juíza pode decidir pela validade e viabilidade econômica da proposta substitutiva? A lei admite, nesse caso, a formulação de um plano alternativo elaborado pelos próprios credores, na hipótese de a empresa não conseguir aprovar o novo plano substitutivo? Fundamentar. Resposta à 4ª Questão 7 Aviso: Este trabalho de estudo de caso para avaliação do 1º exercício da disciplina é individual e pessoal. Todas as respostas entregues serão submetidas, previamente, antes da correção, a programa de varredura antiplágio (CopySpider©), e sendo detectados textos com similitude ou coincidência de palavras, igual ou superior a 10%, ambas ou todas as respostas serão anuladas, sem prejuízo da responsabilidade pela originalidade dos trabalhos acadêmicos de ensino e pesquisa (Resolução UFPE Consad nº 06/2017).
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