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Atividade: Classificação espectral de estrelas O tipo espectral de uma estrela permite aos astrônomos obterem não só a temperatura da estrela bem como sua luminosidade e seu índice de cor. Estas propriedades podem ajudar a determinar a distância, massa e outras quantidades físicas associadas à estrela, ao seu ambiente e seu passado. Conhecer a classificação espectral é fundamental para entender a descrição da natureza e evolução das estrelas. Como em qualquer sistema classificatório, este nos permite reduzir uma amostra muito grande de indivíduos diversos em um grupo manejável com características similares. Objetivos Aprender como espectros estelares são obtidos e como reconhecer e distinguir características dos diferentes tipos espectrais de estrelas na sequência principal. Usando o VIREO para classificar estrelas O programa contém uma ferramentar para classificação espectral a partir de comparação do espectro que se deseja determinar com espectros-padrão. É possível medir os comprimentos de onda e intensidades das linhas espectrais. O programa fornece uma lista de linhas espectrais de elementos conhecidos para ajudar a identificação. Além disso, é possível usar um espectrômetro acoplado a um telescópio para a realização de medidas. Acesse o VIREO. Clique em File na barra de menu no topo desta janela e selecione Login. Preencha o formulário que aparecer na tela, clique OK para continuar e clique YES quando aparecer a pergunta “Have you finished logging in?”. Após, selecione File → Run Exercise → Classification of Stellar Spectra. Classificação espectral de estrelas da sequência principal 1. Selecione a função de classificar espectros (Classify Spectra) no menu Tools. A tela da ferramenta de classificação (figura 1) tem 3 painéis, botões de controle à direita e uma barra de menu acima. O painel central mostrará o espectro da estrela a ser determinado e os demais mostrarão espectros padrões para serem comparados com o desconhecido. 2. Clique em File e selecione Unknown Spectrum… Program List. Uma lista aparecerá com o nome de várias estrelas. Clique na primeira da lista — HD124320 — e dê OK. O espectro da HD 124320 aparecerá no painel central da tela de classificação. Este é um gráfico de intensidade versus comprimento de onda. Ele está normalizado de modo que a intensidade varia de 0 a 1. É possível observar o contínuo, vindo da superfície da estrela, bem como as linhas de absorção produzidas pelos átomos e íons na fotosfera. É possível fazer a leitura dos pontos ao clicar sobre a curva com o mouse. O cursor muda de seta para cruz, facilitando o posicionamento. Fig. 1: Janela de classificação espectral. Note que o espectro não cobre todo o intervalo da luz visível. Em que faixa de cor estamos observando este espectro? 3. Para comparar o espectro da HD 124320 com de estrelas já classificadas, selecione File…Atlas of Standard Spectra. Uma janela se abrirá com diversas opções. Clique em sequência principal (Main Sequence) e OK para carregar o atlas. 4. Há 13 espectros no atlas (fig. 2). Os tipos listados seguem a sequência do mais frio para o mais quente. O numeral romano “V” apenas indica que são estrelas da SP. 5. É possível notar que: • os diferentes tipos espectrais apresentam diferentes linhas de absorção, que são definidas pela presença ou ausência de íons específicos em diferentes temperaturas • o formato do contínuo, que é determinado pela radiação de corpo negro, muda. 6. Voltando à ferramenta de classificação, você verá que os dois primeiros espectros de comparação já aparecem acima e abaixo do da HD 124320. Você pode trocar os espectros de comparação clicando sobre o tipo de espectro na lista. Mude até que você encontre um espectro que mais se assemelhe ao desconhecido. Você perceberá que o melhor é aquele com linhas de hidrogênio muito fortes e sem mais detalhes notáveis. Figura 2: Espectros padrão de comparação presentes no atlas para classificação espectral de estrelas na SP. Como nem todos os tipos espectrais estão no atlas, talvez seja necessário “interpolar mentalmente” os existentes. Observe a intensidade relativa das linhas de absorção para fazer isto. Para a estrela em questão, você verá que ela se parece bastante com uma do tipo A0 mas não exatamente. Quando o painel de cima mostra um espectro A0, a de baixo mostra um A5. A intensidade das linhas da HD124320 fica entre estas duas. Você pode fazer um “chute educado” de que esta é uma estrela do tipo A3. 7. Se você quiser ser mais preciso, você pode perguntar qual a diferença ponto a ponto entre os dois espectros. Para isso, clique em File… Display… Show difference. O painel de baixo mostrará a diferença dos espectros de cima e da estrela a ser classificada. Se a linha de absorção da estrela de comparação é menos intensa do que aquela da estrela desconhecida, por exemplo, então você verá um “morrinho”. Se o painel de cima estiver com um espectro A0 você deverá ver um morrinho em 3933 Å, indicando que a linha de absorção do espectro desconhecido é mais profunda que em A0. Da mesma forma, se a linha de absorção do espectro de comparação for mais profunda, você verá um vale no espectro de diferença, o que pode ser visto no mesmo ponto quando o espectro de comparação é A5. Isto indica que o espectro desconhecido está entre estes dois. Você quer encontrar um espectro no qual a diferença é próxima de zero em todos os comprimentos de onda. 8. Para identificar qual elemento produz a linha observada, selecione File…Spectral Line Table. Aparecerá uma janela com uma lista de linhas espectrais (fig. 3). Usando o mouse, posicione o cursor no centro de uma linha de absorção no espectro e dê um clique duplo. Uma linha vermelha aparecerá na tela de classificação espectral e, posicionando corretamente, a linha espectral correspondente será iluminada na lista. Por exemplo, a linha em 4341 Å é a HI (H gamma). Qual a linha em 3933 Å? (Você também pode dar um duplo clique em uma linha particular da lista para a linha vermelha aparecer no espectro e também aparecerá uma janela com mais informações sobre a linha em questão.) Há casos em que diferentes íons emitem na mesma região, por exemplo, CaII e HI emitem em ~3970 Å. Mas linhas HI são mais fortes em estrelas tipo A enquanto linhas CaII são mais fortes em tipo G. As características principais dos diferentes tipos espectrais (na SP), vistas na tabela 1, ajudam a distinguir estes casos se você consegue identificar o tipo espectral. Figura 3: Identificação de linhas espectrais com a ajuda da tabela. Tipo espectral Temperatura superficial (K) Características principais (linhas de absorção, a menos que explícito de outra forma) O 28000 – 40000 He ionizado (forte); elementos pesados ionizados (OIII, NIII, SiIV); H fraco B 1000 – 28000 He neutro (moderada), elementos pesados uma vez ionizados; HI Balmer em tipos mais frios; A 8000 – 10000 H forte (Balmer dominante); linha de CaII mais presente em tipos mais frios; algumas linhas de metais ionizados; He neutro muito fraca F 6000 – 8000 H moderado; metais neutros; linhas de metais ionizados aparecendo G 4900 – 6000 Elementos pesados uma vez ionizados, com linhas de metais neutros aparecendo; H enfraquecendo K 3500 – 4900 Metais neutros fortes; Elementos pesados uma vez ionizados; H fraca; bandas de CH e CN aparecendo M 2000 – 3500 Átomos neutros (fortes); TiO e outras bandas moleculares (moderada); cálcio neutro proeminente; H muito fracas; estrelas S com ZrO e N com C2 WR (Wolf- Rayet) > 40000 Emissão larga de HeII; WC com emissão de CIII e CIV enquanto WN com NII proeminente Tabela 1: Principais características espectrais de estrelas na SP. Assim, classificamos nosso primeiro espectro, resumido abaixo: Estrela Tipo Espectral (SP) Razões para classificação HD 124320 A3 Linhas HI muito fortes. Linha CaII entreA0 e A5. Obtendo o espectro de uma estrela 1. Se você estiver na ferramenta de classificação, selecione File…Exit Classify Spectra na barra de menu. Agora selecione o telescópio de 0,4 metros no menu Telescope… Optical… Access 0.4 Meter. Abra o domo e acesse o painel de controle do telescópio. A imagem que aparece é de cerca de 2,5 graus no céu no modo Finder. No modo Telescope, temos a visão magnificada do instrumento de medida, de 15 minutos de arco. 2. Acione o acompanhamento de estrelas (Tracking). 3. Cada grupo obterá o espectro de uma das estrelas analisadas na atividade passada (de preferência, escolha uma estrela na SP). Para isso, clique em Slew… Set coordinates e digite os valores de acensão reta e declinação da estrela escolhida. Garanta que você está no modo Telescope e que a estrela esteja bem centralizada entre as duas linhas verticais vermelhas. 4. Clique no botão Access do instrumento. Uma nova janela se abrirá com os controles do espectrômetro (figura 4). Para iniciar a tomada do espectro, clique em Go. O espectrômetro passará a coletar fótons da estrela (e alguns de ruído de fundo também). Quanto mais fótons coletados, menor o ruído e mais bem- definido o espectro. Para encerrar a tomada de dados, clique em Stop. As informações encontradas na janela de leitura são: nome do objeto e magnitude aparente; tempo de integração (em segundos); contagem de fótons (total de fótons coletados) e média de fótons por canal; relação sinal-ruído (medida da qualidade dos dados). Figura 4: Tomada de dados com o espectrômetro. 5. Salve o espectro em File… Data… Save spectrum. Dê um nome ao arquivo (anote-o!) e clique em salvar. Também imprima o espectro em pdf para enviar junto com a atividade em File… Data… Print spectrum. Preencha a folha de dados. 6. Abra a ferramenta de classificação espectral novamente em Tools… Spectral Classification. Para reabrir o atlas, clique em File… Atla of standard spectra. 7. Abra o espectro que vocês coletaram em File… Unknown spectra… Saved spectra. Classifique a estrela cujo espectro você mediu. Preencha a folha de dados. 8. Tendo a classificação espectral e a magnitude aparente da estrela possibilita o cálculo da distância pela magnitude absoluta da estrela na sequência principal. Usando a fórmula D = 10 (m – M + 5) / 5 determine a distância ao objeto em parsecs. A tabela 2 contém as magnitudes absolutas de estrelas de diferentes tipos espectrais. Spectral Type Absolute Magnitude, M O5 -5.8 B0 -4.1 B5 -1.1 A0 +0.7 A5 +2.0 F0 +2.6 F5 +3.4 G0 +4.4 G5 +5.1 K0 +5.9 K5 +7.3 M0 +9.0 M5 +11.8 M8 +16.0 Tabela 2: Magnitude absoluta para tipos espectrais de estrelas na sequência principal, classe de luminosidade V (de C.W. Allen, Astrophysical Quantities, The Athlone Press, London, 1973) Integrantes: Folha de dados Inclua um print do espectro da estrela classificada junto do espectro do catálogo que mais se assemelha a ele, como na figura 3: Número da estrela: Magnitude aparente: _________________________ Tipo espectral: _________________________ Razões para a classificação: _________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Magnitude absoluta (da tabela): _________________________ Distância em parsecs: _________________________ Questões: 1. Para a estrela observada: a) estime sua temperatura superficial; b) estime o raio da estrela (em unidades do raio solar); c) estime a massa da estrela; d) qual a trajetória evolutiva esperada (desenhe um diagrama HR esquemático). 2. Compare a distância obtida neste procedimento com aquela obtida na atividade anterior. Qual método seria o mais preciso? Por quê? Em que condições você usaria um ou outro método? Atividade: Classificação espectral de estrelas Tabela 2: Magnitude absoluta para tipos espectrais de estrelas na sequência principal, classe de luminosidade V (de C.W. Allen, Astrophysical Quantities, The Athlone Press, London, 1973)
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