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PLANEJAMENTO E GESTÃO DE OBRAS PÚBLICAS ANELIZE PANTALEÃO PUCCINI CAMINHAFundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6626-1 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 2 6 1 Código Logístico 59364 Planejamento e gestão de obras públicas Anelize Pantaleão Puccini Caminha IESDE BRASIL 2020 © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Thiago Leite/ sakdam /Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ C191p Caminha, Anelize Pantaleão Puccini Planejamento e gestão de obras públicas / Anelize Pantaleão Puccini Caminha. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 86 p. Inclui bibliografia ISBN x978-85-387-6626-1 1. Administração pública - Brasil. 2. Obras públicas - Planejamento - Brasil. 3. Governança corporativa. I. Título. 20-63700 CDD: 352.770981 CDU: 351.711(81) Anelize Pantaleão Puccini Caminha Doutoranda em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Mestre em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Processo Civil pela mesma instituição. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Atua como professora de Direito e é autora de artigos científicos e livros nessa área. Atualmente, é professora na graduação, em diversas especializações e em cursos preparatórios. É também sócia-proprietária em um escritório de advocacia. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Governança pública 9 1.1 Análise da governança pública 9 1.2 Obras públicas 14 1.3 Planejamento de obras públicas 20 2 Contratos de prestação de serviços e produtos 26 2.1 Contratos administrativos e suas consequências jurídicas 26 2.2 Benefícios e custos 30 2.3 Formas de empreitada 33 2.4 Cronograma físico-financeiro e responsabilidade fiscal 38 3 Procedimento licitatório 43 3.1 Conceito e modalidade de licitação 43 3.2 Lei de licitação 48 3.3 Procedimento de licitação 51 4 Fiscalização de contratos 57 4.1 As principais atribuições da fiscalização 57 4.2 Fiscalização de contratos administrativos 60 4.3 Documentação necessária 64 5 Garantias contratuais 72 5.1 As garantias nos contratos administrativos 72 5.2 Avaliação dos resultados e seu impacto social 77 5.3 O impacto ambiental e as principais irregularidades 80 Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! As obras públicas são necessárias para o desenvolvimento da sociedade. Sejam elas básicas ou complexas, sempre têm o objetivo de garantir o bem-estar da população que habita determinada região. Tendo em vista a utilização de verba pública e a contratação de empresa privada, é imprescindível que o procedimento seja realizado de modo transparente. Para isso, a legislação brasileira indica de que forma os processos de planejamento, contratação e desenvolvimento de obras públicas devem acontecer. Cada capítulo deste livro é destinado à compreensão estrutural e funcional dos sistemas de planejamento e contratação das obras públicas. Começaremos com uma noção geral e introdutória do estudo da governança pública, cuja análise se dá tendo em vista a necessidade de prestação de serviços públicos por meio da iniciativa privada. Em seguida, estudaremos cada etapa do procedimento de contratação de obras públicas. O procedimento se inicia com a fase preliminar, seguida pela fase interna da licitação. A contratação pode ser realizada de outras formas, que também serão desenvolvidas ao longo dos capítulos. Na sequência, iremos analisar a fase externa e o contrato para a execução da obra pública. Ao final do livro, iremos desenvolver os mecanismos de fiscalização utilizados pela legislação brasileira. Além disso, ao final dos capítulos, você será desafiado a responder atividades que integram e aplicam os assuntos estudados em situações cotidianas, o que gera um estudo mais prático. Em suma, esta obra traz as informações básicas para a compreensão geral do planejamento e gestão de obras públicas e destina-se a estudantes que desejam aprofundar o estudo dos contratos administrativos de obras públicas. Bons estudos! APRESENTAÇÃOVídeo Governança pública 9 1 Governança pública A governança pública é entendida como a capacidade do governo de implementar políticas públicas e organizar a vida em sociedade. Neste capítulo, iremos estudar de que forma se dá a governança pública, a necessidade de gestão das organizações e como surgiu a administração do Estado por terceiros. Primeiramente, veremos que essa governança tem o objetivo de instrumentalizar o governo e, então, examinaremos a nova governan- ça pública e de que maneira ela é positivada na legislação brasileira. Em seguida, iremos compreender o conceito de obras públicas, suas diferentes formas e seus respectivos contratos. Além disso, analisaremos as suas fases, desde o planejamento, passando pelo desenvolvimento e finalizando com a entrega e o uso da obra. Posteriormente, estudaremos o planejamento das obras públi- cas e as fases prévias à licitação, como a identificação das neces- sidades do estabelecimento e as características básicas de cada empreendimento. Assim, convidamos você para o estudo dos primeiros passos do planejamento e desenvolvimento de obras públicas. 1.1 Análise da governança pública Vídeo A governança surgiu por meio da necessidade de gestão das or- ganizações por terceiros, deixando de lado a administração direta de seus proprietários. Em algumas situações, há divergência de interesses entre administradores e proprietários e, para minimizar os conflitos, existem diversos estudos e estruturas de governança desenvolvidas, as quais serão abordadas ao longo do capítulo. Antes de mais nada, é necessário entender a definição de governança e governabilidade, conceitos frequentemente confundidos na socieda- 10 Planejamento e gestão de obras públicas de. Segundo Bonatto (2018), governabilidade é a capacidade de gover- nar, é a legitimidade política de exercer o poder, enquanto governança é a capacidade, exercida pelo governo, de implementar políticas públicas, planejá-las e executá-las em todos os seus aspectos. Paludo (2010) afirma que, no Brasil, o Estado é administrado pelo governo, com diretrizes e objetivos gerais para a atuação da Adminis- tração Pública, a qual é o mecanismo utilizado para executar a promo- ção do bem comum. Sendo assim, a governança pública é um instrumento de gover- no utilizado para a realização dos seus fins. Para tanto, são aplicados mecanismos a fim de organizar a prestação de serviços à sociedade, a gestão de recursos públicos, a divulgação das informações inerentes, a relação com a sociedade civil etc. (PALUDO, 2010). O objetivo principal da governança pública, portanto, é garantir o bem-estar e o desenvolvi- mento da população do Estado. Para a melhor compreensão do tema, é importante distinguir os tipos de governança aplicáveis, comodito anteriormente. De acordo com Rhodes (1996 apud CARVALHO, 2017), existem, atualmente, seis formas principais de governança utilizadas: 1. governança como Estado mínimo: diminui o valor da despesa pública por meio das privatizações e do uso de mecanismos do mercado, reduzindo, dessa forma, a dimensão da estrutura do Estado. Ou seja, reduz a despesa pública, privatizando os serviços estatais e, consequentemente, reduzindo a estrutura do Estado; 2. governança como governança corporativa: utiliza instrumentos institucionais com o objetivo de assegurar a transparência do serviço público, garantindo acesso pleno à prestação de contas públicas; 3. governança como nova gestão pública: incorpora um novo institucionalismo econômico (agencificação, competição, contratualização e oferta de escolhas ao cidadão no acesso aos serviços públicos), com a inclusão de novas práticas gestionárias que garantem, por exemplo, a gestão por objetivos e a orientação para resultados; 4. governança como boa governança: utiliza os recursos públicos de maneira eficiente, aumentando os níveis de probidade e transparência e levando em consideração a democracia liberal, com o objetivo de responder às necessidades sociais; No vídeo Governança Pú- blica – o que é?, publicado pelo canal do Tribunal de Contas da União, é explicado o papel do Tribunal no setor público e elaborada uma análise da Governança Pública no Brasil. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?ti- me_continue=10&v=kGYdT- 1mJ-0c&feature=emb_title. Acesso em: 28 fev. 2020. Vídeo Governança pública 11 5. governança como sistema sociocibernético: assume crescente interdependência e interação de diferentes atores no plano social, econômico, político e administrativo, tornando o Estado dependente da efetividade da governação e deixando de lado a concepção de que um Estado consegue, sozinho, definir e impor, efetivamente, um conjunto de políticas públicas; 6. governança como redes auto-organizadas: pode utilizar as redes de interdependência, reciprocidade e confiança como um conjunto de interações entre organizações públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos, indo além da hierarquia ou do mercado enquanto mecanismos de coordenação da ação coletiva. Conforme recomenda o Banco Mundial (1994), os fatores para uma governança adequada são: formulação de políticas públicas abertas, geradas em um processo transparente; servidores públicos integrantes da Administração Pública, que objetivem o interesse público; responsa- bilidade pelas ações da Administração Pública; sociedade civil organiza- da; e regras estáveis e legítimas de um Estado de Direito. Na década de 1980 surgiu a cartilha da Nova Gestão Pública, que con- sagrou a mudança na matriz organizacional da Administração Pública. Uma das principais alterações foi no foco dessa gestão, que passou a ter como objetivo modificar as relações entre a Administração Pública e os outros atos, a fim de provocar mudanças dentro do setor público. Dessa forma, o escopo da Nova Gestão Pública refere-se a melhorar a eficácia e a eficiência nas organizações públicas e na prestação de serviços públicos. Diante desse cenário, a nova governança pública inclui o diálogo com o mercado e com a sociedade civil. Para Paludo (2010), a finalida- de desse novo modelo, portanto, é a participação de todos os cidadãos nas decisões referentes às políticas públicas, ou seja, às parcerias intra e interorganizacionais. A Constituição Federal brasileira de 1988 estabelece no artigo 1º que o Brasil é uma República Federativa, constituindo-se em Estado Demo- crático de Direito (BRASIL, 1988). Pode-se concluir, desse modo, que o poder do Estado brasileiro decorre do povo, por meio da democracia. Posto isso, o país está organizado conforme: as condições necessárias de governança; os direitos e as garantias fundamentais; e a organização política e administrativa do Estado e dos Poderes (BRASIL, 2014a). 12 Planejamento e gestão de obras públicas Após o estabelecimento da Constituição Federal, foram desenvolvi- dos diversos instrumentos para a organização e o fortalecimento da go- vernança pública, dentre eles: o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto n. 1.171, de 22 de junho de 1994); a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000); o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocra- tização (GesPública), instituído em 2005 e revisado em 2009 e em 2013; a Lei n. 12.813, de 16 de maio de 2013; e os instrumentos de transparên- cia, como a Lei de Acesso à Informação (Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011). Todos esses instrumentos têm o objetivo de garantir ao cida- dão o acesso à informação, facilitar o controle dos atos administrativos e assegurar a transparência na conduta de agentes públicos. Nessa perspectiva, o Tribunal de Contas da União publicou, em 2014, uma cartilha intitulada Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da Administração Pública e Ações Indutoras de Me- lhoria. O objetivo da cartilha é garantir o acesso da população às infor- mações e às condutas dos agentes públicos, sendo a transparência um dos mecanismos utilizados para esse fim. A transparência é importante quando se trata de Administração Pú- blica, pois faz uso do dinheiro arrecadado em taxas e impostos para a sua manutenção. Dessa forma, a população precisa de informações adequadas sobre onde está sendo investido o dinheiro público, de que maneira o Estado está se desenvolvendo e quais são os próximos pas- sos do ente público. Assim, a transparência garante que a população possa ter acesso às informações. Considerando que o escopo principal da governança pública é inte- grar os interesses da sociedade com o interesse público, a cartilha es- tabelece que a governança no setor público deve estar alinhada entre quatro perspectivas, apresentadas na figura a seguir.. Governança pública 13 Figura 1 Perspectivas de observação da governança no setor público. Sociedade e Estado Entes federativos, esferas de poder e políticas públicas Órgãos e entidades Atividades intraorganizacionais Fonte: Brasil, 2014a. Desse modo, as regras estabelecidas pela governança pública devem estar de acordo com os interesses da sociedade em conjunto com o Esta- do, ser estruturadas em políticas públicas desenvolvidas pelas esferas de poder e pelos entes federativos, ter atribuições definidas em órgãos e en- tidades e estar relacionadas por meio de atividades intraorganizacionais. Com isso, resultam em uma relação de interdependência e complemen- tariedade entre as quatro perspectivas apresentadas (BRASIL, 2014a). A gestão pública é realizada pela Administração Pública para a efeti- vação da governança pública. Tal administração compreende, segundo o artigo 4º do Decreto-Lei n. 200 (BRASIL, 1967), diversos entes que são necessários para a existência de interligação efetiva entre eles: I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integra- dos na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes cate- gorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista. d) fundações públicas. Visualiza-se, então, que a gestão pública engloba entes da adminis- tração direta e indireta, como autarquias, empresas públicas, socieda- des de economia mista e fundações públicas. Neste sentido, a gestão pública é realizada por meio desses entes e as suas funções são distri- buídas de modo que cada um tenha sua competência bem definida. De que modo as quatro perspec- tivas devem estar alinhadas para a governança no setor público e por que isso é desenvolvido dessa forma? Atividade 1 14 Planejamento e gestão de obras públicas O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2015) elen- cou quatro princípiosbásicos que podem ser aplicados à governança de obras públicas: • Transparência: visa garantir que a população ou qualquer par- te interessada tenha amplo acesso às informações que julguem necessárias. • Equidade: todas as partes precisam ser tratadas de maneira jus- ta e com igualdade de condições, levando em consideração a iso- nomia entre todos e observando direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. • Prestação de contas (accountability): todos os agentes de go- vernança precisam apresentar as contas realizadas com o dinhei- ro público, de modo claro e compreensível. É importante, ainda, salientar que essas devem ser apresentadas em um momento oportuno e que todas as ações e omissões são de responsabili- dades do próprio agente. • Responsabilidade corporativa: deve ser observada, de manei- ra zelada, a viabilidade econômico-financeira das organizações, com o objetivo de reduzir as externalidades negativas de seus negócios. Deve ser observado o modelo do negócio e os diversos capitais apresentados no curto, médio e longo prazo. À vista disso, os princípios devem ser transportados para a Administra- ção Pública para que o planejamento da obra pública seja realizado com base em princípios éticos e critérios de boa governança estabelecidos. Dessa forma, se dará uma gestão ética sobre as obras públicas. 1.2 Obras públicas Vídeo Uma das formas de prestação de serviço público é por meio da construção de obras públicas. O objetivo principal dessas obras é aten- der às necessidades da coletividade, com a entrega de prestações im- portantes para a vida em sociedade. Toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de um bem público é considerada obra pública (BRASIL, 1993). O de- senvolvimento de qualquer obra pública necessita de um estudo de diversos fatores. Sendo assim, é necessário uma série de estudos que Governança pública 15 devem ser realizados pelo ente público para definir a realização de um empreendimento público. Além disso, é preciso saber diferenciar o termo obra de serviço. De acordo com a Lei de Licitações (Lei n. 8.666/1993), serviço é “toda ati- vidade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transpor- te, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissio- nais” (BRASIL, 1993). A fim de compreender efetivamente de que forma são estrutura- das as obras públicas, é importante diferenciar, também, os conceitos de compra e alienação. Compra é “toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente” e alienação é “toda transferência de domínio de bens a terceiros” (BRASIL, 1993). Outros conceitos, também definidos pela Lei n. 8.666/1993, são igualmente importantes para o estudo das obras públicas e licitações. Por exemplo, “obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite estabe- lecido na alínea ‘c’ do inciso I do art. 23 desta Lei” (BRASIL, 1993). Pode- mos referir que, no conceito de obras e serviços de grande vulto, temos como parâmetro o valor estabelecido na Lei de Licitações, que consiste em 25 vezes o valor de R$ 1,5 milhão. Temos, ainda, a definição de seguro garantia, “que garante o fiel cumprimento das obrigações assumidas por empresas em licitações e contratos” (BRASIL, 1993). Ele é estabelecido na Lei de Licitações, pois uma garantia pelo contratado precisa ser apresentada, visando assegu- rar que a obra ou o serviço público será concluído. Segundo a Lei n. 8.666/1993, a execução direta é “a que é feita pelos órgãos e entidades da Administração, pelos próprios meios”, enquanto a execução indireta é “a que o órgão ou entidade contrata com tercei- ros sob qualquer dos [...] regimes” (BRASIL, 1993). O projeto básico é o instrumento utilizado para desenvolver e caracterizar a obra que será licitada. Dessa forma, diversos elementos são necessários, como estabelece o inciso IX, artigo 6º (BRASIL, 1993). Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficien- tes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, 16 Planejamento e gestão de obras públicas elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos pre- liminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos méto- dos e do prazo de execução. Visualiza-se, como discorrido acima, que diversos elementos precisam estar presentes para que se evolua ao segundo momento do processo de licitação: a elaboração do projeto executivo. Esse projeto, segundo a Lei n. 8.666/1993, é “o conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT” (BRASIL, 1993). A Lei de Licitações estabelece três conceitos importantes: o de Ad- ministração Pública, o de Administração e o de Imprensa Oficial. É ne- cessário que haja a distinção entre eles, uma vez que a Administração é o órgão, ente ou unidade utilizado pela Administração Pública para exercer as suas atividades, como estabelece a Lei de Licitações. Já a Im- prensa Oficial é o veículo de divulgação oficial da Administração Pública. O contrato administrativo deve ser celebrado entre duas partes, o ente público e o privado; desta forma, é preciso definir contratante e contratado: o primeiro é “o órgão ou entidade signatária do instrumen- to contratual”, já o segundo é “a pessoa física ou jurídica signatária de contrato com a Administração Pública” (BRASIL, 1993). A Lei de Licitações estabelece outros conceitos importantes para o estudo sobre o planejamento e a gestão das obras pública, dispostos no artigo 6º, tais como: XVI - comissão - comissão, permanente ou especial, criada pela Administração com a função de receber, examinar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao ca- dastramento de licitantes. XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos manufatura- dos, produzidos no território nacional de acordo com o processo produtivo básico ou com as regras de origem estabelecidas pelo Poder Executivo federal; XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, nas condi- ções estabelecidas pelo Poder Executivo federal; XIX - sistemas de tecnologia de informação e comunicação es- tratégicos - bens e serviços de tecnologia da informação e co- municação cuja descontinuidade provoque dano significativo à administração pública e que envolvam pelo menos um dos Governança pública 17 seguintes requisitos relacionados às informações críticas: dispo- nibilidade, confiabilidade, segurança e confidencialidade. XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, insumos, serviços e obras necessários para atividade de pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnologia ou inovação tec- nológica, discriminados em projeto de pesquisa aprovado pela instituição contratante. (BRASIL, 1993) Desse modo, podemos entender que esses conceitos são importantes porque, com base neles, temos estabelecidos diversos elementos essen- ciais para a gestão e o planejamento das obras públicas. Isso ocorre tendo em vista o desenvolvimento do processo licitatório, a contratação entre o ente público e o privado, a execução da obra pública e a sua entrega final. Obras públicas e serviços, que antes eram funções exclusivas do Es- tado, atualmente são desenvolvidos pela iniciativa privada. Assim, o Es- tado passou de um modelo intervencionista para um modelo regulador. Sendo assim, o poder estatal, nesse novo modelo, fiscaliza e regulamen- ta os serviços concedidos. Com esse novo modelo de Estado, houve a necessidade da criação de agências reguladoras como uma figura nova de Direito Público.A finalidade dessas agências é servir de instrumento estatal na tarefa de fiscalizar as obras públicas (MADEIRA, 2010). Salienta-se que o serviço só é prestado de maneira indireta, com a delegação de funções, se for realizado de quatro formas diferentes: concessão, permissão, autorização e terceirização. Nessas situações, as empresas atuam em setores de responsabilidade do Estado, o qual também pode transferir a sua responsabilidade a outros por meio da privatização dos serviços públicos, hipótese em que o Estado se retira da prestação de serviço público de modo completo (MADEIRA, 2010). Posto isso, as obras públicas, geralmente, são realizadas por empre- sas privadas e fiscalizadas pelo Estado. Dessa maneira, essas empresas prestam um serviço estatal. No Brasil, a Lei n. 8.666/1993 tem como objetivo regulamentar o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, que estabelece os seguintes termos: ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, servi- ços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualifi- cação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri- mento das obrigações. (BRASIL, 1988) 18 Planejamento e gestão de obras públicas O escopo da referida lei é estabelecer normas gerais a respeito das licitações e dos contratos administrativos de obras públicas, na esfera da União, dos Estados e Distrito Federal e dos Municípios (BRASIL, 1993). Logo, ao verificar a necessidade de determinada obra pública, o Estado precisa cumprir alguns procedimentos específicos. Para tanto, deve ser realizado um processo de licitação nos casos em que uma obra pública precisa ser executada em determinada região. Dessa for- ma, o ente público deve realizar estudos e análises preliminares para verificar a viabilização da obra. Igualmente, é importante a realização do procedimento prévio para garantir que o Poder Público tome as de- cisões mais convenientes para a sociedade. Além disso, para desenvolver uma obra pública, é necessária a ob- servação da sustentabilidade, ou seja, o empreendimento não pode ser realizado se gerar impacto negativo ao meio ambiente. Em vista disso, em atividades potencialmente degradadoras para o meio ambiente, é preciso realizar um Estudo de Impacto Ambiental 1 , conforme previsto na Constituição Federal. Ainda, objetivando a preservação ambiental na realização de um empreendimento, é imprescindível a obtenção de um licenciamento ambiental, que é realizado em três etapas, conforme a Resolução Conama n. 237/1997: Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do plane- jamento do empreendimento ou atividade aprovando sua lo- calização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendi- mento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as me- didas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de con- trole ambiental e condicionantes determinados para a operação. (BRASIL, 1997, p. 646) Estudo de Impacto Ambiental é o estudo realizado antes do início do empreendimento a fim de verificar seu impacto no meio ambiente, podendo ser utilizado para que não se desenvolva efetivamente o empreendimento quando houver a possibilidade de um dano ambiental. 1 Governança pública 19 Podemos verificar que as formas de licença ambientais são comple- mentares, mas não alternativas. Ou seja, é necessário que haja uma licença específica para cada momento da obra pública, pois uma não substitui a outra. Conforme o conceito de execução indireta, proposto na Lei n. 8.666/1993 (BRASIL, 1993), quando a obra é realizada por terceiros por meio de licitação, podem ser realizados os seguintes regimes de contratação: • empreitada por preço global: execução da obra ou serviço por preço certo e total; • empreitada por preço unitário: contratação de unidades deter- minadas por preço certo; • tarefa: contratação por preço certo para pequenos trabalhos, com ou sem fornecimento de materiais, por meio de mão de obra; • empreitada integral: compreende a integralidade de um em- preendimento, com todas as etapas da obra, serviços e instala- ções necessárias. Diante dessas regulamentações, algumas etapas são essenciais, conforme mostra o fluxograma a seguir. Figura 2 Fluxograma de procedimentos Fase preliminar à licitação Programa de necessidades Estudos de viabilidade Anteprojeto 1 2 3 Fase interna da licitação Projeto básico Projeto executivo Recursos orçamentários Edital de licitação 1 2 3 4 Fase externa da licitação Publicação do edital de licitação Comissão de licitação Recebimento de propostas Procedimento da licitação 1 2 3 4 Fase contratual Contrato Fiscalização da obra Recebimento da obra 1 2 3Fase posterior à contratação Operação Manutenção 1 2 II III IV V I Fonte: Adaptada de Brasil, 2014b. 20 Planejamento e gestão de obras públicas Como podemos observar na Figura 2, o primeiro passo para o plane- jamento de uma obra pública é a fase preliminar, que consiste em rea- lizar o programa de necessidades, estudo de viabilidade e anteprojeto. O segundo passo é a fase interna da licitação, que engloba a reali- zação de um projeto básico, etapa obrigatória no processo licitatório. São necessários também um projeto executivo – que consiste no plane- jamento de recursos orçamentários a serem utilizados na obra – e um edital de licitação. O terceiro passo é a fase externa da licitação, efetivada por meio da publicação do edital. Nessa fase, é importante que a comissão de licitação seja criada para verificar se o processo licitatório está sendo realizado em conformidade com a legislação vigente. Após esse proce- dimento, serão recebidas as propostas de licitação. Com a definição, se dá início ao processo licitatório. A quarta etapa é a fase contratual, na qual o Poder Público firma contrato com a empresa vencedora da licitação. O órgão estatal neces- sita, portanto, fiscalizar a obra e, depois do período de empreendimen- to, receber a obra finalizada. O quinto e último passo é a fase posterior à contratação, em que é iniciada a operação da obra pública e mantido o seu funcionamento. Verificamos, portanto, que é necessário, para o desenvolvimento das obras públicas, percorrer as cinco etapas com transparência e efe- tividade. Nesse sentido, observamos, na presente seção, os conceitos essenciais para o planejamento e a gestão das obras públicas, bem como o procedimento realizado em cada etapa do processo. 1.3 Planejamento de obras públicas Vídeo Como visto anteriormente, antes da licitação deve ser realizada uma fase preliminar, que é essencial para tomar a decisão de licitar. É impe- rativo, nessa fase, que se identifiquem as necessidades, se estimem os recursos e se escolha a melhor alternativa para a população local. Na sequência, devem ser estabelecidas as características básicas de cada empreendimento, como finalidade, futuros usuários, dimensões, entre outros (BRASIL, 2014b). A figura a seguir ilustra as etapas dessa fase. Governança pública 21 Figura 3 Etapas da fase preliminar Identificar as necessidades Estabelecer as características básicas Fonte: Elaborada pela autora. Como afirmado pelo Tribunal de Contas da União (BRASIL,2014b), o próximo passo é realizar estudos de viabilidade, visando eleger o em- preendimento adequado para o programa de necessidades, incluindo os aspectos técnicos, ambientais e socioeconômicos. Nesse momento, deve ser feita a avaliação dos custos de todas as possíveis alternati- vas para o desenvolvimento da obra pública. Assim, pode-se verificar a relação custo/benefício de cada uma e preparar um relatório sobre a opção selecionada. Portanto, o estudo de viabilidade é um momento indispensável para a obra e deve ser realizado de modo aprofundado. Nele, serão estudadas, também, as leis urbanísticas para o projeto da obra e os aspectos positivos e negativos do empreendimento. Um anteprojeto é realizado depois da escolha do empreendimento, constando os principais elementos da arquitetura, da estrutura e das instalações em geral. Nessa etapa, é primordial que se elabore um pro- jeto arquitetônico com a configuração definitiva da construção da obra (E-GESTÃO PÚBLICA, 2020). Após a realização de todas as etapas da fase preliminar à licitação, há a fase interna da licitação. Com a definição do empreendimento, de- ve-se iniciar os preparativos da contratação, comumente, por licitação. No Brasil, temos a regulamentação do procedimento por meio da Lei n. 8.666/1993. O documento com as recomendações básicas do Tribunal de Contas da União é um importante material de apoio para o estudo do planejamen- to de obras públicas. Nele, são apresentadas de maneira didática as regras para contratação e fiscalização das obras. BRASIL. Tribunal de contas da união. Obras Públicas: recomendações básicas para a contratação e fiscalização de obras e edificações públicas. 4. ed. Brasília, DF: TCU, 2014. Disponível em: https://portal. tcu.gov.br/biblioteca-digital/obras- -publicas-recomendacoes-basicas- -para-a-contratacao-e-fiscalizacao- -de-obras-e-edificacoes-publicas. htm. Acesso em: 28 fev. 2020. Leitura O que deve ser observado para um efetivo planejamento das obras públicas? Atividade 2 22 Planejamento e gestão de obras públicas Assim, abre-se o processo administrativo e todos os documentos, as memórias de cálculo e as justificativas serão anexadas a este. Com isso, temos o projeto básico, que é elaborado antes da licitação e deve ser aprovado por autoridade competente. Além disso, o projeto precisa contemplar os seguintes requisitos, previstos no inciso IX, artigo 6º, na Lei de Licitações (BRASIL, 1993): a. desenvolver adequadamente a solução escolhida, levando em consideração todos os elementos constitutivos, que devem ser apresentados com clareza para fornecer a visão global da obra; b. apresentar as soluções técnicas globais e localizadas para a obra, a fim de minimizar as alterações que poderão ser necessárias nas fases de elaboração do projeto executivo e durante a realização das obras e montagens; c. sem que haja a frustração do caráter competitivo para a execução da obra, é preciso identificar os tipos de serviços que serão executados e os materiais e equipamentos imprescindíveis para a obra, buscando os melhores resultados para o empreendimento; d. visando manter o caráter competitivo da execução da obra, é preciso apresentar as informações adequadas para o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais; e. é importante apresentar os subsídios para a montagem do plano de licitação e gestão da obra, a programação adequada que será realizada, a estratégia de suprimentos, as normas que deverão ser observadas na sua fiscalização e qualquer outro dado necessário para o caso concreto; f. por fim, é relevante apresentar o orçamento, com a observância de serviços e fornecimentos propriamente avaliados, detalhando-o para que se observe o custo global da obra. Elaborado pelo órgão responsável pela obra pública, o projeto bá- sico de uma licitação fica sob a responsabilidade de um encarregado inscrito no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) do estado ou no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) estadual. O responsável técnico deverá registrar as Anotações de Responsabilida- de Técnica (ARTs) ou o Registro de Responsabilidade Técnica (RRTs), referentes ao projeto. Quais são os elementos essen- ciais que devem ser verificados na fase de planejamento da obra pública, conforme a Lei de Licitações? Por que deve haver essa verificação? Atividade 3 Governança pública 23 Verifica-se, ainda, se há necessidade de licenciamento ambien- tal no empreendimento, conforme dispõe as Resoluções Conama (n. 001/1986 e n. 237/1997). O objetivo principal dessa etapa de elaboração do projeto básico é definir as características básicas do empreendimento, com a análise dos custos e prazos para realizar a obra e com a elaboração do orça- mento. Por meio do projeto básico é possível executar, com transpa- rência e valores justos, o processo licitatório. Em suma, a elaboração dos projetos depende de três etapas suces- sivas: estudo preliminar ou anteprojeto, projeto básico e projeto execu- tivo. Por fim, deverão ser providenciados, pelo responsável pela autoria dos projetos, o alvará para a construção e as aprovações pelos órgãos competentes (BRASIL, 2014b). Nesse sentido, para a execução de obras e prestação de serviços, a licitação só poderá ser realizada quando: I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do pro- cesso licitatório; II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários; III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma; IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas es- tabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Consti- tuição Federal, quando for o caso. (BRASIL, 1993) Portanto, para efetuar a contratação de serviços e obras públicas, é necessário que haja o projeto básico aprovado pelas autoridades com- petentes e, também, o orçamento detalhado com a composição de to- dos os custos. Ainda, se houver pagamento de obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro do curso, os referidos pagamentos devem estar de acordo com o respec- tivo cronograma. Por fim, é preciso verificar se o produto do licencia- mento está contemplado nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, referido no artigo 165 da Constituição Federal de 1988. 24 Planejamento e gestão de obras públicas CONSIDERAÇÕES FINAIS Para um planejamento e uma gestão efetiva de obras públicas é neces- sário que se leve em consideração os princípios básicos da governança, como transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Deve-se sempre ter em vista os interesses da população local e as necessidades específicas para a governança fundamentada em prin- cípios éticos. Para ser executada, a obra pública percorre um longo percurso com- posto de cinco fases. A etapa preliminar é importante para estabelecer os critérios básicos da obra – ou seja, os elementos indispensáveis – e para realizá-la de acordo com a necessidade da população local. Igualmente re- levantes são, também, as demais etapas, tais como: fases interna, externa, contratual e posterior das obras públicas. Por fim, os elementos essenciais para o projeto básico de uma obra pública são: o desenvolvimento da solução escolhida; as soluções técnicas para a fase de elaboração do projeto executivo; as informações necessá- rias para o estudo; os subsídios para a montagem do plano; e o orçamen- to detalhado do custo global da obra. REFERÊNCIAS BANCO MUNDIAL. Governance: The World Bank’s Experience. Washington D.C: World Bank, 1994. BONATTO, H. Governança e gestão de obras públicas: do planejamento à pós-ocupação. Belo Horizonte: Fórum, 2018. BRASIL. ConstituiçãoFederal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao. htm. Acesso em: 28 fev. 2020. BRASIL. Decreto-Lei n. 200, de 25 de fevereiro de 1967. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 27 mar. 1967. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto-lei/del0200.htm. Acesso em: 27 fev. 2019. BRASIL. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 22 jun. 1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L8666compilado.htm. Acesso em: 27 fev. 2020. BRASIL. Resolução Conama. 237, de 19 de dezembro de 1997. Brasília: Licenciamento Ambiental, 1997. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/resolucao- conama-237-1997-dispoe-sobre-a-revisao-e-complementacao-dos-procedimentos-e- criterios-utilizados-para-o-licenciamento-ambiental.htm. Acesso em: 28 fev. 2020. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Governança Pública: referencial básico de governança aplicável a órgãos e entidades da administração pública e ações indutoras de melhoria. Brasília, DF: TCU, 2014a. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/ governanca-publica-referencial-basico-de-governanca-aplicavel-a-orgaos-e-entidades-da- administracao-publica-e-acoes-indutoras-de-melhoria.htm. Acesso em: 28 fev. 2020. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Obras Públicas: recomendações básicas para a contratação e fiscalização de obras e edificações públicas. 4. ed. Brasília, DF: TCU, 2014b. Governança pública 25 Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/obras-publicas-recomendacoes- basicas-para-a-contratacao-e-fiscalizacao-de-obras-e-edificacoes-publicas.htm. Acesso em: 28 fev. 2020. CARVALHO, E. de. Governança Pública e Desenvolvimento. In: 22º, CONGRESSO INTERNACIONAL DO CENTRO LATINO AMERICANO PARA EL DESAROLLO (CLAD). Anais [...] Madri: INA, 2017. Disponível em: http://repap.ina.pt/bitstream/10782/677/3/ CLAD2017%20Governa%C3%A7a%20p%C3%BAblica%20e%20desenvolvimento%20EC. pdf. Acesso em: 27 fev. 2020. E-GESTÃO PÚBLICA. Tudo que você precisa saber sobre orçamento de Obras Públicas. Disponível em: https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms%2Ffiles%2F4913%2F15203527 29ebook-obras-1.pdf. Acesso em: 28 fev. 2020. IBGC. Código das melhores práticas de governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBCG, 2015. Disponível em: https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/21138/ Publicacao-IBGCCodigo-CodigodasMelhoresPraticasdeGC-5aEdicao.pdf. Acesso em: 27 fev. 2020. MADEIRA, J. M. P. Administração pública: tomo II. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. PALUDO, A. V. Administração pública: teoria e questões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. GABARITO 1. As quatro perspectivas essenciais devem estar alinhadas de modo que atendam às ne- cessidades da população. Para que o alinhamento seja desenvolvido de maneira efetiva, é necessário que sejam observadas a sociedade e a estrutura organizacional do Estado. 2. Há a necessidade, nesse momento, de se observar quais são as questões essenciais apresentadas, estimando os recursos necessários para optar pela melhor alternativa para a população local. 3. Os elementos essenciais que devem ser verificados na fase de planejamento das obras públicas, conforme a Lei de Licitações, são: o desenvolvimento da solução escolhida, as soluções técnicas para a fase de elaboração do projeto executivo, as informações necessárias para o estudo, os subsídios para a montagem do plano e o orçamento deta- lhado do custo global da obra. Nesse sentido, todos devem ser observados, visando ao planejamento adequado com o objetivo de assegurar o melhor para a população local. https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/obras-publicas-recomendacoes-basicas-para-a-contratacao-e-fiscalizacao-de-obras-e-edificacoes-publicas.htm https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/obras-publicas-recomendacoes-basicas-para-a-contratacao-e-fiscalizacao-de-obras-e-edificacoes-publicas.htm http://repap.ina.pt/bitstream/10782/677/3/CLAD2017%20Governa%C3%A7a%20p%C3%BAblica%20e%20desenvolvimento%20EC.pdf http://repap.ina.pt/bitstream/10782/677/3/CLAD2017%20Governa%C3%A7a%20p%C3%BAblica%20e%20desenvolvimento%20EC.pdf http://repap.ina.pt/bitstream/10782/677/3/CLAD2017%20Governa%C3%A7a%20p%C3%BAblica%20e%20desenvolvimento%20EC.pdf 26 Planejamento e gestão de obras públicas 2 Contratos de prestação de serviços e produtos Neste capítulo, serão trabalhadas as questões relativas aos contratos administrativos, ou seja, aqueles realizados entre a Administração Pública e os terceiros que executarão as obras pú- blicas. Primeiramente, abordaremos o conceito de contrato admi- nistrativo, os elementos obrigatórios para a sua formulação e as suas consequências jurídicas. Diante disso, estudaremos o que é necessário para a formulação do contrato de empreitada. Na se- quência, iremos analisar, de acordo com os quatro regimes de em- preitada, os benefícios e os custos dos contratos administrativos. Finalmente, estudaremos a importância dos cronogramas físico-fi- nanceiros das obras públicas e discutiremos a responsabilidade fiscal destas e suas consequências. 2.1 Contratos administrativos e suas consequências jurídicas Vídeo Para a execução de uma obra pública, a Administração Pública pode usar seus próprios meios ou contratar terceiros. Quando há a neces- sidade de terceirizar, a execução é indireta e é realizado um contrato de empreitada, ou seja, um contrato administrativo regulado pela Lei de Licitações. Dessa forma, conforme dispõe o artigo 2º dessa lei, em toda obra pública, ou serviço realizado entre a Administração Pública e a empresa que irá executar a obra, haverá licitação antes do contrato (BRASIL, 1993). O contrato pode ser identificado como “todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada” (BRASIL, Contratos de prestação de serviços e produtos 27 1993, art. 2º, § único). Assim, tanto a Administração Pública quanto a em- presa contratada precisam cumprir as obrigações ajustadas no contrato. Entretanto, verifica-se que o artigo 2º da Lei de Licitações, ainda, prevê que deverão ser ressalvadas algumas hipóteses. Isso significa que a regra geral é a contratação realizada com licitação prévia, porém, em alguns casos, é possível que a contratação seja direta, ou seja, con- trato sem licitação. As hipóteses de contratação direta estão disciplina- das nos artigos 17, 24 e 25 da referida lei. Como se trata de uma relação entre uma empresa particular e o ente público, é necessário que se apliquem, no contrato administrativo, cláusulas e preceitos de Direito Público. Portanto, diferente do Direito Civil Contratual, no qual se aplicam regras entre particulares, quando uma pessoa jurídica de direito público está envolvida, é necessário que se observe as regras do Direito Administrativo. Contudo, as regras de Direito Civil Contratual podem ser aplicadas de maneira supletiva na falta de regras de Direito Administrativo. À vista disso, conclui-se que os contratos administrativos são regidos pelas regras de Direito Público. Os contratos precisam estabelecer condições claras e precisas para execução. Nas cláusulas, os direitos, as obrigações e as respon- sabilidades de ambas as partes precisam estar definidos de acordo com os termos da licitação e da proposta vinculada, como estabelece o parágrafo 1º do artigo 54 da Lei n. 8.666 (BRASIL, 1993). Aqueles em que houve dispensa da licitação, como estabelece o artigo 24 da referi- da lei, também precisam “atender aos termos do ato que os autorizou e da respectiva proposta” (BRASIL, 1993). Para tanto, é necessário que todos os contratos estabeleçam as se- guintes cláusulas, conforme artigo 55 da Lei de Licitações (BRASIL,1993): I O objeto do contrato e os elementos essenciais que visam caracterizá-lo. III O preço e as condições necessárias ao pagamento, observando os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços; e a atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento. II Como será realizada a execução do contrato ou o fornecimento do serviço. Por que é necessário realizar o procedimento licitatório, antes da assinatura do contrato admi- nistrativo, entre a Administração Pública e a empresa que irá executar a obra? Atividade 1 Para conhecer todas as hipóteses de contratação direta, leia os artigos 17, 24 e 25 da Lei de Licitações (Lei n. 8.666/1993), disponíveis em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l8666cons.htm. Acesso em: 26 mar. 2020. Saiba mais 28 Planejamento e gestão de obras públicas IV Os prazos para cada etapa do processo: a execução, a conclusão, a entrega, a observação e, por fim, o recebimento definitivo, conforme o caso. V De que modo correrá a despesa e a indicação do crédito, estabelecendo a classificação funcional programática e da categoria econômica. VI Em alguns contratos, são exigidas as garantias que devem ser oferecidas no contrato administrativo para assegurar sua plena execução. VII As responsabilidades das partes e seus direitos, mediante as penalidades cabíveis e os valores das multas. VIII As hipóteses de rescisão. IX Em caso de rescisão administrativa, prevista no artigo 77 desta Lei, os direitos da Administração são reconhecidos. X Quando for necessária a importação, as condições, a data e a taxa de câmbio para conversão. XI A vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor. XII Durante a execução do contrato e nos casos omissos, a legislação que será aplicada. XIII A obrigação do contratado de manter com as obrigações assumidas de modo compatível com todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação. Ao estabelecer essas cláusulas, o contrato administrativo garante a segurança da sua execução para ambas as partes, assegurando que a Contratos de prestação de serviços e produtos 29 empresa contratada irá receber o valor acordado e que o ente público receberá a obra realizada conforme o estabelecido na licitação. Nas contratações de obras públicas, a garantia pode ser exigida e será prevista a critério da autoridade competente. À escolha do con- tratado, a garantia poderá ser realizada por caução, em dinheiro ou em títulos da dívida pública (seguro-garantia ou fiança bancária), como prevê o artigo 56 da Lei de Licitações (BRASIL, 1993). A referida garantia não poderá exceder 5% do valor do contrato. Entretanto, as hipóteses em que obra, serviços e fornecimentos envol- verem alta complexidade técnica e riscos consideráveis, o limite da ga- rantia será de 10%. Se o contrato estiver como depositário dos bens da Administração Pública, será acrescido o valor desses bens (BRASIL, 1993). Com relação aos contratos administrativos, a Administração Pública poderá, conforme o regime jurídico: I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado; II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei; III - fiscalizar-lhes a execução; IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste; V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração ad- ministrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo. (BRASIL, 1993, artigo 58, grifos nossos) Sendo assim, é possível a alteração dos contratos posteriormente à sua assinatura, desde que haja justificativa efetiva dentro do previs- to em lei. A nulidade declarada do contrato administrativo opera de maneira retroativa e impede que se produzam efeitos jurídicos nele. Nesses casos de nulidade, desconstituem-se os efeitos jurídicos já pro- duzidos pelo contrato, como disposto no artigo 59 da Lei de Licitações (BRASIL, 1993). Vale ressaltar que a essa invalidade não poderá exonerar a Adminis- tração do dever de indenizar o contratado se, até a data da declaração de nulidade, houver executado parte da obra pública (BRASIL, 1993). Recomenda-se a leitura do livro Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, de Marçal Justen Filho, que se refere aos artigos mencionados ao longo deste capítulo. Das páginas 917 a 1.083, há uma análise detalhada das disposições contra- tuais e da sua execução. JUSTEN FILHO, M. 16. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. Leitura nulidade: ação que impede que o ato realizado com vícios insanáveis produza efeitos. Glossário 30 Planejamento e gestão de obras públicas São acrescidos, ainda, os prejuízos, desde que sejam regularmente com- provados, promovendo, portanto, a responsabilidade do causador, como disposto no parágrafo único do artigo 59 da referida legislação. Logo, é possível concluir que existem diversas consequências jurídi- cas ao inadimplemento dos contratos administrativos, o que enseja a responsabilidade à parte que deu causa ao não cumprimento. ensejar: ser a causa ou motivo; possibilitar; justificar. Glossário 2.2 Benefícios e custos Vídeo No que tange aos benefícios e aos custos da obra pública, também é necessário observar a Lei de Licitações. Salienta-se que, nos contratos administrativos, as cláusulas econômico-financeiras e monetárias só poderão ser alteradas mediante prévia concordância do contratado. Além disso, em alguns casos, é necessário que as cláusulas econômico- -financeiras sejam revistas para se manter o equilíbrio contratual, como dispõem os parágrafos 1º e 2º do artigo 58º (BRASIL, 1993). Uma das formas de analisar os preços unitários é determinar o BDI 1 paradigma. É necessário que se estabeleça a referida análise, visto que a maioria dos sistemas oficiais de preços apenas apresenta o custo direto da execução dos serviços. O BDI deve ser estabelecido tanto no projeto básico como nas propostas de preços ofertadas pelos licitantes, como estabelece a Súmula do TCU 258/2010 (BRASIL, 2012). O contrato administrativo realizado entre a Administração Pública e o terceiro que irá executar a empreitada apenas poderá ser alterado unilateralmente pela Administração: “a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; b) quando necessária a modificação do valor contra- tual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei” (BRASIL, 1993, grifos nos- sos). Portanto, nessas hipóteses, a Administração Pública poderá alte- rar o contrato sem que haja acordo com a parte contratada. É necessário haver o acordo entre a Administração Pública e a em- presa contratada nas seguintes hipóteses: a. quando conveniente a substituição da garantia de execução; b. quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verifi- cação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários; BDI é a sigla de Budget Difference Income (ou, em português, benefício e despesas indiretas). Trata-se de uma taxa incidente sobre o custo da obra para cobrir despesas indiretas do projeto. Ela é inerente à execução do projeto e pode ser constituída por valores de impostos, juros, lucros, entre outros. 1 Contratos de prestação de serviços e produtos 31 c. quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com re- lação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de fornecimento debens ou execução de obra ou serviço; d. para restabelecer a relação que as partes pactuaram ini- cialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou for- necimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico- -financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculá- veis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual (BRASIL, 1993, art. 65, inciso II, grifos nossos) Dessa forma, verifica-se que é essencial o diálogo entre a Administra- ção Pública e a empresa contratada, a fim de se reajustar a relação à medi- da que haja qualquer modificação do cenário pactuado anteriormente. A figura a seguir apresenta um resumo das formas de alteração dos contra- tos celebrados entre o setor privado e a Administração Pública. Verifica-se que pode haver alteração motivada tanto uni quanto bilateralmente. Modificação da forma de pagamento Regime de execução Substituição da garantia de execução Manutenção do equilíbrio econômico-financeiro Modificação do valor contratual Modificação do projeto Alteração contratual Unilateral Bilateral Fonte: Elaborada pela autora com base em Brasil, 1993. Nessas hipóteses, de acordo com o parágrafo 1º do artigo 65º (BRASIL, 1993), o contratado só ficará obrigado a aceitar os acréscimos ou supressões em até 25% do valor inicial atualizado do contrato. Nos casos particulares de reforma de edifício ou de equipamento, o limite será de 50% de acréscimo. Figura 1 Formas de alteração contratual 32 Planejamento e gestão de obras públicas O artigo 65 também determina que os limites estabelecidos não po- derão exceder o disposto anteriormente, salvo nos casos a seguir. O acordo celebrado preveja as formas de supressões entre as partes envolvidas. Não estiverem fixados os preços por meio do acordo entre as partes; será necessário então estabelecê-los, mediante acordo entre as partes, dentro dos limites estabelecidos no parágrafo 1º do artigo 65. O contratado já tiver comprado os materiais necessários para obras, bens ou serviços e houver a supressão deles; a Administração então deverá arcar com os custos, desde que comprovados, de maneira regular, e corrigidos pela atualização monetária. Ainda, é possível a indenização por qualquer outro dano causado ao contratado decorrente da supressão, mediante comprovante regular. Houver uma alteração posterior à apresentação da proposta, com efetiva repercussão nos preços do contrato, extinção ou criação de tributos ou encargos; será então necessária a revisão dos valores. Salienta-se que, para que haja a efetiva revisão, é necessário que seja comprovada a repercussão nos preços do contrato. Houver qualquer alteração no contrato, ocorrendo, portanto, o aumento dos encargos do contratado; deverá então ser restabelecido o equilíbrio econômico-financeiro por meio de aditamento ao instrumento contratual. Nesse sentido, ressalta-se que a alteração do valor do contrato, com o objetivo de reajustar os preços pactuados no próprio instrumento, não caracterizam a sua alteração, como elenca o parágrafo 7° do artigo 65º (BRASIL, 1993): § 7º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, compensa- ções ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam [sua] alteração, podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento. A referida alteração se dá tendo em vista as atualizações, com- pensações ou penalizações financeiras relativas às formas de paga- mento previstas. Contratos de prestação de serviços e produtos 33 2.3 Formas de empreitada Vídeo Tendo em vista as seções anteriores, vamos analisar agora quatro formas de empreitadas indiretas previstas na legislação brasileira, ob- servando as suas vantagens e desvantagens. 2.3.1 Empreitada por preço global Ela será realizada quando houver a execução da obra por preço certo. Acontecerá nas hipóteses em que é possível determinar qualita- tiva e quantitativamente a execução do objeto, durante a fase interna da licitação. Isto é, deverá ser realizada quando o preço da empreitada for presumível com precisão (BONATTO, 2018). Ainda segundo Bonatto (2018), a regra é que, nesse tipo de em- preitada, não poderá ser realizada a revisão das quantidades das obras ou dos serviços estabelecidos na execução dos contratos. Des- sa forma, não poderá ser requerida pela contratada a reivindicação de revisão de quantidades, e será levado em consideração o que está previsto na planilha de serviços e no cronograma físico-financeiro. A Administração Pública poderá alterar o contrato, entretanto não por mera revisão de quantidade. Só será alterado o valor pago à contratada na hipótese de modifi- cação do projeto ou das condições preestabelecidas para o desenvolvi- mento da obra. Portanto, como dispõe o artigo 47 da Lei de Licitações (BRASIL, 1993), os editais de licitação de obra pública precisam esta- belecer, obrigatoriamente, todos os elementos necessários no projeto básico. Assim, verifica-se a obrigatoriedade do fornecimento de todos os elementos e informações necessários para os licitantes antes da lici- tação, de modo que todos possam elaborar suas propostas de preços adequados com a obra e os serviços. Um caso em que é possível contratar empreitada por preço global é a hipótese de reforma em uma escola pública. A quantidade e a qua- lidade dos materiais utilizados para a troca do piso e pintura do imó- vel podem ser facilmente determinadas, assim como a mão de obra. Nesse caso, a obra pode ser contratada por um preço certo e total (BONATTO, 2018). 34 Planejamento e gestão de obras públicas As vantagens e desvantagens da empreitada por preço global, assim como sua indicação de uso, estão descritas na figura a seguir. Figura 2 Empreitada por preço global Desse modo, verifica-se que a empreitada por preço global é de gran- de vantagem para a Administração ao, como regra geral, estabelecer preços fixos ao contrato e restringir qualquer aditivo, facilitando, portan- to, a fiscalização do contrato. Entretanto, salienta-se que para ser realiza- da essa empreitada é necessário realizar um projeto básico com elevado grau de detalhamento, e que o percentual de risco do contratado é ele- vado, podendo, dessa forma, elevar o valor da proposta apresentada. 2.3.2 Empreitada por preço unitário A empreitada por preço unitário é contratada quando não é possí- vel definir a quantidade e/ou a qualidade do objeto a ser contratado. Há a previsão de revisão de quantidades nas hipóteses em que não é possível determinar os elementos necessários para a obra ou serviço público de maneira clara e precisa. obras e serviços executados “acima da terra” que apresentam boa precisão na estimativa de quantitativos, por exemplo, a construção de edificações e de linhas de transmissão; contratação de estudos e projetos; emissão de laudos; confecção de pareceres. • Simplicidade nas medições (por etapa concluída); • Menor custo para a Administração Pública na fiscalização da obra; • Valor final do contrato é, em princípio, fixo; • Restrição dos pleitos do construtor e da assinatura de aditivos; • Dificulta o jogo de planilha; • O construtor tem incentivo para concluir a obra no menor prazo possível; • Maior facilidade para a Administração controlar o cumprimento de prazos. • Como o construtor assume os riscos associados aos quantitativos de serviços, o valor global da proposta tende a ser superior se comparado com o regime de preços unitários; • Tendência de haver maior percentual de riscos e imprevistos no BDI do construtor;• A licitação e a contratação exigem projeto básico com elevado grau de detalhamento dos serviços (artigo 47 da Lei n. 8.666/1993). Desvantagens ! Indicada para: Vantagens Fonte: Adaptada de Brasil, 2012. Contratos de prestação de serviços e produtos 35 Um exemplo de uso dessa empreitada é a terraplanagem. Nesse caso, tendo em vista a instabilidade do terreno, não é possível determinar a quantidade de material que será necessária para o empreendimento. Portanto, deve ser realizada a contratação por metros cúbicos de terra, devendo ser paga exatamente a quantidade utilizada (BONATTO, 2018). As vantagens e desvantagens da empreitada por preço unitário, as- sim como suas indicações de uso, estão descritas na figura a seguir. Vantagens obras executadas “abaixo da terra” ou que apresentam incertezas intrínsecas nas estimativas de quantitativos, como em execução de fundações, serviços de terraplanagem, desmontes de rocha etc.; implantação, pavimentação, duplicação e restauração de rodovias; canais, barragens, adutoras, perímetros de irrigação, obras de saneamento; infraestrutura urbana; obras portuárias, dragagem e derrocamento; e reforma de edificações; contratação de serviços de gerenciamento e supervisão de obras. • Pagamento apenas pelos serviços efetivamente executados; • Menor risco para o construtor, na medida em que ele não assume risco quanto aos quantitativos de serviços (os riscos geológicos do construtor são minimizados); • A obra pode ser licitada com um projeto com grau de detalhamento inferior ao exigido para uma empreitada por preço global ou integral. • Rigor nas medições dos serviços; • Maior custo da Administração para acompanhamento da obra; • Favorecimento do jogo de planilha; • Necessidade frequente de aditivos para inclusão de novos serviços ou alteração dos quantitativos dos serviços contratuais; • O preço final do contrato é incerto, pois tem base na estimativa de quantitativos, que podem variar durante a execução da obra; • As partes precisam renegociar preços unitários quando ocorrem alterações relevantes dos quantitativos contratados; • O construtor não tem incentivo para concluir a obra no menor prazo possível; • Há maior dificuldade para a Administração Pública controlar o cumprimento de prazos. ! Indicada para: Desvantagens Fonte: Adaptada de Brasil, 2012. Conforme observado na Figura 3, há uma grande vantagem ao es- tabelecer a empreitada por preço unitário, uma vez que os riscos do construtor são minimizados exponencialmente. Entretanto, para a Ad- ministração, os custos são incertos, podendo acarretar um aumento do valor tendo em vista a necessidade de repactuar o contrato em diver- sos momentos. Figura 3 Empreitada por preço unitário 36 Planejamento e gestão de obras públicas 2.3.3 Tarefa No regime de tarefa, é contratada a mão de obra para a execução de pequenos trabalhos e, geralmente, os materiais são fornecidos pela contratante. A principal diferença em relação à empreitada por preço global e por preço unitário é a complexidade e/ou o tamanho da obra ou dos serviços a serem executados. O valor a ser pago pode ser tanto em preço unitário como em preço global (BONATTO, 2018). As vantagens e desvantagens da empreitada por tarefa, bem como suas indicações de uso, estão descritas na figura a seguir. Figura 4 Regime de tarefa Vantagens Desvantagens serviços de pequena proporção, ou seja, pequenos trabalhos. • Pagamento apenas da mão de obra com materiais fornecidos pelo contratado; • Pagamento realizado por preço unitário ou global. • Obras de valores elevados não podem ser objetos de tarefa. ! Indicada para: Fonte: Elaborada pela autora. Percebe-se, assim, que esse regime pode ser aplicado apenas nas hipóteses de realização de pequenos trabalhos. Ressalta-se que os ma- teriais são fornecidos pelo contratante em praticamente todos os tipos de empreitada, contudo, no regime de tarefa, é o contratado quem o fornece. 2.3.4 Empreitada integral Ela é realizada quando há a necessidade de contratar um empreendi- mento em sua integralidade. Compreende todas as etapas da obra, ser- viços e instalações necessárias, que serão realizadas até a entrega, sob a responsabilidade do contratante (BRASIL, 1993). A contratada deve realizar a obra de maior vulto e complexidade, incluindo serviços necessários, ma- teriais e equipamentos, e tem liberdade para administrar e executar a obra, desenvolver o projeto executivo, entre outros direitos (BONATTO, 2018). Contratos de prestação de serviços e produtos 37 Um exemplo de empreitada integral é a construção de uma usina hidroelétrica. Esta é realizada por meio da empreitada integral tendo em vista que o empreendimento precisa ser construído de modo que esteja apto a funcionar. Portanto, se realiza a obra como um todo, com a sua entrega em pleno funcionamento. As vantagens e desvantagens da empreitada integral, bem como suas indicações de uso, estão descritas na figura a seguir. Figura 5 Empreitada integral Vantagens Desvantagens via de regra, empreendimentos extremamente complexos, que utilizam tecnologia de ponta ou que exigem conhecimentos e tecnologias que não estão disponíveis para uma única empresa, por exemplo, subestações de energia; refinarias, plantas petroquímicas; instalações industriais; oleodutos, gasodutos; usinas nucleares, hidroelétricas e termoelétricas; e estações de bombeamento. • As mesmas da empreitada por preço global; • O empreendimento é entregue pronto para operação; • O proprietário da obra tem garantias sobre o desempenho/funcionamento do projeto; • O contratante tem maior garantia sobre o prazo de entrega da obra; • A interface entre projetistas, executores de obras civis, fornecedores de equipamentos e responsáveis pela montagem é facilitada; • O número de litígios entre as partes e pleitos do construtor diminui; • Clara definição da responsabilidade pela perfeita execução contratual. • As mesmas da empreitada por preço global; • O preço final do contrato tende a ser mais elevado, pois o construtor assume riscos diversos: geológico, hidrológico, de performance do empreendimento e de desempenho dos equipamentos; • O preço final do contrato também é mais elevado devido à necessidade de o construtor gerenciar o empreendimento como um todo. ! Indicada para: Fonte: Adaptada de Brasil, 2012. Podemos observar, portanto, que a empreitada integral é umas das formas de diminuir o litígio com maiores garantias de que, efetivamen- te, a obra será entregue em pleno funcionamento. A principal desvan- tagem é que, havendo elevado grau de responsabilidade da contratada, o valor do empreendimento pode ser elevado. Quais são as vantagens observadas em cada um dos quatro regimes de empreitada existentes na Lei de Licitações? Cite um exemplo de uso de cada regime. Atividade 2 38 Planejamento e gestão de obras públicas 2.4 Cronograma físico-financeiro e responsabilidade fiscal Vídeo Para a realização de uma obra pública, é necessário programar os custos de gastos do empreendimento. O artigo 8º da Lei n. 8.666 estabelece que “a execução das obras e dos serviços deve programar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus custos atual e final e consi- derados os prazos de sua execução” (BRASIL, 1993). Portanto, de acordo com o Tribunal de Contas da União, é necessá- rio que se estabeleça um cronograma físico-financeiro da obra pública (BRASIL, 2012), o qual é, na fase de planejamento, um dos elementos constituintes do projeto básico, em que deve constar a previsão de to- das as etapas da obra e seu respectivo prazo. Esse cronograma deve contemplar a avaliação do prazo proposto para a execução da obra. Além disso, deve mencionar a distribuição dos serviços ao longo do tempo, o porte e o tipo de empreendimento. A avaliação da compatibilidade do cronograma será realizada pela equi- pe de auditoria com a dotação orçamentária da obra e deverá contem- plar o valor total da construção, incluindoo BDI (BRASIL, 2012). O documento em que é apresentado o relatório da avaliação do cronograma físico-financeiro da obra é de suma importância, pois, por ser um documento técnico, por meio dele o fiscal poderá realizar as medições previstas para cada etapa da conclusão. Além disso, deve- rá ser justificada e autorizada toda alteração realizada no cronograma pelo ente competente e, consequentemente, será realizado aditivo ao contrato. Se houver a prorrogação do prazo, será elaborado um novo cronograma com as necessárias alterações (BONATTO, 2018). Como regra geral, a formulação do cronograma fica a cargo do ór- gão contratante, para o adequado planejamento da obra, sendo esta- belecido, nesse momento, os prazos para a execução das parcelas de serviços e seus pagamentos respectivos. É possível, ainda, que a con- tratada tenha o encargo do planejamento adequado, mas com a apro- vação da Administração (BONATTO, 2018). Verifica-se a exigência do cronograma para que as obras ou serviços sejam licitados, como estabelece o artigo 7º da Lei de Licitações: Quais são os elementos essenciais para o cronograma físico-financeiro da obra pública? Atividade 3 Contratos de prestação de serviços e produtos 39 § 2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando: I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do pro- cesso licitatório; II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários; III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma; IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas es- tabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Consti- tuição Federal, quando for o caso. (BRASIL, 1993) Averiguamos, no estudo acerca das alterações dos contratos admi- nistrativos, que uma das hipóteses de alteração por acordo das par- tes é quando se faz necessário modificar a forma de pagamento. Esse caso poderá acontecer apenas por imposição de circunstâncias super- venientes. Além disso, é “vedada a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente con- traprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço” (BRASIL, 1993, artigo 65, inciso II, alínea c). O Tribunal de Contas da União afirma que deve ser realizado proce- dimento de auditoria para fiscalizar se os cronogramas físico-financeiros, propostos pelo licitante vencedor e as demais empresas participantes, são adequados. É importante verificar, nessa situação de mudança, se há uma manipulação dos preços unitários do contrato. Para tanto, é necessário cotejar os preços unitários de serviços iniciais e verificar se há compatibi- lidade com os mercados e as demais empresas licitantes (BRASIL, 2012). A responsabilidade fiscal na gestão das finanças públicas está pre- vista na Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. O conceito estabelecido nessa lei para a responsabilidade na gestão fiscal: pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das con- tas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. (BRASIL, 2000, art. 1º, § 1º) 40 Planejamento e gestão de obras públicas É responsabilidade dos analistas do Tribunal de Contas verificar im- propriedades, irregularidades ou ilegalidades detectadas na auditoria. A execução da auditoria se dará por meio do projeto básico visto que, a partir desse momento, são estabelecidas as normas que serão obser- vadas durante o processo. Verifica-se que, na lei complementar de responsabilidade na ges- tão fiscal de finanças públicas, está previsto que qualquer despesa será acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro e de declaração da despesa, resultando como condição prévia para licitação e execução de obras: Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação gover- namental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. [...] § 4º As normas do caput constituem condição prévia para: I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou exe- cução de obras. (BRASIL, 2000) Dessa forma, o controle de gastos com a obra pública durante a licitação deverá ser feito levando em consideração o cronograma físico-financeiro do empreendimento. Ou seja, os valores que serão gastos na obra pública precisam ser apresentados no cronograma. Há, portanto, a promoção da transparência dos gastos públicos, visto que a utilização de verba pública deve ser de conhecimento de todos, de modo que seja conduzida a obra pública com responsabilidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos, neste capítulo, quais são os elementos essenciais para um contrato administrativo, o qual é firmado entre a Administração Pública e uma empresa privada, para a execução de uma obra pública. Verificamos que é essencial que a transparência seja mantida durante a execução do con- trato, uma vez que é utilizado dinheiro público para a realização do projeto. Discorremos sobre as formas de alteração de contrato e os elementos necessários para que a obra seja realizada por acordo entre as partes Sugere-se a leitura do Relatório de Fiscalização TC n. 006.111/2016-5 do Tribunal de Contas da União, pois é importante que sejam observados os passos adequados até que se tenha o contrato administrativo, ou seja, a fase preliminar e a con- tratação efetiva. Outro ponto essencial que deve ser observado nessa leitura são as questões referentes à auditoria realizada no contrato administrativo. Disponível em: https://www.cama- ra.leg.br/internet/comissao/index/ mista/orca/orcamento/OR2017/ Fiscobras2016/anexo/SINTETICOS/ Sintético_2016_33.pdf. Acesso em: 27 mar. 2020. Leitura Contratos de prestação de serviços e produtos 41 ou por iniciativa do Poder Público. Concluímos que, apenas em situações excepcionais, o contrato poderá ser alterado de maneira unilateral, como no caso de alteração do projeto para melhoria da qualificação técnica e modificação dos valores contratuais, visando à quantidade do objeto. Nas demais situações, qualquer alteração deverá ser realizada mediante acor- do entre as partes. Visualizamos os tipos de empreitada, levando em consideração a forma de pagamento da obra. Identificamos que, em alguns empreendimentos, é mais vantajoso para os cofres públicos contratarem por preço global e, em outros, por preço unitário. Enfim, a maneira mais adequada para o ente público depende da espécie de empreendimento que será contratado. Por fim, analisamos o cronograma físico-financeiro da obra, que é o mecanismo pelo qual se fiscalizará o empreendimento. Dessa forma, a responsabilidade fiscal da obra é efetivada, uma vez que os elementos do cronograma são preestabelecidos no plano de obra. Portanto, será responsabilizada a parte que descumprir qualquer cláusula do contrato. REFERÊNCIAS BONATTO, H. Governança e gestão de obras públicas: do planejamento à pós-ocupação. Belo Horizonte: Fórum, 2018. BRASIL. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 22 jun. 1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L8666compilado.htm.
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