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Resolução – Lista 1 Problema 1: Dados normais: Pressão sanguínea: 𝑃𝑖 = 1,5 × 10 4 𝑃𝑎. Velocidade do sangue: 𝑣𝑖 = 0,41 𝑚/𝑠. Diâmetro do vaso: 𝑑𝑖 = 1,4 𝑐𝑚. Dados no vaso obstruído: Redução do diâmetro em 25%: 𝑑𝑓 = 0,75 × 𝑑𝑖. Densidade do sangue: 𝜌 = 1,06 × 103 𝑘𝑔/𝑚3. Vamos encontrar primeiro a velocidade do sangue através do vaso obstruído. Para isso, usamos a equação da continuidade: 𝐴𝑖𝑣𝑖 = 𝐴𝑓𝑣𝑓 A área da seção circular é dada por 𝐴 = 𝜋𝑟2 = 𝜋 ( 𝑑 2 ) 2 = 𝜋𝑑2 4 Assim, 𝜋𝑑𝑖 2 4 𝑣𝑖 = 𝜋𝑑𝑓 2 4 𝑣𝑓 → 𝑣𝑓 = ( 𝑑𝑖 𝑑𝑓 ) 2 𝑣𝑖 Vamos substituir os valores: 𝑣𝑓 = ( 1,4 𝑐𝑚 0,75 × 1,4 𝑐𝑚 ) 2 × 0,41 𝑚/𝑠 Como 𝑑𝑖, 𝑑𝑓 e 𝑣𝑖 têm todos os mesmo número de algarismos significativos (dois), 𝑣𝑓 deve ter dois algarismos significativos: 𝑣𝑓 = 0,73 𝑚/𝑠 Agora, vamos encontrar a pressão sistólica nesse vaso obstruído. Para isso, usamos a equação de Bernoulli: 𝑃𝑖 + 𝜌𝑔ℎ𝑖 + 𝜌𝑣𝑖 2 2 = 𝑃𝑓 + 𝜌𝑔ℎ𝑓 + 𝜌𝑣𝑓 2 2 Como ℎ𝑖 = ℎ𝑓 (o paciente se encontra deitado), podemos escrever: 𝑃𝑖 + 𝜌𝑣𝑖 2 2 = 𝑃𝑓 + 𝜌𝑣𝑓 2 2 → 𝑃𝑓 = 𝑃𝑖 + 𝜌 2 (𝑣𝑖 2 − 𝑣𝑓 2) Como 𝑣𝑖 e 𝑣𝑓 têm dois significativos, escrevemos 𝑣𝑖 2 = (0,41 𝑚 𝑠⁄ )2 = 0,17 𝑚2/𝑠2 𝑣𝑓 2 = (0,73 𝑚 𝑠⁄ )2 = 0,53 𝑚2/𝑠2 Portanto, usando a regra do menos número de casa decimais para soma/subtração: 𝑣𝑖 2 − 𝑣𝑓 2 = (0,17 − 0,53) 𝑚2 𝑠2⁄ = −0,36 𝑚2/𝑠2 Logo, 𝜌 2 (𝑣𝑖 2 − 𝑣𝑓 2) = − 1 2 × 1,06 × 103 𝑘𝑔 𝑚3 × 0,36 𝑚2 𝑠2 Como 𝜌 tem três significativos e (𝑣𝑖 2 − 𝑣𝑓 2) tem dois, o resultado da conta acima deve ser dado com dois algarismos significativos: 𝜌 2 (𝑣𝑖 2 − 𝑣𝑓 2) = −0,19 × 103 𝑘𝑔 𝑚𝑠2 = −1,9 × 102 𝑁 𝑚2 = −1,9 × 102 𝑃𝑎 Com isso, temos 𝑃𝑓 − 𝑃𝑖 = 𝜌 2 (𝑣𝑖 2 − 𝑣𝑓 2) = −1,9 × 102 𝑃𝑎 Ou ainda, Δ𝑃 = 𝑃𝑓 − 𝑃𝑖 = −1,9 × 10 2 𝑃𝑎 Vemos que a redução do diâmetro do vaso causa um aumento da velocidade e uma redução da pressão sanguínea. Problema 2: Dados: Altura da pessoa: 𝐻 = 1,85 𝑚. Altura do coração: ℎ𝑐𝑜𝑟 = 1,50 𝑚. Altura do meio da cabeça: ℎ𝑐𝑎𝑏 = ℎ𝑐𝑜𝑟 + 25 𝑐𝑚 = 1,50 𝑚 + 0,25 𝑚 = 1,75 𝑚. Pressão média no coração: 𝑃𝑐𝑜𝑟 = 100 𝑚𝑚𝐻𝑔. Densidade do sangue: 𝜌 = 1,06 × 103 𝑘𝑔/𝑚3. Para resolver o problema, temos que supor a velocidade do sangue não muda de modo que a equação de Bernoulli possa ser escrita como 𝑃1 + 𝜌𝑔ℎ1 = 𝑃2 + 𝜌𝑔ℎ2 a) Para encontrar a pressão média nos pés da pessoa, escrevemos 𝑃𝑝𝑒𝑠 + 𝜌𝑔ℎ𝑝𝑒𝑠 = 𝑃𝑐𝑜𝑟 + 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑜𝑟 Como ℎ𝑝𝑒𝑠 = 0, obtemos 𝑃𝑝𝑒𝑠 = 𝑃𝑐𝑜𝑟 + 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑜𝑟 Vamos calcular 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑜𝑟: 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑜𝑟 = 1,06 × 10 3 𝑘𝑔 𝑚3 × 9,8 𝑚 𝑠2 × 1,50 𝑚 Como 𝜌 e ℎ𝑐𝑜𝑟 têm três significativos e 𝑔 tem apenas dois, o resultado da conta acima deve ser dado com apenas dois algarismos significativos: 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑜𝑟 = 16 × 10 3 𝑘𝑔 𝑚𝑠2 = 16 × 103 𝑁 𝑚2 = 16 × 103 𝑃𝑎 Por outro lado, sabemos que 1 𝑃𝑎 = 7,5006 × 10−3 𝑚𝑚𝐻𝑔, de modo que 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑜𝑟 = 16 × 10 3 × 7,5006 × 10−3 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 1,2 × 102 𝑚𝑚𝐻𝑔 Aqui vale dizer que o aluno poderia fazer a conversão antes de arredondar os significativos, obtendo o mesmo resultado: 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑜𝑟 = 1,06 × 10 3 × 9,8 × 1,50 × 7,5006 × 10−3 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 116,874349 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 1,2 × 102 𝑚𝑚𝐻𝑔 Às vezes, o momento em que o arredondamento é feito pode mudar um pouco o resultado, porém eles sempre vão concordar considerando o algarismo duvidoso. Feito isso, podemos calcular a pressão nos pés: 𝑃𝑝𝑒𝑠 = 𝑃𝑐𝑜𝑟 + 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑜𝑟 = 100 𝑚𝑚𝐻𝑔 + 1,2 × 10 2 𝑚𝑚𝐻𝑔 = (1,00 + 1,2) × 102 𝑚𝑚𝐻𝑔 Considerando a regra dos decimais para soma/subtração, temos que 1,00 + 1,2 = 2,2, de modo que 𝑃𝑝𝑒𝑠 = 2,2 × 10 2 𝑚𝑚𝐻𝑔 b) Agora, vamos calcular a pressão no meio da cabeça: 𝑃𝑐𝑎𝑏 + 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑎𝑏 = 𝑃𝑐𝑜𝑟 + 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑜𝑟 𝑃𝑐𝑎𝑏 = 𝑃𝑐𝑜𝑟 − 𝜌𝑔(ℎ𝑐𝑎𝑏 − ℎ𝑐𝑜𝑟) Temos que ℎ𝑐𝑎𝑏 − ℎ𝑐𝑜𝑟 = 1,75 𝑚 − 1,50 𝑚 = 0,25 𝑚 Assim, 𝜌𝑔(ℎ𝑐𝑎𝑏 − ℎ𝑐𝑜𝑟) = 1,06 × 10 3 𝑘𝑔 𝑚3 × 9,8 𝑚 𝑠2 × 0,25 𝑚 Naturalmente, o resultado dessa conta deve ter dois algarismos significativos. Primeiro, vamos fazer a conta em 𝑃𝑎: 𝜌𝑔(ℎ𝑐𝑎𝑏 − ℎ𝑐𝑜𝑟) = 2,6 × 10 3 𝑃𝑎 Daí, passando para 𝑚𝑚𝐻𝑔: 𝜌𝑔(ℎ𝑐𝑎𝑏 − ℎ𝑐𝑜𝑟) = 2,6 × 10 3 × 7,5006 × 10−3 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 20 𝑚𝑚𝐻𝑔 Se você preferir fazer o corte dos significativos apenas depois da conversão de unidades: 𝜌𝑔(ℎ𝑐𝑎𝑏 − ℎ𝑐𝑜𝑟) = 1,06 × 10 3 × 9,8 × 0,25 × 7,5006 × 10−3 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 19,47906 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 19 𝑚𝑚𝐻𝑔 Repare que a escolha do momento do arredondamento afeta o valor final encontrado, mas ambos os resultados concordam entre si se considerarmos que a incerteza está no segundo significativo. Considerando o primeiro método de arredondamento: 𝑃𝑐𝑎𝑏 = 100 𝑚𝑚𝐻𝑔 − 20 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 80 𝑚𝑚𝐻𝑔 Pelo segundo método arredondamento: 𝑃𝑐𝑎𝑏 = 100 𝑚𝑚𝐻𝑔 − 19 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 81 𝑚𝑚𝐻𝑔 Problema 3: Dados iniciais: Diâmetro da aorta: 𝑑𝑖 = 1,4 𝑐𝑚. Velocidade média do sangue na aorta: 𝑣𝑖 = 28 𝑐𝑚/𝑠. a) A área total das artérias principais que se ramificam da aorta é 𝐴𝑓 = 18 𝑐𝑚 2. Todo o sangue que passa pela aorta é distribuído por essas artérias principais, de modo que vale a equação da continuidade: 𝐴𝑖𝑣𝑖 = 𝐴𝑓𝑣𝑓 A área inicial pode ser calculada por 𝐴𝑖 = 𝜋𝑟𝑖 2 = 𝜋 ( 𝑑𝑖 2 ) 2 = 𝜋𝑑𝑖 2 4 = 3,1415 × (1,4 𝑐𝑚)2 4 = 1,5 𝑐𝑚2 Como 𝑑𝑖 tem dois significativos, 𝐴𝑖 também deve ter dois significativos. Desta forma, podemos calcular 𝑣𝑓 por 𝑣𝑓 = ( 𝐴𝑖 𝐴𝑓 ) 𝑣𝑖 = ( 1,5 𝑐𝑚2 18 𝑐𝑚2 ) × 28 𝑐𝑚 𝑠⁄ Como todas as grandezas têm dois significativos: 𝑣𝑓 = 2,3 𝑐𝑚/𝑠 Uma outra forma de resolver o problema é fazer o arredondamento só no final. Para isso, escrevemos 𝑣𝑓 = ( 𝐴𝑖 𝐴𝑓 ) 𝑣𝑖 = 1 𝐴𝑓 ⋅ 𝜋𝑑𝑖 2 4 𝑣𝑖 = 3,1415 × (1,4 𝑐𝑚)2 4 × 18 𝑐𝑚2 × 28 𝑐𝑚 𝑠⁄ = 2,394591 𝑐𝑚 𝑠⁄ = 2,4 𝑐𝑚/𝑠 Os dois resultados estão corretos. b) A vazão é dada por 𝜑 = 𝐴𝑣. Como 𝐴𝑖𝑣𝑖 = 𝐴𝑓𝑣𝑓, segue que 𝜑𝑖 = 𝜑𝑓, isto é, a vazão total é a mesma na aorta e nas artérias primárias. Assim, basta a gente fazer 𝜑 = 𝐴𝑖𝑣𝑖 = 1,5 𝑐𝑚 2 × 28 𝑐𝑚 𝑠 = 42 𝑐𝑚3 𝑠 Para converter para litros/minuto, usamos que 1 𝐿 = 103 𝑐𝑚3 e 1 𝑚𝑖𝑛 = 60 𝑠: 𝜑 = 42 𝑐𝑚3 𝑠 × 1 𝐿 103 𝑐𝑚3 × 60 𝑠 1 𝑚𝑖𝑛 = 2,5 𝐿/𝑚𝑖𝑛 Uma outra forma de fazer a conta é escrever 𝐴𝑖 = 𝜋𝑑𝑖 2/4: 𝜑 = 3,1415 × (1,4)2 4 × 28 × 60 103 𝐿 𝑚𝑖𝑛⁄ = 2,586 𝐿 𝑚𝑖𝑛⁄ = 2,6 𝐿/𝑚𝑖𝑛 c) Assim como a vazão 𝜑 = 𝐴𝑖𝑣𝑖 = 𝐴𝑓𝑣𝑓 é a mesma na aorta e no total das artérias primárias, a vazão deve ser a mesma nos capilares. Assim, 𝜑 = 𝐴𝑐𝑎𝑝𝑣𝑐𝑎𝑝 → 𝐴𝑐𝑎𝑝 = 𝜑 𝑣𝑐𝑎𝑝 Vamos usar 𝜑 = 42 𝑐𝑚3/𝑠 (calculado no item (b)) e 𝑣𝑐𝑎𝑝 = 4,6 × 10 −2 𝑐𝑚/𝑠: 𝐴𝑐𝑎𝑝 = 42 𝑐𝑚3 𝑠 4,6 × 10−2 𝑐𝑚 𝑠 Assim, 𝐴𝑐𝑎𝑝 = 9,1 × 10 2 𝑐𝑚2 Aqui vale uma observação interessante: conforme os vasos sanguíneos se ramificam, a área efetiva aumenta muito, fazendo com que a velocidade do sangue diminua bastante. Isso é bastante importante pois são nos capilares que ocorrem as trocas gasosas do sangue e o fato de a velocidade ser mais baixa neles contribui para o bom funcionamento desse processo. Problema 4: Dados iniciais: Densidade do sangue: 𝜌 = 1,06 × 103 𝑘𝑔/𝑚3. Viscosidade do sangue: 𝜂 = 3,00 × 10−3 𝑃𝑎 ⋅ 𝑠. a) Temos que a velocidade do sangue é 𝑣 = 0,070 𝑚/𝑠 (dois significativos) e o raio da artéria 𝑟 = 1,40 𝑐𝑚. Isso faz com que o diâmetro seja 𝑑= 2,80 𝑐𝑚 = 2,80 × 10−2 𝑚. Com isso, podemos calcular o número de Reynolds: 𝑅𝑒 = 𝜌𝑣𝑑 𝜂 = 1,06 × 103 𝑘𝑔 𝑚3 × 0,070 𝑚 𝑠 × 2,80 × 10 −2𝑚 3,00 × 10−3 𝑃𝑎 ⋅ 𝑠 O resultado precisa ser apresentado com dois algarismos significativos: 𝑅𝑒 = 0,069 × 104 𝑘𝑔 𝑚𝑠2 𝑃𝑎 Como 𝑃𝑎 = 𝑘𝑔/𝑚𝑠2, vemos que o número de Reynolds é adimensional (não tem unidade): 𝑅𝑒 = 6,9 × 102 Vemos claramente que 𝑅𝑒 < 2300, o que caracteriza o fluxo como laminar. b) Supondo que todo sangue da artéria é encaminhado para um capilar com diâmetro 𝑑𝑐𝑎𝑝, pela equação da continuidade, podemos escrever 𝐴𝑣 = 𝐴𝑐𝑎𝑝𝑣𝑐𝑎𝑝 → 𝜋𝑑2 4 𝑣 = 𝜋𝑑𝑐𝑎𝑝 2 4 𝑣𝑐𝑎𝑝 → 𝑣𝑐𝑎𝑝 = ( 𝑑 𝑑𝑐𝑎𝑝 ) 2 𝑣 Já conhecemos 𝑣 = 0,070 𝑚/𝑠 e 𝑑 = 2,80 𝑐𝑚. Substituindo na expressão do número de Reynolds: 𝑅𝑒𝑐𝑎𝑝 = 𝜌𝑣𝑐𝑎𝑝𝑑𝑐𝑎𝑝 𝜂 = 𝜌 𝜂 [( 𝑑 𝑑𝑐𝑎𝑝 ) 2 𝑣] 𝑑𝑐𝑎𝑝 Com isso, podemos escrever 𝑅𝑒𝑐𝑎𝑝 = 𝜌𝑑2𝑣 𝜂𝑑𝑐𝑎𝑝 = 𝜌𝑑𝑣 𝜂 × 𝑑 𝑑𝑐𝑎𝑝 Podemos identificar 𝜌𝑑𝑣/𝜂 com o número de Reynolds que calculamos no item (a) para a artéria, de modo que 𝑅𝑒𝑐𝑎𝑝 = 𝑅𝑒 × 𝑑 𝑑𝑐𝑎𝑝 Para que o fluxo no capilar seja turbulento, devemos ter 𝑅𝑒𝑐𝑎𝑝 > 4000, de modo que 𝑅𝑒 × 𝑑 𝑑𝑐𝑎𝑝 > 4000 Isolando 𝑑𝑐𝑎𝑝: 𝑑𝑐𝑎𝑝 < 𝑅𝑒 × 𝑑 4000 = 6,9 × 102 4000 × 2,80 𝑐𝑚 Logo, 𝑑𝑐𝑎𝑝 < 0,48 𝑐𝑚 Com isso, bastaria que o raio do capilar seja menor que 0,24 𝑐𝑚 para que o fluxo fosse turbulento. Se você parar para pensar um pouco vai perceber que este resultado é bastante absurdo. Discutiremos isso no item (c). c) Capilares reais têm um raio de cerca de 5 − 10 𝜇𝑚, muito menores do que o valor do item (b), porém o fluxo dentro deles não se torna turbulento. O erro do que foi feito no item (b) foi considerar que todo o sangue que flui por uma artéria é escoado para UM ÚNICO capilar. Se este fosse o caso, a diminuição do raio desse único capilar faria com que a velocidade do sangue aumentasse dentro dele, o que já sabemos ser falso dado que a velocidade do sangue no capilar é reduzida (ver problema 3). Na verdade, uma artéria se ramifica em muitos (muitos mesmo) capilares, de modo que quando escrevemos 𝐴𝑣 = 𝐴𝑐𝑎𝑝𝑣𝑐𝑎𝑝, 𝐴𝑐𝑎𝑝 não deve ser a área de um único capilar, mas sim a área total de todos os capilares que se ramificam da artéria. A justificativa acima já bastava para responder a questão, mas vou fazer uma consideração extra aqui. Vamos supor que todos os capilares tenham o mesmo diâmetro 𝑑𝑐𝑎𝑝. Supondo que temos 𝑁 capilares, segue que 𝐴𝑐𝑎𝑝 = 𝑁 𝜋𝑑𝑐𝑎𝑝 2 4 Assim, 𝜋𝑑2 4 𝑣 = 𝑁 𝜋𝑑𝑐𝑎𝑝 2 4 𝑣𝑐𝑎𝑝 → 𝑣𝑐𝑎𝑝 = 1 𝑁 ( 𝑑 𝑑𝑐𝑎𝑝 ) 2 𝑣 Logo, 𝑅𝑒𝑐𝑎𝑝 = 𝜌𝑣𝑐𝑎𝑝𝑑𝑐𝑎𝑝 𝜂 = 𝜌 𝜂 [( 𝑑 𝑑𝑐𝑎𝑝 ) 2 𝑣 𝑁 ] 𝑑𝑐𝑎𝑝 = 𝜌𝑑𝑣 𝜂 × 𝑑 𝑁𝑑𝑐𝑎𝑝 Portanto, 𝑅𝑒𝑐𝑎𝑝 = 𝑅𝑒 × 𝑑 𝑁𝑑𝑐𝑎𝑝 Para que o fluxo seja turbulento, teríamos que ter 𝑅𝑒𝑐𝑎𝑝 > 4000, de modo que 𝑅𝑒 × 𝑑 𝑁𝑑𝑐𝑎𝑝 > 4000 → 𝑑𝑐𝑎𝑝 < 𝑅𝑒 × 𝑑 4000 𝑁 Substituindo os valores, encontramos 𝑑𝑐𝑎𝑝 < 0,48 𝑐𝑚 𝑁 Como 𝑁 é um número muito muito muito muito muito grande, isso faz com que o diâmetro do capilar tenha que ser muito muito muito muito menor que 0,48 𝑐𝑚 (muitas ordens de grandeza menor) para que o fluxo seja turbulento. Assim, para os raios típicos da ordem de 5 − 10 𝜇𝑚, o escoamento dos vasos capilares não é turbulento. Problema 5: Dados: Altura que o soro precisa cair para chegar até a agulha: 𝐻 = 1,8 𝑚. Diâmetro do capilar do tubo que leva o soro da bolsa até a agulha: 𝑑 = 0,80 𝑚𝑚 = 8,0 × 10−4 𝑚. Aceleração da gravidade: 𝑔 = 9,8 𝑚/𝑠2. Para calcular o fluxo (ou vazão) no ponto em que a agulha está acoplada ao capilar, usamos a expressão 𝜑 = 𝐴𝑣 Nesta expressão, 𝑣 é a velocidade do soro no ponto em que a agulha está acoplada ao capilar e 𝐴 é a área da seção transversal do capilar. Temos que primeiro encontrar a velocidade 𝑣 e, para isso, usaremos a equação de Bernoulli: 𝑃𝑐𝑖𝑚𝑎 + 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑖𝑚𝑎 + 𝜌𝑣𝑐𝑖𝑚𝑎 2 2 = 𝑃𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 + 𝜌𝑔ℎ𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 + 𝜌𝑣𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 2 2 Como não há razão para assumir uma diferença de pressão entre os pontos, temos 𝑃𝑐𝑖𝑚𝑎 = 𝑃𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜. Além disso, ℎ𝑐𝑖𝑚𝑎 = 𝐻 = 1,8 𝑚, ℎ𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 = 0, 𝑣𝑐𝑖𝑚𝑎 = 0 e 𝑣𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 = 𝑣. Assim, 𝜌𝑔𝐻 = 𝜌𝑣2 2 → 𝑣 = √2𝑔𝐻 Logo, 𝑣 = √2 × 9,8 × 1,8 = 5,9 𝑚/𝑠 Por outro lado, a área da seção transversal é dada por 𝐴 = 𝜋 ( 𝑑 2 ) 2 = 𝜋𝑑2 4 = 3,1415 × (8,0 × 10−4 𝑚)2 4 = 5,0 × 10−7 𝑚2 Assim, 𝜑 = 𝐴𝑣 = 5,0 × 10−7 𝑚2 × 5,9 𝑚 𝑠 = 2,9 × 10−6 𝑚3/𝑠 Vamos converter essa grandeza para 𝑚𝐿/𝑚𝑖𝑛. Para isso, lembramos que 1 𝑚𝐿 = 1 𝑐𝑚3 = (1 𝑐𝑚)3 = (10−2 𝑚)3 = 10−6 𝑚3 Portanto, 𝜑 = 2,9 × 10−6 𝑚3 𝑠 × 1 𝑚𝐿 10−6 𝑚3 × 60 𝑠 1 𝑚𝑖𝑛 = 1,7 × 101 𝑚𝐿/𝑚𝑖𝑛 Nas contas acima, eu fui fazendo os arredondamentos intermediários. Podemos fazer a conta com o arredondamento só no final, obtendo: 𝜑 = 3,1415 × (8,0 × 10−4)2 4 × √2 × 9,8 × 1,8 × 60 10−6 𝑚𝐿 𝑚𝑖𝑛 = 179,1 𝑚𝐿 𝑚𝑖𝑛⁄ = 1,8 × 101 𝑚𝐿 𝑚𝑖𝑛⁄ Problema 6: a) Dados: Diâmetro do vaso: 𝑑 = 1,8 𝑚𝑚 = 0,18 𝑐𝑚. Velocidade do sangue: 𝑣 = 2,4 𝑐𝑚/𝑠. Viscosidade do sangue: 𝜂 = 3,0 × 10−3 𝑃𝑎 ⋅ 𝑠. Comprimento do vaso: 𝐿 = 14 𝑐𝑚. Para resolver o problema, usamos a equação de Poiseuille: 𝜑 = 𝜋 Δ𝑃 𝑟4 8𝜂𝐿 → Δ𝑃 = 8𝜂𝐿𝜑 𝜋𝑟4 Escrevendo 𝑟 = 𝑑/2, temos Δ𝑃 = 8𝜂𝐿𝜑 𝜋 ( 𝑑 2) 4 = 8𝜂𝐿𝜑 𝜋𝑑4 16 → Δ𝑃 = 128𝜂𝐿𝜑 𝜋𝑑4 Por outro lado, a vazão é dada por 𝜑 = 𝐴𝑣 = 𝜋𝑟2𝑣 = 𝜋 ( 𝑑 2 ) 2 𝑣 = 𝜋𝑑2𝑣 4 Substituindo na expressão de Δ𝑃: Δ𝑃 = 128𝜂𝐿 𝜋𝑑4 × 𝜋𝑑2𝑣 4 → Δ𝑃 = 32𝜂𝐿𝑣 𝑑2 Agora, vamos substituir os valores: Δ𝑃 = 32 × 3,0 × 10−3 𝑃𝑎 ⋅ 𝑠 × 14 𝑐𝑚 × 2,4 𝑐𝑚 𝑠 (0,18 𝑐𝑚)2 O resultado com dois algarismos significativos é Δ𝑃 = 1,0 × 102 𝑃𝑎 Para converter para 𝑚𝑚𝐻𝑔, usamos que 1 𝑃𝑎 = 7,5006 × 10−3 𝑚𝑚𝐻𝑔: Δ𝑃 = 1,0 × 102 × 7,5006 × 10−3 = 7,5 × 10−1 𝑚𝑚𝐻𝑔 Ou ainda, Δ𝑃 = 0,75 𝑚𝑚𝐻𝑔 Na conta acima, eu fiz o arredondamento dos significativos antes da conversão de unidades. Se você deixar para fazer o arredondamento apenas no final, obterá Δ𝑃 = 32 × 3,0 × 10−3 × 14 × 2,4 (0,18)2 × 7,5006 × 10−3 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 0,7467264 𝑚𝑚𝐻𝑔 Fazendo o arredondamento para dois significativos: Δ𝑃 = 0,75 𝑚𝑚𝐻𝑔 b) Agora, temos que considerar que o vaso sofre uma constrição tendo seu diâmetro reduzido. CUIDADO: ao mudar o diâmetro do vaso, a velocidade também muda! Lembre-se, a vazão é constante (equação da continuidade). Vamos começar calculando a vazão na situação do item (a): 𝜑𝑎 = 𝐴𝑎𝑣𝑎 = 𝜋𝑑𝑎 2𝑣𝑎 4 = 3,1415 × (0,18 𝑐𝑚)2 × 2,4 𝑐𝑚 𝑠 4 = 0,061 𝑐𝑚3/𝑠 Repare que poderíamos ter usado esse resultado direto no item (a) para calcular a variação da pressão pela fórmula Δ𝑃𝑎 = 128𝜂𝐿𝜑𝑎 𝜋𝑑𝑎4 Como a vazão é constante (equação da continuidade), temos que 𝜑𝑎 = 𝜑𝑏 = 𝜑, de modo que basta trocar 𝑑𝑎 por 𝑑𝑏 na expressão acima: Δ𝑃𝑏 = 128𝜂𝐿𝜑 𝜋𝑑𝑏 4 Agora basta substituir os valores e fazer a conversão: Δ𝑃𝑏 = 128 × 3,0 × 10−3 𝑃𝑎 ⋅ 𝑠 × 14 𝑐𝑚 × 0,061 𝑐𝑚3 𝑠 3,1415 × (0,12 𝑐𝑚)4 × 7,5006 × 10−3 𝑚𝑚𝐻𝑔 Com isso, achamos: Δ𝑃𝑏 = 3,8 𝑚𝑚𝐻𝑔 Se você tivesse optado por usar a equação Δ𝑃𝑏 = 32𝜂𝐿𝑣𝑏/𝑑𝑏 2, teria que calcular a nova velocidade usando 𝐴𝑎𝑣𝑎 = 𝐴𝑏𝑣𝑏. Assim, teríamos 𝜋𝑑𝑎 2𝑣𝑎 4 = 𝜋𝑑𝑏 2𝑣𝑏4 → 𝑣𝑏 = ( 𝑑𝑎 𝑑𝑏 ) 2 𝑣𝑎 Com isso, Δ𝑃𝑏 = 32𝜂𝐿 𝑑𝑏 2 × ( 𝑑𝑎 𝑑𝑏 ) 2 𝑣𝑎 = 32𝜂𝐿𝑣𝑎 × 𝑑𝑎 2 𝑑𝑏 4 Por outro lado, sabemos que Δ𝑃𝑎 = 32𝜂𝐿𝑣𝑎 𝑑𝑎 2 → 32𝜂𝐿𝑣𝑎 = Δ𝑃𝑎𝑑𝑎 2 Assim, Δ𝑃𝑏 = Δ𝑃𝑎𝑑𝑎 2 × 𝑑𝑎 2 𝑑𝑏 4 = ( 𝑑𝑎 𝑑𝑏 ) 4 × Δ𝑃𝑎 Uma outra forma de chegar nesse mesmo resultado é lembrar que Δ𝑃𝑎 = 128𝜂𝐿𝜑 𝜋𝑑𝑎 4 𝑒 Δ𝑃𝑏 = 128𝜂𝐿𝜑 𝜋𝑑𝑏 4 Dividindo uma equação pela outra: Δ𝑃𝑏 Δ𝑃𝑎 = 128𝜂𝐿𝜑 𝜋𝑑𝑏 4 128𝜂𝐿𝜑 𝜋𝑑𝑎4 = 128𝜂𝐿𝜑 𝜋𝑑𝑏 4 × 𝜋𝑑𝑎 4 128𝜂𝐿𝜑 = ( 𝑑𝑎 𝑑𝑏 ) 4 → Δ𝑃𝑏 = ( 𝑑𝑎 𝑑𝑏 ) 4 × Δ𝑃𝑎 Substituindo os valores: Δ𝑃𝑏 = ( 1,8 𝑚𝑚 1,2 𝑚𝑚 ) 4 × 0,75 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 3,8 𝑚𝑚𝐻𝑔 Chegamos ao mesmo resultado, porém fazendo menos contas numéricas. Problema 7: a) Dados: Densidade do sangue: 𝜌 = 1,06 × 103 𝑘𝑔/𝑚3. Viscosidade do sangue: 𝜂 = 3,00 × 10−3 𝑃𝑎 ⋅ 𝑠. Altura da bolsa: 𝐻 = 1,8 𝑚. Comprimento da agulha: 𝐿 = 8 𝑐𝑚. Pressão do sangue dentro da veia: 𝑃2 = 19 𝑡𝑜𝑟𝑟 = 19 × 1,3332 × 10 2 𝑃𝑎 = 25 × 102 𝑃𝑎. Diâmetro interno do capilar: 𝑑𝑐𝑎𝑝 = 2,1 𝑚𝑚. Diâmetro interno da agulha: 𝑑𝑎𝑔𝑢 = 0,7 𝑚𝑚. Aceleração da gravidade: 𝑔 = 9,8 𝑚/𝑠2. Volume de sangue na bolsa: Δ𝑉 = 0,8 𝐿 = 0,8 × 10−3 𝑚3. O primeiro passo é calcular a pressão 𝑃1 do sangue devido a coluna de líquido de altura 𝐻 dentro do capilar: 𝑃1 = 𝜌𝑔𝐻 Aqui vale destacar que estamos usando a equação de Bernoulli comparando um ponto da bolsa de sangue elevada de uma altura 𝐻 e um ponto de sangue do capilar na junção com a agulha: 𝑃𝑐𝑖𝑚𝑎 + 𝜌𝑔ℎ𝑐𝑖𝑚𝑎 + 𝜌𝑣𝑐𝑖𝑚𝑎 2 2 = 𝑃𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 + 𝜌𝑔ℎ𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 + 𝜌𝑣𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 2 2 Como a bolsa está selada, 𝑃𝑐𝑖𝑚𝑎 = 0. Além disso, ℎ𝑐𝑖𝑚𝑎 = 𝐻 e ℎ𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 = 0. Como o escoamento no capilar é lento (“goteja”) devido à pressão intravenosa exercida pelo sangue e a presença da agulha, podemos assumir 𝑣𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 = 𝑣𝑐𝑖𝑚𝑎 ≈ 0. Assim, escrevendo 𝑃𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 = 𝑃1: 𝑃1 = 𝜌𝑔𝐻 Substituindo os valores: 𝑃1 = 1,06 × 10 3 𝑘𝑔 𝑚3 × 9,8 𝑚 𝑠2 × 1,8 𝑚 = 19 × 103 𝑃𝑎 Com isso, podemos calcular a diferença de pressão do sangue ao passar na agulha: Δ𝑃 = 𝑃1 − 𝑃2 = 19 × 10 3 𝑃𝑎 − 25 × 102 𝑃𝑎 Assim, Δ𝑃 = (19 − 2,5) × 103 𝑃𝑎 Seguindo a regra de soma/subtração para algarismos significativos 19 − 2,5 = 16,5 → 16. Usei a convenção apresentada em aula: Para efeitos de correção não foi tirado nota de quem adotou outra convenção. Com isso, temos Δ𝑃 = 16 × 103 𝑃𝑎 Agora, precisamos encontrar a vazão 𝜑 de sangue que passa pela agulha e entra na veia do paciente. Para isso, usamos a equação de Poiseuille: 𝜑 = 𝜋 Δ𝑃 𝑟𝑎𝑔𝑢 4 8𝜂𝐿 = 𝜋 Δ𝑃 8𝜂𝐿 × ( 𝑑𝑎𝑔𝑢 2 ) 4 = 𝜋 Δ𝑃 𝑑𝑎𝑔𝑢 4 128𝜂𝐿 Assim, substituindo os valores: 𝜑 = 3,1415 × 16 × 103 𝑃𝑎 × (0,7 × 10−3 𝑚)4 128 × 3,00 × 10−3 𝑃𝑎 ⋅ 𝑠 × 8 × 10−2 𝑚 = 3,92862 × 10−7 𝑚3/𝑠 Como a resposta deve ser dada com apenas um algarismo significativo: 𝜑 = 4 × 10−7 𝑚3/𝑠 Para calcular o tempo total da transfusão, basta lembrar que 𝜑 = Δ𝑉 Δ𝑡 → Δ𝑡 = Δ𝑉 𝜑 O volume de sangue na bolsa é Δ𝑉 = 0,8 × 10−3 𝑚3: Δ𝑡 = 0,8 × 10−3 𝑚3 4 × 10−7 𝑚3 𝑠 = 2 × 103 𝑠 Isso dá algo em torno de meia hora. b) Para o item (b), a única mudança é o diâmetro interno da agulha que passa a ser 𝑑𝑎𝑔𝑢 = 0,4 𝑚𝑚. A variação de pressão Δ𝑃 = 16 × 103 𝑃𝑎 calculada no item (a) não é alterada. Assim, a nova vazão fica 𝜑 = 𝜋 Δ𝑃 𝑑𝑎𝑔𝑢 4 128𝜂𝐿 = 3,1415 × 16 × 103 𝑃𝑎 × (0,4 × 10−3 𝑚)4 128 × 3,00 × 10−3 𝑃𝑎 ⋅ 𝑠 × 8 × 10−2 𝑚 = 4,18879 × 10−8 𝑚3/𝑠 Como a resposta deve ter apenas um significativo: 𝜑 = 4 × 10−8 𝑚3/𝑠 Com isso, Δ𝑡 = Δ𝑉 𝜑 = 0,8 × 10−3 𝑚3 4 × 10−7 𝑚3 𝑠 = 2 × 104 𝑠 Problema 8: Dados: Densidade da água: 𝜌𝑙𝑖𝑞 = 1,0 × 10 3 𝑘𝑔/𝑚3. Massa real do corpo: 𝑚𝑟𝑒𝑎𝑙 = 80 𝑘𝑔. Massa aparente do corpo: 𝑚𝑎𝑝𝑎𝑟 = 10 𝑘𝑔. Para resolver esse problema, devemos lembrar que o peso aparente de um corpo é seu peso real menos a força de empuxo: 𝑃𝑎𝑝𝑎𝑟 = 𝑃𝑟𝑒𝑎𝑙 − 𝐸 Sabemos que 𝑃𝑎𝑝𝑎𝑟 = 𝑚𝑎𝑝𝑎𝑟𝑔, 𝑃𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑚𝑟𝑒𝑎𝑙𝑔 e 𝐸 = 𝜌𝑙𝑖𝑞𝑉𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑔. Como todo o corpo está submerso, temos que o volume do líquido deslocado é igual ao volume do corpo: 𝑉𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜 = 𝑉𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 Com isso, temos 𝑚𝑎𝑝𝑎𝑟𝑔 = 𝑚𝑟𝑒𝑎𝑙𝑔 − 𝜌𝑙𝑖𝑞𝑉𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑔 Simplificando 𝑔 e isolando 𝑉𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜: 𝑉𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 = 𝑚𝑟𝑒𝑎𝑙 − 𝑚𝑎𝑝𝑎𝑟 𝜌𝑙𝑖𝑞 Logo, 𝑉𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 = 80 𝑘𝑔 − 10 𝑘𝑔 1,0 × 103 𝑘𝑔 𝑚3 = 70 𝑘𝑔 1,0 × 103 𝑘𝑔 𝑚3 → 𝑉𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 = 7,0 × 10 −2 𝑚3 Com isso, a densidade do corpo é 𝜌𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 = 𝑚𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑉𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 = 80 𝑘𝑔 70 × 10−3 𝑚3 → 𝜌𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 = 1,1 × 10 3 𝑘𝑔/𝑚3 Problema 9: Estenose arterial é o fenômeno de estreitamento da área transversal de uma artéria, devido ao endurecimento das paredes arteriais e, principalmente, ao acúmulo de placa, depósitos constituídos de gordura. A estenose é o principal fator para o desenvolvimento da aterosclerose. O fluxo sanguíneo se mantém constante (conservação de matéria) e, portanto, pela equação de continuidade, a velocidade do sangue aumenta. Já pela equação de Bernoulli, a pressão intravenosa diminui. Quando a redução da área transversal é da ordem de 50%, temos um quadro de estenose moderada, mas em que o fluxo sanguíneo ainda é laminar (fluxo paralelo às paredes). Entretanto, num quadro grave, a estenose se torna crítica, pois a velocidade do sangue aumenta muito mudando o regime de escoamento de laminar para turbulento, no qual há muita dissipação de energia na forma de calor (diminuindo muito a pressão) e choques com as paredes arteriais, as prejudicando. Num caso grave, o sangue atinge as paredes e pode deslocar as placas ali acumuladas, que serão levadas pelo fluxo sanguíneo até, possivelmente, chegarem a partes mais estreitas da artéria e bloquearem o suprimento de sangue ali. Se isso ocorrer em alguma artéria do coração, provocaria falta de nutrientes para o tecido muscular e ocasionaria um infarto. Problema 10: Microfluídica é uma técnica que consiste em analisar e manipular interações de fluidos, portanto, pequenas quantidades desses fluidos fluindo em canais bem pequenos, da ordem de 5 a 100 micrômetros. Como o escoamento em tais estruturas é laminar, os dois ou mais fluidos interagentes não se misturam por turbulência, mas fluem lado a lado. A pouca mistura que ocorre é devido à difusão, possibilitando a medição da concentração de reagentes e componentes dos fluidos. Tal técnica pode ser usada em equipamentos de detecção e diagnóstico de HIV, toxinas de chorela e salmonela e desenvolvimento de produtos farmacêuticos.
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