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Fichamento do texto “REPENSANDO A DANÇA CONTEMPORÂNEA: aproximações com a dança moderna e a educação somática” O texto discute a abordagem da dança contemporânea e sua relação com a dança moderna. A autora Laurence Louppe argumenta que a dança contemporânea surgiu no final do século XIX, e o que normalmente é considerado como dança moderna já seria, na visão dela, dança contemporânea. Essa proposta pode ser polêmica, já que há uma indistinção entre os termos "moderno" e "contemporâneo". No entanto, o texto não se concentra na cronologia ou nos rótulos históricos da dança, mas sim na possibilidade de encontrar ressonâncias entre a dança contemporânea e a dança moderna para iluminar questões contemporâneas. Essa proposta se assemelha às considerações de Agamben sobre a contemporaneidade, que envolvem perceber os traços arcaicos no mais moderno e recente. O autor menciona os valores compartilhados entre a dança contemporânea e a dança moderna, como a individualização do corpo e do gesto, a produção do gesto a partir da esfera sensível individual, o trabalho sobre a matéria do corpo e a importância da gravidade como impulso do movimento. A autora argumenta que esses valores sofrem abordagens diferentes, mas reconhecíveis, na dança contemporânea. A partir dessas análises cronológicas e conceituais, podemos refletir também sobre a delimitação da dança contemporânea, se é que se delimita. Até onde vão seus limites, em que momento a dança contemporânea tangencia outras danças, outras expressões artísticas ou até mesmo deixa de ser dança – ou dança contemporânea. O texto também aborda a transição da dança moderna em relação ao balé. No balé, havia uma busca pela homogeneização dos corpos e uma reprodução estrita de um ideal de corpo e movimento. Já a dança moderna surgiu como uma reação a essa abordagem, buscando a liberdade, a expressividade e a individualidade. A dança moderna vem de forma subversiva romper os padrões e paradigmas que ditavam as diretrizes da dança, pautadas principalmente nas danças clássicas. No entanto, resquícios do corpo reprodutor ainda estavam presentes na dança moderna, mesmo com suas propostas inovadoras. Um dos fundamentos da dança moderna e contemporânea destacado é a importância da gravidade como impulso para os movimentos. Enquanto o balé busca superar a força da gravidade em busca de leveza e equilíbrio, a dança moderna e contemporânea exploram a relação com a gravidade como uma questão central. Trabalhar com a gravidade permite uma nova abordagem dos movimentos, aceitando o peso e trabalhando com ele como uma matéria viva e produtiva. O texto aborda o Body-Mind Centering (BMC) como uma prática somática que propõe o estudo do corpo percebido em primeira pessoa. O BMC envolve a experimentação e exploração do corpo através de movimentos e da atenção direcionada a diferentes áreas do corpo. A autora Bonnie Bainbridge Cohen argumenta que o movimento do corpo reflete o movimento da mente, e ao observar o corpo em movimento, podemos compreender as expressões da mente. O BMC valoriza as diferenças entre as pessoas e promove o aprofundamento da experiência corporal, contribuindo para a individualização do corpo e do gesto. Através desse aprofundamento, é possível refinar a percepção do corpo, repadronizar aspectos corporais em desequilíbrio, ressignificar memórias e abrir novas possibilidades de organização corporal. A prática também enfatiza a importância do foco ativo, ou seja, direcionar ativamente a atenção para o que está sendo percebido, para melhorar a interpretação da informação sensorial. O BMC tem uma relação estreita com a dança, sendo explorado pelos bailarinos desde o século XX. Bonnie Bainbridge Cohen, criadora do BMC, sempre teve uma conexão com a dança e colaborou com bailarinas como Nancy Stark Smith e Lisa Nelson. Através dessa colaboração, foram publicados artigos e o livro "Sensing, Feeling and Action", que ressaltam a importância do trabalho do BMC na transformação da percepção corporal de bailarinos. No contexto da dança contemporânea, o estudo da percepção e do feedback corporal tem ganhado cada vez mais importância. A dança contemporânea busca explorar um corpo que não é dado previamente, valorizando a singularidade de cada bailarino e a exploração de diferentes possibilidades de movimento. A integração da dança contemporânea com práticas somáticas, como o BMC, oferece contribuições significativas para a arte da dança no século XXI, ampliando as tonalidades poéticas e proporcionando uma compreensão mais profunda do corpo em movimento. Em relação à dança contemporânea, o BMC destaca a importância da percepção corporal, do foco ativo e do trabalho somático para o desenvolvimento artístico e a compreensão do corpo em sua totalidade. Essas práticas oferecem novas perspectivas para bailarinos e artistas que desejam explorar a expressão corporal de forma mais autêntica e individualizada. Referência: SILVEIRA, Juliana Carvalho Franco; VITIELLO, Julia Ziviani. Repensando a dança contemporânea: aproximações com a dança moderna e a educação somática. O Percevejo Online, Rio de Janeiro, vol. 7, nº 1, jan-jun 2015. O artigo pode ser acessado no link: http://www.seer.unirio.br/index.php/opercevejoonline/article/view/51
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