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LEIS ESQUEMATIZADAS Lei n. 8.112/1990 Diogo Surdi SUMÁRIO Lei n. 8.112/1990 Comentada .............................................................6 1. Disposições Preliminares .................................................................6 2. Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição ........... 11 2.1. Provimento ..............................................................................11 2.1.1. Disposições Gerais ..................................................................12 2.1.2. Nomeação .............................................................................15 2.1.3. Concurso Público ....................................................................16 2.1.4. Posse ....................................................................................20 2.1.5. Exercício ...............................................................................23 2.1.6. Estágio Probatório ..................................................................26 2.1.7. Estabilidade ...........................................................................29 2.1.8. Readaptação ..........................................................................31 2.1.9. Reversão ...............................................................................32 2.1.10. Reintegração ........................................................................34 2.1.11. Recondução .........................................................................35 2.1.12. Disponibilidade e Aproveitamento ...........................................36 2.2. Vacância ..................................................................................37 2.3. Remoção .................................................................................40 2.4. Redistribuição ...........................................................................43 2.5. Substituição .............................................................................45 3. Direitos e Vantagens ....................................................................47 3.1. Vencimento e remuneração ........................................................47 3.2. Vantagens ................................................................................55 3.2.1. Indenizações .........................................................................57 3.2.1.1. Ajuda de custo ....................................................................58 3.2.1.2. Diárias ...............................................................................61 3.2.1.3. Indenização de transporte ....................................................63 3.2.1.4. Auxílio-moradia ...................................................................64 3.2.2. Gratificações e adicionais ........................................................67 3.2.2.1. Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento ..............................................................................68 3.2.2.2. Gratificação Natalina ............................................................69 3.2.2.3. Adicionais de Insalubridade, Periculosidade e de Atividades Penosas .........................................................................................71 3.2.2.4. Adicional por Serviço Extraordinário .......................................73 3.2.2.5. Adicional noturno ................................................................73 3.2.2.6. Adicional de férias ...............................................................74 3.2.2.7. Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso .......................75 3.3. Férias ......................................................................................78 3.4. Licenças ..................................................................................81 3.4.1. Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família ...................82 3.4.2. Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge ..........................84 3.4.3. Licença para o Serviço Militar ...................................................85 3.4.4. Licença para Atividade Política ..................................................86 3.4.5. Licença para Capacitação ........................................................87 3.4.6. Licença para Tratar de Interesses Particulares ............................87 3.4.7. Licença para o Desempenho de Mandato Classista ......................88 3.5. Afastamentos ...........................................................................89 3.5.1. Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade ...................89 3.5.2. Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo ..........................93 3.5.3. Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior ..........................94 3.5.4. Afastamento para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere ................................................95 3.5.5. Afastamento para Participação em Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu no País .......................................................................96 3.6. Concessões ..............................................................................99 3.7. Tempo de serviço .................................................................... 101 3.8. Direito de petição .................................................................... 106 4. Regime Disciplinar ..................................................................... 110 4.1. Introdução ............................................................................. 110 4.2. Deveres ................................................................................. 110 4.3. Proibições .............................................................................. 113 4.4. Acumulação ........................................................................... 120 4.5. Responsabilidades ................................................................... 123 4.6. Penalidades ............................................................................ 127 5. Processo Administrativo .............................................................. 138 5.1. Disposições gerais ................................................................... 138 5.2. Sindicância ............................................................................. 141 5.3. Afastamento preventivo ........................................................... 143 5.4. Processo disciplinar ................................................................. 143 5.4.1. Revisão do processo ............................................................. 165 5.5. Processo administrativo sumário ............................................... 169 6. Seguridade Social do Servidor ..................................................... 174 6.1. Disposições gerais ................................................................... 174 6.2. Benefícios .............................................................................. 180 6.2.1. Aposentadoria ...................................................................... 180 6.2.2. Auxílio-Natalidade ................................................................ 188 6.2.3. Salário-Família ..................................................................... 189 6.2.4. Licença para Tratamento de Saúde ......................................... 191 6.2.5. Licença à Gestante, à Adotante e Licença-Paternidade ............... 194 6.2.6. Licença por Acidente em Serviço ............................................ 196 6.2.7. Pensão ................................................................................ 198 6.2.8. Auxílio-funeral ..................................................................... 208 6.2.9. Auxílio-reclusão ................................................................... 209 6.3. Assistência à Saúde ................................................................. 210 Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 5 A Lei n. 8.112/1990é a norma responsável por estabelecer o regime ju- rídico dos servidores públicos civis da União. Consequentemente, seu estudo é imprescindível para todos aqueles que almejam a aprovação em um cargo público no âmbito federal. Sendo assim, como forma de facilitar a compreensão dos inúmeros artigos que, em conjunto, formam o regime funcional dos servidores federais, todo o texto da lei foi comentado e detalhado. O objetivo do presente material, dessa forma, é auxiliar na preparação, proporcionando condições para que todos possam gabaritar questões rela- cionadas com a Lei n. 8.112/1990. Boa leitura a todos e ótimos estudos! Diogo Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 6 LEI N. 8.112/1990 COMENTADA 1. Disposições Preliminares Art. 1º- Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais. A Lei n. 8.112/1990 institui o regime jurídico dos servidores públicos ci- vis da União, das autarquias federais (inclusive as em regime especial) e das fundações públicas federais. Você já se questionou qual a importância de um regime jurídico para determinada classe de servidores? É por meio do regime jurídico que os servidores, regidos pela norma, en- contram todos os direitos e garantias que têm direito, bem como os requisitos para o exercício do cargo público. No entanto, as disposições da Lei n. 8.112/1990 não se aplicam a todos os agentes públicos, mas sim apenas aos servidores públicos civis federais, o que implica em dizer que os empregados públicos federais, regidos pela CLT, não estão compreendidos dentro do campo de atuação do estatuto federal. Da mesma forma, a norma não se aplica aos servidores públicos estatutá- rios dos demais entes federativos, tal como os Estados e os Municípios. Ainda que estes servidores sejam regidos por um estatuto, caberá ao respectivo ente federativo, por meio de lei, a sua edição. A Lei n. 8.112/1990 é aplicada A Lei n. 8.112/1990 não é aplicada aos servidores estatutários da administração direta federal aos empregados públicos federais, que são regidos pelas disposições da CLT aos servidores das autarquias (inclusive as em regime especial) federais aos servidores públicos dos Estados, do Dis- trito Federal e dos Municípios aos servidores das fundações públicas federais aos militares Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 7 Nota-se, dessa forma, que não são todos os agentes públicos da Admi- nistração Indireta federal que estão abrangidos pelas disposições da Lei n. 8.112/1990. E isso ocorre na medida em que as empresas públicas e as socieda- des de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, de forma que os seus agentes não são considerados servidores públicos em sen- tido restrito, mas sim empregados públicos, regidos pelas disposições da CLT. Em sentido oposto, as autarquias e as fundações públicas são pessoas jurídicas de direito público. Seus agentes são servidores públicos, regidos, consequentemente, pelas disposições do regime estatutário. Autarquias e Fundações Públicas Federais • São pessoas jurídicas de direito público • Agentes regidos pelas disposições da Lei n. 8.112/1990 Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista Federais • São pessoas jurídicas de direito privado • Agentes regidos pelas disposições da CLT Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público. Importante destacar que a expressão “servidores públicos” pode ser ana- lisada tanto em sentido amplo quanto em sentido restrito. Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, servidores públicos, em sentido amplo, “são as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo empregatício e mediante remunera- ção paga pelos cofres públicos”. Temos, dessa forma, que o conceito de servidor público em sentido amplo abrange três categorias distintas: a) Estatutários ou servidor público em sentido estrito b) Empregados públicos c) Temporários Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 8 Em sentido restrito, a expressão “servidores públicos” compreende os agentes públicos que estão sendo regidos por um estatuto funcional. Observa-se que o sentido da expressão, no texto da Lei n. 8.112/1990, é o de servidor público em sentido estrito. Dessa forma, sempre que a expressão for utilizada pela mencionada nor- ma, abrangerá apenas as pessoas que estejam ligadas à Administração Públi- ca federal por meio de um vínculo estatutário. Tal vínculo, na esfera federal, é disciplinado pela Lei n. 8.112/1990. Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilida- des previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasi- leiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. Os cargos públicos podem ser conceituados como o conjunto de atribui- ções, responsabilidades, direitos e obrigações que são atribuídas aos servido- res públicos para o desempenho das suas atividades funcionais. Ressalta-se que a criação de cargos públicos deverá ser feita por inter- médio de lei, sendo que a iniciativa para propor a norma caberá ao chefe do respectivo Poder em que os cargos estão sendo criados. Os cargos públicos podem ser divididos em cargos isolados, em cargos de carreira e em cargos em comissão. Os cargos isolados são aqueles que são formados apenas por uma clas- se, sendo que o seu ocupante, com o passar do tempo, não possui o direito de progredir na carreira. Os cargos em carreira, em sentido oposto, são aqueles que são organi- zados em classes, de forma que os servidores ocupantes, após um intervalo de tempo e desde que atendidas as demais condições previstas em lei, pro- gridem na carreira. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 9 COMENTárIO:� Exemplificando Se tomarmos como exemplo a estrutura de cargos do Poder Judiciário da União, veremos que estes são organizados em três classes (A, B e C), sendo que cada classe é composta por diversos padrões. Representam os padrões, dessa forma, uma subdivisão das classes. No âmbito do Poder Judiciário da União, as Classes A e B possuem 5 padrões e a Classe C, 3 padrões. Assim, ao entrar em exercício, o servidor público pertence à Classe A e ao padrão 1. Após o intervalo de um ano, passará ele, desde que atendidos todos os requisitos legais, ao padrão 2, mas ainda estará dentro da mesma classe. O processo de mudança de padrão é chamado de progressão. Quando o servidor chegar ao último padrão da Classe A (A5), passará ele, após o período de 1 ano, para o primeiro padrão de uma nova Classe (no caso, a B). Nessa hipótese, não ocorre a progressão, mas sim a promoção do servidor. Os cargos em comissão são aqueles destinados às funções de direção, chefia e assessoramento. Em virtude dessa condição, são considerados de livre nomeação e exoneração por parte da autoridade competente, o que implica em dizer que a sua nomeação independe da realização de concurso público, requisito imprescindível para a admissão dos servidores estatutários e dos empregados públicos. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 10 De acordo com a Constituição Federal (art. 37, V), os cargos em comissão podem ser providos tanto por servidores já ocupantes da carreira funcional (e que foram aprovados em concurso público) quanto por terceiros que ainda não possuam vínculo funcional com o respectivo Poder Público. Entretanto, como forma de evitar que todo os cargos de direção, chefia e assessoramento fossem providos exclusivamente por pessoas alheias ao ser- viço público, a Constituição Federal estabeleceu que as leis organizadoras de cada carreira deverão determinar que seja observado um percentual mínimo de servidores de carreira para as nomeaçõesdestinadas aos cargos em comissão. COMENTárIO:� Exemplificando Caso um parlamentar resolva nomear um assessor para chefiar o respectivo gabinete, poderá ele optar entre realizar a nomeação de um servidor de car- reira ou de um terceiro que não possua vínculo com o órgão público. No entanto, o total geral das nomeações para cargos em comissão deverá observar um percentual mínimo de servidores de carreira. Tal percentual deverá constar na lei que regulamenta a carreira dos servidores. Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei. Como regra, é vedada a prestação de serviços, por parte os agentes es- tatais, de forma gratuita. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 11 Em caráter de exceção, e apenas nas hipóteses em que a lei prever, é que poderá haver o desempenho de atribuições em favor do Poder Público sem o recebimento pecuniário pela sua prestação. 2. Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição 2.1. Provimento Ainda que a Lei n. 8.112/1990 não apresente uma ordem cronológica de fatos, é possível identificar, pela leitura da norma, uma série sucessiva de acontecimentos relacionados com a vida funcional do servidor público. A linha do tempo do serviço público, dessa forma, é uma forma de compreendermos todo o processo de ingresso, desenvolvimento e saída de um respectivo servidor no serviço público. Por meio de sua análise, nos será permitido ter uma visão global de todas as etapas e facilitará a compreensão dos diversos institutos aos quais os servidores federais estão sujeitos. Assim, a linha do tempo do serviço público compreende, basicamente, as seguintes fases: a) concurso, b) provimento, c) posse, d) exercício, e) estágio probatório, f) estabilidade e g) vacância. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 12 2.1.1. Disposições Gerais Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo público: I – a nacionalidade brasileira; II – o gozo dos direitos políticos; III – a quitação com as obrigações militares e eleitorais; IV – o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; V – a idade mínima de dezoito anos; VI – aptidão física e mental. § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. De acordo com o artigo 5º da norma federal, uma série de requisitos deve ser observada para que o particular possa investir-se em cargo público. Tra- ta-se, como não poderia deixar de ser, de uma lista meramente exempli- ficativa, de forma que, a depender das atribuições do cargo público, outros requisitos possam ser exigidos como condição para a posse. Merece destaque, dos requisitos apresentados, a questão da nacionalidade brasileira. Isso porque a Emenda Constitucional n. 19, de 1998, possibilitou que os estrangeiros também passem a ocupar cargos públicos nas hipóteses previstas em lei. Mas e qual é o momento em que tais requisitos devem ser atendidos? De acordo com a norma, os requisitos elencados apenas devem ser aten- didos no momento da posse. Dessa forma, caso o particular não atenda a um dos requisitos apresen- tados, ainda assim poderá prestar concurso público para o cargo desejado. Tendo o procedimento sido homologado, a Administração Pública realizará a nomeação do candidato, que deverá tomar posse no prazo de 30 dias. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 13 É neste momento (na posse no cargo público) que todos os requisitos de- vem ser atendidos mediante a apresentação da documentação comprobatória respectiva. COMENTárIO:� Exemplificando Rafael, de 17 anos, possui o desejo de exercer o cargo de Técnico Judiciário em um Tribunal Regional do Trabalho. Para alcançar seu objetivo, ele estuda, diariamente, por aproximadamente 4 horas. Com a publicação do edital, poderá Rafael prestar o concurso, mesmo não tendo atingido a idade legalmente exigida para o exercício de cargo público? Certamente que sim! E isso porque todos os requisitos exigidos apenas devem ser comprovados no momento da posse. Quando esta ocorrer, Rafael já deverá ter completado a idade de 18 anos, sob pena de não ser possível o seu ingresso como agente estatal. § 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direi- to de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. § 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnoló- gica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedi- mentos desta Lei. Estabelece o princípio da isonomia que as pessoas iguais devem ser trata- das de forma igualitária. Ao mesmo passo, os desiguais devem ser tratados de forma desigual, na medida de suas desigualdades. Com base na isonomia, e objetivando incluir as pessoas portadoras de de- ficiência nos quadros funcionais do Estado é que o Poder Público tem o dever Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 14 de assegurar, em cada concurso realizado, um percentual de vagas para os portadores de deficiência. Importante frisar, contudo, que a Lei n. 8.112/1990 não estabeleceu um percentual fixo de vagas que devem ser destinadas às pessoas com deficiência, apenas asseverando que tal percentual deve ser de até 20%. Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder. Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. Art. 8º São formas de provimento de cargo público: I – nomeação; II – promoção; V – readaptação; VI – reversão; VII – aproveitamento; VIII – reintegração; IX – recondução. A Lei n. 8.112/1990 estabelece diversas formas de provimento de cargo público, sendo elas a nomeação, a promoção, a readaptação, a reversão, o aproveitamento, a reintegração e a recondução. Destas, apenas a nomeação é considerada forma originária de pro- vimento, sendo que todas as demais são classificadas como forma de pro- vimento derivadas. De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, as formas de provimento derivado previstas no estatuto federal podem ser classificadas em vertical, horizontal ou por reingresso. Nesta classificação, a forma de provimento derivado vertical seria aquela em que o servidor, já atuando na Administração Pública, passa para um cargo de nível mais elevado na carreira. Trata-se, em nosso ordenamento, da pro- moção. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 15 O provimento derivado horizontal, por sua vez, ocorre quando o servidor não ascende nem é rebaixado profissionalmente, mas sim posicionado em um cargo com as mesmas atribuições e responsabilidades do anteriormente ocu- pado. Das hipóteses da Lei n. 8.112/1990, apenas a readaptação se enquadra em tal classificação. Por fim, temos as formas de provimento derivado por reingresso, que são aquelas em que o servidor retorna para o serviço público após ter sido dele desligado. São classificadas nesta categoria a reversão, a recondução, a rein- tegração e o aproveitamento. 2.1.2. Nomeação Art. 9º A nomeação far-se-á: I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provi- mento efetivo ou de carreira; II – em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confiança vagos. Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interi- namente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribui- ções do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 16 Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de pro- vimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classifica- ção eo prazo de sua validade. Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvol- vimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão esta- belecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública federal e seus regulamentos. Trata-se a nomeação do modo clássico de prover o servidor no cargo pú- blico, podendo ocorrer tanto para os cargos efetivos quanto para os cargos em comissão. No caso dos cargos efetivos, também chamados de cargo isolado de pro- vimento efetivo ou cargo de carreira, a nomeação, necessariamente, precisa de aprovação em concurso público anteriormente realizado. Para os cargos em comissão, uma vez que são considerados como de livre nomeação e exoneração, tal característica nem sempre está presente. E isso ocorre porque os cargos em comissão são destinados às funções de direção, chefia e assessoramento, podendo, por isso mesmo, ser li- vremente escolhidos pela autoridade nomeante, que pode optar por provê-los com um servidor de carreira ou com uma pessoa até então estranha aos qua- dros funcionais do serviço público. 2.1.3. Concurso Público Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regu- lamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando indis- pensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente previstas. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 17 Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. § 1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua reali- zação serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação. § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato apro- vado em concurso anterior com prazo de validade não expirado. O concurso público pode ser entendido como o procedimento adminis- trativo instaurado pelo Poder Público com o objetivo de selecionar os candidatos mais aptos para o exercício de cargos e empregos públicos. E qual o fundamento para a realização de concurso público? O fundamento está na vedação às contratações pautadas em critérios sub- jetivos, tal como o apadrinhamento e a nomeação de pessoas conhecidas em troca de benefícios escusos. Identifica-se, assim, que a realização de concurso público está pautada na observância dos princípios da impessoalidade, da moralidade, da isonomia e da legalidade. A regra geral é que todas as pessoas possam participar do concurso públi- co, que deverá ser amplamente divulgado como forma de encontrar interes- sados. Nesse ponto, merece destaque o fato da publicidade oficial do edital de concurso público ser condição imprescindível para a produção de efeitos perante terceiros. No entanto, não é de qualquer forma que tal processo pode ser realizado. Caso assim o fosse, seria muito fácil para administradores mal-intencionados fraudar as regras previstas e conceder certos favorecimentos para determina- dos candidatos, desrespeitando gravemente a impessoalidade, princípio basi- lar de toda a atividade administrativa. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 18 Por isso mesmo é que a Lei n. 8.112/1990 se preocupou em estabelecer diversas regras a serem observadas pela Administração Pública quando da rea- lização de concurso público. Tais regras, salienta-se, devem observar as dispo- sições constitucionais sobre a forma de realização dos concursos públicos, dis- posições estas de observância obrigatória para toda a Administração Pública. Percebam que o concurso público poderá ser de provas ou de provas e tí- tulos, mas nunca, para os servidores regidos pela Lei n. 8.112/1990, poderá ser exclusivamente de títulos. Da mesma forma, o concurso terá validade de até dois anos, e a sua prorrogação, que poderá ocorrer uma única vez, deverá ser pelo mesmo pra- zo inicialmente previsto para a validade do certame. COMENTárIO:� Exemplificando Poderá a administração, por exemplo, realizar concurso com prazo de valida- de de 1 ano, estabelecendo no edital que o prazo ali estabelecido poderá ser prorrogado uma única vez, por igual período. Assim, vencido o prazo do concurso, pode a administração (trata-se de uma faculdade) prorrogar a validade do mesmo por mais 1 ano ou realizar um novo concurso. E poderá a administração publicar edital de concurso com o prazo de validade de 2 anos, improrrogáveis? Perfeitamente, pois nenhuma regra foi desrespeitada. O que houve apenas foi que a administração, discricionariamente, optou por não estabelecer a possi- bilidade de prorrogação. E se fosse publicado um edital com prazo de 1 ano, estabelecendo a possibilidade de prorrogação por 3 vezes e estando, por isso mesmo, com prazo total inferior a 4 anos, seria válido? Ainda que o prazo total de 4 anos não tenha sido superado (2 + 2), foi desres- peitada a regra de uma única prorrogação, devendo o edital ser considerado nulo neste aspecto. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 19 E se tivemos um edital regulamentando um concurso e estabelecendo como prazo de validade 2 anos, com a possibilidade de prorrogação por 1 ano. Estaria a administração, nessa situação, respeitando a Lei n. 8.112/1990? Aqui, temos uma situação interessante: uma única prorrogação e o prazo total respeitado. No entanto, além dessas regras, não podemos nos esque- cer de que a prorrogação, em todos os casos, deve ser pelo mesmo período inicialmente previsto no edital: 1 ano + 1 ano, 2 anos + 2 anos, 6 meses + 6 meses. Questão bastante interessante é a possibilidade de aplicação de exame psicotécnico ou avaliação psicológica como etapa eliminatória do concurso. Durante muito tempo, tivemos diversos impasses nas decisões dos tribunais superiores, até que o STF, no julgamento do AI 758.533/MG, estabeleceu que “O exame psicotécnico pode ser estabelecido para concurso público desde que por lei, tendo por base critérios objetivos de reconhecido caráter científico, devendo existir, inclusive, a possibilidade de ree- xame”. Posteriormente, o entendimento foi sedimentado por meio da Súmula 686, de seguinte teor: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 20 Nota-se, dessa forma, que é plenamente possível o estabelecimento de exame psicotécnico como uma das fases do concurso público. Para isso, a previsão deverá estar expressa em lei, não sendo possível a sua determinação, exclusivamente, por meio da edição de ato administrativo. Além disso, deverá a administração pautar a avaliação por critérios objetivos, bem como possibilitar ao particular o reexame da avaliação. 2.1.4. Posse Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilida- des e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. § 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publica- ção do ato de provimento. § 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado do término do impedimento. § 3º A posse poderá dar-se mediante procuração específica. § 4º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomeação. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 21 § 5º No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública. § 6º Será tornado sem efeito o atode provimento se a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste artigo. Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção médica oficial. Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo. Ocorrendo a nomeação, que deve ser publicada no Diário Oficial da União, o nomeado tem o prazo de 30 dias para tomar posse. Caso não tome posse no prazo legal, o ato de nomeação será declarado sem efeito, uma vez que a pessoa nomeada ainda não é considerada servidor público, fato que apenas ocorre com a posse. Constitui a posse, dessa forma, o momento em que os candidatos aprova- dos e anteriormente nomeados têm o primeiro contato com a administração pública, passando, a partir de então, à condição de servidores públicos e es- tando legalmente investidos em cargo público. A posse é materializada pela assinatura de um documento, que deve apre- sentar, dentre outros aspectos, as atribuições, os deveres, os direitos e as responsabilidades do futuro servidor. A assinatura do termo de posse poderá ser feita por intermédio de pro- curador, com a ressalva de que a procuração deve ser específica e com po- deres para tanto. No entanto, a participação do procurador legalmente constituído pelo futuro servidor limita-se à assinatura do respectivo termo, não ensejando nenhum tipo de direito relacionado com as atribuições do cargo público. Como anteriormente apresentado, diversas são as formas de provimento de cargo público na órbita federal. Destas, apenas a nomeação, que é a única Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 22 forma de provimento originário, é que admite a posse. Nas demais formas de provimento, já existe um vínculo do particular com o Poder Público, não havendo motivos para a utilização da posse. COMENTárIO:� Exemplificando Márcio é nomeado Analista Tributário da Receita Federal do Brasil. Dentro do prazo de 30 dias, deve tomar posse, sob pena do ato de nomeação ser tor- nado sem efeito. Nesse caso, como não havia vínculo entre Thiago e o Poder Público, é neces- sário que haja a assinatura de um termo de posse. Caso, posteriormente, Márcio sofra uma limitação em sua capacidade física ou mental, deverá ele ser readaptado em um cargo de atribuições e respon- sabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido. Nessa hipótese, como Márcio já era servidor público, é notório que já havia um vínculo estabelecido entre ele e o Poder Público, não havendo, como con- sequência, necessidade de uma nova posse quando da ocorrência da readap- tação (forma de provimento derivado). Como forma de evitar a ocorrência de possíveis atos de improbidade admi- nistrativa, a Lei n. 8.112/1990 determina que, no momento da posse, o servidor apresente uma declaração de bens e valores que constituem o seu patrimônio. Anualmente, a declaração de bens deverá ser renovada, possibilitando que o Poder Público verifique se a soma dos valores recebidos, pelo servidor, a título de remuneração dos cofres públicos, é compatível com o novo patri- mônio apresentado. COMENTárIO:� Exemplificando Caio toma posse em cargo público, oportunidade em que apresenta sua decla- ração de bens e valores no valor total de R$ 30 mil. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 23 Se considerarmos que o total dos valores recebidos, no primeiro ano de exer- cício de Caio, totaliza R$ 60 mil, bem como que a declaração apresentada por ele, após o término do primeiro ano de exercício funcional, totaliza R$ 500 mil, é inegável (a menos que algum fato estranho devidamente comprovado tenha ocorrido) que a evolução patrimonial de Caio não é condizente com a remuneração por ele recebida dos cofres públicos. 2.1.5. Exercício Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança. § 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. § 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18. § 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício. § 4º O início do exercício de função de confiança coincidirá com a data de publicação do ato de designação, salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação. Ocorrendo a posse, temos a investidura de mais um servidor para os qua- dros funcionais da Administração Pública federal. E como forma do servidor conhecer o local da repartição para onde foi nomeado e se organizar-se me- lhor com relação a mudanças, hospedagem e demais procedimentos, a Lei n. 8.112/1990 faculta ao servidor o prazo de 15 dias, contados da posse, para a entrada em exercício. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 24 Caso o servidor anteriormente empossado não entre em exercício no pra- zo legal, teremos, ao contrário do que ocorre com a nomeação, a exoneração do servidor, uma vez que, conforme anteriormente mencionado, a posse é o momento em que o particular passa a constar nos assentamentos funcionais da administração, sendo considerado, a partir de então, servidor público. Constitui o exercício o efetivo desempenho do cargo público ou da função de confiança. É durante o exercício do servidor que todos os demais institutos se fazem presentes, de forma que passa ele a contar com uma série de direitos e de obrigações, submetendo-se a um período de estágio probatório e adquirindo, caso cumpra os requisitos previstos em lei, a estabilidade. Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercí- cio serão registrados no assentamento individual do servidor. Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresentará ao órgão competente os elementos necessários ao seu assenta- mento individual. Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de publicação do ato que promover o servidor. Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retoma- da do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede. § 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a partir do término do impedimento. § 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos no caput. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 25 Todas as movimentações do servidor serão registradas nos seus assenta- mentos funcionais, que nada mais é do que o registro de todas as eventuais funções desempenhadas pelo agente. Importante questão refere-se ao servidor que tiver que desempenhar suas atividades em outro município em razão de ter sido removido, redis- tribuído, requisitado, cedido ou posto em exercício provisório. Nesse caso, será concedido a ele um período de tempo de, no mínimo, 10 dias, e de, no máximo, 30 dias para a retomada das atividades. Caso ele se encontre, quando da informação da necessidade de exercício em outro município, no gozo de alguma licença ou afastamento, os prazos mínimo e máximo apenas terão início após o término do impedimento, sendo facultado ao servidor declinar desses prazos e retomar o desempenho de suas atividades, no novo município, antes do período de tempo a ele assegurado. Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão das atribuições pertinentes aosrespectivos cargos, respei- tada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente. § 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver interesse da Administração. § 2º O disposto neste artigo não se aplica a duração de trabalho estabelecida em leis especiais. A jornada de trabalho do servidor público federal é de 40 horas semanais, observados os limites mínimo e máximo de 6 e 8 horas diárias. Tal limite não se aplica, contudo, ao servidor ocupante de cargo em comissão ou função de confiança. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 26 Para tais agentes, e considerando que estes recebem um adicional pelo desem- penho de suas atribuições, o regime de serviço é de integral dedicação, podendo ser convocado, nos termos legais, sempre que houver interesse da Administração. Os limites de jornada estabelecidos pela norma não se aplicam aos servi- dores públicos que trabalham sob condições diferenciadas, tais como os mé- dicos de saúde pública e os médicos do trabalho. 2.1.6. Estágio Probatório Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por perí- odo de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguintes fatores: I – assiduidade; II – disciplina; III – capacidade de iniciativa; IV – produtividade; V – responsabilidade. § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio proba- tório, será submetida à homologação da autoridade competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão cons- tituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da con- tinuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 27 § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exonera- do ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo- -Direção e Assessoramento Superiores – DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes. A partir da data em que entra em exercício, inicia-se, para o servidor ocu- pante de cargo efetivo, o estágio probatório, período de avaliação em que diversos fatores são levados em conta para a verificação da aptidão e da ca- pacidade do agente público. O instituto do estágio probatório está intimamente ligado ao princípio da eficiência, sendo um dos momentos em que a administração pode verificar se o servidor atende às condições por ela exigidas. Tais condições, de acordo com a Lei n. 8.112/1990, são as seguintes: a) assiduidade; b) disciplina; c) capacidade de iniciativa; d) produtivida- de; e) responsabilidade. Ainda que o texto da Lei n. 8.112/1990 afirme que o período de estágio probatório é de 24 meses, deve-se ressaltar que, com a entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 19, ocorrida em 1998, o período para aquisição da es- tabilidade (e, consequentemente, de estágio probatório) passou a ser de 3 anos. A avaliação do servidor que se encontra em estágio probatório deve ser periódica e de acordo com a periodicidade prevista em regulamento de cada órgão. Quatro meses antes de findo o período do estágio, a avaliação de desempenho do servidor, que será realizada por comissão constituída para esta finalidade, será submetida à homologação da autoridade competente. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 28 Tendo o servidor sido aprovado no estágio probatório, passa a adquirir a estabilidade, que, ressalta-se, vale para todo o serviço público, e não apenas para o cargo público que o servidor eventualmente ocupa. Caso não seja aprovado, os efeitos, para o servidor, poderão ser dois: a) caso o servidor já seja estável, terá ele direito de retornar ao cargo anteriormente ocupado. Nessa hipótese, caso o cargo anteriormente ocupado já esteja preenchido por outra pessoa, o servidor inabilitado será aproveitado em outro, a critério da administração. b) caso o servidor não seja estável, a inabilitação no estágio probatório acarreta a exoneração do cargo público, oportunidade em que o vínculo com o Poder Público é rompido. § 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser con- cedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, inci- sos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na Administração Pública federal. § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1º, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado a partir do término do impedimento. Será que o servidor em estágio probatório tem direito a usufruir de todas as licenças e afastamentos previstos no estatuto funcional? Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 29 De acordo com a lei, durante o estágio probatório, o servidor faz jus a uma grande quantidade de direitos, licenças e afastamentos. No entanto, não são todas as licenças e afastamentos que podem ser usufruídos pelos servidores em estágio. Vejamos, dessa forma, quais as licenças e os afastamentos que podem ou não ser usufruídos pelos servidores públicos federais que se encontrem em estágio probatório. Licenças e afastamentos passíveis de utilização no estágio probatório Licenças e afastamentos que não podem ser utilizados no estágio probatório Licença por motivo de doença em pessoa da família Licença para capacitação Licença por motivo de afastamento do côn- juge ou companheiro Licença para tratar de interesses particulares Licença para o serviço militar Licença para desempenho de mandato clas- sista Licença para atividade política Afastamento para exercício de mandato ele- tivo Afastamento para estudo ou missão no exte- rior Afastamento para servir em organismo inter- nacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere Uma forma bastante conhecida de memorizar as situações apresentadas é por meio das licenças e afastamentos que não podem ser concedidos ao servidor, que, em conjunto, formam o mnemônico “MA-TRA-CA”, ou seja, mandato classista, tratamento de interesses particulares e capacitação. 2.1.7. Estabilidade Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 30 Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sen- tença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. A estabilidade constitui uma das principais garantias dos servidores pú- blicos estatutários. Por meio dela, objetiva-se proporcionar que o servidor desempenhe suas atribuições sem a coação das autoridades superiores, que, não fosse a estabilidade, poderiam condicionar determinados comportamen- tos dos servidores à exoneração do cargo público. Não se trata a estabilidade, no entanto, de uma regra absoluta, uma vez que não existem direitos e garantias com essa qualidade. Caso assim o fosse, estaríamos diante de um sério risco de engessamento do serviço público, com a possibilidade surreal de termos servidores praticando faltas graves contra a Administraçãosem a possibilidade de demissão. Além das hipóteses elencadas pela Lei n. 8.112/1990, temos duas outras possibilidades de perda do cargo público para os servidores estáveis. Tais si- tuações são extraídas do texto da Constituição Federal, sendo elas o procedi- mento de avaliação periódica e a redução de despesas quando os entes federativos não observarem o limite máximo de gastos com pessoal. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 31 2.1.8. Readaptação Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atri- buições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. § 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será aposentado. § 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalên- cia de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrên- cia de vaga. A readaptação ocorre quando o servidor sofre uma limitação em sua ca- pacidade física ou mental, mas ainda pode trabalhar, não sendo o caso de aposentadoria. Como exemplo, podemos citar um acidente no qual o servidor ficou im- possibilitado de digitar. Se, anteriormente, tal servidor era responsável pela confecção das intimações e citações no órgão em que atuava, não há, com a limitação ocorrida, a possibilidade de o servidor continuar exercendo tais atividades. Mas percebam que o servidor não está impossibilitado para o serviço pú- blico, podendo perfeitamente exercer atividades que não exijam o esforço repetitivo de digitação. Nessa situação, a Administração coloca o servidor em um cargo compatí- vel com a limitação sofrida. No entanto, para que isso seja possível, devem ser observadas algumas características: a) as atribuições do novo cargo devem ser afins com o cargo anteriormen- te ocupado; Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 32 b) a habilitação exigida e o nível de escolaridade devem ser os mesmos exigidos para a investidura no cargo anteriormente ocupado; c) deve haver equivalência de vencimentos; Caso o servidor seja considerado incapaz para o serviço público, ocorrerá a aposentadoria do respectivo agente público. 2.1.9. Reversão Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado: I – por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsisten- tes os motivos da aposentadoria; ou II – no interesse da administração, desde que: a) tenha solicitado a reversão; b) a aposentadoria tenha sido voluntária; c) estável quando na atividade; d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à soli- citação; e) haja cargo vago. § 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de sua transformação. § 2º O tempo em que o servidor estiver em exercício será conside- rado para concessão da aposentadoria. § 3º No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga. § 4º O servidor que retornar à atividade por interesse da adminis- tração perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com as van- tagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à aposen- tadoria. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 33 § 5º O servidor de que trata o inciso II somente terá os proventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo menos cinco anos no cargo. § 6º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo. Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver completado 70 (setenta) anos de idade. Reversão é o retorno à atividade do servidor anteriormente aposentado, desde que atendidas as regras estabelecidas pelo Poder Executivo e desde que o servidor não tenha atingido a idade de 70 anos. Tal forma de provimento pode ocorrer de duas formas: a) por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria. b) no interesse da administração, desde que, nesse caso, o servidor obe- deça a uma série de regras: a) tenha solicitado a reversão; b) a aposentadoria tenha sido voluntária; c) estável quando na atividade; d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação; e) haja cargo vago; Como não poderia deixar de ser, a reversão será feita para o mesmo car- go anteriormente ocupado pelo servidor, ou então para o cargo resultante de uma possível transformação. Com a reversão, o servidor volta a receber a remuneração que anterior- mente recebia, com todas as vantagens de caráter pessoal eventualmente existentes. No caso de reversão por invalidez, tendo a junta médica declarado que os motivos alegados pelo servidor, para se aposentar, são insubsistentes, deverá ele retornar para o serviço público ainda que não haja cargo vago, em plena sintonia com o princípio da indisponibilidade do interesse público. Nessa situ- ação, deverá o servidor exercer suas atribuições como excedente. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 34 2.1.10. Reintegração Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua trans- formação, quando invalidada a sua demissão por decisão adminis- trativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens. § 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. § 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou apro- veitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. A reintegração consiste no retorno do servidor anteriormente demitido ao cargo anteriormente ocupado ou no cargo resultante de sua transformação, com ressarcimento de todas as vantagens. Para isso, a demissão deverá ter sido invalidada por decisão administrativa ou judicial. Grande controvérsia reside nos efeitos da reintegração para o servidor eventualmente ocupante da vaga decorrente de demissão. Isso porque a Lei n. 8.112/1990 determina que “encontrando-se provido o cargo, o seu even- tual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade”. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 35 2.1.11. Recondução Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo ante- riormente ocupado e decorrerá de: I – inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; II – reintegração do anterior ocupante. Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30. Recondução é a forma de provimento em que ocorre o retorno do servi- dor ao cargo anteriormente ocupado. Duas são as situações que ensejam a recondução do servidor, sendo que ambas decorrem da estabilidade por ele alcançada no serviço público: I – inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; II – reintegração do anterior ocupante; Nas duas situações apresentadas, o servidor público federal já é estável no serviço público, de forma que uma possível inabilitação em estágio proba- tório relativo a outro concurso por ele prestado não possui o efeito, por si só, de acarretar a exoneração do servidor. Da mesma forma, caso ele passe a exercer as atribuições de um cargo até então ocupado por um servidor demitido, e este, posteriormente, consiga anular a sua demissão na justiça, sendo reintegrado ao cargo que ocupava, não poderá o servidor estável ser exonerado, devendo ser reconduzido ao cargo onde adquiriu a estabilidade. Ressalta-se que a possibilidade de recondução não é um direito extensí- vel, por analogia, aos servidores estatutários das demais esferas federativas. Dessa forma, para que a recondução seja possível, deverão os entes esta- belecer talprevisão nos respectivos estatutos funcionais de seus servidores, conforme entendeu o STJ no julgamento do RMS 46.438, realizado em 2015: Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 36 Não é possível a aplicação, por analogia, do instituto da recondução previsto no art. 29, I, da Lei n. 8.112/1990/1990 a servidor público estadual na hipó- tese em que o ordenamento jurídico do estado for omisso acerca desse direi- to. Isso porque a analogia das legislações estaduais e municipais com a Lei n. 8.112/1990/1990 somente é possível se houver omissão no tocante a direito de cunho constitucional autoaplicável que seria necessário para suprir a omissão da legislação estadual, bem como que a situação não dê azo ao aumento de gastos. 2.1.12. Disponibilidade e Aproveitamento Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far- -se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Públi- ca federal. Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3º do art. 37, o ser- vidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabi- lidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administra- ção Federal – SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade. Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a dis- ponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial. Caso ocorra a extinção ou a declaração de desnecessidade de um cargo público, o servidor até então ocupante, e desde que já seja estável, será posto em disponibilidade. Como consequência, receberá proventos proporcionais ao tempo de serviço e aguardará, durante esse período, um novo “chamado” da Administração. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 37 Esse chamado acontecerá por intermédio do aproveitamento, que se cons- titui em forma de provimento derivada dos cargos públicos federais. Com o aproveitamento, o servidor até então em disponibilidade deve retornar para as suas atribuições. No entanto, como o cargo anterior foi extinto ou declara- do desnecessário, o aproveitamento deverá ocorrer em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o até então ocupado. Tendo sido publicado o ato de aproveitamento, o servidor deve entrar em exercício dentro do prazo legalmente previsto. Caso assim não processa, o aproveitamento é tornado sem efeito e a disponibilidade do servidor é cassada. 2.2. Vacância Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: I – exoneração; II – demissão; III – promoção; VI – readaptação; VII – aposentadoria; VIII – posse em outro cargo inacumulável; IX – falecimento. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 38 As diversas hipóteses de vacância são situações em que o servidor público deixa o cargo público anteriormente ocupado. Tais situações podem ser de caráter definitivo, oportunidade em que o agente estatal rompe o seu vínculo com o Poder Público, ou então tratar-se de hipóteses em que ocorre a simples troca dos cargos ocupados pelo servidor. Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, ou de ofício. Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: I – quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; II – quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de função de confiança dar-se-á: I – a juízo da autoridade competente; II – a pedido do próprio servidor. A exoneração não se trata de uma forma de punição do agente público, mas sim do rompimento do vínculo mantido entre o servidor e a Administra- ção Pública federal. Tal forma de vacância pode ocorrer de maneira voluntária ou involuntária. É voluntária quando a exoneração ocorre a pedido do servidor. Tratando- -se de exoneração de ofício, de iniciativa do Poder Público, estaremos diante da exoneração involuntária. De acordo com a Lei n. 8.112/1990, apenas em duas situações teremos a exoneração involuntária (de ofício) do servidor público ocupante de cargo efetivo: a) Quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; b) Quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercí- cio no prazo estabelecido, que é de 15 dias. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 39 Quando se tratar de cargo em comissão, tendo em vista que este é de livre nomeação e exoneração e possui a característica da transitoriedade, a exone- ração poderá ocorrer, a qualquer tempo, a pedido do servidor (voluntária) ou de ofício, no interesse da administração (involuntária). Vejamos as demais formas de vacância do serviço público fede- ral... Demissão Ao contrário da exoneração, que é a saída não punitiva do servidor, as situa- ções que acarretam a demissão são hipóteses previstas em lei em que o servi- dor comete alguma infração disciplinar ou não observa determinadas normas previstas no estatuto funcional. A depender da gravidade da conduta, conforme será visto oportunamente, a demissão acarretará a impossibilidade de o servidor retornar ao serviço público dentro do prazo de 5 anos ou até mesmo indefinidamente. Aposentadoria Trata-se da forma de vacância natural, em que o servidor, após atender às condições previstas na Constituição Federal, rompe o seu vínculo com o Poder Público, passando a receber proventos decorrentes da inatividade. Falecimento Com o falecimento, ocorre a vacância no cargo público, que será, após a publicação no diário oficial, objeto de preenchimento por novo servidor público. Posse em cargo inacumulável A posse em cargo inacumulável trata-se da hipótese de vacância em que o servidor público deixa de ocupar um cargo público para ingressar, sem quebra de vínculo com o Poder Público, em outro órgão ou entidade do mesmo ente federativo. Como exemplo, podemos apresentar um particular que tenha sido apro- vado para o cargo de Técnico Judiciário de um tribunal do Poder Judici- ário federal. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 40 Posteriormente, o servidor é aprovado para o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, cargo que, ainda que integrante do Poder Executivo, pertence à mesma esfera federativa. Nessa situação, como forma de não perder o tempo de serviço público prestado como Técnico Judiciário, bem como utilizar os dias trabalhados na contagem de férias e demais verbas acessórias, o servidor solicita vacância no órgão de origem com base em posse em cargo inacumulável. Caso, em sentido oposto, ele apenas tivesse solicitado exoneração, haveria a quebra do vínculo com Poder Público, sujeitando-se o servidor às eventuais regras instituídas antes da sua investidura no novo cargo. Promoção Como vimos nas hipóteses de provimento, com a promoção, o servidor é alçado a uma nova classe na carreira, de forma que o cargo anterior- mente ocupado fica vago. Por isso mesmo, esta é uma das hipóteses em que ocorre, simultanea- mente, um provimento e uma vacância. Readaptação Da mesma forma como ocorre com a promoção, a readaptação é uma forma tanto de provimento quanto de vacância. Vejamos: se o servidor sofreu uma limitação (física ou mental) e tem de ser aproveitado em um cargo compatível com a limitação sofrida, é certo que o cargo anteriormente ocupado pelo servidor ficará vago. Dessa forma, a administração coloca o servidor em um cargo compatí- vel com a limitação sofrida (provimento), ao passo que o cargo anterior- mente ocupado fica vago para ser ocupado por outra pessoa (vacância). Das hipóteses apresentadas pela Lei n. 8.112/1990 como situações de vacância, duas delas constituem, da mesma forma, hipóteses de provimento, sendo elas a readaptação e a promoção. 2.3. Remoção Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou deofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede. Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção: I – de ofício, no interesse da Administração; II – a pedido, a critério da Administração; Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 41 III – a pedido, para outra localidade, independentemente do inte- resse da Administração: a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Esta- dos, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no inte- resse da Administração; b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou depen- dente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento fun- cional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. A remoção pode ser entendida como o “deslocamento do servidor, a pedi- do ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede”, conforme determinação da Lei n. 8.112/1990. Do conceito legal, nota-se que a remoção (que não é uma forma de provi- mento em cargo público), pode ocorrer tanto por iniciativa do servidor quan- to por iniciativa do Poder Público. Nesse mesmo sentido, poderá a remoção dar-se com ou sem a mudança da sede onde o servidor desempenha suas atribuições. Na remoção de ofício, é o interesse da administração que é levado em conta, sem margem de opção para a análise da vontade do servidor. Na remoção a pedido, em sentido oposto, é a vontade do servidor que é levada em conta, tratando-se de um ato, via de regra, discricionário do Poder Público. Por isso mesmo, a administração deve levar em conta a conveniência e a oportunidade para deferir ou não o pedido de remoção. Em determinadas situações, no entanto, teremos a remoção por iniciativa do servidor sem que possa a administração analisar o mérito da questão, tra- tando-se, por isso mesmo, de um ato vinculado e que deve, obrigatoriamen- te, ser deferido pelo Poder Público. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 42 Três são as situações, de acordo com a Lei n. 8.112/1990 (art. 36, III), que ensejam o deferimento da remoção independente da vontade da admi- nistração: a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração; b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicio- nada à comprovação por junta médica oficial; c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o nú- mero de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. Da análise das hipóteses de remoção, verifica-se que, quando a admi- nistração, de ofício, resolve remover o servidor, o que está sendo levado em conta é apenas a vontade do próprio poder estatal, independentemente de o servidor concordar ou não com tal procedimento. Já na remoção a pedido, temos duas possibilidades: o pedido ter sido for- mulado pelo servidor e haver a possibilidade de a Administração aceitar ou não tal situação, com base no interesse desta, e a situação em que o pedido de remoção ocorre por parte do servidor, não restando alternativa para a Ad- ministração Pública que não seja o seu deferimento. Nessa última hipótese, ou seja, quando a Administração se encontra vin- culada ao pedido do servidor público, princípios basilares como a saúde e a manutenção do núcleo familiar são levados em conta. COMENTárIO:� Exemplificando Na hipótese da remoção para acompanhar cônjuge, também servidor, que tenha sido removido no interesse da administração, objetiva-se assegurar a manutenção do núcleo familiar, evitando-se que uma remoção de iniciativa do Poder Público torne inviável a relação até então existente. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 43 2.4. Redistribuição Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia aprecia- ção do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: I – interesse da administração; II – equivalência de vencimentos; III – manutenção da essência das atribuições do cargo; IV – vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; V – mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação pro- fissional; VI – compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do órgão ou entidade. § 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade. § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades da Administração Pública federal envolvidos. § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou enti- dade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31. § 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado em disponibi- lidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 44 A redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, esteja ou não ele ocupado, e desde que tal deslocamento ocorra para outro órgão ou entidade, mas sempre no âmbito do mesmo Poder. Para que a redistribuição seja feita, faz-se necessário, ainda, que alguns requisitos sejam atendidos, sendo eles: I – interesse da administração; II – equivalência de vencimentos; III – manutenção da essência das atribuições do cargo; IV – vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; V – mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional; VI – compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institu- cionais do órgão ou entidade; A redistribuição também poderá ocorrer com a finalidade de ajuste de lotação ou nos casos de reorganização e extinção do órgão ou en- tidade. Tratando-se de cargos efetivos que se encontrem vagos, a realização da redistribuição deverá ser realizada em conjunto entre o SIPEC (Sistema de pessoal civil da administração pública) e os órgãos ou entidades envolvidos. Caso, no entanto, ocorra a extinção de um órgão ou entidade e os servido- res não sejam redistribuídos, deverão os mesmos ser mantidos em disponibi- lidade. Caso não sejam colocados em disponibilidade, deverão ser mantidos sob responsabilidade do SIPEC até o seu adequado aproveitamento. Extinção Ocorre a extinção do órgão ou entidade 1º Servidores devem ser redistribuídos 2º Servidores deverão ser postos em disponibilidade 3º Servidores serão mantidos pelo SIPEC Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 45 Tanto nas situações de remoção quanto de redistribuição, quando ocorrer a mudança de Município onde o servidor passe a desempenhar as suas atri- buições, deverá ser a ele assegurado um prazo de trânsito para a entrada em exercício, que, nos termos da Lei n. 8.112/1990, será de no mínimo 10 dias e de no máximo 30 dias. Os institutos da remoção e da redistribuição podem ser diferenciados por meio da seguinte tabela: Remoção Redistribuição Não se trata de uma forma de provimento Não se trata de uma forma de provimentoNão altera o contingente funcional Não altera o contingente funcional Trata-se do deslocamento de servidor Trata-se do deslocamento de cargo Destina-se a assegurar a preservação de valores como a saúde do servidor e o núcleo familiar Trata-se de uma forma de organização da administração pública Quando ocorrer a mudança de Município, deve ser conferido um prazo de 10 a 30 dias para a entrada em exercício Quando ocorrer a mudança de Município, deve ser conferido um prazo de 10 a 30 dias para a entrada em exercício 2.5. Substituição Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão substi- tutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, pre- viamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. § 1º O substituto assumirá automática e cumulativamente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o respectivo período. § 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, superio- Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 46 res a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de efeti- va substituição, que excederem o referido período. Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de uni- dades administrativas organizadas em nível de assessoria. A substituição trata-se de instituto decorrente do princípio da continuida- de dos serviços públicos. Com ela, objetiva-se que o serviço não seja inter- rompido em razão da ausência do titular da função. Caso assim não fosse, a coletividade usuária do serviço prestado é que seria prejudicada pela sua interrupção. Todos os órgãos ou entidades possuem cargos de chefia e funções de di- reção, sendo que os servidores que ocupam tais funções, além de receber um adicional pelo exercício desempenhado, exercem atividades que exigem um maior nível de responsabilidade. Assim, quando os titulares desses cargos se ausentam (como, por exem- plo, nas férias, licenças ou afastamentos admitidos pela Lei n. 8.112/1990), o substituto, que deve ser anteriormente designado, assume cumulativamente, ou seja, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício temporário das atri- buições do titular. Como contrapartida, recebe um adicional durante o período em que durar a substituição. Da análise dos dispositivos referentes à substituição, percebe-se que o servidor, quando estiver substituindo o titular, pode, quando o período não exceder a 30 dias, optar pela remuneração que deseja receber, se aquela do cargo em que originalmente atua ou a do servidor substi- tuído. Após o prazo de 30 dias, e tendo continuado a substituição, o ser- vidor substituto passa a receber a remuneração do titular da função, sem a possibilidade de optar por uma das duas remunerações. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 47 3. Direitos e Vantagens 3.1. Vencimento e remuneração Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei. Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. O vencimento e a remuneração são, sem dúvida alguma, duas das mais importantes vantagens concedidas aos servidores. E como estamos no âmbito da administração pública, em plena consonância com o princípio da legalidade, é a própria Lei n. 8.112/1990 que estipula as diversas regras referentes ao as- sunto, dentre as quais se destaca a que determina que “é proibida a presta- ção de serviços gratuitos, salvo nos casos estipulados em lei” (art. 4º). Devemos guardar a diferenciação existente entre vencimento e remunera- ção. Vencimento é um conceito mais restrito, tratando-se da retribuição pecu- niária pelo exercício do cargo público. Remuneração, por outro lado, apresen- ta um conceito mais amplo, compreendendo os vencimentos e as vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. Vencimento Vantagens permanentes Remuneração § 1º A remuneração do servidor investido em função ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62. § 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou enti- dade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 48 Quando o servidor for investido em cargo em comissão ou função de con- fiança, receberá uma retribuição pelo seu exercício, uma vez que tais atribui- ções são consideradas estratégicas para o bom andamento da repartição. Quando o exercício das funções de chefia for em órgão ou entidade diver- so da lotação do servidor, a remuneração será paga da seguinte forma: a) Sendo a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Fe- deral e dos Municípios, estes serão os responsáveis pelo pagamento. b) Sendo a cessão para outro órgão ou entidade federal, a responsabilida- de pelo pagamento da remuneração continua sendo da União. § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráter permanente, é irredutível. § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de atri- buições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servido- res dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individu- al e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. Como decorrência do princípio da irredutibilidade salarial, o vencimento dos cargos efetivos, tal como as parcelas de caráter permanente, não poderá ser reduzido. Poderá o Poder Público, contudo, reduzir uma parcela recebida em caráter eventual ou mediante um determinado período de tempo. COMENTárIO:� Exemplificando Caso um servidor passe a ocupar uma função de chefia, receberá, enquan- to permanecer no desempenho destas atividades, uma retribuição pelo seu exercício. Perderá o servidor, quando deixar de desempenhar a função, a retribuição pelo seu exercício. Não perderá ele, contudo, o vencimento e as demais par- celas de caráter permanente que já recebia. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 49 Em sintonia com o princípio da isonomia, a norma estabelece que os ser- vidores dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), bem como os servidores de um mesmo Poder devem receber vencimentos de mesmo valor quando desempenharem atribuições iguais ou assemelhadas. Exceção à regra são as parcelas de caráter individual (um servidor que possui filho terá direito a auxílio pré-escolar, verba não creditada aos servi- dores que não possuam) e as relativas à natureza e ao local de trabalho (um servidor que trabalha em zona de fronteira terá direito ao adicional de peno- sidade, verba não paga ao servidor que não trabalha em tais localidades). § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário mínimo. De acordo com o artigo 41, § 5º, da Lei n. 8.112/1990, temos a previsão de que “nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário mínimo”. No entanto, a Súmula Vinculante n. 6 do STF criou uma exceção à regra geral ao estabelecer que: Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial. Prof. Diogo Surdi Lei n. 8.112/1990 50 Os praças militares são os indivíduos recém-incorporados ao serviço mili- tar. Ainda que não sejam abrangidos pela Lei n. 8.112/1990, trata-se de im- portante entendimento do STF que já foi cobrado diversas vezes em provas de concurso. Frisa-se que o vencimento do servidor público federal pode perfeitamente ser inferior ao salário mínimo. Como mencionado, o que não pode ser inferior ao salário é a remuneração, conceito que abrange o vencimento e as
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