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1 Isadora Silva Clínica médica Esclerose múltipla A EM é uma doença inflamatória, imunomediada e desmielinizante que afeta a bainha de mielina dos axônios dos neurônios do SNC. Afeta prioritariamente a substância branca do SNC, podendo ocorrer em diferentes sítios. Tem evolução lenta, mas progressiva. Sua patogenia se dá por mecanismos inflamatórios autoimune, sendo mediado por LT que reconhecem e atacam antígenos derivados da mielina no SNC. -EPIDEMIOLOGIA: Tem incidência maior em mulheres (3:1) Acomete mais idades entre 20 e 40 anos Acomete mais pessoas de países nórdicos já que alguns estudos relataram incidência maior em pessoas com falta de Vit D. Existem fenótipos que diferencia a doença: - Fenótipos mais comuns: remitente recorrente e progressiva primária. Tem por FATORES DE RISCO: causas genéticas, causas ambientais (falta de Vit D, tabagismo, obesidade, fatores epigenéticos infecciosos- Epstein Barr). -FISIOPATOLOGIA: Sabemos que para que os linfócitos atuem na defesa corporal eles precisam de uma maturação no timo, onde são selecionados aquele LT normais dos anormais). Assim, na EM não acontece esse processo de seleção dos LT, havendo perda na capacidade de destruição de LT auto reativos (anormais) na gênese linfocitária. Esses LT auto reativos por sua vez vão detectar a bainha de mielina como antígeno, atravessando a barreira hematoencefálica, causando resposta inflamatória com destruição da bainha de mielina, que vai acontecendo em grande escala até causar morte neuronal (com atrofia cerebral). Existem as pioras súbitas devido as inflamações contínuas, onde o paciente vai apresentar crises agudas, mas logo o paciente volta para a cronicidade. Por isso dizemos que o paciente tem os casos de remissão (cronicidade) seguidos de período de recorrência (surtos). Os surtos ditos, que acontecem em períodos da doença, podem se manifestar clinicamente como: 2 Isadora Silva Neurite óptica (embaçamento + dor ocular) Mielite transversa (alterações motoras, sensitivas e esfincterianas) Síndrome cerebral sensitiva ou motora Síndrome tronco/cerebelar (motricidade ocular, diplopia, ataxia). OBS: pode acontecer qualquer uma dessas manifestações durante o período de crise. -FENÓTIPOS CLÍNICOS: as manifestações clínicas podem se apresentar temporalmente de forma diferente, a depender do subtipo de EM que o paciente apresenta, sendo que identificamos quase sempre pós 1º surto: 1. EM recorrente (maioria dos casos): é aquela que existe períodos de surtos e melhora, sendo os surtos geralmente com duração superior a 24hrs. A degeneração acontece de maneira contínua. 2. EM secundariamente progressiva: evolução da forma recorrente-remitente ocorre após 10-20 anos de doença, ou seja, acontece 2, 3 surtos e depois para de ter. Os surtos deixam de acontecer, mas a degeneração continua a ser contínua. 3. EM primariamente progressiva: é o de mais difícil diagnóstico, porque pode não ter surtos ou ter 1 surto e a doença quando descoberta já está em estágio extremamente avançado. Há degeneração contínua. -DIAGNÓSTICO: temos que observar os critérios de McDonald: Disseminação no tempo (DT): 2 ou mais surtos em tempos diferentes. Disseminação no espaço (DE): 2 ou mais lesões que ocorrem em diferentes locais do SNC (encéfalo ou medula), vistas através de RM. Exclusão de outras causas 2 ou + DT e 2 ou + DE: diagnóstico confirmado 2 ou + DT e 1 DE: realizar nova RM para confirmar novas lesões (acompanhar +/- 6-6 meses) 1 DT e 2 ou + DE: aguardar novo surto 1 DT e 1 DE: aguardar novo surto e realizar nova RM em outro momento. Existe um exame que ajuda no diagnóstico para não esperarmos novo surto, mas ele é caro e de difícil acesso: COLETA DE LCR COM PESQUISA DE BANDAS OLIGOCLONAIS. 3 Isadora Silva Esse tipo de exame citado anteriormente consiste em passar uma carga elétrica e ver a formação proteica, calculando sua quantidade no líquor. É uma técnica pouco disponível no Brasil, mas é um meio que ajuda a fechar diagnóstico e não precisamos mais esperar o próximo surto para tratamento. Temos que tomar cuidado porque esse teste não é exclusivo para indicar somente EM, como também: meningite, neurossífilis, cisticercose, glioblastoma... Os tipos de lesões que aparecem no exame de imagem é geralmente nomeada de “dedos de Dawson” e geralmente acompanha o corpo caloso. -TRATAMENTO: é um tratamento centrado no bloqueio da atividade inflamatória e, consequentemente, a evolução da doença. 1. NATALIZUMABE: impede a entrada de LT reativos no SNC. É bastante usado. 2. FINGOLIMOD: mantém os linfócitos presos no linfonodo, só que dessa forma a imunidade do paciente caí. 3. INTERFERON b: altera a resposta inflamatória. Geralmente é usado em associação com outro. 4. GLATIRAMER: Se linga ao LT, “imitando” a bainha de mielina e alterando a resposta inflamatória. Funciona como antígeno artificial. 4 Isadora Silva 5 Isadora Silva Esclerose Lateral Amiotrófica A ELA é uma doença neurodegenerativa sem causa definida, que afeta neurônios motores do neuroeixo, com evolução progressiva e irreversível. ESCLEROSE: endurecimento, cicatrização LATERAL: porção lateral de medula espinhal anterior (feixe corticoespinal). AMIOTRÓFICA: resulta em atrofia muscular A motricidade e a força muscular resultam de um complexo conjunto de interação entre estruturas do sistema nervoso. O primeiro neurônio motor (neurônio motor superior) localizado na região do córtex cerebral frontal envia o comando motor através de um feixe axonal que passa pelas partes mais profundas do encéfalo em direção a medula espinhal, onde realiza sinapse com o segundo neurônio motor. Por sua vez, o segundo neurônio motor (neurônio motor inferior) emite também extenso axônio que sai da medula para formar os nervos periféricos e finalmente fazer conexão com o músculo através da junção neuromuscular. Entendido isso, podemos dizer que a ELA afeta esses 2 neurônios, causando disfunções essencialmente motoras. A doença se desenvolve caudal-cranial e um dos primeiros sintomas é a dificuldade de andar. -EPIDEMIOLOGIA: ¼ para cada 100.000 pessoas, sendo uma doença mais rara. Afeta mais homens (até 70 anos). Mais encontrado em idades avançadas (70-80 anos). Nos EUA é nomeada de doença de Lou Gehrig. A expectativa de vida pós descoberta da doença é de 5 anos. Não é uma doença totalmente esclarecida, mas sabemos hoje que está relacionada com fatores genéticos + fatores ambientais (processo inflamatório, traumas, intoxicações por agrotóxicos, atividade física excessiva). -FISIOPATOLOGIA: para que doença tenha início há necessidade de atuação de fatores genéticos e fatores ambientais, que vão causar ativação de mecanismos patofisiolóficos 6 Isadora Silva (disfunção mitocondrial, acúmulo de proteínas, processo inflamatório, interrupção do transporte axonal, apoptose), com redução da função e morte neuronal gradativa e a partir daí surgem os sintomas motores associados, pelo afetamento do 1º e 2º neurônios motores. Os sintomas presentes são puramente motores e podem causar: Fasciculações Fraqueza Atrofia Espasticidade Labilidade emocional Constipação Sialorréia Dispneia Esses sintomas variam de acordo com a topografia da lesão: -DIAGNÓSTICO: é eminentemente clínico e com suportes eletroneuromiografia. Existem critérios diagnósticos bem estabelecidos (El Escorial). A anamneseé fundamental e deve ser perguntado o início dos sintomas, os locais corporais acometidos, as comorbidades do paciente e medicações em uso. No exame físico devemos fazer os testes neurológicos dando enfoque para testes de força, avaliando hipotrofias, fasciculações, além de realizar os testes de sensibilidade para descartar outros diagnósticos (já que na ELA não temos problemas com a sensibilidade). A eletroneuromiografia é um método complementar que avalia a unidade motora, por causa da captação de variação elétrica em região avaliada de acordo com movimento. Os exames de imagem como TC e RM também são usados para descartar outros tipos de diagnóstico. O EL Escorial, usado como critério de diagnóstico, sendo que deve ser observado dois pontos: 1- Presença de: alterações de 1º e 2º neurônio motor (avaliados clinicamente e com ENMG) 2- Ausência de: comprometimento sensitivo, autonômico (náuseas, vômitos, diarreia), visual, parkinsonismo, alterações em exames de neuroimagem. -TRATAMENTO: Não existe tratamento curativo. Muitos usam a medicação Riluzole, que serve para atrasar a progressão da doença (atrasa uns 3-4 meses a doença). Já os cuidados paliativos servem para dar melhor qualidade de vida ao paciente, já que ele precisa de cuidados por 24hrs. Podemos oferecer O2 ao paciente e acompanhamento multiprofissional.
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