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Instituto Taquaritinguense de Ensino Superior
“Dr. Aristides de Carvalho Schlobach” - ITES
Praça Dr. Horácio Ramalho, 159 - Centro
CEP: 15.900-000-Taquaritinga - SP
Fone: (16) 3253-8200
Home page: www.ites.com.br e-mail: secretaria@ites.com.br
Discentes: Ana Paula Araújo
Gracieli Fernanda da Silva
Glaucia Tonini Sitta
Isabella Casatti Maine
Mariane da Silva Pedrão
Jaqueline Aparecida Gomes
Docente: Mariana Galli
TRABALHO PSICOLOGIA E DIVERSIDADE TEMA: DIVERSIDADE E GÊNERO
INTRODUÇÃO
O uso da palavra gênero teve disseminação no século passado por movimentos feministas que queriam que seus direitos de igualdade e respeito fossem assegurados independentes do sexo. No contexto brasileiro foi entre os anos de 1970 a 1980 que surgiram os campos de estudos relacionados ao gênero, com objetivo de discutir à busca da igualdade, na questão da diferença e reconhecimento cultural do gênero.
Inicialmente, gênero era uma palavra usada apenas em oposição a “sexo” para, posteriormente, referir-se à construção social das identidades sexuais, descrevendo o que é socialmente construído. Já nas décadas de 1970 e 1980, os estudos de gênero passaram a envolver duas dimensões: a ideia de que o gênero seria um atributo social institucionalizado e a noção de que o poder estaria distribuído de modo desigual entre os sexos, subordinando a mulher.
Neste contexto, o conceito de gênero abre uma brecha no conhecimento sobre a mulher e o homem, na qual torna possível uma compreensão renovadora e transformadora de suas diferenças e desigualdades. Para além das diferenças individuais, é importante salientar as interações sociais que influem nos resultados educativos e ocupacionais, entre outros tantos.
Ainda sobre este cenário, Michel Foucault em A História da Sexualidade Vol I: a vontade de saber (1988) nos oferece uma crítica genealógica frente à construção desta realidade, posto que, o sexo em discurso corresponderia a uma estratégia do biopoder e consequentemente com o surgimento da “população” e todas as suas variantes: natalidade, raça, fecundidade, expectativa de vida etc., pela qual se pode calculá-la nesses mesmos termos, ou seja, passa-se a construir mais um dispositivo de controle e regulação favorecendo e autorizando inúmeras práticas violentas e epistemicídas. No entanto, esta realidade foi demarcada pela ideia do silêncio, repressão e proibição, ou seja, falar sobre o “sexo” se tornou cada vez mais regulado, e, de fato está passou ser uma realidade, mas isso não sugere a repressão do próprio assunto “sexo”. 
Há o outro lado e pelo qual a crítica de Foucault é extremamente valiosa que diz respeito ao discurso. Haja vista que para o autor, houve uma verdadeira explosão discursiva sobre o sexo, centrando-o justamente como a sexualidade na moderna forma de governar, a do biopoder: dispositivos pelos quais as pessoas foram obrigadas a falar sobre sexo, tudo o que faziam dele, como lidavam com ele e etc., portanto, não houve uma repressão, mas uma nova maneira de falar e lidar com ele, justamente em nome desse regime.
Nesta perspectiva, para Foucault (1988), o século XVIII não é um século marcado pela proibição de se falar sobre o sexo, mas por um regime que regula o sexo por meio de discursos úteis e públicos, pelo detalhamento dos discursos das pessoas sobre como cada um se relaciona com o “sexo”. O pressuposto silêncio aqui é entendido pelo autor como múltiplo, onde ele próprio é integrante das estratégias que apoiam e atravessam esses discursos.
Dessa forma, o “silêncio” sobre sexo é para Foucault (1988) extremamente valioso e não repressivo, porque para ele, o silêncio sempre é múltiplo e integra as estratégias que apoiam e atravessam o discurso, neste sentido, não se parou de falar sobre o sexo, pelo contrário, se continuo a falar dele e de outra forma, valorizando-o e fazendo dele um segredo. 
Essa proliferação dos discursos, segundo o autor possibilitou “analisar a taxa de natalidade, a idade do casamento, os nascimento legítimos e ilegítimos, a precocidade e a frequência das relações sexuais, a maneira de torná-las fecundas ou estéreis, o efeito do celibato ou das interdições, a incidência das práticas contraceptivas” (Foucault, 1988, p. 28), e as construções destas realidades também se encontravam inseridas sob o respaldo dos marcadores de classe e raça que na época também estavam sendo moldados e assumindo a função de controle e de construção de novos modos de subjetivação. 
Nesse sentido, essa estratégia de proliferação discursiva permite que ocorra a regulamentação do sexo e raça, visto que segundo Foucault (1988) a sexualidade passa estar vinculada e relacionada à irregularidade, à doença mental, a infância e dentre outras instâncias, e assim passa-se a construir dispositivos de controles pedagógicos e tratamentos e intervenções médicas e psicológicas frente ao que passaria a ser considerado como desvio.
A medicina, psiquiatria e psicologia a partir do discurso ilícito e lícito foram responsáveis pela construção ideológica das “perversões” atribuindo assim aos corpos desviantes, como era o caso pessoas trans, travestis e outros corpos dissidentes. Nesta perspectiva, ao longo da história da civilização, os conceitos de saúde e doença, normalidade e anormalidade têm sofrido grandes transformações, uma vez que algumas práticas consideradas normais em uma determinada época e em alguns locais poderão ser classificadas como anormais ou patológicas em outro contexto cultural, geográfico, histórico, político e religioso. Um exemplo dessa mudança de paradigma é o conceito da homossexualidade, que no passado já foi considerada uma anormalidade, uma perversão sexual, mas, com o desenvolvimento sociocultural e científico, hoje é compreendida como uma legítima expressão da orientação sexual humana.
A Psicologia enquanto ciência e profissão ao longo de anos passaram a negar e se silenciar frente a temática das relações de gênero e sexualidades dissidentes, e sobretudo, as desigualdades de gênero, isto é, o interesse da Psicologia brasileira nas questões das questões da sexualidade não heterossexual é ainda algo recente, comparado ao de outros organismos internacionais que há muitos anos vêm despatologizando essas orientações e identidades sexuais. Tomando como exemplo o processo de despatologização da homossexualidade, em 1973, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) retira de sua classificação a homossexualidade como transtorno de orientação sexual, o mesmo ocorrendo com a Associação de Psicologia Americana, em 1975. Na década de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fará o mesmo com a sua classificação de doenças.
Apenas em 1999 o Conselho Federal de Psicologia (CFP) promulgou a Resolução nº 001/99, partindo do princípio de que a homossexualidade não constitui doença, distúrbio nem perversão, estabelecendo normas de atuação para os psicólogos (as) com relação à questão da orientação sexual. Portanto, a homossexualidade é totalmente despatologizada no país.
E no ano de 2018 o CFP lança a Resolução 001/2018 na data de 01 de janeiro de 2018, no qual, “[...] estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis”, e por meio das atribuições legais da profissão, aos quais o código de ética sustenta a atuação, de acordo com os direitos e deveres previstos nos princípios fundamentais (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2018, p. 1). 
Nesta perspectiva, faz-se necessário entender que a sexualidade não diz respeito a orientação sexual e sim às questões de identidade de gênero, a orientação sexual diz respeito à atração sexual do indivíduo por outro do mesmo sexo, sexo oposto ou então dos dois, sendo assim, o conceito de sexualidade engloba quem não se identifica com o gênero que lhe foi imposto ao nascimento, pode-se afirmar que também inclui as pessoas que não se identificam com nenhum destes gêneros ou com mais de um deles.
Portanto, o presente trabalho tem como objeto compreender o fenômeno da sexualidade refletindo, sobre como a Psicologia tem compreendidoeste fenômeno, isto é, como a literatura especializada tem discutido, compreendido e visualizado a sexualidade? De modo patologizante? De modo despatologizante? Posto que, a sexualidade é uma questão de identidade. Não é uma doença mental, não é uma perversão sexual, nem é uma doença debilitante ou contagiosa. E, consequentemente, não tem nada a ver com orientação sexual. 
DESENVOLVIMENTO
Identidade sexual
O conceito de identidade sexual refere-se à consciência da própria imagem corporal, de seu sexo biológico ou morfológico, à percepção de cada sexo como determinado 
Na maioria dos casos, a identidade sexual corresponde ao sexo atribuído, porém, quando as pessoas transexuais tomam consciência de sua imagem corporal e de sua identidade sexual, parece ser o início do conflito, quando percebem que sua imagem corporal não está de acordo com quem eles são. Embora seja verdade que o conflito irá aumentar sua intensidade ao longo do desenvolvimento devido às implicações do processo de socialização, até a adolescência, momento de especial relevância vital no ser humano, também em relação à identidade de gênero.
Papel de gênero
O papel de gênero inclui uma série de comportamentos e atitudes que, em cada momento e contexto sociocultural, delimitam o contexto de masculinidade e feminilidade adquiridos no processo de socialização.
O papel de gênero se manifesta em aspectos comportamentais compatíveis com as definições culturais de masculinidade e feminilidade por volta dos 5 anos. Até essa idade, esse papel de gênero se manifesta de forma estereotipada e, embora gradualmente se torne mais flexível a partir desse momento, as crianças costumam mostrar preferência por atividades típicas de seu sexo biológico, excluindo aqueles que se desviam da norma.
Porém, desde o nascimento, o contexto sociofamiliar tem desejos e expectativas sobre nós como homens e mulheres a partir do nosso sexo biológico, ou seja, de acordo com os estereótipos de gênero existentes naquele contexto.
Desse modo, os estereótipos de gênero são generalizações socialmente estabelecidas a partir do sexo biológico que exageram as diferenças reais dos grupos e que justificam a distribuição dos sexos nos papéis sociais. Os estereótipos incluem não apenas atividades, mas também características, interesses, etc.
Nesse sentido, podemos pensar que “as pessoas transexuais estão em situação de conflito pela impossibilidade de cumprir o estereótipo associado ao seu sexo biológico, com a certeza de construir sua identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico. ”
Teoria de Gênero
A teoria de gênero fundamenta-se no fato de que a diferença homem-mulher não se produz de forma fundamental por motivos naturais ou biológicos. Analisar as crenças culturais a respeito dessa diferenciação, como a de que só existem dois sexos, que o sexo é um fato exclusivamente biológico, no qual as crenças pessoais sobre o sexo não intervêm, que permanece inalterado e não muda, e que o sexo genital é o que realmente define o sexo de uma pessoa. A partir dessa teoria, as características biológicas são legítimas do corpo, mas não o definem como masculino ou feminino, ao contrário, essa definição é uma construção social que varia de um momento histórico a outro e de uma cultura a outra.
Em 1978 e 1999, esses mesmos autores avaliaram qual era o significado do termo sexo e como saber o sexo de uma pessoa em uma amostra universitária. Vinte e cinco anos depois, persistia a dicotomia homem-mulher e, embora muitas vezes considerassem o sexo um complexo em que os órgãos genitais não determinavam por si mesma a pertença a um ou a outro sexo, consideravam-no essencial para definir essa pertença.
Assim, embora as respostas refletissem a possibilidade de não ser tão importante categorizar as pessoas por sexo, a maior parte da amostra expressou sentir-se desconfortável por não conhecer o sexo real das pessoas em seu cotidiano.
Nessa perspectiva teórica, é possível falar em transgênero, ou seja, pessoas que, sentindo-se pertencer ao sexo oposto ao do seu sexo biológico, podem se sentir à vontade com os aspectos físicos de ambos os sexos, sem ter que completar o processo médico padrão de redesignação sexual.
As diferenças de 25 anos se traduzem em apenas um pequeno grau de maior flexibilidade na aceitação de diferentes situações, como a que acabamos de mencionar, enquanto na década de 1970 o transexual surgia como um fenômeno revolucionário, hoje o mesmo vale para as pessoas que o são definido como transgênero.
O conceito de gênero na sociedade
Para entendermos como as normas foram construídas sobre o tema sexualidade e gênero na sociedade Brasileira, buscaremos primeiramente entender como as ideias sobre esse tema foram sendo construídas nas diferentes sociedades, por meio da história, cultura, religião adventos da Igreja católica e do Cristianismo há mais de dois mil anos.
Na antiguidade o homoerostimo e as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo eram comuns, pois eram vistos como instrumentos de educação sexual, os homens mais velhos ensinavam os mais jovens sobre as práticas sexuais e sobre seus corpos (ULLMANN, 2007). Com o surgimento do cristianismo, das religiões católicas e evangélicas, às práticas sexuais passou a ser vista como principal objetivo a procriação, sendo dessa forma desprezível de prazer (TREVISAN 2004, p. 19). No século XIX, o casamento entre homens e mulheres passou a ser valorizado, pois interessava na manutenção das classes sociais, por se reproduzir e acumular o capital por meio dos matrimônios (LAFARGUE 1932, p. 5). 
No final do século XIX e início do século XX, o conceito de homossexualidade incorpora-se a figura de personagem e sua conduta passa a ser medida em relação à sua sexualidade (FOUCAULT, 1988). As práticas eróticas e sexuais ganham características de anormalidade, desvio e doença. Até 1973, a homossexualidade figura na Classificação Internacional de Doenças (CID).
Entender a sexualidade e o gênero não como categorias fixas, mas em constante movimento e não classificáveis permite construir uma ideia de como esses temas vêm sendo tratados no cenário social contemporâneo como algo fronteiriço, quer dizer, que contorna as fronteiras morais (MISKOLCI, 2007) daquilo que as sociedades consideram como algo natural e normal.
A sexualidade diferente da heterossexualidade, recebe características de crime, doença e de pecado. Os dados do relatório da Internacional Lesbian Gay, Bissexual, Trans and Intersex Associacion (ILGA), aponta que a homossexualidade é, no mundo, considerada delito e resulta em pena de morte em cinco países e aprisionamento em 84 países/entidades federais. Na América Latina e no Caribe, onze são os países que punem com pena de prisão, por outro lado apenas cinco países incluindo o Brasil reconhecem a união entre pessoas do mesmo sexo, seja pelo casamento igualitário, seja através de substitutivo legal (ILGA, 2012).
As anunciadas diferenças no sentido literal entre meninos e meninas na sociedade são evidenciadas desde o nascimento: meninas usam roupas "rosas"; meninos, "azuis"... Durante o desenvolvimento cognitivo, ambos são educados a brincar de "boneca" ou de "carrinho"; de "panelinha" ou de "futebol", demarcando a “delimitação do espaço" de cada um, ou seja, a "boneca" como um do ato da maternidade e a "panelinha, como a dona de casa, assim como o "carrinho “como o homem ao volante e o "futebol" como esporte só de homem, influenciam e reforçam a ideologia que reproduz a "submissão" feminina e a sobreposição masculina no status quo que designa a decodificação dos "papéis sociais" e as atitudes "inconscientes", finalizando na inculcação do "modo de vida" das relações de gênero dispostas tradicionalmente, apenas para exemplificarmos as situações que ocorrem ao longo do processo de formação da criança, como provavelmente muitos de nós nos deparamos na infância. 
Já no tocante ao espaço educacional, os "papéis" continuam a se reproduzir, principalmente nos acontecimentos "lúdicos" de dança, teatro, esportes e outras manifestações queocorrem na Instituição Escola são exemplificadas através de atividades para "meninos" e "meninas" como regras sociais, com códigos e significados que indicam "feminilidade" e "masculinidade" no sentido estrito, de "normalidade" (GDE, Mod. 3, Texto 1, 2009), de funções sociais previamente determinadas e categoricamente indiscutíveis, logo, culturalmente impostas.
 Se uma menina se inscreve no time de futebol ou um menino no grupo de dança a "normalidade" é vista de forma pejorativa, "instintivamente" preconceituosa, ferindo de maneira ampla a "feminilidade" e a "masculinidade" indicada como regra e a partir desse juízo de valor – e de outros –, criam-se estigmas, fofocas, rótulos, dúvidas, depreciações e julgamentos sem precedentes, O preconceito sexual que se estimula através de "piadinhas", "brincadeiras" e várias maneiras de bullying surge como que automatizado e, muitas vezes, encontra-se estereotipado à luz do comportamento conservador que ainda está presente em diversos "Aparelhos Ideológicos do Estado" (Althusser, 2007) como nas Escolas, nas Igrejas, na própria Família, etc. 
Sobre o preconceito, a segregação e o estigma é fato que precisamos "descongelar" as atitudes que causam violências e interiorizações na sociedade e congelar, combater, impedir a intolerância de tal forma que possamos orientar a capacidade cognitiva e formativa do ser humano para que, finalmente, seja um indivíduo eminentemente humano. Reitero dizendo que o ser humano precisa se “humanizar”, conhecer direitos, desenvolver aspectos sociais da vida cidadã, manifestar suas inquietudes e conquistar referências de respeito mútuo, especialmente entre as chamadas minorias sociais. 
A própria Escola enquanto Instituição precisa aprimorar conhecimentos e compreender que a sociedade é dinâmica, que caminha em constante transformação histórica e que os aclamados processos educacionais baseados na Teoria da Educação necessitam de práxis social – sem "pragmatismos" forçados – para que ações concretas, eficazes, de diálogos e reconhecimentos de que podemos – e devemos – transmutar o desnivelamento social, cultural e simbólico que ainda "habita" o ensino brasileiro (assim como o todo social) sejam de fato, fatos. 
Nesse contexto, o processo que deve ser iniciado começa por mudanças de valores sociais que se mostrem conservadores, com a “quebra” de paradigmas que reproduzam preconceitos e que devem ser conquistados através de modificações profundas das estruturas estruturantes, como diria Bourdieu (2003), englobando a sociedade em longo prazo, sendo inegável o sintoma das relações de poder que perpetuam violências e regras sociais específicas, como os padrões culturais “heterossexuais”, a saber: o Casamento, a Família Tradicional, o sexo “apenas” entre pessoas de gêneros opostos e demais formas de padronização de comportamentos sexuais e sociais. 
Ressignificar valores como a ética, o respeito mútuo e atitudes práticas de combate às delimitações e estereótipos de "masculinidade" e "feminilidade", são possibilidades educacionais necessárias para que os comportamentos citados sejam revistos e (re) avaliados na vida social e cultural, e, finalmente, as rotulações e as imposições ideológicas e simbólicas entrem em debate, o aprendizado da liberdade humana "está dentro da cabeça”, como diria o poeta. 
Não vamos longe: não é à toa que Marta, no “país do futebol” masculino é a melhor jogadora de futebol do Planeta, pelo quinto ano consecutivo, quebrando um "paradigma", confundindo a regra da coerção dos fatos sociais de "normalidade" apenas com o seu "talento natural" e, a partir de fatos como esse, como num “ponta pé”, é urgente que a abertura de discussões seja analisada em torno das relações de gênero e dos preconceitos velados – e anunciados – na Sociedade Brasileira.
CONCLUSÃO
Muitas práticas sociais que violam direitos humanos podem ter indícios nos processos de segregação social em que homens e mulheres com menor poder aquisitivo de poder estão sujeitos e são submetidos a todo tipo de violência: simbólica, física, social, cultural e humana., e apesar disso, a luta engajada de movimentos sociais desde a década de 70 até hoje, como o Feminista e o LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgênicos) , ao longo de processos de revisões de concepções obsoletas mudanças nos campos biomédico, jurídico, político e social tem, na medida do possível, avançado no debate, porém, o preconceito persiste e ainda convivemos com uma espécie de desvalorização da diversidade sexual,pois além da de cor, classe, raça, etnia, gênero, etc.
Grupos fadados a toda forma de exclusão social, classificados como "os fora da ordem" e que "não se adaptam às normas" aos padrões culturais hetero e, a partir da reprodução social que acontece, inclusive, na própria escola através de agressões silenciosas contribui para que a produção da "distinção social" de gostos, de classes, de estilos de vida e de poder: aquisitivo, de prestígio, acadêmico, coletivo estimulem o apego a normas e convenções arbitrárias de sexualidade.
E por fim as políticas de educação, saúde, saneamento, entretenimento, juventude, oportunidade de renda, direitos sexuais, cultura, desportos, lideranças religiosas, ONG's e etc., devem contextualizar o que pode ser feito em termos de Direitos Humanos e atitudes solidárias, de reflexões da realidade social e também da construção de um pensamento crítico que possa relativizar (DaMatta, 1981), o "romantismo" da vida amorosa, sexual, social, política e cultural pautada em relações de poder que moldam comportamentos e impõem regras, a fim de estabelecer caminhos fortuitos que consigam substancialmente discutir direitos de cidadania e de busca por um espaço democrático propriamente dito que possa garantir a diversidade sexual de fato, tão notoriamente aclamada e urgente na atualidade.
REFERÊNCIAS
Althusser, L. (2007). Aparelhos Ideológicos de Estado. São Paulo: Graal Editora. Brochura. 10ª Ed. São Paulo. 
Bourdieu, P. (2007). A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: EDUSP.
Bourdieu, P. (2003). O poder simbólico. In Bourdieu, P. (Org.). Sobre o poder simbólico. (F. Thomaz, Trad.) 6ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Ferreira, Guilherme Gomes e Aguinsky, Beatriz GershensonMovimentos sociais de sexualidade e gênero: análise do acesso às políticas públicas. Revista Katálysis [online]. 2013, v. 16, n. 2 [. Acessado 29 outubro 2021], pp. 223-232. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1414-49802013000200008>. Epub 25 Nov 2013. ISSN 1982-0259. https://doi.org/10.1590/S1414-49802013000200008.
FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
ILGA-Internacional Lesbian, Gay, Bissexual, Trans and Intersex Association. Direitos de lésbicas e gays no mundo. Bruxelas. Disponível em: <http://ilga.org/ilga/pt/index.html>. 
LAFARGUE, P. Porque crê em Deus a burguesia. Tradução de Jaime Ferreira Dias. Portugal: Republica Social, 1932.
MAGISTÉRIO DA IGREJA. Catecismo da Igreja Católica (em português). Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2000.
MISKOLCI, R. Pânicos morais e controle social reflexões sobre o casamento gay. Cadernos Pagu, Campinas, n. 28, p. 101-128, jan. /jun. 2007.
TREVISAN, J. S. Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade. Rio de Janeiro: Record, 2004.
ULLMANN, R. A. Amor e sexo na Grécia Antiga. Porto Alegre: Edipucrs, 2007. (Coleção Filosofia, 194).

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