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SEMIOLOGIA DO APARELHO CARDIOVASCULAR (AUSCULTA) - YARLLA CRUZ

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Semiologia do aparelho cardiovascular - Ausculta 
• O ciclo cardíaco é o período 
compreendido entre 2 batimentos 
• O AD se contrai antes do AE, devido a 
localização do nó SA 
• A válvula mitral fecha antes da tricúspide, 
haja vista que o volume ventricular e a 
pressão de ambas é diferente 
• A válvula pulmonar (menor pressão) abre 
antes do que a válvula aorta 
 • A aorta fecha primeiro que a pulmonar 
 
 
Primeira bulha (B1 - TUM) 
• É o fechamento das válvulas 
atrioventriculares 
• O componente mitral antecede o 
componente tricúspide 
• Deve coincidir com o pulso carotídeo e 
com o ictus cordis 
• Apresenta timbre mais grave e seu tempo 
de duração é um pouco maior que o da 
segunda bulha 
• Apresenta maior intensidade no foco 
mitral 
 
Intensidade de B1 
• Normal (normofonética), aumentada 
(hiperfonética) ou reduzida (hipofonética) 
• A posição dos folhetos das valvas mitral e 
tricúspide, no instante da contração 
ventricular, constitui o fator principal da 
intensidade de B1 
 • Quanto mais baixos estiverem, maior 
será o trajeto a percorrer ao se fecharem 
• Diminuição do enchimento ventricular - 
taquicardia, hipertireoidismo e contrações 
prematuras (extrassístoles) 
 • Provocam a hiperfonese de B1, uma vez 
que a contração ventricular se inicia no 
momento em que as valvas estão baixas, 
provocando o fechamento mais rápido das 
válvulas 
• Fibrilação atrial - a intensidade de B1 varia 
de uma sístole para outra 
 • Pode ser hiperfonética ou hipofonética 
• Timbre e tom de B1 
 • Estenose mitral - as válvulas se tornam 
rígidas em decorrência da fibrose, e o ruído 
produzido pelo seu fechamento, além de 
mais intenso, passa a ter tom agudo e 
timbre metálico 
 
Desdobramento de B1 
• Ocorre em cerca de 50% dos indivíduos 
saudáveis, especialmente em crianças e 
jovens 
• É causado pelo discreto assincronismo na 
contração dos ventrículos 
• Caso o desdobramento seja amplo, é 
possível a suspeita de bloqueio do ramo 
direito que retarda a contração ventricular 
direita, atrasando o fechamento da 
tricúspide 
 • Diferença entre a despolarização do 
lado direito e do lado esquerdo 
 
Segunda bulha (B2 - TÁ) 
• É o fechamento das válvulas semilunares 
(aórtica e pulmonar) 
• Componente aórtico - ouve-se em toda a 
região precordial 
• Componente pulmonar - é auscultado 
em uma área limitada que corresponde ao 
foco pulmonar e a borda esternal esquerda 
• O componente aórtico precede o 
pulmonar 
• Em condições normais, a segunda bulha 
é mais intensa nos focos da base (aórtico e 
pulmonar) 
• Nas crianças, a segunda bulha tem maior 
intensidade no foco pulmonar 
Yarlla Cruz 
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• Nos adultos, possui maior intensidade na 
área aórtica 
• Nas pessoas idosas, torna-se mais forte na 
área aórtica 
• Ocorre depois de um pequeno silêncio, 
apresenta timbre mais agudo e ressoa de 
maneira mais seca 
 
Intensidade de B2 
• A posição das valvas no início do seu 
fechamento constitui o fator principal - 
quanto maior a distância percorrida por 
elas, mais intenso o ruído 
• Condições em que ocorre o aumento do 
débito - persistência do canal arterial e 
comunicação interatrial 
 • Pode ocorrer a hiperfonese de B2 na 
área pulmonar 
• Hipertensão arterial sistêmica - 
hiperfonese de B2 na área aórtica, uma vez 
que ocorre o aumento da pressão na aorta 
ou na pulmonar 
 • As cúspides se fecham com mais força 
• Timbre e tom 
 • A alteração mais comum do timbre e do 
tom de B2 depende do endurecimento das 
valvas semilunares ou sigmoides e, quando 
isso acontece, a bulha a ter caráter seco 
 • Pode acompanhar a hiperfonese, 
independentemente da causa 
 
 
Desdobramento de B2 
• 1 - Desdobramento 
fisiológico/inspiratório - 
ocorre na inspiração 
quando a sístole do VD 
se prolonga em função 
do maior afluxo de 
sangue nesse lado 
 • O componente 
pulmonar se retarda 
por tempo suficiente 
para a percepção de modo nítido dos 2 
componentes 
 • Quando a bulha está desdobrada, seu 
ruído corresponde à expressão TLÁ 
• 2 - Desdobramento constante e variável 
 • É causado pelo bloqueio do ramo 
direito do feixe de His - o estímulo chega 
atrasado ao lado direito em comparação 
com o lado esquerdo 
 • O fechamento da valva pulmonar se 
retarda 
 • Se não há insuficiência valvar, nota-se 
acentuação do desdobramento na 
inspiração profunda 
 • Constante (expiração e inspiração) e 
variável (varia com a inspiração) 
• 3 - Desdobramento constante e fixo 
 • Ocorre com o aumento do fluxo de 
sangue para o VD, como na comunicação 
interatrial - a câmara demora mais tempo 
para se esvaziar 
 • As valvas pulmonares se fecham após as 
valvas aórticas 
 • Constante (expiração e inspiração) e 
fixo (não varia durante o ciclo) 
• 4 - Desdobramento invertido/paradoxal - 
é observado no bloqueio do ramo 
esquerdo do feixe de His 
 • Aparece durante a expiração e se 
acentua na apneia expiratória 
 • A contração do VD ocorre antes do VE 
e o componente aórtico situa-se depois do 
componente pulmonar - é o inverso da 
situação normal 
 • É constante (inspiração e expiração) e 
variável (se acentua na expiração) 
 • Na inspiração forçada, o retorno venoso 
é reduzido, o componente pulmonar se 
adianta e a segunda bulha torna-se 
desdobrada, “paradoxalmente” 
Yarlla Cruz 
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Terceira bulha (B3) 
• É um ruído protodiastólico de baixa 
frequência que se origina das vibrações da 
parede ventricular subitamente distendida 
pela corrente sanguínea que penetra na 
cavidade durante o enchimento ventricular 
rápido 
• B3 normal é observada em crianças e 
adolescentes, raramente em adultos 
• É mais audível na área mitral em decúbito 
lateral esquerdo 
• Pode ser imitada pronunciando-se de 
modo rápido a expressão TU 
• B3 - som diástolico e de baixa frequência 
• B3 patológica - surge em corações 
dilatados e com maior complacência 
 • Bulha do coração mole - período de 
enchimento rápido 
 
Quarta bulha (B4) 
• É um ruído débil que ocorre no fim da 
diástole ou pré-sístole 
• Em condições normais, pode ser ouvida 
em crianças e adultos jovens 
• Origina-se pela brusca desaceleração do 
fluxo sanguíneo, mobilizado pela 
contração atrial, ao encontrar a massa 
sanguínea existente no interior dos 
ventrículos, no final da diástole 
• B4 - som diastólico e de baixa frequência 
• B4 patológica - surge nos corações 
hipertrofiados ou com irrigação deficiente 
(hipertensão arterial, insuficiência 
coronária, miocardiopatia hipertrófica) 
 • Bulha do coração duro - hipertrofia 
ventricular esquerdo, IAM 
 • Associada a sístole atrial 
 
Estalidos ou cliques 
• Som de alta frequência que pode 
aparecer em diferentes fases do ciclo 
cardíaco 
• Estalidos diastólicos - ocorre na estenose 
das valvas mitral e tricúspide e, mais 
raramente, na insuficiência mitral e na 
comunicação interatrial 
 • Estalido de abertura mitral - na estenose 
mitral, a abertura da valva mitral passa a 
provocar um ruído seco, agudo e de curta 
duração 
 • É mais audível quando o paciente 
está em decúbito lateral esquerdo na altura 
no terceiro e quarto espaço intercostal 
 • É o sinal mais indicativo de estenose 
mitral 
 • Estalido de abertura tricúspide - é mais 
audível na borda esternal esquerda e 
ocasionalmente na borda esternal direita 
• Estalidos protossistólicos (pulmonar e 
aórtico) - são ruídos de alta frequência, 
agudos e intensos, produzidos na artéria 
pulmonar e na aorta 
 • Estalido prostossistólico pulmonar - é 
mais audível na área pulmonar e na borda 
esternal esquerda e está associado a 
estenose pulmonar moderada, a dilatação 
idiopática da artéria pulmonar, a 
comunicação interatrial e a hipertensão 
pulmonar grave 
 • Estalido protossistólico aórtico - pode ser 
observado nas lesões valvares aórticas 
(estenose e insuficiência), coarctação da 
aorta, aneurisma da aorta, dilatação 
aórtica de etiologia aterosclerótica ou 
hipertensiva 
• Estalidos mesossistólicos e telessistólicos- 
são ruídos de alta frequência, seco, agudo, 
situado no meio ou no fim da sístole 
• Começo (protossistólico) - início da sístole 
 • Estenose da válvula aórtica e da válvula 
pulmonar 
 • Aneurisma de aorta 
• Protodiastólico - ocorre no início da 
diástole (na estenose da válvula mitral e 
tricúspide) 
• Meio (mesossistólico) - prolapso da válvula 
mitral (ocorre do meio para o final da 
sístole) 
 • Mesotelesistólico - prolapso da valva 
mitral 
• Final (telessistólico) 
 
Sopros 
• São produzidos pelo turbilhonamento do 
fluxo sanguíneo 
Yarlla Cruz 
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 • Aumento da velocidade da corrente 
sanguínea - exercício físico, anemia, 
hipertireoidismo e síndrome febril 
 • Diminuição da viscosidade sanguínea - 
portadores de anemia 
 • Passagem do sangue através de uma 
zona estreitada 
 • Passagem do sangue por uma zona 
dilatada 
 • Passagem do sangue por uma 
membrana de borda livre 
• Podem ser palpáveis (frêmito) 
1 - Posição no ciclo cardíaco 
Sistólico - coincide com o ictus cordis e 
com o pulso carotídeo 
 • É mais audível em foco aórtico 
• Sopro de ejeção - começa junto com B1 
e termina antes de B2 
 • Sopro em diamante - estenose aórtica e 
pulmonar 
• Sopro de regurgitação (em barra) - 
começa junto de B1 e termina antes de B2 
 • Ocupa todo o período sistólico 
 • Ocorre na insuficiência mitral ou 
tricúspide 
Diastólico - não coincide com o pulso 
carotídeo e com o ictus cordis 
 • Ocorre na estenose atrioventricular e na 
insuficiência das valvas aórtica e pulmonar 
 • São sopros de baixa frequência e tom 
grave - caráter de “ruflar” 
 • Insuficiência valvar aórtica e pulmonar - 
sopros de alta frequência, de intensidade 
decrescente, tom agudo, qualidades que, 
em conjunto, conferem a estes sopros 
caráter aspirativo 
 • São classificados em protodiastólicos, 
mesodiastólicos e telediastólicos/ 
pré-sistólicos 
 • Protodiastólico - ocorre no início da 
diástole (na estenose da válvula mitral e 
tricúspide) 
Sistodiastólicos ou contínuos - podem 
coincidir ou não coincidir com os 
marcadores da sístole 
 • São designados sopros “em maquinaria” 
porque lembram o ruído de máquina a 
vapor em movimento 
 • Surgem na persistência do canal arterial, 
nas fístulas arteriovenosas, nas anomalias 
dos septos aortopulmonares e no rumor 
venoso 
 • Crianças prematuras 
2 - Localização 
3 - Caráter 
 • Estenose mitral (ruflar), insuficiência 
aórtico (aspirativo) 
4 - Intensidade - altura do sopro (+ a ++++++) 
 • Grau 1+/6+ - difícil de ser auscultado, 
detectável com manobras específicas 
 • Grau 2+/6+ - sopro leve, porém 
detectável 
 • Grau 3/6+ - sopro moderado e 
frequentemente com irradiação 
 • Grau 4/6+ - sopro alto e com presença 
de frêmito palpável 
 • Grau 5/6+ - sopro muito alto que pode 
ser auscultado mesmo com apenas parte 
do estetoscópio em contato com a pele 
 • Grau 6/6+ - sopro muito alto que pode 
ser auscultado com estetoscópio próximo à 
pele, sem necessidade de contato 
5 - Irradiação 
 • Em direção ao turbilhonamento do fluxo 
sanguíneo 
 • Sopro baixo (insuficiência 
mitral/tricúspide) - “caminha com o 
estetoscópio” em direção ao dorso 
 • Sopro alto (aórtico ou pulmonar) - 
“caminha com o estetoscópio” em direção 
ao pescoço 
 • Padrão de irradiação - axila, dorso, 
epigástrico, fúrcula, carótidas 
Manobra de Rivero-Carvalho - permite a 
diferenciação de sopro mitral e do sopro 
tricúspide 
 • Com o estetoscópio no foco tricúspide, 
o paciente inspira profundamente - se o 
sopro aumentar a intensidade é tricúspide 
 • Se não houver alteração ou se o sopro 
diminuir de intensidade - manobra de 
Rivero-Carvalho negativa (sopro originado 
na valva mitral) 
Yarlla Cruz

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