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01 INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA - RESUMO - CONCURSO - OAB

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Érika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
 
DIREITO DE FAMÍLIA 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
Famulus -> Designava o escravo que servia em casa no período romano, sob a autoridade de um patriarca. Ao 
conjunto de escravos que serviam sob o mesmo teto, chamava-se familia. Por extensão do sentido, os romanos 
serviam-se do termo para designar também toda a casa sub cujo teto serviam esses escravos, o que compreendia o 
chefe, a sua esposa, os filhos, os ditos escravos e até os animais e as terras. 
 
FAMÍLIA -> Realidade sociológica que constitui a base do Estado, o núcleo fundamental em que repousa toda a 
organização social. Trata-se de reunião, com origem no casamento ou na união estável, de um homem e de uma 
mulher e seus filhos. 
 
Art. 226, CF: A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
 
O conceito família não é conceituado pela legislação. Isso ocorre em razão da amplitude de significados que pode ser 
atribuído a este termo. Trata-se de instituição jurídica e social, resultante de casamento ou união estável, formada por 
duas pessoas de sexo diferente com a intenção de estabelecerem uma comunhão de vidas e, via de regra, de terem 
filhos a quem possam transmitir o seu nome e seu patrimônio. 
Latu sensu, o termo família pode abranger todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue e que procedem, portanto, 
de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e adoção. 
 
Família enquanto forma de agrupamento peculiar de seres humanos -> O ser humano é um animal gregário, ou 
seja, que prefere viver em rebanhos/grupos, de modo que, desde sempre, foi assim que a humanidade sobreviveu1. 
O agrupamento de pessoas gera, por sua vez, conflitos. Segundo Sartre, isso ocorre porque existe uma tensão entre 
as liberdades de cada um, e não se pode controlar completamente o que o outro faz ou pensa. 
A família, nesse sentido, trata-se da associação de pessoas por amor, pretendendo-se a construção de uma vida em 
comum marcada por sexo, criação de filhos, comunhão completa de vida, respeito, fidelidade e durabilidade. 
 
 
1 O homem é, por natureza, animal social e político, vivendo em multidão, ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia pela 
natural necessidade – Tomás de Aquino 
Érika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
 
O direito de família regula as relações entre os seus diversos membros e as consequências que dela resultam para 
as pessoas e bens. 
 
DIREITO DE FAMÍLIA -> Complexo de disposições, pessoais e patrimoniais, que se origina do entrelaçamento das 
múltiplas relações estabelecidas entre os componentes da entidade familiar. Trata-se de ramo do Direito Privado. 
 
Constitui ramo do direito civil que disciplina as relações entre pessoas unidas pelo matrimônio, pela união estável ou 
pelo parentesco, bem como os institutos complementares da tutela e curatela, visto que, embora tais institutos de 
caráter protetivo ou assistencial não advenham de relações familiares, têm, em razão de sua finalidade, nítida conexão 
com aquele. 
 
Direito de família e Constituição Federal de 1988 -> A CF/88 revolucionou o Direito de Família, mudando o foco 
principal e o objeto de tutela dessas normas jurídicas, deixando de cuidar da instituição em si e passando a cuidar mais 
dos integrantes da família e das pessoas. A família, assim, ganha um caráter instrumental, passando a ser vista como 
instrumento de materialização dos valores constitucionais. 
Reduz-se a ênfase patrimonialista e passa-se a enfatizar a dignidade, a solidariedade e a igualdade dentro das relações 
patrimoniais. 
Admite-se três espécies de núcleos familiares: 
→ Família matrimonial 
→ Família convivencial 
→ Família monoparental 
 
A nova Constituição também apresentou tutela à união estável, diferente do que fazia a Constituição anterior. Segundo 
o Diploma, a união estável será reconhecida e receberá alguma proteção do Estado, facilitando sua conversão para o 
casamento2. 
 
 
 
 
 
2 Segundo Francisco, as características impostas à união estável demonstram que o ordenamento jurídico possui preferência pela figura 
do casamento, em razão da segurança fornecida. Além disso, destaca que não houve equiparação ao casamento, tendo em vista ser 
impossível essa prática. 
Érika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA 
NÃO TEM NO LIVRO DO CISCO 
 
→ Princípio da dignidade da pessoa humana 
→ Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros 
→ Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos (biológicos ou adotados) 
→ Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar 
→ Princípio da comunhão plena de vida baseada na afeição entre os cônjuges ou conviventes 
→ Princípio da liberdade de constituir uma comunhão de vida familiar 
→ Princípio da não intervenção ou da liberdade 
→ Princípio da monogamia 
 
CLASSIFICAÇÕES E TIPOS DE FAMÍLIA 
 
A Constituição de 1988 trouxe diversas modificações ao Direito de Família, dentre as quais podemos citar: 
 
→ Inclusão da família plural, podendo ela ser constituída de diferentes formas e por 
diferentes entes familiares; 
 
→ A igualdade no enfoque jurídico da filiação, antes eivada de preconceitos; 
 
→ A consagração da igualdade entre homens e mulheres. 
 
Tais modificações implicaram a necessidade de ser realizarem reformas no Código Civil de 1916, tendo em vista que 
este não atendia mais aos preceitos constitucionais e tampouco às demandas da sociedade da época. 
Uma das maiores revoluções ocorreu justamente no conceito e família, que passou a ser considerada uma instituição 
mais diversa. 
A Carta Política de 1988 começou a desconstruir a ideologia da família patriarcal, edificada em uma 
família monogâmica, parental, centralizada na figura paterna e patrimonial e que reinou absoluta na 
sociedade brasileira, herdada dos patriarcas antigos e dos senhores medievais. 
Érika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
 
- Rolf Madaleno, 2023 
 
A nova família, apoiada pela CF/1988, se desvinculou do elemento biológico para ceder lugar aos vínculos psicológicos 
do afeto, complementado pela existência de uma relação de estabilidade, coabitação, intenção de constituir núcleo 
familiar, proteção, solidariedade, dentre outros. 
Por isso, passou-se a admitir as mais diversas formas de família: 
 
❖ Família monoparental 
❖ Família convivencial 
❖ Família matrimonial 
❖ Família unipessoal – não mencionada no livro do prof 
 
OBS.: Não há nada no texto constitucional que indique que essa classificação se trate de rol exaustivo. 
 
São outras classificação apontadas pela doutrina – NÃO MENCIONADA PELO PROF 
 
FAMÍLIA MATRIMONIAL -> É aquele formada pelo casamento. 
Com o passar dos tempos, a união estável passou a ser considerada elemento análogo ao casamento, merecendo igual 
proteção estatal. 
 
FAMÍLIA INFORMAL -> Trata-se da família formada sem a existência do casamento. 
Este tipo de família era muito comum na época em que não existi ao divórcio, à medida em que os casais se separavam 
de corpos, mas mantinham relações familiares com outras pessoas. 
O concubinato é um exemplo disso. Trata-se de um casamento sem formalização, em regra. Ao longo do tempo, passou 
a ter direitos reconhecidos e proteção estatal garantida, vindo hoje a se chamar de união estável. 
 
FAMÍLIA MONOPARENTAL -> São aquelas em que um progenitor convive e é exclusivamente responsável por seus filhos 
biológicos ou adotivos. 
 
FAMÍLIA ANAPARENTAL -> É a família na qual não existe qualquer conotação sexual, mas tão somente o ânimo de 
constituir família. Ou seja, trata-se da família em que não existe vinculação de ascendência, como na hipótese da 
convivência apenas entre irmãos. 
Érika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
 
 
FAMÍLIA RECONSTITUÍDA -> É a estrutura familiar originadaem um casamento ou uma união estável de um par afetivo, 
onde um deles ou ambos os integrantes têm filhos provenientes de um casamento ou de uma relação precedente. 
 
FAMÍLIA NATURAL -> É a família constituída pelos pais e seus descendentes. 
 
FAMÍLIA EXTENSA -> É a família que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por 
parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. 
 
FAMÍLIA SUBSTITUTA -> É aquela em que uma criança é reintegrada. 
 
UNIÃO POLIAFETIVA -> A família poliafetiva é aquela integrada por mais de duas pessoas que convivem em interação 
afetiva dispensada da exigência cultural de uma relação de exclusividade apenas entre um homem e uma mulher ou 
somente entre duas pessoas do mesmo sexo, vivendo um para o outro, mas sim de mais pessoas vivendo todos sem as 
correntes de uma vida conjugal convencional. 
Existe, entretanto, uma discussão doutrinária a respeito da legitimidade da constituição deste tipo de família e de que 
forma o princípio da monogamia ainda se aplica em nossa sociedade.

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