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LEI DE CRIMES HEDIONDOS - COMENTADA - RESUMO - CONCURSO - OAB

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Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
LEI DE CRIMES HEDIONDOS 
A Lei de Crimes Hediondos – Lei 8.072 foi criada com o fim de incrementar o Direito Penal, atribuindo a certos tipos de 
crimes um maior rigor legal. A tais crimes, foram vedados o direito à fiança, à graça, à anistia e à liberdade provisória, 
assim como o direito ao indulto. 
O Brasil adotou o sistema legal de crimes hediondos, de modo que apenas é hediondo o crime assim definido por lei. 
Desde a criação da lei, foram realizadas diversas alterações legislativas, com o fim de melhorá-la. 
 
DEFINIÇÃO – Os crimes hediondos podem ser classificados a partir de diversos sistemas, quais sejam: 
 
• Sistema legal: Somente a lei poderia indicar, em rol taxativo, quais são os crimes considerados hediondos, não 
restando ao juiz qualquer discricionariedade a respeito do assunto. 
 
• Sistema judicial: Na lei não haveria nenhuma enumeração do que seria crime hediondo. Assim, caberia ao juiz, 
de acordo com o caso concreto, reconhecer ou não a hediondez do crime. 
 
• Sistema misto: Contém proposta intermediária. Haveria, assim, rol exemplificativo na lei, podendo o juiz 
reconhecer em outras hipóteses a hediondez do crime não constante da relação. 
 
No ordenamento jurídico brasileiro, prevaleceu o sistema legal, sendo que a Lei de Crimes Hediondos arrola de forma 
taxativa os crimes considerados hediondos. 
Dessa forma, no Brasil, são hediondos os crimes definidos em lei como tal. 
Considerando a própria natureza dos crimes arrolados, pode-se dizer que são assim considerados em razão de sua 
gravidade. 
 
IMPORTANTE! A característica de hediondez do crime gera efeitos tão somente processuais. Além disso, são definidos 
por lei de forma taxativa. Dessa forma, nos casos dos crimes de competência do Tribunal do Juri, não questiona-se se 
o crime é ou não hediondo. 
 
 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS 
 
❖ Lei 8.930/94 – Acrescentou ao rol de crimes hediondos o crime de homicídio qualificado e o crime em 
atividade típica de grupos de extermínio. Também foi acrescentado o crime de genocídio. 
Essa alteração foi criada a partir das manifestações populares ocorridas após o assassinato de Daniella Perez 
e o Massacre da Candelária. 
A mesma norma excluiu do rol o envenenamento de água potável qualificado pela morte. 
 
❖ Lei 9.695/98 – Incluiu no rol o delito de falsificação de medicamentos. 
 
❖ Lei 11.464/2007 – Modificou o regime de progressão de regime para os casos de pessoas condenadas por 
crimes hediondos. A partir dessa norma, os réus primários deveriam cumprir 2/5 da pena, enquanto os 
reincidentes deveriam cumprir 3/5, para ter o direito de progressão de regime. 
 
❖ Lei 12.015/2009 – Unificou os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, inserindo o crime de estupro e 
o crime de estupro de vulnerável no rol de crimes hediondos. 
 
❖ Lei 12.978/2014 – Passou a considerar hediondo o crime de favorecimento da prostituição ou de exploração 
sexual de vulneráveis. 
 
❖ Lei 13.142/2015 – Acrescentou ao rol dos crimes de lesão corporal gravíssimas ou seguidas de morte contra 
policiais ou integrantes das Forças Armadas. 
 
❖ Lei 13.964/2019 – Acrescentou outros crimes ao rol, atribuindo normas mais rígidas aos crimes hediondos, 
alterando também os prazos para progressão. 
A partir dessa lei, passaram a ser considerados crimes hediondos: 
 
→ Furto qualificado pelo emprego de explosivo 
→ Roubo com emprego de arma de fogo ou restrição da liberdade 
→ Roubo qualificado pela lesão grave 
→ Extorsão qualificada pela restrição da liberdade 
→ Organização criminosa voltada à prática de crimes hediondos 
→ Posse ou porte ilegal e tráfico internacional de armas de fogo 
 
 
 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
CRIMES EQUIPARADOS AOS CRIMES HEDIONDOS 
Os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo, mencionados pelo art. 5º da CF, são crimes que se equiparam 
aos crimes hediondos. 
Não são, entretanto, crimes hediondos, uma vez que não se encontram arrolados na Lei de Crimes Hediondos. No entanto, este 
diploma veda a estes crimes a anistia, a graça e o indulto, assim como a fiança (art. 2º). 
 
TORTURA – É a inflição de castigo corporal ou psicológico violento, por meio de expedientes mecânicos ou manuais, 
praticados por agentes no exercício de funções públicas ou privadas, com o intuito de compelir alguém a admitir ou 
omitir fato lícito ou ilícito, seja ou não responsável por ele. 
 
O art. 5, inciso III, da CF estabelece que ninguém será submetido à tortura. 
Outros elementos normativos preveem essa mesma premissa: 
➔ Art. V da Declaração Universal dos Direitos Humanos 
 
➔ Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas e degradantes – internalizado 
pelo Brasil em 1989 
 
➔ Art. 233, do ECRIAD – Criminalização da tortura de pessoas por pessoas que exercem guarda ou cuidado da 
criança e do adolescente sob sua responsabilidade. 
Esta norma foi revogada em 1997 e o art. 233 passou a prever vários outros tipos de tortura. 
 
Hoje, o ordenamento jurídico brasileiro indica os tipos de tortura criminalizados pelo seguinte dispositivo: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso 
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. (...). 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou 
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena 
de detenção de um a quatro anos. 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se 
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
I - se o crime é cometido por agente público; 
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) 
anos; 
III - se o crime é cometido mediante seqüestro. 
 
Segundo o inciso I do artigo em comento, a pessoa apenas responde por tortura quando se pratica o constrangimento 
contra alguém, mediante violência ou grave ameaça, sendo esta praticada em razão dos motivos elencados. 
 
- Com o fim de obter declaração: 
• Independe do tipo de informação. 
 
• A pessoa que detém a informação buscada nem sempre será o torturado, 
podendo ser sua mãe, por exemplo. 
 
• Aplica-se, em alguns casos, o princípio da consunção. Este principio é 
aplicado quando o crime de tortura é utilizado como um meio para cometer 
outro crime. 
 
- Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa: 
• Trata-se da prática de tortura para que a própria vítima pratique outro 
crime. Neste caso, a vítima não responde pelo crime praticado, 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
 
• O torturador responde pela tortura e pelo crime praticado pela vítima. 
 
- Tortura discriminatória: 
• Tortura realizada em razão de discriminação racial ou religiosa. 
 
Caso uma conduta análoga à tortura seja praticada em razão de outros motivos, o agente apenas responderá pelas 
lesões causadas. 
A classificação deste crime em específico é a seguinte:Bem jurídico tutelado: Dignidade da pessoa humana, assim 
como sua integridade física e mental. 
Elemento subjetivo: Dolo. 
Sujeito ativo: É, em regra, qualquer pessoa, tratando-se de 
crime comum. 
 
Já segundo o inciso II do artigo em comento, será tortura a indução de intenso sofrimento a alguém sob sua guarda, 
como forma de aplicar castigo pessoal. 
Neste caso, trata-se de crime próprio, sendo que o torturador necessariamente deve possuir a guarda, poder ou 
autoridade sobre a vítima. 
Diferencia-se do crime de maus tratos em razão da intensidade do sofrimento; no caso da tortura, o sofrimento é bem 
mais extremo. 
 
O §1º diz respeito a um tipo extensivo, discorrendo que será também crime de tortura a conduta de submeter pessoa 
presa a sofrimento físico ou mental. 
Obs.: Parte da doutrina acredita que qualquer pessoa poderia praticar este crime, desde que a vítima esteja presa. No 
entanto, o entendimento majoritário é que tratar-se-ia de um crime próprio, apenas praticável por agentes públicos. 
 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
O §2º discorre que a pessoa que se omite diante a uma situação de tortura também cometerá crime, mas estará sujeita 
à detenção, de um a quatro anos. Trata-se de uma pena bem diferente da pena estabelecida para o crime de tortura em 
si. 
 
TERRORISMO -> Crime de prática de terror geral, com potencial risco de gerar danos coletivos. 
Art. 2º, § 1º, Lei 13.260/2016: São atos de terrorismo: 
I — usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, 
conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em 
massa; (...) 
IV — sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos 
cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, 
de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, 
instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de 
energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições 
bancárias e sua rede de atendimento; 
V — atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa 
 
As práticas desse crime possuem razões de xenofobia, preconceito de raça, cor, etnia e religião e finalidade de 
provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade 
pública. 
 
→ O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa 
 
→ O sujeito passivo é o Estado e a coletividade 
 
→ A consumação ocorre quando se realiza a conduta típica 
 
→ A tentativa é possível. 
A tentativa é possível em algumas hipóteses, desde que o agente inicie a execução do ato terrorista, mas não 
consiga concluir a conduta típica. Em tal hipótese deve ser aplicada a regra do art. 14, parágrafo único, do CP. 
De verse, por sua vez, que, no art. 5º da Lei Antiterror, o legislador estabeleceu que quem realiza atos 
preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito incorre na pena do delito 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
consumado. Parece-nos, pois, que, como esse dispositivo (art. 5º) permite a punição de atos preparatórios, a 
redução deve ser aquela prevista no Código Penal em atenção ao princípio da proporcionalidade. O ato 
preparatório a que o dispositivo se refere não pode ser a formação de uma organização terrorista. Saliente-
se, outrossim, que o art. 10 da Lei n. 13.260/2016 dispõe que mesmo antes de iniciada a execução, na hipótese 
do art. 5º desta Lei, aplicam-se as disposições do art. 15 do Código Penal, ou seja, será possível aplicar as 
regras referentes à desistência voluntária e ao arrependimento eficaz. 
 
→ A punição pelo delito de terrorismo não impede a condenação concomitante por conduta típica que atinja bens 
individuais. Há concurso material de crimes. 
 
→ Organização terrorista: Aquela voltada à prática dos atos de terrorismo legalmente definidos, ou seja, para 
os crimes de terrorismo descritos na própria Lei. 
 
→ Também incorre em crime quem financia o terror. 
 
ROL DA LEI DE CRIMES HEDIONDOS – PREVISÃO NO CÓDIGO PENAL 
No sistema vigente, é considerado crime hediondo apenas aquele definido por lei, não sendo possível a interpretação 
judicial a respeito da hediondez do crime. 
O art. 1º da Lei 8.072/90 apresenta o rol de crimes hediondos1. 
 
INCISO I – Homicídio 
I — homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só 
agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); 
 
O homicídio é considerado crime hediondo quando: 
1) Praticado em atividade típica de grupo de extermínio (simples ou qualificado) 
 
2) Qualificado nos termos do Código Penal (art. 121, CP). 
 
1 OBS.: A natureza hedionda do crime independe de o crime ser consumado ou tentado. 
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ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO 
Sobre o termo “grupo de extermínio”: No caso da lei em comento, para ser hediondo, o crime deve ser cometido em 
atividade típica de grupo de extermínio. Não é necessária, portanto, a participação em concurso de agentes, conforme 
o próprio dispositivo menciona. 
Nos casos em que há efetivamente um grupo de extermínio, que pratica homicídios com concursos de agente, além da 
hediondez do crime, incide sobre o grupo, ainda, a causa de aumento de pena (art. 121, §6º, CP). 
 
§6o , art. 121, CP: A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 
Uma atividade típica de grupo de extermínio é caracterizada pela impessoalidade na escolha da vítima, sendo o crime 
cometido contra pessoas de características específicas. 
 
HOMICÍDIO QUALIFICADO 
O caráter hediondo abrande todas as formas de homicídio qualificado previstas no art. 121 do CP. 
São hediondos, portanto, os homicídios praticados: 
→ Mediante paga ou promessa de recompensa 
→ Por motivo torpe 
→ Por motivo fútil 
→ Com emprego de meio insidioso ou cruel 
→ Com emprego de meio que possa resultar perigo comum 
→ À recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima 
→ Para assegurar o sucesso de outro crime 
→ Feminicício 
→ Contra autoridade policial ou contra seus familiares 
→ Com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido 
 
Obs.: Por falta de previsão legal e por incompatibilidade axiológica, o homicídio qualificado-privilegiado não é 
considerado crime hediondo, conforme entendimento do STJ. 
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Relembrando, os crimes privilegiados são aqueles cometidos por motivo de relevante valor social ou moral ou sob 
violenta emoção após a injusta provocação da vítima. Esses motivos, de ordem subjetiva, acarretam na diminuição 
da pena de 1/6 a 1/3. 
INCISO I – A – Lesão corporal 
I-A — lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), 
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. 
 
O crime de lesão corporal gravíssima ou lesão corporal seguida de morte será crime hediondo quando praticado contra 
autoridade policial ou contra seus familiares de até terceiro grau, em razão de sua função. 
 
IMPORTANTE! Apenas se enquadram nesse tipo penal as vítimas que possuem consanguinidadecom o agente policial, 
a não ser quando se trata de cônjuge ou companheiro. Isso tem como objetivo excluir da majorante o parentesco por 
afinidade. 
 
INCISO II – Roubo 
II — roubo: 
a) circunstanciado pela restrição da liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); 
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso 
proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); 
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º). 
 
O crime de roubo será considerado hediondo em três hipóteses: 
1) Com restrição de liberdade; 
2) Com emprego de arma de fogo; 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
3) Com lesão corporal grave ou morte2. 
 
RESTRIÇÃO DA LIBERDADE 
A restrição da liberdade, neste caso, é aquela que não se estende ao longo do tempo. Isso porque a restrição se 
difere da privação, sendo esta uma conduta típica do sequestro ou cárcere privado. 
 
EMPREGO DE ARMA DE FOGO 
Para a configuração da hediondez, o crime deve ser necessariamente cometido com emprego de arma de fogo, de modo 
que exclui-se desse rol os crimes cometidos por armas brancas, simulacros e até mesmo as armas que são incapazes 
de atirar. 
 
LATROCÍNIO 
O latrocínio ocorre quando há roubo seguido de morte. In casu, será hediondo tanto nas hipóteses em que a morte é 
um resultado doloso quanto nos casos em que a morte é um resultado culposo. 
Isso também e aplica aos casos em que do roubo resulta uma lesão corporal grave. 
Importante ressaltar que o roubo qualificado por essas circunstancias será considerado hediondo ainda que não seja 
praticado com emprego de arma de fogo. 
 
INCISO III – Extorsão qualificada 
III — extorsão qualificada pela restrição de liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º)3. 
 
A extorsão será considerada crime hediondo quando qualificada: 
1) Pela restrição da liberdade da vítima; 
 
2 Antes do Pacote Anticrime, apenas o latrocínio (roubo seguido de morte) era considerado crime hediondo. Tal lei, no entanto, aumentou o 
rol de crimes hediondos e adicionou essas outras práticas. 
3 Antes do Pacote Anticrime, apenas a extorsão qualificada pela morte possuía natureza hedionda. A nova lei passou a prever também como 
hediondo o sequestro relâmpago. 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
2) Pela ocorrência de lesão corporal; 
3) Pelo resultado morte. 
 
OBS.: A lei não deixou claro qual modalidade de lesão corporal será considerada um crime hediondo, se apenas grave 
ou se qualquer lesão corporal. 
 
INCISO IV – Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada 
IV — extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput e §§ 1º, 2º e 3º); 
 
Trata-se de mais um delito de extorsão, contudo se cuida aqui da privação da liberdade da vítima tendo por fim a 
obtenção de vantagem, como condição ou preço do resgate. Trata-se, portanto, de crime complexo, formado pela fusão 
de dois crimes: sequestro ou cárcere privado e extorsão. 
 
INCISO V – Estupro simples e qualificado 
V — estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); 
 
A partir de 2009, a nova lei passou a considerar hediondo tanto o estupro simples quanto o estupro qualificado. 
Relembrando, o estupro será qualificado quando: 
→ Se da conduta resultar lesão corporal grave 
→ Se da conduta resultar morte 
 
OBS.: Embora a Lei dos Crimes Hediondos não faça mais menção ao atentado violento ao pudor, em virtude da revogação 
expressa dos arts. 214 e 223 do CP, os elementos de tais figuras foram abrangidos pela atual redação do delito de 
estupro. 
 
INCISO VI – Estupro de vulnerável 
VI — estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
 
INCISO VII – Epidemia com resultado morte 
VII — epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º); 
Epidemia -> Surto de uma doença que atinge grande número de pessoas em determinado local. 
 
O crime de epidemia, quando resultar em morte, será considerado hediondo. 
Basta a morte de uma única pessoa para que o crime se qualifique e se repute hediondo. 
 
OBS.: O crime culposo e epidemia não é considerado hediondo, ainda que provoque a morte de alguém. 
 
INCISO VII – B – Falsificação de remédios 
VII-B — falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 
273, caput e § 1º, § 1º-A, § 1º-B, com a redação dada pela Lei n. 9.677/98); 
 
OBS.: Não se considera hediondo o crime de falsificação culposa de medicamentos. 
Além disso, no contexto da pandemia, é considerado hediondo o crime de falsificação de álcool-gel. 
 
INCISO VII – Favorecimento da exploração sexual de vulneráveis 
VIII — favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de 
vulnerável (art. 218-B, caput e §§ 1º e 2º). 
 
INCISO IX – Furto com emprego de explosivos 
IX — furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A). 
 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
ROL DE CRIMES HEDIONDOS – PREVISÃO EM LEIS ESPECIAIS 
O parágrafo único do art. 1º da Lei de Crimes Hediondos prevê os crimes hediondos que estão dispostos em leis 
especiais. 
INCISO I – Genocídio 
I — o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei n. 2.889/56. 
 
O genocídio já ocorreu na história da humanidade diversas vezes, sendo que os horrores do holocausto foram o que 
mais chamaram a atenção. 
 
➔ III SESSÃO DA ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS (1948): Entendeu ser necessária a criação de 
normas relacionadas ao tema, tendo em vista o Julgamento de Nuremberg e as revelações dos depoimentos 
apresentados. 
 
Criou-se uma convenção para a prevenção e a repressão do crime de genocídio, sendo o Brasil signatário da 
medida. Por meio da Lei 2.889/1956, o Brasil tipifica o crime de genocídio. 
 
O art. 5º da convenção prevê que as partes contratantes assumem o compromisso de tomar, de acordo com 
suas respectivas Constituições, as medidas legislativas necessárias a assegurar as aplicações das disposições 
da presente Convenção, e assegurar as aplicações presentes na convenção. 
 
Hoje, o crime de genocídio está definido em lei. 
 
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: 
a) matar membros do grupo; 
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; 
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou 
parcial; 
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; 
Erika Cerri dos Santos 
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e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; 
 
Bem jurídico tutelado: A existência de grupos nacionais, raciais, étnicos e religiosos. 
 
Consumação: Trata-se de crime formal. Dessa forma, no momento em que realizada qualquer conduta típica, ainda que 
o objetivo de destruir o grupo não seja alcançada, o crime estará sendo consumado. 
 
Competência: Federal (EC n. 45). 
 
OBS.: O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário 351.487/RR, fixou entendimento de que a 
realização de mais de uma das condutas previstas na Lei n. 2.889/56, em uma de suas alíneas ou em várias delas, 
constitui crime único de genocídio (no julgado em questão, garimpeiros que mataram 12 índios da tribo Yanomami foram 
condenados por crime único de genocídio em concurso com 12 crimes de homicídio). 
 
INCISO II – Porte ou posse de arma de fogo de uso proibido 
II — o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei n. 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003. 
 
A nova lei retirou do rol de crimes hediondos os crimes praticados por arma de fogo de usorestrito, mantendo apenas 
os cometidos por aquelas de uso proibido. 
 
INCISO II – Comércio ilegal de armas de fogo 
III — o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003. 
 
INCISO IV – Tráfico internacional de armas 
IV — o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei n. 10.826, de 
22 de dezembro de 2003. 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
 
INCISO V – Organização criminosa 
V — o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado.

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