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RESUMO - A Cidadania entre os romanos - p49 a 79

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RESUMO DO TEXTO-BASE – “A 
CIDADANIA ENTRE OS ROMANOS” 
 
Por: Abraão (Polo Céu Água Azul) 
 
Cidadania é um conceito para designar 
o conjunto de membros da sociedade 
que têm direitos e decidem o destino 
do Estado. 
 
O conceito de cidadania moderna é 
atrelado aos antigos romanos. Para os 
romanos, cidadania, cidade e Estado 
constituem um único conceito – e só 
pode haver esse coletivo se houver 
antes, cidadãos. Para os romanos era o 
conjunto de cidadãos que formava a 
coletividade. Para os gregos havia 
primeiro a cidade (pólis) e só depois o 
cidadão. 
 
A sociedade romana era formada por 
dois grupos sociais, os patrícios 
(descendentes dos nobres) e os 
plebeus. As mulheres possuíam grande 
participação social e não viviam 
isoladas como ocorria na Grécia (no 
gineceu). 
 
POBREZA E ESCRAVIDÃO 
 
Os patrícios eram basicamente uma 
oligarquia de proprietários rurais que 
monopolizavam os cargos públicos e 
religiosos. Eram os únicos cidadãos de 
pleno direito. O restante da população 
romana era excluída da cidadania. A 
história de Roma resume-se a uma 
luta por direitos sociais e cidadania 
entre os que tinha direitos plenos e os 
demais grupos. 
 
A LUTA ENTRE PATRÍCIOS E PLEBEUS 
 
Gradativamente os plebeus foram 
ganhando mais poder de troca. Isto 
devido à: 
 
• A plebe urbana conseguiu 
acumular riquezas pelo 
artesanato e comércio (uma 
burguesia). 
• O exército passou a depender 
cada vez mais dos soldados 
plebeus. 
 
A plebe passou a ameaçar não 
defender mais as terras, caso não 
tivessem direito à cidadania. As suas 
exigências eram: 
 
• Ocupar cargos, votar no Senado 
e ter direito de casar com 
patrícios. 
• O fim da escravidão por dívida e 
direito à posse da terra 
conquistada nas guerras. 
 
OS PLEBLEUS GANHAM ESPAÇO 
 
Em 494 a.C., o povo conseguiu instituir 
o Tribunato da Plebe, com poder de 
veto às decisões dos patrícios. Outra 
conquista importante foi fazer com que 
as leis passassem a ser escritas 
(publicação da Lei das Doze Tábuas). 
Antes, o direito era baseado na 
tradição oral. Isto gerava insegurança 
jurídica já que em uma divergência, a 
palavra final era sempre de um patrício. 
Com um código de leis escrito, as 
pessoas poderiam recorrer ao texto e 
não depender da boa vontade dos 
poderosos. 
 
As novas terras conquistadas nas 
guerras não eram distribuídas entre os 
cidadãos em geral, mas passavam para 
os grandes proprietários de terras. 
Como consequência pequenos 
proprietários acabaram reféns da 
escravidão por dívida. Este contexto 
gerou nas duas décadas seguintes 
vários distúrbios sociais que 
culminaram numa ampliação de 
direitos para os plebeus, entre os quais: 
 
• Maiores direitos políticos aos 
plebeus enriquecidos. 
• Alguns benefícios sociais para os 
mais pobres 
• Alguns cargos reservados a 
patrícios passaram a ser 
exercidos por plebeus. 
• Relações entre credores e 
devedores passaram a ser 
regidas por lei. 
• Limitação de tamanho para as 
propriedades agrícolas (reforma 
agrária). 
• Abolição da escravidão por 
dívida. 
 
Os camponeses passaram a ter acesso 
às terras oriundas das conquistas 
militares, o que lhes conferia sustento e 
independência. 
 
Outros avanços: 
 
• Cidadãos pobres e escravos 
libertos que antes eram 
excluídos da vida pública foram 
integrados à vida política 
camponesa e a ser incluídos na 
divisão de terras vindas das 
conquistas. 
• Aprovação da Lei Hortência, que 
fez com que os plebiscitos 
tivessem força de lei mesmo 
sem aprovação do Senado. 
 
As camadas plebeias superiores 
passaram a integrar a elite 
aristocrática. Formou-se uma 
aristocracia de patrícios e plebeus 
chamada de nobreza (nobilitas). A 
nobreza controlava as magistraturas e 
assembleias plebeias, de modo que os 
avanços sociais beneficiavam mais as 
elites do que o conjunto de cidadãos 
romanos. 
 
A EXPANSÃO MILITAR 
 
Durante as campanhas militares, Roma 
expandiu o seu território e sempre 
utilizava o direito de cidadania como 
moeda de troca para cooptar a 
lealdade de outros povos. Assim, os 
romanos conseguiam se consolidar 
mais facilmente nos territórios 
conquistados. As vitórias militares 
romanas trouxeram consequências 
sociais: 
 
• Aumento do número de 
escravos. 
• Aumento das propriedades 
fundiárias, o que provocou uma 
crise na pequena agricultura. 
• A maioria dos camponeses 
migrou para áreas urbanas e se 
tornou proletários (o termo 
vem do fato de os seus bens 
resumirem-se somente à prole). 
• Roma se tornou uma sociedade 
baseada no escravismo. A mão-
de-obra era utilizada em 
grandes propriedades rurais e 
nas manufaturas de massa. 
• As terras públicas ficaram 
concentradas nas mãos dos 
latifundiários. 
 
Um forma de garantir os direitos dos 
cidadãos é a Legislação. Ao menos em 
termos legais, os cidadãos comuns 
podiam recorrer dos abusos de 
autoridade cometidos pelos poderosos. 
A fixação pública de escritos que 
garantissem estes direitos demonstra a 
importância de todos terem acesso à 
informação de seus direitos. Estes são 
dois princípios fundamentais da 
cidadania: a possibilidade de recorrer 
ao abuso e o amplo acesso à 
informação dos direitos. 
 
POPULARES E ARISTOCRATAS EM 
CONFLITO 
 
As lutas pela cidadania continuaram, 
com a polarização da sociedade 
romana em dois grandes grupos: os 
populares e os oligarcas. O fato que 
representou este período foram as 
lutas entre Mário (representante 
popular) e Sila (general aristocrata), 
quando cidadãos pobres conseguiram 
algumas conquistas. Uma delas foi a 
possibilidade de poder participar do 
exército, mesmo sem ter renda 
mínima. Os cidadãos soldados 
passaram a ser mais leais a 
determinados generais do que à 
República. Isto culminou no colapso 
das instituições republicanas, as quais 
deram lugar ao Principado (regime 
baseado no poder militar). 
 
Os últimos anos da República romana 
testemunharam um grande avanço nas 
possibilidades jurídicas dos cidadãos. A 
saber: 
 
• Implantação de cortes com 
jurados 
• Voto secreto na assembleia. 
• Manifestações para exigir preço 
justo de alimentos. 
• Expressão de insatisfação em 
relação a personagens políticos. 
• Reconhecimento legal dos 
grêmios corporativos, espécie 
de sindicatos. 
 
ELEIÇÕES E CIDADANIA 
 
Diferentemente de muitas cidades 
gregas, onde o direito de voto era 
restrito, em Roma votavam pobres e 
libertos. O voto não era individual, mas 
em grupo. No fim da República adotou-
se o voto secreto. Este era por escrito 
em uma cédula (per tabellam). As lutas 
pela cidadania centraram-se nos 
embates entre os próprios cidadãos 
(populares e oligarcas). Tais disputas 
culminaram com a ascensão de Júlio 
César ao poder. Ele se tornou ditador e 
depois foi assassinado. A sua morte 
levou Roma a uma guerra civil, da qual 
triunfou o seu sobrinho, Otávio 
Augusto. 
 
O PRINCIPADO E A CIDADANIA 
 
Otávio Augusto manteve na aparência 
o regime republicano junto com a 
concentração de poderes em suas 
mãos. Apesar de o regime passar a ser 
imperial, foi a partir de Otávio Augusto, 
se consolidaram o direito romano e as 
prerrogativas da cidadania. 
 
A cidadania romana era um privilégio 
cobiçado e uma vez alcançado, conferia 
proteção jurídica e mobilidade social. 
Permitia ao portador o direito e a 
obrigação de seguir as práticas legais 
do direito romano em contratos, 
testamentos, casamentos, direitos de 
propriedade e de guarda de indivíduos 
sob sua tutela. Até o século III, ser 
chamado de cidadão representava uma 
importante garantia de direitos 
políticos e sociais, mesmo para pessoas 
comuns. 
 
A única forma de garantir proteção 
jurídica era obter cidadania romana. 
 
CIDADANIA E OPINIÃO PÚBLICA 
 
Hoje, a cidadania está vinculada à 
opinião pública, aos anseios do 
conjunto de cidadãos. Haveria opinião 
pública na cidadania romana? Foi 
naquele contexto que surgiu o conceito 
de opinião, muito vinculado ao parecer 
das pessoas em relação a candidatos às 
eleições. 
 
Na sociedade romana da época, havianotável atenção à opinião alheia, 
pública e anônima. Para citar alguns 
exemplos: 
 
• Cartazes de divulgação de 
espetáculos mencionavam 
patrocínio sem uso de despesa 
pública. Isto significa que era 
muito considerada a opinião dos 
leitores do cartaz. 
• Inscrições em grafites relatando 
fatos privados, expondo-os para 
o público em geral. 
 
JOGOS E CIDADANIA 
 
Os jogos de gladiadores foram 
importantes na afirmação da cidadania. 
A cidadania era manifestada porque 
quando um dos lutadores ficava a 
mercê do oponente, era a multidão que 
decidia se o perdedor deveria ser 
morto ou não. Se nas eleições, o direito 
de voto não se aplicava às mulheres, 
nestes jogos, toda a multidão podia se 
manifestar. O ponto central aqui é que 
a palavra final estava nas mãos 
daqueles que ali se reuniam, homens, 
mulheres, ricos ou pobres. 
 
A LIBERDADE E O DIREITO ROMANO 
 
A noção de liberdade é subjacente ao 
direito de cidadania e significa a não 
submissão a outra pessoa. Este 
conceito norteou o pensamento dos 
fundadores da cidadania no mundo 
moderno. Um cidadão livre é, portanto, 
capaz de agir segundo o seu próprio 
juízo e direito. O direito romano 
consiste num fundamento essencial 
para as reflexões modernas sobre a 
cidadania. Um dos princípios básicos do 
direito romano ligado à cidadania 
consiste no caráter público das 
determinações legais. 
 
CIDADANIA MODERNA E O LEGADO 
ROMANO 
 
Roma apresentava diversas 
características em comum com as 
modernas noções de cidadania e 
participação popular na vida social. A 
invenção do voto secreto tem sido a 
pedra fundamental da liberdade 
cidadã. Os magistrados defendiam seus 
pontos de vista e tentavam conseguir o 
apoio dos cidadãos. O conceito de 
cidadania dos romanos aproximava-se 
muito do conceito moderno de forma 
decisiva. 
 
MEUS COMENTÁRIOS SOBRE O TEXTO 
 
• A história de Roma sempre foi 
marcada por disputas por 
direitos sociais, ou seja, disputas 
pela cidadania. 
• Como foi visto no início da 
disciplina de Ética e Cidadania, 
existem vários conflitos entre os 
indivíduos de uma sociedade, 
conflitos estes sempre pelo 
poder. Ou seja, um indivíduo 
tenta impor sua vontade sobre 
o outro, seja por persuasão, 
manipulação, etc... 
• Levando este fato, para uma 
escala maior temos na história 
romana, as elites (oligarquias) 
sempre querendo impor sua 
vontade sobre as camadas mais 
pobres (plebeus). Esta 
imposição é uma forma de 
poder. As lutas e sedições 
vindas das camadas mais pobres 
representam também um 
poder. Mas um poder de 
resistência e de luta por 
direitos. 
• A mensagem do texto é clara: 
cidadania significa poder.

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