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PROJETO DESAPHIL COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA TEMA: Mundo Moderno Expansão marítima europeia Data:13/07/2023 A busca de novas rotas comerciais Desde o século XIV, a Europa vivia uma grave crise econômica. A Guerra dos Cem Anos, as revoltas populares que abalaram os campos e as cidades e a epidemia de peste negra resultaram na queda das taxas demográficas no continente e prejudicaram as atividades comerciais. A retomada do crescimento econômico e populacional e o incremento das atividades comerciais só tiveram início por volta de 1450. A expansão do comércio, contudo, esbarrava na escassez de metais preciosos, já que as minas europeias não eram suficientes para atender à crescente demanda por metais. Outra dificuldade que os comerciantes europeus enfrentavam eram as limitações nas rotas comerciais entre a Europa e o Oriente. Em 1453, os turcos otomanos tomaram a cidade de Constantinopla e praticamente bloquearam o comércio pelo Mar Mediterrâneo, monopolizado anteriormente pelos mercadores de Gênova e Veneza. Diante desse contexto, os europeus viram a necessidade de encontrar uma nova passagem para as Índias, nome que davam às terras do Oriente, em que se destacavam a China, o Japão, as Ilhas Molucas e a Índia. O que os atraía para esses locais era a grande oferta de especiarias, como canela, noz-moscada, gengibre, açafrão e pimenta, além de pedras preciosas e outros artigos de luxo muito valorizados no mercado europeu. Os interesses da nobreza, da Igreja e da monarquia na expansão marítima A expansão dos caminhos conhecidos pelos europeus até então não interessava apenas à burguesia mercantil, setor social em evidência na Baixa Idade Média. Além da abertura de novas rotas de comércio, conquistar novas terras em busca de riquezas, entrar em contato com o desconhecido, garantir matérias-primas e mercados consumidores e difundir o cristianismo foram interesses que impulsionaram as Grandes Navegações. A Igreja, que havia perdido muitos fiéis nas Cruzadas, nas guerras e com o avanço da peste, passava por uma grave crise interna. Uma forma de superar essa situação era a ampliação da fé cristã e da influência da Igreja para novos territórios por meio da catequização. Os nobres, desprovidos de terras e enfraquecidos após o longo período de conflitos, buscavam regenerar sua condição e encontrar meios de enriquecer para não decair socialmente. Como você estudou no capítulo 1, no século XV, em algumas regiões da Europa tinha ocorrido um processo de centralização do poder político nas mãos do rei; em outras, esse prof.his.franciscosilva@gmail.com PROF. FRANCISCO SILVA PROJETO DESAPHIL COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA processo estava em andamento. Ao centralizar o poder e a arrecadação de impostos, fortalecer as instituições estatais e empregar princípios econômicos mercantilistas, os reis criavam as condições necessárias para organizar viagens de exploração de grande porte, como as realizadas nas Grandes Navegações. O interesse dos reis em empreender esforços para a expansão marítima era evidente. Conforme os navegadores descobrissem novos caminhos e terras, estes passariam a pertencer ao Estado que os patrocinara, multiplicando a extensão dos territórios sob seu domínio e também as possibilidades de exploração de riquezas. Aos poucos, as navegações configuraram dinâmicas complexas entre os continentes, e alguns Estados firmaram o domínio sobre o chamado “mundo atlântico”. Historiadores consideram que a expansão marítima originou a Revolução Comercial, devido às transformações profundas que provocou na economia europeia e à consolidação de princípios econômicos próprios do capitalismo comercial. Mais do que isso, a expansão marítima inaugurou uma integração continental fundamental para compreendermos o mundo hoje. viagens marítimas As práticas mercantilistas garantiram o enriquecimento de vários Estados europeus entre os séculos XV e XVIII. Elas também estimularam uma grande competição entre os países. Interessadas em descobrir novas terras e explorar suas riquezas, as potências europeias investiram fortunas e aperfeiçoaram tecnologias náuticas para se fortalecerem na disputa pelos mares. Avanços nas ciências Entre as ciências que auxiliaram no desenvolvimento da navegação, as mais importantes foram a matemática, a astronomia e a cartografia. O conhecimento dos caminhos marítimos dependia do exame atento e do cálculo da posição do Sol e das estrelas. Para isso, foram aperfeiçoados vários instrumentos, como a bússola, inventada provavelmente por chineses, o astrolábio e o quadrante, criados na Antiguidade. Os portugueses também contribuíram desenvolvendo instrumentos como a balhestilha, que ajudava a determinar a latitude em que um navio se encontrava pela medida da distância angular entre dois astros. O imaginário dos navegadores Agora, imagine que você é um explorador e vai embarcar em uma viagem para um lugar completamente desconhecido. Você tem um mapa como os da Idade Média, que não apresenta informações muito precisas. Você não sabe quanto tempo ficará fora, que caminho tomar, como será o percurso ou o que vai encontrar no local de desembarque. Nem mesmo sabe se conseguirá voltar para casa. Certamente você ficaria inseguro, não é mesmo? Incertezas como essas atormentavam os navegadores europeus dos séculos XV e XVI. Eles provavelmente sentiam muito medo ao embarcar em viagens pelo Oceano Atlântico, já que o mundo conhecido pelos europeus da época não ia muito além da prof.his.franciscosilva@gmail.com PROF. FRANCISCO SILVA PROJETO DESAPHIL COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA Europa, do norte da África e de algumas partes da Ásia, regiões que se conseguia alcançar por terra ou navegando pelo Mar Mediterrâneo. Naquela época, o Oceano Atlântico era conhecido na Europa como o Mar Tenebroso. As notícias da existência de monstros marinhos e de um abismo colossal, próximo do “fim do mundo”, assustavam muitas pessoas. No imaginário europeu daquele período, a Terra era plana como um prato e fora de suas bordas havia apenas um grande vazio As navegações entre os séculos XIV e XVI Diversos povos desenvolveram técnicas de navegação e praticaram o comércio marítimo ao longo dos séculos, como os fenícios, na Antiguidade, e os vikings, na Idade Média. No entanto, até o século XIV, o domínio marítimo dos europeus era restrito ao Mar Mediterrâneo, chamado pelos antigos romanos de Mare nostrum, por sua grande importância na integração do império entre os continentes africano, europeu e asiático. A partir do século XV, navegadores financiados pela Coroa de Portugal passaram à expansão de rotas cada vez mais ao sul da África por meio da navegação de cabotagem e, depois, da navegação em mar aberto. Nesse contexto, expedições organizadas pelos reis da Espanha também se juntaram à busca por caminhos marítimos para as Índias. Viajar naquela época era bem diferente de hoje. As viagens eram desconfortáveis e perigosas, sobretudo as viagens oceânicas. Uma viagem da Europa à Índia, de ida e volta, por exemplo, poderia levar até um ano e meio, se os ventos fossem desfavoráveis. Muitas vezes a água e os alimentos eram insuficientes para todo o percurso. A higiene nos navios era péssima. Portugal dos primeiros viajantes No século XIV, já havia em Portugal um governo suficientemente centralizado para organizar as expedições marítimas e uma burguesia rica capaz de financiá-las. Também havia o apoio da Igreja Católica, que pretendia evangelizar os nativos encontrados nas regiões exploradas. Os portugueses foram os primeiros a lançar-se ao Oceano Atlântico com o objetivo de criar novas rotas comerciais marítimas, além do interesse em encontrar novas fontes fornecedoras de artigos para o comércio. Eles dispunham de uma posição geográfica privilegiada, com sua costa voltada para o Atlântico, e de conhecimentos marítimos, pois eram experientes na pesca e no comércioao longo da costa portuguesa e no Atlântico Norte Etapas da expansão portuguesa A primeira conquista portuguesa foi a cidade de Ceuta, no atual Marrocos, em 1415. A tomada dessa cidade islâmica expressava, do ponto de vista religioso, o espírito cruzadista que movia muitos europeus na época. Do ponto de vista econômico, ela permitiria aos portugueses controlar o rico comércio do ouro trazido da região africana do Sahel. Em seguida, os portugueses chegaram às ilhas da Madeira e dos Açores; depois, atingiram o extremo sul do continente africano e, finalmente, em 1498, o explorador Vasco da Gama alcançou Calicute, na Índia, estabelecendo definitivamente a rota entre Portugal e o Oriente. Após três meses em Calicute, Vasco da Gama voltou para Portugal prof.his.franciscosilva@gmail.com PROF. FRANCISCO SILVA PROJETO DESAPHIL COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA com os navios cheios de mercadorias, como especiarias, seda e porcelanas, que foram revendidas na Europa. Além da Índia, a presença portuguesa em terras asiáticas ao longo dos séculos XV e XVI estendeu- -se à Indonésia, à China e ao Japão. Em 1500, Pedro Álvares Cabral seguiu viagem em direção às Índias e chegou às terras que viriam a ser o Brasil. Em suas viagens, os portugueses fundaram importantes entrepostos comerciais, iniciando a formação de uma ampla rede de comércio dos mais variados produtos e estabelecendo um grande império marítimo no Atlântico. Enquanto isso, seus missionários religiosos procuravam converter os povos locais à fé católica As navegações da Espanha Em 1492, mesmo ano da reconquista da Península Ibérica pelos católicos, o navegador genovês Cristóvão Colombo buscou apoio e financiamento dos reis espanhóis para empreender uma expedição para o Oriente navegando na direção do Ocidente. É importante lembrar que, naquela época, a ideia de a Terra ser redonda não era aceita pela Igreja e pela sociedade, embora fosse admitida por vários cientistas. Colombo acreditava na esfericidade do planeta e, após anos de negociação, conseguiu recursos do governo espanhol para a realização de seu projeto. Equipada com três caravelas (Pinta, Niña e Santa Maria), sua expedição partiu do porto espanhol de Palos em agosto de 1492. Depois de dois meses de viagem, Colombo aportou na Ilha de Guanaani, que ele chamou de San Salvador. Em seguida, atingiu as ilhas de Cuba e São Domingos (onde hoje estão situados Haiti e República Dominicana). Por acreditar que tinha chegado às Índias, nomeou os habitantes daquelas ilhas de índios. Colombo retornou à Espanha em 1493 e realizou mais três viagens às ilhas caribenhas, sempre acreditando que havia chegado às Índias. Por que o nome América? Depois das viagens de Vasco da Gama e de Colombo, navegadores de toda a Europa quiseram participar da aventura marítima e explorar as novas regiões. Foi o caso do florentino Américo Vespúcio, que entre 1499 e 1503 realizou três viagens pelo Oceano Atlântico à América. Com base em seus relatos e nas comparações feitas com o mapa de Ptolomeu, geógrafo grego dos séculos I e II, os cientistas chegaram à conclusão de que aquele era um novo continente. Em 1507, o cartógrafo alemão Martin Waldseemüller elaborou um mapa do mundo e incluiu as terras encontradas, dando-lhes o nome de América, em homenagem a Vespúcio. Viagens pelo Pacífico Em 1513, o navegador espanhol Vasco Núñez de Balboa chegou ao Oceano Pacífico atravessando a América Central após cerca de três semanas de caminhada pelo atual território do Panamá. Acredita-se que ele tenha sido o primeiro europeu a avistar tal oceano, tendo-o batizado de “Mar do Sul”. As expedições marítimas espanholas prosseguiram até que, em 1519, Fernão de Magalhães, um português a serviço da Espanha, iniciou a primeira viagem de circum-navegação. Ele atravessou o prof.his.franciscosilva@gmail.com PROF. FRANCISCO SILVA PROJETO DESAPHIL COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA extremo sul da América do Sul, até o Oceano Pacífico, chegando às Filipinas em 1521. Fernão de Magalhães foi morto em um confronto com os nativos, e o navegador Sebastião Elcano completou a viagem, retornando à Europa em 1522. Pela primeira vez foi comprovado, empiricamente, que a Terra era realmente redonda. Questões: 01-(Fuvest) “Para o conjunto da economia europeia, no século XVI, caracterizada pela produção em crescimento e pelo aumento das transações mercantis, ao lado de um novo crescimento de sua população, o efeito mais importante dos grandes descobrimentos foi a alta geral dos preços...” O efeito a que o texto se refere foi provocado: a) pelo grande afluxo de metais preciosos. b) pela ampliação da área de produção agrícola. c) pela redução do consumo de produtos manufaturados. d) pela descoberta de novas rotas comerciais no Oriente. e) pelo deslocamento do eixo comercial para o mediterrâneo. 02-Para se compreender historicamente o contexto em que se iniciou as práticas de navegações europeias que resultaram no que ficou conhecido como as Grandes Navegações, o autor do texto Grandes Navegações diz que é necessário fazer a associação entre algumas situações históricas. Indique qual das alternativas abaixo está correta. a) renascimento cultural, fortalecimento dos senhores feudais e formação dos Estados Nacionais. b) reavivamento comercial da Baixa Idade Média, formação dos Estados Nacionais e ascensão da burguesia. c) reavivamento comercial da Baixa Idade Média, formação dos Estados Nacionais e ascensão da nobreza. d) controle dos mercados marítimos pelos árabes, formação dos Estados Nacionais e ascensão da burguesia. 3-Sobre as características das Grandes Navegações do século XV, indique a alternativa incorreta: a) Em 1434, o navegador Gil Eanes ultrapassou o Cabo do Borjador, abrindo portas para a conquista lusitana sobre o litoral africano. b) Desde o século XII, a entrada dos produtos orientais se dava pelo monopólio exercido pelos comerciantes italianos e árabes no Mar Mediterrâneo. Com o objetivo de superar a dependência para com esses atravessadores, Portugal promoveu esforços para criar uma rota que ligasse diretamente os comerciantes portugueses aos povos do Oriente. c) Como consequência das várias expedições realizadas pelos portugueses na costa ocidental do continente africano, o navegador Vasco da Gama conseguiu chegar à prof.his.franciscosilva@gmail.com PROF. FRANCISCO SILVA PROJETO DESAPHIL COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA cidade indiana de Calicute em 1498, e voltou a Portugal com uma embarcação cheia de especiarias. d) Ao mesmo tempo em que Portugal despontou em sua expansão marítima, a Espanha, mesmo envolvida no processo de expulsão dos mouros da Península Ibérica, acompanhou os portugueses nas expedições marítimas. O fim da chamada Guerra de Reconquista foi apenas mais um passo para o fortalecimento dos espanhóis na corrida de expansão marítima. e) A rivalidade entre Portugal e Espanha pela exploração das novas terras descobertas levou ambos os reinos a assinarem tratados definidores das regiões a serem dominadas por cada um deles. Em 1493, a Bula Intercoetera estabeleceu as terras a 100 léguas de Cabo Verde como região de posse portuguesa. No ano seguinte, Portugal solicitou o alargamento das fronteiras para 370 léguas de Cabo Verde, instituindo o Tratado de Tordesilhas. 4- (Enem 2014) Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens. J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In: DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado). Esse relato, associado ao imaginário das viagensmarítimas da época moderna, expressa um sentimento de: A) gosto pela aventura B) fascínio pelo fantástico C) temor do desconhecido D) interesse pela natureza. E) purgação dos pecados 5-(URCA 2017/1) A descoberta europeia da América, ou o achamento como pensam outros, não foi um acontecimento isolado da história europeia, tendo em vista que: A) A viagem de Colombo representou o fechamento súbito do sistema transoceânico de comércio e navegação, uma vez que a África ficou isolada das transações comercias com os europeus. B) A grande inovação dos marinheiros e mercadores do século XV, dentre eles os portugueses, foi saber como os ventos e as correntes do oceano Atlântico podiam ser utilizados para permitir as viagens entre os continentes. C) Foi a partir das viagens de Colombo que o astrolábio e o quadrante, instrumentos que facilitavam as leituras das posições dos corpos celestes, foram inventados, no século XVI. D) Durante séculos, os marinheiros europeus tinham visto apenas o contorno do mundo oceânico, com a viagem de Colombo, os franceses partiram na frente e foram únicos no prof.his.franciscosilva@gmail.com PROF. FRANCISCO SILVA PROJETO DESAPHIL COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA contato intercontinentais. E) A viagem de Colombo permitiu a superação das rotas comerciais com as Índias Orientais contornando a África, pois o comércio passou a ser predominantemente no Atlântico Norte. 6-(PUC-MG) O expansionismo marítimo europeu, nos séculos XV-XVI, gerou uma autêntica “Revolução Comercial”, caracterizada por, EXCETO: a) incorporação de áreas do continente americano e africano às rotas tradicionais do comércio. b) ascensão das potências mercantis atlânticas, como Portugal e Espanha. c) afluxo de metais preciosos da América para o Oriente, resultante do escambo de mercadorias. d) deslocamento parcial do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico. e) perda do monopólio do comércio de especiarias por parte dos italianos. Gabarito: 1- 4- 2- 5- 3- 6- Questão extra: Mapa século XVI Mapa século XXI Identifique no mapa elementos relacionados à produção cartográfica. Que diferenças existem entre a forma de apresentar um território em mapas do século XVI, como este, e a maneira de fazê-lo nos mapas atuais? prof.his.franciscosilva@gmail.com PROF. FRANCISCO SILVA PROJETO DESAPHIL COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA https://drive.google.com/file/d/1wgxem0HQ9P1 YNmRrInku3JTXgk_xvLpP/view?usp=sharing prof.his.franciscosilva@gmail.com PROF. FRANCISCO SILVA