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Marcelo - Estudos P1

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ESTUDOS P1 – ECONOMIA POLÍTICA 
 
 
Introdução: 
 
Crítica da economia política: Crítica do modo de produção capitalista. 
 
1982- marco teórico: livro de Marilda Iamamoto e Carvalho “Relações Sociais e Serviço Social 
no Brasil”. 
 
O Serviço Social surge no capitalismo monopolista, passando a ser compreendido como 
profissão e como resposta do Estado na Questão Social. 
Antigamente era visto como evolução da assistência social. Hoje em dia, o assistente social 
assume uma direção/posição por atuar na Questão Social, a partir do projeto profissional. 
Podemos dizer que ele atua no antagonismo entre o capitalista e o trabalhador, tomando 
partido e excluindo a neutralidade. 
 
A Economia Política Clássica, que teve seu período do século XVIII até início do século 
XIX, foi a maior e mais típica ciência social da nova ordem burguesa. Ela apresentou 
economistas de diferentes nacionalidades, como o inglês David Ricardo e o escocês Adam 
Smith, os quais concordam com duas características centrais da teoria que era estudada há 
dois séculos. A primeira se refere à origem dessa teoria, compreendida em um conjunto das 
relações sociais na crise do Antigo Regime, apresentando uma teoria social frente à própria 
conjuntura social. Já a segunda, expõe a função das principais categorias e instituições 
econômicas, ditas como eternas e invariáveis na sua estrutura fundamental, uma vez 
descobertas pela razão humana e instauradas na vida social. 
A crise da Política Clássica tem início nos anos vinte do século XIX e vai até os anos 
quarenta. Ela se implanta em um contexto de modificação da relação burguesa com a cultura 
ilustrada, pois esta só leva em conta a emancipação política, desconsiderando a humana, ou 
seja, impossibilitando o direito de liberdade dos homens. Isso resulta da incompatibilidade 
entre o modo de produção capitalista e os ideais da burguesia revolucionária. Tal 
incompatibilidade explica a decadência ideológica burguesa, pois os ideais foram construídos, 
por três séculos, a partir da influência de teóricos iluministas que se baseavam nas 
necessidades sociais de uma época já ultrapassada, por isso era necessário mudar a 
consciência para atender as necessidades atuais. Assim, pode-se dizer que a crise da Política 
Clássica adveio da conversão da burguesia em classe conservadora. 
O alemão Karl Marx, crítico da Economia Política, ao longo do século XX, estudou as 
transformações, fenômenos e os processos que a sociedade burguesa passou no século XIX, 
estabelecendo a Economia Política marxista. Nesse campo há diversas polêmicas e 
divergências e até mesmo se discute o próprio objeto da Economia Política marxista. 
 
Capítulo 1 
 
O Trabalho é uma categoria que é a centralidade para o estudo e entendimento da atividade 
econômica. Isso porque tal atividade, em ultima estância, é sempre produtiva, portanto é uma 
produção de riqueza social (“produção material da vida material - Marx”) 
 
Antes de qualquer coisa, o trabalho é uma relação especifica entre o homem e a natureza, 
uma relação na qual a transforma e extrai riquezas sociais para atender às suas necessidades 
sociais. 
 
O trabalho não só funda o ser social, como funda a humanidade. A história da humanidade é, 
portanto, a história do desenvolvimento das formas do ser social. A sociedade é a forma de 
existência do ser social. 
 
 
Transformam a natureza e a si mesmo, porque: 
1. Adquire conhecimento e os aprimoram. Este é o processo de subjetivação, definido pelo 
conhecimento do sujeito. 
2. Atendem ao ciclo em que atendem as necessidades sociais e criam novas possibilidades para 
novas necessidades. Por isso podemos dizer que o homem é um ser de necessidades e atende 
a todas elas (processo de humanização: processo de desenvolvimento das necessidades sociais 
sem limites). Esse é o processo de objetivação, no qual o objeto do processo de trabalho é 
atender as necessidades sociais do homem – Isso faz surgir um ser social, resultado de um 
processo simultâneo do ser natural com o ser social. Os homens vão se afastando cada vez 
mais do ser natural, mas nunca o abandona, e desenvolvem o ser social. 
 
O processo de trabalho é o desenvolvimento do ser social do homem se afastando, cada vez 
mais, do ser natural. Subjetiva-se e objetiva-se. 
Com o processo de objetivação, os homens realizam seus objetivos e produzem conhecimento. 
 
O homem se diferencia do primata por ter uma relação consciente com a natureza 
(teleológica) de modo a transformá-lo com uma finalidade racional e consciente; essas 
finalidades são criadas e não são finalidades naturais apenas produzidas, ou seja, há o 
processo de prévia idealização. Os homens também se diferenciam por manterem uma 
relação mediada por meios de trabalho, além das necessidades serem variáveis e suas formas 
de atendimento também são variáveis (entre os animais são fixas). 
 
Os 3 pressupostos do trabalho, segundo Marx: 
1. Todo trabalho é uma atividade teleologicamente orientada 
2. Tiveram que desenvolver algum tipo de linguagem articulada para ser possível a comunicação 
entre ele, para a difusão do conhecimento 
3. Na medida em que se difunde, o trabalho tende à universalização 
O trabalho pressupõe habilidades que, por sua vez, pressupõe conhecimento para o domínio 
da natureza com o intuito de satisfazer as necessidades sociais, desenvolvendo, assim, o ser 
social. 
 
Gênero humano: é o ser social desenvolvido; o ser social dos homens que se desenvolvem em 
um nível alto do trabalho; formas evoluídas e desenvolvidas do trabalho. Expressa a 
capacidade de trabalho que os homens têm; o mais alto grau de satisfação das necessidades 
sociais. Quanto mais complexas as necessidades, mais desenvolvido é o ser social. 
 
A relação do homem com a natureza (força/sujeito do trabalho e objeto de trabalho, 
respectivamente) é mediada por meios/instrumentos de trabalho qualquer. Esse processo 
resulta em um produto de trabalho que, para o homem, é uma riqueza social, na qual atende 
as necessidades sociais. 
 
Tripé do processo de trabalho: 
Força de trabalho – Meios de trabalho – Objeto de trabalho 
O trabalho sempre realiza os produtos do trabalho. Não há trabalho sem a força ativa do 
homem. 
 
Práxis 
Todo tipo de atividade humana de criação. Toda práxis pressupõe o trabalho. 
Há dois tipos de práxis: 
1. Práxis produtiva: que se volta a transformação da natureza. É o próprio trabalho 
(relação homem x natureza) 
2. Práxis teórica, artística, educativa, política, religiosa, etc: que se volta para interferir 
nas relações sociais (relação homem x homem). Diz respeito a todo tipo de atividade 
que modifica ou interfere no comportamento humano. Ex.: ciências humanas, arte, 
educação. 
 
Alienação do trabalho 
Processo de trabalho estranho ao próprio homem. Não se reconhecem nos produtos do 
trabalho, isso ocorre quando os meios de produção não pertencem aos trabalhadores. É o 
proprietário dos meios de produção que se apropria da riqueza social. A produção é social, 
mas o produto é privado. Foi com a propriedade privada que surgiu a divisão social do 
trabalho. 
Só enriquece quem explora o trabalho do outro. Ninguém produz riqueza social sozinho a tal 
ponto. 
 
Capítulo 2 
 
Categorias da crítica da econômica política: 
Apenas ligadas a atividade econômica, ou seja, a produção de riqueza social (trabalho). 
 Categoria ontológica: tem sua essência determinada pela realidade (pré existe a 
categoria reflexiva) 
 Categoria reflexiva ou intelectiva: homens criam meios conceituais para conhecer o 
processo estudado. É a reprodução ideal (no plano das ideias) do movimento da 
realidade; porém não é o próprio movimento do real. Elas não são tão ricas quanto a 
outra categoria e nem as substituem. 
Principal diferença entre essas categorias: por mais rica e sofisticada que seja a categoria 
reflexiva, mais importante será a categoria ontológica. 
 
O mundodos homens, que é erguido pelas formas de trabalho, é voltado para o modo de 
produção, porque é o trabalho que funda os homens. 
 
A produção depende de 3 fatores (processo de trabalho): 
1. Força de trabalho 
2. Meios de trabalho 
3. Objeto de trabalho 
2 e 3 compõe o modo de produção (que é uma forma de organizar a produção da riqueza 
social através do processo de trabalho; expressa o desenvolvimento das forças produtivas – 
capacidade de trabalho existente - de uma sociedade) 
 
Os meios de produção são instrumentos e ferramentas que, através da forca de trabalho, 
transformam o objeto de trabalho em produto do trabalho, ou seja, em riqueza social. 
 
Relações sociais de produção 
Relações sociais concretas historicamente determinada que se dão e influenciam o 
desenvolvimento das forcas produtivas; relações sociais que os homens desenvolvem na e a 
partir da produção que indicam o regime ou a forma social de produção dos meios de 
produção (coletivo ou privado). Ou seja, a forma de produção determina a apropriação da 
riqueza social. 
 
Dizer que as forcas produtivas se desenvolvem significa: 
- Aumento da capacidade de trabalho 
- Homens modernizarão os meios de produção; conhecimentos e habilidades desenvolvidas 
para o domínio e controle da natureza 
 
O excedente 
Diferença entre o produto do trabalho e os custos da produção 
Os homens aumentaram a capacidade média de trabalho, passaram a produzir além do seu 
auto-consumo. Isso porque foram criadas técnicas de produção voltadas para o controle e 
exploração da natureza. 
A agricultura criou condições iniciais para o surgimento do excedente econômico (ou 
produtivo). O excedente vai além da necessidade do auto-consumo; é, antes de tudo, o 
resultado do desenvolvimento dos meios de produção – riqueza social excedente. 
A existência do excedente faz surgir a sua destinação (alocação). 
O excedente produzido poderia ser socializado, porém o que predominou na historia foi a 
apropriação privada. 
Os grupos sociais que passaram a ter maior domínio da natureza e maiores condições para o 
desenvolvimento dos meios de produção, poderiam se apropriar dos meios de produção a 
partir do escravismo (primeiro modo de produção; violência dos homens contra os homens), 
O escravizando os grupos menos desenvolvidos. 
O excedente faz surgir a propriedade privada, pois ele criou técnicas que aumentam a 
produtividade, assim, passou a ser vantajoso a exploração do homem pelo homem, do 
trabalho do homem com a finalidade de aumentar a riqueza social. Desse modo, a classe social 
surgiu, dando origem a uma sociedade de classes. 
A exploração do trabalho faz crescer a propriedade privada, portanto maior produção de 
riqueza social e excedente, assim, maior acumulação. Tal acumulação possibilita a troca 
(mercantil), originalizando a mercadoria, ou seja, o comércio. 
 
Divisão social do trabalho 
É a repartição do trabalho coletivo em múltiplas especializações, que são tão múltiplas quanto 
são diversificadas as mercadorias. 
Fragmentada na classe proprietária e não proprietária, ou seja, assentada na propriedade 
privada. Quanto maior a exploração do trabalho, maior a produção de riqueza social 
 
Estrutura social da sociedade (ou base econômica) 
Organiza a vida dos homens na sociedade, indica a classe social 
A partir da base econômica, faz surgir uma superestrutura (a forma como os homens vivem na 
produção determina como vivem; ideias que perpassam um conjunto de ideias, valores, leis, 
etc.) 
A base econômica da sociedade capitalista está voltada para a produção de mercadorias, por 
isso vivemos em uma sociedade de consumo. 
A superestrutura tem autonomia relativa da estrutura. Ela surge e existe em função da base 
econômica (da estrutura social), mas a base ideológica não reflete na base econômica, pois é 
um espelho da superestrutura. (?) 
A base ideológica (superestrutura) é o espaço da contradição. São elas que movem a 
sociedade, a partir das lutas de classe. 
 
 
 
Capítulo 3 
 
Mercadoria: 
 
- Surge quando houve maior desenvolvimento das forças produtivas, dando origem a 
excedente. 
- Produto do trabalho humano voltado para o desenvolvimento das relações mercantis (troca 
comercial) 
 
Só há mercadoria a partir de dois pressupostos históricos: 
- propriedade privada 
- divisão social do trabalho – voltada para a produção mercantil 
 
Como todo produto do trabalho tem valor de uso, toda mercadoria é um desse, já que 
também é produto do trabalho. Tal valor de uso diz respeito a um modo subjetivo, que não é 
quantificado. – trabalho concreto 
 
Toda mercadoria é um bem voltado para a troca, ou seja, é um produto voltado para a 
satisfação das necessidades sociais voltado para outrem. É determinado pela quantidade de 
trabalho a partir do tempo de trabalho expresso pelo tempo médio de produção socialmente 
necessário á mesma. Assim, é possível estabelecer uma comparação entre as mercadorias e 
trocá-las. – trabalho abstrato 
 
Toda mercadoria tem valor de uso e de troca; e um bem reproduzível, é um produto que vai 
além das necessidades do produtor, pois é voltada para a produção mercantil. 
 
Toda mercadoria é valor de uso, mas nem todo valor de uso é mercadoria (ex. ar) 
 
Para que duas mercadorias distintas sejam comparadas é necessário observar o tempo de 
produção. Isso porque a mercadoria como produto do trabalho, pode ser quantificada. 
Portanto, o tempo de trabalho (produção) determina o valor de troca. 
 
 
Circulação: momento no qual o produto vai para o comércio. 
 
A forma de produção determina a forma de distribuição e de consumo. É um fator 
preponderante, é ela que determina as formas de consumo e circulação. 
 
Unidade (relação de interdependência; de determinação mútua e recíproca) 
Produção – Distribuição – Consumo 
 
O modo de produção capitalista é o único que pode ser, à rigor, chamado de modo de 
produção de mercadorias. 
 
Dinheiro: Representante de valor, ato imagem do valor. Sua função é servir como meio de 
troca. Só pode exercer essa função se for reconhecimento como representante universal do 
valor (expressão o valor de troca de todas as mercadorias). Para ele não perder a validade, 
deve-se manter o equilíbrio entre os meios circulantes (mercadoria) com os meios de troca (o 
próprio dinheiro). 
 
Formas do valor/dinheiro: 
 
- Simples 
Modo de produção escravista; o dinheiro é apenas um intermediador, um meio de troca. 
M1 – D – M2 
Predomina-se o valor de uso das mercadorias 
 
- Desenvolvida 
Modo de produção feudal 
Metal precioso (mercadoria) se tornou dinheiro, porque possui: tempo médio socialmente 
necessário; durabilidade; divisibilidade; transportabilidade; armazenamento 
D – M – D+ 
Dinheiro como meio de troca e de acumulação 
Predomínio do valor de troca das mercadorias 
 
- Superior/total 
Além de ser meio de troca e de acumulação, o dinheiro passa a ser equivalente universal 
(geral) de troca. 
Produção voltada inteiramente para a troca. 
D – M – D’ 
O lucro é obtido no processo produtivo, na produção. Que é onde se dá a exploração do 
trabalho. 
*Forma capitalista 
 
Tempo excedente: tempo de trabalho não pago 
Tempo necessário: tempo de trabalho pago 
Resultado: mais valia – propriedade do produtor, não do trabalhador.