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OZONIOTERAPIA APLICADA NA ESTÉTICA Rafael Ferreira 2020 OZONIOTERAPIA APLICADA NA ESTÉTICA Rafael Ferreira OZONIOTERAPIA APLICADA NA ESTÉTICA São Paulo 2020 Instituto Rafael Ferreira 6 Ozonioterapia Aplicada na Estética 1ª edição Autor Rafael Ferreira Projeto Gráfico Fernando Tassinari Revisão Impressão e Acabamento Ficha Catalográfica Proibida a reprodução dos textos originais, mesmo parcial e por qualquer processo, sem autorização do Instituto Rafael Ferreira Ferreira, Rafael Ozonioterapia Aplicada na Estética / Rafael Ferreira - 1. ed. - São Paulo, SP : 2020. 175 p. ; 29 cm. ISBN: 978-65-992532-0-1 1. Ozonioterapia. 2. Estética. I. Título. CDD 000.00 Ozonioterapia Aplicada na Estética 7 ÍNDICE INTRODUÇÃO 8 A ozonioterapia no mundo 11 Ozonioterapia nas práticas integrativas no brasil 12 Produção de ozônio medicinal 14 O que seria o ozônio? 15 Princípios básicos em ozonioterapia 17 A terapêutica com ozônio 18 Regulação do sistema Antioxidante 21 Melhora no metabolismo do oxigênio 28 Modulação do sistema imunológico 30 Amplo espectro bactericida, viricida e fungicida do ozônio Regulação do metabolismo 36 Intervenção na liberação de autacoides 38 Vias de administração da ozônioterapia 40 Entendendo as vias de administração 42 Materiais ozonizados na prática clínica 46 Contraindicações da ozonioterapia 48 MANUAL DE PROTOCOLOS ESTÉTICOS 51 Preparo de água ozonizada 53 Preparo de óleo ozonizado 57 Preparo de bolsa salina ozonizada 61 Preparo para bag de ozônio 65 Ozoinsuflação 69 Tratamento para alopecia 73 Tratamento para acne ativa 77 Instituto Rafael Ferreira 8 Tratamento para flacidez e estria 85 Tratamento para rejuvenescimento facial 89 Tratamento para gordura localizada e celulite 93 HLCO – hidro lipo clasia ozonizada 98 Eletrolipo ozonização 102 Jato de plasma com ozônio para as mãos 106 Harmonização facial 110 Lifting facial (rádio frequência + ozônio) 115 Peeling ozonizado (ativação fotônica) Protocolo validado brigth essence 119 Lifting com jato ozonizado 123 Harmonização facial – efeito cinderela 127 Microagulhamento ozonizado - Protocolo validado fler – ozoncare 133 Pré - op 137 Pós - op 141 Modelagem ozonizada 145 Cavitação ozonizada 152 Detox ozonizado 156 Modelagem de bumbum ozonizada 160 Modelagem de alta definição 165 Ambulatório da dor 170 Relaxamento muscular ozonizado 173 PROTOCOLOS 175 Protocolo sistêmico para produção de colágeno e rejuvenescimento 175 Protocolo sistêmico para ajuste intestinal 177 Protocolo sistêmico para melhora da rinite 178 BIBLIOGRAFIAS 179 Ozonioterapia Aplicada na Estética 9 A Ozonioterapia vem ganhando destaque dentro do cenário médico in- ternacional e já demonstra vertentes de tratamento interessantes no Brasil, pela sua versatilidade na abordagem dermatológica ela acabou ganhando des- fechos dentro da prática estética com resultados promissores. A Ozonioterapia vem ganhando destaque dentro do cenário médico in- ternacional e já demonstra vertentes de tratamento interessantes no Brasil, pela sua versatilidade na abordagem dermatológica ela acabou ganhando des- fechos dentro da prática estética com resultados promissores. Poderíamos citar como benefícios da integração da técnica dentro do atendimento estético pelos seguinte motivos: • A Ozonioterapia é uma proposta de tratamento que visa reequilibrar as funções de trabalho ideal do organismo. • Terapêutica de Baixo Custo com grande possibilidade de interação com outros recursos da estética. • Muito mais que um simples ativo, sua versatilidade se dá pela concen- tração utilizada e via de administração escolhida. • Baixo índice de intercorrências. • Otimizador de recursos eletroterápicos, cosméticos e manuais. • Trata uma grande variedade de disfunções estéticas. • Abre portas para pensar na estética holística. INTRODUÇÃO Instituto Rafael Ferreira 10 Mas antes de começar a aplicação técnica deste recurso é importante saber da sua evolução histórica até as abordagens modernas, e a Associação Brasileira de Ozonioterapia organiza o seguinte relato histórico: • 1840: O gás ozônio foi descoberto pelo alemão Dr. Christian Friedrich Schoenbein, que observou um odor característico quando o oxigênio era submetido a uma descarga elétrica, inclusive seu nome veio desta abservação, ele o chamou de “ozein”, que em grego significa “aquilo que cheira”; • 1857: O físico Dr. Werner Von Siemes desenvolveu o Gerador de Alta Frequência, um aparelho que gerava gás ozônio a partir de descargas elétricas; • 1896: Nicola Tesla patenteou seu primeiro gerador de ozônio e criou a Tesla Ozone Co. Comercializava máquinas e óleo ozonizado. Este uso ativo da ozonioterapia antecede a criação de FDA em 1906; • 1914-1918: Durante a primeira guerra mundial, médicos alemães e ingleses usavam o ozônio para o tratamento de feridas nos soldados, e registraram este relato revista The Lancet, nos anos de 1916 e 1917. Desde o século XIX, a ozonioterapia médica era usada na Alemanha para combater a ação de bactérias e germes na pele humana. • 1916: Publicado na revista THE LANCET, nos anos 1916 e 1917; • 1935: Erwin Payr, importante cirurgião austríaco,experienciou o tra- tamento com ozônio por seu dentista, E. A Fisch. Apresentou uma publicação de 290 páginas intitulada “O tratamento com ozônio na cirurgia”; • 1950: Edward Fisch primeiro odontólogo a usar a prática em 1950 (FERREIRA et al. Revista Odontológica de Araçatuba, v.34, n.1, p. 36- 38, Janeiro/Junho, 2013); • 1975: No Brasil o médico Heinz Konrad iniciou a prática em sua clí- nica em São Paulo, aonde trabalha até hoje, Em meados dos anos 90, Dr. Edison de Cezar Philippi introduziu a prática em Santa Catarina e a difundiu em inúmeros cursos e congressos; • 1979: Hans H. Wolff, publicou seu livro “O Ozônio Medicinal” onde apresenta sua pesquisa e prática; • Fundou a Sociedade Médica Alemã de Ozônio (Sociedade Médica para Ozonioterapia Aplicada na Estética 11 Aplicação Preventiva e Terapêutica do Ozônio); • 2018: Ministério da Saúde reconhece a ozonioterapia no Brasil pela portaria no. 702 em 21 de março de 2018 como uma prática integrativa e complementa. Instituto Rafael Ferreira 12 A OZONIOTERAPIA NO MUNDO Alemanha é responsável por mais de sete milhões de procedimentos anuais, sendo que os seguros-saúde do país já cobrem a sua utilização desde a década de 1980! Na Ucrânia, a prática também conta com o aval do Ministério da Saúde, assim como na Rússia, que a utiliza em praticamente todos os hospitais do go- verno. A Itália é um belo exemplo de como este reconhecimento governamen- tal é capaz de trazer resultados positivos para toda a população! Lá, as taxas de recuperação de tratamentos para lombalgias e hérnias de disco variam entre 60% e 95%, evitando procedimentos cirúrgicos mais caros e complexos. Nos hospitais públicos da Espanha, a técnica está sendo implantada gradativamente no auxílio de pacientes com câncer. Em pouco mais de vinte anos, o Centro de Investigaciones del Ozono, na capital Cubana, tem realizado uma série de estudos e publicações, em que o método é amplamente testado e relatado nos quase quarenta Centros Médicos Clínicos de Ozonioterapia cubanos. Ainda é possível citar Suíça, Grécia, Israel, Áustria, Austrália e Egito como países em que os procedimentos com o Ozônio Medicinal são reconhe- cidos pelos Sistemas de Saúde. Como se não bastasse, nos Estados Unidos já existe o reconhecimento em 13 estados. Ozonioterapia Aplicada na Estética 13 OZONIOTERAPIA NAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS NO BRASIL Em 21 de março de 2018 o Ministério da Saúde pública a portaria no. 702, considerando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o reconhecimento e incorporação das Medicinas Tradicionais e Complementa- res nos sistemas nacionaisde saúde, denominadas pelo Ministério da Saúde do Brasil como Práticas Integrativas e Complementares. Nas quais no Art. 1º ficam incluídas, na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC, as seguintes práticas: • aromaterapia, apiterapia, bioenergética, constelação familiar, cromo- terapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, medicina an- troposófica/antroposofia aplicada à saúde, ozonioterapia, terapia de florais e termalismo social/crenoterapiaapresentadas Segundo a descrição da portaria a ozonioterapia é pratica integrativa e complementar de baixo custo, segurança comprovada e reconhecida, que utili- za a aplicação de uma mistura dos gases oxigênio e ozônio, por diversas vias de administração, com finalidade terapêutica, já utilizada em vários países como Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Rússia, Cuba, China, entre outros, há dé- cadas. Há algum tempo, o potencial terapêutico do ozônio ganhou muita aten- ção através da sua forte capacidade de induzir o estresse oxidativo controlado e moderado quando administrado em doses terapêuticas precisas. A molécula Instituto Rafael Ferreira 14 de ozônio é molécula biológica, presente na natureza e produzida pelo organis- mo sendo que o ozônio medicinal (sempre uma mistura de ozônio e oxigênio), nos seus diversos mecanismos de ação, representa um estimulo que contribui para a melhora de diversas doenças, uma vez que pode ajudar a recuperar de forma natural a capacidade funcional do organismo humano e animal. Alguns setores de saúde adotam regularmente esta prática em seus pro- tocolos de atendimento, como a odontologia, a neurologia e a oncologia, den- tre outras especialidades. Ozonioterapia Aplicada na Estética 15 PRODUÇÃO DE OZÔNIO MEDICINAL O ozônio é um gás altamente instável, portanto ele deve ser produzido no momento da sua utilização a partir do oxigênio, que é um gás estável e fácil de trabalhar. Para isso é necessário um equipamento para a produção, sendo a forma mais utilizada pelos geradores médicos na produção do ozônio é pela descarga corona. Onde ocorre uma descarga elétrica pela diferença de potencial de dois eletrodos em um fluxo gasoso de oxigênio medicinal. O campo elétrico fornece energia suficiente aos elétrons para que ocorra o rompimento das duplas liga- ções da molécula de oxigênio (O2), gerando dois átomos isolados. Esses áto- mos de oxigênio reagem com outra molécula de O2 formando o O3 (LAPOLLI et al., 2003). Figura 1: Esquema do gerador de ozônio medicinal Instituto Rafael Ferreira 16 O QUE SERIA O OZÔNIO? O ozônio é uma molécula gasosa natural feita de três átomos de oxigê- nio, todavia existem condições especiais para sua formação, como a incidência de radiações e campos eletromagnéticos. A ideia de usar o ozônio na medicina foi desenvolvida vagarosamente durante o último século e seu uso foi estimulado devido às suas propriedades desinfetantes e antibióticas, alias o que fazia dele um recurso fundamental em uma época sem antibióticos e antivirais, como no tratamento dos feridos da primeira guerra mundial. Entre os agentes oxidantes, o ozônio é o terceiro mais forte, após o flúor e o persulfato, fato esse que explica sua alta reatividade e também instabilida- de. Em condições normais ele é preferencialmente encontrado na estratos- fera, a aproximadamente 22 km da superfície terrestre, há uma camada de ozônio que pode chegar à máxima concentração de 10 ppm, que equivale a 0,02 micrograma/mL (Totolici, 2017) A manutenção dessa camada é muito importante, devido à sua capa- cidade de absorver a maior parte dos raios ultravioletas pelas suas bandas B e C. Quando há falha nessa absorção, a incidência das radiações pode atingir a superfície da terra, portanto, entrar em contato com o organismo humano, estas radiações ionizantes podem desencadear problemáticas como alterações da idade da pele e carcinogênese (Barreira, 2015). Em grandes cidades, o ozônio, misturado com outros componentes tó- xicos e acrescido da ação solar e do oxigênio do ar, torna-se tóxico para os pulmões, em particular a mucosa pulmonar, os olhos, o nariz e a pele (Devlin et al., 1991; Aris et al., 1993; Broeckaert et al., 1999). Isso leva ao conceito errado que se tem de que o ozônio é um gás tóxico, Ozonioterapia Aplicada na Estética 17 mas no local certo e na dose certa ele possui uma ação medicamentosa muito boa. O corpo humano, mediante a ativação de leucócitos, pode produzir ozô- nio, que vai ser importante em situações normais e patológicas (Babior et al., 2003; Nieva e Wentworth, 2004). A ozonioterapia não se baseia em um conceito homeopático, onde qual- quer traço será ativado, mas sim em uma base farmacológica firme, a de que o ozônio significa e age como uma droga real, e como tal deve ser quantitativa- mente concisa (Bocci et al., 2005). A Declaração de Madri, aprovada em 2010, reforça este entendimen- to nas quais define que as indicações terapêuticas para o uso do ozônio estão fundamentadas no conhecimento que baixas concentrações de ozônio podem desempenhar funções importantes dentro da célula. Tem-se demonstrado a nível molecular diferentes mecanismos de ação, que suportam as evidências clínicas desta terapia. Existem concentrações pla- cebo, terapêuticas e tóxicas. Tem-se demonstrado que concentrações de 10 ou 5 µ/ml ou ainda doses mais pequenas exercem efeitos terapêuticos com uma ampla margem de segurança, por isso atualmente se aceita concentrações te- rapêuticas que variam dos 5-60 µ g/ml. Para esta escala de doses incluímos tanto técnicas de aplicação local como sistémica. Devemos realçar que cada via de aplicação tem doses mínimas e máximas; assim como concentrações e volumes a administrar. As doses terapêuticas são divididas em três tipos segundo o seu meca- nismo de ação: a) Dose baixa: estas doses têm um efeito imunomodulador e utilizam-se nas doenças onde há suspeitas de comprometimento do sistema imuno- lógico. b) Dose média: são imunomoduladoras e estimuladoras do sistema enzi- mático de defesa antioxidante e de grande utilidade nas doenças crónico- -degenerativas tais como diabetes, arteriosclerose, doença de Parkinson, Alzheimer e demência senil. c) Doses altas: se utilizam especialmente em úlceras ou feridas infectadas. Também para ozonizar azeite e água. Instituto Rafael Ferreira 18 PRINCÍPIOS BÁSICOS EM OZONIOTERAPIA Os três princípios básicos que se deve ter em conta antes de iniciar qual- quer procedimento com ozônio terapêutico, são os seguintes: a) Primum non nocere: em primeiro lugar não fazer mal. b) Escalonar a dose: em geral, começar sempre com doses baixas e ir su- bindo lentamente, exceto em úlceras ou feridas infectadas, nestas proce- der-se-á de forma inversa (começar com altas concentrações e ir dimi- nuindo em função da melhoria clínica). c) Aplicar a concentração necessária: maiores concentrações de ozônio não são necessariamente melhores, de igual forma como ocorre em medi- cina com todos os fármacos. Se você não conhece o balanço redox (antioxidantes/pro-oxidantes) e o paciente encontra-se em stress oxidativo, uma dose inicial média ou alta, você pode lesar os mecanismos antioxidantes celulares e agravar o quadro clínico. É preferível começar com doses baixas e subi-las lentamente segundo a resposta do paciente. Por isso é fundamental entender qual seria o ajuste de concentração e a via de administração preferencial para se alcançar os resultados terapêuticos do tratamento. Ozonioterapia Aplicada na Estética 19 A TERAPÊUTICA COM OZÔNIO A terapêutica com o ozônio se dá pelo enriquecimento de veículos, como a água ou óleos, ou mesmo pela sua resposta nos mecanismos fisiológicos, de maneira direta, já agindo de imediato na região, como na descontaminação de feridas, ou indireta, ativando sinalizadores de processos fisiológicos. Quando se pensa na entrega sistêmica direta a mistura entre oxigênio e ozônio é que vai desencadear os processosterapêuticos. Ambos os gases se dis- solvem na água do plasma, observa-se que enquanto o oxigênio prontamente se equilibra, o ozônio não pode se equilibrar porque ele reage com biomolécu- las (PUFA, antioxidantes) presentes no plasma. O rendimento da reação entre peróxido de hidrogênio (entre outras possibilidades, os ROS, espécies reativas de oxigênio) e produtos de peroxida- ção lipídica (LOP) leva a um súbito aumento da concentração de peróxido de hidrogênio, gerando um gradiente que acarreta sua rápida transferência para dentro das células, onde em poucos segundos serão ativados vários processos bioquímicos e simultaneamente sofrerá redução para água pelo eficiente siste- ma antioxidante intracelular (GSH, catalase, GSH-Px). Essa etapa crítica corresponde a um estresse oxidativo controlado, agu- do e transitório, necessário para ativação biológica, sem toxicidade concomi- tante, provando que a dose de ozônio é compatível com a capacidade antioxi- dante do sangue (Mendiratta et al., 1998 a, b). Enquanto as ROS são responsáveis pelos efeitos biológicos imediatos, os LOPs são importantes por seu efeito tardio. Os LOPs podem chegar a qual- quer órgão após se ligarem ao receptor, suscitando a adaptação para repetidos estresses oxidativos agudos. Os LOPs ativarão a regulação das enzimas antio- xidantes e, provavelmente, a liberação de célula-tronco (Bocci et al., 2005). Instituto Rafael Ferreira 20 Figura 2: Sangue ozonizado e interação de da geração de LOP com diversos órgãos (Bocci, 2005) Por isso se faz tão fundamental o entendimento de qual via de admi- nistração utilizar para atingir as propostas terapêuticas e como as combinar dentro de um protocolo clínico focando a otimização de resultados, uma vez que se entende que dependendo da região de entrega se espera uma resposta fisiológica diferente do ozônio. Ozonioterapia Aplicada na Estética 21 Figura 3: Efeitos do ozônio mediante suas reações com moléculas mediadoras. A. Em locais específicos do organismo. B. Por meio de seus subprodutos (De Bocci, 2006). Poderíamos subdividir as respostas fisiológicas da ozonioterapia nas se- guintes classes: • Regulação do sistema antioxidante • Melhora do metabolismo do oxigênio • Modulação do sistema imunológico • Função amplo espectro bactericida, viricida e fungicida • Regulação do metabolismo • Intervenção na liberação de autacoides Instituto Rafael Ferreira 22 REGULAÇÃO DO SISTEMA ANTIOXIDANTE A otimização dos sistemas oxidantes e antioxidantes do organismo é um dos efeitos biológicos fundamentais da interação sistêmica da ozonioterapia, que se realiza por meio da influência nas membranas celulares e consiste na normalização do balanço dos níveis de produtos da peroxidação lipídica e o sistema de defesa antioxidante. Desta forma é fundamental avaliar previamente a condição clínica do paciente para não induzir um estresse fisiológico acima da capacidade de nor- malização do sistema, para isso sempre seguir a proposta de iniciar a tera- pêutica com menor dosagem e ir subindo até a dosagem ideal e balanço redox fisiológico. Como resposta imediata à aplicação do ozônio nos tecidos e órgãos, se produz um aumento compensador sobre toda a atividade das enzimas antio- xidantes, como a superóxido dismutase, a catalase e a glutationa peroxidase, amplamente representadas nos músculos cardíacos, fígado, eritrócitos e ou- tros órgãos, justificando a observação de melhora clínica rápida em pacientes submetidos à metodologia (Barreira, 2005) A restauração do sistema antioxidante é um processo complexo e re- quer a ativação das reações metabólicas, que permite o acúmulo de NADH e NADPH do ciclo de Krebs e da via da pentose fosfato, que são doadores de prótons para a redução dos componentes oxidativos do sistema antioxidante (glutationa, vitamina E, acido ascórbico e outros) (Barreira, 2005) É importante ressaltar que durante o tratamento com ozônio é necessá- rio suspender todos os suplementos de antioxidantes que contém vitamina C e vitamina E. A presença destes compostos em concentrações elevadas interfere Ozonioterapia Aplicada na Estética 23 com a ação do ozônio como agente oxidante, e, portanto, intervindo no bom curso normal da terapia. É importante comunicar ao paciente que não deve ingerir quantidades excessivas de alimentos que contenham estas vitaminas. Desta forma, as vitaminas e antioxidantes devem ser administrados antes ou depois da ozonioterapia, mas nunca durante o tratamento. A ozonioterapia está muito vinculada ao conceito de equilíbrio oxida- ção-redução (ambiente redox) devido ao fato de, como parte de seu mecanismo de ação, gerar um efeito antioxidante indiretamente, pois na verdade ela é um tratamento oxidativo, empregado em enfermidades que intervêm no processo de estresse oxidativo. Ademais, o mecanismo geral pelo qual atua a ozoniote- rapia sistêmica é a produção de um pequeno e controlado estresse oxidativo, que vai promover a ativação do nosso sistema de defesa e antioxidante. A abordagem do tratamento intenciona uma repetição sistêmica desse estímulo induz no organismo diversas respostas terapêuticas. A ozoniotera- pia está, portanto, estreitamente ligada ao processo biológico conhecido como estresse oxidativo, a ideia é tentar regularizar as funções fisiológicas normais, trabalhando de forma otimizada (Martinez-Sanchez e Re, 2011). A reatividade química do ozônio gera subprodutos, que desenvolvem atividade local e sistêmica, dentre os principais produtos que se originam na ozonização de lipídios e proteínas podemos destacar: • ozonídeos de Criegee • hidróxi-hidroperóxidos • peróxido de hidrogênio • aldeídos Como são elementos radicalares, o organismo desenvolveu defesas para sua neutralização, os ozonídeos de Criegee são catabolizados pela enzima GST (glutationa S transferase), que usa a glutationa (GSH) como agente redutor para gerar aldeídos e glutationa oxidada (GSSH). Os aldeídos são metaboliza- dos pela enzima aldeído desidrogenase (ALDH), utilizando como cofator o di- nucleotídeo oxidado da nicotinamida adenina (D+). Dentre os fatores ativados observa-se que a ozonioterapia leva ao estímulo significativo da enzima GSH. Também se observa que decorrente desta reatividade o ozônio é capaz de induzir a liberação de espécies reativas do oxigênio, que quando em concen- trações controladas estimularão a produção de antioxidantes, regularizando a liberação dos eicosanoides, que são elementos importantes no processo infla- Instituto Rafael Ferreira 24 matório. Sabe-se que o ozônio reage imediatamente com determinado número de moléculas presentes dos fluidos biológicos, chamadas de antioxidantes, proteínas e carboidratos (mais especificamente os ácidos graxos poliinsatura- dos) (BOCCI, 1996). Para o melhor conhecimento da ação do ozônio sobre os fluidos celu- lares e fluidos corpóreos é importante lembrar que a respiração celular está baseada na presença do oxigênio, como consequência do processo metabólico existe a liberação de espécies reativas do oxigênio (ERO). São consideradas espécies reativas do oxigênio o ânion superóxido (O2- ), pe- róxido de hidrogênio (H2O2), o radical hidroxila (OH-), o oxigênio singleto (1 O2) entre outras. As EROs podem atacar e lesionar várias moléculas biologicamente im- portantes como proteínas, ácido desoxirribonucléico (DNA) e membranas, in- duzindo a várias doenças crônicas, câncer e o envelhecimento. O radical hidro- xila é um dos componentes mais destrutivos (BOCCI, 1996). Alguns autores descreveram a aplicação controlada do ozônio como um pré-condicionamento oxidativo que previne o dano hepatocelular mediado por radicais livres. A terapia com ozônio demonstrou preservar a integridade do fí- gado induzindo enzimas ou ativando caminhos para manter o equilíbrio redox. A dose neste caso utilizada para ratos foi de 1mg/kg e sugerida em humanos 0,25mg/kg. Um alto índice da enzima superóxido desmutase e glutationa, bai- xo índice de peroxidaçãoe homeostase normal do Ca2+ indicam o sucesso do tratamento (LEÓN et al., 1998). Concentrações elevadas de ozônio produzem efeito agravante nos pro- cessos de peroxidação lipídica na membrana celular das mesmas células fago- cíticas, com o acúmulo de produtos tóxicos de peroxidação lipídica (malon de- aldeído e bases Shiff), que inibem a síntese de citocinas e eliminam a ativação de Linfócitos T auxiliares, visando a regulação da geração de imunoglobulinas pelos linfócitos B, portanto promovendo um efeito imunodepressor. Este efei- to é utilizado no tratamento de pacientes com patologia auto-imune (doença reumatóide, esclerose disseminada, esclerodermia) sem a administração de tratamento medicamentoso. Ozonioterapia Aplicada na Estética 25 A ação do ozônio, portanto, implica em dois tipos de processos: • Reação inicial com ozônio: quando o oxigênio é reduzido de forma uni- valente, deixando um elétron livre em sua órbita externa, o que promove a produção das espécies reativas do oxigênio (ERO), que algumas vezes constituem os radicais livres, que desencadeiam as reações bioquímicas no sangue (BOCCI, 1996). • Peroxidação lipídica: É o processo pelo qual as EROs agridem os ácidos graxos poliinsaturados, desintegrando as membranas celulares promo- vendo a perda da permeabilidade. A peroxidação lipídica também gera EROs, mais especificamente o peróxido de hidrogênio (H2O2) e uma va- riedade de aldeídos conhecidos como produtos da peroxidação lipídica, tais como malondialdeído, 4-hidroxinonenal e isoprostanos que são in- clusive utilizados para avaliação do estado de estresse oxidativo de um organismo (LIMA e ABDALLA, 2001; NAOUM, 2001). Al-Dalain et al. (2001) constataram que o uso do ozônio como agente terapêutico, reduziu os danos provocados pelas espécies reativas do oxigênio, refutando o pensamento que o sistema de oxidação controlado estimula a de- fesa antioxidante do organismo, também se observou que o uso em doses bai- xas promove controle da diabetes e seus agravos clínicos, como por exemplo, o pé diabético. O nosso sistema de neutralização radicalar é mediato por agentes en- zimáticos, que são o foco da ativação da terapêutica, destacando a superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase/ redutase, glutaredoxina, tioredoxina e catalase. Já os sistemas não enzimáticos são compostos por algumas vitami- nas lipossolúveis, hidrossolúveis, e os oligoelementos. A concentração destes elementos no organismo varia individualmente de acordo com sexo, idade, dieta, época do ano e metabolismo (BOCCI, 2005). A produção de sinalizadores radicalares, principalmente na liberação do H2O2, garantem as propriedades terapêuticas do ozônio. O peróxido de hidrogênio quando em contato com o sangue rapidamente passa para o inte- rior dos eritrócitos, leucócitos e plaquetas, onde sofre ação dos antioxidantes endógeno, o produto da neutralização é a água. Por passar para o interior das células, e desencadear reações bioquímicas, torna-se o principal mensageiro Instituto Rafael Ferreira 26 que ativará a todo o processo (BOCCI et al., 2005). Com o tempo os antioxidantes que já sofreram a oxidação retornam a sua forma reduzida com o auxílio da NADPH (fosfato de dinucleótido de ni- cotinamida e adenina). Um exemplo é o que ocorre com a glutationa redutase (GSH-Rd) que utiliza a NADPH para retornar a sua fase de glutationa oxidada (GSSH) para a original (GSH), esse mecanismo seria como uma reciclagem das enzimas antioxidantes, que estavam sem capacidade de neutralizar radicais livre e resgatam seu potencial anti-radicalar. O NADP utilizado torna-se oxidado e é reduzido pelo ciclo da pentose fosfato, onde a glicose 6-fosfato desidrogenase é a enzima chave. Com isso há um aumento da glicólise com aumento dos níveis de ATP. Os eritrócitos que estiverem em contato com o ozônio, em um curto período de tempo, tornam-se capazes de aumentar a distribuição de oxigênio. Isso se dá pelo aumento da 2,3 difosfoglicerato (2,3 DPG) que atua na glicólise anaeróbica, responsável pela dissociação da oxihemoglobina, que promove um aumento da oxigenação tecidual, ou seja, o processo de liberação de oxigênio do eritrócito para o tecido fica facilitado, favorecendo o metabolismo celular. Como consequência há um aumento da adenosina trifosfato (ATP) tam- bém responsável por estabilizar o potencial de membrana celular, justificando o aumento do metabolismo celular (BOCCI, 2005). Nos linfócitos o H2O2 ativa a tirosina quinase que desprende a IκB, fator de inibição que não permite a ativação da NFκB. Esta é um fator de trans- crição, que quando ativada permite a migração para o núcleo resultando na síntese de proteínas. Pode estar envolvida na produção de enzimas, como óxi- do nítrico sintetase e ciclooxigenase-2, superóxido dismutase, interleucinas, fator de necrose tumoral (TNF), moléculas de superfície-1 de adesão de célula intracelular e Eselectina. Nas plaquetas estimula a liberação de fatores de cres- cimento e nas células endoteliais aumenta a produção de óxido nítrico (BOC- CI, 2005). Esse é um dos fatores importante na justificativa da terapêutica cutânea com alterações no processo de circulação local ou estase tissular, como no caso da hidrolipodistrofia ginoide (HLDG), popularmente chamada de “celulite”. Segundo Zamora et al. (2005) o uso do ozônio, como uma adaptação a libera- ção de radicais livres, pode diminuir a liberação sérica do TNF-α. No modelo experimental de choque séptico induzido em ratos, com a aplicação pela via intraperitonial, autores indicaram aumento da atividade dos antioxidantes por meio da estimulação hepática, mantém a IκB inibindo a NF-κB, desta forma Ozonioterapia Aplicada na Estética 27 não ocorre liberação de citocinas e enzimas como o TNF-α e GSH-Px, que estão envolvidas na indução e desenvolvimento do choque séptico. As espécies reativas do oxigênio também irão resultar na liberação de citocinas, termo genérico para designar as moléculas envolvidas na emissão de sinais entre células durante a resposta imune. Estão entre elas os interfe- rons (IFN-α, IFN-β e IFN-γ), moléculas importantes na limitação da infecção viral. Produzidos na fase inicial da infecção constituem a primeira linha de resistência a muitas doenças virais. As interleucinas (IL-2, IL-6; IL-8) produ- zidas principalmente por células T, mas também sintetizadas por macrófagos e células teciduais, atuam em células que possuem receptores específicos para cada uma delas, promovendo entre suas funções: ativação, proliferação, dife- renciação e migração celular. Lembrando que durante essa ativação a liberação da interleucina 10 e TGF-β1 coordena esta ação não permitindo que seja exage- rada (BOCCI et al., 2005). Existem vários protocolos dentro das escolas modernas de ozoniotera- pia que tomam como base essa informação para justificar a indicação na abor- dagem de distúrbios virais, dentro da prática clínica estética a manifestação herpética é um dos distúrbios virais comuns de acontecerem, em pacientes que já tem histórico da problemática a abordagem de ozonioterapia pode ser indi- cada até mesmo na profilaxia para condução de técnicas de perfil inflamatório, como peeling ou microagulhamento, ou na terapêutica de tratamento em caso de manifestação. Martinéz-Sanchez et al. (2005) descreveram que a adaptação ao estres- se oxidativo induzida através da aplicação do ozônio via insuflação retal, na diabetes tipo dois, repetidamente em doses não tóxicas aparece controlando a curva glicêmica, normalizando a liberação de peróxidos e ativando a superóxi- do desmutase. A diminuição do açúcar livre faz com que o organismo esteja menos sujeito aos processos de glicação não enzimática mediada pela glicose livre. Com foco na prática estética isso favoreceria os resultados de bioestimulação em pacientes com histórico hiperglicêmicos e nas propostas estéticas correla- cionadas com o emagrecimento e redução de gordura localizada. Ozônio atua preservandoe induzindo a concentração dos antioxidantes endógenos e bloqueando a xantina oxidase (enzima que produz ácido úrico), caminho para geração de espécies reativas do oxigênio. O ozônio também pode apresentar um efeito benéfico na circulação sanguínea aumentando a concen- tração de eritrócitos, taxa de hemoglobina, diapedese e fagocitose e age esti- Instituto Rafael Ferreira 28 mulando o sistema reticulo-histiócitos. Esses efeitos são mais visíveis em pe- quenos vasos e capilares (AGRILLO et. al., 2006). A otimização do funcionamento da rede capilar indica potencial favorá- vel para disfunções estéticas congestivas, como a HLDG ou de baixo suporte nutricional e oxigenativo, como em alguns casos de alopecia. Inflamações crônicas típicas virais, doenças auto-imunes, diabetes, arteroscle- rose e câncer liberam excessivamente espécies reativas do oxigênio que podem acelerar o desenvolvimento destas doenças. Hoje já se sabe que estes media- dores inflamatórios também são aumentados no caso de estresse, alimentação irregular e hábitos como o fumo. Por este motivo, a indução do estresse oxidativo com duração por dois a três minutos, e utilizando concentrações “fisiológicas”, não pode ser equacio- nada como um estresse patológico (BOCCI, 2007). Chen et al. (2008) observaram a supressão pelo ozônio da liberação da endotelina-1 após a reperfusão do rim após transplante. Acreditam que o me- diador que induz a liberação dos antioxidantes neste caso é o óxido nítrico. Em pacientes que receberam transplante de fígado que foram submetidos ao pré-condicionamento oxidativo, determinou-se uma maior capacidade de pro- teção ao órgão contra dano isquêmico. No quadro de hipercromia cutânea também se observa a endotelina como importante sinalizador para início do processo de melanogênese, mais estudos são necessários para entender sua real aplicabilidade clínica nos tra- tamentos clareadores, mas mostra-se uma interessante proposta coadjuvante no processo de clareamento tissular, até mesmo pelo fato de diminuir a in- flamação sistêmica, que intensifica o processo de melanogênese e diminui o resultado dos tratamentos clareadores. O ozônio também reduziu a expressão da p65, diminuiu a produção do TNF-α e promoveu uma redução da imunoreatividade da proteína HSP-70. O que significa que preservou o equilíbrio redox, a função mitocondrial e os pools de glutationa, bem como a regulação do NFκB e HSP-70 (LEÓN-HERNAN- DEZ et al., 2008). O ozônio pode aumentar o nível da proteína Nrf2, que promove as en- zimas antioxidantes e desintoxicantes da fase II da metabolização enzimática de drogas, sendo sugerido que o ozônio pode ser uma ferramenta útil para complementar e integrar a terapia farmacológica de controle do estresse oxi- dativo, presente em inúmeras enfermidades e distúrbios estéticos. (Martinez- -Sanchez, 2014) Ozonioterapia Aplicada na Estética 29 Melhora no Metabolismo do Oxigênio O uso do ozônio levando a uma reação de peroxidação sobre os fosfo- lipídios de membrana determinará um aumento da carga elétrica negativa na membrana eritrocitária, evitando um empilhamento ou roleaux, o que torna os eritrócitos mais deformáveis, aumentando assim sua flexibilidade (Barreira, 2015). Como já vimos o 2,3-DPG exerce um papel importante na funcionalida- de dos eritrócitos, pois a afinidade da hemoglobina pelo O2 depende do 2,3- DPG. Este, de fato, adentra o centro da estrutura quaternária da hemoglobina, liberando quatro moléculas de O2 . O aumento da velocidade da glicólise no eritrócito é acompanhado de um significativo aumento no intercâmbio de íons sódio e potássio, os quais são responsáveis por manter o potencial elétrico de membrana. A normalização da troca de íons pelo ozônio e seus produtos favo- rece a restauração do potencial ao normal (Bocci, 2005). Alias o ajuste do potencial de membrana é fundamental para otimização das atividades celulares, pois dá suporte as proteínas de membranas e canais de abertura associada ao mecanismo de despolarização e repolarização. As doenças arteriais oclusivas estão relacionadas com a perda do potencial normal da membrana. Foi observado, também, que, de acordo com a forma do eritrócito (discoide bicôncavo tem maior coeficiente do que o eritrócito plano e esferoide), que determina seu coeficiente de esfericidade, observou-se que, quanto maior esse coeficiente, maior era o grau de hipóxia (Barreira, 2015). Em um trabalho para determinar o coeficiente de esfericidade, um es- tudo com amostra de 78 pessoas (Barjotkina TM et al., National Polytechnic University, Medical Center, Ucrânia, Cracóvia), foi mostrado que os eritrócitos discoides bicôncavos eram muito afetados com a inflamação e hipóxia (13% e Instituto Rafael Ferreira 30 17%) e, após o uso do ozônio, foi observada a melhora da sua população, ha- vendo maior entrega de oxigênio (81% e 79%), enquanto os eritrócitos planos (75% e 69%) estavam aumentados nas patologias e, após o ozônio, voltavam a ter seu formato mais fisiológico, que é discoide bicôncavo (Mendez, 2011). Podemos observar esta variação na figura 4. Estas constatações demonstram que alterações na estrutura conforma- cional, bem como na capacidade de liberação do oxigênio diminuem a oxige- nação tecidual e consequentemente a capacidade metabólica, desacelerando o metabolismo e diminuindo a produtividade intrínseca celular. Figura 4: A. Microscopia eletrônica do sangue que mostra agregação dos eritrócitos em “pilha de moedas”. B. A mesma amostra depois do tratamento com ozônio. (Mendez, 2008) Ozonioterapia Aplicada na Estética 31 Modulação do Sistema Imunológico Os primeiros a relatarem os efeitos da regulação imunológica por parte do ozônio foram Winkler (1989) e Bocci (1997). Em longos anos de estudo, de- monstrou-se sua propriedade de induzir a produção de citocinas. As citocinas que são peptídios biologicamente ativos possibilitam a ativação de sistemas inespecíficos (aumento da temperatura corporal, produção hepática de prote- ínas da fase aguda) e ativação da imunidade celular (Barreira, 2015). Os efeitos são dependentes da dose de ozônio e, em concentrações te- rapêuticas, há um acúmulo nas membranas das células fagocíticas de monóci- tos e linfócitos T, os quais, induzidos, liberam pequenas quantidades de pra- ticamente todas as citocinas de forma endógena, particularmente o interferon gama. Há também um aumento da liberação de antagonistas das citocinas, como a IL-10 e TGF-b1, capazes de suprimir a citotoxicidade autorreativa, por- tanto a indução de citocinas não ultrapassa níveis maiores do que o necessário, uma vez que se ativem os contrarreguladores (Schulz, 1982; De Ville, 1986; Viebahn, 1985). Lembrando que concentrações elevadas de ozônio produzem efeito agravante nos processos de peroxidação lipídica na membrana celular das mesmas células fagocíticas com o acúmulo de produtos tóxicos de peroxidação lipídica (malon dealdeído e bases Shiff), que inibem a síntese de citocinas e eliminam a ativação de Linfócitos T auxiliares, visando à regulação da geração de imunoglobulinas pelos linfócitos B. Este efeito é utilizado no tratamento de pacientes com patologia auto-imune (doença reumatóide, esclerose disse- minada, esclerodermia) sem a administração de tratamento medicamentoso, aonde a proposta é diminuir a capacidade fisiológica do sistema imune. Ou seja, quando o pensamento for otimizar processos imunológicos de- Instituto Rafael Ferreira 32 vemos pensar em dosagens que variem de pequenas até médias, para não ini- ciar a ativação do sistema contrarreguladores ou danos nas estruturas celula- res, já se o foco for minimizar a atividade imunológica, já partir para dosagens altas, sempre avaliando se a condição fisiológica e bases de Redox do paciente assim permitirem. Ozonioterapia Aplicada na Estética 33 Amplo espectro bactericida, viricida e fungicida do ozônio Entre os efeitos biológicos do ozônio, o primeiro a ser descoberto foi o efeito bactericida,na I Guerra Mundial. Essa ação direta do ozônio se manifes- ta de forma geral quando aplicado por uma via externa, seguindo as diversas modalidades terapêuticas, principalmente em concentrações elevadas. Com relação a muitos antissépticos conhecidos, o ozônio não irrita nem destrói os tecidos protetores das pessoas, porque existe um potente sistema antioxidante, em pacientes que tem pele sensível ou irritada por traumas e processos inflamatórios crônicos, como na rosácea, ele é uma alternativa inte- ressante para descontaminação da pele. A primeira ação do ozônio é na membrana plasmática das células. As modificações induzidas pelo ozônio no conteúdo intracelular (oxidação de proteínas citoplasmáticas e alteração das funções das organelas) se produzem provavelmente pela ação dos oxidantes secundários, produtos da ozonólise dos lipídios das membranas. A causa direta da destruição das bactérias pela ação do ozônio é a de- terioração das membranas plasmáticas ou das bases do seu DNA, fazendo as células bacterianas perderem sua capacidade de viver e/ou se reproduzir, é praticamente o mesmo foco de ataque dos antibióticoterapia. Scott e Lesher (1962) indicaram que o ozônio atuava sobre a Escheri- chia coli, atacando a estrutura dos ácidos nucléicos no interior das células. Segundo Wickramanayake et al. (1984) o ozônio tem ação estudada es- pecificamente sobre os microrganismos, neste estudo os autores compararam o ozônio com o cloro e demonstraram que a ação do ozônio é de longe mais efetiva que a do cloro sobre cistos de Giardia lamblia. Este estudo também comprovou a ação do ozônio sobre cepas de E. coli, ressaltando maior sensi- Instituto Rafael Ferreira 34 bilidade quando em comparação com a giárdia. Este protozoário apresentou maior sensibilidade ao ozônio do que a G. muris; a concentração da água utili- zada (0,05M), para este experimento foi mensurada com espectrofotometria, e o tempo de exposição foi de dois a cinco minutos, em temperatura de 22º C (FINCH et al., 1993). É importante assinalar que as moléculas do ozônio não só interagem com os componentes da superfície da membrana, mas também, ao terem va- riada sua permeabilidade, produzem a destruição das organelas intracelulares em 10–20 minutos (Barreira, 2015). O ozônio se mostrou capaz de destruir todos os tipos conhecidos de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas (Carpendale e Griffis, 1993). A experimentação sobre as propriedades bactericidas in vitro da água destila- da ozonizada com uma concentração do ozônio de 4 µg/mL tem demonstrado que se produz uma inibição total do crescimento das colônias de estafilococos, bacilos intestinais, Pseudomonas aeruginosa, Proteus e Klebsiella. Em con- centrações que oscilam entre 1 µg/mL e 5 µg/mL, o ozônio destruiu 99,9% de E. coli, Enterococcus faecalis, Mycobacterium tuberculosum, Cryptospori- dium parvum, Varavium e outros, em um intervalo de 4–20 minutos (Barrei- ra, 2015). Pensando em vias sistêmicas ele tem interessante atividade associativa, em casos de choque séptico, o pré-condicionamento com ozônio tem sido ca- paz de resguardar o animal contra a depleção de glicogênio e prevenir sua de- gradação até lactato, inibindo a acidose intracelular. Mantém também estável a concentração intracelular de Ca2+ (GALLARDO et al., 2008). Além da expressão do efeito bactericida do ozônio na microbiota Gram- -positiva das feridas supurantes e das úlceras tróficas, unido à diminuição dinâmica da resistência dos micro-organismos diante do ozônio, se observa, também, um aumento da sensibilidade aos antibióticos (Barreira, 2015). Young e Setlow (2004) mais recentemente, demonstraram que o ozônio é capaz de eliminar esporos, e isto não ocorre por dano no DNA da célula; os autores sugerem que pode ser por produzir defeitos na germinação, talvez por acometimento da membrana interna. A aplicação é importante quando sua ação é confirmada sobre microorganismos presentes nas infecções hospitala- res. A aplicação na dose de 25ppm por um período de 20 minutos apre- sentou significativa redução e eliminação em alguns casos para Acinetobacter baumannii, Clostridium difficile, Staphylococcus aureus resistentes a meticili- Ozonioterapia Aplicada na Estética 35 na, altamente patogênicos (SHARMA; HUDSON, 2008). Murray et al. (2008) com ozônio em meio líquido, descreveram a inativação de vírus, entre eles herpesvírus, adenovírus e influenza por peroxidação lipídica sobe os quais promove dano irreversível. O ozônio mostrou ser capaz de inativar o vírus da Hepatite A, quan- do aplicado sob partículas suspensas em solução salina, com concentração de 1mg/l em 60 segundos (VAUGHN et al., 1990). Agindo nas proteínas celulares e nos ácidos nucléicos, a resistência dos mi- crorganismos ao ozônio ou a qualquer agente de desinfecção será influenciada pela espécie e forma com que aparecem no meio (LAPOLLI et al., 2003). Segundo os dados de Bolton (1982), os vírus encapsulados são mais sensíveis à ação do ozônio que os não encapsulados, muito provável a caracte- rística molecular do capsídeo aumenta a interação de ataque do ozônio. O efeito bactericida do azeite vegetal ozonizado se deve à presença de ozonídeos e hidroxiperóxidos, que se formam nas reações do ozônio com as duplas pontes de lipídios. Supõe-se que o ozonídeo do óleo se acopla no recep- tor para os micro-organismos e o bloqueia (Barreira, 2015). Como os produtos ozonizados não ganham irritabilidade, mas só adi- cionam as suas propriedades as pertinentes ao ozônio, o tratamento de feridas ganha um espaço interessante, como formas de higienização e lavagem de zo- nas de sutura, diminuindo a deiscência de pontos ou no tratamento de feridas abertas. A ação germicida de amplo espectro do ozônio permite que a ozonio- terapia seja um valioso tratamento para a limpeza e a desinfecção das feridas infectadas, assim como nos processos sépticos locais. Essa forma de aplicação pode se combinar com outros procedimentos também derivados das aplica- ções do gás (ozonioterapia sistêmica, água ozonizada, azeites vegetais ozoni- zados), sem o perigo de resistência dos microrganismos nem de toxicidade ou efeitos colaterais (Barreira, 2015). A prática estética pode incorporar dentro do próprio protocolo de tra- tamento múltiplas aplicações saneantes de ozônio, trocando a água dos borri- fadores por água ozonizada, promovendo a remoção de máscaras cosméticas e outros produtos com algodão ou gaze enriquecidos em água ozonizadas, na abordagem da pele acneica com alto grau de inflamação é uma conduta que otimiza os resultados do protocolo clínico de superfície. As “bags” se mostram uma interessante abordagem terapêutica tópica para complementar técnicas estéticas que induzam a formação te feridas ou Instituto Rafael Ferreira 36 ameacem a integridade da função barreira, como nos protocolos de jato de plasma para remoção dos lentigos senis, logo após a formação das crostas as mãos podem ser ozonizadas no sistema fechado das bags para favorecer a des- contaminação de superfície e já favorecer o processo de reparo tecidual. Podemos ver um exemplo da aplicabilidade da bag de ozônio e da res- posta clínica ao tratamento combinado com a bag figura 5 (Barreira, 2015). Figura 5: Esquema de aplicação da Bag de ozônio e resultado da terapêutica de 18 sessões de hidro-ozonioterapia com bag. Ozonioterapia Aplicada na Estética 37 REGULAÇÃO DO METABOLISMO Diversas observações pré-clínicas e clínicas realizadas têm permitido observar a ação reguladora do ozônio sobre indicadores metabólicos, tendo- -se detectado, em geral, uma modulação dos indicadores (glicose, creatinina, hemoglobina, hematócrito, proteínas totais, lactato desidrogenase, colesterol, triglicerídios, lipoproteínas, enzimas hepáticas, bilirrubinas, ácido úrico, áci- do láctico, cálcio, entre outros), inicialmente alterados para valores normais, levando vários autores entenderem que este ajuste se dá pelo equilíbrio do sis- tema Redox (Hernandez,1995; Martinéz, 2005; Al Dalain 2001; Hernandez, 2005; Barreira 2015). Observou-se uma atividade lipolítica interessante atribuída ao ozônio, que se liga a dupla ligação de carbono dos ácidos graxos (Cardoso, 2018). O incremento no metabolismo do oxigênio também favorece o aumento do metabolismo basal, observa-se melhora das alterações lipídicas teciduais e também sistêmicas. Ativação de processos dependentes de oxigênio são favo- recidas pelo ozônio, por menores que sejam as dosagens, causam o aumento do conteúdo de oxigênio livre e dissolvido no sangue com a rápida intensifica- ção de enzimas que catalisam a oxidação aeróbica de carboidratos, lipídeos e proteínas com formação de substrato energético de ATP. De grande importân- cia é a ativação mitocondrial de Н -АТP-ase, responsável pela conjugação de processos respiratórios e fosforilação oxidativa, resultando na síntese de ATP. A qualidade e a funcionalidade do HDL, mais que a quantidade, pa- recem ser preditores importantes das propriedades antiaterogênicas dessas partículas. Em um estudo com 22 pacientes com cardiopatia isquêmica, se observou uma diminuição estatisticamente significativa do colesterol total e do LDL no plasma no quinto dia de tratamento (diminuíram 5,5% e 15,4%, Instituto Rafael Ferreira 38 respectivamente) e no 15º dia (diminuição de 9,7% e 19,8%, respectivamente) com a ozonioterapia venosa a uma concentração de 50 mg/L com 200 mL de gás, sem modificação do HDL colesterol e dos triglicerídios. Houve uma dimi- nuição maior nos pacientes que receberam uma quantidade maior de sessões de ozonioterapia (Barreira, 2015). Também se relata um efeito desintoxicante do ozônio pela otimização do sistema microssômico dos hepatócitos e pelo reforço da filtração hepática. O ozônio também altera o metabolismo dos hepatócitos. Durante o tratamen- to, observou-se que, nas células hepáticas, há acúmulo de enzimas do sistema do citocromo P450 e catalase, o que aumenta o número de moléculas de gli- cogênio e dos antioxidantes mais importantes, que por sua vez aumentam a produção de ATP (Barreira, 2015) A reorganização do metabolismo se baseia também nas trocas morfo- funcionais dos hepatócitos, na hiperplasia pelos peróxidos, na normalização das estruturas dos elementos do retículo endoplasmático liso e na diminuição do nível de mudanças distróficas. Graças à ação recíproca desses mecanismos, muitas funções hepáticas, entre elas a antitóxica, melhoram (Peretiagin, 1991; Boiarinov, 1999). Ozonioterapia Aplicada na Estética 39 INTERVENÇÃO NA LIBERAÇÃO DE AUTACOIDES A palavra autacoide deriva do grego autos (próprio) e do vocábulo akos (agente medicinal ou remédio), esses sinalizadores desenvolvem diversas fun- ções no organismo, dependendo da sua classe e estrutura química. Geralmente desenvolvem sua função na região em que foram produzidos, até mesmo por apresentarem uma meia vida útil relativamente curta. Das famílias diferentes de autacoides derivadas dos fosfolipídios de membranas celulares, têm sido identificados os eicosanoides formados a partir de certos ácidos graxos poli-insaturados (principalmente o ácido araquidôni- co), incluindo as prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxano A, leucotrienos e outros fosfolipídios modificados, representados pelo fator de ativação das plaquetas. Esses compostos têm grande importância biológica e têm sido de- tectados em quase todos os tecidos e fluidos do corpo (Barreira, 2015). Podemos ainda citar como exemplos de autacoides a serotonina, hista- mina e outros sinalizadores do processo inflamatório. O ozônio parece promover um ajuste nos níveis de sinalizadores, a quem de também produzir sinalizadores pró-inflamatórios observa-se um ajuste en- tre os níveis ideais, mediando o processo inflamatório para que se mantenha com sinalização suficiente para manter processo de comunicação celular, mas com níveis controlados, principalmente dos elementos responsáveis pela dor, no processo inflamatório. Isso acaba conferindo ao tratamento um efeito anti-inflamatório, reve- lado pela capacidade do ozônio em oxidar os compostos contendo ligações du- plas, como o ácido araquidônico (20: 4) e seus derivados - prostaglandinas, em particular. Estas substâncias biologicamente ativas participam no desenvolvi- mento e sustentação do processo inflamatório. Além disso, o ozônio regula as Instituto Rafael Ferreira 40 reações metabólicas nos tecidos no local da inflamação ajustando o pH para os níveis de homeostasia tissular. Ele também apresenta um efeito analgésico proporcionado pela oxida- ção dos produtos da albuminólise, os chamados algopéptidos. Eles agem nas terminações nervosas do tecido danificado e determinam a intensidade da res- posta à dor. Além disso, o efeito analgésico também é causado pela normaliza- ção do sistema antioxidante e, consequentemente, pela diminuição da quanti- dade de produtos moleculares tóxicos da peroxidação lipídica nas membranas celulares, que modificam a função das enzimas integradas à membrana, que participam da síntese de ATP. O sistema detox atribuído ao ozônio também acaba sendo parte do pro- cesso, pois a desintoxicação promove correção e ativação de processos meta- bólicos nos tecidos hepático e renal, garantindo assim sua principal função de neutralização e evacuação dos compostos tóxicos dos órgãos. Observa-se um efeito desintoxicante do ozônio pela otimização do siste- ma microssômico dos hepatócitos e pelo reforço da filtração hepática. O ozônio também altera o metabolismo dos hepatócitos. Durante o tratamento, obser- vou-se que, nas células hepáticas, há acúmulo de enzimas do sistema do cito- cromo P450 e catalase, o que aumenta o número de moléculas de glicogênio e dos antioxidantes mais importantes, que por sua vez aumentam a produção de ATP (Barreira, 2015). A reorganização do metabolismo se baseia também nas trocas morfo- funcionais dos hepatócitos, na hiperplasia pelos peróxidos, na normalização das estruturas dos elementos do retículo endoplasmático liso e na diminuição do nível de mudanças distróficas. Graças à ação recíproca desses mecanismos, muitas funções hepáticas, entre elas a antitóxica, melhoram (Peretiagin, 1991; Boiarinov, 1999). Nos rins, o ozônio intensifica os processos de utilização da glicose, da glicose 6-fosfato, da lactato e do piruvato, mantendo uma atividade elevada de gliconeogênese (Barreira, 2015). Ozonioterapia Aplicada na Estética 41 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DA OZÔNIOTERAPIA Escolher a via de administração correta é um dos pontos fundamentais na abordagem da ozonioterapia. A via tópica foi o primeiro método de aplicar o ozônio na história da prática médica. Deve-se notar que altas concentrações são usadas para desin- fecção, enquanto baixas concentrações promovem a epitelização e a cicatriza- ção. A via tópica, ou de administração externa inclui: • O uso de salinas anti-sépticas ozonizadas • Aplicação de pomadas ozonizadas e óleo vegetal ozonizado • Aplicação de água ozonizada • Sacos de plástico aerados com ozônio (Bag) • Balneoterapia • Hidro-ozoneoterapia (consiste em um peeling suave, com debrida- mento não cruento e gradativo, que retira o odor fétido das feridas abertas e do pé diabético, alivia a dor do local e mantém a melhora em longo prazo, diminui o edema extravascular, promove redifusão capi- lar e higienização ampliadas). Métodos parenterais incluem: • Autohemoterapia maior e menor com sangue ozonizado • Plasma extracorpóreo e tratamento linfático • Injeções subcutâneas de ozônio em pontos biologicamente ativos • Injeções intramusculares paravertebrais Instituto Rafael Ferreira 42 • Infusões intravenosas de solução fisiológica ozonizada Em 1997, o professor Sergey D. Razumovsky, um conhecido químico, completou a investigação do efeito do ozônio na solução fisiológica isotônica padrão. Verificou-se que com o uso do ozônio não ocorrem reações químicas na solução, nem síntese de novos compostos (tipos de derivadosativos de clo- ro). O método enteral da mistura de oxigênio de ozônio é recomendado na patologia gastrintestinal e para ajuste do sistema Redox e demais benefícios atribuídos à entrega sistêmica do ozônio, dentre eles estão: • ingestão de água destilada ozonizada; • irrigação intestinal com água destilada ozonizada; • insuflações retais com misturas de oxigênio com ozônio. Ozonioterapia Aplicada na Estética 43 ENTENDENDO AS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Autohemoterapia maior (O3-AHT) Refere-se ao tratamento do sangue de forma extracorpórea de uma mis- tura de oxigênio e ozônio, e reinfusão lenta. A lavagem dos eritrócitos com solução salina previamente à ozonização não é indicada porque torna os eri- trócitos mais vulneráveis, aumentando a hemólise. Em humanos há descrição de bem estar com duração de 4 a 5 dias, no entanto, não existem comprovações científicas que diferenciam essa sensação do efeito placebo (BOCCI, 1996). Para a manipulação do sangue faz-se necessário o uso de anticoagulan- te, evitando alterações da coagulação ou características da hemácia. O citrato de sódio não induz a agregação plaquetária, mas o Ca2+ é quelado induzindo hipocalcemia transitória (IULIANO et al., 1997). Na prática de autohemoterapia maior é realizada uma coleta de grande volume sanguíneo, com reinfusão de até 225 ml, com concentração variando de 40 e 80 µg/ml. Devemos atentar a concentração do ozonio na mistura, pois quando essa supera os 100 µg/ml observa-se hemólise progressiva de 0,5-7% das células. Com atuação principalmente do H2O2 (VALACCHI; BOCCI, 1999), há um aumento do metabolismo das hemácias e crescimento da 2,3-difosfoglice- rato (2,3 DPG) e adenosina trifosfato (ATP), bem como a liberação de citocinas imunocompetentes que liberam citocinas, interferons e interleucinas. Este procedimento induz estresse oxidativo calculado e transitório, uti- lizando como mensageiro principal os peróxidos, ativando o sistema redox. Os níveis de metahemoglobina e hematócrito se mantêm normais, há uma míni- ma perda de potássio que rapidamente volta ao normal e o sistema antioxidan- Instituto Rafael Ferreira 44 te do sangue é capaz de proteger adequadamente enzimas como Na/K-ATPase, acetilcolinesterase quando a concentração é de até 80 µg/ml (BOCCI, 2004). Sugerem-se tratamentos semanais, por longo período de tempo. O san- gue não deve ser tratado em bolsas de transfusão, para que não ocorram rea- ções químicas. O indicado são frascos estéreis de vidro com 3,8% de citrato de sódio, que segundo o autor apresenta melhores resultados que com o uso da heparina (BOCCI, 2005). De acordo com Bocci (2006) a utilização da autohemoterapia, nunca foi por objetivo substituir os tratamento médicos instituídos. O que se propõe é a utilização como um coadjuvante, para potencializar efeitos, em casos onde o tratamento convencional não apresentou bons resultados. Autohemoterapia menor: A autohemoterapia menor trabalha com a ozonização de 5 a 10ml de sangue de forma extracorpórea. Neste caso são utilizadas seringas estéreis e a homogeneização do sangue com oxigênio-ozônio é feito manualmente em se- ringas adequadas acopladas a transferidos. Essa quantidade reinfundida pela via intravascular mistura-se rapidamente com o volume total de sangue (Boc- ci, 2005) Sugere-se a reaplicação pela via intramuscular, todavia é um procedi- mento doloroso, sendo que a intensidade de desconforto aumenta conforme se aumenta o volume depositado. Ainda existem algumas controvérsias em relação à eficácia clínica desta prática para algumas indicações, mas ela deixa a viabilidade de preparo mais facilitada. Obs: as práticas integrativas não deixam claro que procedimentos de auto-he- moterapia e infusão de bolsas de soro podem ser administrados por qualquer profissional ou sem a necessidade de prescrição do procedimento por profis- sional habilitado. Para diminuir conflitos de ordem legal sugere-se que para respostas sistêmicas da ozonioterapia se utiliza a via retal ou a ingesta de água ozonizada (tem menor performance na eficácia clínica). Já para a aplicação subcutânea não existe este entrave, uma vez que já se tem claro a prática de trabalhos com gazes medicinais, como o dióxido de carbono utilizado na car- boxiterapia, na prática estética, solicitando ao profissional base de formação Ozonioterapia Aplicada na Estética 45 na área e curso de capacitação na técnica de aplicação. Insuflação retal É a via preferencial para terapêutica sistêmica do profissional da esté- tica, encontra certa resistência ideológica por parte do estigma social, mas é a de mais fácil acesso e de resultados otimizados para controle sistêmico da ozonioterapia. É a aplicação intra-retal do gás, capaz de ativar do metabolismo das he- mácias sistemicamente, melhorando as propriedades reacionais, promovendo aumento da 2,3-difosfoglicerato, ATP (adenosina trifosfato) e alterando o ba- lanço oxigênio/hemoglobina. É capaz de liberar IL-1, IL-2, IFN-γ, TNF-α e TG- F-β. Além disso, acredita-se que a hiperoxigenação possa acelerar os processos de cicatrização tecidual, conceitualmente pode produzir um efeito imunomo- dulador local e generalizado, podendo ser usado em casos de colites ulcerativas e proctites (processo inflamatório que acomete o reto). A aplicação de até 750ml de gás pode ser tolerada, usando uma cânula para a aplicação. A concentração não deve ser superior a 40µg/ml. Mas sugere- -se sempre iniciar a terapia com doses menores, 10µg/ml em 150ml e aumen- tar gradativamente (BOCCI, 1996). Esta via possibilita atingir todos os resultados sistêmicos da ozonio- terapia descritos anteriormente com alguns benefícios extras como ajuste da flora bacteriana e fluxo intestinal. A normalização do intestino hoje se torna de grande interesse para a prática estética, pois suas disfunções demonstram exacerbar problemáticas de ordem estética, pela produção de produtos tóxicos e radicalares, interferir na qualidade de absorção dos macro e micronutrientes e comprometer a produção de neurotransmissores. Os procedimentos são feitos com a seringa Janet ou com a ajuda de sonda. A sonda não precisa ser de grande calibre, facilitando o trabalho do profissional e a resistência do paciente. A sonda permite que se conduza um procedimento de maior discrição, pois ela pode ser introduzida pelo próprio paciente antes do início da sessão, deixando a ponta de administração de fácil acesso ao profissional, de maneira que o paciente poderia estar até mesmo vestido para realizar o tratamento. Para a aplicação colocar o paciente deitado do lado esquerdo com os joelhos flexionados. O enema purgativo deve ser feito duas horas antes do pro- cedimento. Insuflações retais são feitas com concentração de ozônio na mis- Instituto Rafael Ferreira 46 tura de ozônio / oxigênio de 10-60mg / l, o volume varia de 150ml a 1000ml, dependendo da patologia, seu curso e estágio. Para recém-nascidos o volume é 20-50ml, para crianças -50-100ml. As insuflações intestinais podem ser administradas, em primeiro lugar, como remédio antiinflamatório e desinfetante para restaurar a flora bacteria- na desequilibrada por microorganismos patogênicos. Em segundo lugar, pode ser administrado como uma alternativa à autohemoterapia principal, porque a mistura de ozônio / oxigênio ao ser absorvida instantaneamente produz um efeito metabólico geral. Este procedimento pode ser utilizado nos casos em que as injeções intravenosas são difíceis de tratar, ou no caso da estética, aonde se tem dúvidas ainda sobre qual profissional pode realizar este procedimento. A dose terapêutica usual para produzir efeito metabólico é de 75mcg por 1kg de peso do paciente, por exemplo, para um paciente de 80 kg, a dose de ozônio deve ser de 75 x 80 = 6000 mcg. O curso do tratamento deve ser inicia- do com uma meia dose e um volume mínimo de mistura de ozônio / oxigênio (150-200ml), que é gradualmente aumentada para o necessário. Ozonioterapia Aplicada na Estética47 MATERIAIS OZONIZADOS NA PRÁTICA CLÍNICA Água ozonizada: esta mistura de oxigênio/ ozônio é feita em gar- rafas de vidro com concentração de 5mg / l (O3 / O2), duração que depende do volume de água a ser ozonizada (3 litros - 30 min; 5 litros - 46 minutos; 10 litros - 60 minutos), dependendo da finalidade a concentração de ozonização também pode variar. Ela pode ser amplamente utilizada na prática clínica para lavagens, preparo de máscaras, como diluente tópico de uso imediato, para descontaminação de bancadas e utensílios. Ao ser ozonizada a água deve ser utilizada em até 30 minutos. Olho Vegetal Ozonizado: As propriedades desinfetantes do ozô- nio são bem reveladas no uso de óleo vegetal ozonizado. Descobriu-se que o óleo ozonizado tem atividade anti-séptica várias centenas maior em compa- ração com a solução salina com ozônio. É utilizado para administração oral e em forma de aplicações ozonizadas. Para a ozonização utilizamos óleo vegetal refinado e poliinsaturados (girassol, oliva, milho etc.). O preparo é feito com diferentes concentrações e duração dependendo da finalidade: • Para administração oral 100ml de óleo é ozonizado por 10 min com concentração de ozônio de 20mg / l (O3 / O2), 5 min - concentração de ozônio 40mg / l (O3 / O2). • Para uso externo, 100ml de óleo é ozonizado por 15 min com con- centração de ozônio de 20mg / l (O3 / O2), 30 min - concentração de ozônio 10mg / l (O3 / O2). • Para administração externa em micose, 100ml de óleo é ozonizado por Instituto Rafael Ferreira 48 15 min com concentração de ozônio de 24mg / l (O3 / O2), 8 min - con- centração de ozônio 50mg / l (O3 / O2). O óleo ozonizado deve ser mantido em um frasco de vidro escuro. De acordo com os dados mais recentes, ele pode preservar suas propriedades por 4 meses, quando mantido em temperatura ambiente, quando mantido na gela- deira, pode ser usado por 2 anos. Quando administrado para uso oral, o trata- mento inicia com uma colher de chá de 20 a 30 minutos antes das refeições, 2 a 4 vezes por dia, aumentando gradualmente a dose para uma colher de sopa, 2 a 4 vezes por dia. Soro fisiológico ozonizado para infusões: Solução salina ozo- nizada é administrada variando de 400 a 100000mcg / l de misturas de ozônio / oxigênio na saída do gerador de ozônio. A concentração de ozônio é calculada em 40 mcg por kg de peso corporal, por exemplo, se o peso do paciente é de 80 kg, então a concentração de ozônio é de 40x80 = 3200mcg na saída do gerador de ozônio. Ozonioterapia Aplicada na Estética 49 CONTRAINDICAÇÕES DA OZONIOTERAPIA 1. Todos os casos com falha de coagulação sanguínea 2. Órgãos Sangrentos 3. Trombocitopenia 4. Alergia ao Ozônio 5. Trauma hemorrágico ou apoplético 6. Intolerância ao Ozônio 7. Flavismo 8. Hipertiroidismo 9. Por via inalatória 10. Gravidez Obs: Sabe-se que o ozônio em baixas concentrações produz um efeito mode- rado de hipocoagulação, de modo que todas as drogas que diminuem a coagu- lação sangüínea (anticoagulantes, aspirina, etc.) devem ser suspensas durante a terapia com ozônio. Nas mulheres, o tratamento deve ser interrompido por períodos menstruais. Para tratamento com agulha é fundamental escolher a agulha adequada para a profundidade escolhida e o plano de aplicação ideal, para as aplicações com foco na musculatura a angulação será sempre de 90º, já para as aplica- ções cutâneas a angulação depende da camada alvo da terapêutica, conforme demonstrado na figura. Instituto Rafael Ferreira 50 Devemos estar sempre bem atentos para que a dosagem ideal seja esco- lhida para o tratamento levando em conta a resposta esperada dentro da janela terapêutica da ozonioterapia. Figura 6: Técnica de aplicação com agulha para atingir diferentes camadas cutâneas Figura 7: Janela terapêutica dos tratamentos estéticos com ozonioterapia. Ozonioterapia Aplicada na Estética 51 Instituto Rafael Ferreira 52 MANUAL DE PROTOCOLOS ESTÉTICOS OZONIOTERPIA APLICADA NA ESTÉTICA Ozonioterapia Aplicada na Estética 53 MANUAL DE PROTOCOLOS ESTÉTICOS Preparo de água ozonizada Preparo de óleo ozonizado Preparo de bolsa salina ozonizada Preparo da Bag de Ozônio OzoInsuflação Tratamento para alopecia Tratamento para Acne ativa Tratamento para Flacidez Tissular Tratamento para Estria Tratamento para celulite Tratamento para Gordura Localizada HLCO – Hidro Lipo Clasia Ozonizada Eletrolipo Ozonização Jato com Ozônio para as mãos Harmonização Facial Instituto Rafael Ferreira 54 PREPARO DE ÁGUA OZONIZADA Ozonioterapia Aplicada na Estética 55 Preparo de Água Ozonizada Objetivo Ozonizar a água por borbulhamento para solubilizar o ozônio na solução. Indicações • Eliminação de vírus e bactérias mais de 3 mil vezes mais rápido que o cloro; • Ótimo para ser utilizado na limpeza e purificação de alimentos, elimi- nando os agrotóxicos e bactérias de frutas, legumes e verduras, uma vez que é mais rápido e menos nocivo que o cloro; • Tem propriedades antivirais e é efetiva no combate a vírus em baixa concentração; • Auxilia no metabolismo, respiração, circulação, digestão, entre outras funções básicas do organismo; • Ajuda a purificar o sangue, livrando-o de impurezas, bactérias e vírus; • Melhora a circulação sanguínea; • Para lavar frutas, verduras e legumes; • Deixar carnes frescas e salgadas de molho para destruir toxinas, além de camarão e lagosta; • Para regar plantas e flores, exceto botões de rosa; • Lavar peixes e aves diariamente; • Beber um copo para tirar odores de bebidas e fumo e diminuir a acidez no organismo, aliviando sintomas da azia; • Lavar as mãos após o uso de cebola, alho e água sanitária; • Fazer bochechos bucais diários para evitar halitose; • Deixar os pés de molho por 15 minutos para eliminar odores; • Higienizar a pele antes e durante o atendimento; • Preparar máscaras com cosméticos, como a argila; Instituto Rafael Ferreira 56 • Higienizar bancadas e utensílios. Materiais • Cilindro de oxigênio medicinal devidamente regulado e carregado; • Equipamento de produção de ozônio; • Filtro catalizador de ozônio; • Frasco de vidro elernmeyer ou outro adequado à técnica; • Difusor acoplado a entrada do ozônio no frasco para aumentar o bor- bulhamento; • Conectores adequados para a técnica (isentos de látex); • Água destilada (quantidade suficiente para o preparo desejado); • Frasco para armazenamento da água ozonizada; Procedimento • Prepare previamente a água destilada; • Certifique-se que todo o cabeamento esteja devidamente conectado, evitando possíveis vazamentos de gás; • Transfira a água destilada para o frasco borbulhador; • Coloque o difusor abaixo do nível de água; • Feche o frasco; • Certifique-se que a saída de vazão de gás esteja acoplada ao filtro cata- lizador de ozônio; Ozonioterapia Aplicada na Estética 57 • Ligue o equipamento; • Selecione a parametrização para o preparo da água ozonizada segundo o fabricante; • Abra o cilindro de oxigênio; • Ajuste o fluxo da saída de gás do cilindro de oxigênio de acordo com as especificações do equipamento; • Esperar o tempo de borbulhamento; • Desligar a produção de ozônio e realizar a vazão do gás, se necessário, segundo as orientações do equipamento; • Abrir o frasco borbulhador e transferir para o frasco de uso da água ozonizada. Pontos de atenção • Evitar aquecer a solução preparada; • Utilizar a solução até 30 minutos após seu preparo; Parâmetros de Preparo Líquido Ozonizado Concentração Volume Tempo de Borbulhamento Água para beber 30 mcg 400 ml 10 min. Água para higienizar pele 60 mcg 800 ml 10 min. Água para limpeza de bancada utensílios 100 mcg 3000 ml 30 min. Instituto Rafael Ferreira 58 PREPARO DE ÓLEO OZONIZADO Ozonioterapia Aplicada na Estética 59 Preparo de Óleo Ozonizado Objetivo Ozonizar o óleo vegetal instaurado (girassol, oliva) por borbulhamento para solubilizar o ozônio no meio. Indicações • Acne: o óleoajuda a desintoxicar a pele, melhora a circulação da região aplicada, reduz e evita manchas, elimina bactérias e reduz a infecção; • “Pé de atleta”: o óleo reduz inflamações e possui fortes propriedades antifúngicas; • Caspa ou seborreia: mais uma vez, o óleo possui forte propriedade an- tifúngica; • Cortes, feridas e úlceras: tem propriedades antissépticas, pode ser considerado um leve anestésico e incentiva a circulação sanguínea na área danificada; • Dermatites e eczemas: melhora circulação sanguínea, reduz manchas e inflamações. • Assaduras: reduz inflamações e estimula circulação sanguínea; • Dor de ouvido/dores musculares: excelente anti-inflamatório e ajuda a reduzir câimbras, espasmos e dores musculares; • Fungos de unha: graças à sua ação antifúngica; • Queimaduras: ajuda a proporcionar alívio imediato de brotoejas, quei- maduras solares e pele inflamada graças à propriedade anti-inflama- tória e capacidade aumentada de oxigenação da pele. Pode ajudar tam- bém a evitar formação de bolhas pós-queimaduras Instituto Rafael Ferreira 60 Materiais • Cilindro de oxigênio medicinal devidamente regulado e carregado; • Equipamento de produção de ozônio; • Filtro catalizador de ozônio; • Frasco de vidro elernmeyer ou outro adequado à técnica;Difusor aco- plado a entrada do ozônio no frasco para aumentar o borbulhamento; • Conectores adequados para a técnica (isentos de látex); • Óleo Vegetal Insaturado (quantidade suficiente para o preparo dese- jado); • Frasco ambar para armazenamento do óleo ozonizado; Procedimento • Selecione previamente o óleo vegetal insaturado; • Certifique-se que todo o cabeamento esteja devidamente conectado, evitando possíveis vazamentos de gás; • Transfira o óleo vegetal insaturado para o frasco borbulhador; • Coloque o difusor abaixo do nível do óleo; • Feche o frasco; • Certifique-se que a saída de vazão de gás esteja acoplada ao filtro cata- lizador de ozônio; • Ligue o equipamento; • Selecione a parametrização para o preparo da água ozonizada/ óleo segundo o fabricante; Ozonioterapia Aplicada na Estética 61 • Abra o cilindro de oxigênio; • Ajuste o fluxo da saída de gás do cilindro de oxigênio de acordo com as especificações do equipamento; • Desligar a produção de ozônio e realizar a vazão do gás, se necessário, segundo as orientações do equipamento; • Abrir o frasco borbulhador e transferir o óleo vegetal insaturado para o frasco âmbar. Pontos de atenção • Pode preservar suas propriedades por 4 meses, quando mantido em temperatura ambiente, quando mantido na geladeira, pode ser usado por 2 anos. • Sempre avaliar as características primárias do óleo vegetal indicado para um tratamento mais assertivo; • Óleos mais utilizados são o de girassol, de oliva e de coco. Parâmetros de Preparo Líquido Ozonizado Concentração Volume Tempo de Borbulhamento Para administração oral 40 mcg20 mcg 100 ml 5 min. 10 min. Para uso externo 20 mcg10 mcg 100 ml 15 min. 30 min. Água para limpeza de bancada utensílios 24 mcg 50 mcg 100 ml 15 min. 8 min. Quando administrado para uso oral, o tratamento inicia com uma co- lher de chá de 20 a 30 minutos antes das refeições, 2 a 4 vezes por dia, aumen- tando gradualmente a dose para uma colher de sopa, 2 a 4 vezes por dia. Instituto Rafael Ferreira 62 PREPARO DE BOLSA SALINA OZONIZADA Ozonioterapia Aplicada na Estética 63 Preparo de Bolsa Salina Ozonizada Objetivo Ozonizar a bolsa de salina por borbulhamento para solubilizar o ozônio na solução. Indicações • Modulação do sistema imunológico; • Otimização da drenagem linfática; • Efeito lipolítico; • Liberação de fatores de crescimento, ou regeneração; • Efeito germicida (bactericida, fungicida e viricida); • Regulação do metabolismo e das funções hepática, renal e tireoidiana; • Estímulo da síntese de enzimas antioxidantes intracelulares; • Balanço do Sistema Redox; • Melhora da liberação de oxigênio nos tecidos; • Modulação da cascata inflamatória; • Para hidrolipoclasia ozonizada. Materiais • Cilindro de oxigênio medicinal devidamente regulado e carregado; • Equipamento de produção de ozônio; • Filtro catalizador de ozônio; • Bolsa de NaCl 0,9%; • Cânula longa de tamanho adequado para a técnica; • Agulha de aspiração de medicamento: • Conectores adequados para a técnica (isentos de látex); Instituto Rafael Ferreira 64 Procedimento • Selecione uma bolsa com volumetria adequada; • Certifique-se que todo o cabeamento esteja devidamente conectado, evitando possíveis vazamentos de gás; • Conecte a cânula longa na saída de ozônio do equipamento; • Introduza a cânula na bolsa de maneira que sua ponta fique abaixo do nível do líquido da bolsa; • Conecte a agulha de aspiração de medicamento no cabeamento do fil- tro catalizador de ozônio; • Introduza a agulha de aspiração de medicamento na bolsa de maneira que sua ponta fique acima do nível do líquido da bolsa; • Certifique-se que a saída de vazão de gás esteja acoplada ao filtro cata- lizador de ozônio; • Ligue o equipamento; • Selecione a parametrização para o preparo da água ozonizada segundo o fabricante; • Abra o cilindro de oxigênio; • Ajuste o fluxo da saída de gás do cilindro de oxigênio de acordo com as especificações do equipamento; • Esperar o tempo de borbulhamento; Ozonioterapia Aplicada na Estética 65 • Desligar a produção de ozônio e realizar a vazão do gás, se necessário, segundo as orientações do equipamento; • Utilizar a bolsa conforme orientação. Pontos de atenção • Evitar aquecer a solução preparada; • Utilizar a solução até 30 minutos após seu preparo; Parâmetros de Preparo Líquido Ozonizado Concentração Volume Tempo de Borbulhamento Salina para EV e aplicação subcutânea 20 mcg 500 ml 10 min. Instituto Rafael Ferreira 66 PREPARO PARA BAG DE OZÔNIO Ozonioterapia Aplicada na Estética 67 Preparo para Bag de Ozônio Objetivo Criar um ambiente saturado de ozônio (Bag) para descontaminação de feridas e auxiliar nos processos cicatriciais. Indicações • Tratamento de úlceras tróficas; • Feridas purulentas; • Úlceras simples e dolorosas; • Cicatrização dificultosa; • Queimaduras; • Tecido subcutâneo irradiados; • Feridas de pé diabético Materiais • Cilindro de oxigênio medicinal devidamente regulado e carregado; • Equipamento de produção de ozônio; • Filtro catalizador de ozônio; • Bag; • Faixa elástica com velcro. Procedimento • Selecione uma bag de tamanho adequado; • Certifique-se que todo o cabeamento esteja devidamente conectado, evitando possíveis vazamentos de gás; • Coloque a região tratada na Bag; Instituto Rafael Ferreira 68 • Ligue o equipamento; • Selecione a parametrização para o tratamento; • Abra o cilindro de oxigênio; • Ajuste o fluxo da saída de gás do cilindro de oxigênio de acordo com as especificações do equipamento; • Esperar o tempo de saturação do tratamento; • Desligar a produção de ozônio e realizar a vazão do gás, se necessário, segundo as orientações do equipamento; • Retirar a região tratada da bag; • Lavar a bag e a região tratada com água ozonizada. • Prensa a bag com a faixa elástica com velcro, aplicar pressão suficiente para impedir a vazão de gás sem comprometer a circulação local, evi- tando o perfil torniquete; Ozonioterapia Aplicada na Estética 69 Parâmetros de Preparo Indicações Concentraçãode Ozônio Formas de Aplicações Tempo de Tratamento Frequência de Tratamento Úlceras de decúbito 40-60 μg/ml no início Sucção de baixa pressão 10 minutos Diariamente, de- pois 1-2x/semana Gangrena diabética 60 μg/ml no início Bota de baixa pressão ou plástico bag 10-20 minutos Diariamente, de-pois 1-2x/semana Úlcera venosa 60 μg/ml no início Plástico bag (não usar baixa pressão) 10-20 minutos Diariamente, de-pois 1-2x/semana Queimadura grau 1 e 2 20-30 μg/ml Plástico bag + compressão en- xague com água ozonizada 10-20 minutos 1-2x/dia Feridas abertas 40-60μg/ml Plástico Bag + enxague de água ozonizada 10 minutos Inicia-se 3x p/
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