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DROGAS FALARCOMO SOBRE COM ADOLESCENTES. C A RT IL H A IN FO RM A TI V A . PA RA D O C EN TE S . SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO ALAN RESENDE PORTO SECRETÁRIO ADJUNTO EXECUTIVO AMAURI MONGE FERNANDES SECRETÁRIA ADJUNTA DE GESTÃO REGIONAL ALCIMÁRIA ATAÍDES DA COSTA SUPERINTENDÊNCIA DE RELACIONAMENTO ESCOLAR RONAIR BATISTA MOREIRA DA SILVA COORDENADORIA DE GESTÃO DA REDE MAIRA NUNES SAFRA ELABORAÇÃO NÚCLEO DE MEDIAÇÃO ESCOLAR ANA TALIA FERNANDES GREGOLIN OLIVEIRA COLABORAÇÃO JOZIELLE CAROLINA DA SILVA JÉSSIKA DA SILVA OLIVEIRA MARCIA CRISTINA VERDEGO GONÇALVES MARINA AUXILIADORA MARQUES DE BARROS PATRÍCIA SIMONE DA SILVA CARVALHO VICTOR STHÉFANO DE MOURA QUEIROZ REVISÃO ORTOGRÁFICA WALDNEY JORGE DE LISBOA SEDUC-MT/SAGR/SURE/CGREDE O consumo de álcool, tabaco e outras substâncias psicoativas acompanha a história da humanidade e vem crescendo exponencialmente entre os adolescentes, visto que este momento da vida é atravessado por diversas questões de desenvolvimento físico e pessoal que alicerçam suas tomadas de decisões. Ao abordar sobre essa temática, frequentemente encontramos com informações voltadas ao proibicionismo ou apenas os malefícios biopsicossociais que o uso abusivo acarreta,de forma estigmatizada e carregada de sensos comuns ou vulgarizados. Contrapondo essa lógica, o presente material tem como objetivo trazer a construção de um diálogo aberto que possui como foco principal o desenvolvimento de percepção crítica para a tomada de decisão e escolhas dos estudantes, já que o espaço escolar, antes de tudo, é um local reflexivo e de grande importância na construção social do sujeito. Pensar a educação como local de prevenção do uso de drogas não coloca o educador no papel de apontamento de comportamentos prejudiciais, ou que precisam saber fazer prognósticos de adolescentes que consomem substâncias, definindo padrões de consumo sobre os mesmos. Mas sim, pensar o desenvolvimento do pensamento crítico desses seres ao se depararem com as questões que contemplam o existir social, discutindo os cenários em que esses usos se constroem, não somente focando nos impactos biológicos que as campanhas de conscientização continuamente realizam. O material é pensado para disseminação de informação sobre o consumo de substâncias psicoativas, apontando sobre riscos físico-biológicos- sociais mas servindo de subsídio para a construção de locais de diálogos acerca de temáticas que atravessam as relações dentro do espaço escolar. Buscando a emancipação estudantil e acreditando na importância da autonomia e participação do sujeito frente às questões que o atravessam, compreendendo suas concepções de risco e de vulnerabilidades para que as abordagens à temática se tornem mais eficientes. O material é voltado para os docentes, com sugestões de materiais para serem destinados aos discentes. INTRODUÇÃO O que se entende como prevenção, na saúde nasce epidemiologicamente em prevenir o primeiro contato, o que pode causar confusões práticas. Faz sentido no contexto infectológico. Há o consenso de que a questão das drogas está estreitamente associada a diversos cenários e locais sociais. Por muitos anos a prevenção do uso de álcool e outras drogas foi papel especificamente de campos religiosos, filantrópicos ou questões de segurança pública. Após a III Conferência Nacional de Saúde Mental realizada pelo Ministério da Saúde, compreende-se o entendimento do uso de substâncias como algo relacionado à saúde e à saúde mental. O CONCEITO DE PREVENÇÃO:O CONCEITO DE PREVENÇÃO:O CONCEITO DE PREVENÇÃO: A compreensão da política de redução de danos voltada para adolescentes pode parecer controversa, já que esses, por legislação, não são público-alvo de substâncias como álcool e tabaco e substâncias ilegais são criminalizadas em todos os cenários. Porém compreender o uso por adolescentes é transpassar o véu da moralidade, trazendo o real cenário para a discussão. Tristão & Avillar (2019) apontam que: Tal estratégia se faz importante sobretudo ao público infantojuvenil, porque a adolescência implica uma fase marcada pela experimentação de situações que podem envolver riscos. Nessa direção, a estratégia de RD pode se aplicar aos adolescentes, especialmente no que tange a tomada de decisões, visto que os mesmos tendem a repelir posturas de autoridade, e buscar autonomia na tomada de decisões, sendo esse um dos principais pressupostos da RD. 333 MAS E O PAPEL DA EDUCAÇÃO E DO EDUCADOR NESSA PAUTA? Discutir sobre essas questões pode ser delicado, por vezes confunde-se acesso à informações com apologia ou incentivo de alguma forma. Porém, engana-se quem acha que o moralismo em cima de questões delicadas mas que estão atravessando à existência desses adolescentes o tempo inteiro, será benéfico e garantirá o não uso ou a abstinência. A compreensão do alívio do sofrimento mental frente a questões ligadas a campos existencialistas que por vezes será pensado que não compete à escola abordar sobre essas questões. Porém, o desenvolvimento de senso crítico e formação de um sujeito questionador é um dos compromissos sociais do contexto educacional. É fato que os seres humanos possuem grande problema em lidar com sentimentos considerados aversivos como o aborrecimento e o tédio, e nisso procura constantemente estímulos que o façam sentir prazer. A capacidade de se relacionar com o tédio está diretamente ligada ao ócio e ao enfrentamento às questões diárias. Não quer dizer que o professor seja responsável por educar de forma psicoterapêutica sobre emoções ou campos da subjetividade humana, mas que discussões como ética, moralidade e contextos atuais, estruturam as relações sociais e como os sujeitos se integram com o ambiente. Além disso, compreender os impactos fisiológicos das substâncias é garantir acesso à informação. Educação integralEducação integralEducação integral Entendida como aquela que possibilita o desenvolvimento do sujeito em suas dimensões intelectual, social, emocional, física, cultural e política, por isso, compreendendo-o em sua integralidade. Nesse sentido, a escola, de tempo parcial ou integral, deve estar comprometida com o desenvolvimento do sujeito em suas diferentes dimensões, promovendo situações de aprendizagem que articulem conhecimentos, habilidades e atitudes que possibilitem o desenvolvimento dos estudantes, o exercício de sua autonomia e, ao mesmo tempo, o estabelecimento do compromisso com a construção e melhoria do mundo em que vivem. Nesse sentido, o documento assume uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto, considerando-os como sujeitos de aprendizagem, possuidores de direitos e deveres, e que por meio do conhecimento, da autonomia e de suas potencialidades sejam capazes de se realizar em todas as suas dimensões. As propostas visam, ainda, contribuir para que os estudantes sejam conscientes de seu processo de aprendizagem e para que o professor possa estabelecer uma estrutura mais aberta e flexível dos conteúdos escolares . As propostas estão vinculadas à perspectiva do conhecimento globalizado e relacional e buscam articular os conhecimentos escolares , organizar as atividades de ensino, mas não de uma forma rígida, nem, necessariamente, em função de referências disciplinares preestabelecidas. Nesses relatos da vivência, questões como abuso sexual, depressão, masculinidade tóxica, pressão familiar e social, dificuldade de ser LGBTI, racismo, falta de empatia, gordofobia, falta de condições materiais e falta de oportunidades são importantes marcadores, pois lançadas muito cedo na brutal experiência social, estas crianças são obrigadas a serem jovens e mesmo adultos muito cedo, convivendo precocemente com coisas terríveis e mesmo quase impossíveis, para as suas idades biológicas. Desta forma, é importante entender que a saúde mentalprecisa ser debatida na sua relação com as estruturas e as desigualdades sociais, ao passo que o uso das drogas se diferencia tanto no consumo, como na prevenção dado a pluralidade de vivências. As disponibilidades de estratégias como, por exemplo, a escuta de sofrimentos, são importantes ferramentas de prevenção ao uso prejudicial das drogas à medida que permite elaboração e ressignificação da experiência social. (Padrão, et al. 2021). Os adolescentes têm o direito de receber informações precisas e objetivas sobre drogas e danos relacionados a drogas, o direito à proteção contra informações erradas e o direito à privacidade. Padrão et al. (2021) mostra em seu trabalho que: Nesse sentido, compreender que a discussão sobre álcool e drogas é antecedida por muitas outras questões, é trazer o senso crítico para os estudantes. Promoção de autoconceito: Criar em sala de aula clima cooperativo de amizade, de respeito e de confiança. Desenvolvimento de atitude autônoma: Propiciar a aprendizagem por descoberta, permitir a participação ativa em aula, facilitar as interações pessoais, criar momentos para falar e comunicar-se com o outro, colocar situações para decidir e julgar, promover o contraste de opiniões, exercitar a argumentação e contra argumentação. Alcance de competência social: Estimular a tomada de decisões responsável, desenvolver mecanismos de defesa, promover a aptidão para negociar, aumentar a capacidade de resistir a pressões grupais, fortalecer a habilidade de lidar com conflitos, permitir experimentar e explorar construtivamente, valorizar a autopreservação diante de riscos desnecessários. Promoção de afetividade: Estimular o diálogo, reforçar atitudes positivas, desenvolver o espírito crítico, aumentar o sentido de auto eficácia, desenvolver a capacidade de lidar com a ansiedade, facilitar nas relações inter e intrapessoais, criar momentos para o aluno falar e se comunicar com outro, estimular o conhecimento de si mesmo, elevar autoestima. A seguir algumas temáticas que podem ser discutidas de forma aberta, segundo Fonseca (2006): diferenciar pensamentos conflitantes, consequências futuras de atividades correntes, trabalho em relação a uma meta definida, previsão de fatos, expectativas baseadas em ações, controle social. Planejamento, tomada de decisão, controle inibitório, atenção memória de trabalho O córtex pré-frontal está diretamente relacionado a habilidades como: Como ação executiva principais temos: Dentro dessas discussões, de competência biopsicossocial, entenderemos o desenvolvimento biológico do cérebro para compreender a relação com a tomada de decisões. Planejamento e tomada de decisões são competências que se associam ao estabelecimento de compreensão de retorno a longo prazo. É compreender e “pesar na balança” se vale mais o retorno imediato ou o futuro. Nossa neuroplasticidade possibilita que o cérebro passe por diversas mudanças ao longo da vida. Porém, estima-se que o córtex pré-frontal adquira “maturidade” aos 25 anos. Dessa forma, a adolescência é um ótimo momento para desenvolver as habilidades relacionadas à estabelecimento de metas e visualização no futuro. Isso só é possível compreendendo qual o local social que nos encontramos. Os sujeitos encontram forma de se estabelecer no presente relacionado à como ele se compreende no futuro. Qual o futuro que posso ter? ele é determinado pelo meio? Como visualizo meu futuro? Essas questões podem ser abordadas dentro de discussões sociológicas. Educar é formar pessoas mais críticas e autônomas. O educador não pode assumir um papel de criar medo ao processo, é compreender o mundo, compreender a si mesmo e aos outros. O sentido mais autêntico da educação é reduzir vulnerabilidades. A qual está diretamente relacionada à compreensão de mundo do sujeito e garantia de direitos. ÁLCOOL Algumas vezes, as pautas preventivas sobre drogas focaliza no consumo de substâncias ilegais e não se pautam nas substâncias que são mais problemáticas de certa forma, já que o consumo de álcool é muito presente nos adolescentes, como aponta a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na qual mostra que o percentual de jovens que já experimentaram bebidas alcoólicas aumentou de 50,3%, em 2012, para 55,5% em 2015. Enquanto a taxa dos que experimentaram algum tipo de droga ilícita, foi de 7,3% para 9%. Nesse sentido, a atenção ao consumo de álcool é essencial. Segundo Squeglia (2020) jovens que começaram a beber antes dos 15 anos têm quatro vezes mais chances de desenvolver um transtorno relacionado ao uso de álcool do que os jovens que não começaram a beber antes dos 21 anos. Existem diversos fatores que influenciam no consumo de bebida alcoólica. Seja a desinibição que facilita algum tipo de convivência. O sentimento de pertencimento com os demais. O sentimento de maturidade que beber traz ao adolescente. A indisponibilidade de atividades a serem feitas que não se relacionam com as bebidas. E muitos adolescentes iniciam o consumo sem ao menos saber sobre quantidade de álcool presente nas bebidas e como elas impactam nos seus corpos. A concentração de álcool acima de 25 mg/dL está associada a um quadro de intoxicação suave, manifestada por alterações no humor, falta de coordenação motora e prejuízo na cognição. Após duas longnecks de cerveja, um indivíduo de 65kg fica com a concentração de etanol no sangue de 67.69 mg/dl. Quando a concentração de álcool é acima de 100 mg/dL hpa, ocorre o aumento do comprometimento orgânico e a pessoa apresenta visão dupla, confusão mental e aumenta a possibilidade de ocorrer hipoglicemia. Acima de 2g/L o risco de coma alcóolico é alto. Essas informações são constantemente ignoradas pelos adolescentes, ou talvez nem chegam à eles. E por isso muitos entram em coma alcoólico, pelo excesso ingerido em um espaço muito curto de tempo sem compreender a metabolização da substância pelo organismo. Apesar do consumo do álcool ser naturalizado pois as vivências sociais e diversas ocasiões são permeadas através do uso do álcool e romantizados por muitos anos por propagandas, filmes e séries, uma pesquisa levantada pelo NIDA -National Institute on Drug Abuse (2020) mostrou que a geração Z vem reduzindo drasticamente o consumo de álcool e se abstendo mais quando comparadas à geração anterior. Isso pode estar ligado à preocupação com a relação do abuso de substâncias e da saúde mental, à abertura ao diálogo e o acesso à informação. Atualmente, é mais fácil do que nunca aprender mais sobre os riscos da bebida, seja com uma rápida pesquisa no Google, visitando comunidades no TikTok (como #SoberTok, em inglês) ou conversando com amigos e familiares. A preocupação com a perda do controle e o desenvolvimento de dependência da bebida, por exemplo, está sensivelmente mais alta. O QUE O ÁLCOOL TEM A VER COM SAÚDE MENTAL? O álcool é uma droga depressora, pois diminui as funções do sistema nervoso central, que pode causar inicialmente desinibição, relaxamento e anestesiamento. Porém traz diversos impactos negativos para o consumidor, no campo de relacionamentos e fisiológicos. Abaixo iremos trazer algumas informações para serem compartilhadas e servirem de base para discussão. Estudos prospectivos longitudinais neuropsicológicos, de neuroimagem e neurofisiológicos identificaram consequências cognitivas e neurais diretamente relacionadas ao início e aumento do uso de álcool por adolescentes. No geral, descobriu-se que o uso de álcool na adolescência afeta negativamente a cognição, a estrutura cerebral e a função. (Lees et al, 2020) Além disso, os impactos para a saúde mental estão associados às situações de risco que se é colocado quando se ingere bebida alcoólica. O que era desinibição se transforma em perda de filtros sociais e de entendimento de situações de risco. A “ressaca moral” associada, a exposição de informações que eramconsideradas confidenciais para si, declarações, etc. E outros riscos maiores como exposição à sexo não seguro e até mesmo dirigir ou pegar carona com pessoas alcoolizadas. DIRIGIR ALCOOLIZADO AUMENTA MAIS DE TRÊS VEZES A CHANCE DE MORTE (BOCHINNI, 2020). POR ISSO A IDEIA DE DIRIGIR ALCOOLIZADO DEVE SER ALGO FORTEMENTE REPRIMIDO. > Sentir que precisa beber para se relacionar melhor com os outros (desinibido) > Beber para se sentir incluso > Ter impulso de beber quando você precisa relaxar/socializar > Priorizar beber ao invés de realizar compromissos > Se sentir desconfortável quando alguém não bebe > Procurar constantemente desculpas para beber > Beber para acalmar sentimentos difíceis, como estresse e tristeza. Ou por não saber lidar com o tédio. > Após começar a beber sentir que perde o controle sobre a substância > Perda de memória e blackouts (amnésia alcoólica) A SEGUIR TEMOS ALGUMAS BANDEIRAS VERMELHAS (COMPORTAMENTOS QUE SE DEVE FICAR ATENTO) DE CONSUMO QUE PODEM INDICAR PROBLEMAS COM BEBIDA ALCÓOLICA. É essencial procurar ajuda profissional quando se percebe problemas relacionados à substâncias. Os CAPS têm competência para esse tipo de serviço. ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE FAZEM USO ABUSIVO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS: CUIABÁ /CAPS-AD III – Maria José da Silva Rado/ADOLESCER Telefone: (65) 3617-1835/1836 Email: CAPS ad: caps.ad3@cuiaba.mt.gov.br TABACO Segundo a OPAS, entre adultos, a prevalência do tabagismo entre 1989 e 2008 caiu de 35% para 18,5%. Os resultados de um inquérito nacional de saúde indicaram que a prevalência do tabagismo em 2013 caiu para 14,7%. Segundo esse inquérito, feito por telefone, entre 2006 e 2015 a prevalência de tabagismo entre adultos (18 e +) declinou de 15,6% para 10,4%. As intensas campanhas anti-tabaco na década de 90 surtiram resultados positivos. É nítido o aumento do consumo de tabaco por adolescentes pela acessibilidade à cigarros eletrônicos (pods) que se instaurou nos últimos anos. Deve-se retornar às informações massificadas acerca do consumo do tabaco. Muitos adolescentes podem apresentar sintomas como ansiedade, como uma resposta às diversas preocupações cotidianas. Como alívio sintomático, a nicotina por diversas vezes é colocada como alívio. Causando dependência e necessidade da substância, já que há potencial de relaxamento e certo alívio imediato. Deve-se compreender que as fugas aos sentimentos desprazerosos pela substância, a longo prazo pode se tornar uma problemática ainda maior. A nicotina afeta o desenvolvimento cerebral, e os jovens expostos a essa substância psicoativa podem apresentar déficits nas funções executivas, além do aumento dos transtornos ansiosos e depressivos. Estima- se que mais de 50 tipos de doenças podem ser causadas pelo tabagismo, principalmente as cardiovasculares, respiratórias e câncer, o que explica por que 10% dos fumantes chegam a ter 20 anos de expectativa de vida a menos.(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007) Não há estudos suficientes sobre o consumo dos cigarros eletrônicos (CE) e pods a longo prazo, porém segundo o INCA: Os fabricantes afirmam, nas propagandas, que os CE poluem menos o ar quando comparados aos cigarros convencionais, na medida em que não emitem fumaça, mas um “vapor de água inofensivo”. Entretanto, pesquisas encontraram, em pessoas passivamente expostas ao vapor do cigarro eletrônico, a cotinina, um metabólito da nicotina encontrado em fumantes passivos. Na fabricação do cigarro eletrônico, são colocados ácidos para formar sais de nicotina. O principal é o ácido benzóico. Porque assim conseguem administrar doses de nicotina muito mais altas do que aquelas existentes no cigarro comum. Esses ácidos, quando chegam no pulmão, provocam uma inflamação dos alvéolos. Os alvéolos são saquinhos microscópicos onde o sangue troca gás carbônico por oxigênio. Esse processo inflamatório crônico reduz a capacidade pulmonar, tira o fôlego e aumenta o risco de pneumonias graves. OS MATERIAIS ABAIXO PODEM SERVIR COMO BASE PARA REFERENCIAR A DISCUSSÃO ACERCA DO TABACO E DISSEMINAR INFORMAÇÕES: https://cursopontoevirgula.com.br/blog/cigarro-eletronico-como-tudo-deu-errado/ https://www.inca.gov.br/bvscontrolecancer/publicacoes/edicao/cigarros_eletronicos.pdf A cannabis é a terceira substância mais consumida entre adolescentes no Brasil. A discussão sobre o uso medicinal e recreativo ganhou espaço devido à potencialidade do Canabidiol em tratamentos de diversas doenças. Planta originária da Ásia, possui mais de 400 substâncias químicas, as quais mais conhecidas são o Canabidiol (CBD) e o Tetrahidrocanabinol (THC). O CBD tem diversas propriedades medicinais e atuam no sistema nervoso central e periférico, através do sistema endocanabinóide. Devido ao processo de ilegalidade, o avanço científico acerca dos seus usos ficaram travados por muito tempo. Algumas questões relacionadas ao risco de fumar são compreendidas ao passo que há inúmeros estudos sobre os riscos de aspirar fumaça e do contato do calor com a boca e garganta, etc. Porém, acerca da interação do THC e neurodesenvolvimento há possíveis alterações no desenvolvimento do cérebro de adolescentes que fumam maconha com altas concentrações de THC (Albaugh, 2021). Para compreender essas alterações demandam mais estudos. Um estudo realizado por Hamilton (2017) forneceu evidências de uma relação dose-resposta entre cannabis e psicose e que, para aqueles indivíduos com esquizofrenia, a cannabis exacerbou seus sintomas. Estar atento à essas questões é compreender mais profundamente a relação com o uso e o conhecimento que existe acerca. CANNABIS O USO TAMBÉM É ATRAVESSADO PELAS QUESTÕES QUE SE RELACIONAM AO USO DAS DEMAIS SUBSTÂNCIAS DISCUTIDAS ACIMA. O uso de substâncias pode levar à necessidade. A necessidade cria coesão e a coesão retira a liberdade do sujeito. Sentir que nossas escolhas estão limitadas pode gerar alguns níveis de sofrimento psíquico. As escolhas das substâncias abordadas nesta cartilha se deu a partir do estudo do IBGE (2015), priorizando aquelas que aparecem com maior frequência de uso no meio educacional. A discussão de todas as substâncias devem ser realizadas de forma crítica, procurando estar pautada em estudos científicos fidedignos. Os estudantes devem se sentir incluídos na construção deste diálogo. Falar sobre os cenários e vulnerabilidade que antecedem esses usos é essencial. Além de compreender o que é uso maléfico ou abuso de substâncias, sem se pautar em quadros diagnósticos, mas sim dialogando como é a relação entre o consumo social e individual. Ao se compreender essas questões , possibilita-se a construção de rodas de conversas e atividades que possam surtir olhares críticos frente à saúde física e mental, condição histórica social e outros cenários que perpetuam por parte dos estudantes. O acesso à informação é a garantia da participação do estudante no processo. Nesse sentido, esta cartilha tenta fomentar essas discussões. Sendo necessário por vezes, o estabelecimento de parcerias profissionais para construção desses diálogos ou atividade. O acesso à informação sobre a rede de saúde e assistência social também se torna importante. Aprendemos onde agir e como agir quando escutamos as demandas que existem. Porém, em assuntos considerados "delicados" por vezes nossos valores individuais e moralidade transpassam essa escuta, fazendo que não haja trocas verdadeiras. E que por trás dessas questões pode existir sofrimentos psíquicos e vulnerabilidades sociais que devem ser compreendidas para que se possa articular a rede de atenção psicossocial e de assistência social. REFERÊNCIAS AGUALONGO AMANGANDI, J. D., & ROBALINO ROBAYO, D. I. (2020). CONSECUENCIAS DEL CONSUMO DE DROGAS EN LAS FUNCIONES EJECUTIVAS EN ADOLESCENTES Y JÓVENES ADULTOS. REVISTA SCIENTIFIC, 5(ED. ESP.), 127–145. HTTPS://DOI.ORG/10.29394/SCIENTIFIC.ISSN.2542-2987.2020.5.E.6.127-145 ARAÚJO, ANELIZE & SILVA, JOSIÉLE& OLIVEIRA, FERNANDA. (2017). INF NCIA E ADOLESCÊNCIA E REDUÇÃO DE DANOS/INTERVENÇÃO PRECOCE: DIRETRIZES PARA INTERVENÇÃO. PSICOLOGIA ARGUMENTO. 31. 10.7213/RPA.V31I72.20453. PADRÃO, M. R. A. DE V., TOMASINI, A. J., ROMERO, M. L. A. DE M., SILVA, D., CAVACA, A. G., & KÖPTCKE, L. S.. (2021). EDUCAÇÃO ENTRE PARES: PROTAGONISMO JUVENIL NA ABORDAGEM PREVENTIVA DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS. CIÊNCIA & SAÚDE COLETIVA, 26(7), 2759–2768. 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