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DROGAS
FALARCOMO
SOBRE
COM ADOLESCENTES. 
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SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
ALAN RESENDE PORTO
 
SECRETÁRIO ADJUNTO EXECUTIVO
AMAURI MONGE FERNANDES
 
SECRETÁRIA ADJUNTA DE GESTÃO REGIONAL
ALCIMÁRIA ATAÍDES DA COSTA
 
SUPERINTENDÊNCIA DE RELACIONAMENTO ESCOLAR
RONAIR BATISTA MOREIRA DA SILVA
 
COORDENADORIA DE GESTÃO DA REDE
MAIRA NUNES SAFRA
ELABORAÇÃO
NÚCLEO DE MEDIAÇÃO ESCOLAR
ANA TALIA FERNANDES GREGOLIN OLIVEIRA 
 
COLABORAÇÃO 
JOZIELLE CAROLINA DA SILVA
JÉSSIKA DA SILVA OLIVEIRA
MARCIA CRISTINA VERDEGO GONÇALVES
MARINA AUXILIADORA MARQUES DE BARROS 
PATRÍCIA SIMONE DA SILVA CARVALHO
VICTOR STHÉFANO DE MOURA QUEIROZ
 
REVISÃO ORTOGRÁFICA 
WALDNEY JORGE DE LISBOA
 
 
SEDUC-MT/SAGR/SURE/CGREDE
 
 O consumo de álcool, tabaco e outras substâncias psicoativas acompanha a
história da humanidade e vem crescendo exponencialmente entre os
adolescentes, visto que este momento da vida é atravessado por diversas
questões de desenvolvimento físico e pessoal que alicerçam suas tomadas de
decisões. Ao abordar sobre essa temática, frequentemente encontramos com
informações voltadas ao proibicionismo ou apenas os malefícios biopsicossociais
que o uso abusivo acarreta,de forma estigmatizada e carregada de sensos
comuns ou vulgarizados. Contrapondo essa lógica, o presente material tem
como objetivo trazer a construção de um diálogo aberto que possui como foco
principal o desenvolvimento de percepção crítica para a tomada de decisão e
escolhas dos estudantes, já que o espaço escolar, antes de tudo, é um local
reflexivo e de grande importância na construção social do sujeito. 
 Pensar a educação como local de prevenção do uso de drogas não
coloca o educador no papel de apontamento de comportamentos prejudiciais,
ou que precisam saber fazer prognósticos de adolescentes que consomem
substâncias, definindo padrões de consumo sobre os mesmos. Mas sim, pensar o
desenvolvimento do pensamento crítico desses seres ao se depararem com as
questões que contemplam o existir social, discutindo os cenários em que esses
usos se constroem, não somente focando nos impactos biológicos que as
campanhas de conscientização continuamente realizam. 
 O material é pensado para disseminação de informação sobre o
consumo de substâncias psicoativas, apontando sobre riscos físico-biológicos-
sociais mas servindo de subsídio para a construção de locais de diálogos acerca
de temáticas que atravessam as relações dentro do espaço escolar. Buscando a
emancipação estudantil e acreditando na importância da autonomia e
participação do sujeito frente às questões que o atravessam, compreendendo
suas concepções de risco e de vulnerabilidades para que as abordagens à
temática se tornem mais eficientes. O material é voltado para os docentes, com
sugestões de materiais para serem destinados aos discentes. 
INTRODUÇÃO
 
 O que se entende como prevenção, na
saúde nasce epidemiologicamente em prevenir o
primeiro contato, o que pode causar confusões
práticas. Faz sentido no contexto infectológico.
Há o consenso de que a questão das drogas
está estreitamente associada a diversos cenários
e locais sociais. Por muitos anos a prevenção do
uso de álcool e outras drogas foi papel
especificamente de campos religiosos,
filantrópicos ou questões de segurança pública.
Após a III Conferência Nacional de Saúde Mental
realizada pelo Ministério da Saúde,
compreende-se o entendimento do uso de
substâncias como algo relacionado à saúde e à
saúde mental.
O CONCEITO DE PREVENÇÃO:O CONCEITO DE PREVENÇÃO:O CONCEITO DE PREVENÇÃO:
 A compreensão da política de redução de danos voltada para
adolescentes pode parecer controversa, já que esses, por legislação,
não são público-alvo de substâncias como álcool e tabaco e
substâncias ilegais são criminalizadas em todos os cenários. Porém
compreender o uso por adolescentes é transpassar o véu da
moralidade, trazendo o real cenário para a discussão. 
 Tristão & Avillar (2019) apontam que: Tal estratégia se faz
importante sobretudo ao público infantojuvenil, porque a adolescência
implica uma fase marcada pela experimentação de situações que
podem envolver riscos. Nessa direção, a estratégia de RD pode se
aplicar aos adolescentes, especialmente no que tange a tomada de
decisões, visto que os mesmos tendem a repelir posturas de
autoridade, e buscar autonomia na tomada de decisões, sendo esse
um dos principais pressupostos da RD.
333
MAS E O PAPEL DA EDUCAÇÃO E DO EDUCADOR
NESSA PAUTA? 
 Discutir sobre essas questões pode ser delicado, por vezes
confunde-se acesso à informações com apologia ou incentivo de
alguma forma. Porém, engana-se quem acha que o moralismo em
cima de questões delicadas mas que estão atravessando à
existência desses adolescentes o tempo inteiro, será benéfico e
garantirá o não uso ou a abstinência. 
A compreensão do alívio do sofrimento mental frente a questões
ligadas a campos existencialistas que por vezes será pensado que
não compete à escola abordar sobre essas questões. Porém, o
desenvolvimento de senso crítico e formação de um sujeito
questionador é um dos compromissos sociais do contexto
educacional. 
É fato que os seres humanos possuem grande problema em lidar
com sentimentos considerados aversivos como o aborrecimento e o
tédio, e nisso procura constantemente estímulos que o façam sentir
prazer. A capacidade de se relacionar com o tédio está
diretamente ligada ao ócio e ao enfrentamento às questões diárias. 
Não quer dizer que o professor seja responsável por educar de
forma psicoterapêutica sobre emoções ou campos da subjetividade
humana, mas que discussões como ética, moralidade e contextos
atuais, estruturam as relações sociais e como os sujeitos se integram
com o ambiente. Além disso, compreender os impactos fisiológicos
das substâncias é garantir acesso à informação. 
Educação integralEducação integralEducação integral 
 Entendida como aquela que possibilita o desenvolvimento do
sujeito em suas dimensões intelectual, social, emocional, física,
cultural e política, por isso, compreendendo-o em sua integralidade.
Nesse sentido, a escola, de tempo parcial ou integral, deve estar
comprometida com o desenvolvimento do sujeito em suas diferentes
dimensões, promovendo situações de aprendizagem que articulem
conhecimentos, habilidades e atitudes que possibilitem o
desenvolvimento dos estudantes, o exercício de sua autonomia e, ao
mesmo tempo, o estabelecimento do compromisso com a construção
e melhoria do mundo em que vivem. Nesse sentido, o documento
assume uma visão plural, singular e integral da criança, do
adolescente, do jovem e do adulto, considerando-os como sujeitos de
aprendizagem, possuidores de direitos e deveres, e que por meio do
conhecimento, da autonomia e de suas potencialidades sejam
capazes de se realizar em todas as suas dimensões.
As propostas visam, ainda, contribuir para que os estudantes
sejam conscientes de seu processo de aprendizagem e para que
o professor possa estabelecer uma estrutura mais aberta e
flexível dos conteúdos escolares . As propostas estão vinculadas
à perspectiva do conhecimento globalizado e relacional e
buscam articular os conhecimentos escolares , organizar as
atividades de ensino, mas não de uma forma rígida, nem,
necessariamente, em função de referências disciplinares
preestabelecidas.
 Nesses relatos da vivência,
questões como abuso sexual, depressão, masculinidade
tóxica, pressão familiar e social, dificuldade de ser
LGBTI, racismo, falta de empatia, gordofobia, falta de
condições materiais e falta de oportunidades são
importantes marcadores, pois lançadas muito cedo na
brutal experiência social, estas crianças são obrigadas a
serem jovens e mesmo adultos muito cedo, convivendo
precocemente com coisas terríveis e mesmo quase
impossíveis, para as suas idades biológicas. Desta forma,
é importante entender que a saúde mentalprecisa ser
debatida na sua relação com as estruturas e as
desigualdades sociais, ao passo que o uso das drogas se
diferencia tanto no consumo, como na prevenção dado
a pluralidade de vivências. As disponibilidades de
estratégias como, por exemplo, a escuta de sofrimentos,
são importantes ferramentas de prevenção ao uso
prejudicial das drogas à medida que permite elaboração
e ressignificação da experiência social.
(Padrão, et al. 2021). 
Os adolescentes têm o direito de receber informações precisas e
objetivas sobre drogas e danos relacionados a drogas, o direito à
proteção contra informações erradas e o direito à privacidade. 
Padrão et al. (2021) mostra em seu trabalho que:
Nesse sentido, compreender que a discussão sobre álcool e
drogas é antecedida por muitas outras questões, é trazer o
senso crítico para os estudantes.
 
Promoção de autoconceito: Criar em sala de aula clima
cooperativo de amizade, de respeito e de confiança. 
Desenvolvimento de atitude autônoma: Propiciar a
aprendizagem por descoberta, permitir a participação ativa
em aula, facilitar as interações pessoais, criar momentos
para falar e comunicar-se com o outro, colocar situações
para decidir e julgar, promover o contraste de opiniões,
exercitar a argumentação e contra argumentação. 
Alcance de competência social: Estimular a tomada de
decisões responsável, desenvolver mecanismos de defesa,
promover a aptidão para negociar, aumentar a capacidade
de resistir a pressões grupais, fortalecer a habilidade de
lidar com conflitos, permitir experimentar e explorar
construtivamente, valorizar a autopreservação diante de
riscos desnecessários. 
Promoção de afetividade: Estimular o diálogo, reforçar
atitudes positivas, desenvolver o espírito crítico, aumentar o
sentido de auto eficácia, desenvolver a capacidade de lidar
com a ansiedade, facilitar nas relações inter e
intrapessoais, criar momentos para o aluno falar e se
comunicar com outro, estimular o conhecimento de si
mesmo, elevar autoestima. 
A seguir algumas temáticas que podem ser discutidas
de forma aberta, segundo Fonseca (2006):
diferenciar pensamentos conflitantes, 
consequências futuras de atividades correntes,
trabalho em relação a uma meta definida, 
previsão de fatos, 
expectativas baseadas em ações,
controle social.
 Planejamento,
tomada de decisão, 
controle inibitório,
atenção 
memória de trabalho 
O córtex pré-frontal está diretamente relacionado a habilidades
como: 
Como ação executiva principais temos: 
Dentro dessas discussões, de competência
biopsicossocial, entenderemos o desenvolvimento
biológico do cérebro para compreender a relação com a
tomada de decisões.
Planejamento e tomada de decisões são competências que se
associam ao estabelecimento de compreensão de retorno a
longo prazo. É compreender e “pesar na balança” se vale mais o
retorno imediato ou o futuro. 
Nossa neuroplasticidade possibilita que o cérebro passe por
diversas mudanças ao longo da vida. Porém, estima-se que o
córtex pré-frontal adquira “maturidade” aos 25 anos. 
 Dessa forma, a adolescência é um ótimo momento
para desenvolver as habilidades relacionadas à
estabelecimento de metas e visualização no futuro. Isso só é
possível compreendendo qual o local social que nos
encontramos. Os sujeitos encontram forma de se estabelecer
no presente relacionado à como ele se compreende no futuro. 
Qual o futuro que posso ter? ele é determinado pelo meio?
Como visualizo meu futuro? 
Essas questões podem ser abordadas dentro de discussões
sociológicas. 
Educar é formar pessoas mais críticas e autônomas.
O educador não pode assumir um papel de criar medo ao
processo, é compreender o mundo, compreender a si mesmo e
aos outros. 
O sentido mais autêntico da educação é reduzir
vulnerabilidades. A qual está diretamente relacionada à
compreensão de mundo do sujeito e garantia de direitos. 
ÁLCOOL 
 Algumas vezes, as pautas preventivas sobre drogas focaliza
no consumo de substâncias ilegais e não se pautam nas
substâncias que são mais problemáticas de certa forma, já que o
consumo de álcool é muito presente nos adolescentes, como
aponta a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE),
divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), na qual mostra que o percentual de jovens que já
experimentaram bebidas alcoólicas aumentou de 50,3%, em 2012,
para 55,5% em 2015. Enquanto a taxa dos que experimentaram
algum tipo de droga ilícita, foi de 7,3% para 9%. Nesse sentido, a
atenção ao consumo de álcool é essencial. Segundo Squeglia
(2020) jovens que começaram a beber antes dos 15 anos têm
quatro vezes mais chances de desenvolver um transtorno
relacionado ao uso de álcool do que os jovens que não
começaram a beber antes dos 21 anos.
 Existem diversos fatores que influenciam no consumo de
bebida alcoólica. Seja a desinibição que facilita algum tipo de
convivência. O sentimento de pertencimento com os demais. O
sentimento de maturidade que beber traz ao adolescente. A
indisponibilidade de atividades a serem feitas que não se
relacionam com as bebidas. E muitos adolescentes iniciam o
consumo sem ao menos saber sobre quantidade de álcool presente
nas bebidas e como elas impactam nos seus corpos. A
concentração de álcool acima de 25 mg/dL está associada a um
quadro de intoxicação suave, manifestada por alterações no
humor, falta de coordenação motora e prejuízo na cognição. 
Após duas longnecks de cerveja, um indivíduo de
65kg fica com a concentração de etanol no sangue
de 67.69 mg/dl. 
Quando a concentração de álcool é acima de 100
mg/dL hpa, ocorre o aumento do comprometimento
orgânico e a pessoa apresenta visão dupla,
confusão mental e aumenta a possibilidade de
ocorrer hipoglicemia. Acima de 2g/L o risco de
coma alcóolico é alto. 
Essas informações são constantemente ignoradas
pelos adolescentes, ou talvez nem chegam à eles. E
por isso muitos entram em coma alcoólico, pelo
excesso ingerido em um espaço muito curto de
tempo sem compreender a metabolização da
substância pelo organismo. 
 Apesar do consumo do álcool ser naturalizado pois as vivências
sociais e diversas ocasiões são permeadas através do uso do
álcool e romantizados por muitos anos por propagandas, filmes e
séries, uma pesquisa levantada pelo NIDA -National Institute on
Drug Abuse (2020) mostrou que a geração Z vem reduzindo
drasticamente o consumo de álcool e se abstendo mais quando
comparadas à geração anterior. Isso pode estar ligado à
preocupação com a relação do abuso de substâncias e da saúde
mental, à abertura ao diálogo e o acesso à informação.
Atualmente, é mais fácil do que nunca aprender mais sobre os
riscos da bebida, seja com uma rápida pesquisa no Google,
visitando comunidades no TikTok (como #SoberTok, em inglês) ou
conversando com amigos e familiares. A preocupação com a
perda do controle e o desenvolvimento de dependência da
bebida, por exemplo, está sensivelmente mais alta. 
O QUE O ÁLCOOL TEM A VER COM SAÚDE MENTAL? 
 O álcool é uma droga depressora, pois diminui as funções
do sistema nervoso central, que pode causar inicialmente
desinibição, relaxamento e anestesiamento. Porém traz diversos
impactos negativos para o consumidor, no campo de
relacionamentos e fisiológicos. Abaixo iremos trazer algumas
informações para serem compartilhadas e servirem de base para
discussão. Estudos prospectivos longitudinais neuropsicológicos, de
neuroimagem e neurofisiológicos identificaram consequências
cognitivas e neurais diretamente relacionadas ao início e aumento
do uso de álcool por adolescentes. No geral, descobriu-se que o
uso de álcool na adolescência afeta negativamente a cognição, a
estrutura cerebral e a função. (Lees et al, 2020) 
 Além disso, os impactos para a saúde mental estão
associados às situações de risco que se é colocado quando
se ingere bebida alcoólica. O que era desinibição se
transforma em perda de filtros sociais e de entendimento de
situações de risco. A “ressaca moral” associada, a
exposição de informações que eramconsideradas
confidenciais para si, declarações, etc. E outros riscos
maiores como exposição à sexo não seguro e até mesmo
dirigir ou pegar carona com pessoas alcoolizadas. 
DIRIGIR ALCOOLIZADO AUMENTA MAIS DE TRÊS VEZES A
CHANCE DE MORTE (BOCHINNI, 2020). POR ISSO A IDEIA DE
DIRIGIR ALCOOLIZADO DEVE SER ALGO FORTEMENTE
REPRIMIDO. 
> Sentir que precisa beber para se relacionar
melhor com os outros (desinibido) 
> Beber para se sentir incluso 
> Ter impulso de beber quando você precisa
relaxar/socializar 
> Priorizar beber ao invés de realizar
compromissos 
> Se sentir desconfortável quando alguém não
bebe 
> Procurar constantemente desculpas para
beber 
> Beber para acalmar sentimentos difíceis,
como estresse e tristeza. Ou por não saber
lidar com o tédio. 
> Após começar a beber sentir que perde o
controle sobre a substância 
> Perda de memória e blackouts (amnésia
alcoólica) 
A SEGUIR TEMOS ALGUMAS BANDEIRAS VERMELHAS 
 (COMPORTAMENTOS QUE SE DEVE FICAR ATENTO) DE
CONSUMO QUE PODEM INDICAR PROBLEMAS COM BEBIDA
ALCÓOLICA. 
É essencial procurar ajuda profissional quando se
percebe problemas relacionados à substâncias.
Os CAPS têm competência para esse tipo de
serviço. 
ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE
FAZEM USO ABUSIVO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS:
CUIABÁ /CAPS-AD III – Maria José da Silva
Rado/ADOLESCER
Telefone: (65) 3617-1835/1836
Email: CAPS ad: caps.ad3@cuiaba.mt.gov.br
TABACO 
 Segundo a OPAS, entre adultos, a prevalência do tabagismo
entre 1989 e 2008 caiu de 35% para 18,5%. Os resultados de um
inquérito nacional de saúde indicaram que a prevalência do
tabagismo em 2013 caiu para 14,7%. Segundo esse inquérito, feito
por telefone, entre 2006 e 2015 a prevalência de tabagismo entre
adultos (18 e +) declinou de 15,6% para 10,4%.
 As intensas campanhas anti-tabaco na década de 90 surtiram
resultados positivos. É nítido o aumento do consumo de tabaco
por adolescentes pela acessibilidade à cigarros eletrônicos (pods)
que se instaurou nos últimos anos. Deve-se retornar às informações
massificadas acerca do consumo do tabaco. 
 Muitos adolescentes podem apresentar sintomas como
ansiedade, como uma resposta às diversas preocupações
cotidianas. Como alívio sintomático, a nicotina por diversas vezes
é colocada como alívio. Causando dependência e necessidade da
substância, já que há potencial de relaxamento e certo alívio
imediato. Deve-se compreender que as fugas aos sentimentos
desprazerosos pela substância, a longo prazo pode se tornar uma
problemática ainda maior. 
A nicotina afeta o desenvolvimento cerebral,
e os jovens expostos a essa substância
psicoativa podem apresentar déficits nas
funções executivas, além do aumento dos
transtornos ansiosos e depressivos. Estima-
se que mais de 50 tipos de doenças podem
ser causadas pelo tabagismo, principalmente
as cardiovasculares, respiratórias e câncer, o
que explica por que 10% dos fumantes
chegam a ter 20 anos de expectativa de vida
a menos.(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007)
Não há estudos suficientes sobre o consumo dos
cigarros eletrônicos (CE) e pods a longo prazo,
porém segundo o INCA: Os fabricantes afirmam,
nas propagandas, que os CE poluem menos o ar
quando comparados aos cigarros convencionais,
na medida em que não emitem fumaça, mas um
“vapor de água inofensivo”. Entretanto, pesquisas
encontraram, em pessoas passivamente expostas
ao vapor do cigarro eletrônico, a cotinina, um
metabólito da nicotina encontrado em fumantes
passivos. Na fabricação do cigarro eletrônico, são
colocados ácidos para formar sais de nicotina. 
O principal é o ácido benzóico. Porque assim conseguem administrar
doses de nicotina muito mais altas do que aquelas existentes no
cigarro comum. Esses ácidos, quando chegam no pulmão, provocam
uma inflamação dos alvéolos. Os alvéolos são saquinhos
microscópicos onde o sangue troca gás carbônico por oxigênio. Esse
processo inflamatório crônico reduz a capacidade pulmonar, tira o
fôlego e aumenta o risco de pneumonias graves.
OS MATERIAIS ABAIXO PODEM SERVIR COMO BASE PARA
REFERENCIAR A DISCUSSÃO ACERCA DO TABACO E DISSEMINAR
INFORMAÇÕES: 
https://cursopontoevirgula.com.br/blog/cigarro-eletronico-como-tudo-deu-errado/
https://www.inca.gov.br/bvscontrolecancer/publicacoes/edicao/cigarros_eletronicos.pdf
 A cannabis é a terceira substância mais consumida entre
adolescentes no Brasil. A discussão sobre o uso medicinal e
recreativo ganhou espaço devido à potencialidade do Canabidiol
em tratamentos de diversas doenças. 
 Planta originária da Ásia, possui mais de 400 substâncias
químicas, as quais mais conhecidas são o Canabidiol (CBD) e o
Tetrahidrocanabinol (THC). O CBD tem diversas propriedades
medicinais e atuam no sistema nervoso central e periférico, através
do sistema endocanabinóide. Devido ao processo de ilegalidade, o
avanço científico acerca dos seus usos ficaram travados por muito
tempo. Algumas questões relacionadas ao risco de fumar são
compreendidas ao passo que há inúmeros estudos sobre os riscos de
aspirar fumaça e do contato do calor com a boca e garganta, etc.
Porém, acerca da interação do THC e neurodesenvolvimento há
possíveis alterações no desenvolvimento do cérebro de adolescentes
que fumam maconha com altas concentrações de THC (Albaugh, 
 2021). Para compreender essas alterações demandam mais estudos. 
Um estudo realizado por Hamilton (2017) forneceu evidências de uma
relação dose-resposta entre cannabis e psicose e que, para aqueles
indivíduos com esquizofrenia, a cannabis exacerbou seus sintomas.
Estar atento à essas questões é compreender mais profundamente a
relação com o uso e o conhecimento que existe acerca. 
CANNABIS 
 O USO TAMBÉM É ATRAVESSADO PELAS QUESTÕES QUE SE
RELACIONAM AO USO DAS DEMAIS SUBSTÂNCIAS DISCUTIDAS
ACIMA. 
 O uso de substâncias pode levar à necessidade. A
necessidade cria coesão e a coesão retira a liberdade do sujeito.
Sentir que nossas escolhas estão limitadas pode gerar alguns níveis
de sofrimento psíquico.
 As escolhas das substâncias abordadas nesta cartilha se deu
a partir do estudo do IBGE (2015), priorizando aquelas que
aparecem com maior frequência de uso no meio educacional. A
discussão de todas as substâncias devem ser realizadas de forma
crítica, procurando estar pautada em estudos científicos fidedignos.
Os estudantes devem se sentir incluídos na construção deste
diálogo. Falar sobre os cenários e vulnerabilidade que antecedem
esses usos é essencial. Além de compreender o que é uso maléfico
ou abuso de substâncias, sem se pautar em quadros diagnósticos,
mas sim dialogando como é a relação entre o consumo social e
individual. 
 Ao se compreender essas questões , possibilita-se a construção
de rodas de conversas e atividades que possam surtir olhares críticos
frente à saúde física e mental, condição histórica social e outros
cenários que perpetuam por parte dos estudantes. O acesso à
informação é a garantia da participação do estudante no processo. 
 Nesse sentido, esta cartilha tenta fomentar essas discussões.
Sendo necessário por vezes, o estabelecimento de parcerias
profissionais para construção desses diálogos ou atividade. O acesso
à informação sobre a rede de saúde e assistência social também se
torna importante. 
 Aprendemos onde agir e como agir quando escutamos as
demandas que existem. Porém, em assuntos considerados
"delicados" por vezes nossos valores individuais e moralidade
transpassam essa escuta, fazendo que não haja trocas verdadeiras.
E que por trás dessas questões pode existir sofrimentos psíquicos e
vulnerabilidades sociais que devem ser compreendidas para que se
possa articular a rede de atenção psicossocial e de assistência
social. 
REFERÊNCIAS 
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10.7213/RPA.V31I72.20453. 
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 FALE CONOSCO:
 
(65) 3613-6453
mediação.escolar@educacao.mt.gov.br

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