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Direitos Humanos

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Código Logístico
44397
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6159-4
9 788538 761594
Gisele Echterhoff
Curitiba
2016
DIREITOS
HUMANOS
© 2016 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem 
autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
________________________________________________________________________
E21
Echterhoff, Gisele
Direitos humanos / Gisele Echterhoff. - 1. ed. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2016.
202 p. : il. ; 28 cm.
ISBN 978-85-387-6159-4
1. Direitos humanos. I. Título.
16-32464 CDU: 342.7
________________________________________________________________________
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: Shutterstock
Apresentação
Você está iniciando a leitura de um material que é muito importante para o seu curso, 
para sua formação acadêmica e para a construção de sua condição de cidadão. Estudar o 
assunto de Direitos Humanos não deveria se restringir ao curso de Direito, mas a todos os 
demais cursos, para não dizer que tal disciplina deveria ser obrigatória no ensino médio, pois 
é de extrema relevância para a formação de um verdadeiro cidadão.
O objetivo da disciplina é desmistificar e fornecer ao aluno uma noção geral sobre o 
tema, aprofundando-se em alguns temas específicos e indispensáveis, como os Direitos das 
Crianças e Adolescentes, dos Idosos, das Pessoas com Deficiência, entre outros assuntos. 
Os conteúdos foram selecionados com muito cuidado e escritos com linguagem mais 
simples possível para dar maior autonomia aos seus estudos.
Sobre a autora
Gisele Echterhoff
Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Especialista 
em Direito Civil pelo Instituto de Direito Romeu Felipe Bacellar. Graduada em Direito pela 
PUCPR. Professora e autora de vários artigos e do livro: O Direito à Privacidade dos Dados 
Genéticos.
1
Aula
 NOÇÕES GERAIS DE DIREITOS HUMANOS 9
PARTE 1: A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS 10
PARTE 2: A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE 
PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS 19
PARTE 3: OS DIREITOS HUMANOS NO ÂMBITO NACIONAL: DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 AOS 
SISTEMAS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS 26
2
Aula
 DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES 41
PARTE 1: A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EM ÂMBITO INTERNACIONAL 42
PARTE 2: ECA – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 47
PARTE 3: COMBATE AO TRABALHO INFANTIL E À PEDOFILIA 54
3
Aula
 DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E DOS IDOSOS 77
PARTE 1: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: INCLUSÃO SOCIAL, ACESSIBILIDADE, PLANOS E PROGRAMAS 78
PARTE 2: PESSOAS IDOSAS: O ESTATUTO DO IDOSO, QUALIDADE DE VIDA E PROTEÇÃO 84
PARTE 3: CUIDADOS ESPECIAIS E COMBATE A VIOLÊNCIA 91
Sumário
4
Aula
 DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL, RELIGIOSA, DE GÊNERO E LGBT 109
PARTE 1: PRECONCEITO, RACISMO E DESIGUALDADES NO BRASIL – QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS 110
PARTE 2: DIVERSIDADE RELIGIOSA: O DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, CRENÇA E RELIGIÃO 119
PARTE 3: EQUIDADE DE GÊNERO, DIREITOS DA MULHER E LEI MARIA DA PENHA 125
PARTE 4: DIREITOS LGBT, ENFRENTAMENTO E COMBATE AO PRECONCEITO, 
À DISCRIMINAÇÃO E À VIOLÊNCIA 134
5
Aula
 DIREITOS PARA TODOS E COMBATE ÀS VIOLAÇÕES E AO TRABALHO ESCRAVO 151
PARTE 1: DIREITOS PARA TODOS E POLÍTICAS PÚBLICAS 152
PARTE 2: DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS E COMBATE ÀS VIOLAÇÕES 159
PARTE 3: COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO 164
6
Aula
 DIREITOS HUMANOS E SUA CORRELAÇÃO COM A BIOÉTICA 177
PARTE 1: CONCEITOS ELEMENTARES: BIOTECNOLOGIA, BIOÉTICA E BIODIREITO 178
PARTE 2: REPRODUÇÃO ARTIFICIAL E ALGUNS ASPECTOS POLÊMICOS 182
PARTE 3: O CÓDIGO GENÉTICO HUMANO 187
Sumário
Aula 1
9Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS 
NOÇÕES GERAIS DE 
Não raro, ao iniciar uma disciplina que não seja diretamente 
relacionada ao curso, os alunos ouvem de seus professores a importância 
da interdisciplinariedade. Isso não será diferente na disciplina de Direitos 
Humanos, tendo em vista a importância do conhecimento de noções gerais de 
direitos humanos que vai muito além da necessidade decorrente do exercício 
profissional, pois está diretamente relacionada ao exercício da cidadania. 
A disciplina examinará noções gerais sobre o tema e esta primeira 
aula adentrará em aspectos históricos de maior relevância, analisará alguns 
diplomas e organismos internacionais que visam à proteção destes direitos 
para, ao final, analisar a legislação nacional.
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
10 Direitos Humanos
Parte
1 A evolução histórica dos 
Direitos Humanos
 Qualquer estudo sobre a concepção de direitos se inicia pela ideia central da ori-
gem da sociedade e da consequente necessidade de se estabelecer regras de conduta para 
convivência.
Por diversas vezes ouvimos a afirmação de que o ser humano é, por natureza, um ser 
social e, como tal, sente a necessidade de viver em grupos. A vida em sociedade se torna 
cada vez mais necessária quando se constata que é mais fácil dividir tarefas e congregar 
esforços para conquistar uma melhor qualidade de vida.
Porém, a vida em sociedade, por menores que sejam estes grupos sociais, gera conflitos. Nas civilizações 
mais antigas e rudimentares, estes conflitos, em regra, eram solucionados por meio da força bruta, gerando 
ainda mais desavenças e violência. Aos poucos, até mesmo em razão da complexidade da vida em sociedade, o 
ser humano percebeu a necessidade de se estabelecer regras de conduta para uma melhor convivência.
Por esta breve contextualização se visualiza o nascedouro do direito, aqui tomando a palavra pelo seu 
sentido mais leigo, como sinônimo de leis, regras e normas de conduta.
Continuando, como que criando uma história em quadrinhos, podemos imaginar que, certamente, al-
guém tomou as rédeas da criação destas normas e, de forma justa ou injusta, correta ou não, legítima ou não, 
passou a estabelecer as regras de convivência de determinada sociedade. 
Ainda, como não é impossível de acontecer, sendo quase sempre da natureza do ser humano, este al-
guém, um soberano, um imperador, um governante, etc., passou a inevitavelmente atender aos seus próprios 
interesses e aos de seus semelhantes, provocando situações de exploração dos demais “cidadãos”, suscitan-
do revolta e podendo ocasionar situações de violência e opressão. 
Esta historinha, aparentemente simples, demonstra com clareza situações de abuso de poder que são a 
primeira fonte dos direitos humanos ou os chamados direitos humanos de primeira geração, que surgem exa-
tamente como forma de limitar o poder dos soberanos e garantir direitos mínimos ao restante da população. 
Passemos a uma análise mais técnica após esta contextualização.
Iniciar o estudo sobre os direitos humanos exige uma conceituação do instituto. De acordo com a ONU 
Brasil1: “Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, 
1 (Disponível em: <https://nacoesunidas.org/acao/direitos-humanos/>. Acesso em: 2 fev. 2016.)
Vídeo
Aula 1Noções gerais de Direitos Humanos 
11Direitos Humanos
sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.” Incluem-se “o direito à vida e à 
liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros. 
Todos merecem estes direitos, sem discriminação.” 
Os direitos humanos são considerados aqueles essenciais ao ser humano, os quais o seu titular possui 
exatamente em razão da natureza humana.
João Baptista Herkenhoff (1994, p. 30) assim conceitua Direitos Humanos: 
Por direitos humanos ou direitos do homem são, modernamente, entendidos aqueles direitos fundamen-
tais que o homem possui pelo fato deser homem, por sua própria natureza humana, pela dignidade que 
a ela é inerente. São direitos que não resultam de uma concessão da sociedade política. Pelo contrário, 
são direitos que a sociedade política tem o dever de consagrar e garantir. 
Embora a expressão “Direitos Humanos” seja a mais utilizada, é necessário observar que há outras deno-
minações, é comum usar expressões como “direitos naturais”, “direitos públicos subjetivos”, “liberdades pú-
blicas”, “direitos morais”, “direitos dos povos”, “direitos do homem”, “direitos fundamentais”, dentre outros.
As terminologias mais utilizadas são direitos humanos e direitos fundamentais. Todavia, mesmo que a 
distinção não seja tão relevante na atualidade, estas expressões não são consideradas, em si, como sinôni-
mas. A expressão direitos humanos se refere àqueles direitos no âmbito da ordem internacional, independen-
temente do reconhecimento por um ordenamento jurídico específico, possuindo caráter supranacional. A par 
disso, a denominação direitos fundamentais “se aplica para aqueles direitos do ser humano reconhecidos e 
positivados na esfera do direito constitucional positivo2 de determinado Estado”. (SARLET, 2005, p.35-36).
Partindo para a evolução histórica dos direitos humanos, como direitos essenciais à proteção do ser 
humano por evidência que estes não surgiram todos somente em um momento da história, sendo fruto da 
evolução da civilização humana e, em especial, em razão da limitação do poder político.
Da mesma forma, não se pode afirmar que a teoria dos direitos humanos já era concebida na antigui-
dade, pelo contrário, a sua concepção tal qual conhecemos na atualidade é muito mais produto dos aconte-
cimentos decorrentes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Todavia, a proteção da pessoa humana já era conhecida na antiguidade, sendo, em especial, tratada por filó-
sofos como Zaratustra na Pérsia, Buda na Índia, Confúcio na China, o Dêutero-Isaías em Israel, além de Platão e 
Aristóteles na Grécia. Também, no âmbito normativo, é possível apontar várias legislações que já demonstravam 
preocupação com a proteção destes direitos, dentre eles, por exemplo, o Código de Hammurabi (1792-1750 a.C.), 
considerado o primeiro código de normas de condutas, preceituando esboços de direitos como o direito à vida, 
à propriedade e à honra. Além da Lei das Doze Tábuas na República Romana, que veio estipular uma lei escrita 
2 De forma simples podemos afirmar que “o direito constitucional positivo é o conjunto de leis, regras, convenções, costumes que regu-
lam a forma do Estado, de governo, e os direitos públicos individuais.” (LEITE, 2007).
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
12 Direitos Humanos
como regente das condutas. Também o direito romano consagrou vários direitos, como o da propriedade, liberda-
de, personalidade jurídica, entre outros. (RAMOS, 2015, p. 32-34). 
O Cristianismo teve grande influência na proteção da pessoa humana, em especial ao apregoar que o 
homem é criado à imagem e semelhança de Deus. Necessário lembrar também os filósofos católicos, como 
São Tomás de Aquino, que defendia a igualdade dos seres humanos e a aplicação justa da lei. (RAMOS, 
2015)
Foi na Idade Média que se iniciou a luta pela limitação do poder político, pois na Europa o poder dos 
governantes ainda era ilimitado e fundado na vontade divina. Foi nesta época que surgiram os primeiros 
movimentos de reivindicação de liberdades, dos quais provêm a Declaração das Cortes de Leão adotada na 
Península Ibérica, em 1188, e a Magna Carta inglesa, de 1215.
André de Carvalho Ramos ressalva que a Magna Carta continha um ingrediente “essencial ao futuro 
do regime jurídico dos direitos humanos: o catálogo de direitos dos indivíduos contra o Estado” (op. cit., p. 
36-37), claro que possuía um caráter elitista, pois protegia o Baronato inglês contra os abusos do monarca 
João Sem Terra, mas já era o início da luta pela limitação do poder político. Salienta o autor que, embora 
seu foco seja a elite fundiária, este documento já traz a ideia de governo representativo, além de reconhecer 
direitos como o de ir e vir em situação de paz, de ser julgado pelos seus pares, de acesso à Justiça e propor-
cionalidade entre o crime a pena. 
Após a Crise da Idade Média e o questionamento dos Estados Absolutistas, cada vez mais se passou a 
limitar o poder soberano do rei. Exemplo disso é a Petition of Right (Petição de Direitos), de 1628, em que 
o Baronato Inglês novamente impõe limites ao poder do rei em relação à cobrança de impostos, tornando-o 
dependente de autorização do Parlamento. Este documento ainda estabeleceu que “nenhum homem livre 
podia ser detido ou preso ou privado dos seus bens, das suas liberdades e franquias, ou posto fora da lei e 
exilado ou de qualquer modo molestado, a não se por virtude de sentença legal dos seus pares ou da lei do 
país” (RAMOS, 2015, p. 37-38), sendo o embrião do devido processo legal. Também na Inglaterra, surge 
a Declaração de Direitos, a Bill of Rights, de 1689, da Revolução Gloriosa, que reduziu o poder dos reis 
ingleses de forma definitiva. Esta declaração estabelece a necessidade de respeito à vontade da lei, sendo 
superior em relação à vontade do soberano, bem como reafirmou o poder do Parlamento, cujos membros 
eram livremente eleitos.
Entre os filósofos mais importantes sobre o tema, Ramos cita Hobbes, Grócio, John Locke, Rousseau e, 
em especial, Kant, já no final do século XVIII, que defendeu a existência da dignidade intrínseca a todo ser 
racional, que não tem preço ou equivalente, não podendo o ser humano ser tratado como um meio, mas sim 
como um fim em si mesmo, concepção atualmente importante para o regime jurídico dos direitos humanos.
Foram as revoluções liberais, inglesa, americana e francesa, e as suas respectivas declarações de 
Direitos, que trouxeram a afirmação histórica dos direitos humanos. 
Aula 1Noções gerais de Direitos Humanos 
13Direitos Humanos
Já falamos da Revolução Inglesa e do Bill of Rights de 1689. A Revolução Americana deu origem ao 
processo de independência das colônias britânicas na América do Norte, com a Declaração de Independência 
dos Estados Unidos de 04 de julho de 1776, estipulando que “todos os homens são criados iguais, sendo-lhes 
conferidos pelo seu Criador certos Direitos inalienáveis. Que para garantir estes Direitos, são instituídos 
Governos entre os Homens, derivando os seus justos poderes do consentimento dos governados”. (RAMOS, 
2015, p. 42).
Foi a partir da independência dos Estados Unidos da América que surgiu a primeira constituição do 
mundo, a Constituição norte-americana de 1787, e com ela a era do Constitucionalismo liberal.
A Revolução Francesa fez surgir a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, adotada 
pela Assembleia Nacional Constituinte francesa, em 27 de agosto de 1789, sendo considerada o marco para 
a proteção dos direitos humanos no plano nacional. A realidade social de desigualdade, o privilégio das cas-
tas e a insensibilidade das elites fizeram surgir os motins populares que resultaram na tomada da Bastilha em 
14 de junho de 1789. A Assembleia Nacional Constituinte formada por representantes dos três estamentos, 
sendo de um lado as elites religiosas (clero) e a nobreza e, de outro, o chamado “terceiro estado” (a grande 
e pequena burguesia além da camada urbana sem posses), adotaram a referida Declaração em 27 de agosto 
de 1789, que consagrou a igualdade e liberdade como direitos inatos de todos os indivíduos. Aboliram-se 
privilégios, direitos feudais e imunidades de várias castas, em especial da aristocracia de terras. (RAMOS, 
op. cit., p. 42-43).
A principal premissa da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, influen-
ciou a Constituição Francesa de 1791, bem como várias constituições e tratados de direitos humanos pos-
teriores, sendo ela: todos os homens nascem livres e com direitos iguais. Esta premissa consagra a ideia de 
universalidade dos direitos humanos, a qual seriadefinitivamente estabelecida pela Declaração Universal 
dos Direitos Humanos.
As revoluções liberais fizeram surgir uma categoria própria de direitos humanos, aqueles exercidos 
contra o poder do estado. Esta visão é própria do momento histórico vivido, da necessidade da classe bur-
guesa detentora do poder econômico, mas desprestigiada em relação ao reconhecimento de direitos na esfera 
jurídica. Demonstrou a pretensão de limitação do poder estatal em relação ao poder econômico, consagran-
do direitos como a liberdade e a igualdade, sempre no enfoque voltado a proteção do patrimônio.
Obviamente, tais movimentos somente agradaram a parcela da população que não possuía os privilé-
gios da elite, ou seja, somente aqueles detentores do poder econômico, a burguesia. Consequentemente, pas-
saram a surgir movimentos sociais visando à ampliação do rol de direitos humanos para abarcar os direitos 
sociais, como o direito à educação e assistência social. 
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
14 Direitos Humanos
Assim afirma Giuseppe Tosi [s.d.]:
A tradição liberal dos direitos do homem domina o período que vai do Século XVII até a metade do 
Século. XIX, quando termina a era das revoluções burguesas. Nesta época, irrompe na cena política o 
socialismo, que encontra suas raízes naqueles movimentos mais radicais da Revolução Francesa que 
queriam não somente a realização da liberdade, mas também da igualdade.
O socialismo, sobretudo a partir dos movimentos revolucionários de 1848 (ano em que foi publicado o 
Manifesto da Partido Comunista de Marx e Engels), reivindica uma série de direitos novos e diversos 
daqueles da tradição liberal. A egalité da Revolução Francesa era somente (e parcialmente) a igualdade 
dos cidadãos frente à lei, mas o capitalismo estava criando novas grandes desigualdades econômicas e 
sociais e o Estado não intervinha para pôr remédio a esta situação.
Os movimentos revolucionários de 1848 constituem um acontecimento chave na história dos direitos 
humanos, porque conseguem que, pela primeira vez, o conceito de “direitos sociais” seja acolhido na 
Constituição Francesa, ainda que de forma incipiente e ambígua. [...] Estava assim aberto o longo e 
tortuoso caminho que levaria progressivamente à inclusão de uma serie de direitos novos e estranhos 
à tradição liberal: direito à educação, ao trabalho, à segurança social, à saúde, etc. que modificam a 
relação do indivíduo com o Estado.
Na sua longa luta contra o absolutismo, o liberalismo considerava o Estado como um mal necessário 
e mantinha um relação de intrínseca desconfiança: a questão central era a garantia das liberdades in-
dividuais contra a intervenção do Estado nos assuntos particulares. Agora, ao contrário, tratava-se de 
obrigar o Estado a fornecer um certo número de serviços para diminuir as desigualdades econômicas e 
sociais e permitir a efetiva participação de todos os cidadãos à vida e ao “bem estar” social.
Surge o chamado “Estado do Bem-Estar Social” passando a ser consagrado nas Cartas Constitucionais 
(Constitucionalismo Social) por meio de diversos direitos sociais ao lado dos direitos políticos e civis.
George Sarmento ensina que:
Muitos foram os textos precursores dos direitos sociais, econômicos e culturais. Entre eles, a 
Constituição Francesa de 1848, a Constituição Mexicana de 1917, a Declaração Russa dos Direitos do 
Povo Trabalhador e Explorado (1918) e o Tratado de Versailles, de 1919. Mas foi a Constituição alemã 
de 1919, mais conhecida como Constituição de Weimar, que primeiro os sistematizou, criando um catá-
logo de direitos que exerceu forte influência sobre os países democráticos. (2011, p. 5-6).
A par disso, claro que não de forma uniforme e/ou linear, mas tentando se estabelecer uma breve noção 
histórica dos pontos mais marcantes da história dos direitos humanos, não se pode esquecer a relevância da 
Segunda Guerra Mundial para a internacionalização desta categoria de direitos.
Somente após as barbáries ocorridas na Segunda Guerra Mundial é que o discurso de proteção dos 
direitos humanos tomou uma dimensão universal e passou a ser alvo de preocupação internacional.
Aula 1Noções gerais de Direitos Humanos 
15Direitos Humanos
Por isso Fábio Konder Comparato sustenta:
após três lustros de massacres e atrocidades de toda sorte, iniciados com o fortalecimento do totalitaris-
mo estatal nos anos 30, a humanidade compreendeu, mais do que em qualquer outra época da história, 
o valor supremo da dignidade humana. O sofrimento como matriz da compreensão do mundo e dos 
homens, segundo a lição luminosa da sabedoria grega, veio a aprofundar a afirmação histórica dos 
direitos humanos. (2005, p. 54)
Poderíamos ficar aqui por diversas páginas analisando a influência dos acontecimentos decorrentes da 
Segunda Guerra Mundial na evolução dos Direitos Humanos, mas apenas recordar as atrocidades praticadas 
pelo nazismo durante aquele período já faz lembrar o total desrespeito à condição do ser humano pelos re-
gimes totalitaristas, que tiveram a capacidade de, legalmente, transformar as pessoas em displaced persons 
– seres supérfluos3.
3 “Objetivando demonstrar como os campos de concentração se tornaram a verdadeira instituição, constitutiva do cerne do poder organi-
zacional do regime nazista, Hannah Arendt descreve as três etapas por meios das quais os campos de concentração alcançam o objetivo 
do regime de dominação total dos indivíduos. 
 A primeira etapa para o domínio total é matar a pessoa jurídica, destituir o ser humano de sua capacidade para ser titular de direito e 
obrigações. 
 Hannah Arendt aponta o início deste processo através da desnacionalização maciça ocorrida na Europa no primeiro pós-guerra, criando 
assim pessoas destituídas do status civitatis, pessoas fora da lei, seres destituídos de qualquer proteção jurídica, e paradoxalmente (pois 
eram totalmente inocentes), em situação pior do que a de um criminoso, que ainda tem a proteção legal durante todo o procedimento 
criminal. 
 Ressalta Hannah Arendt que a inocência dos internados nos campos de concentração era essencial para o regime, pois somente assim 
seria possível se manter a continuidade dos campos que eram indispensáveis, juntamente com o sistema arbitrário de escolha do “ini-
migo objetivo”, para a destruição dos direitos civis de toda a população na busca do domínio total. 
 O próximo passo decisivo de preparo de “cadáveres vivos” é matar a pessoa moral do homem, que se obtém através do anonimato 
imposto pelo silêncio que cerca os campos de concentração. “O silêncio faz desaparecer a palavra escrita e falada, a dor e a recordação, 
até mesmo na memória da família dos internados.” 
 Os campos de concentração roubaram dos internados até mesmo a sua morte, fazendo os mesmos crer que a morte apenas estampava 
o fato de que ele jamais havia existido. Os campos de concentração, tornando anônima a própria morte e tornando impossível saber se 
um prisioneiro estava vivo ou morto, “roubaram da morte o significado de desfecho de uma vida realizada”.
 Após a morte da pessoa moral a única coisa que ainda impede que os homens se transformem em mortos vivos é a sua singularidade, 
sendo esta a parte da pessoa humana mais difícil de se destruir. 
 Hannah Arendt descreve a perda da singularidade através de alguns exemplos, demonstrando que começava com “as monstruosas con-
dições dos transportes a caminho do campo, onde centenas de seres humanos” amontoavam-se “num vagão de gado, completamente 
nus, colados uns aos outros, e são transportados de uma estação para outra, de desvio a desvio, dia após dia”; continuava quando chega-
vam ao campo: “o choque bem organizado das primeiras horas, a raspagem dos cabelos, as grotescas roupas do campo”; e terminavam 
“nas torturas inteiramente inimagináveis, dosadas de modo a não matar o corpo ou, pelo menos, não matá-lo rapidamente.” 
 Destruída a individualidade, a espontaneidade está destruída, “morta a individualidade, nada resta senão horríveis marionetes com 
rostosde homem, ... todas reagindo com perfeita previsibilidade mesmo quando marcham para a morte.” A vítima se deixa levar a 
morte sem protestos, sem sequer tentar afirmar a sua individualidade. 
 Demonstra finalmente Hannah Arendt que tais consequências não eram inúteis, os campos de concentração eram necessários ao obje-
tivo de domínio total, sendo que para isso era indispensável se liquidar no homem toda a sua espontaneidade, produto da existência da 
individualidade.” (ECHTERHOFF, 2006. p. 37-39).
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
16 Direitos Humanos
Como ensina Flávia Piovesan (2015, p. 196), “o legado do nazismo foi condicionar a titularidade de direitos, 
ou seja, a condição de sujeito de direitos, à pertinência de determinada raça – a raça pura ariana”. Portanto, funda-
do numa legalidade estrita, o Estado Nazista conseguiu restringir a condição de sujeito de direitos apenas àqueles 
sujeitos da raça pura ariana, negando o valor da pessoa humana como valor fonte do direito.
Com o término da guerra surgiu uma necessidade de reconstrução dos direitos humanos, por isso 
Piovesan afirma que “se a Segunda Guerra significou a ruptura com os direitos humanos, o pós-guerra 
deveria significar sua reconstrução” (op. cit., p. 196-197), mas agora num âmbito internacional, não se res-
tringindo ao âmbito reservado do Estado.
Neste contexto, a autora (op.cit.) afirma que o Tribunal de Nuremberg, em 1945-1946, foi um significativo 
impulso ao movimento de internacionalização dos direitos humanos, diante da criação de um Tribunal Militar 
Internacional com o fim de julgar os criminosos de guerra, bem como consolidando a ideia de limitação da sobe-
rania nacional, reconhecendo-se que os indivíduos têm direitos protegidos pelo Direito Internacional.
A vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial introduziu uma nova ordem com importantes trans-
formações no Direito Internacional, diante da criação das Nações Unidas em 1945, com a assinatura da 
Carta das Nações Unidas em 26 de junho de 1945, em São Francisco.
As Nações Unidas (chamada de Organização das Nações Unidas – ONU4) são organizadas em diversos 
órgãos, sendo que os seis principais são a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, a Corte Internacional 
de Justiça, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela e o Secretariado. 
É a Carta das Nações Unidas de 1945 que “consolida, assim, o movimento de internacionalização dos 
direitos humanos, a partir do consenso de Estados que elevam a promoção desses direitos a propósito e 
finalidade das Nações Unidas”. (PIOVESAN, op. cit., p. 209).
A carta das Nações Unidas faz expressa referência aos Direitos Humanos nos arts. 1.º (3), 13 (1 e 2), 
55, 56 e 62 (2 e 3).
Num exame detido da Carta das Nações Unidas se constata que este documento, embora faça expressa 
referência aos direitos humanos, não define o seu conteúdo, o que somente veio a ser feito três anos depois, 
com o advento da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH).
Por óbvio que esta breve análise histórica dos direitos humanos não foi capaz de abranger todos os 
fatos históricos, mas os mais relevantes até o advento da DUDH foram examinados, o que é suficiente para 
o objetivo proposto. A partir deste exame histórico constata-se que os direitos humanos surgem de acordo 
com a necessidade de sua consagração, primeiro surgiram direitos civis e políticos vinculados à necessidade 
de limitação do poder do estado, em seguida surgem direitos econômicos, sociais e culturais, decorrentes da 
noção do Estado do Bem-estar Social. 
4 Mais informações em: <https://nacoesunidas.org/>. Acesso em: 02 fev. 2016.
Aula 1Noções gerais de Direitos Humanos 
17Direitos Humanos
Como bem adverte Norberto Bobbio (1992, p. 6):
Os direitos humanos não nascem todos de uma só vez, nascem quando devem ou podem nascer. 
Nascem quando o aumento do poder do homem sobre o homem – que acompanha inevitavel-
mente o progresso técnico, isto é, o progresso da capacidade do homem de dominar a natureza e 
os outros homens – ou cria novas ameaças à liberdade do indivíduo, ou permite novos remédios 
para as suas indigências: ameaças que são enfrentadas através de demandas de limitações de 
poder; remédios que são providenciados através da exigência de que o mesmo poder intervenha 
de modo protetor.
Assim surge a Teoria das Gerações ou Dimensões dos Direitos Humanos, lançada pelo jurista francês 
de origem tcheca, Karel Vasak, que, em 1979, classificou os direitos humanos em três gerações, cada uma 
com características próprias, sendo que atualmente outros autores defendem a ampliação destas categorias 
para quatro e até cinco gerações: (RAMOS, op. cit., p. 55). 
Karel Vasak vinculou cada uma das três gerações a um dos componentes do dístico da Revolução 
Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade (RAMOS, op. cit., p. 55). São considerados direitos de pri-
meira geração os direitos de liberdade, os direitos vinculados às liberdades públicas e direitos políticos, 
referindo-se aqueles direitos às prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a esfera de autonomia 
do indivíduo, limitando a esfera de poder do Estado.
Dentre estes direitos, George Sarmento (op. cit., p. 3-4) cita a liberdade de expressão, a presunção de 
inocência, a inviolabilidade de domicílio, a proteção à vida privada, a liberdade de locomoção, os direitos da 
pessoa privada de liberdade, o devido processo legal, entre outros. No campo dos direitos políticos podem 
ser indicados: o direito ao voto (tanto de votar, como de ser votado), o direito de ocupar cargos públicos, o 
direito à filiação partidária, entre outros.
Os direitos humanos de segunda geração são aqueles que passam a exigir um papel ativo do Estado, 
visando garantir os chamados direitos sociais, econômicos e culturais, nascidos do chamado Estado do Bem-
estar Social. Dentre estes direitos, George Sarmento (op. cit., p. 7.) cita:
a) Direitos Sociais: educação, saúde, trabalho, moradia, lazer segurança, previdência social, assistência 
aos desamparados, proteção à maternidade e à infância [...].
b) Direitos Econômicos: valorização do trabalho, livre iniciativa, função social da propriedade, livre 
concorrência, defesa do consumidor, redução das desigualdades regionais e sociais etc. [...].
c) Direitos Culturais: acesso às fontes da cultura nacional, valorização e difusão das manifestações 
culturais, proteção às culturas populares, indígenas e afro-brasileiras; proteção ao patrimônio cultural 
brasileiro, que são os bens de natureza material e imaterial portadores de referência à identidade, à ação, 
à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira [...].
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
18 Direitos Humanos
Os direitos de terceira geração, conhecidos como direitos de fraternidade ou de solidariedade, têm 
como pressuposto a proteção da coletividade ou de um grupo social vulnerável. George Sarmento menciona 
entre estes direitos, o direito ao desenvolvimento, à paz, à propriedade sobre o patrimônio comum da hu-
manidade, o direito de comunicação, o de autodeterminação dos povos, à defesa de ameaça de purificação 
racial e genocídio, à proteção contra as manifestações de discriminação racial, à proteção em tempos de 
guerra ou qualquer outro conflito armado. No âmbito nacional, o autor cita os direitos decorrentes da pro-
teção ambiental, do direito do consumidor, da criança e adolescente, idosos, portadores de deficiência, bem 
como a proteção dos bens que integram o patrimônio artístico, histórico, cultural, paisagístico, estético e 
turístico (SARMENTO, op. cit., p. 8-9). 
Atualmente, alguns autores afirmam que há uma quarta geração de direitos humanos decorrentes das 
inovações das ciências biomédicas “referentes aos efeitos cada vez mais traumáticos da pesquisa biológica, 
que permitirá manipulações do patrimônio genético de cada indivíduo.” (BOBBIO, op. cit., p. 6) 
Neste sentido, Salvador Darío expõe:
Toda uma série de novos direitos – alguns já consolidadose outros em processo de se consolidarem 
como o direito à proteção do genoma humano contra práticas contrárias à dignidade do indivíduo, à 
autodeterminação genética, à privacidade genética, à não discriminação por razoes genéticas, ao con-
sentimento livre e informado para a realização de estudos genéticos, etc., configuram uma nova di-
mensão dos Direitos Humanos, categoria histórica que permanentemente em seu caminho se adapta às 
exigências e às necessidades do momento, para proteger o homem em sua dignidade e em sua liberdade. 
(BERGEL, 2002, p. 329 – tradução nossa5).
George Sarmento (op. cit., p. 12), advertindo que não existe consenso na existência desta geração, 
quem dirá nas espécies de direitos que estariam inclusas nesta categoria, entende que dentre os direitos da 
quarta geração estariam, também, os direitos de informática, produto da Sociedade de Informação.
Embora não haja concordância em relação às dimensões dos direitos humanos ou a forma de sua clas-
sificação, há consenso em relação ao seu fundamento axiológico (referente a um conceito de valor), sendo 
que, seja doutrinariamente, seja normativamente, os direitos humanos são extraídos, em essência, da noção 
de dignidade da pessoa humana, das exigências consideradas imprescindíveis e inescusáveis a uma vida 
digna, da proteção do ser humano.
5 Tradução livre da autora, referente ao trecho original: 
 Toda una seria de nuevos derechos – algunos ya consolidados y otros en proceso de serlo-tales como el derecho a la protección del 
genoma humano contra prácticas contrarias a la dignidad del individuo, a la autodeterminación genética, a la privacidad genética, a la 
no-discriminación por razones genéticas, al consentimento libre e informado para la realización de estudios genéticos, etc., conforman 
uma nueva dimensión de los Derechos Humanos, categoría histórica que permanentemente en su camino fue adaptándose a los reque-
rimientos y a las necesidades del momento, para proteger al hombre en su dignidad y en su libertad. (BERGEL, 2002. p. 329).
Aula 1Noções gerais de Direitos Humanos 
19Direitos Humanos
Conceituar a dignidade da pessoa humana é uma tarefa difícil, sendo mais fácil se constatar no caso 
concreto a ofensa à dignidade do que definir o que é viver com dignidade. Porém, é inegável que a dignidade 
é um conceito a priori, anterior a própria existência do ordenamento jurídico, é um dado prévio, uma quali-
dade integrante e irrenunciável da própria condição humana e que está em constante processo de desenvol-
vimento de acordo com o momento histórico e cultural da sociedade (SARLET, 2002, p. 40).
Parte
2 A Declaração Universal dos Direitos 
Humanos e os organismos internacionais 
de proteção aos Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é considerada um marco na 
proteção dos direitos humanos, tendo sido aprovada de forma unanime6 pela Assembleia 
Geral das Nações Unidas em Paris, no dia 10 de Dezembro de 1948. 
Ela foi elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas 
as regiões do mundo, tendo sido a primeira organização internacional que abrangeu a quase 
totalidade dos povos da Terra.
A declaração é composta por 30 artigos, sendo que no seu primeiro artigo, o documento já demonstrou 
a que veio:
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. 
São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos 
outros com espírito de fraternidade.” (DUDH, ONU, 1948)
Flavia Piovesan (op. cit., p. 215) ressalva que “a Declaração consolida a afirmação de uma ética uni-
versal ao consagrar um consenso sobre valores de cunho universal a serem seguidos pelos Estados”, o que 
é observado desde o seu preâmbulo ao afirmar a consagração da dignidade humana como valor universal.
A autora demonstra com clareza as razões históricas da necessidade da Declaração ressalvar expressa-
mente a característica de universalidade destes direitos:
A Declaração Universal de 1948 objetiva delinear uma ordem pública mundial fundada no respeito à 
dignidade humana, ao consagrar valores básicos universais. Desde seu preâmbulo, é afirmada a dignidade 
6 Foi aprovada por 48 Estados, com 8 abstenções (não houve votos contrários), da Bielorrússia, Checoslováquia, Polônia, Arábia 
Saudita, Ucrânia, URSS, África do Sul e Iuguslávia. Contudo, em 1975, no Ato Final da Conferência de Helsinki sobre Segurança e 
Cooperação na Europa, os Estados comunistas da Europa aderiram expressamente à DUDH. (PIOVESAN, op. cit., p. 215).
Vídeo
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
20 Direitos Humanos
inerente a toda pessoa humana, titular de direitos iguais e inalienáveis. Vale dizer, para a Declaração 
Universal a condição de pessoa é o requisito único e exclusivo para a titularidade de direitos. A universali-
dade dos direitos humanos traduz a absoluta ruptura com o legado nazista, que condicionava a titularidade 
de direitos à pertinência à determinada raça (a raça pura ariana). A dignidade humana como fundamento 
dos direitos humanos e valor intrínseco à condição humana é concepção que, posteriormente, viria a ser 
incorporada por todos os tratados e declarações de direitos humanos, que passaram a integrar o chamado 
Direito Internacional dos Direitos Humanos. (PIOVESAN, op. cit., p. 216)
Entre os direitos que disciplinam a declaração, alguns fazem expressa referência aos direitos civis (exem-
plos, art. XVII e XVIII7) e políticos (exemplo, o artigo XXI8), além dos direitos econômicos (exemplo, art. XXIII9, 
também exemplo de direito social), sociais (exemplo, artigo XXV10) e culturais (exemplo, artigo XXVII11)12.
7 “Artigo XVII 
 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 
 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. 
 Artigo XVIII 
 Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou 
crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em 
particular.”
8 “Artigo XXI 
 1. Todo ser humano tem o direito de fazer parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente 
escolhidos. 
 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 
 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio 
universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.”
9 “Artigo XXIII 
 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra 
o desemprego. 
 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 
 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma 
existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.”
10 “Artigo XXV 
 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, 
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, 
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circuns tâncias fora de seu controle. 
 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio 
gozarão da mesma proteção social.”
11 “Artigo XXVII 
 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir das artes e de participar do progresso 
científico e de seus benefícios. 
 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literária ou 
artística da qualseja autor.”
12 Para ter acesso à íntegra da Declaração, acesse: <www.dudh.org.br/wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf>.
Aula 1Noções gerais de Direitos Humanos 
21Direitos Humanos
O que demonstra com clareza a adequação dos momentos históricos decorrentes do discurso liberal e 
social, evidenciando as diferentes gerações de direitos humanos e demonstrando a sua inter-relação e inter-
dependência, sem que uma geração venha a substituir a outra.
A doutrina jurídica muito discutiu sobre a eficácia da DUDH diante do fato de ter sido adotada sob a 
forma de uma Resolução, que, no âmbito do ordenamento jurídico, não possui força de lei em sentido estrito. 
A posição majoritária é que a Declaração possui sim força jurídica vinculante13, como fonte de direito, seja 
por integrar o direito costumeiro internacional e/ou os princípios gerais de direito. 
Assim, leciona Flávia Piovesan:
Para este estudo, a Declaração Universal de 1948, ainda que não assuma a forma de tratado interna-
cional, apresenta força jurídica obrigatória e vinculante, na medida em que constitui a interpretação 
autorizada da expressão “direitos humanos” constante dos arts. 1.º (3) e 55 da Carta das Nações Unidas. 
Ressalta-se que, à luz da Carta, os Estados assumem o compromisso de assegurar o respeito universal 
e efetivo aos direitos humanos. 
Ademais, a natureza jurídica vinculante da Declaração Universal é reforçada pelo fato de – na qualida-
de de um dos mais influentes instrumentos jurídicos e políticos do século XX – ter-se transformado, ao 
longo dos mais de cinquenta anos de sua adoção, em direito costumeiro internacional e principio geral 
do Direito Internacional. (PIOVESAN, op. cit., p. 225-226).
É inegável a força vinculante da DUDH quando se examina diversos outros textos de tratados e 
documentos internacionais relacionados aos direitos humanos, bem como e, em essência, ao se pesquisar as 
Constituições Nacionais e se constatar que aqueles mesmos direitos humanos foram incorporados no âmbito 
nacional, inclusive em decisões judiciais de tribunais locais. 
Em razão desta discussão sobre a força vinculante da DUDH, iniciou-se uma ampla discussão interna-
cional com o objetivo de juridicização14 da Declaração em forma de tratado internacional. Este processo foi 
concluído em 1966 com a elaboração de dois tratados internacionais – o Pacto Internacional dos Direitos 
Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – que incorporaram 
os direitos constantes na DUDH (PIOVESAN, op. cit., p. 238).
A união destes pactos e da DUDH forma a Carta Internacional dos Direitos Humanos, International 
Bill of Rights, formando assim o sistema global de proteção dos direitos humanos que vem sendo ampliado 
constantemente com tratados multilaterais de direitos humanos, pertinentes a determinadas e específicas 
violações de direitos, como, por exemplo, a violação dos direitos das crianças, das mulheres, discriminação 
racial, entre outras (PIOVESAN, op. cit., p. 238-239).
13 Quando se fala em força jurídica vinculante, está se tratando da ideia de força de lei, de conteúdo de observância obrigatória, que 
possui coercibilidade.
14 Juridicização significa o ingresso de determinado documento, no caso a DUDH, no mundo jurídico, deixando de ser mera carta de 
intenções e passando a ter conteúdo de norma jurídica, de lei em sentido estrito.
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
22 Direitos Humanos
Portanto, além da DUDH e dos Pactos já indicados, podemos citar, dentre outras: 
• Convenção para Prevenção e Repressão ao Crime de Genocídio;
• Convenção Internacional contra a Tortura; 
• Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial; 
• Convenção sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher; 
• Convenção sobre os Direitos da Criança; 
• Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
À ONU, através de seus diversos órgãos, cabe também a proteção aos direitos humanos, conforme já 
examinamos antes. Por isso, em 1946, foi criada a Comissão de Direitos Humanos da ONU, a qual, após 
mais de 50 anos de trabalho, em 24 de março de 2006 teve sua última sessão, sendo abolida em 16 de junho 
de 2006 e substituída pelo Conselho de Direitos Humanos. 
A criação do Conselho de Direitos Humanos objetivou dar maior credibilidade à temática no âmbito 
da ONU, pois, ao contrário da comissão anterior, este não se submete ao conselho de direito econômico e 
social, sendo subsidiário da Assembleia Geral. O Conselho passa a gozar de uma natureza semipermanen-
te, possuindo reuniões várias vezes ao ano e não somente uma, como ocorria anteriormente (VIEGAS E 
SILVA, 2013, p. 104).
O conselho é formado por 47 Estados-membros, eleitos diretamente pela Assembleia Geral da ONU 
com base no princípio do escrutínio universal15 e da não seletividade política16, observando-se a distribuição 
geográfica equitativa dentre os grupos regionais, sendo 13 membros dos Estados africanos; 13 membros dos 
Estados asiáticos; 6 membros dos Estados do Leste europeu; 8 membros dos Estados da América Latina e 
Caribe; e 7 membros dos Estados da Europa ocidental e demais Estados. 
Conforme afirma Flávia Piovesan (op. cit., p. 212), a composição do Conselho aponta novo critério 
para a formação das maiorias, pois os países com reduzido e médio graus de desenvolvimento contarão com 
expressiva maioria de 40 membros.
Dentre as suas principais atribuições, o Conselho tem como vocação institucional “promover o respeito 
universal pela proteção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais de todas as pessoas, sem 
distinções de nenhum tipo e de forma justa e equitativa” (Assembleia Geral, Resolução 60/251, parágrafo 2 
apud BORGES, 2011). 
15 Escrutínio significa a forma como o exercício do direito ao voto se realiza. Ao se falar em escrutínio universal se dá a ideia que o direito 
ao voto será exercido por todos, sem restrições como as advindas de raça, credo ou sexo, por exemplo.
16 Ao afirmar que a eleição dos Estados-membros tem como base o princípio da não seletividade política se pretende demonstrar que os 
critérios não são políticos.
Aula 1Noções gerais de Direitos Humanos 
23Direitos Humanos
E, ainda, o Conselho se ocupará de: 
[...] situações em que se violem os direitos humanos, incluídas as violações graves e sistemáticas; coordenar 
e incorporar os direitos humanos à atividade geral do sistema da ONU; impulsionar a promoção e a proteção 
de todos os direitos humanos, incluído o direito ao desenvolvimento; promover a educação em direitos hu-
manos e prestar serviços de assessoria técnica por solicitação e de acordo com os Estados interessados; servir 
de fórum para o diálogo sobre questões temáticas referentes a todos os direitos humanos; contribuir para o 
desenvolvimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos; promover o pleno cumprimento das obri-
gações em matéria de direitos humanos contraídas pelos Estados; facilitar o acompanhamento dos objetivos 
e compromissos sobre direitos humanos emanados das conferências e cúpulas das Nações Unidas; realizar 
um exame periódico universal, baseado em informação objetiva e fidedigna, sobre o cumprimento por cada 
Estado de suas obrigações e compromissos em matéria de direitos humanos, de uma forma que garanta a 
universalidade do exame e a igualdade de tratamento em relação a todos os Estados, baseado num diálogo 
interativo, com a plena participação do país de que se trate e levará em consideração suas necessidades em 
relação ao fomento da capacidade; prevenir as violações de direitos humanos e responder com prontidão 
às situações de emergência em matéria de direitos humanos; cooperar estreitamente em matéria de direitos 
humanos com os governos, as organizações regionais, as instituições nacionais de direitos humanos e a so-
ciedade civil ; e assumir as funções e atribuições da Comissão de Direitos Humanos em relação ao Escritório 
do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.( AssembleiaGeral, Resolução 60/251, 
parágrafo 2-5 apud BORGES, 2011).
A grande novidade trazida com o Conselho de Direitos Humanos foi a Revisão Periódica Universal 
(RPU) que é um mecanismo em que se realiza um exame da situação de direitos humanos da totalidade dos 
Estados membros da ONU em ciclos de quatro anos (no primeiro ciclo) e quatro anos e meio (a partir do 
segundo ciclo). 
Ressalta Marisa Viegas e Silva (op. cit., p. 113): 
Observe-se que o objetivo da RPU não é de duplicar o trabalho já exercido pelos órgãos para fiscalizar 
a aplicação dos tratados de direitos humanos e os procedimentos especiais, mas complementá-lo. Neste 
sentido, a RPU distingue-se desses outros mecanismos por algumas características, como seu caráter 
essencialmente interestatal, o fato de que as recomendações emanam do Estado individualmente e não 
do Conselho como órgão; a possibilidade de aceitação ou rejeição da recomendação por parte do Estado 
examinado, com a consequência de que somente as recomendações aceitas devem ser implementadas; 
a universalidade da revisão e dos direitos objetos da revisão. Ainda a este respeito, durante os primeiros 
anos de atividade há registros de intercâmbio positivo de informação entre a RPU e os demais mecanis-
mos – por exemplo, algumas recomendações formuladas durante o RPU foram utilizadas pelos órgãos 
encarregados de verificar o cumprimento dos tratados de direitos humanos ou pelos procedimentos 
especiais e, por outro lado, muitos Estados utilizaram sua participação na RPU para comentar suas 
atividades perante aqueles mecanismos, ou para realizar recomendações a terceiros países relativas a 
tais mecanismos. Podemos afirmar, inclusive, que em certo sentido a Revisão Periódica Universal tem 
funcionado como ferramenta de estímulo à implementação das obrigações dos procedimentos especiais 
e dos órgãos estabelecidos em virtude dos tratados.
Portanto, o Estado-membro que passa pela revisão periódica universal participa da avaliação e assume 
compromissos voluntários relacionados às recomendações decorrente da RPU.
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
24 Direitos Humanos
A par do Conselho de Direitos Humanos, o Pacto de Direitos Civis e Políticos determinou a constitui-
ção do Comitê de Direitos Humanos, que é integrado por 18 membros que exercem a sua função a título 
pessoal. Estes membros são indicados pelos Estados Partes do Pacto e devem ser pessoas de elevada repu-
tação moral e reconhecida competência em matéria de direitos humanos. Cada Estado Parte pode indicar 
duas pessoas que devem ser nacionais do país que as indicou, passando-se por eleição que se dá mediante 
votação secreta entre os Estados Partes em reunião convocada pelo Secretário-Geral da ONU, não podendo 
ser eleito mais de um nacional do mesmo Estado (RAMOS, op. cit., p. 288).
O Comitê tem competência de examinar os relatórios sobre as medidas adotadas para tornar efetivos os 
direitos reconhecidos no Pacto, emitir recomendações aos Estados Partes, receber e examinar comunicações 
em que um Estado Parte alegue que outro não vem cumprindo as obrigações previstas no Pacto, bem como 
comunicações de indivíduos que aleguem ser vítimas de violação de qualquer dos direitos previstos no 
Pacto17 (RAMOS, op. cit., p. 289-290).
Podemos citar, ainda, entre organismos vinculados à proteção dos direitos humanos, o Conselho 
Econômico e Social, órgão das Nações Unidas responsável por coordenar assuntos internacionais de ca-
ráter econômico, social, cultural, educacional, de saúde e conexos; e o seu respectivo Comitê de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais (RAMOS, op. cit., p. 291-292).
Mencionamos, ainda, o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial, o Comitê para a Eliminação 
da Discriminação contra a Mulher, Comitê contra a Tortura, Comitê para os Direitos da Criança, Comitê 
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o Comitê contra Desaparecimentos Forçados.
Finalmente, não podemos esquecer do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, 
criado por meio da Resolução 48/141 da Assembleia Geral da ONU, de 20 de dezembro de1993, cujo ob-
jetivo é unir todos os esforços das Nações Unidas no que tange a proteção dos direitos humanos. O Alto 
Comissário é alguém de elevada idoneidade moral e integridade pessoal, devendo ser expert no campo dos 
direitos humanos, sendo indicado pelo Secretário-Geral da ONU e aprovado pela Assembleia Geral, tendo 
em conta uma alternância geográfica (RAMOS, op. cit., p. 317-319).
Ao lado destes organismos vinculados à ONU, temos órgãos regionais, decorrentes de um sistema regional de 
proteção aos direitos humanos. Entre eles, podemos citar o sistema regional americano da OEA Organização dos 
Estados Americanos (OEA), que é o mais antigo organismo regional do mundo, tendo sido fundado em 1948, com 
a aprovação da Carta da OEA e a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem.
A Declaração Americana anterior, inclusive, à Declaração Universal, já reconhecia a universalidade 
dos direitos humanos e, juntamente com a Carta da OEA, trazia disposições sobre direitos humanos.
Dentre os saltos de desenvolvimento do sistema interamericano de proteção de direitos humanos, deve ser ci-
tada a aprovação do texto da Convenção Americana de Direitos Humanos (assinada na Conferência Especializada 
17 Aqui nos referimos especificamente aos direitos civis e políticos previstos no Pacto, como, por exemplo, o direito à vida (art. 6.º, item 
1), proteção contra à tortura e à pena ou a tratamentos cruéis, inumanos ou degradantes (art. 7.º), proteção contra à escravidão (art. 8.º), 
direito à liberdade e à segurança (art. 9.º), entre outros. Texto integral no link: </www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/doc/pacto2.htm> 
(PACTO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS, ONU, 1966).
Aula 1Noções gerais de Direitos Humanos 
25Direitos Humanos
Interamericana sobre Direitos Humanos, em San José – Costa Rica, em 22 de novembro de 1969), que criou 
órgãos como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
A Convenção Americana veio aprofundar a redação dos direitos enunciados na Declaração Americana dos 
Direitos e Deveres do Homem, mas vinculando os Estados membros da OEA e trazendo um extenso rol de direi-
tos protegidos, dentre eles direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais (RAMOS, op. cit., p. 251-262).
Finalmente, somente para esclarecer a adoção pelo Brasil dos principais documentos internacionais de 
proteção dos direitos humanos, trazemos abaixo uma relação destes com a correspondente data de adoção e 
ratificação pelo nosso país:
Quadro 1 – Os instrumentos Globais de Direitos Humanos Ratificados pelo Estado Brasileiro:
Instrumento
internacional
Data de adoção Data da ratificação
Carta das Nações Unidas Adotada e aberta à assinatura pela Conf. de São Francisco em 26.05.1945 21.09.1945
Declaração Universal dos Direitos 
Humanos
Adotada e proclamada pela Res. 217 A (III) da 
Assembleia Geral das Nações Unidas em 10.12.48
Assinada em 
10.12.1948
Pacto Internacional dos Direitos Civis 
e Políticos
Adotado pela Res. 2.200-A (XXI) da Assembleia 
Geral das Nações Unidas em 16.12.1966 24.01.1992
Pacto Internacional dos Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais
Adotado pela Res. 2.200-A (XXI) da Assembleia 
Geral das Nações Unidas em 16.12.1966 24.01.1992
Convenção contra a Tortura e outros 
Tratamentos ou Penas Cruéis, 
Desumanos ou Degradantes
Adotado pela Res. 39/46 da Assembleia Geral das 
Nações Unidas em 10.12.1984 28.09.1989
Convenção sobre a Eliminação de 
Todas as formas de Discriminação 
contra a Mulher
Adotada pela Res. 34/180 da Assembleia Geral das 
Nações Unidas em 18.12.1979 01.02.1984
Convenção sobre a Eliminação de 
Todas as Formas de Discriminação 
Racial
Adotada pela Res. 2.106-A (XX) da Assembleia 
Geral das Nações Unidas em 21.12.1965 27.03.1968
Convenção sobre os Direitos da 
Criança
Adotada pela Res. L.44 (XLIV) da Assembleia 
Geral das NaçõesUnidas em 20.11.1989 24.09.1990
(PIOVESAN, 1997. p. 335-337, apud DHNET, s.d.)
Com relação aos documentos regionais, podemos citar:
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
26 Direitos Humanos
Quadro 2 – Os instrumentos regionais de Direitos Humanos ratificados pelo Estado Brasileiro. 
Instrumento 
internacional Data de adoção Data da ratificação
Convenção Americana de 
Direitos Humanos
Adotada e aberta à assinatura na Conf. 
Especializada Interamericana sobre 
Direitos Humanos, em São José Costa 
rica, em 22.11.1969
25.09.1992
Convenção Interamericana para 
Prevenir e Punir a Tortura
Adotada pela Assembleia geral da OEA 
em 09.12.1985 20.07.1989
Convenção Interamericana para 
Prevenir, Punir e Erradicar a 
Violência contra a Mulher
Adotada pela Assembleia Geral da 
Organização dos Estados Americanos em 
06.06.1994
27.11.1995
(PIOVESAN, 1997, p. 337, apud DHNET, 2016)
Parte
3 Os Direitos Humanos no âmbito 
nacional: da Constituição Federal 
de 1988 aos sistemas de proteção 
aos Direitos Humanos
É claro que a Constituição Federal de 1988 é o marco na legislação brasileira quando 
se fala em Direitos Humanos, no respeito à pessoa humana e na restauração do ser humano 
como o centro do ordenamento jurídico, ainda mais quando se examina em que momento 
e condições históricas a nossa Carta Magna surgiu, logo após mais de 20 anos de Ditadura 
Militar.
Todavia, é necessário observamos que as Constituições anteriores já previam, mesmo 
que formalmente, um rol de direitos a serem assegurados pelo Estado, embora não se reconhecia aplicabili-
dade imediata da norma constitucional.
Inclusive, a Constituição de 1967, em plena Ditadura Militar, trazia em seu artigo 150 um rol de di-
reitos e garantias individuais, fazendo referência a outros direitos decorrentes do regime e dos princípios 
Vídeo
Aula 1Noções gerais de Direitos Humanos 
27Direitos Humanos
constitucionais no artigo 150, §35. Contudo, o artigo 151 da Constituição de 1967 trazia uma ameaça explí-
cita aos inimigos do regime, determinando que aquele que abusar dos direitos individuais previstos nos §§ 
8.º, 23, 27 e 28 do artigo anterior e dos direitos políticos, para atentar contra a ordem democrática ou praticar 
a corrupção, incorrerá na suspensão destes últimos direitos pelo prazo de dois a dez anos. A Emenda 1 de 
1969 seguia o mesmo caminho da Constituição de 1967 (RAMOS, op. cit., p. 366).
Com o fim da Ditadura Militar, o surgimento da “Constituição Cidadã” foi uma reação a mais de vinte anos 
do regime ditatorial, com uma forte inserção de direitos e garantias no texto constitucional, além da mudança do 
perfil do Ministério Público que deixou de ser vinculado ao Poder Executivo e ganhou autonomia, independência 
funcional e a missão de defesa de direitos humanos, ao lado da Defensoria Pública que foi mencionada pela pri-
meira vez na norma constitucional também comprometida com a defesa destes direitos (RAMOS, op. cit., p. 366).
A Constituição Federal de 1988 traz em seu bojo, como fundamento do Estado Democrático de Direito, o 
princípio da dignidade da pessoa humana (artigo 1.º, III), reestabelecendo o ser humano como o centro do orde-
namento jurídico. 
Flademir Jerônimo Belinati Martins (2003, p. 47-51) ressalta que a primeira Constituição brasileira a 
tratar o princípio da dignidade da pessoa humana como fundamento da República e do Estado Democrático 
de Direito foi a de 1988, sob influência das Constituições Alemã, Espanhola e Portuguesa.
Há certa unanimidade acadêmica ao afirmar que este princípio é um “valor-guia”18 de toda a ordem jurí-
dica, social, política e cultural, sendo substrato axiológico (valor base) de todo o nosso sistema jurídico, razão 
pela qual assinala Martins que “os conceitos de Estado, República e Democracia são funcionalizados a um 
objetivo, a uma finalidade, qual seja, a proteção e promoção da dignidade da pessoa humana” (op. cit., p. 63).
Lembrando que o princípio da dignidade da pessoa humana é o fundamento dos direitos humanos, vislumbra-se a 
importância de sua consagração na Constituição Federal de 1988 como fundamento da República Federativa do Brasil. 
E, antes mesmo de iniciar a apresentação do rol de direitos humanos e/ou fundamentais, a Constituição brasileira traz 
em seu artigo 3.º quais são os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
Art. 3.º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. (BRASIL, 1988.)
18 Expressão utilizada por Ingo Wolfgang SARLET. (SARLET, op. cit., p. 72).
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
28 Direitos Humanos
E no artigo 4.º - inciso II, faz, pela primeira vez, expressa referência aos direitos humanos: “prevalência 
dos direitos humanos” (BRASIL, 1988).
Quanto ao rol de direitos humanos, a Constituição de 1988 é considerada um marco na história consti-
tucional brasileira, pois “introduziu o mais extenso e abrangente rol de direitos das mais diversas espécies, 
incluindo os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, além de prever várias garantias consti-
tucionais, algumas inéditas, como o mandado de injunção e o habeas data” (RAMOS, op. cit., 369).
Entre os direitos expressamente reconhecidos no texto constitucional, há uma extensa relação de direi-
tos individuais e coletivos (Capítulo I, art. 5.°), de direitos sociais (Capítulo II, art. 6.° a 11), de direitos de 
nacionalidade (Capítulo III, art. 12 e 13) e de direitos políticos (Capítulo IV, art. 14 a 16).
E se não bastasse, a Constituição brasileira estabelece expressamente que o rol nela existente não é 
exaustivo: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime 
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil 
seja parte”. (BRASIL, 1988, art. 5.º, §2.º)
Não se pode, em hipótese alguma, deixar de ressaltar que as normas que estabelecem direitos e ga-
rantias individuais são cláusulas pétreas (art. 60, §4.º, IV da CF), ou seja, não podem ser objeto de emenda 
constitucional, não podendo sofrer qualquer espécie de alteração legislativa.
Buscando a implementação de todas as espécies de direitos humanos, a Conferência Mundial de Viena 
de 1993, organizada pela Organização das Nações Unidas, promulgou a Declaração e o Programa de Ação, 
estabelecendo, inclusive, o dever dos Estados de adotar planos nacionais de direitos humanos. (RAMOS, 
op. cit., p. 420).
Em 13 de maio de 1996, foi editado pela Presidência da República o Decreto 1.904, que criou o 
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) cuja meta era realizar um diagnóstico da situação desses 
direitos no País e medidas para a sua defesa e promoção. Este PNDH foi denominado de PNDH-1 e estava 
voltado a garantia de proteção dos direitos civis, com especial foco no combate à impunidade e à violência 
policial (RAMOS, op. cit., p. 421-422). 
O PNDH-2, aprovado pelo Decreto 4.229/2002, possuía como ênfase os direitos sociais em sentido 
amplo e de grupos vulneráveis, como os direitos dos afrodescendentes, dos povos indígenas, de orientação 
sexual, consagrando o multiculturalismo. (RAMOS, op. cit., p. 422) 
Já o PNDH-3, aprovado em 2009, adotou eixos orientadores: 
I – Interação democrática entre Estado e Sociedade Civil; 
II – Desenvolvimento e Direitos Humanos; 
III – Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades; 
IV – Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência; 
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29Direitos Humanos
V – Educação e Cultura em Direitos Humanos; 
VI – Direito à Memória e à Verdade. (RAMOS, op. cit., p. 423). 
O PNDH-3 propõe a atuação conjunta do governo federal, governos estaduais,municipais e da so-
ciedade civil para a proteção dos direitos humanos. Para sua implementação foi criado o “Comitê de 
Acompanhamento e Monitoramento do PNDH-3” integrado por 21 representantes de órgãos do Poder 
Executivo, presidido pelo Secretário de Direitos Humanos, que designará os demais representantes.
(RAMOS, op. cit., p. 424-425).
Com o objetivo de intensificar a proteção dos direitos humanos e levando em consideração a diversidade 
regional e cultural, vários Estados brasileiros adotaram programas estaduais de direitos humanos, sendo o 
primeiro deles o Estado de São Paulo, pelo Decreto 42.209/97 que criou o PEDH, designando a Secretaria da 
Justiça e da Defesa da Cidadania para coordenar as iniciativas governamentais ligadas ao PEDH.
Dentre as principais instituições de defesa dos direitos humanos na esfera do executivo federal temos: 
a) Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 
b) Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos; 
c) Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Secretaria de Políticas para as Mulheres; 
d) Conselho de Direitos Humanos; 
e) Conselho Nacional dos Direitos da Criança e Adolescentes – CONANDA; 
f) Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – CONADE; 
g) Conselho Nacional dos Direitos do Idoso – CNDI; 
h) Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, 
Bissexuais, Travestis e Transexuais – CNCD-LGBT; 
i) Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos – CEMDP; 
j) Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo – CONATRAE; 
k) Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos – CNEDH; 
l) Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR; 
m) Conselho Nacional dos Direitos da Mulher – CNDM. (RAMOS, op. cit., p. 429-459).
No âmbito do Poder Legislativo Federal temos a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara 
dos Deputados (CDHM). Necessário citar ainda o Ministério Público Federal e a Procuradoria Federal dos 
Direitos do Cidadão, que também possuem como função a proteção dos direitos humanos (art. 127 da CF), 
além da Defensoria Pública da União (art. 134 da CF).
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
30 Direitos Humanos
No plano estadual, temos o Ministério Público Estadual e a Defensoria Pública do Estado, além dos 
Conselhos Estaduais de Direitos Humanos. Alguns Estados possuem secretarias próprias de defesa e promo-
ção dos direitos humanos, da mesma forma que existem municípios que criam secretarias municipais com 
tais objetivos (exemplo: em Recife-PE, Porto Alegre-RS).
No âmbito do Estado do Paraná temos a Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, 
que tem por finalidade a definição de diretrizes para a política governamental focada no respeito à dignidade hu-
mana, bem como a coordenação de sua execução. Dentro da estrutura da Secretaria foi criado o Departamento 
de Direitos Humanos e Cidadania (DEDIHC)19 que “responde pela promoção, proteção, defesa e implementa-
ção dos direitos humanos, em consonância com os ordenamentos e documentos nacionais e internacionais que 
regem o tema” e tem como competência (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, [s.d.]):
• a formulação, articulação e divulgação de políticas públicas assecuratórias dos direitos humanos;
• o recebimento de representações que evidenciem a violação dos direitos humanos e a adoção das 
providências necessárias;
• a proposição, ao poder executivo estadual de medidas destinadas à preservação dos direitos humanos;
• a elaboração de planos, programas e projetos relacionados as questões de direitos humanos e 
cidadania;
• a implementação de ações e projetos que visem o desenvolvimento integrado com respeito aos 
direitos humanos e cidadania.
O Estado conta ainda com o COPED - Conselho Permanente dos Direitos Humanos do Estado do 
Paraná, “um órgão de caráter permanente, autônomo, deliberativo e paritário, que conta com a participação 
de representantes do Governo do Estado e de Organizações não Governamentais - ligadas a defesa dos 
Direitos Humanos” (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2016).
Além do COPED, também integra a estrutura do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania – 
DEDIHC os seguintes conselhos (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2016):
• Conselho Estadual de Proteção às Vítimas de Abuso Sexual – COPEAS
• Conselho Estadual de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais do Estado do Paraná – CPICT/PR
• Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial – CONSEPIR
• Conselho Gestor do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte 
– PPCAAM/PR
• Conselho Deliberativo do Programa Estadual de Assistência à Vítimas e Testemunhas Ameaçadas 
– PROVITA/PR
19 Para maiores informações sobre a atuação do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania – DEDIHC, acesse o seu portal: 
<www.dedihc.pr.gov.br/>. Acesso em: 06 abr. 2016.
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31Direitos Humanos
Citamos, também, o Estado do Rio de Janeiro, o qual conta com a Secretaria de Estado de Assistência 
Social e Direitos Humanos (SEASDH), “responsável pela gestão e coordenação da Política de Assistência 
Social, Segurança Alimentar, Transferência de Renda e Promoção da Cidadania e Direitos Humanos no 
Estado” (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, [s.d.]).
Entre os Estados que possuem secretarias especificas de proteção dos direitos humanos, também po-
demos indicar o Estado da Bahia que possui a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento 
Social (SJDHDS), responsável por executar políticas públicas voltadas à proteção e promoção dos direitos 
humanos e ao desenvolvimento social (GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, [s.d.]).
Integram a estrutura da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) 
do Estado da Bahia: Conselho Estadual de Assistência Social (CEAS); Conselho Estadual dos Direitos da 
Criança e do Adolescente (CECA); Conselho Estadual de Defesa do Consumidor (CEDC/BA); Conselho 
Estadual de Entorpecentes (CONEN/BA); Conselho Estadual dos Direitos da População de Lésbicas, Gays, 
Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT; Conselho Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas do Estado 
da Bahia (COPIBA); Conselho Estadual de Proteção dos Direitos Humanos (CEPDH); Conselho Estadual 
do Idoso (CEI); Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (COEDE/BA); Conselho Gestor 
do Fundo Estadual de Proteção ao Consumidor (CGFEPC/BA); Conselho Estadual da Juventude (CEJUVE); 
Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado da Bahia (CONSEA/BA).
Sem adentrar ainda mais no âmbito estadual e municipal, percebemos, não só pelas dimensões de nosso 
país, mas em especial pela relevância da proteção destes direitos, que há a necessidade de uma ação conjunta 
entre os diversos entes federados para a promoção dos direitos humanos.
Extra
O princípio fundamental da Dignidade Humana 
e sua concretização judicial
André Gustavo Corrêa de Andrade
1 – A pessoa humana como fundamento, medida e fim do direito
No centro do direito encontra-se o ser humano. O fundamento e o fim de todo o direito é o ho-
mem, em qualquer de suas representações: homo sapiens ou, mesmo, homo demens; homo faber ou 
homo ludens; homo socialis, politicus, œconomicus, tecnologicus, mediaticus. Vale dizer que todo o 
direito é feito pelo homem e para o homem, que constitui o valor mais alto de todo o ordenamento 
jurídico. Sujeito primário e indefectível do direito, ele é o destinatário final tanto da mais prosaica 
quanto da mais elevada norma jurídica.
[...]
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
32 Direitos Humanos
2 – A dignidade da pessoa humana
Um indivíduo, pelo só fato de integrar o gênero humano, já é detentor de dignidade. Esta é qua-
lidade ou atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria condição humana, que o torna 
credor de igual consideração e respeito por parte de seus semelhantes.
Constitui a dignidade um valor universal, não obstante as diversidades sócio-culturais dospovos. 
A despeito de todas as suas diferenças físicas, intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de 
igual dignidade. Embora diferentes em sua individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as 
mesmas necessidades e faculdades vitais. 
A dignidade é composta por um conjunto de direitos existenciais compartilhados por todos os 
homens, em igual proporção. Partindo dessa premissa, contesta-se aqui toda e qualquer idéia de que 
a dignidade humana encontre seu fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos 
existenciais, porque decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de 
se relacionar, expressar, comunicar, criar, sentir. Dispensa a autoconsciência ou a compreensão da 
própria existência, porque “um homem continua sendo homem mesmo quando cessa de funcionar 
normalmente. “Como observa Ingo Wolfgang Sarlet: “mesmo aquele que já perdeu a consciência da 
própria dignidade merece tê-la (sua dignidade) considerada e respeitada.”
Dentro dessa linha de pensamento, há que reconhecer que o conjunto de direitos existenciais que 
compõem a dignidade pertence aos homens em igual proporção. Daí não ser possível falar em maior 
ou menor dignidade, pelo menos no sentido aqui atribuído à expressão, de conjunto aberto de direitos 
existenciais. O homem – apenas por sê-lo – não perde a sua dignidade, por mais indigna ou infame 
que seja a sua conduta. 
Quando se atribui a alguém a pecha de indigno ou quando se afirma que alguém não tem ou perdeu a 
dignidade a expressão está a ser utilizada com sentido diverso, para fazer referência ao conceito desfrutado 
por alguém no meio social, à sua respeitabilidade. A qualificação de indigno não pode, portanto, ser tomada 
como referente a alguém privado de direitos existenciais, mas a alguém merecedor de censura, castigo ou 
pena, em razão de algum comportamento contrário às regras de decoro, moral ou direito. 
A dignidade pressupõe, portanto, a igualdade entre os seres humanos. Este é um de seus pilares. 
É da ética que se extrai o princípio de que os homens devem ter os seus interesses igualmente con-
siderados, independentemente de raça, gênero, capacidade ou outras características individuais. Os 
interesses em evitar a dor, manter relações afetivas, obter uma moradia, satisfazer a necessidade básica 
de alimentação e tantos outros são comuns a todos os homens, independentemente da inteligência, da 
força física ou de outras aptidões que o indivíduo possa ter.
Aula 1Noções gerais de Direitos Humanos 
33Direitos Humanos
O princípio da igual consideração de interesses consiste em atribuir aos interesses alheios peso 
igual ao que atribuímos ao nosso. Não por generosidade – que consiste em doar, em atender ao in-
teresse alheio, sem o sentimento de que, com isso, se esteja a atender a algum interesse próprio –, 
mas por solidariedade, que é uma necessidade imposta pela própria vida em sociedade. O solidário é 
aquele que defende os interesses alheios porque, direta ou indiretamente, eles são interesses próprios. 
A solidariedade, como bem sintetizado por André Comte-Sponville, “é uma maneira de se defender 
coletivamente”. 
O respeito à dignidade humana, por esse prisma, não constitui ato de generosidade, mas dever de 
solidariedade. Dever que a todos é imposto pela ética, antes que pelo direito ou pela religião. 
A igual consideração de interesses, é importante frisar, constitui não um princípio de igualda-
de absoluta, já que esta é virtualmente inalcançável, mas um “princípio mínimo de igualdade”, que 
pode impor até um tratamento desigual entre as pessoas, se necessário for para a diminuição de uma 
desigualdade.
O outro pilar da dignidade é a liberdade. É a liberdade, em sua concepção mais ampla, que 
permite ao homem exercer plenamente os seus direitos existenciais. O homem necessita de liberda-
de interior, para sonhar, realizar suas escolhas, elaborar planos e projetos de vida, refletir, ponderar, 
manifestar suas opiniões. Por isso, a censura constitui um grave ataque à dignidade humana. Isso não 
quer dizer que o homem seja livre para ofender a honra alheia, expor a vida privada de outrem ou para 
incitar abertamente à prática de crime. A liberdade encontra limites em outros direitos integrantes da 
personalidade humana, tais como a honra, a intimidade, a imagem. Liberdade exige responsabilidade 
social, porque sem ela constitui simples capricho. 
O exercício da liberdade em toda a sua plenitude pressupõe a existência de condições materiais 
mínimas. Não é verdadeiramente livre aquele que não tem acesso à educação e à informação, à saúde, 
à alimentação, ao trabalho, ao lazer. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, já em seu artigo 1.º, põe em destaque os dois 
pilares da dignidade humana: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São 
dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.” 
Sempre que se cuida do tema da dignidade humana é lembrada a afirmação kantiana de que: “o ho-
mem – e, de uma maneira geral, todo o ser racional – existe como fim em si mesmo, e não apenas como 
meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade.” Dessa contraposição entre meio e fim, Kant extraiu o 
princípio fundamental de sua ética: “age de tal maneira que tu possas usar a humanidade, tanto em tua pes-
soa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente, como fim e nunca simplesmente como 
meio.” Tratar o outro como fim significa reconhecer a sua inerente humanidade, pois “o homem não é uma 
Aula 1 Noções gerais de Direitos Humanos 
34 Direitos Humanos
coisa; não é, portanto, um objeto passível de ser utilizado como simples meio, mas, pelo contrário, deve ser 
considerado sempre e em todas as suas ações como fim em si mesmo.” 
A dignidade constitui, na moral kantiana, um valor incondicional e incomparável, em relação ao 
qual só a palavra respeito constitui a expressão conveniente da estima que um ser racional lhe deve 
prestar. Para ilustrar o caráter único e insubstituível da dignidade, Kant a contrapõe ao preço: “Quando 
uma coisa tem preço, pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se acha 
acima de todo preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade.” 
[...]
O dado cultural é indissociável da noção de dignidade. Comportamentos considerados degradan-
tes ou inaceitáveis em uma determinada cultura podem ser considerados normais em ambiente cultural 
diverso. Essas diferenças tendem a ser salientes em se tratando de culturas marcadamente diversas, 
como, por exemplo, as de países ocidentais em contraste com as de alguns países orientais. Mas até em 
sociedades supostamente menos distanciadas culturalmente as divergências aparecem. 
Além do elemento cultural, há que considerar, ainda, que o conceito de dignidade tende a ser 
ampliado ou restringido por outros fatores, dentre os quais o econômico. Assim, em uma sociedade 
economicamente mais desenvolvida o conceito de dignidade – e, conseqüentemente, daquilo que a 
ofende – tende a ser mais alargado do que em outra menos desenvolvida. Trata-se apenas de uma 
tendência, que, em casos pontuais, pode não se confirmar, porque outros fatores sociais podem apre-
sentar maior peso. Mas, a princípio, constitui fenômeno observável o de que certos atos considerados 
ofensivos à dignidade de uma pessoa em uma sociedade economicamente desenvolvida são aceitáveis 
ou indiferentes em uma sociedade menos desenvolvida. 
Essas diferenças, porém, não eliminam o caráter universal da idéia de respeito à dignidade huma-
na ou da existência de um direito inato da pessoa de ser tratada dignamente. 
Embora reconheça a dificuldade na definição do conceito de dignidade, Ingo Sarlet enfatiza que: 
“a dignidade é algo real, já que não se verifica maior dificuldade em identificar as situações em que é 
espezinhada e agredida”. Com efeito, a dignidade parece revelar-se com clareza em algumas situações 
concretas

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