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LAUDO TÉCNICO - EFLUENTES Anacris, Cristian, Gabrieli, Eldivan, Lael, Marília, Natália, New Jones e Taciana Centro de Educação Profissional Renato Ramos da Silva 3° módulo - curso técnico em Análises Químicas Professora Camila - Gestão e Tecnologia Ambiental Lages, 2023. EMPRESA GERADORA - KLABIN (filial Otacílio Costa) Razão Social: Klabin S.A. CNPJ: 89.637.490/0138-08 Endereço: Av. Olinkraft, 6602 - Bairro Igaras Município/Estado: Otacílio Costa / Santa Catarina INFORMAÇÕES DA AMOSTRAGEM Tipo de amostra: efluente Ponto de Coleta: entrada dos efluentes brutos Data da Coleta: 27/06/2023 Hora da coleta: 5h da manhã Aspecto da amostra: líquida, com a presença de sólidos em suspensão, de cor marrom clara e odor característico Coletor: New Jones 1. INTRODUÇÃO No dia 27/06, na disciplina de Gestão Ambiental, a turma do 3° módulo do curso técnico em Análises Químicas, da Instituição CEDUP Renato Ramos da Silva, realizou uma aula prática de caracterização de efluentes. O objetivo deste laudo técnico é apresentar e comentar acerca dos resultados obtidos nas análises em uma amostra proveniente da indústria Klabin S.A, do setor de papel e celulose. Os órgãos regulamentadores são os que definem os padrões dos parâmetros de lançamento de efluentes em corpos receptores. O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) é o órgão brasileiro responsável pela adoção de http://cnpj.info/89637490013808 medidas ambientais, ligado ao Sistema Nacional do Meio Ambiente. Em âmbito estadual, o decreto 14.250 regulamenta dispositivos da lei n° 5.793, referentes à proteção e à melhoria da qualidade ambiental. Na subseção IV, define os padrões de emissão de efluentes líquidos: Art. 19 - Os efluentes somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água interiores, lagunas e estuários, desde que obedeçam às seguintes condições (abaixo lista-se apenas algumas das 15 condições): I - pH entre 6,0 a 9,0; II - temperatura inferior a 40°C: III - materiais sedimentáveis até 1,0 ml/L em teste de 1 hora em “Cone Imhoff”; IV - ausência de materiais sedimentáveis em teste de 1 hora em “Cone Imhoff” para lançamentos em lagos e lagoas cuja velocidade de circulação seja praticamente nula; V - os lançamentos subaquáticos em mar aberto, onde se possa assegurar o transporte e dispersão dos sólidos, o limite para materiais sedimentáveis será fixado em cada caso, após estudo de impacto ambiental realizado pelo interessado; VI - ausência de materiais flutuantes visíveis; VII - concentrações máximas de vários parâmetros, como óleos e diversos metais, além de outros a serem estabelecidos. O pH é um indicador de basicidade e alcalinidade, e influencia em diversos parâmetros de origem física, química e biológica, podendo citar a alcalinidade para o crescimento de microrganismos responsáveis pela oxidação da matéria orgânica, processos de coagulação, e dureza da água. De maneira geral, valores de pH entre 6 e 9 são ideais para a existência de vida em corpos hídricos. Sólidos suspensos possuem uma relação com a turbidez, pois o excesso de concentrações de particulados sólidos em suspensão implica em um aspecto turvo ao meio, impedindo a passagem de luz solar, dificultando assim, a fotossíntese dos seres aquáticos. (JORDÃO; PESSÔA, 2014; VON SPERLING, 2017). Há a geração de efluentes distintos durante o processo industrial de obtenção do papel. Segundo DURÁN e ESPOSITO (1993), o processo de polpação predominante é o processo kraft, o qual é responsável pela geração de efluentes com alta demanda bioquímica de oxigênio, turbidez, cor e sólidos suspensos, e baixas concentrações de oxigênio dissolvido. Etapas posteriores de branqueamento, universalmente realizadas através de cloração, levam à formação de um grupo de compostos de estrutura diversa, denominados "cloroligninas". Os efluentes resultantes deste processo de branqueamento, são fortemente coloridos e contém muitas substâncias orgânicas, principalmente fenóis clorados, as quais apresentam toxicidade para muitos organismos aquáticos e alta resistência à degradação microbiana. Nas indústrias de celulose, o tratamento dos efluentes se dá na estação de tratamento de efluentes (ETE), na qual o processo pode ser dividido em três etapas: Pré-tratamento – remoção de sólidos muito grosseiros, flutuantes e de sedimentos por grades, por desarenadores (caixas de areia) e por caixas de retenção de gordura; Tratamento primário – Remoção da matéria orgânica em suspensão e parcial redução da DBO por meio de decantação primária ou simples, de precipitação química (coagulação e floculação), de flotação e de neutralização; Tratamento secundário – Remoção da matéria orgânica dissolvida através de um processo biológico. Existem diferentes sistemas que utilizam esses processos, sendo os mais usados os de lodo ativado, lagoas de estabilização, sistemas aeróbios e anaeróbios com alta eficiência, lagoas aeradas (RODRIGUES, 2007). 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. PH 2.1.1. Materiais Utilizados Vidrarias Equipamen tos Reagentes Béquer Indicador universal de pH Efluente Quadro 1: materiais utilizados. 2.1.2. Procedimento Experimental Para determinar o pH da amostra, utilizou-se um indicador universal de pH, após o não funcionamento do PHmetro do laboratório. Figura 1: resultado da análise de pH da amostra. Fonte: os autores (2023). 2.2. Cor 2.2.1. Materiais Utilizados Vidrarias Equipamen tos Reagentes Béquer Colorímetro digital Efluente Quadro 2: materiais utilizados. 2.2.2. Procedimento Experimental Utilizou-se um colorímetro digital, com as unidades de medida em Pt-Co. Colocou-se a amostra no recipiente próprio para ser usado no equipamento, e realizou-se a leitura do resultado. Figura 2: resultado da análise do efluente no colorímetro. Fonte: os autores (2023). 2.3. Sólidos Totais 2.3.1. Materiais Utilizados Vidrarias Equipame ntos Reagentes Cadinho de porcelana Estufa Efluente Balança analítica Quadro 3: materiais utilizados. 2.3.2. Procedimento Experimental Colocou-se 10 mL de amostra em um cadinho, que foi colocado em uma estufa a 100°C por 1 h. Anotou-se a massa do cadinho antes e depois do aquecimento. Figura 3: amostra analisada no teste de sólidos totais. Fonte: os autores (2023). 2.4. Sólidos Suspensos 2.4.1. Materiais Utilizados Vidrarias Equipament os Reagentes Béquer Estufa Efluente Bastão de vidro Balança analítica Vidro relógio Suporte universal Funil de vidro Papel filtro Quadro 4: materiais utilizados. 2.4.2. Procedimento Experimental 50 mL da amostra foram filtrados em sistema de filtragem simples. Então, secou-se o papel filtro em estufa, além de o pesar antes e depois do processo. Calculou-se a diferença, e obteve-se a massa de sólidos suspensos. Figura 4: papel filtro após 48h na estufa, indicando os sólidos suspensos. Fonte: os autores (2023). 2.5. Sólidos Sedimentáveis 2.5.1. Materiais Utilizados Vidrarias Equipamen tos Reagentes Béquer Estufa Efluente Bastão de vidro Balança analítica Al2(SO4)3 Vidro relógio Suporte universal Funil de vidro Papel filtro Quadro 5: materiais utilizados. 2.5.2. Procedimento Experimental Preparou-se uma solução de Al2(SO4)3 a 7,5 g/L e adicionou-se 6 mL à amostra. Agitou-se e se aguardou a sedimentação. Filtrou-se em um papel filtro, e se realizou o cálculo para determinar a massa de sólidos sedimentáveis. Figura 5: papel filtro após 48h na estufa, indicando os sólidos sedimentáveis. Fonte: os autores (2023). 2.6. Alcalinidade Total 2.6.1. Materiais Utilizados Vidrarias Equipamen tos Reagentes Béquer Suporte universal Efluente Bureta Garra/mufa Ácido sulfúrico (H2SO4) Erlenmeyer Vermelho de metila Proveta Quadro 6: materiais utilizados. 2.6.2. Procedimento Experimental Realizou-se uma titulação volumétrica com ácido sulfúrico. Adicionou-se o indicador vermelho de metila (alteração de cor esperada: azul-esverdeado pararosa) à 50 mL de amostra em um erlenmeyer. Na bureta, adicionou-se a solução de H2SO4 a 0,04 mol/L. Devido ao resultado apresentado, não foi necessário realizar o cálculo para determinar a concentração de hidróxidos, carbonatos e bicarbonatos. Figura 6: amostra antes da titulação. Fonte: os autores (2023). Figura 7: amostra após a titulação - sem mudança na coloração do indicador. Fonte: os autores (2023). 2.7. Cloretos 2.7.1. Materiais Utilizados Vidrarias Equipamen tos Reagentes Béquer Suporte Efluente universal Bureta Garra/mufa Nitrato de prata (AgNO3) Erlenmeyer Cromato de potássio (K2CrO4) Proveta Água destilada Quadro 7: materiais utilizados. 2.7.2. Procedimento Experimental Primeiro, conferiu-se o pH da amostra, e caso necessário, seria corrigido para os valores entre 7 e 10. Então, realizou-se uma titulação potenciométrica (presença de precipitado) com nitrato de prata. Diluiu-se uma solução de AgNO3 para a concentração de 0,0141 mol/L, que foi colocada na bureta. Ao erlenmeyer, adicionou-se 100 mL de água destilada e 50 mL da amostra, além de 1 mL de K2CrO4 (alteração de cor esperada: amarelo para amarelo avermelhado). Calculou-se a concentração de cloretos de sódio, cálcio e magnésio. Figura 8: amostra com indicador antes da titulação. Fonte: os autores (2023). Figura 9: amostra com indicador após a titulação. Fonte: os autores (2023). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Quadro 8: resultados analíticos. Esperava-se que a quantidade de sólidos totais correspondesse à soma de sólidos sedimentáveis + sólidos suspensos, mas o resultado obtido não se igualou a esse valor. Entende-se, então, que houve alguma falha no processo de determinação de sólidos totais, ou ainda, no processo de determinação das outras categorias. Cálculo dos Sólidos totais: g = massa da amostra antes do aquecimento - massa da amostra após o aquecimento g = 167, 1 g - 161,0 g Sólidos totais = 6,2 g ou 6200 mg Cálculo dos Sólidos Suspensos: mg/L = [(papel + amostra) - (papel)] / volume da amostra em L g/L = [(0,8 g) - (0,38 g)] / 0,05 L g/L = 0,42 g / 0,05 L Sólidos Suspensos = 8,4 g/L, ou 8400 mg/L Cálculo dos Sólidos Sedimentáveis: mg/L = [(papel + amostra) - (papel)] / volume da amostra em L g/L = [(0,7 g) - (0,38 g)] / 0,05 L g/L = 0,34 g / 0,05 L Sólidos Sedimentáveis = 6,8 g/L, ou 6800 mg/L Não foi possível detectar a alcalinidade total da amostra, que é a capacidade da água em neutralizar ácidos; tal valor é PARÂMETRO RESULTADO UNIDADE DATA DO ENSAIO PH 7 - 27/06/2023 Cor 405 Pt-Co 27/06/2023 Sólidos Totais 6200 mg 27/06/2023 Sólidos Suspensos 8400 mg/L 27/06/2023 Sólidos Sedimentáveis 6800 mg/L 27/06/2023 Alcalinidade Total não detectado - 27/06/2023 Cloretos 0,0125 mg/L 27/06/2023 usado para dosar os produtos químicos de tratamento do efluente, e corresponde à concentração de hidróxidos, carbonatos e bicarbonatos. Após o volume gasto na bureta ultrapassar os 25 mL de ácido sulfúrico e não se observar nenhuma mudança na coloração da amostra com o indicador, concluiu-se que não seria possível detectar a alcalinidade total através daquele método. Cálculo da Alcalinidade Total mg/L = volume da bureta * 20 A partir da titulação com nitrato de prata a 0,0141 mol/L, determinou-se a concentração de cloretos de sódio, cálcio e magnésio, responsáveis por conferir sabor à água e causar efeito laxativo. Cálculo dos Cloretos mg/L Cl = volume da bureta * 0,0141 * 35,45 / 100 mg/L Cl = 2,5 mL * 0,141 * 35,45 / 100 Cloretos = 0,0125 mg/L Através da análise com o indicador universal de pH, observou-se que o efluente possuía pH 7, neutro. Tal pH está dentro dos parâmetros para o lançamento de efluentes nos corpos d’água. A cor da amostra, analisada com o colorímetro digital, apresentou um resultado de 405 Pt-Co. Tal resultado indica a presença de matéria orgânica e inorgânica dissolvida no efluente, presença que também foi evidenciada através dos resultados de sólidos sedimentáveis e suspensos. Com a análise sensorial, constatou-se que o efluente apresentava coloração marrom, além de possuir sólidos visíveis em sua composição e odor desagradável. Não apresentava espuma e apresentava-se na forma líquida. O efluente foi coletado no ponto de coleta correspondente aos efluentes brutos, ou seja, não havia, ainda, passado pelas etapas de tratamento. Com as análises, infere-se que se precisa corrigir a cor (e, por consequência, o teor de sólidos), bem como se realizar, através de outro método, a análise de alcalinidade total. O pH e a concentração de cloretos de sódio, cálcio e magnésio apresentam-se dentro dos parâmetros para a emissão de efluentes líquidos nos corpos d’água. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste laudo técnico, apresentou-se os resultados das análises feitas no efluente proveniente da Klabin - Otacílio Costa, bem como, a partir da legislação vigente, comentar sobre os parâmetros que necessitam ser corrigidos para que tal efluente industrial esteja apto a ser emitido aos corpos d’água. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO SANTA CATARINA. Decreto n° 14.250, de 5 de junho de 1981. Regulamenta dispositivos da Lei nº 5.793, de 15 de outubro de 1980, referentes à proteção e à melhoria da qualidade ambiental. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/s tories/legislacao/Decretos/1981/dec_14250 _1981_protecaomelhoriaqualidadeambient al_sc.pdf DURÁN, N. e ESPOSITO, E.; New techniques in the reduction of the environment impact in the pulp and paper industry. Quim. & Ind. 1993, v. 2, p. 17-31. JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 7. ed. Rio de Janeiro: ABES, 2014. VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 4. ed. Minas Gerais: Editora UFMG, 2017. RODRIGUES, A. C. Tratamento de efluente aquoso da indústria de papel e celulose por coagulação e floculação seguido de fotocatálise com TiO2/H2O2. 2007.68 f. Dissertação ( Mestrado em Química) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, 2007.