Aula 1

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TEORIA E PRÁTICA CAMBIAL
AULA 1
Prof. Joni Tadeu Borges
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CONVERSA INICIAL
O mercado cambial brasileiro é muito dinâmico. Mesmo o governo praticando uma política
cambial definida, as influências econômicas internas e externas são contínuas e afetam qualquer
agente envolvido na troca de moedas.
As empresas exportadoras e importadoras serão foco de estudo. O comportamento do
mercado cambial sensibiliza diretamente suas receitas. Portanto, os profissionais envolvidos nas
negociações cambiais precisam estar atentos às práticas realizadas neste mercado. Nem sempre o
profissional da empresa que negocia a compra ou venda de moeda estrangeira está capacitado
para exercer tal função.
O objetivo é expor temas importantes relacionados ao dia a dia deste profissional. Assim,
disseminaremos conhecimentos que tornarão nossos futuros profissionais de comércio exterior
muito mais capacitados para atuar no mercado de trabalho.
O estudo se torna interessante porque vamos falar sobre dinheiro, e quando o tema é
dinheiro, todos se interessam. Por outro lado, a responsabilidade de quem trabalha no fechamento
de câmbio é imensa. A não observância das várias práticas que envolvem a negociação pode trazer
prejuízos consideráveis à empresa. As operações devem ser realizadas com segurança, amparadas
nas legislações e apresentar o melhor retorno financeiro para a empresa.
Claro, o mercado de câmbio não trata somente das operações realizadas por empresas
exportadoras e importadoras, é bem mais amplo. Qualquer pessoa jurídica ou física pode comprar
ou vender a moeda estrangeira nos mais diversos tipos de naturezas cambiais.
Tipos de mercado de câmbio, formação da taxa de câmbio, acompanhamento de mercado,
aspectos cambiais na exportação e importação, câmbio financeiro e câmbio, riscos cambiais serão
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alguns dos tópicos discutidos.
Conheça o mercado de câmbio e seja um excelente profissional.
Bons estudos!
CONTEXTUALIZANDO
Não podemos trabalhar no território nacional com outra moeda que não seja o real. Existe
uma legislação específica pautando esta regra. Porém, nossa moeda não é aceita no mercado
internacional, e as transações internacionais ocorrem com moedas conversíveis.
O dólar dos Estados Unidos , principal moeda do mundo, no Brasil tem um preço definido
em reais que atualmente varia de acordo com as condições de mercado e impacta diretamente na
economia brasileira.
Dessa maneira, o real se valoriza ou desvaloriza perante o dólar. Um dólar mais caro deixa os
produtos importados com preços não competitivos no mercado interno, desestimula a importação
e abre margem para que os produtores brasileiros aumentem os preços dos produtos,
pressionando para cima os índices inflacionários.
E ainda, com o dólar alto, empresas estão mais propensas a exportar, em alguns casos
desabastecendo o mercado interno. Como consequência, há aumento da inflação.
Ao contrário, quando o preço do dólar fica mais baixo, as importações brasileiras aumentam,
possibilitando que os preços dos produtos no mercado interno baixem. O preço do dólar também é
afetado pela taxa de juros praticada no Brasil. Se a taxa de juros estiver mais alta, investidores
estrangeiros migrarão os investimentos para o Brasil, havendo uma entrada maior de moeda
estrangeira no país, mais oferta de dólar ocasiona a queda do seu preço.
Toda a movimentação da moeda estrangeira deve ser feita por instituições autorizadas pelo
Bacen, de acordo com a legislação vigente.
Nesta etapa, vamos conhecer a estrutura do mercado de câmbio no Brasil e por que os
agentes envolvidos devem conhecer a legislação cambial para negociar a moeda estrangeira. Entre
outros temas, daremos importância à formação do profissional do mercado de câmbio.
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TEMA 1 – INTRODUÇÃO ÀS PRÁTICAS DO MERCADO DE CÂMBIO
A expressão mercado de câmbio é muito comum na área econômica, financeira e
principalmente no comércio exterior brasileiro. A aplicação correta das práticas cambiais está
diretamente relacionada com todos os agentes envolvidos na compra e venda de moeda
estrangeira, procedimento normal para empresas que fazem exportação e importação.
A necessidade de conhecer este tema, mercado de câmbio, excede as operações cambiais
realizadas no comércio internacional. Temos ainda o câmbio usado em operações de investimentos
estrangeiros diretos e indiretos, e o câmbio praticado pelas pessoas que viajam para o exterior. O
câmbio \significa a troca de uma moeda por outra, porque cada país, em regra geral, possui a sua
moeda, e as negociações internacionais são formalizadas com moedas consideradas conversíveis.
É o caso do dólar e do euro. A atividade comercial entre países implica na compra e venda de
mercadorias, sendo comum o país do comprador ter uma moeda e do vendedor outra.
Consequentemente, o pagador e o recebedor terão de fazer o câmbio (troca de moeda).
Exemplificando, numa operação de importação brasileira do Chile, nenhum dos países
envolvidos na operação comercial têm a moda conversível. O Brasil tem o real e o Chile tem o peso
chileno. Porém, a negociação entre as empresas dos dois países será em dólar. Para que o
importador brasileiro pague o exportador chileno, terá que comprar dólares (compra os dólares
com reais); já o exportador chileno, para receber os pesos chilenos, terá que vender os dólares.
Portanto, a operação de câmbio nada mais é do que uma operação de compra e venda de moeda
estrangeira.
Agora, direcionando os temas abordados para a realidade brasileira, observa-se que há
inúmeras legislações que sustentam o mercado cambial no país. Outro aspecto importante é a
prática cambial que envolve a compra e venda de moeda estrangeira. Legislações e práticas
cambiais estão no dia a dia dos profissionais que atuam no mercado internacional.
O valor de uma moeda estrangeira em relação à outra é relativo, depende de fatores
econômicos internos e externos, políticas econômicas e cambiais,credibilidade nas instituições e
no país, inflação, taxa de juros e especulações, fatores que vão afetar a demanda e oferta da moeda
estrangeira, determinando o seu preço.
Da mesma maneira que a lei da oferta e demanda influencia o preço de um produto,
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influenciará também o preço da moeda estrangeira. Vamos fazer uma comparação: suponha que a
produção de tomates em determinada safra seja afetada negativamente pelos aspectos climáticos.
Consequentemente, haverá uma menor produção que acarretará aumento do preço do produto. A
moeda estrangeira, principalmente o dólar, que também é considerado um produto, similarmente
se houver um problema interno ou externo que afete a economia brasileira, os investidores
estrangeiros vão migrar os seus investimentos para outros países com menor risco, resultando na
saída de dólares do Brasil, fazendo que a taxa de câmbio ou valor do dólar americano aumente.
Seguindo o exemplo da produção de tomate, o comerciante que compra um produto pretende
vendê-lo por um preço maior do que comprou para obter seu lucro. No mercado de câmbio é igual,
os agentes envolvidos, principalmente os bancos, compram a moeda estrangeira por um preço e
vendem por outro maior. Esta é a prática de qualquer mercado: comprar pelo menor preço, vender
pelo maior.
Entretanto, se o consumidor for comprar um quilo de tomate e pesquisar o preço, encontrará
preços diferentes nos diversos pontos de vendas. A diferença de preço pode ser pequena ou
grande. A mesma situação verifica-se com a moeda estrangeira: o valor pode ser diferente nas
diversas instituições bancárias.
Esta é a pergunta que as pessoas e empresas precisam fazer ao negociar a moeda estrangeira.
Qual o preço justo da moeda estrangeira? A resposta será explicada no decorrer dos nossos
estudos.
Além de saber o preço justo da moeda estrangeira, o negociador deve observar a tendência do
mercado e quais são os fatores que impactam na formação do preço da moeda no curto e longo
prazo.
Quando abordamos o tema mercado cambial, estamos relacionando o preço do real a
qualquer moeda estrangeira, mas sabemos que a principal moeda estrangeira é o dólar.
TEMA 2 – RESERVAS INTERNACIONAIS E MOEDAS CONVERSÍVEIS
Você já percebeu que quando se fala em moeda estrangeira, a primeira moeda que vem na
nossa cabeça é o dólar. Essa percepção não é exclusiva dos brasileiros, também é da maioria das
pessoas de outros países.
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Não é para menos. O dólar é referência de credibilidade e definido como preços de compra e
venda dos principais produtos mundiais: petróleo, minério de ferro, soja e muitos outros.
Nem sempre assim, a libra esterlina, moeda oficial da Inglaterra, foi a principal moeda até o
ano de 1945. O dólar ganhou força e teve reconhecimento após a primeira guerra mundial,
consolidou-se como a grande moeda após a segunda. Após o término da Segunda Guerra, os
países europeus envolvidos no conflito estavam totalmente endividados e sem recursos para
investir na reconstrução pós-guerra. Neste momento, os Estados Unidos entram como o grande
financiador e se fortalecem no cenário econômico-financeiro global.
Hoje, a moeda americana é a mais usada nas transações financeiras e comerciais no mundo e a
maioria dos países a usam como reserva internacional.
Figura 1 – Dólar dos Estados Unidos
Créditos: Svetlana Lukienko/Shutterstock.
O símbolo do dólar é representado pelo cifrão $ ou ainda US$. Nas operações cambiais
registradas no Banco Central do Brasil (Bacen), utilizam-se o símbolo USD e o código 220.
A moeda conversível é aceita no mercado internacional. Isso significa que é um meio de troca
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para as operações comerciais e financeiras. Há moedas conversíveis que são aceitas sem
restrições, isto é, sem nenhuma exigência ou limitação para entrar ou sair de um país, desde que
respeitadas as legislações locais. É o caso do dólar, moeda conversível. No entanto, o Bacen
regulamenta o seu uso e de outras moedas nas operações cambiais no Brasil.
Para ser conversível, a moeda tem que ser considerada forte e deve transmitir credibilidade.
Estabilidade econômica, política e social são características dos países que possuem a moeda
conversível.
Tem moedas que são aceitas no mercado internacional com algumas restrições, podendo ser
utilizadas somente para determinadas operações financeiras entre os países.
Tabela 1 – Moedas conversíveis
Principais moedas conversíveis
Moeda Símbolo Código
Dólar dos Estados Unidos USD 220
Euro EUR 978
Libra Esterlina GBP 540
Iene JPY 470
Dólar canadense CAD 165
Dólar australiano AUD 150
Franco suíço CHF 425
Coroa dinamarquesa DKK 55
Coroa sueca SEK 70
Coroa Norueguesa NOK 65
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 2022a.
Por fim, são consideradas moedas inconversíveis aquelas que não são aceitas nas transações
no mercado internacional. Nem todo país que tem uma economia forte tem uma moeda
conversível. É o caso da China, considerada uma grande potência econômica, país com crescimento
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expressivo nos últimos anos e maior exportador e importador do mundo. Sua moeda oficial,
renminbi (RMB), não é aceita como meio de pagamento nas operações internacionais.
As exportações e importações brasileiras realizadas com a China são negociadas em dólares,
portanto as empresas brasileiras recebem ou pagam em dólar. A maioria das moedas mundiais,
inclusive o real, é uma moeda inconversível. Elas não são aceitas nas transações internacionais.
No entanto, o Brasil mantém um acordo com Argentina, Uruguai e Paraguai com o objetivo de
fomentar o comércio entre os países. Neste acordo, conhecido como Sistema de Pagamentos em
Moeda Local (SML), o Brasil pode pagar as importações e receber as exportações em reais.
Não há uma regulamentação ou uma lei internacional que classifica qual moeda é conversível
ou não. São as próprias atuações do mercado que estabelecem se uma moeda é aceita ou não nas
transações internacionais.
Podemos destacar ainda outra condição que confirma a supremacia do dólar em relação às
demais moedas. A maioria dos países mantém disponibilidades (recursos financeiros) no exterior
com o objetivo de manter uma reserva internacional. Grande parte desta reserva internacional é
composta por dólares que são depositados (aplicados) nos Estados Unidos, e em menor
quantidade pode haver o euro, a libra esterlina e o ouro.
A reserva internacional representa uma garantia que um país oferece para realizar
empréstimos de outros países. Também é usado para manter a estabilidade econômica frente à
valorização ou desvalorização da moeda local frente ao dólar, crises cambiais ocasionadas por
fatores externos.
Tabela 2 – Reservas Internacionais
Reservas Internacionais
País US$ bilhões mês/ano (referência)
China 3.222,0 jan/22
Arábia Saudita 1.707,6 dez/21
Japão 1.385,9 jan/22
Suíça 947,0 jan/22
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Índia 631,9 fev/22
Rússia 630,2 jan/22
Brasil 358,4 jan/22
México 207,7 dez/21
Canadá 104,4 jan/22
Argentina 35,3 dez/21
Fonte: Elaborado com base em Trading Economics, 2022.
Em dezembro de 2020, conforme consta no Relatório de Gestão das Reservas Internacionais
formulado pelo Bacen, as reservas internacionais brasileiras estavam constituídas de 86,03% em
dólar; 7,85% em euro; 2,02% em libra esterlina; 1,72% em iene; 1,19% em ouro; e 1,21% em outras
moedas. No dia 14/02/2022, as reservasinternacionais somavam US$ 357,7 bilhões.
TEMA 3 – LEGISLAÇÃO CAMBIAL
As empresas, principalmente as atuantes no comércio exterior, consideraram o mercado de
câmbio como uma caixinha preta, expressão figurativa que representa que o assunto câmbio fica
restrito aos profissionais das instituições financeiras.
Não é para menos. As legislações (Leis, Decretos, Decretos-Leis, Medidas Provisórias e
Resoluções) que disciplinam o mercado cambial são inúmeras e datam do ano de 1920. Ainda há as
Circulares, que regulamentam as legislações aqui mencionadas.
O conceito de não conhecer a legislação, manter fechada a caixinha preta, deve mudar. Em 29
de dezembro de 2021, o governo sancionou a nova lei cambial (Lei n. 14.286) (Brasil, 2022b), que no
seu primeiro artigo, “dispõe sobre o mercado de câmbio brasileiro, o capital brasileiro no exterior,
o capital estrangeiro no país e a prestação de informações ao Banco Central do Brasil, para fins de
compilação de estatísticas macroeconômicas oficiais”.
A nova lei cambial revoga ou altera os mais de 40 dispositivos legais e centenas de artigos que
estavam válidos desde o ano de 1920 com o objetivo de melhorar a prática dos negócios
internacionais no Brasil e abrir caminho para tornar o real como uma moeda conversível.
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Augusto Ornelas Filho, chefe adjunto no Departamento de Regulação Prudencial e Cambial do
BC, descreve as vantagens da nova legislação (Brasil, 2022c):
O novo marco legal impactará positivamente a sociedade brasileira ao favorecer o ambiente de
negócios, particularmente o comércio exterior brasileiro e a atratividade dos investimentos
estrangeiros. O novo marco também possibilita maior desenvolvimento e diversificação aos
mercados financeiro e de capitais.
Pautas abordadas na nova legislação cambial:
• mudança no limite do valor de moeda estrangeira para viagens internacionais de R$ 10 mil
para US$ 10 mil;
• realização de operações de câmbio entre pessoas físicas, obedecendo alguns critérios;
• abertura de conta estrangeira no Brasil;
• circulação de reais no exterior;
• responsabilidade para a classificação das operações de câmbio;
• disciplina a exigência de documentos para a comprovação das operações de câmbio
• Pix internacional e transações com o real digital.
Existem outros procedimentos na Lei n. 14.286 que visam simplificar, trazer mais segurança e
novo dinamismo ao mercado de câmbio no país. A Lei entrará em vigor após decorrido 1 (um) ano
da sua publicação, tempo necessário para que o Bacen e outras entidades da administração pública
ou particular implementem a sua regulamentação.
Os profissionais atuantes no comércio exterior estão mais próximos de três circulares que
atualmente regulamentam o mercado de câmbio, temas que serão base da maioria dos conteúdos.
Em 16 de dezembro de 2013, o Bacen publicou quatro Circulares para regulamentar o mercado
de câmbio no Brasil, substituindo o Regulamento de Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais
(RMCCI) de 2005.
A Circular n. 3688 foi revogada em dezembro de 2017, quando o Brasil deixou de fazer parte
do Convênio de Créditos Recíprocos (CCR), acordo que envolve alguns países da América Latina.
As circulares vigentes são:
• Circular n. 3689: autoriza as instituições a comprar e vender moeda estrangeira e que
possam transferir moeda nacional ou estrangeira para o exterior a pedido das pessoas físicas
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ou jurídicas residentes ou domiciliadas no Brasil.
• Circular n. 3690: apresenta a classificação das operações de câmbio relativa à finalidade das
entradas e saídas de moedas estrangeiras do país.
• Circular n. 3691: apresenta a regulamentação do mercado de câmbio e destaca as operações
de câmbio de exportação, importação e transferências financeiras.
Os agentes negociadores de câmbio devem estar atentos às legislações. Consultá-las
frequentemente e realizar operações seguras e sem infringir as leis é essencial para uma boa
contratação de câmbio.
TEMA 4 – ESTRUTURA DO MERCADO DE CÂMBIO NO BRASIL
A estrutura do mercado cambial no Brasil integra o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Este é
formado por entidades e instituições que intermedeiam as operações financeiras entre credores e
tomadores de recursos.
O SFN é composto pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o Bacen e entidades financeiras
como bancos, corretoras, bolsa de valores e outras. O Bacen (Brasil, 2022d) conceitua e apresenta
as funções destas entidades: “O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão superior do
Sistema Financeiro Nacional (SFN) e tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do
crédito. Seu objetivo é a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do país.”
E:
O Banco Central é uma autarquia de natureza especial, criado pela Lei n. 4.595/1964 e com
autonomia estabelecida pela Lei Complementar n. 179/2021, que tem como missão garantir a
estabilidade do poder de compra da moeda, zelar por um sistema financeiro sólido, eficiente e
competitivo, e fomentar o bem-estar econômico da sociedade. A instituição é responsável por
executar a estratégia estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para manter a
inflação sob controle e atua como secretaria executiva desse órgão.
Relacionado ao mercado de câmbio, é função do Bacen regulamentar e fiscalizar a compra e
venda de moeda estrangeira e o fluxo de recursos (real e moeda estrangeira) entre o Brasil e outros
países. Cabe ainda, ao Bacen, autorizar as instituições financeiras a trabalhar neste mercado, tendo
o poder de descredenciá-las, aplicando multas e outras sanções caso operem em desacordo com a
legislação.
O Bacen autoriza a prática de operações do mercado de câmbio estabelecendo os tipos de
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operações cambiais e limites de valores em moeda estrangeira para cada um dos agentes:
• bancos múltiplos, bancos comerciais;
• caixas econômicas;
• bancos de investimento;
• bancos de desenvolvimento;
• bancos de câmbio;
• agências de fomento;
• sociedades de crédito;
• financiamento e investimento;
• sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários;
• sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários;
• sociedades corretoras de câmbio;
• Empresa de Correios e Telégrafos;
• agências de turismo.
Entre os agentes mencionados, vamos destacar os bancos múltiplos e comerciais por serem
os mais atuantes na intermediação da compra e venda de moeda estrangeira. São eles, na sua
maioria, que compram a moeda estrangeira do exportador e vendem para o importador.
Os compradores e vendedores de moeda estrangeira estão na base da estrutura,
representados por qualquer pessoa jurídica ou física que necessite comprar ou vender moeda
estrangeira. É o caso do importador brasileiro que compra a moeda estrangeira para pagar o
exportador estrangeiro. Por outro lado, o exportador brasileiro é vendedor da moeda, pois ele
recebe o valor da venda em moeda estrangeira.
Já a corretora tem câmbio, intermedeia as operações de câmbio entre os
compradores/vendedores e as instituições financeiras. Também podem contratar operações de
câmbio pronto com clientes até o valor de US$ 300.000,00 ou valor equivalente em outras
moedas.
Figura 2 – Estrutura simplificada do mercado de câmbio
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Fonte: Borges, 2022.
As operações de câmbio realizadas entre os agentes mencionados na Figura 2 devem ser
registradas diariamente, conforme a regulamentação em vigor, pelas instituições financeiras no
Sistema de Câmbio do Bacen. Cadaregistro ganhará uma numeração sequencial única,
independentemente do tipo de operação. Cabe a cada instituição financeira atribuir uma
numeração própria para os seus contratos.
Ainda sobre os agentes autorizados a trabalhar no mercado de câmbio, o Bacen determina a
posição de câmbio (limite) para cada instituição. A posição de câmbio representa o saldo em
moeda estrangeira ao final do dia e pode ser:
• Posição comprada: compras de moedas estrangeiras maiores do que as vendas (saldo
positivo);
• Posição vendida: vendas de moedas estrangeiras maiores do que as compras (saldo
negativo);
• Posição nivelada: compras de moedas estrangeiras iguais as vendas.
Para os bancos e caixas econômicas, não há limitação para a posição de câmbio comprada e
vendida. As demais instituições não têm limite para a posição comprada, porém a posição de
câmbio vendida fica limitada a zero. Já as agências de turismo têm um limite operacional diário de
US$ 200 mil dólares para manter em caixa ou em contas bancárias.
TEMA 5 – PROFISSIONAL DO MERCADO DE CÂMBIO
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O profissional especializado no mercado de câmbio tem a garantia de trabalho em empresas
que atuam na área financeira e empresas que negociam no mercado internacional.
Operador de câmbio, analista de câmbio, gerente de câmbio e diretor de câmbio são alguns
dos cargos classificados pelas empresas para atuar no mercado de trabalho.
A função desse profissional é fundamental para a realização de operações seguras e com
retorno financeiro satisfatório para as empresas. Entre as atividades pertinentes à carreira, estão:
negociar os valores de compra e venda de mercadorias com as empresas de outros países, uma vez
que a negociação se dá em moeda estrangeira; realizar investimentos em moeda estrangeira em
bolsas de valores internacionais; estruturar operações com derivativos em outras moedas e
operações câmbio de modo geral.
Com a velocidade e as oportunidades que o mercado internacional se depara atualmente, cada
vez mais o profissional de câmbio é uma opção para compor o quadro funcional de qualquer
empresa. O reconhecimento é uma excelente remuneração.
O profissional de câmbio deve conhecer os procedimentos burocráticos, negociais e legais
para fechar uma operação de câmbio com a instituição financeira e, mais importante, conhecer a
dinâmica do mercado de câmbio e os fatores que influenciam na formação do preço da taxa de
câmbio.
Porque, do outro lado da negociação, o da instituição financeira, haverá sempre um
profissional qualificado defendendo os interesses do banco. A negociação deve ser equilibrada,
mas nem sempre é isso que acontece, por falta de conhecimento e experiência, o profissional da
empresa pode levar desvantagem.
Vale ressaltar que toda operação de câmbio só pode ser realizada com instituições autorizadas
pelo Bacen.
Figura 3 – Analista de câmbio
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Créditos: insta_photos/Shutterstock.
Ao identificar as funções do analista de câmbio, temos que diferenciar os objetivos das partes
que negociam a moeda estrangeira. Pelo lado da instituição financeira, o analista deve classificar a
operação de câmbio, obter a documentação necessária para comprovação cambial, cumprir a
legislação cambial, buscar uma rentabilidade justa na operação.
No outro lado, está o profissional da empresa ou pessoa física, que precisa comprar ou vender
moeda estrangeira. Da mesma maneira, estes devem conhecer a legislação cambial e negociar o
preço da taxa de câmbio. Acompanhar os fatos que influenciam diariamente o mercado de câmbio
é fundamental para buscar o momento ideal para fechar a operação cambial.
O profissional que pretende atuar ou já atua nesta área precisa se aprofundar e gostar de
finanças, temas do mercado internacional e economia. É claro, a experiência e a prática contam
muito. São atributos que facilitam a entrada e a permanência no mercado de trabalho.
TROCANDO IDEIAS
Agora, troque uma ideia com seus amigos. Consulte a Lei n. 14.286, de 29 de dezembro de
2021, considerada o novo Marco Legal do mercado de câmbio. Aponte quais serão os impactos
positivos e negativos nas operações das empresas exportadoras e importadoras.
NA PRÁTICA
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Qual será a posição de câmbio do Banco Dólar S.A. ao final do dia após realizar as operações
de câmbio descritas a seguir, considerando um saldo inicial de US$ 2.000.000,00 comprados?
• Operação 1: contratou um câmbio de importação no valor de US$ 3.000.000,00 com a
empresa Decor Ltda.;
• Operação 2: contratou um câmbio de exportação no valor de US$ 1.000.000,00 com a
empresa Exportamais Ltda.
A resposta está na seção Gabarito, após as Referências.
FINALIZANDO
Nesta etapa, abordamos como o mercado cambial impacta as atividades financeiras das
empresas que necessitam comprar ou vender moeda estrangeira, diferenciando a moeda
conversível da inconversível, a importância do dólar no mundo, conhecendo os agentes envolvidos
nas operações cambiais e o seu aparato legal. Destacamos, finalmente, a importância do
profissional que atua no mercado de câmbio.
REFERÊNCIAS
BORGES, J. T. Câmbio: mercado e prática. Curitiba: InterSaberes, 2018.
BRASIL. Banco Central do Brasil. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/conversao>. Acesso
em: 18 fev. 2022a.
_____. Banco Central do Brasil. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia
/380/noticia>. Acesso em: 15 fev. 2022c.
_____. Banco Central do Brasil. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br
/estabilidadefinanceira/sfn>. Acesso em: 17 fev. 2022d.
_____. Lei n. 14.286. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022
/2021/Lei/L14286.htm#art28>. Acesso em: 15 fev. 2022b.
RESERVAS Internacionais. Disponível em: <https://pt.tradingeconomics.com/country-
UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c...
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list/foreign-exchange-reserves?continent=g20>. Acesso em: 14 fev. 2022.
GABARITO
Operação Compra Venda Saldo em US$ Posição
Saldo Inicial 2.000.000 Comprada
1 3.000.000 1.000.000 Vendida
2 1.000.000 0 Nivelada
Observações: as operações de câmbio são sempre classificadas pela ótica da instituição
financeira. No câmbio de exportação, o banco compra os dólares do exportador, portanto é uma
operação de câmbio de compra. Na importação, o banco vende os dólares para o importador,
operação de câmbio de venda. A mesma classificação é utilizada para as operações de câmbio
financeiro.
 Em nossas aulas, a expressão dólar dos Estados Unidos será identificada somente como
dólar. Vale lembrar que existem outras moedas com a denominação dólar: dólar australiano (AUD),
dólar do Brunei (BND), dólar canadense (CAD), dólar do Caribe Oriental (XCD), dólar das Ilhas
Cayman (KYD), dólar de Cingapura (SGD), dólar da Guiana (GYD), dólar da Namíbia (NAD), dólar
das Ilhas Salomão (SBD) e dólar do Suriname (SRD).
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