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DESCRIÇÃO Elementos introdutórios para o estudo de anatomia humana e generalidades sobre os sistemas esquelético, articular e muscular. PROPÓSITO Compreender os conceitos bases e conceitos chaves necessários para o estudo de anatomia humana e a construção, função e particularidades dos sistemas esquelético, articular e muscular é fundamental para o profissional de saúde. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer os conceitos gerais da constituição do corpo humano, os planos e eixos, a terminologia e a posição anatômica, as diferenças conceituais do estudo sistêmico e topográfico e a ética na anatomia MÓDULO 2 Reconhecer as generalidades sobre a anatomia do sistema esquelético MÓDULO 3 Reconhecer as generalidades sobre a anatomia do sistema articular MÓDULO 4 Reconhecer as generalidades sobre a anatomia do sistema muscular INTRODUÇÃO Neste tema, vamos estudar os conceitos fundamentais e ordenados da anatomia humana. Vamos analisar separadamente as generalidades sobre os sistemas esquelético, articular e muscular, trazendo bases para a compreensão da arquitetura desses sistemas, denominados, coletivamente, de aparelho locomotor. No módulo 1, para a melhor compreensão da anatomia, abordaremos os seguintes conceitos: terminologia anatômica; variação anatômica, anomalia e monstruosidade; fatores que contribuem para a variabilidade do corpo humano; posição anatômica; princípios da construção corpórea em vertebrados; planos e eixos do corpo humano; termos de posição e direção; anatomia sistêmica e topográfica; e ética em Anatomia. No módulo 2, vamos descrever os aspectos gerais dos elementos ósseos do corpo humano, no estudo denominado “osteologia”. No módulo 3, veremos as generalidades sobre o sistema articular e seu estudo chamado de Artrologia. Estudaremos, sucessivamente, os seguintes aspectos: conceitos gerais e funções; articulações fibrosas; articulações cartilaginosas; articulações sinoviais; e movimento das articulações. No último módulo, estudaremos a anatomia do sistema muscular e suas diversas funções e propriedades. MÓDULO 1 Reconhecer os conceitos gerais da constituição do corpo humano, os planos e eixos, a terminologia e a posição anatômica, as diferenças conceituais do estudo sistêmico e topográfico e a ética na anatomia CONCEITOS A anatomia pode ser definida como a estrutura morfológica de um determinado organismo. O termo anatomia no grego significa “cortar em partes”; no latim, “dissecar”. Anatomia é um ramo da ciência que estuda, tanto macroscopicamente, quanto microscopicamente a constituição de seres organizados. Esse conceito foi sendo moldado ao longo dos anos, com o advento do microscópio, por exemplo, que culminou na subdivisão da anatomia em diversas áreas: Histologia (Estudo dos tecidos) Citologia (Estudo da célula) Embriologia (Estudo do desenvolvimento ou anatomia do desenvolvimento) Na área médica, com o advento dos raios X e demais exames de imagens, disciplinas foram criadas sob o nome de anatomia radiológica, de modo a compreender a arquitetura sob a ótica de um exame de imagem em específico (GARDNER et al., 1978). Foto: Shutterstock.com Hipócrates. A anatomia é uma das ciências mais antigas, com seu estudo sendo sistematizado no mundo ocidental por filósofos gregos, como, por exemplo, Hipócrates e Heráclito – este dito como o primeiro a dissecar um cadáver humano. Galeno, filósofo romano de origem grega, é considerado um dos expoentes da anatomia naquele tempo. Seus escritos, porém, não foram tão precisos, pois suas observações e dissecações eram baseadas em outras espécies de animais como macacos, entre outros (HABBAL, 2017). Foto: Shutterstock.com Andrea Vesalius (colorida). Em torno de 1500 d. C., um médico belga, chamado Andreas Vesalius (André Vesálio), desconsiderou os textos de Galeno e começou a praticar algo que era tabu na época: a dissecação em humanos. Com isso, demonstrou os diversos erros que Galeno havia cometido anteriormente. Vesalius foi o responsável pela sistematização do estudo da Anatomia, sendo por isso considerado o “pai da anatomia moderna”. Esse nome, portanto, é um dos mais importantes, pois pavimentou o caminho para a forma que a anatomia é estudada hoje. Uma de suas descrições mais importantes foram as dos ossículos do ouvido interno, o martelo, a bigorna e o estribo, assim como o aparelho vestibular (CAMBIAGHI, 2017). Foto: Shutterstock.com Ilustrações anatômicas de Leonardo da Vinci. Nesse meio tempo, houve inúmeros outros grandes nomes na história da anatomia, ciência consolidada como uma das mais importantes para a prática clínica e cirúrgica. Leonardo Da Vinci, Falloppio, Colombo, Bartholin, Hunter, Haller, Luschka, entre outros ainda estão presentes na nomenclatura anatômica clássica e médica graças às suas descobertas, observações e descrições anatômicas (STANDRING, 2016). TERMINOLOGIA ANATÔMICA Também conhecida como “nomenclatura anatômica”, a terminologia anatômica nada mais é que a linguagem própria utilizada dentro do universo da anatomia. Para explicar como isso surgiu, faz-se necessário entender que, ao longo dos anos, diversas descobertas eram feitas no corpo humano em distintos locais. Por exemplo, uma mesma estrutura poderia ser descrita por um anatomista da Itália e, ao mesmo tempo, por um anatomista da Alemanha (GARDNER et al., 1978). EXEMPLO Uma mesma estrutura com diversos nomes gerou uma série de problemas. Podemos citar como exemplo a glândula pineal, que possuía em torno de 40 sinônimos. Imagem: Shutterstock.com Esses problemas trouxeram dificuldades à comunicação. Considera-se que havia mais de 40 mil termos anatômicos circulando ao redor do mundo (BERGMAN et al., 1988). Para mudar essa situação, anatomistas da Alemanha se reuniram na Basileia. Esse encontro culminou na redução de mais de 40 mil para cerca de 4500 termos anatômicos, configurando o que se conhece como “Nômina Anatômica de Basileia” (BERGMAN et al., 1988). Essa nômina passou por diversas revisões, até que um grupo de anatomistas considerou que o texto base deveria ser redigido em latim e traduzido para os demais idiomas, de acordo com a necessidade de cada país, com o propósito de padronização. Isso culminou no surgimento da Terminologia Anatômica que é hoje conhecida, editada e revisada pelo Comitê Internacional da Nomenclatura Anatômica (GARDNER et al., 1978; LATARJET, LIARD, 2011). EXEMPLO Uma das grandes revoluções do surgimento da Terminologia Anatômica atual foi a exclusão de epônimos, que é uma expressão surgida a partir do nome de uma pessoa. Por exemplo, o termo trompas de Falópio era usado para designar as tubas uterinas. Esses epônimos, em anatomia, foram abandonados pela nômina por diversos motivos: não dizem nada sobre uma determinada estrutura e, em alguns casos, podem faltar com a verdade histórica caso a pessoa homenageada não tenha sido a primeira a descrever aquela estrutura. Apesar disso, os epônimos estão presentes no cotidiano da anatomia, especialmente, quando esta é levada para um contexto clínico ou cirúrgico. Por essa razão, ao longo de seus estudos, você irá se deparar com epônimos que são ditos como “clássicos” na literatura. Porém, lembre-se sempre do termo presente na Terminologia Anatômica. VARIAÇÃO ANATÔMICA, ANOMALIA E MONSTRUOSIDADE Nenhum ser humano é igual ao outro. Cada um possui suas particularidades no contexto psicológico, social, de lazer e, não diferente, dentro de um contexto anatômico. Torna-se fácil notar isso quando percebemos diversas diferenças entre nós mesmos. Por exemplo, diferenças de altura, postura, cor dos olhos, e assim por diante. Se fossemos levar todos esses elementos em perspectiva, o estudo da anatomia seria impraticável. Essas diferenças morfológicas observadas são denominadas de variações anatômicas (externas ou internas) e não trazem prejuízo funcional para o indivíduo. Por isso, devemos ter em mente que nem sempre o que será visto no cadáver estará iguala alguma imagem de atlas de anatomia. Esses atlas, assim como toda a literatura anatômica, são constituídos a partir do que se considera mais comum nos seres humanos, ou seja, seguem uma distribuição “normal” (TUBBS et al., 2016). Imagem: Shutterstock.com Para o profissional de saúde o conceito de normal está atrelado ao que é saudável. Para o anatomista o normal está atrelado ao padrão, ao que é comum à maioria dos indivíduos. Vimos que uma variação anatômica não acarreta prejuízo da função. Porém, podem ocorrer variações morfológicas que de fato culminam em distúrbios funcionais. Essas são chamadas, em anatomia, de “anomalias”. EXEMPLO Um indivíduo que nasce com um dedo a mais na mão é um exemplo de anomalia. Foto: Shutterstock.com Um exemplo de anomalia da mão, a polidactilia. Já o conceito de monstruosidade, pouco utilizado nos dias de hoje, está atrelado ao fato de que uma anomalia é acentuada o suficiente para deformar de forma profunda a constituição corpórea de uma pessoa (DÂNGELO; FATTINI, 2011). FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A VARIABILIDADE DO CORPO HUMANO Variações anatômicas podem ser diversas. Um indivíduo pode apresentar um músculo a mais do que o outro, ou um formato diferente do estômago, por exemplo. Isso não implica em perda ou prejuízo de função no caso dessas variações. Você deve ter em mente que existe uma gama de fatores que altera a anatomia de um indivíduo. Entre os mais comuns, podemos destacar os seguintes: IDADE Durante a vida, o corpo sofre diversas alterações. Por exemplo, a diminuição da estatura devido à desidratação dos discos intervertebrais, que ocorre normalmente com a idade. Outro aspecto é o fato de a anatomia de um recém-nascido ser completamente diferente de um adolescente, assim como a anatomia de um embrião em formação é distinta de um feto já formado (SCHOENWOLF et al., 2015). Imagem: Shutterstock.com Desenvolvimento embrionário até os 9 meses. SEXO Existem diferenças anatômicas importantes entre os sexos. A cavidade pélvica masculina é completamente diferente da feminina, devido às diferenças nos órgãos sexuais e em outros elementos (ósseos, musculares, articulares, hormonais etc.) (TORTORA, DERRICKSON, 2014). Imagem: Shutterstock.com Diferenças entre a pelve óssea masculina (à esquerda) e a feminina (à direita). ETNIA/RAÇA Grupos que pertencem a uma mesma etnia possuem similaridades entre si. No Brasil, graças à miscigenação, esse aspecto não é tão ressaltado, porém, ao compararmos um indígena com um indivíduo proveniente da região nórdica, na Europa, observaremos características distintas (TESTUT; LATARJET, 1958). TIPO MORFOLÓGICO Também denominado de “biótipo”. São características gerais herdadas de uma determinada pessoa. Na literatura clássica, são descritos três biótipos: o longilíneo, o brevilíneo e o normolíneo (ou mediolíneos). • O longilíneo é caracterizado como o indivíduo alto, magro, com membros longos. • O brevilíneo é um indivíduo baixo, atarracado, com pescoço curto. • O mediolíneo é o indivíduo com características mistas, sem preponderância de uma sobre a outra. Essa nomenclatura é pouco utilizada atualmente, em razão da grande variabilidade dos indivíduos nesse sentido. Todos esses fatores contribuem para a variabilidade do ser humano. Quando estudamos anatomia, temos de ter em mente que o que está sendo lido é referente a um indivíduo “normal”, de altura “normal”, de peso “normal”, sem nenhuma característica preponderante individual. Em outras palavras: estuda-se o indivíduo que está na média, o mais “comum”. POSIÇÃO ANATÔMICA A fim de padronizar a descrição da anatomia humana e evitar um número exacerbado de termos, visto que a posição de uma pessoa no espaço é variável, convencionou-se que o objeto de estudo esteja em uma posição padrão: a posição anatômica. Com isso, os anatomistas descrevem uma determinada estrutura levando em consideração essa posição. A posição anatômica é caracterizada da seguinte maneira (DÂNGELO; FATTINI, 2011): Posição anatômica. • O indivíduo está em pé (posição ortostática), com a face voltada para frente e o olhar dirigido para o horizonte. • Os membros superiores ficam estendidos e aplicados ao tronco, com as palmas das mãos voltadas para frente. • Os membros inferiores ficam unidos com as pontas dos pés dirigidas para a frente. Imagem: Shutterstock.com Dessa maneira, não importa a posição do cadáver (decúbito dorsal, ventral, lateral, entre tantas outras), toda a descrição é feita considerando que o cadáver esteja na posição anatômica. PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO CORPÓREA EM VERTEBRADOS Agora, vamos explicar alguns conceitos e pilares sob os quais o corpo humano é constituído. ANTIMERIA O plano mediano divide um corpo em duas metades (direita e esquerda). Tais metades são chamadas de antímeros, pois são semelhantes. Apesar desse princípio, há de se notar que essas metades não são simétricas. Essa simetria bilateral pode ser notada durante o início do desenvolvimento embrionário, e isso se perde ao longo do desenvolvimento do indivíduo. Desse modo, o membro pode ser mais comprido que o outro; o coração está situado à esquerda; o baço pertence somente ao antímero esquerdo, e assim por diante. METAMERIA É o conceito no qual há uma superposição de segmentos semelhantes entre si (metâmeros) no sentido longitudinal. Também é evidente na fase embrionária. Na vida adulta, somente algumas estruturas demonstram metameria, como a coluna vertebral e as costelas. Imagem: Shutterstock.com Um exemplo de metameria presente no ser humano, a coluna vertebral. PAQUIMERIA Esse princípio é caracterizado pelo fato de que o eixo do corpo é constituído, morfologicamente, por dois grandes tubos (paquímeros), um ventral, correspondente às vísceras, e o dorsal, correspondente ao sistema nervoso central. ESTRATIMERIA Em suma, o corpo humano é constituído por camadas (estratos) superpostos. Isso é bastante evidente em uma dissecação, processo no qual a pele é removida e, em seguida, surge a tela subcutânea, que se situa superficialmente à fáscia muscular e aos músculos, e assim sucessivamente. Há de se notar nos órgãos abdominais, por exemplo, que são formados por diversas camadas musculares superpostas. Imagem: Shutterstock.com Um exemplo de estratigrafia, pele e suas camadas (epiderme, derme e a tela subcutânea, conhecida também como hipoderme). PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO Na posição anatômica, o corpo humano pode ser delimitado por planos que tangenciam as suas superfícies corporais, de modo que este esteja inserido dentro de um paralelepípedo. Podemos observar, então, uma série de planos: Um tangente ao ventre (frente) e um tangente ao dorso (popularmente conhecido como “as costas”) do indivíduo. Esses planos são denominados de plano anterior (ou frontal, ou ventral) e plano posterior (ou dorsal), respectivamente. Dois planos tangentes aos lados do corpo do indivíduo, chamados de planos laterais direito e esquerdo (ou látero-laterais). Um plano horizontal, tangente a cabeça do indivíduo, denominado de plano superior (ou cranial), e outro plano horizontal, tangente à planta dos pés do indivíduo, chamado de plano inferior (ou caudal). Esses planos anteriormente descritos são classificados como planos de delimitação. Iremos estudar agora os eixos do corpo humano. Esses eixos são considerados como linhas imaginárias, traçadas no indivíduo dentro do paralelepípedo dos planos de delimitação. Existem três eixos, a saber: EIXO ANTEROPOSTERIOR (OU SAGITAL) EIXO CRANIOCAUDAL (OU LONGITUDINAL) EIXO LÁTERO-LATERAL (OU TRANSVERSAL) Ao compreendermos os planos de delimitação e os eixos, podemos estudar agora os planos de secção (de corte). Plano mediano É o plano de corte que divide o corpo humano em duas metades, direita e esquerda. Quando esse corte é realizado exatamente no meio do corpo, alguns autores o denominam de plano sagital mediano. Quando esse corte é realizado paralelamenteao plano sagital mediano, o nome que se dá é “plano sagital”. Esse nome vem de uma estrutura anatômica situada no crânio, a sutura sagital. O plano sagital é, portanto, perpendicular ao eixo látero-lateral e paralelo ao anteroposterior. Plano frontal É o plano de secção que divide o corpo em duas metades, uma anterior e uma posterior (ventral e dorsal, respectivamente). É perpendicular ao eixo anteroposterior e paralelo ao plano látero-lateral. Plano transversal É o plano de corte que divide o corpo humano em metades superior e inferior. É paralelo ao plano craniocaudal. Imagem: Shutterstock.com Planos de secção. À esquerda, temos o plano sagital; no centro, o plano coronal ou frontal; e à direita, o plano transversal. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO Quando um órgão ou estrutura é observado, o anatomista geralmente o compara a uma forma geométrica. Essas formas geométricas possuem faces, margens, extremidades, ângulos, entre outros, que são descritos de acordo com a posição que se apresentam na posição anatômica. Para padronizar essa descrição, foram criados diversos termos que levam em consideração os planos e eixos anteriormente estudados. EXEMPLO Uma face que olha para o plano mediano é denominada de “face medial”, uma extremidade que está voltada para o plano lateral direito ou esquerdo é denominada de “extremidade lateral”. A tabela a seguir resume os termos de posição utilizados na anatomia. Tabela 1: Principais termos de posição e descrição Termo Definição Exemplo Medial Utilizado quando uma estrutura está mais próxima ao plano mediano. Extremidade medial da clavícula. Lateral Utilizado quando uma estrutura está mais próxima ao plano lateral. Maléolo lateral da fíbula. Médio Utilizado quando algo se situa entre uma estrutura superior e inferior (ou externa e interna). Terço médio do antebraço. Mediano Pouco utilizado, significa que está no eixo central (plano sagital mediano) de alguma região. Veia cubital mediana. Intermédio Utilizado quando algo está entre uma estrutura medial e outra lateral. Osso cuneiforme intermédio (dos ossos do tarso). Radial Sinônimo de lateral. Utilizado no antebraço, referente à parte lateral deste, onde se situa o rádio. Músculo flexor radial do carpo. Ulnar Sinônimo de medial. Utilizado no antebraço, referente à parte medial deste, onde se situa a ulna. Músculo flexor ulnar do carpo. Fibular Sinônimo de lateral. Utilizado na perna, referente à parte lateral desta, onde se situa a fíbula. Artéria fibular. Tibial Sinônimo de medial. Utilizado na perna, referente à parte medial desta, onde se situa a tíbia. A superfície tibial da perna é ocupada, principalmente, pelo corpo da tíbia. Anterior Utilizado quando uma estrutura está mais próxima à frente. Músculo tibial anterior. Posterior Utilizado quando uma estrutura está mais próxima ao dorso. Músculo serrátil póstero- inferior. Ventral Sinônimo de anterior. Mais utilizado no tronco. O omento maior situa-se ventralmente ao omento menor. Dorsal Sinônimo de posterior. Em algumas regiões, o termo dorsal toma significado especial, como, por exemplo, no dorso do pé (parte superior). Face dorsal da escápula. Palmar (volar) Sinônimo de anterior. Utilizado para estruturas situadas na palma da mão. Arco palmar superficial. Plantar Sinônimo de inferior. Utilizado para estruturas situadas na planta do pé. Plexo venoso plantar. Superior Utilizado quando algo está mais próximo do ápice ou da extremidade superior do corpo. O mamilo é superior à cicatriz umbilical. Inferior Utilizado quando algo está mais próximo da extremidade inferior do corpo. Espinha ilíaca ântero-inferior. Cranial (cefálico) Sinônimo de superior. A artéria carótida comum segue cranialmente pelo pescoço. Caudal Sinônimo de inferior. O cóccix situa-se caudalmente ao sacro. Proximal Específico para os membros. Utilizado quando uma estrutura está mais próxima da raiz de implantação dos membros. O terço proximal do braço. Distal Específico para os membros. Utilizado quando uma estrutura está mais distante da O terço distal da coxa. raiz dos membros. Interno Utilizado quando algo está mais próximo do centro de um órgão ou cavidade. Face interna da costela. Externo Utilizado quando algo está mais longe do centro de um órgão ou cavidade. Superfície externa da bexiga urinária. Superficial Utilizado quando uma estrutura está mais próxima da superfície. O músculo esternocleidomastoideo situa- se superficialmente aos músculos infra-hioideos. Profundo Utilizado quando uma estrutura está mais longe da superfície. A artéria ulnar, em parte do seu trajeto, situa-se profundamente ao músculo flexor ulnar do carpo. Principais termos de posição e descrição. Imagem: Marcio Antonio Babinski. Perceba que foram utilizados nos exemplos acima tanto o nome de estruturas (músculos, acidentes ósseos etc.) quanto o uso do termo em uma determinada descrição anatômica. Isso reitera a importância desses termos na constituição da linguagem dentro da anatomia. Em um primeiro momento, pode parecer difícil, mas com estudo e leitura, essa terminologia tende a se tornar natural. Essa nomenclatura é utilizada por todos os profissionais de saúde para descrever lesões, como, por exemplo, uma fratura no terço médio da tíbia. Portanto, é imprescindível a familiarização com tais termos. Imagem: Shutterstock.com Alguns dos termos de posições utilizados na anatomia. À esquerda, uma vista lateral; à direita, vista anterior. ANATOMIA SISTÊMICA E TOPOGRÁFICA Existem diversas formas de se abordar o estudo da anatomia. Em geral, esse estudo pode ser sistêmico ou topográfico. ANATOMIA SISTÊMICA ANATOMIA TOPOGRÁFICA Assim sendo, o corpo humano pode ser dividido, em geral, nos seguintes sistemas: Sistema tegumentar (Pele e anexos) Sistema esquelético (Ossos e articulações) Sistema muscular (Músculos e fáscias) Sistema nervoso (Central e periférico) Sistema circulatório (Coração e vasos, assim como os vasos linfáticos) Sistema respiratório (Vias aéreas e pulmões) Sistema digestivo (Trato gastrointestinal) Sistema urinário (Rins e vias urinárias) Sistema genital (Órgãos da reprodução) Sistema endócrino (Glândulas que produzem hormônio) Sistema sensorial (Órgãos do sentido) ATENÇÃO Vale ressaltar que a união de mais de um sistema forma o que é conhecido como aparelho, por exemplo: a união do sistema esquelético com o muscular forma o aparelho locomotor; enquanto a união do sistema urinário e genital forma o aparelho urogenital. Já em uma abordagem topográfica, o corpo humano é geralmente dividido da seguinte maneira: Cabeça Pescoço javascript:void(0) javascript:void(0) Tronco Tórax Abdome Pelve Membros Superiores Ombro (Raiz do membro superior) Braço Cotovelo Antebraço Punho Mão Inferiores Quadril (Raiz do membro inferior) Coxa Joelho Perna Tornozelo Pé ATENÇÃO Essa divisão topográfica, na verdade, é mais simplificada, visto que é possível dividir essas regiões em sub- regiões. Por exemplo, o pescoço pode ser subdividido em triângulos a partir de relevos e bordas musculares; a coxa, em compartimentos musculares, para melhor apreciar as estruturas de cada região. Por essa razão, a abordagem topográfica é mais utilizada em um contexto cirúrgico (TESTUT; JACOB, 1952). ÉTICA EM ANATOMIA Vimos anteriormente que anatomia é uma ciência bastante antiga. O conceito de ética estava atrelado, inicialmente, a preceitos religiosos. Dessa maneira, a dissecação de humanos era terminantemente proibida, o que culminou nos manuscritos de Galeno, baseados em dissecações em animais. Apesar disso, existem relatos de dissecações em humanos no século III (DUNN, 2003). Fontes indicam que a primeira dissecação ocorreu em 1315, na Itália (GHOSH, 2015). Nessa época, diversos países da Europa já buscavam legalizar a prática da dissecação em criminosos condenados (STANDRING,2016). Imagem: Shutterstock.com Ilustração icônica de Andrea Vesalius: esqueleto com uma pá para cavar sua própria cova. Ainda na época de Vesalius, em torno de 1500, essa prática ainda era vista como tabu. O jovem anatomista utilizou-se de um subterfúgio para conseguir peças humanas: ia ao cemitério coletar ossadas de criminosos condenados à morte. Após conseguir prestígio na academia e tornar-se professor, foi permitido a ele realizar dissecações públicas em criminosos, uma pena de morte vista na época como uma das mais severas (BENINI; BONAR, 1996; MESQUITA et al., 2015). À medida em que foi sendo observada a importância da dissecação na vida de um profissional da saúde, a tendência dos países ao redor do mundo foi liberá-la e, graças a esforços dos profissionais, parte do estigma foi sendo limado pouco a pouco da percepção pública. Quando se fala em ética na anatomia, é necessário observar esse panorama histórico, que traz a evolução da sociedade quanto à dissecação. É impossível analisar caso a caso, assim como, é impossível trazer contextos de países e épocas diferentes. Desse modo, traremos de alguns eventos que ocorreram ao longo do tempo, o olhar da comunidade científica quanto à ética em anatomia e alguns aspectos pertinentes à legislação brasileira sobre o tema. Um dos melhores exemplos de falta de ética refere-se a um grupo de médicos nazistas. Esse grupo elaborou um atlas de anatomia através de dissecações e ilustrações de cadáveres de prisioneiros judeus que foram mortos no Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. Esse atlas é conhecido como o “Atlas de Pernkopf”. Evidentemente, nesse episódio, os anatomistas cometeram uma gravíssima violação de princípios éticos enraizados na anatomia, na Medicina e da própria humanidade. Apesar de ser um atlas considerado por muitos uma obra prima artística e anatômica, a primeira edição do livro continha claros elementos nazistas, como suásticas e o símbolo da Schutstaffel (SS) nas assinaturas dos ilustradores. Tais símbolos foram removidos de edições subsequentes até que a publicação do atlas foi cessada e seu uso hoje em dia é visto de forma negativa e gera polêmicas (WILLIAMS, 1988; RIGGS, 1998). ATENÇÃO Isso reflete, novamente, o aspecto histórico do conceito de “ética” de uma determinada sociedade, visto que, na época, os autores não sofreram punições e somente após a década de noventa que ocorreu um debate a respeito do tema. Podemos concluir que a ética está atrelada à sociedade e se molda a partir desta (GOSS et al., 2019). No Brasil, a lei é bastante clara quanto ao uso do cadáver. A Lei 8.501, de 30 de novembro de 1992, tem como objetivo propor o uso de cadáveres não reclamados para fins de pesquisa, ensino e extensão. Isso permite às instituições de ensino superior formarem grupos de captação e rastreamento desses cadáveres não reclamados, de modo a construir um laboratório com material o suficiente para os estudantes. Foto: Shutterstock.com Em relação à doação de cadáver, existem dois dispositivos legais: Artigo 14 da Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002 Permite a doação altruística ou para fins científicos do seu próprio corpo. + Lei 9.434 de 4 de fevereiro de 1997 Segundo a qual, para doação, é necessário autorização por escrito e diante de testemunhas, assim como especificar o que será doado. SAIBA MAIS Ambos os dispositivos legais dão margem para as próprias instituições de ensino protocolarem e coordenarem centros de captação de cadáver, assim como formarem parcerias com instituições hospitalares e/ou instituições de necrópsia. Por outro lado, há o estudante, que necessita ser ensinado a respeitar o cadáver. A ética afeta todas as esferas da sociedade. O artigo 212 da Lei 2.848 de 07 de dezembro de 1940 prevê pena de reclusão e pagamento de multa por vilipêndio ao cadáver, ou seja, quando algum indivíduo trata o cadáver com desrespeito ou desdém. É importante que os estudantes entendam que o laboratório de anatomia não é um local para brincadeiras, e sim para estudo, e que os cadáveres ali presentes foram doados ou recebidos com muito esforço legal. Doar o cadáver é um ato muito difícil para a família e, portanto, de modo a preservar a sua memória, é necessário respeito. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA O especialista Jose Carlos Siciliano Oliveira faz um resumo do módulo, abordando todos os subtópicos descritos neste módulo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A ALTERNATIVA VERDADEIRA: A) O plano sagital é perpendicular ao eixo látero-lateral e divide o corpo em metades superior e inferior. B) O plano coronal é perpendicular ao eixo anteroposterior e divide o corpo em metades superior e inferior. C) O plano sagital é perpendicular ao eixo látero-lateral e divide o corpo em metades direita e esquerda. D) O plano transversal é perpendicular ao eixo látero-lateral e divide o corpo em metades superior e inferior. E) Os planos são sempre paralelos aos eixos corporais. 2. SUPONHAMOS QUE EXISTE UMA ESTRUTURA C, SITUADA ENTRE AS ESTRUTURAS A E B. EM UM CONTEXTO DOS TERMOS ANATÔMICOS, ESSA ESTRUTURA C PODERIA SER DENOMINADA DE: A) Intermédia B) Lateral C) Medial D) Superior E) Inferior GABARITO 1. Assinale a alternativa verdadeira: A alternativa "C " está correta. O plano sagital é um plano de corte que divide o corpo em duas metades (direita e esquerda). Esse plano é perpendicular ao eixo látero-lateral, pois forma um ângulo de 90° com esse eixo. Portanto, só resta uma alternativa correta. 2. Suponhamos que existe uma estrutura C, situada entre as estruturas A e B. Em um contexto dos termos anatômicos, essa estrutura C poderia ser denominada de: A alternativa "A " está correta. Grande parte dos termos anatômicos é utilizada para descrever a posição de uma determinada estrutura perante um contexto posicional dentro do corpo humano. Diz-se que uma estrutura é intermédia pelo fato de ela se situar entre duas estruturas, uma mais lateral, e uma mais medial. É um termo pouco utilizado na anatomia, mas importante para dar nome ao osso cuneiforme intermédio, por exemplo. MÓDULO 2 Reconhecer as generalidades sobre a anatomia do sistema esquelético OSTEOLOGIA Agora, vamos descrever os aspectos gerais dos elementos ósseos do corpo humano. Esse estudo é denominado de osteologia, que significa estudo dos ossos. O sistema esquelético é composto por um elemento principal: o osso. Esse elemento pode ser considerado um órgão. O osso, por si só, é um tecido vivo complexo e dinâmico e está sempre submetido a processos de remodelamento: construção de novo tecido ósseo e degradação de tecido ósseo “velho”. Imagem: Shutterstock.com O esqueleto humano em uma vista anterior, lateral e posterior. FUNÇÕES O sistema esquelético possui inúmeras funções, a saber: SUPORTE Serve de arcabouço de sustentação para o corpo e providencia pontos de inserção para os tendões da grande maioria dos músculos esqueléticos. Imagem: Shutterstock.com Músculos esqueléticos inseridos nos ossos. PROTEÇÃO Devido à sua resistência, os ossos protegem diversos órgãos de lesões. O crânio, por exemplo, protege os elementos do sistema nervoso central, enquanto a caixa torácica protege o coração e os pulmões. Imagem: Shutterstock.com A caixa torácica protegendo o coração e os pulmões. MOVIMENTO São considerados elementos passivos na dinâmica do movimento, mas são imprescindíveis para tal. Imagem: Shutterstock.com Os ossos em movimento. HOMEOSTASE MINERAL Armazenam diversos minerais, em especial, cálcio e fósforo, e são capazes de liberar esses minerais de acordo com a necessidade. Imagem: Shutterstock.com O tecido ósseo atuante na homeostase mineral. ARMAZENAMENTO DE TRIGLICERÍDEOS Na vida adulta, o canal medular dos ossos longos é comumente preenchido por gordura, denominada de medula óssea amarela, o que faz com que os ossos sejam potenciais reservatórios de energia. Imagem: Shutterstock.com A medula ósseaamarela. HEMATOPOESE Alguns ossos possuem a chamada “medula óssea vermelha”, que é capaz de gerar células sanguíneas vermelhas, brancas e plaquetas, no processo conhecido como hematopoese ou hematocitopoese. Essa característica é mais observada durante o período embrionário, mas, alguns ossos na vida adulta ainda retêm medula óssea vermelha, como o osso da pelve, o esterno e as vértebras. Cabe notar que procedimentos de coleta de medula óssea são frequentemente realizados nesses ossos. Imagem: Shutterstock.com A medula óssea vermelha. DIVISÕES DO ESQUELETO O número de ossos no esqueleto pode variar para mais ou para menos de acordo com aspectos como a idade ou as variações anatômicas. O esqueleto adulto, possui, em média, 206 ossos. Nas crianças, o número é frequentemente maior, pois algumas partes de ossos específicos só irão se fundir ao longo da vida. Já os idosos possuem número menor de ossos, visto que há uma ossificação das articulações e subsequente fusão fisiológica de ossos (sinostose fisiológica). O esqueleto humano pode ser dividido em duas grandes porções: o esqueleto axial e o esqueleto apendicular. ESQUELETO AXIAL ESQUELETO APENDICULAR Um cíngulo é definido pelo conjunto de ossos que conectam o esqueleto apendicular ao esqueleto axial. javascript:void(0) javascript:void(0) No membro superior, o cíngulo é composto pela clavícula e escápula, enquanto no membro inferior, o cíngulo é composto pelo osso da pelve (ílio, ísquio e púbis), pois conectam, respectivamente, o úmero e o fêmur ao esqueleto axial. Imagem: Shutterstock.com Esqueleto apendicular e esqueleto axial. CONSTITUIÇÃO DOS OSSOS Em nível microscópico, o tecido ósseo possui uma abundante matriz extracelular que circunda as células ósseas de fato. Essa matriz possui em sua constituição em torno de 15% de água, 30% de colágeno e 55% de sais minerais cristalizados (fosfato de cálcio e hidróxido de cálcio, que formam, juntos, cristais de hidroxiapatita). Esse elemento mineral confere rigidez ao osso, enquanto o colágeno confere a flexibilidade e força de tensão. Além desses elementos, o tecido ósseo possui células específicas, que estudaremos, sucintamente, a seguir: Células osteoprogenitoras São células não especializadas e que derivam do mesênquima. São células precursoras dos osteoblastos. Osteoblastos São células ósseas jovens, que possuem a função de “criar” tecido ósseo. Assim sendo, elas sintetizam e secretam colágeno e outros componentes para formar a matriz extracelular óssea, além de começarem o processo de calcificação. Osteócitos São célula ósseas maduras. Nada mais são que osteoblastos que já secretaram o suficiente de matriz e ficaram “presos” nessa própria sintetização. São as células principais do tecido ósseo e são fundamentais para o metabolismo deste. Osteoclastos São células ósseas gigantes, derivadas da união de monócitos (um tipo de célula sanguínea branca). Enquanto os osteoblastos são responsáveis pela construção de tecido ósseo, os osteoclastos possuem a função de degradar esse tecido (reabsorção óssea). Imagem: Shutterstock.com Estruturas de um osso. Ainda, há a existência de pequenos espaços entre todos esses elementos estudados anteriormente. Esses espaços podem servir como canais sanguíneos ou armazenamento de medula óssea. De acordo com a distribuição desses espaços, um osso pode ser classificado como compacto ou esponjoso: TECIDO ÓSSEO COMPACTO É caracterizado por ter poucos espaços entre os elementos de constituição óssea. O osso compacto é mais rígido e resistente. Está presente na diáfise de ossos longos, por exemplo. Possui uma unidade estrutural fundamental, denominada de ósteon (ou sistema de Havers). Esses ósteons possuem lamelas que se dispõem ao redor de um canal central (canal de Havers), que permite a passagem de vasos e nervos, além de serem paralelos à longitude do osso. Existe, no tecido ósseo compacto, a presença de canais transversais, denominados de canais perfurantes (canais de Volkmann) que se conectam com a cavidade medular, periósteo e o canal central. TECIDO ÓSSEO ESPONJOSO Também conhecido como “trabecular”. Está situado no interior dos ossos, geralmente protegido por uma camada de osso compacto. Possui uma série de trabéculas e, entre essas trabéculas, existe uma série de pequenos espaços que podem ser vistos a olho nu. Esses espaços estão repletos de medula óssea vermelha (nos ossos curtos) e medula óssea amarela (nos ossos longos adultos). As trabéculas do osso esponjoso ficam dispostas de forma orientada, no que se conhece como “linhas de estresse”, e permitem que um determinado osso resista a uma pressão sem ser lesionado. Isso pode ser evidenciado, por exemplo, na cabeça do fêmur, que recebe cargas do corpo na posição ortostática. Imagem: Shutterstock.com Diagrama dos canais de Havers e canais de Volkmann e seus vasos correspondentes. CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS Os ossos do corpo humano podem ser classificados em grandes cinco ou seis categorias, de acordo com seu formato e autor, a saber: OSSOS LONGOS Por definição, possuem um comprimento maior que largura. Grande parte dos ossos longos pertencem ao esqueleto apendicular, como, por exemplo, o úmero, fêmur, as falanges, a ulna, fíbula, entre outros. OSSOS CURTOS São ossos com um formato cuboide que possuem medidas comprimento e largura similares. Os ossos do carpo e do tarso são bons exemplos de ossos curtos. OSSOS PLANOS São ossos com uma ampla superfície fina, como os ossos do neurocrânio, o esterno, as costelas e a escápula. Os ossos planos possuem uma disposição específica de tecido ósseo compacto e esponjoso. Nos ossos do crânio, por exemplo, há uma camada de osso esponjoso interposta entre duas camadas de osso compacto, disposição conhecida como “díploe”. OSSOS IRREGULARES São ossos que possuem formatos complexos e que não podem ser agrupados nas categorias estudadas anteriormente. Como exemplo, podemos citar as vértebras, o osso do quadril e alguns ossos do viscerocrânio (face). OSSOS SESAMOIDES São ossos que se desenvolvem dentro de tendões nos quais há considerável atrito ou estresse físico. Variam imensamente de número de pessoa para pessoa e nem sempre estão completamente ossificados. São, geralmente, pequenos em diâmetro. O maior osso sesamoide do corpo humano é a patela, situada no tendão do músculo quadríceps femoral. Os ossos sesamoides auxiliam na proteção do tendão e podem funcionar como uma polia, diminuindo o esforço que um determinado músculo necessita fazer para realizar um movimento. OSSOS SUTURAIS Alguns autores consideram os ossos suturais (antigamente denominados de ossos Wormianos) como uma classificação. São definidos como ossos situados nas suturas (um tipo de articulação) dos ossos do crânio. Variam consideravelmente e podem ser considerados como variações anatômicas. Imagem: Shutterstock.com Tipos de ossos. CARACTERÍSTICAS DE UM OSSO LONGO Morfologicamente, os ossos longos possuem a maior complexidade, pois possuem um maior número de elementos e divisões macroscópicas. Iremos analisá-las, fazendo referência aos demais tipos de ossos quando necessário. Um osso longo típico, possui as seguintes porções: Diáfise É definida como o corpo do osso, ou seja, a porção mais longa, central e cilíndrica. Há presença significativa de tecido ósseo compacto. Epífise São as extremidades do osso e, por isso, podem ser chamadas de epífise proximal e epífise distal. Há presença significativa de tecido ósseo trabecular. Metáfise São as regiões entre as epífises e as diáfises. São importantes durante o crescimento ósseo, pois nessa região está situada a placa epifisária ou o disco epifisário, uma estrutura de cartilagem hialina que permite que o osso cresça em comprimento. Após cumprir seu papel, essa placa se ossifica e se torna somente uma linha, denominada de linha epifisária (BERENDSEN; OLSEN, 2015). Cartilagem articular É um revestimento cartilaginosoque cobre parte da epífise de um osso que se articula. Está presente não somente em ossos longos, mas nos demais tipos de ossos, exatamente nessas mesmas porções onde há uma articulação. Canal medular É um canal geralmente cilíndrico, situado internamente à diáfise. É preenchido por medula óssea amarela nos adultos. Essa cavidade diminui o peso de um osso sem perda de resistência. Imagem: Shutterstock.com Anatomia de um osso. CAMADAS DE REVESTIMENTO DE UM OSSO, NUTRIÇÃO E INERVAÇÃO Além de todos os elementos de constituição que já estudamos, um osso é provido de duas camadas, a saber: PERIÓSTEO Uma membrana resistente de tecido conjuntivo. Está associada ao suprimento sanguíneo e à inervação de um osso. O periósteo auxilia no crescimento do osso, porém somente em espessura. Além de ter papel de proteção, o periósteo possui funções como acelerar processo de reparo de fraturas, nutrição e inervação e serve como ponto de ancoragem para ligamentos e músculos. ENDÓSTEO É uma camada fina que reveste a superfície interna do canal medular, possui função de vascularização, assim como o periósteo. O osso é altamente vascularizado e inervado. Os vasos sanguíneos são mais abundantes nas porções que possuem tecido ósseo trabecular (medula óssea vermelha), e esses vasos e nervos penetram no osso através do periósteo. Para fins de descrição da vascularização e inervação de um osso, iremos utilizar os ossos longos como exemplo. ARTÉRIAS PERIOSTEAIS São artérias pequenas que nutrem o periósteo e a parte externa do osso compacto, entram pela diáfise através dos canais perfurantes (de Volkmann). ARTÉRIA NUTRÍCIA É uma artéria de maior calibre e, frequentemente, entra na diáfise do osso através de um forame, denominado de forame nutrício. Ao entrar na superfície interna do osso, divide-se em dois grandes ramos (distal e proximal) que seguem para as suas respectivas extremidades. Essa artéria e seus ramos irão nutrir a superfície interna do tecido compacto, o tecido esponjoso e as placas epifisárias. ARTÉRIAS EPIFISÁRIAS E METAFISÁRIA São artérias de menor calibre, que irão irrigar, também, suas respectivas porções. Formam uma rede anastomótica com os vasos nutrícios. ATENÇÃO Cabe salientar que a drenagem venosa é paralela à irrigação arterial. Portanto, as veias que drenam o osso podem ser denominadas de veias nutrícias, veias epifisárias, veias metafisárias e veias periosteais. Da mesma maneira, os nervos correm junto com esses dois elementos, constituindo o que se chama de feixe vásculo-nervoso. A inervação do periósteo é rica em fibras sensoriais, que são responsáveis por carrearem informações de dor. Isso explica a dor causada por fraturas, doenças ósseas e em procedimentos como biópsia de medula óssea (MOORE et al., 2019). Imagem: Shutterstock.com Estrutura de um osso longo (úmero), demonstrando a vascularização. CARACTERÍSTICAS DAS SUPERFÍCIES ÓSSEAS Ao se deparar com um osso, note que ele apresenta uma série de acidentes e irregularidades que podem ser definidos e rotulados de diversas maneiras. Essas irregularidades das superfícies, também denominadas de pontos de reparo ou acidentes ósseos, são mais fáceis de serem observadas em um osso isolado e seco, no qual o periósteo e a cartilagem articular foram removidos previamente. São mais salientes de acordo com a tensão devido à tração de tendões, músculos, ligamentos ou pela relação do osso com um vaso, nervo ou tendão. Nesse sentido, podemos dividir essas “impressões” em duas categorias: As aberturas e depressões. Os processos ou proeminências, denominados antigamente de apófises. Na tabela a seguir, iremos dar nome a algumas dessas impressões e defini-las. Tabela 2: Tipos de superfícies e processos encontradas nos ossos. a) Aberturas e depressões Definição Fissura Fenda entre partes adjacentes de ossos. Permite a passagem de vasos e nervos. Forame Abertura circular ou ovalada que permite a passagem de vasos e nervos. Fossa Depressão rasa. Fóvea Depressão profunda, porém pequena Meato Abertura tubular. Sulco “Túnel sem teto” ao longo de uma superfície óssea. Acomoda vasos, nervos ou tendões. b) Processos ou proeminências Definição Côndilo Protuberância arredondada e larga, possui superfície articular. Cabeça Projeção articular arredondada, geralmente próxima ao colo (pescoço) de um osso. Crista Elevação áspera e longa. Frequentemente situada nas bordas de um osso. Epicôndilo Projeção situada nas extremidades de um côndilo. Linha Similar a uma crista, mas menos proeminente. Alguns autores também a chamam de borda. Processo Qualquer projeção alongada e fina. Trocânter Projeção óssea larga. Tubérculo Projeção óssea arredondada de tamanho variável. Tuberosidade Projeção de tamanho variável com superfície irregular. Espinha Projeção de tamanho pequeno. Seio Ampla cavidade no osso. Tipos de superfícies e processos encontradas nos ossos. Imagem: Marcio Antonio Babinski OSSIFICAÇÃO O processo de formação óssea é denominado de ossificação, ou osteogênese, e ocorre em quatro situações: 01 02 03 04 javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Existem duas modalidades de osteogênese. Ambas envolvem a substituição de um tecido conjuntivo preexistente por osso, porém ocorrem de modo diferente. No primeiro tipo de ossificação, denominado de intramembranosa, o osso se forma diretamente no mesênquima, que é organizado em camadas semelhantes a folhas que lembram membranas. No segundo tipo, denominado de ossificação endocondral, o osso se forma a partir de um molde de cartilagem hialina. Ossificação intramembranosa É a forma mais simples de ossificação. Os ossos planos do crânio, a maioria dos ossos faciais, parte da mandíbula e a parte medial da clavícula passam por esse tipo de processo. Nos ossos do crânio, as fontanelas (conhecidas popularmente como “moleiras”) são frutos da ossificação intramembranosa. Esses fontículos permitem a passagem do feto pelo canal vaginal e, posteriormente, se ossificam. A ossificação intramembranosa tem as seguintes etapas: PRIMEIRA ETAPA: DESENVOLVIMENTO DO CENTRO DE OSSIFICAÇÃO No local onde o osso se desenvolverá, sinais químicos específicos fazem com que as células do mesênquima se agrupem e se diferenciem primeiro em células osteoprogenitoras e depois em osteoblastos. O local desse aglomerado é denominado centro de ossificação. Os osteoblastos secretam a matriz extracelular orgânica do osso até serem circundados por ela. SEGUNDA ETAPA: CALCIFICAÇÃO A secreção da matriz extracelular cessa e, ao longo dos dias, ocorre um depósito de cálcio e demais sais minerais e a matriz extracelular endurece ou calcifica. TERCEIRA ETAPA: FORMAÇÃO DE TRABÉCULAS À medida que a matriz extracelular óssea se forma, ela se desenvolve em trabéculas que se fundem para formar o tecido ósseo esponjoso ao redor da rede de vasos sanguíneos. O tecido conjuntivo ao redor dos vasos sanguíneos nas trabéculas se diferencia em medula óssea vermelha. QUARTA ETAPA: DESENVOLVIMENTO DO PERIÓSTEO Em conjunto com a formação de trabéculas, o mesênquima se condensa na periferia do osso e forma o periósteo. Uma fina camada de osso compacto substitui as camadas superficiais do osso esponjoso, enquanto este é preservado no centro. Após isso, o osso é constantemente remodelado até chegar ao seu tamanho e forma normais para a vida adulta. Ossificação endocondral Nessa forma de ossificação, há a formação de osso a partir de um molde de cartilagem hialina. A grande maioria dos ossos do corpo humano são formados a partir desse tipo. PRIMEIRA ETAPA: DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE CARTILAGEM No local onde o osso vai se formar, mensagens químicas específicas fazem com que as células do mesênquima se aglomerem na forma geral do futuro osso e se desenvolvam em condroblastos, que secretam cartilagem hialina na forma do molde. Uma cobertura chamada pericôndrio se desenvolve em torno do modelo de cartilagem.SEGUNDA ETAPA: CRESCIMENTO DO MOLDE DE CARTILAGEM Uma vez que os condroblastos ficam profundamente enterrados na matriz extracelular da cartilagem, eles se tornam condrócitos. O molde de cartilagem cresce em comprimento por divisão celular contínua de condrócitos, acompanhada por mais secreção da matriz extracelular da cartilagem (crescimento intersticial). O crescimento em espessura se dá pelo acúmulo da matriz extracelular na superfície do molde por novos condroblastos (crescimento aposicional). TERCEIRA ETAPA: DESENVOLVIMENTO DO CENTRO DE OSSIFICAÇÃO PRIMÁRIO A ossificação primária vai da superfície externa para a interna do osso. Uma artéria nutrícia penetra no pericôndrio e no molde cartilaginoso, que por sua vez faz com que as células osteoprogenitoras no pericôndrio virem osteoblastos. Já há formação do periósteo. No centro do molde, há o aparecimento de um centro de ossificação primário, uma região onde o tecido ósseo substituirá a maior parte da cartilagem. A ossificação primária se espalha a partir desse local central em direção a ambas as extremidades. QUARTA ETAPA: DESENVOLVIMENTO DO CANAL MEDULAR À medida que o centro de ossificação primário cresce em direção às extremidades do osso, os osteoclastos quebram algumas das trabéculas ósseas esponjosas recém-formadas. Essa atividade forma o canal medular na diáfise. A parede do corpo é substituída por osso compacto. QUINTA ETAPA: DESENVOLVIMENTO DOS CENTROS DE OSSIFICAÇÃO SECUNDÁRIOS Quando ramos da artéria epifisária entram nas epífises, centros de ossificação secundários se desenvolvem, geralmente por volta da época do nascimento. A formação óssea é semelhante ao que ocorre nos centros de ossificação primários, porém o osso esponjoso permanece. SEXTA ETAPA: FORMAÇÃO DA CARTILAGEM ARTICULAR E DA PLACA EPIFISÁRIA A cartilagem hialina que recobre as epífises torna-se a cartilagem articular. Antes da idade adulta, a cartilagem hialina permanece entre a diáfise e a epífise como disco epifisário ou placa epifisária (de crescimento) - região responsável pelo crescimento longitudinal dos ossos longos, como já visto anteriormente. Esse processo ocorre até o início da vida adulta. ANATOMIA DO SISTEMA ÓSSEO O especialista Jose Carlos Siciliano Oliveira apresenta um resumo do módulo, abordando todos os subtópicos descritos neste módulo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O OSSO PASSA POR PROCESSOS DE REMODELAMENTO E REABSORÇÃO AO LONGO DA VIDA, OU SEJA, A TODO MOMENTO TECIDO ÓSSEO VELHO ESTÁ SENDO DEGRADADO E TECIDO ÓSSEO JOVEM ESTÁ SENDO FORMADO. AS CÉLULAS QUE SÃO RESPONSÁVEIS PELA SECREÇÃO E DEGRADAÇÃO DE MATRIZ CELULAR ÓSSEA SÃO, RESPECTIVAMENTE: A) Os osteócitos e os osteoclastos B) Os osteoblastos e osteoclastos C) Os osteoclastos e osteoblastos D) Os osteócitos e os osteoblastos E) Osteofitose e Osteoblastos 2. A OSTEOGÊNESE PODE OCORRER DE DUAS FORMAS, ATRAVÉS OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA OU DA OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL. A OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL IMPLICA NO SURGIMENTO DE UMA ESTRUTURA SITUADA ENTRE A DIÁFISE E A EPÍFISE DE UM OSSO LONGO. ESSA ESTRUTURA FORNECE O CRESCIMENTO EM COMPRIMENTO DE UM OSSO ATÉ A IDADE ADULTA. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NOMEIA CORRETAMENTE ESSA ESTRUTURA. A) Disco epifisário B) Metáfise C) Medula óssea vermelha D) Canal medular E) Medula óssea amarela GABARITO 1. O osso passa por processos de remodelamento e reabsorção ao longo da vida, ou seja, a todo momento tecido ósseo velho está sendo degradado e tecido ósseo jovem está sendo formado. As células que são responsáveis pela secreção e degradação de matriz celular óssea são, respectivamente: A alternativa "B " está correta. A produção de matriz celular óssea é dada por células denominadas de osteoblastos. O sufixo “blasto” indica que origina algo. O osteoblasto, histologicamente, falando, possui um núcleo, e as células estão sempre agrupadas. Já a degradação de matriz óssea é dada pelos osteoclastos. O sufixo “clasto” indica que é célula que degrada algo. 2. A osteogênese pode ocorrer de duas formas, através ossificação intramembranosa ou da ossificação endocondral. A ossificação endocondral implica no surgimento de uma estrutura situada entre a diáfise e a epífise de um osso longo. Essa estrutura fornece o crescimento em comprimento de um osso até a idade adulta. Assinale a alternativa que nomeia corretamente essa estrutura. A alternativa "A " está correta. O disco epifisário é formado somente durante a ossificação endocondral. O comprimento total de um osso é dado graças a essa estrutura. MÓDULO 3 Reconhecer as generalidades sobre a anatomia do sistema articular CONCEITOS GERAIS E FUNÇÕES Agora, iremos abordar as generalidades sobre o sistema articular. Em linguagem popular, o termo “juntura” é utilizado quando duas coisas se mantêm juntas. Na anatômica, utilizamos o termo “articulação”, cuja definição é: ponto de conexão existente entre qualquer parte rígida que compõe o esqueleto, sejam ossos sejam cartilagens. Artrologia é o nome do estudo das articulações. Os ossos são elementos rígidos e, portanto, carecem de movimento. As articulações são um componente vital do aparelho locomotor, pois fornecem uma união de peças ósseas, permitindo os movimentos. As articulações podem ser classificadas estruturalmente, com base em suas características anatômicas, e funcionalmente, com base no tipo de movimento que elas permitem. A classificação estrutural das articulações é baseada em dois critérios: A presença ou ausência de um espaço entre os ossos articulares, denominado cavidade sinovial. O tipo de tecido conjuntivo que une os ossos. ATENÇÃO A classificação funcional refere-se à amplitude de movimento que uma articulação permite. Essa classificação teve seu valor durante a história da anatomia, porém, utiliza-se, atualmente, a classificação estrutural. Na classificação funcional, temos as: • Sinartroses (imóveis) • Anfiartroses (pouco móveis) • Diartroses (bastante móveis) Já na classificação estrutural, temos as articulações: • Fibrosas • Cartilaginosas • Sinoviais ARTICULAÇÕES FIBROSAS A principal característica das articulações fibrosas é a ausência de uma cavidade articular. Nesse sentido, os ossos que apresentam essa articulação estão situados próximos uns dos outros e são unidos por uma camada densa de tecido conjuntivo não modelado. Existem três subdivisões dentro das articulações fibrosas: Suturas Sindesmoses Membranas interósseas SUTURAS São articulações fibrosas compostas por uma camada densa e irregular de tecido conjuntivo. Ocorrem apenas entre os ossos do crânio. Podemos citar como exemplo a sutura coronal, entre os ossos parietais e frontais, e a sutura sagital, entre os ossos parietais e occipitais. As bordas irregulares e entrelaçadas das suturas lhes conferem maior resistência e menor chance de fraturas. Eles são imóveis na vida adulta e ligeiramente móveis até pouco depois do nascimento, de modo a permitir a cabeça do feto passar pelo canal de parto. Imagem: Shutterstock.com Vista superior do crânio e da sutura coronal, sutural sagital e sutura lambdoidea, anterior para posterior. As suturas desempenham um papel importante na absorção de choque no crânio. Após o envelhecimento, a tendência é que essas suturas desapareçam em um fenômeno conhecido como sinostose fisiológica. Perceba na imagem a presença das fontanelas (anterior e posterior) no início da fotografia e o desaparecimento destas no final. Imagem: Shutterstock.com As suturas sagital, coronal e lambdoidea no feto e recém-nascido. SINDESMOSES A sindesmose é uma articulação fibrosa em que há uma distância maior entre as superfícies articulares, além de possuir um tecido conjuntivo irregular mais denso do que em uma sutura. O tecido conjuntivo denso e irregular é tipicamente organizado como um feixe (ligamento) e permite que a articulação realize movimentos limitados. EXEMPLO O exemplo mais clássico de sindesmose é a articulaçãotibiofibular distal, na qual o ligamento tibiofibular anterior conecta a tíbia e a fíbula, permitindo movimentos discretos. Imagem: Dr. Johannes Sobotta / Wikimedia Commons / Domínio público Sindesmose tibiofibular. Destaque para o ligamento tibiofibular anterior. Ainda dentro das sindesmoses, podemos destacar o subgrupo das gonfoses: articulações entre a raiz dos dentes e os alvéolos da maxila ou da mandíbula. Imagem: Dr. Johannes Sobotta / Wikimedia Commons / Public domain União dos dentes com os alvéolos da mandíbula e da maxila. MEMBRANAS INTERÓSSEAS São formadas por uma camada substancial de tecido conjuntivo denso e irregular que liga os ossos longos vizinhos e permite movimentos leves. Existem duas principais membranas interósseas no corpo humano: Uma entre o rádio e a ulna Outra entre a tíbia e a fíbula Imagem: Shutterstock.com As membranas interósseas entre o rádio e a ulna e entre a tíbia e fíbula. ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS As articulações cartilaginosas (Ou cartilagíneas) também não possuem uma cavidade sinovial, ou seja, uma verdadeira cavidade entre as superfícies articulares. Permitem movimentos discretos. Nesse tipo de articulação, as peças ósseas são conectadas firmemente por cartilagem hialina ou fibrocartilagem. São divididas em dois subtipos: SINCONDROSES São articulações cartilaginosas nas quais o material que une as superfícies articulares é a cartilagem hialina. Um exemplo pode ser visto durante a osteogênese, na placa epifisária ou no disco epifisário. Essa placa une a epífise e a diáfise de um osso em crescimento. Ao longo do desenvolvimento longitudinal do osso, a tendência é que o disco epifisário desapareça. Outros exemplos podem ser observados entre a primeira costela e o esterno, que também se ossifica. SÍNFISES Nesse subgrupo de articulações cartilaginosas, podemos observar que a superfície articular dos ossos está revestida por cartilagem hialina, porém, o meio de união é dado por um disco robusto de fibrocartilagem. São ligeiramente móveis. Todas as sínfises ocorrem no eixo central do corpo. Exemplos de sínfises são: entre as superfícies anteriores dos ossos do quadril (sínfise púbica); entre o manúbrio e o corpo do esterno (sínfise manubrioesternal) e nas articulações intervertebrais entre os corpos das vértebras (disco intervertebral). Imagem: Shutterstock.com Note a sínfise púbica unindo os ossos da pelve. ARTICULAÇÕES SINOVIAIS Sob o ponto de vista anatômico, as articulações sinoviais são as mais complexas, pois possuem os componentes das articulações fibrosas e cartilaginosas, assim como, componentes próprios. ATENÇÃO A característica mais marcante de uma articulação sinovial é a presença de um espaço denominado cavidade sinovial ou cavidade articular entre os ossos articulados. Essa cavidade sinovial permite um movimento considerável em uma articulação, o que torna as articulações sinoviais bastante móveis, porém acarreta menor resistência. Portanto, as articulações sinoviais podem ser luxadas mais facilmente. Assim como os demais tipos de articulação, as superfícies ósseas das peças que compõem uma articulação sinovial são recobertas por uma camada de cartilagem hialina, chamada de cartilagem articular. javascript:void(0) CARTILAGEM ARTICULAR A cartilagem articular reduz o atrito durante o movimento e na absorção de impactos. Lesões degenerativas na cartilagem articular são os estágios iniciais de osteoartrite. Conheça a seguir os elementos comuns a todas as articulações sinoviais. Cápsula articular e cavidade sinovial É um elemento exclusivo das articulações sinoviais. A cápsula articular é uma estrutura em formato de manguito, que recobre as superfícies ósseas de contato e delimita um espaço denominado de cavidade sinovial. A cápsula articular é composta por duas camadas: Uma membrana fibrosa externa Uma membrana sinovial interna A membrana fibrosa é formada por tecido conjuntivo denso (Colágeno) e se liga ao periósteo dos ossos articulados. A flexibilidade da membrana fibrosa permite um movimento considerável em uma articulação, enquanto sua grande força de tração (Resistência ao alongamento) ajuda a prevenir o desencaixe (Luxação) dos ossos. SAIBA MAIS As fibras de algumas cápsulas se organizam através de feixes paralelos de tecido conjuntivo denso e regular que são altamente adaptados para resistir a tensões. Esses feixes são chamados de ligamentos capsulares. A camada interna da cápsula articular, a membrana sinovial, é composta de tecido conjuntivo areolar com fibras elásticas. Em muitas articulações sinoviais, a membrana sinovial inclui acúmulos de tecido adiposo, chamados de coxins de adiposos, como por exemplo na articulação do joelho. Dentro da cápsula articular, temos um espaço, que é chamado de cavidade sinovial. Essa cavidade sinovial é preenchida pelas superfícies articulares das peças ósseas e possui um líquido, denominado de líquido sinovial, que é secretado pela camada interna da cápsula articular (Membrana sinovial) . VOCÊ SABIA O líquido sinovial é composto por ácido hialurônico, uma substância que lubrifica a articulação, absorve choques, fornece oxigênio e nutrientes e remove dióxido de carbono e resíduos metabólicos dos condrócitos dentro da cartilagem articular. É essencial para a manutenção de uma articulação sinovial sadia. Em algumas doenças articulares, podem ser realizadas injeções de ácido hialurônico para estimular a produção de líquido sinovial e manter a lubrificação adequada das superfícies articulares. Note na imagem a presença de uma cápsula articular, da membrana sinovial, da cavidade articular preenchida por líquido sinovial e da cartilagem articular que reveste as superfícies ósseas de contato. Imagem: Shutterstock.com Representação esquemática de uma articulação sinovial. Ligamentos Os ligamentos são comuns a todas as articulações que já estudamos, ou seja, não é um elemento exclusivo das sinoviais. Os ligamentos são feixes fibrosos mais resistentes que limitam o movimento e reforçam a articulação. Esses ligamentos podem ser divididos em: CAPSULARES EXTRACAPSULARES INTRACAPSULARES ATENÇÃO Alguns autores ainda descrevem uma quarta subdivisão de ligamentos: os pseudoligamentos. Essas faixas fibrosas não possuem papel funcional em uma articulação, pois são resquícios da evolução, como a corda oblíqua, situada entre o rádio e a ulna. Acredita-se que essa estrutura seja resquício de fibras musculares proximais do músculo flexor longo do polegar, que podem ser encontradas em macacos. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com Ligamentos extracapsulares e ligamentos intracapsulares na articulação do joelho. Lábios Os lábios (Labrum) podem ser encontrados nas articulações do ombro (Lábio glenoidal) e quadril (Lábio acetabular) . São estruturas fibrocartilaginosas que se estendem da borda do encaixe articular. O lábio ajuda a aprofundar a superfície de encaixe e aumenta a área de contato das peças ósseas. Discos e meniscos Dentro da cápsula de algumas articulações sinoviais, como na do joelho, podemos verificar a presença de estruturas fibrocartilaginosas em formato de meia lua: são os meniscos. Já na articulação temporomandibular, há a presença de estruturas fibrocartilaginosas em formato ovalado ou circular: são os discos. Os discos e os meniscos possuem as seguintes funções: Absorção de choque. Melhor ajuste entre superfícies ósseas articuladas. Fornecer superfícies adaptáveis para movimentos combinados. Distribuir peso sobre uma superfície de contato maior. Auxiliar na distribuição de líquido sinovial. Imagem: Shutterstock.com Vista superior da articulação do joelho evidenciando o menisco lateral e o menisco medial. Bolsas e bainhas sinoviais O movimento natural do esqueleto e das articulações cria atrito entre estes. Estruturas semelhantes a sacos, denominadas de bolsas (Ou bursas) , estão situadas em diversospontos de uma articulação ou perto de tendões musculares para aliviar o atrito. As bolsas sinoviais são preenchidas por líquido sinovial. Podemos encontrá-las principalmente nas articulações do ombro, quadril e joelho, porém, podem estar localizadas entre a pele e os ossos, tendões e ossos, músculos e ossos ou ligamentos e ossos. VOCÊ SABIA Bursite é o nome que se dá para um processo inflamatório na bolsa sinovial. Imagem: Shutterstock.com As bolsas sinoviais da articulação do joelho. Já as bainhas sinoviais são estruturas em forma tubular, mas também possuem o mesmo propósito das bolsas: diminuir o atrito. Elas revestem alguns tendões, especialmente nas regiões onde estes passam por sulcos ou túneis, como o tendão da cabeça longa do músculo bíceps braquial, que passa pelo sulco intertubercular no úmero, ou os tendões dos músculos, que passam pelo túnel do tarso, no tornozelo. A camada interna de uma bainha sinovial, a camada visceral, é fixada à superfície do tendão. Já a camada externa, conhecida como camada parietal, está presa ao osso. Entre as camadas, há uma cavidade que contém uma pequena quantidade de líquido sinovial. Vista posterior (dorsal) da mão. As bainhas sinoviais são as estruturas mais azuladas. Processos inflamatórios nas bainhas sinoviais são denominados de tenossinovites. Uma bastante conhecida é a tenossinovite de Quervain, que afeta as bainhas sinoviais dos tendões dos músculos extensores do polegar, doença comum devido ao uso excessivo de celular. Imagem: Shutterstock.com Movimento das articulações sinoviais As articulações permitem amplos movimentos. Esses movimentos possuem termos específicos e indicam a direção e a relação de uma parte do corpo com outra durante esse movimento. Eles podem ser agrupados em quatro categorias, a saber: movimentos por deslizamento, movimentos angulares, movimentos de rotação e movimentos especiais, que podem ser realizados somente por articulações específicas. Os movimentos de deslizamento são simples: as superfícies ósseas (que são quase planas) se movem para frente e para trás e de um lado para outro. Os movimentos de deslizamento são limitados em alcance devido à estrutura da cápsula articular, ligamentos associados e ossos; no entanto, esses movimentos também podem ser combinados com rotação. EXEMPLO As articulações intercarpal e intertarsal são exemplos de articulações onde ocorrem movimentos de deslizamento. Os movimentos angulares, como o nome indica, formam ângulos entre porções do corpo. São chamados de: Flexão Extensão Abdução Adução Circundução A tabela a seguir traz a definição e exemplos desses movimentos, assim como suas exceções. Tabela 3: Movimentos angulares realizados pelas articulações sinoviais. Movimento Definição Exemplo Flexão Há uma diminuição do ângulo entre os ossos que se articulam. Ocorre no plano sagital e no eixo látero-lateral. Mover a palma da mão em direção à face anterior do antebraço. Extensão Há um aumento do ângulo entre os ossos que se articulam. Ocorre no plano sagital e no eixo látero-lateral. Mover a palma da mão em direção à face posterior do antebraço. Flexão lateral É uma exceção. Ocorre quando a flexão é realizada no plano transverso. “Dobrar” o tronco lateralmente sobre o quadril. Hiperextensão É o nome que se dá a uma extensão exacerbada. Dobrar excessivamente a cabeça para trás, de modo a olhar o céu. Abdução Afasta um segmento do corpo para longe do plano sagital mediano. Ocorre no plano frontal e no eixo anteroposterior. Afastar o braço do tronco. Adução Aproxima um segmento do corpo para perto do plano sagital mediano. Ocorre no plano frontal e no eixo anteroposterior. Aproximar o braço do tronco. Circundução É um movimento circular, realizado pela combinação dos movimentos de flexão, extensão, abdução, adução e rotação. Girar o punho em círculos. Movimentos angulares realizados pelas articulações sinoviais. Imagem: Marcio Antonio Babinski. Imagem: Shutterstock.com Movimentos de extensão e flexão. Os movimentos de rotação ocorrem quando um osso gira em torno do seu próprio eixo, por exemplo no ato de gesticular “não”, com a cabeça. Em alguns casos, essa rotação pode ser lateral (externa) ou medial (interna). Ocorrem no plano transverso e no eixo craniocaudal. Imagem: Shutterstock.com Movimento de rotação da cabeça. Por fim, iremos analisar agora os movimentos especiais. Esses só ocorrem em locais específicos do corpo. A tabela a seguir traz o nome, a definição e o exemplo dos movimentos especiais. Tabela 4: Movimentos especiais realizados pelas articulações sinoviais. Movimento Definição Exemplo Elevação Move algo superiormente. Elevação da mandíbula durante a mastigação; elevação dos ombros. Depressão Move algo inferiormente. Depressão da mandíbula durante a mastigação. Protrusão Traz algo para o plano anterior. Protrusão da mandíbula. Retração Traz algo para o plano posterior. Retração da mandíbula. Inversão Ocorre somente no tornozelo. Leva algo para o plano sagital mediano (similar a uma adução, de forma incompleta). Levar a planta do pé para o plano sagital mediano. Eversão Ocorre somente no tornozelo. Afasta algo do plano sagital mediano (similar a uma abdução, de forma incompleta). Afastar a planta do pé do plano sagital mediano. Dorsiflexão Ocorre somente no tornozelo. Leva o dorso do pé em direção superior. Apoiar-se no chão com a parte posterior do pé. Flexão plantar Ocorre somente no tornozelo. Leva a planta (sola) do pé em direção inferior. Ficar em pé equilibrado nas “pontas dos dedos”. Supinação Ocorre no antebraço. Traz a palma da mão anteriormente. Na posição anatômica, o antebraço está supinado. Pronação Ocorre no antebraço. Traz a palma da mão posteriormente. Aqui, o rádio e a ulna se cruzam na sua porção distal. Segurar o guidão de uma bicicleta. Oposição Ocorre somente no polegar. Permitem o movimento digital distinto que dá aos humanos e a outros primatas a capacidade de agarrar e manipular objetos com precisão. Quando o polegar toca as pontas dos dedos da mesma mão. Movimentos especiais realizados pelas articulações sinoviais. Imagem: Marcio Antonio Babinski. Veja na imagem que, durante a pronação, a palma da mão é posterior e há um cruzamento entre o rádio e a ulna, enquanto na supinação, a palma da mão é anterior. Imagem: Shutterstock.com Movimentos de supinação e pronação no antebraço. Tipos de articulações sinoviais As articulações sinoviais podem ser divididas de acordo com a superfície de encaixe dos ossos. Esses diferentes tipos de articulações permitem os variados movimentos. Essas articulações podem ser classificadas em uniaxiais, biaxiais ou triaxiais, dependendo da quantidade de eixos em que a articulação permite o deslocamento. Imagem: Shutterstock.com Tipos de articulações sinoviais Articulação sinovial plana A superfície articular dos ossos é plana. Permitem movimentos de deslizamento e algumas, permitem movimentos de rotação, como a articulação acromioclavicular e as articulações esternocostais, fundamentais para a dinâmica respiratória. Articulação em dobradiça Também são conhecidas como “gínglimo”. Aqui, a superfície convexa de um osso se encaixa na superfície côncava de outro osso. Essas articulações permitem movimentos de flexão e extensão, por isso são consideradas uniaxiais (trabalham no eixo látero-lateral). Como exemplo, temos a articulação do cotovelo. Articulação em pivô (trocoide) Nesse tipo, há uma superfície óssea arredondada ou pontiaguda que se articula com um anel formado em parte por outro osso e em parte por um ligamento. São uniaxiais, pois permitem somente a rotação em torno de seu próprio eixo. A articulação atlantoaxial (empregada quando quer se gesticular “não” com a cabeça) é um exemplo de articulação trocoide. Articulação condilar (elipsoide) Uma projeção convexa em forma oval de um osso se encaixaem uma depressão ovalada de outro osso. São biaxiais, pois permitem movimentos de flexão, extensão, abdução e adução. A articulação do punho (radiocarpal) é um exemplo de articulação condilar. Articulação selar A superfície articular de um osso é em forma de sela, e a superfície articular do outro osso se encaixa nela como um cavaleiro sentado na sela de um cavalo. São biaxiais e permitem movimentos de flexão, extensão, abdução e adução. A articulação entre o osso trapézio e o primeiro metacarpo (do polegar) é um exemplo de articulação selar. Articulação esferoide São triaxiais, sendo assim, permitem movimentos em todos os eixos (flexão, extensão, abdução, adução e rotação). Ocorrem quando uma superfície esférica se encaixa em uma depressão côncava. As únicas articulações esferoides podem ser encontradas no ombro, quando a cabeça do úmero se encaixa na cavidade glenoidal da escápula, e no quadril, quando a cabeça do fêmur se encaixa no acetábulo. ANATOMIA DO SISTEMA ARTICULAR O especialista Jose Carlos Siciliano Oliveira apresenta um resumo do módulo, abordando todos os subtópicos descritos neste módulo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. AS ARTICULAÇÕES SÃO DEFINIDAS COMO PONTES DE CONEXÃO ENTRE PEÇAS ÓSSEAS. AS ARTICULAÇÕES PODEM SER CLASSIFICADAS EM TRÊS TIPOS DISTINTOS, SOB O PONTO DE VISTA ESTRUTURAL. ENTRE ESSES TIPOS, TEMOS AS ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS, QUE PODEM SER SUBDIVIDAS EM: A) Gínglimo e sincondroses B) Sínfises e membrana interóssea C) Sindesmoses e sínfises D) Sincondroses e sínfises E) Meniscos e ligamentos 2. AS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS PERMITEM GRANDE MOBILIDADE. ISSO SE DEVE AO FATO DE QUE POSSUEM UMA CAVIDADE ARTICULAR. ESSA CAVIDADE É DELIMITADA POR UMA CÁPSULA, QUE FUNCIONA COMO UMA ESPÉCIE DE MANGUITO. AS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS PODEM SER SUBDIVIDAS DE ACORDO COM A FORMA QUE É REALIZADO O ENCAIXE. A PARTIR DISSO, PODEM SER UNIAXIAIS, BIAXIAIS OU TRIAXIAIS, DE ACORDO COM OS MOVIMENTOS QUE PODEM EFETUAR. AS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS DO TIPO GÍNGLIMO PODEM SER CLASSIFICADAS EM UNIAXIAIS. QUAIS MOVIMENTOS ELA PERMITE, E EM QUAL EIXO ESSES MOVIMENTOS OCORREM? A) Flexão e extensão, que ocorrem no eixo longitudinal B) Flexão e extensão, que ocorrem no eixo látero-lateral C) Adução e abdução, que ocorrem no eixo anteroposterior D) Adução e abdução, que ocorrem no eixo látero-lateral E) Flexão e abdução no eixo sagital GABARITO 1. As articulações são definidas como pontes de conexão entre peças ósseas. As articulações podem ser classificadas em três tipos distintos, sob o ponto de vista estrutural. Entre esses tipos, temos as articulações cartilaginosas, que podem ser subdividas em: A alternativa "D " está correta. As articulações cartilaginosas possuem dois subgrupos, as sincondroses e as sínfises. As sincondroses ocorrem, majoritariamente, durante a ossificação endocondral. As sínfises fazem a conexão entre peças ósseas através de fibrocartilagem. Podemos citar como exemplo a sínfise púbica. 2. As articulações sinoviais permitem grande mobilidade. Isso se deve ao fato de que possuem uma cavidade articular. Essa cavidade é delimitada por uma cápsula, que funciona como uma espécie de manguito. As articulações sinoviais podem ser subdividas de acordo com a forma que é realizado o encaixe. A partir disso, podem ser uniaxiais, biaxiais ou triaxiais, de acordo com os movimentos que podem efetuar. As articulações sinoviais do tipo gínglimo podem ser classificadas em uniaxiais. Quais movimentos ela permite, e em qual eixo esses movimentos ocorrem? A alternativa "B " está correta. Um gínglimo, também conhecido como dobradiça, permite movimentos de flexão e extensão, sendo que ambos ocorrem no eixo látero-lateral (ou transversal). MÓDULO 4 Reconhecer as generalidades sobre a anatomia do sistema muscular GENERALIDADES, TIPOS E FUNÇÕES DO TECIDO MUSCULAR O movimento resulta do papel dos músculos devido à alternância de contração e relaxamento destes. Para gerar movimento, é necessário que o músculo transforme energia química em mecânica e, dessa forma, realize trabalho. VOCÊ SABIA Em geral, os músculos compreendem de 40 a 50% do peso corporal de um adulto. Além da movimentação, os músculos são essenciais para estabilizar o corpo, gerar calor e impulsionar líquidos. Os tecidos musculares podem ser divididos em três: Músculos estriados esqueléticos Músculo estriado cardíaco (coração) Músculos lisos (órgãos abdominais, vasos, entre outros) ATENÇÃO A grande diferença entre o músculo estriado esquelético e os demais é que esse é voluntário e está associado aos elementos ósseos e articulares já conhecidos. Agora, por meio do estudo científico dos músculos, conhecido como miologia, iremos abordar as funções do tecido muscular, as características de cada tipo de músculo, os componentes do músculo estriado esquelético, as classificações dos músculos estriados esqueléticos e os anexos musculares. Vimos que existem três tipos de tecido muscular - esquelético, cardíaco e liso. Esses tecidos possuem algumas propriedades similares, mas são diferentes em sua anatomia microscópica, localização e como são controlados pelo sistema nervoso. Diferentes vistas de alguns dos músculos estriados esqueléticos. O tecido muscular esquelético tem esse nome porque a maioria dos músculos esqueléticos move os ossos do esqueleto, além de ser estriado: bandas proteicas claras e escuras alternadas (estriações) são observadas quando o tecido é examinado com um microscópio. A maioria dos músculos esqueléticos também é controlada subconscientemente até certo ponto. Imagem: Shutterstock.com EXEMPLO Seu diafragma continua a se contrair e relaxar alternadamente sem controle consciente para que você não pare de respirar. Além disso, você não precisa pensar conscientemente em contrair os músculos esqueléticos para manter sua postura ou estabilizar as posições corporais. O músculo cardíaco, apesar de ser estriado, é involuntário. Apenas o coração contém esse tecido muscular. A alternância de contração e o relaxamento do coração não são controlados conscientemente. Em vez disso, o coração bate porque tem um marca-passo natural que inicia cada contração, mediada por hormônios ou neurotransmissores. Imagem: Shutterstock.com Tecido muscular liso. Já o Tecido muscular liso está localizado nas paredes de estruturas internas ocas, como vasos sanguíneos, vias aéreas e a maioria dos órgãos da cavidade abdominopélvica. Também é encontrado na pele, ligado aos folículos pilosos. Ao microscópio, esse tecido não apresenta as estrias do tecido muscular esquelético e cardíaco. Em relação aos músculos como um todo, podemos observar as seguintes funções: Produção de movimento Estabilização da posição do corpo Armazenamento e liberação de conteúdo (através dos esfíncteres) Termogênese (geração de calor) Ainda, para serem funcionais, os músculos necessitam ter quatro propriedades, a saber: EXCITABILIDADE ELETROQUÍMICA CONTRATILIDADE EXTENSIBILIDADE javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) ELASTICIDADE CONSTITUIÇÃO E ANEXOS DOS MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELÉTICOS Cada um dos músculos esqueléticos pode ser considerado um órgão composto por milhares de células, que são chamadas de fibras musculares. O músculo esquelético também contém tecidos conjuntivos em torno das fibras musculares, que podem ser chamados de anexos. Microscopicamente, a fibra muscular é composta por uma série de filamentos que se agrupam e que são revestidos por uma camada denominada de endomísio. Essas fibras musculares se agrupam e são revestidas por uma camada chamada de perimísio. Esse agrupamento de fibras musculares forma uma estrutura denominada de fascículo muscular. Existem fibras musculares especializadas denominadas de fuso muscular. O fuso muscular é na verdade um grande receptor sensorial de propriocepção, ou seja, envia informações ao sistema nervoso central sobre a posição e grau de estiramento dos músculos. À medida que