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SNUC E CRIMES AMBIENTAIS

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Semana 13
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação e crimes ambientais
Pré-aula
A integração de política é imprescindível para uma correta gestão dos nossos recursos ambientais. Para tanto, tem sido necessário que o poder público adote uma forte atuação para limitar as atividades dos particulares, especialmente no exercício do direito de propriedade, para garantir o equilíbrio socioambiental. Um desses instrumentos, previsto na nossa Constituição e na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, é a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, os quais chamamos de Unidades de Conservação, para a qual o Brasil implantou um sistema integrado composto por espaços instituídos pelos entes da Federação e por particulares, regido por uma lei chamada Lei do SNUC.
A instituição de áreas especialmente protegidas se configura numa forma de limitação estatal ao direito de propriedade, à medida que impõe determinados ônus a quem detém o domínio de imóveis, notadamente no meio rural. As unidades de conservação são espécies de áreas especialmente protegidas pela legislação, com a finalidade, dentre outras, de proteção de ecossistemas, através de atitudes conservacionistas dos recursos naturais e recuperação de ambientes degradados. 
A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. Segundo a lei, o SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais. Busca proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades de conservação, em que estejam representadas amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas terrestres e aquáticos, bem como suas zonas de amortecimento e corredores biológicos, integrando as diferentes atividades de preservação, uso sustentável e restauração ou recuperação de ecossistemas degradados. 
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação define estas áreas protegidas como o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. (BRASIL, 1997)
 O SNUC divide as unidades de conservação situadas no território nacional em dois grandes grupos, segmentados segundo seu objetivo básico, nos quais comportam-se diferentes categorias. Estes grupos são as Unidades de Proteção Integral e as Unidades de Uso Sustentável. 
Unidades de Uso sustentável
Têm o objetivo básico de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais. De forma geral, é permitida a realização de atividades econômicas e a presença de pessoas dentro delas.
 Unidades de Proteção Integral 
Têm o objetivo básico de preservar a natureza, admitindo-se apenas o uso indireto dos recursos naturais. Não se admite a presença de pessoas dentro delas, e geralmente só é permitida a realização de atividades de cunho científico, como pesquisas e educação ambiental. Algumas permitem a realização de turismo contemplativo. Há cientistas que defendem que somente essa categoria seja chamada de Unidade de Conservação, porque em regra pertencem ao poder público e se destinam à proteção máxima dos atributos naturais do lugar.
Para a propriedade alcançada pela proteção de uma unidade de conservação cumprir sua função social, é necessário que garanta também o bem-estar de suas comunidades, em especial das populações tradicionais, respeitando-se seus modos de vida, sua cultura, sua história. Diferentes culturas têm relações diferenciadas com o meio ambiente, assim como diferentes camadas sociais relacionam-se diferentemente com o entorno natural, e as alterações das relações com o ambiente certamente acarretam mudanças na organização social. De nada adianta simplesmente proteger o ambiente natural se o ambiente social continuar cheio de desigualdade e exclusão.
Sendo assim, a função socioambiental da propriedade, na gestão/manejo de unidades de conservação, será cumprida à medida que, além da conservação/ preservação dos recursos naturais existentes, leve-se em conta o homem como integrante do ecossistema, em especial as populações residentes, para que se garantam práticas de sustentabilidade.
Aula
SNUC: Lei 9985, de 18 de julho de 2000.
· Estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação.
· Art. 3º: conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais.
· Art. 4º (objetivos):
a) contribuir para a manutenção da diversidade biológica e do recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;
b) proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
c) contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;
d) promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
e) promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;
f) proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
g) proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;
h) proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
i) recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
j) proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;
l) valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
m) favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;
n) proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.
· A estrutura do SNUC é organizada da forma seguinte, conforme determina o art. 6º da Lei nº 6.938/81:
a) Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema;
b) Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de coordenar o Sistema;
c) Órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o IBAMA, em caráter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas respectivas esferas de atuação.
· O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio é o órgão responsável pela execução da Política Nacional de Unidades de Conservação da Natureza em âmbito federal. Trata-se de autarquia federal criada pela Lei n. 11.516/07 a partir de um fracionamento do IBAMA, sendo, portanto, autônoma administrativa e financeiramente e vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. O ICMBio é o responsável pela gestão das Unidades de Conservação federais, cabendo ao órgão estadual, distrital ou municipal competente gerir a Unidade de Conservação que pertença aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
Lei de Crimes Ambientais
Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
Agente passível de punição: poluidor bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica.
Responsabilidades administrativas são punidas com as seguintes sanções:
Responsabilidade penal; lei de crimes ambientais; contra a fauna; contra a flora; poluição e outros crimes ambientais; contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural; infrações administrativas.

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