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Criação em publicidade e propaganda Aula 4: o conceito publicitário Apresentação Nesta aula, estudaremos a importância do termo “conceito criativo” em nosso campo de trabalho e estudo, entendendo como as grandes marcas e campanhas dependem dele. É comum a expressão “o conceito de...” ser usada nos veículos de comunicação. O objetivo principal desta aula é de�nir essa noção dentro da área da publicidade. A partir de grandes campanhas publicitárias, �cará clara a importância desse saber em sua carreira. Objetivos Explicar a noção de conceito publicitário; Analisar a aplicação desses conceitos em campanhas de diferentes modalidades; Discutir a ideia criatividade. A�nal, o que é esse tal conceito? Em primeiro lugar, é preciso dizer que conceito é um termo bastante �uido. Isso signi�ca que cada área irá usá-lo de modos distintos, invocando sentidos diferentes. Então, ao escutar essa palavra, �que atento também ao campo no qual ele está inserido (�loso�a, moda, design, inovação). Cada um dará um sentido diferente, embora guardando certa semelhança. Para a publicidade não é diferente. Somos mais uma área que utiliza o termo e, na maioria das vezes, de modo equivocado ou sem compreendê-lo. Para melhor entender esta aula, dialogaremos com um autor muitíssimo importante: Roberto Menna Barreto. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Criatividade Roberto Menna Barreto é autor de vários livros sobre criatividade, sendo Criatividade em propaganda (1978) um dos mais importantes. Nessa obra, ele nos oferece uma re�exão com relação à prática de criar. Ou seja, observe que para a área de publicidade há muito conhecimento inferido e organizado sobre esta palavra-chave: Criatividade. O autor dedicou-se em demonstrar que há, sim, critérios para avaliar se algo é ou não criativo, que há como pensar um processo subjetivo, sistematizá-lo e, sobretudo, produzir treinos ao exercício de criação, tema que veremos mais à frente, nas aulas sobre processo criativo. (Fonte: Jambulboy / Pixabay) Para entender o universo da criatividade, esse livro é uma ótima sugestão de leitura, pois divide-se em dois momentos. 1 No primeiro, o autor discute a noção de criatividade em geral, trazendo exemplos da medicina, da engenharia, permeados por causos curiosos e comentários da época. Em análise, percebe-se que essa divisão, não muito demarcada, vai até o capítulo seis. 2 Em um segundo momento, o autor debruça-se mais na publicidade em si. Nesse sentido, é preciso fazer algumas ressalvas. Dentre elas, o período em que a obra foi escrita, que re�ete a perspectiva masculina da época ao destacar os exemplos criativos. Ou seja, a publicidade naquele momento não apresentava algumas preocupações latentes dos dias atuais, como vimos na aula 1 e 2. Comentário A atividade de criação contava com raríssimas mulheres, o que trazia uma visão inevitavelmente parcializada. Além disso, o contexto geral do período não propiciava pautas públicas dissidentes, tais como: Raça, classe, credos, feminismos, gênero ou questões identitárias em geral. Portanto, tenha cautela (VIANA DE PAULO, 2019). Ideias visuais e textuais Roberto Menna Barreto enfatiza a união entre ideias visuais e textuais na �gura das clássicas funções de diretor de arte e do redator, respectivamente. De algum modo, segundo o autor, ora a ideia irá tender mais para um lado, ora para o outro, havendo uma inevitável divisão dessas práticas: "1) visuais e 2) editoriais (com um desdobramento para uma terceira série: audiovisuais). Vou insistir em que, na prática, sua criação não é de desenhistas nem redatores, respectivamente, mas sim de ambos, ora de uns, ora de outros, indiscriminadamente. A execução da ideia, depois da solução, esta sim cabe a tais pro�ssões especializadas.” (Fonte: Barreto, Criatividade em propaganda. 2004). Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Mesmo hoje no universo da web, a organicidade dessas práticas precisa ser de ciência do criativo. A geração da própria ideia pode ocorrer em conjunto, desdobrando-se em soluções audiovisuais, ou ações de muitas naturezas. No entanto, em um momento posterior, haverá um modus operandi distinto a cada uma das funções. Isso exigirá processos criativos individuais após as soluções coletivas, como já falamos. Re�namento criativo A ideia que foi pensada e decidida em dupla ou em um grupo de criação vai exigir um re�namento, uma lapidação, tanto textual, quanto visual, a posteriori. Exemplo Se, por acaso, foi decido que para pensar o online do banco Itaú deve-se desenhar no ar um “i” mimetizando o sinal grá�co da “@”, qual re�namento do título esse gesto irá merecer? O que deve ser dito em seguida? Em que parte da tela ou momento as pessoas irão desenhá-lo? Ou seja, há uma série de outras soluções a serem pensadas, em cadeia e de modo individual, embora isso sempre seja negociado quando opta-se por um dado caminho. Não existe criação sem negociação. Há algumas decisões ou caminhos que inevitavelmente devem ser partilhadas com seus gestores imediatos, com suas equipes ou grupos de trabalhos. A cadeia de decisões sequentes à ideia principal, porém, irá contar com sua capacidade de desdobramento individual, no que tange a execução do processo. Ou seja, paleta de cores, fontes, espaçamentos, forma que o texto irá assumir no layout, formulação de títulos para os anúncios, recursos linguísticos utilizados etc. Conceito criativo Para a área de criação, essa ideia principal trata do que chamamos de conceito criativo. Como dito, o termo é muito utilizado e pouco entendido. Fala-se o tempo todo em conceito, mas não se sabe dizer com segurança o que ele é e para que serve. "Conceito é a construção de uma abstração com um objetivo especí�co para a mensagem publicitária. Ou seja, visa-se com o conceito acionar elementos simbólicos, signos, que deem conta de transmitir bem a mensagem preterida, evitando polissemias que dispersem a mensagem publicitária por onde não se deseja que ela vá." (Fonte: Viana, Comunicação e Tecnologia, 2019). É a partir do conceito que haverá uma cadeia lógica de ideias que irão respaldar toda a execução de uma campanha publicitária. Essa cadeia contará com um conjunto de peças em unidade, como falamos na aula sobre campanha. Se o conceito estiver frágil, é como um castelo de cartas que não terá alicerce para sustentar uma in�nidade de peças por muito tempo. Ele não terá condições de construir informação, reter, persuadir de modo e�ciente nenhuma comunicação no contexto publicitário. Mais adiante retomaremos o assunto com o adjetivo “criativo” se unindo a “conceito”. Campanhas marcantes Vejamos algumas campanhas marcantes: Clique nos botões para ver as informações. O comercial de Washington de Olivetto, chamado O meu primeiro sutiã (1987), para a marca Valisere, foi tão memorável que mereceu algumas reedições vinte anos depois com a mesma atriz, Patrícia Lucchesi, para falar de câncer de mama. Nas novas edições ou remakes, foi preciso criar atualizações sobre a imagem social da mulher, a partir de outras abordagens, tais como o tabu sobre os seios femininos. Era característico da época a ausência dessas temáticas ou mesmo a ridicularização delas. Embora não seja essa a questão aqui, é importante lembrar, ao que concerne a área da comunicação, a imanência dessas pautas. Valisere Nas próximas aulas, falaremos sobre como saber se um conceito é bom ou não, se é útil ou não, e principalmente se é criativo. Por ora, observemos este sólido exemplo da famosa campanha da Brastemp. Note que o site de notícias Meio e Mensagem a�rma: “A ação faz parte de um projeto que visa resgatar a estratégia de comunicação da marca como superior às outras disponíveis. Em 2016, a empresa lançou o slogan “Sem dúvida, Brastemp”, que é uma repaginação do “Não tem comparação” dos anos 1980. Nesta nova fase, quem cuida das campanhas é a FCB, que em abril do ano passado ganhou a concorrência promovidapelo anunciante.” A partir do slogan, a agência cria estrategicamente um rejuvenescimento para a marca, utilizando o mesmo guarda-chuva criado há mais de vinte anos, que neste contexto signi�ca que nada se compara à qualidade da marca. Isso poderia ser feito por qualquer marca, mas o segredo está em como elencar os elementos para tornar esse princípio tão banal algo único e memorável. A Brastemp realizou isso de modo muito característico, a partir do humor e do sarcasmo, permitindo assim que, ao longo do tempo, existissem releituras atuais, sem abandonar o conceito – sintetizado no slogan –de que uma Brastemp “não tem comparação”. Brastemp Importante Existem fortes discussões no campo teórico e prático relacionadas à emergia da cultura participativa, que por sua vez traz à tona ideias como a quebra dos polos de emissão de informação de um para todos, passando a ser de todos para todos. Além disso, há uma clara questão de luta social, tema que a�rmamos na primeira aula que seria recorrente. É importante também ter a de�nição de conceito criativo em mente. Ela é um guarda-chuva para determinadas decisões, além de a primeira coisa a ser criada, tornando único e especial o trabalho do criativo. Ora, mas como se cria então? Na aula 9, de processo criativo, retomaremos essas conversas e diálogos com o autor Roberto Menna Barreto. Comentário Lendo e navegando pelo acervo do CCSP, é possível encontrar notícias ou mesmo explicações sobre conceitos, sem de�ni-los exatamente. No entanto, em publicidade, os conceitos reconhecidos em geral recebem prêmios no mercado. Mantenha-se informado, especialmente sobre o Festival de Cannes. Um leão em Cannes é como se fosse uma estatueta do Oscar para um criativo. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividade 1. “1) visuais e 2) editoriais (com um desdobramento para uma terceira série: audiovisuais). Vou insistir em que, na prática, sua criação não é de desenhistas nem redatores, respectivamente, mas sim de ambos, ora de uns, ora de outros, indiscriminadamente. A execução da ideia, depois da solução, esta sim cabe a tais pro�ssões especializadas.“ (BARRETO, 2004 [1978], p. 177). A partir da a�rmativa de Roberto Menna Barreto, podemos dizer que: a) A possibilidade de interação com a campanha. b) Que o criativo desenvolve a ideia independentemente da sua função, seja ele diretor de arte ou redator. c) Quem pensa deve executar a ideia. d) O diretor de criação é o responsável por decidir qual dupla deve realizar o trabalho com base na experiência. e) Um conceito precisa ser desenvolvido sempre por um dos criativos. 2. Quando a�rmamos que não existe criação sem negociação, isso signi�ca que: a) A criação deve ser aprovada junto ao atendimento antes de ir para o cliente. b) A criação deve ser aprovada junto ao diretor de criação antes de ir ao atendimento. c) A criação deve ser aprovada junto ao atendimento, cliente e diretor de criação antes de ir ao veículo. d) A criação, antes do processo de aprovação, deve observar os desdobramentos que cada pro�ssional pode oferecer. e) A aprovação depende de o criativo ter a ideia. 3. “Conceito é a construção de uma abstração com um objetivo especí�co para a mensagem publicitária. Ou seja, visa-se com o conceito acionar elementos simbólicos, signos, que deem conta de transmitir bem a mensagem preterida evitando polissemias que dispersem a mensagem publicitária por onde não se deseja que ela vá” (VIANA DE PAULO, 2019, p. 66). Sobre essa a�rmação, é possível entender que: a) Trata-se da ideia central, o guarda-chuva norteador de uma campanha. b) Tudo que é abstrato e criativo na publicidade é um conceito. c) A função exclusiva do criativo é produzir conceitos. d) As áreas utilizam de modo semelhante os signi�cados do termo, sendo confuso para a publicidade. e) Os pro�ssionais não sabem o que é um conceito. 4. A cadeia lógica de uma campanha depende: a) Da sua unidade visual. b) Da aprovação do atendimento. c) Do destaque de uma campanha no mercado. d) Da boa execução do conceito. e) Da integração da campanha a questões atuais. 5. O que é uma abstração na criação de um conceito? a) Coisas risíveis. b) Formas de expor elementos complexos. c) Brincadeiras. d) Formas de utilizar elementos simbólicos e signos. e) Matéria prima de um criativo. Notas Referências Clube de Criação (CCSP). Acervo. Disponível em: www.ccsp.com.br. Acesso em 23 Jan. 2020. MENNA BARRETO, R. Criatividade em propaganda. 12. ed. São Paulo: Summus, 2004. VIANA DE PAULO, R. Contos de criativos: Um panorama sobre as práticas de ensino de criação publicitária e as lições de Roberto Menna Barreto. In: Comunicação e Tecnologia. Nogueira, Maria Alice (Org). Rio de Janeiro: Seses, 2019. Próxima aula javascript:void(0); Conceito sólido; Avaliação de e�ciência; Relação estratégica do conceito para uma marca. Explore mais Busque o histórico de campanhas da Marca Brastemp e familiarize-se com sua propaganda; Veja a campanha Volta por cima. Pesquise sobre os últimos vencedores brasileiros no Festival de Cannes e suas produções. javascript:void(0);
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