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Fotopublicidade Aula 10: Fotogra�a publicitária Apresentação Todos os grandes pioneiros são visionários, pessoas com capacidade de entender uma situação e antecipar ações, superando problemas. Isso não é fruto apenas do talento. É também o resultado de muita dedicação e estudo. Todos os fotógrafos que veremos nesta aula entendiam os valores e as mudanças da modernidade, tanto que foram bem-sucedidos na missão de desenvolver uma área nova para a publicidade e propaganda. Também foram estudiosos da fotogra�a e de outras artes, como poderemos perceber em seus trabalhos. Objetivo Reproduzir brevemente a história da fotogra�a publicitária; Valorizar os principais fotógrafos publicitários brasileiros. Um passeio pela história Para nós, homens e mulheres da contemporaneidade, a fotogra�a e a publicidade e propaganda parecem ter uma relação intrínseca desde sempre. Somo sujeitos formados na era das imagens, da informação e do conhecimento, e a publicidade é um dos elementos mais fortes na criação de comportamentos e defesas de ideias. Isso nos parece natural, mas nem sempre foi assim. Essa relação simbiótica foi construída de acordo com o desenvolvimento da publicidade, da fotogra�a, da tecnologia e da sociedade. O que vivenciamos hoje é um estágio de maturidade da fotopublicidade. Na publicidade e propaganda passamos por várias eras de marketing (KOTLER, KARTAJAYA, SETIAWAN, 2017): 1 Era industrial (1.0) na qual o cliente busca o produto. 2 Era �nanceira (2.0) em que devemos ir até o cliente com ofertas. 3 Era 3.0 em que devemos trabalhar produtos e marcas que possuam a�nidade com o cliente e seus valores. 4 Era 4.0 (atual) na qual devemos adequar o que aprendemos nas outras fases e entender o poder das comunidades físicas e virtuais, e a participação do público ou suas opiniões, para a elaboração de produtos e, posteriormente, a defesa destes. O que aprendemos com isso? Que não há uma substituição total, mas a adequação e o surgimento de novos elementos no marketing, como em outras áreas da vida. Na fotogra�a não foi diferente. Conforme estudamos em outras aulas, a fotogra�a esse campo do conhecimento por diversos desenvolvimentos técnicos e estéticos, até que obteve autonomia para se �rmar como arte e meio de comunicação. Para essa autonomia a fotogra�a publicitária também esteve presente, contribuindo com suas especi�cidades. A fotogra�a não precisaria apenas ser adaptada para uma peça publicitária, ela seria pensada e idealizada especi�camente para essa atividade-�m. Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Pintura, fotogra�a e publicidade A pintura era uma arte consolidada e respeitada quando a fotogra�a surgiu. Já existiam escolas de belas-artes, séculos de pintores e estilos consagrados, técnicas tidas como revolucionárias, en�m, era uma arte robusta e que se impunha. Em nossas primeiras aulas observamos que a fotogra�a sofreu preconceito por ser uma novidade tecnológica ainda incompreendida e também por disputar espaço com os pintores retratistas. Nessa fase, buscando construir sua identidade a fotogra�a utilizou muitas in�uências da pintura para criar suas imagens. A publicidade buscava informar e seduzir as pessoas lançando mão do talento de pintores consagrados. Alphonse Mucha e Toulouse-Lautrec são exemplos evidentes dessa relação, com seus cartazes publicitários e para o Moulin Rouge, respectivamente. A�nal, nas décadas de 1890 e 1900, o principal modelo estético da grande publicidade no mundo ocidental era o Art Nouveau. Grandes artistas desse estilo, como o tcheco Alphonse Mucha, criaram o referencial de maior so�sticação para a propaganda da Belle Époque. DEJEAN, 2017, p.3 Peça publicitária de chocolate em pó. Alphonse Mucha. Peça publicitária para Perfumaria Violet. Alphonse Mucha. A gulosa. Toulouse-Lautrec. A sociedade europeia do século XIX vivia a modernidade e festejava as características desse modelo de mundo e �loso�a. Era a vitória da ciência, da razão, os desenvolvimentos e as mudanças sociais em alta velocidade, assim como o ritmo de vida urbano. Logo, as artes foram in�uenciadas e os conceitos visuais de leveza, movimento, sinuosidade, efemeridade, entre outros, se �zeram muito presentes nas artes (ARGAN, 1996; DONDIS, 1997). Exemplo Em todos os cartazes aqui citados temos linhas sinuosas e contínuas, pessoas retratadas se movimentado, fumaça como símbolo de leveza e efemeridade, roupas leves e em movimento, cabelos no ar, entre outros motivos visuais aplicados que remetem às rápidas transformações da sociedade naquele período. Como a fotogra�a era utilizada na publicidade nesse contexto? Na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, ela era usada, em alguns casos, como um ensaio para a pintura. Os pro�ssionais fotografavam algumas situações e depois os pintores decidiam qual seria a fotogra�a a ser utilizada como parâmetro para a sua pintura. Progressivamente as ilustrações foram sendo substituídas pelas fotogra�as. Não foi uma substituição total por dois motivos: As ilustrações são muito presentes na publicidade e na comunicação visual até os dias de hoje. Não existiam fotógrafos especializados. Dessa forma, a fotogra�a na publicidade era observada pelo seu potencial, isto é, poderia ser uma excelente possibilidade para �ns comerciais, desde que sua linguagem para esse �m fosse desenvolvida. Ressaltava-se que o aspecto fotográ�co de copiar a realidade poderia ser uma vantagem sobre a ilustração (EGUIZABAL, 2001). O retrato na publicidade tinha caráter testemunhal e eram usadas fotogra�as, em plano geral, das fachadas dos estabelecimentos que anunciavam. No início do século XX, a publicidade brasileira empregou o retrato como base para a maior parte das peças publicitárias. As capas de revista eram trabalhadas como anúncios e pensadas com estratégias publicitárias para chamar atenção e vender, quando expostas no ponto de venda. Propaganda dos cigarros Fon-Fon publicada na revista A lua (1910). Imagem extraída do site: //historia-do-brasil-e-do-mundo.hi7.co/do-registro-a-seducao--os-primeiros- tempos-da-fotogra�a-na-publicidade-brasileira-56c65793d1194.html Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Uma era de ouro A fase de consolidação e a força criativa da fotogra�a na publicidade brasileira passam por nomes como Henrique Becherini , Peter Scheier , Hans Gunter Flieg e Chico Albuquerque .1 2 3 4 Comentário Esses pro�ssionais se destacaram por seus trabalhos com modelos e estiveram à frente de agências históricas como Ayer e Thompson. O desenvolvimento também ocorreu por questões referentes a outros mercados, como a indústria automobilística. Mais à frente você verá fotogra�as produzidas por esses pioneiros. javascript:void(0); https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0386/aula10.html https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0386/aula10.html https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0386/aula10.html https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0386/aula10.html A tonalidade brasileira e a cara da população nas peças publicitárias, foram possíveis graças ao trabalho entrosado de modelos e fotógrafos. Tanto a fotogra�a publicitária se desenvolveu como a publicidade em si �cou maior e mais madura. Antes desta fase, que se inicia entre 1930 e 1940, a publicidade brasileira fotografava produtos e objetos. Outros acontecimentos importantes ajudaram na consolidação da fotogra�a publicitária. Ambos ocorreram em São Paulo e tiveram dimensão de reconhecimento e formação. O primeiro foi uma bem-sucedida exposição no Museu de Arte de São Paulo, realizada em 1950, com peças publicitárias destacadas. O segundo, dois anos depois, foi a criação do primeiro curso de publicidade da Escola de Propaganda do Museu de Arte de São Paulo, em 1952. Ambos os eventos tiveram um grande papel na formação de publicitários e fotógrafos e no reconhecimento de um mercado tecnicamente quali�cado perante público e pro�ssionais. Fonte: https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/11/16/exposicao-na-casa-da-imagem-repassa-as-ultimas-seis-decadas-da-fotogra�a-publicitaria-brasileira/Fotogra�a de Henrique Becherini, com modelo e produto. Fonte: https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/11/16/exposicao-na-casa-da-imagem-repassa-as-ultimas-seis-decadas-da-fotogra�a-publicitaria-brasileira/ Fachada de loja de autopeças na Av. São João, São Paulo (1953) - Peter Scheier. javascript:void(0); javascript:void(0); Fonte: https://entretempos.blogfolha.uol.com.br/2016/11/16/exposicao-na-casa-da-imagem-repassa-as-ultimas-seis-decadas-da-fotogra�a-publicitaria-brasileira/ Prédio Banespa em São Paulo (1950 - 1953) - Peter Scheier. Fonte: https://olhave.com.br/2014/04/per�l-hans-gunter-�ieg/ Jogo de ferramentas Heinz (1965) – Hans Gunter Flieg, reconhecido pelo apurado senso estético e elegância de suas produções. javascript:void(0); javascript:void(0); Fonte: https://olhave.com.br/2014/04/per�l-hans-gunter-�ieg/ Primeira concessionária da Volkswagen em Santo Amaro, São Paulo (1960) – Hans Gunter Flieg. Fonte: https://olhave.com.br/2014/04/per�l-hans-gunter-�ieg/ Fotogra�a publicitária de Chico Albuquerque. javascript:void(0); javascript:void(0); Fonte: //www.artistavisual.com.br/fotogra�a-modernista-chico-albuquerque-2/ Fotogra�as publicitárias de Chico Albuquerque. Fonte: //www.artistavisual.com.br/fotogra�a-modernista-chico-albuquerque-2/ Fotogra�as publicitárias de Chico Albuquerque. Comentário javascript:void(0); javascript:void(0); Esses fotógrafos reúnem as principais condições para um pro�ssional de fotopublicidade: senso estético, repertório fruto de observação re�exiva e domínio da técnica. Foram também homens lúcidos capazes de entender o tempo em que viveram e como criar no contexto em que estavam. São respeitados não apenas por serem os primeiros a realizar com destreza fotogra�as para publicidade, mas sobretudo porque estabeleceram sólidas bases para as gerações futuras. Sem dúvida alguma, podemos a�rmar que existe um antes e um depois desses pioneiros na fotopublicidade brasileira. Chegamos ao �nal da última aula, mas certamente não à última oportunidade de aprendizado. Esse é um processo sem-�m, para toda a vida. O surgimento de novas técnicas, novos equipamentos, novas abordagens, novas tecnologias provoca, no pro�ssional, a necessidade de atualização constante. Dica Para o talento, a única barreira que existe é a da displicência. Ser um grande pro�ssional ou artista passa pela dedicação e pela saudável curiosidade do saber. Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividades 1. Por qual motivo os fotógrafos Henrique Becherini, Peter Scheier, Hans Gunter Flieg e Chico Albuquerque são reconhecidos como os pioneiros da fotogra�a publicitária brasileira? a) Porque cronologicamente foram os primeiros a fotografar peças publicitárias. b) Porque foram os primeiros a fotografar para a publicidade levando em consideração as características do Brasil. c) Porque foram os primeiros a fotografar com competência técnica. d) Porque utilizaram as primeiras câmeras pro�ssionais da série Kodak Brownie. e) Porque suas fotogra�as apresentavam perícia técnica e tratamento digital avançado para aquela época. 2. No século XIX que arte e estilo concorriam com a fotogra�a na publicidade e propaganda? a) Na Belle Époque, os desenhos e pinturas da Art Noveau predominavam nos cartazes difundidos pela maior parte da Europa, e serviram como base in�uenciadora de outros contextos. b) Existia a concorrência dos fotogramas retirados dos �lmes publicitários de inspiração expressionista. c) Na França e na Itália predominavam os cartazes inspirados nas pinturas do construtivismo russo. d) Os cartazes do expressionismo alemão eram os maiores concorrentes da utilização da fotogra�a na publicidade. e) O jornal monopolizava as fotogra�as e, em função de direitos autorais e patrimoniais, não deixavam a publicidade utilizar as fotogra�as nos cartazes. 3. Antes de a fotogra�a ser efetivamente empregada em mercados como o europeu, o norte-americano e o brasileiro, qual era sua relação com a publicidade? a) Não era utilizada. A fotogra�a ainda estava muito relacionada à projeção cinematográ�ca e isso di�cultava a associação dela com a publicidade e propaganda. b) Não era utilizada. Existia muito preconceito com a fotogra�a publicitária e suas possibilidades eram limitadas. c) Era utilizada como referência para as criações artísticas. d) Servia como estrutura de pesquisa qualitativa sobre concorrência e possíveis nichos. e) Era empregada em estudos anatômicos de modelos, em parceria com cursos de arte e de medicina. 4. Em 1950 foi criado um evento no Museu de Arte de São Paulo com o objetivo de expor a fotogra�a publicitária brasileira considerada de bom nível. Pela ordem, quais os dois fatos importantes que se seguem a esse evento? a) A criação do Festival de Publicidade de Gramado; e a criação da primeira escola de fotopublicidade em Guarulhos-SP. b) A ampla utilização, madura e consciente, da fotogra�a na publicidade e sua libertação do fotojornalismo; e a criação da Escola de Propaganda do Museu de Arte de São Paulo, com a oferta de cursos de extensão universitária, graduação, MBAs e doutorados. c) A decisão de que só seria permitida a utilização de fotogra�as coloridas na publicidade; e a criação do Curso Superior de Propaganda, Marketing e Fotogra�a na Universidade de São Paulo. d) O movimento de fotógrafos publicitários que reivindicavam o reconhecimento da fotogra�a como arte; e a criação da Escola Superior de Propaganda do Museu de Arte de São Paulo. e) A criação do primeiro curso de publicidade pela Escola de Propaganda do Museu de Arte de São Paulo em 1952; e o desenvolvimento da fotogra�a publicitária – não a simples adequação de fotogra�as nas peças publicitárias. 5. Que características Eguizabal (2001) descreveu como as principais da fotogra�a e de seu uso na publicidade? a) O realismo fantástico semelhante ao imaginado na literatura do período foi um fator preponderante para resolver os objetivos da publicidade e da fotogra�a. b) A capacidade de sedução idêntica aos trabalhos realizados pelos ilustradores. c) A capacidade de se recriar atmosferas com a luz para seduzir o público-alvo. d) A capacidade de fascinar um público que estava acostumado com as ilustrações. A fotogra�a se mostrou capaz de transmitir mais informações referentes à realidade objetiva, o que acentuava a mensagem publicitária. e) A capacidade de desenvolver uma leitura surrealista e dadaísta da realidade. Notas Henrique Becherini1 O primeiro fotógrafo a prestar serviços para uma agência,. Peter Scheier2 Também especialista em arquitetura. Hans Gunter Flieg3 O fotógrafo da expansão urbana de São Paulo. Chico Albuquerque4 O mais notório desta área. Referências ARGAN, G. C. : do iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. CHAGAS, Renata Voss. : uma questão de gosto. Maceió: Intercom, 2011. DEJEAN, Karen Lynne. . Santa Catarina: Focos, 2017. DONDIS, A. Donis. . São Paulo: Martins Fontes, 1997. EGUIZABAL, Raul. . Madrid: Cátedra, 2001. KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. . Rio de Janeiro: Sextante, 2017. MAGALHÃES, Ângela; PEREGRINO, Nadja Fonseca. . Rio de Janeiro: Funarte, 2004. MARCONDES, Pyr. . 2ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. PALMA, Daniela. : os primeiros tempos da fotogra�a na publicidade brasileira. Disponível em: //www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao01/materia01/do_registro_a_seducao.pdf. Acesso em: 05/01/2020. RAMOS, Ricardo. : pequena história da propaganda no Brasil. São Paulo: Atual, 1985. Próxima aula Explore mais Conheça a carreira e o pensar de Chico Albuquerque no assistindo ao vídeo Per�l – Chico Albuquerque: revelações. javascript:void(0); javascript:void(0);
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