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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
FFCLRP – DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O imaginário coletivo de mulheres de meia-idade com câncer de mama em tratamento 
quimioterápico 
 
 
 
 
 
 
ELAINE CAMPOS GUIJARRO RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ribeirão Preto - SP 
2021 
ELAINE CAMPOS GUIJARRO RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O imaginário coletivo de mulheres de meia-idade com câncer de mama em tratamento 
quimiterápico 
 
Versão Resumida 
 
 
 
Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP da 
USP, como parte das exigências para obtenção do 
título de Mestre em Ciências. 
 
Área de Concentração: Psicologia em Saúde e 
Desenvolvimento. 
 
Orientador: Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos 
 
 
 
 
 
Ribeirão Preto - SP 
2021 
 
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio 
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 Rodrigues, Elaine Campos Guijarro 
 O imaginário coletivo de mulheres de meia-idade com câncer de 
mama em tratamento quimioterápico. Ribeirão Preto, 2021. 
 239 p. : il. ; 30 cm 
 
 Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Psicologia 
em Saúde e Desenvolvimento. 
 Orientador: Santos, Manoel Antônio dos. 
 
 1. Neoplasias mamárias. 2. Imaginário coletivo. 3. Mulheres. 4. 
Psicanálise. 5. Psicologia. 
 
 
 
Rodrigues, E. C. G. 
Título: O imaginário coletivo de mulheres de meia-idade com câncer de mama em tratamento 
quimioterápico 
Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e 
Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, como 
parte das exigências para obtenção do título de Mestre em 
Ciências. Área de Concentração: Psicologia em Saúde e 
Desenvolvimento. 
 
Aprovada em: _____/_____/2021. 
 
 
Comissão Julgadora 
 
 
 
Prof.(a) Dr.(a): _________________________ Instituição:___________________________ 
Julgamento: ____________________________ Assinatura: ___________________________ 
 
 
Prof.(a) Dr.(a): _________________________ Instituição:___________________________ 
Julgamento: ____________________________ Assinatura: ___________________________ 
 
 
Prof.(a) Dr.(a): _________________________ Instituição:___________________________ 
Julgamento: ____________________________ Assinatura: ___________________________ 
 
 
Prof.(a) Dr.(a): _________________________ Instituição:___________________________ 
Julgamento: ____________________________ Assinatura: ___________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este estudo foi desenvolvido junto ao Laboratório de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde 
- LEPPS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Rodrigues, E. C. G. (2021). O imaginário coletivo de mulheres de meia-idade com câncer de 
mama em tratamento quimioterápico. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP. 
 
O imaginário coletivo como conduta humana consiste num complexo ideo-afetivo constituído 
a partir da intersubjetividade e tem por fundamentos afetivos os campos de sentido afetivo-
emocional. A meia-idade feminina é um momento do desenvolvimento com acentuadas 
alterações corporais e reestruturações psíquicas o que, diante do câncer de mama, pode ser ainda 
mais desafiador. Este estudo teve por objetivo conhecer o imaginário coletivo de mulheres de 
meia-idade com câncer de mama ao longo do tratamento quimioterápico. É uma pesquisa 
qualitativa, primária, empírica, longitudinal, de abordagem psicanalítica winnicottiana e sob a 
perspectiva da mulher acometida. Ao rever a literatura, foi realizada uma metassíntese que 
apontou a experiência de incompletude feminina decorrente dos vários tratamentos. Inexistiam 
estudos do imaginário coletivo de mulheres de meia-idade acometidas pelo câncer de mama 
numa perspectiva longitudinal. Participaram cinco mulheres com câncer de mama primário 
entre 48 e 60 anos que estavam prestes a iniciar o tratamento quimioterápico vinculado à rede 
pública de saúde, selecionadas numa instituição hospitalar especializada no cuidado 
oncológico, localizada no interior do estado de São Paulo. Foram realizados três encontros 
individuais e presenciais com cada participante, distribuídos ao longo do tratamento 
quimioterápico: antes do início, aproximadamente à metade dos ciclos e ao final do tratamento. 
Nesses momentos do tratamento foram utilizadas as técnicas da entrevista aberta com questão 
disparadora e do Procedimento do Desenho-Estória com Tema como mediador dialógico. 
Foram realizadas anotações em diário de campo após cada encontro e um formulário para 
caracterização sociodemográfica foi preenchido uma única vez. Protocolos éticos exigidos pela 
legislação vigente foram observados, o responsável pela instituição firmou um Termo de 
Aceitação da pesquisa e as participantes firmaram o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido. Os encontros foram audiogravados e transcritos literalmente e na íntegra. Todo o 
conjunto do material, incluindo pistas não-verbais, foi analisado segundo o método 
interpretativo psicanalítico, que consistiu em três etapas: tomar contato esboçando sentidos 
preliminares; captar temas dominantes e nomear os campos de sentido afetivo-emocional. A 
análise resultou em cinco campos: Há risco/arrisco: desejando diariamente a vida; Se eu morrer, 
ela vai sofrer; Quero ser avó; (Re)conhecendo o corpo que Eu habito; Alguém e só. Os campos 
contemplaram as bases afetivas e emocionais: medo da iminência da morte, sentimentos de 
tristeza e de abandono diante da ausência de um ambiente acolhedor, o desejo de viver, de 
conhecer e permanecer em contato com netos, sentimento de culpa por causar sofrimento aos 
filhos e a reelaboração da experiência corporal. Emergiram imaginários sobre: o câncer, a 
quimioterapia, o corpo e a família, todos vinculados às experiências de sofrimento e também 
formados defensivamente. As novas situações afetivas de aceitação e de acolhimento no curso 
do tratamento auxiliaram as participantes a transitarem por imaginários menos defendidos e 
com vislumbre de reelaborações e de assimilação do câncer à existência. Espera-se que este 
conhecimento possa gerar reflexão sobre as bases afetivas desafiadoras, sobre os imaginários 
habitados e, principalmente, sobre a dinamicidade experimentada ao longo do tratamento, tanto 
imaginários de sofrimento, quanto imaginários sobre a continuidade do seu existir. 
 
Palavras-chave: neoplasias mamárias, imaginário coletivo, mulheres, psicanálise, Psicologia 
 
ABSTRACT 
 
Rodrigues, E. C. G. (2021). The collective imaginary of middle-aged women with breast cancer 
undergoing chemotherapy. Master's Dissertation, Faculty of Philosophy, Sciences and 
Letters at Ribeirão Preto, University of São Paulo, Ribeirão Preto, SP 
 
Collective imaginary as a human conduct consists of an ideo-affective complex constituted 
from intersubjectivity and has affective foundations in affective-emotional sense fields. Female 
middle age is a time of development with marked bodily changes and psychic restructuring 
which, in the face of breast cancer, can be even more challenging. This study aimed to get to 
know the collective imaginary of middle-aged women with breast cancer throughout 
chemotherapy. It´s a qualitative, primary, empirical, longitudinal research, with a winnicottian 
psychoanalytic approach and from the perspective of the affected woman. When reviewing the 
literature, a meta-synthesis was carried out that pointed outthe experience of female 
incompleteness resulting from the treatment. There were no studies of the collective imaginary 
of middle-aged women affected by breast cancer in a longitudinal perspective. Participated five 
women with breast cancer between 48 and 60 years old who were about to start chemotherapy 
treatment linked to the public health network, selected in a hospital specialized in cancer care, 
located in the interior of the state of São Paulo. Three individual and face-to-face meetings were 
held with each participant, distributed throughout the chemotherapy treatment: before the 
beginning, approximately half the cycles and at the end of the treatment. In these moments of 
treatment, the techniques of open interview and the Thematic Story-Drawing Procedure were 
used as dialogical mediator. Notes were made in a field diary after each meeting and a form for 
sociodemographic characterization was completed only once. Ethical protocols required by the 
current legislation were observed, the person in charge of the institution signed a Term of 
Acceptance and the participants signed the Informed Consent Form. The meetings were 
recorded and transcribed literally and in full. The whole set of material, including non-verbal 
cues, was analyzed according to the psychoanalytic interpretive method, which consisted of 
three stages: making contact by sketching preliminary directions; capture dominant themes and 
name the affective-emotional sense fields, which resulted in five fields: There is risk / risk: 
desiring life daily; If I die, she will suffer; I want to be a grandmother; To know again the body 
that I inhabit; Someone and only. The fields covered the affective and emotional bases: fear of 
the imminence of death, feelings of sadness and abandonment in the absence of a welcoming 
environment, the desire to live, to know and remain in contact with grandchildren, feeling of 
guilt for causing suffering to the adults daughters and sons, re-elaboration of the corporal 
experience. Imaginary emerged about: cancer, chemotherapy, body and family, all linked to the 
experiences of suffering and formed defensively. New affective situations of acceptance during 
the course of treatment helped the participants to move through less defended imaginary and 
with a glimpse of re-elaborations and assimilation of cancer in existence. It is hoped that this 
knowledge can generate reflection on the challenging affective bases, on the inhabited 
imaginary and mainly on the dynamics presented throughout the treatment, both imaginary of 
suffering, as well as imaginary about the continuity of their existence. 
 
Keywords: breast neoplasms, collective imaginary, women, psychoanalysis, Psychology 
 
 Introdução 17 
1. INTRODUÇÃO 
 
1.1 A mulher de meia-idade com câncer de mama 
 
Eu sou aquela mulher 
a quem o tempo 
muito ensinou. 
Ensinou a amar a vida. 
Não desistir da luta. 
Recomeçar na derrota. 
[...] 
Creio numa força imanente 
que vai ligando a família humana 
numa corrente luminosa 
de fraternidade universal. 
Creio na solidariedade humana. 
 Cora Coralina, Oferta de Aninha (Aos moços), 1984/1997.1 
 
O poema de Cora Coralina (1984/1997), intitulado Oferta de Aninha (Aos moços), foi 
escolhido como epígrafe para compor a apresentação do olhar que lanço ao fenômeno do 
imaginário coletivo: valorizando a mulher de meia-idade que, em seu curso de vida, adoece 
pelo câncer de mama e se engaja no tratamento em busca de assegurar a continuidade de sua 
vida. Em meio à luta contra a potência destrutiva da doença ela se descobre plena de vida e 
ligada a uma “força imanente” que a conecta à “família humana” em um elo de “fraternidade 
universal”. 
Considerando que esta é uma pesquisa científica situada na Psicologia, é indispensável 
esclarecer o olhar que dirijo neste estudo para a compreensão do fenômeno humano. Considero 
a mulher como pessoa contextualizada, com sua historicidade, suas expectativas, apropriada de 
seu corpo e vivendo seus relacionamentos interpessoais. Winnicott, ao longo das produções 
entre as décadas de 1930 e 1970, destacou a continuidade do processo de desenvolvimento 
emocional ao longo de toda a vida (teoria do desenvolvimento emocional), salientou o 
desenvolvimento ligado ao corpo (existência psicossomática) e a relação estabelecida entre as 
pessoas (ambiente). Por essas razões, a abordagem psicanalítica winnicottiana se mostra 
fecunda e apropriada para fundamentar estudos sobre processos de desenvolvimento que 
ocorrem durante toda a vida, incluindo os períodos do envelhecimento. 
Neste estudo do imaginário coletivo como conduta, são consideradas as bases afetivas 
 
1 Coralina, C. (1997). Ofertas de Aninha (Aos moços). In Vintém de cobre: Meias confissões de Aninha (6a ed., 
p. 145). São Paulo, SP: Global. (Trabalho original publicado em 1984). 
 
 
 
 Introdução 18 
e emocionais na formação do imaginário. Essas bases se relacionam com aspectos situacionais, 
com os aspectos relacionais e com os aspectos da existência psicossomática. Assim, para 
compreender o imaginário, levei em conta a situação, o momento da vida no qual o fenômeno 
foi experienciado, pois adoto o conceito blegeriano sobre o ser humano: contextualizado 
material e socialmente, histórico e temporalmente situado. O ser humano vive um drama, um 
enredo de vida e essa historicidade (enquadre dramático) foi considerada neste estudo quanto à 
mulher de meia-idade com câncer de mama, o que significou compreender as condições 
concretas da vida que integram a formação do imaginário (Aiello-Vaisberg, 1995, 1999, 2003; 
Bleger, 1983/1989). 
Um estudo de abordagem psicanalítica considerou que mulheres de meia-idade são 
mulheres adultas no “meio da vida” e essa expressão “meio” não é entendida literalmente, no 
sentido de metade; mas como um momento de reflexão e de tomada de decisões. Elas são 
retratadas como mulheres que vivem anos de reestruturações psíquicas decorrentes da 
alternância do poder e do suporte entre as gerações, tanto pela perda do apoio da geração 
anterior (possível declínio ou falecimento dos pais), quanto pela emancipação da geração mais 
nova (crescimento dos filhos). Na meia-idade, mulheres reavaliam seu percurso de vida com 
consciência da finitude, da limitação e preciosidade do tempo, e reestruturam-se perante essa 
reavaliação, o que pode influenciar nos períodos futuros de envelhecimento (Fagulha, 2005). 
No momento da vida da meia-idade, as mulheres já tomaram algum tipo de decisão sobre 
maternidade, constituição familiar, relacionamentos íntimos e vivenciam mudanças corporais 
importantes, inclusive quanto à libido e sexualidade. Essas transformações ocorrem em torno 
dos 50 anos (Peres, Centurion, & Cremasco, 2018; C.L. Souza, 2005), com possibilidade de 
variação a depender das situações vividas. Um estudo investigou casais de meia-idade diante 
do acometimento de um dos cônjuges pelo câncer e considerou como período da meia-idade o 
intervalo temporal entre 44 e 65 anos. No referido estudo a meia-idade foi atribuída às 
experiências em termos de ciclo vital dos participantes, que já haviam experienciado o 
crescimento e independência dos filhos e as alternâncias dos papéis familiares (Picheti, Castro, 
& Falcke, 2014). 
A questão intergeracional se apresenta nesse momento de vida da meia-idade também 
pelo nascimento dos netos. Um estudo de imaginário coletivo sobre relações intergeracionais 
concluiu que se a troca intergeracional for sensível às demandas específicas, representa um 
ganho para ambas as gerações, com possibilidades de desenvolvimento de novos sentidos de 
vida, expressão das angústias, desenvolvimento afetivo e cognitivo (Assis, Visintin, Borges, & 
Aiello-Vaisberg, 2020). As avós transmitem aos netos aspectos culturais da tradição familiar e 
 Introdução 19 
aspectos relacionaisque internalizaram no desempenho da função de mãe-ambiente com os 
próprios filhos e outras trocas, baseadas no gesto espontâneo e criativo que o encontro com o 
neto pode suscitar (Ribeiro & Bittencourt, 2017). 
Seguindo o ensinamento de Bleger (1983/1989) sobre o momento da vida em que um 
fenômeno ocorre, a literatura considera que as experiências corporais em termos do momento 
da vida das mulheres por volta dos 50 anos seriam diversas das experiências de mulheres mais 
jovens. Especialmente quanto ao acometimento por câncer de mama em mulheres jovens, a 
literatura recomenda atenção às questões específicas, tais como o planejamento familiar, a 
preservação da fertilidade e capacidade reprodutiva (Harbeck & Gnant, 2017); ao passo que 
para mulheres na faixa etária dos 50-60 anos outras questões seriam importantes, como as 
alterações corporais decorrentes da perda da juventude, entrada no climatério, início e fim da 
menopausa, com repercussão emocionais importantes (C.L. Souza, 2005). Da mesma forma, 
experiências decorrentes do processo de envelhecimento longevo precisariam ser 
especificamente consideradas e não se relacionariam com o momento da meia-idade, tais como 
o declínio natural do funcionamento orgânico, a presença de comorbidades e a questão da 
finitude. Associando a teoria winnicottiana sobre a existência psicossomática a essas facetas do 
desenvolvimento e da saúde da mulher, as experiências corporais muito discrepantes em termos 
de momento da vida poderiam repercutir na elaboração sobre o drama, enredo da vida, 
impactando também o imaginário coletivo. 
O olhar lançado para o fenômeno neste estudo privilegia o imaginário coletivo de 
mulheres de meia-idade com câncer de mama. No âmbito deste estudo o imaginário pode ser 
definido como uma conduta não-consciente ideo-afetiva relacionada com o adoecimento e com 
a realização do tratamento quimioterápico. Como tal, o imaginário pode ser acessado mediante 
a identificação dos campos psicológicos não-conscientes (Aiello-Vaisberg, 2017; Aiello-
Vaisberg & Follador e Ambrosio, 2006; Granato & Aiello-Vaisberg, 2016; Minhoto, Follador-
Ambrosio, & Aiello-Vaisberg, 2007). A literatura reconhece a pluralidade e diversidade dos 
imaginários coletivos relacionados ao processo do envelhecimento. Estudo sobre o imaginário 
coletivo identificou os campos de sentido afetivo-emocional “velhice como desamparo” e 
“velhice como responsabilidade pessoal” e destacou que existe uma dinâmica entre a luta para 
suportar o desamparo e a motivação para enfrentar os desafios da vida (Manna, Leite, & Aiello-
Vaisberg, 2018). Outro estudo sobre a experiência emocional do envelhecimento em uma 
perspectiva psicanalítica winnicottiana identificou um campo de sentido afetivo-emocional que 
subsidiou uma experiência emocional de luto e de resiliência, com manifestação do desejo de 
prosseguir de maneira positiva (M.M. Almeida, Fierz, Oliveira, Pereira, & Cruz, 2018). 
 Introdução 20 
Especificamente sobre o câncer de mama, estudos investigaram o imaginário coletivo 
de mulheres que revelaram suas crenças e sentimentos relacionados ao adoecimento. No 
entanto, as investigações abrangeram participantes que não tiveram câncer de mama. Os 
resultados relacionaram a doença ao feminino, ao ser mulher, à identidade feminina, aos papéis 
sociais, ao trabalho e às dificuldades financeiras. Assim, na perspectiva das mulheres que não 
haviam sido acometidas pela doença, o tratamento quimioterápico alteraria a vivência concreta 
do ser mulher, despertaria angústias oriundas da transformação de tudo o que envolve a 
expressividade de um corpo feminino, seus conceitos simbólicos, os modelos sociais 
idealizados, os papéis sociais introjetados, seus sentimentos e emoções (Belluzzo & Aiello-
Vaisberg, 2007; Belluzzo, Couto, & Aiello-Vaisberg, 2008). 
 
1.2 O câncer de mama: aspectos conceituais, epidemiológicos e terapêuticos 
Em temos conceituais, câncer de mama é o nome genérico utilizado para se referir a um 
conjunto heterogêneo de doenças que atingem as estruturas mamárias e cuja característica 
básica é a existência de células com alterações genéticas que, em contato com agentes 
cancerígenos, passam a desempenhar atividades metabólicas reprogramadas, diferentes das 
esperadas para as células normais. Esse processo resulta em crescimento desordenado, 
multiplicação excessiva e invasão de tecidos que progridem para tumores (Faubert, Solmonson, 
& DeBerardinis, 2020; Ferlay et al., 2019; Kim & DeBerardinis, 2019; Ministério da Saúde, 
2013b, 2019a, 2019b, 2020; Steytler & Santos, 2007; World Health Organization [WHO], 
2020b). O câncer de mama é um conjunto de doenças que também pode acometer homens, 
embora seja muito mais frequente em mulheres, na proporção de um homem para cada 10 
mulheres diagnosticadas (Donovan & Flynn, 2007; Quincey, Williamson, & Winstanley, 
2016). 
O câncer de mama figurou no cenário epidemiológico mundial por mais de duas décadas 
como o segundo tipo de maior incidência, atrás apenas do câncer de pulmão (Ministério da 
Saúde, 2019a, 2019b, 2020). Porém, no momento histórico atual, dados publicados 
recentemente apontaram que no ano de 2020 o câncer de mama superou o câncer de pulmão e 
se tornou o tipo de maior ocorrência mundial, conforme demonstra a Figura 1 (WHO, 2020b, 
2021). Entre as mulheres, o câncer de mama é o tipo de doença neoplásica mais comum 
(Harbeck & Gnant, 2017) e a principal causa de morte por câncer no mundo (Ferlay et al., 2019, 
WHO, 2020b). 
 Introdução 21 
 
Fonte: WHO (2020b). 
 
Figura 1. Estimativa mundial de casos de câncer para o ano de 2020: o câncer de mama se 
tornou o tipo de câncer mais comum no mundo 
 
No Brasil, dados estatísticos indicam que o de mama é o tipo de câncer com maior taxa 
de incidência entre casos de neoplasias em mulheres a partir dos 20 anos de idade, se comparado 
aos demais tipos tumorais. A alta prevalência é justificada por ser o câncer que mais acometeu 
mulheres no ano de 2020, com mais de 69 mil casos, o que refletiu a estimativa de que 33,6% 
do total dos casos novos de neoplasias femininas foram de câncer de mama. A mortalidade 
refere-se ao fato de mais de 20 mil mulheres terem falececido no Brasil em razão do câncer de 
mama no ano de 2020, conforme dados da última atualização em 2021. Este número indica que 
17,1% do total de óbitos de mulheres em razão de neoplasias naquele ano ocorreram devido ao 
câncer de mama (Ferlay et al., 2019; Ministério da Saúde, 2019a, 2019b, 2020; WHO, 2020b, 
2021). Estes números demonstram que o câncer de mama representa uma doença com alto 
potencial de letalidade para a população feminina, o que torna contemporânea e atual a 
necessidade de dirigir atenção a este tipo de câncer e suas repercussões no bem-estar 
psicológico (Cesnik & Santos, 2012; Junqueira, Vieira, Giami, & Santos, 2013; Rossi & Santos, 
2003; D.B. Santos, Santos, Cesnik-Geest, & Vieira, 2017; Vieira, Ford, Santos, Junqueira, & 
Giami, 2013). 
O percurso para detecção e diagnóstico precoce do câncer de mama é feito mediante 
associação de métodos de rastreamento. Tais métodos consistem em: exames clínicos da mama 
 Introdução 22 
de inspeção e palpação, exames de imagens (mamografia compressiva bilateral e/ou 
ultrassonografia), exames citológicos ou histológicos (de materiais ou tecidos obtidos por 
punção, nos quais se avaliam as células e tecidos para verificação de lesões) e pela biópsia 
cirúrgica convencional. Após o diagnóstico é realizado o estadiamento do câncer baseado em 
uma classificação internacional quanto ao tamanho, comprometimento de estruturas como os 
linfonodos e a ocorrência de metástases. A partir dessas informações, o plano terapêutico pode 
ser elaborado (Ministério da Saúde, 2004, 2020; Trufelli et al., 2008). 
O plano terapêutico desenvolvido para o tratamento do câncer de mama envolve uma 
abordagem local e uma sistêmica. Compõem procedimentoslocais a cirurgia (radical ou 
conservadora) da mama acometida e a radioterapia. Compõem terapêuticas sistêmicas a 
quimioterapia e a hormonioterapia. O apoio psicológico e a reabilitação funcional integram o 
caráter multidisciplinar do tratamento para o câncer de mama (D.B. Santos, Ford, Santos, & 
Vieira, 2014; D.B. Santos, Santos, & Vieira, 2014; Vieira, Santos, Santos, & Giami, 2014). Os 
tipos de tratamentos podem ser combinados ou não, de acordo com a indicação e 
especificidades de cada caso (Fisusi & Akala, 2019; Ministério da Saúde, 2004, 2020; Peçanha, 
2008; Spina et al., 2000). 
A quimioterapia é uma das grandes vertentes que compõem o tratamento sistêmico para 
o câncer de mama. Tanto em tumores iniciais quanto em tumores avançados (inoperáveis de 
imediato), a quimioterapia neoadjuvante pode ser utilizada para diminuir a massa tumoral para, 
somente depois, realizar a cirurgia, se ainda for necessário, oferecendo maiores chances de 
conservação da mama (Fisusi & Akala, 2019). O tratamento quimioterápico consiste em altas 
doses de grupos farmacológicos que são administrados repetidas vezes (também denominados 
ciclos) e espaçados em curtos períodos de tempo, o suficiente para a recuperação dos tecidos 
saudáveis. O uso terapêutico dessas substâncias objetiva destruir as células cancerígenas para 
evitar o desenvolvimento do tumor e sua disseminação para o restante do organismo (Lacerda, 
2001; Pereira & Braga, 2016). As doses e as programações da periodicidade de administração 
dos medicamentos são selecionadas de acordo com protocolos que levam em conta as 
especificidades do tumor de cada paciente (Harbeck & Gnant, 2017). Em alguns casos, a 
administração da quimioterapia pode ser oral ou tópica, realizada pela própria pessoa e não 
depende de atendimento ambulatorial. Em outros casos, a administração pode ser intravenosa, 
subcutânea ou intracraneal, necessitando ser realizada por um profissional, sob rigoroso 
controle médico (Ministério da Saúde, 2013b, 2020; Pereira & Braga, 2016). 
As consequências indesejáveis do tratamento quimioterápico são associadas à alta 
toxicidade dos quimioterápicos. Por ser um tratamento sistêmico, eles afetam também as células 
 Introdução 23 
normais, podendo produzir inúmeros efeitos adversos a curto, médio e longo prazo, tais como: 
variações de peso em pacientes pré-menopausa (Jung, Kim, & Chung, 2020), risco de 
desencadeamento de depressão, ansiedade, dermatites, osteoporose, neutropenia, dorsalgia, 
distúrbios da menopausa (Yang et al., 2019), naúsea, fadiga, supressão da medula óssea, 
diminuição da função sexual, prejuízo cognitivo (Lavdaniti, 2015), dificuldades de cicatrização, 
alopecia, lesões gastrointestinais, esterilidade (Soares, Burille, Antonacci, Santana, & 
Schwartz, 2009). Dados epidemiológicos indicam que o próprio tratamento para o câncer de 
mama pode ser potencialmente cancerígeno, pois o risco de desenvolvimento do câncer de 
pulmão foi significativamente aumentado após a radioterapia realizada em mulheres que 
fumavam quando adoeceram por câncer de mama (Prochazka et al., 2005). O período que 
envolve toda a experiência pessoal do adoecimento e tratamento para o câncer de mama é 
emocionalmente mobilizador (M.A. Santos & Souza, 2019) e especificamente o tratamento 
quimioterápico é associado a altos níveis de sofrimento psicológico (Bergerot, Araujo, & 
Tróccoli, 2014). 
Existe uma vasta literatura na área oncológica com abordagem qualitativa, que leva em 
conta a perspectiva da mulher acometida ao abordar temas importantes sobre o sofrimento 
psicológico decorrente da experiência do câncer de mama. São investigados aspectos 
relacionados ao impacto dos efeitos colaterais dos tratamentos sobre a identidade feminina 
(Freedman, 1994; Trusson & Pilnick, 2017; Wakiuchi, Marcon, Oliveira, & Sales, 2019); o 
impacto na sexualidade, notadamente quanto à redução da frequência sexual, diminuição da 
excitação e do interesse sexual (Cesnik & Santos, 2012; D.B. Santos, Ford, et al., 2014; D.B. 
Santos, Santos, et al., 2014). Em relação ao sofrimento psicológico decorrente da mastectomia, 
um estudo revelou que o temor para a mulher acometida constituía, inclusive, um dos fatores 
impeditivos da busca precoce do tratamento (Arán et al., 1996). Contudo, mesmo diante do 
sofrimento, um recente estudo de abordagem fenomenológica-existencial sobre a imagem 
corporal de mulheres mastectomizadas abordou a possibilidade de reelaboração da imagem 
corporal e da sexualidade após a cirurgia, apresentando vivências paradoxais no sentido de 
aproximação da finitude e de vitória sobre a doença, constituindo uma nova identidade: “ser-
mulher-com-câncer de mama” (Junqueira & Santos, 2020, p. 571). 
Uma metassíntese de literatura conduzida por mim em meu contato inicial com o cenário 
oncológico (Capítulo 2), tendo como base a perspectiva da mulher acometida pelo câncer de 
mama, indicou repercussões significativas em sua vida decorrentes do tratamento oncológico, 
como o desenvolvimento de estratégias comportamentais para lidar com o sentimento de 
desconforto produzido pela alopecia induzida, recorrendo a técnicas de resfriamento do couro 
 Introdução 24 
cabeludo (Patel-Kerai, Harcourt, Rumsey, & Naqvi, 2015), uso de acessórios como lenços, 
chapéus e perucas, ou mediante o corte dos cabelos (Brunet, Sabinston, & Burke, 2013; Frith, 
Harcourt, & Fussell, 2007; Patel, Harcourt, Naqvi, & Rumsey, 2014). A metassíntese de 
literatura indicou também o recurso à estratégia cognitiva de considerar a queda dos cabelos 
transitória, o que auxilia a tranquilizar e aceitar a perda momentânea (Buki, Reich, & Lehardy, 
2016). 
Aspectos psicossociais também foram identificados na referida metassíntese, 
relacionados aos efeitos do estigma social sucitado pelo câncer de mama (Blanco-Sánchez; 
2010a, 2010b; Brunet et al., 2013; Cebeci, Yangin, & Tekeli, 2012; Klaeson, Sandell, & 
Berterö, 2011; Nizamli, Anoosheh, & Mohammadi, 2011; Power & Condon, 2008). 
Aspectos emocionais e afetivos relacionados ao tratamento também foram identificados 
no estudo de metassíntese (Capítulo 2). Sobre a quimioterapia, as mulheres participantes dos 
estudos revisados relataram ser seu pior medo, construindo-se um significado de encontro 
simbólico com a morte, tanto naquelas que enfrentavam um tumor primário, quanto nos casos 
de recidiva (Cohen, Kahn, & Steeves, 1998; Nizamli et al., 2011; G.C. Santos & Gonçalves, 
2006). Relataram também sofrimento diante da possibilidade de deixar os filhos órfãos, ainda 
dependentes dos cuidados maternos (Nizamli et al., 2011). Sobre a alopecia induzida pela 
quimioterapia, definida como a queda dos cabelos e demais pelos (sobrancelhas, púbis, pernas 
e braços) (Reis & Gradim, 2018), estudos indicaram que é o efeito colateral mais angustiante 
(Buki et al., 2016), mais impactante inclusive do que a perda da mama, levando as mulheres a 
se sentirem infantilizadas quanto à sexualidade pela perda dos pelos pubianos (Power & 
Condon, 2008) e inseguras quanto à reação dos parceiros íntimos (Nizamli et al., 2011). 
A alopecia também induziu isolamento social (Brunet et al., 2013; Hill & White, 2008; 
Patel et al., 2014) e causou desconforto em relação à presença de pessoas (Power & Condon, 
2008; Vargens & Berterö, 2007). Estudos selecionados na metassíntese sobre o tratamento 
cirúrgico (mastectomia) indicaram que as participantes se sentiam incompletas e assimétricas 
(Jetha, Gul, & Lalani, 2017). O medo vinculado com a perda dos cabelos foi tão significativo 
que um estudo selecionado apontou que elas relutaram, inclusive, em realizar o próprio 
tratamento quimioterápico ou desenvolvem a fantasia de que talvez a alopecia não ocorreria, 
mesmo quando haviam sido devidamente avisadas previamente pelos médicos (Frith et al., 
2007). De modo geral, o tratamento para o câncer de mama foi deflagrador de dificuldades em 
aceitar as alteraçõesda imagem corporal e de mudanças na identidade da mulher adulta (Elmir, 
Jackson, Beale, & Schmied, 2010; McKean, Newman, & Adair, 2013; Nizamli et al., 2011). 
Por outro lado, aspectos positivios também foram identificados. A metassíntese também 
 Introdução 25 
incorporou estudos cujas participantes manifestaram que a quimioterapia poderia ser 
experienciada com esperança (Frith et al., 2007) e que a consideraram como medicamento vital 
para a sobrevivência (Pedersen, Groenkjaer, Falkmer, Mark, & Delmar, 2016; G.C. Santos & 
Gonçalves, 2006). 
 
1.3 Aspectos do imaginário coletivo: a existência psicossomática, aspectos relacionais e 
situacionais 
Alguns aspectos teóricos subsidiam esta investigação do imaginário coletivo, 
especialmente por informarem a concepção sobre ser uma mulher com câncer de mama: 
aspectos da existência psicossomática, aspectos relacionais e aspetos situacionais. 
Neste estudo do imaginário coletivo são considerados os aspectos de uma existência que 
se constitui em termos psicossomáticos (Winnicott, 1949/2000e, 1996). Por psicossoma a 
psicanálise winnicottiana entende uma membrana limitadora entre a realidade interna e a 
realidade externa (Winnicott, 1965/2005, 1957/2007a, 1996), sem que necessariamente esteja 
relacionado ao interior e exterior do corpo ou da mente. Aliás, para a abordagem winnicottiana, 
não existe “a mente”, nem existe uma mente de maneira apartada do corpo. O que se considera 
é uma função (mental) de uma existência que apresenta as bases da psique a partir da relação 
com o soma (Winnicott, 1952/2000h), sendo somente a partir do corpo vivo que se desenvolve 
o eu imaginário (Winnicott, 1949/2000e). A personalidade, a partir dessa existência 
psicossomática, apresenta-se em um Eu verdadeiro constituído por um Eu diferenciado do Não-
eu e conformado por uma certa fusão de elementos eróticos e agressivos (Winnicott, 1950-
1955/2000f). 
A existência psicossomática winnicottiana adequa-se teoricamente com o conceito da 
conduta (Bleger, 1983/1989), pois para ambos não há o que se possa chamar de uma “mente” 
individualmente considerada. A atividade ou função mental do psicossoma é que transforma o 
ambiente de suficientemente bom (com falhas administráveis) em hipoteticamente perfeito, 
pois supre gradualmente as falhas relativas pela capacidade de tolerar e compreender 
(Winnicott, 1949/2000e). 
O desenvolvimento do sentimento de ser a si mesmo depende do desenvolvimento 
maturacional por meio dos processos de integração, personalização e realização (Winnicott 
1965/2005, 1957/2007a), bem como da adaptação do meio às suas necessidades iniciais e da 
progressiva desadaptação (desilusão) ambiental. O processo de desenvolvimento é complexo e, 
embora possa ser realizado dias após o nascimento, “tudo aquilo que se aplica aos estágios 
iniciais aplica-se, também, até certo ponto, mesmo aos estágios que chamamos de maturidade 
 Introdução 26 
da fase adulta” (Winnicott, 1949/2000e, p. 334). 
A parte da personalidade que possui a tendência à integração é denominada ego. O Eu 
(Self) é um fenômeno posterior, pois depende do desenvolvimento intelectual da criança para 
receber de volta as impressões que ela causa ao outro-ambiente (Winnicott, 1962/2007d). Ao 
percorrer o desenvolvimento maturacional é que o bebê “se torna capaz de se relacionar com 
objetos e se torna inserto em seu próprio corpo e no funcionamento do mesmo, experimenta um 
sentimento de EU SOU” (Winnicott, 1963a/2007e, p. 215), podendo, posteriormente, fazer uso 
dos objetos objetivamente percebidos, com a percepção de que eles pertencem a uma realidade 
exterior que não pode controlar (Winnicott, 1996). 
O fenômeno da conduta blegeriano é adequado para o entendimento da existência 
psicossomática, por ser compreendido como toda manifestação humana, independente da forma 
pela qual é apresentada, contemplando áreas que se manifestam de forma integrada: área do 
mental, área do corpo e área do social. Dessa forma, esta perspectiva admite que o predomínio 
de uma das áreas sobre as outras seja apenas relativo, pois são áreas coexistentes e que não 
podem existir sem as demais, nem de forma isolada das demais (Bleger, 1983/1989). 
Neste estudo do imaginário coletivo são considerados aspectos relacionais existentes no 
processo de adoecimento e tratamento, pois o ser humano é um ser social, não pode ser 
considerado isoladamente; e a conduta apresenta o caráter relacional, pois é compreendida em 
termos de um processo dinâmico que leva em conta o contexto social e não como um objeto 
em si mesmo considerado (uma manifestação considerada por si mesma) (Bleger, 1983/1989). 
Os campos de sentido afetivo-emocional, a base do imaginário coletivo compreendido 
como uma conduta humana, são constituídos com fundamento na intersubjetividade (Aiello-
Vaisberg, 2003), na relação entre pessoas, o que pode ser relacionado com a abordagem 
psicanalítica de perspectiva relacional desenvolvida por Winnicott (1951/2000g), para quem o 
ser humano se desenvolve sempre em relação com o outro-ambiente (Winnicott, 1948/2000d). 
Caso o outro-ambiente não seja suficientemente bom ou não se adapte, ele será intrusivo, 
levando o psicossoma a reagir, o que perturba sua capacidade de continuar a ser (Winnicott, 
1949/2000e), levando à organização defensiva, por exemplo, por meio de defesas maníacas ou 
do falso self (Winnicott, 1935/2000a, 1960/2007c, 1996). 
Aspectos relacionais também podem ser pensados diante do conceito de fenômeno 
transicional presente na abordagem psicanalítica winnicottiana: são fenômenos que ocorrem 
em um espaço intermediário da experiência cotidiana, na região de experimentação entre a 
criatividade e a projeção de conteúdos introjetados, fazendo uso de objetos que não são parte 
do Eu, mas pertencem à realidade exterior/compartilhada. São fenômenos que ocorrem com 
 Introdução 27 
intercâmbio do subjetivo e do objetivo. São fenômenos que se relacionam com o pensamento, 
com o fantasiar, com o brincar, com a criatividade artística e com o sonho (Winnicott, 
1951/2000g). É nesse espaço de transicionalidade, criado pelas relações intersubjetivas, que são 
ainda criados (e encontrados) os campos de sentido afetivo-emocional, o campo psicológico 
não-consciente (Aiello-Vaisberg, 2003). 
Especificamente durante a experiência do câncer de mama, existem repercussões tanto 
para a pessoa acometida, o que envolve expressões do luto antecipatório relacionado com o 
medo da morte (Brunet et al., 2013; Hottensen, 2010) quanto para as demais pessoas que 
circundam a mulher acometida, sejam familiares ou não, em decorrência das profundas 
mudanças na rotina da vida diária, nos relacionamentos afetivos, no comportamento social e na 
dinâmica financeira (Aquino, Conti, & Pedrosa, 2014). A mulher com câncer de mama 
necessita do suporte social e da família no enfrentamento da doença (M.A. Santos & Souza, 
2019). No entanto, o adoecimento também gera repercussões emocionais que atingem 
profundamente os familiares diretamente envolvidos no cuidado (filhos adultos e parceiros 
íntimos) de mulheres com câncer de mama podendo, inclusive, desenvolver morbidades 
psicológicas como depressão, ansiedade e luto antecipatório complicado (Areia, Fonseca, 
Major, & Relvas, 2019). Embora em muitos casos tais familiares cuidadores sejam a principal 
fonte de apoio para a mulher acometida, muitas vezes acompanham o curso do tratamento sem 
suporte e acolhimento para sua própria dor e sem preparação para eventos futuros que poderão 
envolver o luto. Estudos demonstraram a vivência dolorosa do familiar e a importância do 
acolhimento notadamente para o cônjuge, para oferecer recursos para que eles possam lidar 
com a reorganização da crise familiar desencadeada pelo adoecimento, com sentimentos de 
tristeza e de luto antecipatório e com alguma preparação para o luto (Ambrósio & Santos, 2011; 
Neto & Lisboa, 2017;Nielsen, Neergaard, Jensen, Bro, & Guldin, 2016; B.C.A. Silva, Santos, 
& Oliveira-Cardoso, 2019). 
Os parceiros íntimos representam uma importante fonte de suporte social para a mulher 
(Blanco-Sánchez, 2010a, 2010b; Chuang, Hsu, Yin, & Shu, 2018; Langellier & Sullivan, 1998; 
Madeira, Almeida, & Jesus, 2007; Patel et al., 2014); porém os relacionamentos são impactados 
negativamente por questões relacionadas às incertezas do tratamento, questões financeiras e 
sexualidade (Kirchhoff, Yi, Wright, Warner, & Smitht, 2012; D.B. Santos, Ford, et al., 2014; 
D.B. Santos, Santos, et al., 2014); embora existam relatos de que a vivência da sexualidade e 
conjugalidade possam ser melhoradas após o câncer de mama, se houver uma aceitação do 
parceiro íntimo (Buki et al., 2016; Klaeson et al., 2011; Madeira et al., 2007; D.B. Santos, 
Santos, et al., 2017). Estudo realizado com os companheiros de mulheres que estavam em 
 Introdução 28 
tratamento para o câncer de mama, especialmente após a mastectomia, mostrou as repercussões 
do tratamento na intimidade conjugal, notadamente quanto às dificuldades do restabelecimento 
do toque físico no seio acometido e quanto às dificuldades de manutenção da prática de relações 
sexuais (Yoshimochi, Santos, Loyola, Magalhães, & Panobianco, 2018). Pessoas acometidas 
por variados tipos de câncer e seus respectivos parceiros íntimos participaram de um estudo 
qualitativo e relataram que ressignificaram a conjugalidade com o aumento da intimidade, da 
proximidade física e, inclusive, uma mudança positiva na relação conjugal após o adoecimento, 
apesar de também relatarem uma redução das práticas sexuais (Picheti et al., 2014). 
As repercussões de caráter relacionais do câncer existem também diante do câncer 
infanto-juvenil, impactando irmãos de pessoas acometidas, como demonstrou um estudo de 
abordagem psicanalítica winnicottiana (Miceli & Zornig, 2012). A maternidade no contexto do 
adoecimento por câncer de mama suscita estados ambivalentes de alegria pela vida dos filhos 
e de angústias, com a própria morte em potencial e a consequente orfandade dos filhos, de 
forma que a prole também é afetada pelos efeitos adversos do adoecimento (Castro, Dornel, & 
Sousa, 2018). Pesquisa sobre o imaginário de mulheres de variadas idades sobre a maternidade 
sugere a existência das expectativas da aceitação incondicional materna dos filhos e da 
existência de um pai forte e protetor (Granato & Aiello-Vaisberg, 2016). Estudo de revisão 
sobre a experiência da maternidade impactada por diversas doenças crônicas mapeou a 
literatura existente entre 1980 e 2009, selecionando condições como HIV/Aids, câncer e 
psicopatologias. Especificamente quanto ao câncer de mama, o estudo mostrou que as 
participantes com idade até 50 anos e com filhos de até 23 anos sentiam angústia e culpa devido 
aos impedimentos na prestação de cuidados aos filhos e à separação física imposta pela 
necessidade de hospitalização (Vallido, Wilkes, Carter, & Jackson, 2010). 
Especificamente quanto à alopecia induzida pela quimioterapia, as mulheres sentem-se 
constrangidas socialmente e apresentam tendência ao isolamento social (Cebeci et al., 2012). 
Esses fatores relacionais mostram que o fenômeno do adoecimento também está relacionado a 
acontecimentos entre as pessoas, a partir da relação entre as pessoas, por isso os aspectos 
relacionais foram considerados cruciais no presente estudo. 
Nesta presente pesquisa do imaginário coletivo foram considerados como aspectos 
situacionais a questão do adoecimento e do tratamento para o câncer de mama nos anos da 
meia-idade. São aspectos referentes à situação ou ao momento da vida na qual o fenômeno foi 
experienciado (Bleger, 1983/1989), a partir dos quais se organizam campos de sentido afetivo-
emocional em resposta aos eventos desafiadores (Aiello-Vaisberg, 2003). 
Também constitui um aspecto situacional a questão da disponibilidade no sistema de 
 Introdução 29 
saúde de tratamento e de uma equipe de profissionais treinados para o cuidado, seja aplicando 
os protocolos definidos pela ciência biomédica, seja oferecendo uma escuta qualificada para 
acolher as angústias existenciais demandadas pelas inúmeras e sucessivas decisões e ações que 
envolvem o curso do tratamento (Barros, Araújo, Murta-Nascimento, & Dias, 2019). 
Considerando que o câncer de mama é um evento crítico que inesperadamente atravessa a linha 
do existir da mulher de meia-idade, confrontando-a como uma condição ameaçadora à 
continuidade da vida, a presença da/o profissional psicóloga/o é fundamental na equipe 
interdisciplinar de cuidado, ao lado de médica(o)s, enfermeira(o)s, fisioterapeutas, terapeutas 
ocupacionais, assistentes sociais e nutricionistas. Sua atuação deve acompanhar todas as fases 
do tratamento, acolhendo o turbilhão de emoções intensas que permeia a trajetória pessoal, 
buscando favorecer a qualidade de vida da mulher com câncer de mama, sendo recomendado 
que o atendimento psicológico seja iniciado tão logo haja a confirmação diagnóstica, podendo 
ser na modalidade individual ou em grupo (Ministério da Saúde, 2004, 2020; M.A. Santos, 
Prado, Panobianco, & Almeida, 2017; M.A. Santos & Souza, 2019). 
No que concerne aos aspectos situacionais, importanta considerar o tratamento 
disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Denomina-se SUS o complexo conjunto 
de ações e serviços em saúde, prestado como um dever constitucional pelo Estado a todas as 
pessoas no território brasileiro. Instituído e regulamentado em 1990 pela Lei No. 8.080, de 19 
de setembro de 1990, beneficiando-se dos ventos progressistas advindos do processo de 
redemocratização que se seguiu ao fim da ditadura cívico-militar que perdurou por 21 anos, o 
SUS é uma das maiores e mais bem-sucedidadas políticas de saúde pública do mundo. O SUS 
é considerado um marco na política social nacional e, internacionalmente, é visto como um dos 
maiores sistemas de saúde pública do mundo atual (Paim, 2018). 
É relevante mencionar que a assistência à saúde, no que diz respeito ao câncer, adota 
diretrizes elaboradas a partir de uma política nacional especificamente voltada à atenção e 
cuidado oncológico que, no Brasil é operacionalizada pelo SUS, instituída pela Portaria No. 
874 (Ministério da Saúde, 2013a). Essa política representa um importante avanço, mesmo 
diante das dificuldades e barreiras encontradas na sua implementação e as considerações acerca 
de sua gestão, como o sucateamento decorrente do subfinanciamento crônico. 
É importante notar que nem sempre foi assim, mesmo no Brasil, visto que, 
anteriormente à chamada Constituição Cidadã (Constituição da República Federativa do Brasil, 
1988), a saúde não era compreendida como um direito de todos e o Estado não reservava para 
si a responsabilidade nem o dever de oferecer a atenção em saúde, independentemente de 
contrapartida financeira. Assim, somente poderiam usufruir da assistência à saúde fornecida 
 Introdução 30 
pelo Estado aqueles que contribuíam para a previdência social. Foi somente a partir do 
complexo processo político de redemocratização ocorrido no Brasil nos idos da década de 1980, 
que culminou com a proclamação da atual Constituição Federal (Constituição da República 
Federativa do Brasil, 1988), que a saúde foi reconhecida como um direito universal, sendo o 
acesso facultado a todos de maneira indistinta e gratuita. A partir daquele momento, o Estado 
brasileiro tornou-se, obrigatoriamente, devedor do planejamento e execução de ações de 
políticas públicas que transformassem a assistência à saúde em uma prestação estatal, universal 
e gratuita (Paim, 2013). São exemplos de leis que visam a aumentar o acesso à saúde: a Lei No. 
11.664 (2008), que determina que a partir dos 40 anos a mamografia para rastreamento do 
câncer de mama seja realizada pelo SUS; a Lei No. 12.732 (2012), que prevê o prazo de 60 dias 
para que pacientes diagnosticadoscom câncer iniciem o tratamento, tendo sido alterada pela 
Lei No. 13.896 (2019) para prever o prazo de até 30 dias para realização de exames diagnósticos 
e, por fim, a Lei No. 13.770 (2018) que, em conjunto com a Lei No. 9.797 (1999) e com a Lei 
No. 12.802 (2013), visam garantir à mulher o direito de realizar a reconstrução mamária no 
mesmo ato cirúrgico da mastectomia ou em outro momento posterior. 
Em outros países do mundo, a saúde não alcançou esse status de direito individual e 
dever do Estado. Até mesmo em países economicamente desenvolvidos, como os Estados 
Unidos, a saúde tem uma conotação de produto de consumo resultante da escolha do indivíduo 
inserido em uma economia de mercado, ou seja, tem acesso aqueles que dispõem de condições 
financeiras e podem contratar um seguro na área da saúde (Campos, 2007). Na literatura, o 
impacto dessa política de mercantilização da saúde é facilmente verificado, pois em países onde 
não existe um sistema de saúde público e gratuito as mulheres encontram dificuldades 
marcantes de acesso ao tratamento e também não encontram apoio necessário para lidarem com 
as repercussões das terapêuticas invasivas utilizadas contra o câncer de mama em razão da 
impossibilidade de se beneficiarem do sistema elitista de saúde. Em países pobres do Oriente, 
como o Paquistão, mulheres com câncer de mama consideraram a cirurgia reparadora como um 
luxo inacessível para a maioria da população (Jetha et al., 2017). 
Aspectos situacionais também precisam ser relacionados com a questão do alto custo 
financeiro do tratamento para o câncer de mama (medicamentos, realização de exames e 
despesas hospitalares de elevado custo). Para se ter um referencial em termos de valores, um 
estudo quantitativo brasileiro buscou identificar o custo direto do tratamento quimioterápico de 
mulheres com câncer de mama. Foi verificado que o custo médio por sessão de quimioterapia 
corresponde a R$ 1.783,01. Deste valor total, R$ 1.671,66 (93,75%) correspondem ao custo 
dos fármacos, R$ 74,98 (4,21%) correspondem ao custo dos materiais, R$ 28,49 (1,60%) 
 Introdução 31 
correspondem ao custo da mão de obra e R$ 7,88 (0,44%) correspondem ao custo de soluções 
(Nobrega & Lima, 2014). No ano de 2014, o valor de referência para o salário mínimo nacional 
vigente era de R$ 724,00. Se considerarmos que o rendimento médio mensal dos trabalhadores 
brasileiros foi de R$ 2.381,00 naquele ano de 2014, atualizado para R$ 2.554,00 no ano de 
2020, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE] (2020), e se 
considerarmos a desigualdade de renda e as condições socioeconômicas da população brasileira 
(Arrais, 2019), é possível concluir que o custeio do tratamento quimioterápico particular por 
pessoas com rendimentos médios torna-se inviável. Assim, o fato de haver uma política pública 
que torna o tratamento para o câncer de mama integralmente custeado pelo governo e não 
oferecido exclusivamente pelo sistema privado de saúde, de forma particular, pode gerar 
repercussões no imaginário coletivo das mulheres acometidas. Foi uma opção neste estudo 
abordar o imaginário coletivo de mulheres que realizaram o tratamento conveniado ao sistema 
público de saúde. 
Ainda relacionado aos aspectos situacionais, a questão do tempo emerge como 
importante elemento no contexto do câncer de mama. Toda prorrogação, todo lapso de tempo 
importa, pois o câncer demanda medidas que não podem esperar em termos de diagnóstico e 
tratamento, sob pena de comprometer a própria vida e as chances de sobrevivência, dado o seu 
potencial fatal. Estudos indicam que a precocidade na detecção e diagnóstico do câncer de 
mama estariam associados a melhores prognósticos e qualidade de vida no caso de sobrevida. 
A demora na detecção estaria associada a maiores riscos de progressão do câncer e de 
ocorrência de metástases (C.B. Souza et al., 2015; Trufelli et al., 2008; Unger-Saldaña & 
Infante-Castañeda, 2009). Existe, portanto, um decurso natural de tempo quando se aborda o 
adoecimento e tratamento para o câncer. 
Estudo quantitativo brasileiro traçou os vários itinerários terapêuticos percorridos por 
mulheres com câncer de mama com idades entre 50 e 69 anos no Distrito Federal. Os resultados 
apontaram que mulheres em situação de vulnerabilidade social demoram mais tempo para 
percorrer esses itinerários. A pesquisa também identificou que o intervalo de tempo entre a 
primeira consulta e o início do tratamento foi, em média, 211 dias, o que representa um longo 
período, se levarmos em conta impactos desse tempo no prognóstico e as ressonâncias 
emocionais dessa postergação (Barros et al., 2019). Desse modo, o fator tempo integrou o olhar 
lançado ao fenômeno investigado, pois o adoecimento pelo câncer de mama foi compreendido 
como um fenômeno processual que engloba os momentos anteriores ao diagnóstico 
(manifestação ou não dos sintomas), o momento do diagnóstico, o momento de realização de 
etapas de tratamento e o momento pós-tratamento (Rossi & Santos, 2003). 
 Introdução 32 
Adoto um posicionamento compreensivista, com ênfase nas relações humanas (Salles 
& Tardivo, 2017) para desenvolver uma pesquisa qualitativa. A perspectiva compreensivista 
busca acessar o fenômeno por meio do entendimento do modo de ser e de vivenciar da própria 
pessoa (Loparic, 2001, 2006, 2008). Busco conhecer o imaginário coletivo diante de mulheres 
coletivamente consideradas (Aiello-Vaisberg, 2003) que são pessoas que vivem seus corpos 
encarnados e generificados de mulheres concretas, personificadas, mulheres de meia-idade com 
câncer de mama ao longo do tratamento quimioterápico, compreendidas em sua própria 
dramaticidade (Bleger, 1983/1989), sob a abordagem psicanalítica winnicottiana. 
 
 
 Considerações finais 33 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente estudo contribuiu de maneira pontual com um olhar reflexivo sobre o 
fenômeno do imaginário coletivo das mulheres de meia-idade com câncer de mama sob 
tratamento quimioterápico, valorizando as suas próprias experiências afetivas e emocionais que 
geraram repercussões para a pessoalidade coletiva configurada nessas participantes. Acredito 
que o olhar sobre a experiência vivida pode auxiliar na compreensão de algumas necessidades 
específicas dessa pessoalidade coletiva que realiza o tratamento quimioterápico para o câncer 
de mama na meia-idade. 
Espero que os resultados deste estudo possam mobilizar reflexões sobre a experiência 
abordada, sensibilizando os profissionais de saúde para a necessidade de ofertar um espaço de 
escuta e acolhimento às demandas afetivas e emocionais não somente da mulher acometida, 
como também daqueles que a circundam. Acima de tudo, tenho a expectativa de que este estudo 
possibilite refletir sobre o sofrimento das mulheres acometidas durante o tratamento para o 
câncer de mama, para que sejam acolhidas com respeito e com dignidade nesse momento tão 
singular e transfomador de suas vidas. 
 Encerro essas reflexões retomando o poema de Cora Coralina apresentado na 
Introdução, como uma homenagem e agradecimento às mulheres participantes deste estudo, 
que tanto colaboraram com o avanço do conhecimento quanto contribuíram para minha 
formação acadêmica, deixando um legado ímpar no meu itinerário de desenvolvimento pessoal 
e profissional. Como mulher, também me sinto pertencente a essa pessoalidade coletiva, o que 
torna ainda mais especial a experiência de poder acompanhar parte da trajetória de vida das 
participantes deste estudo. 
 
Eu sou aquela mulher 
a quem o tempo 
muito ensinou. 
Ensinou a amar a vida. 
Não desistir da luta. 
Recomeçar na derrota. 
Renunciar a palavras e pensamentos negativos. 
Acreditar nos valores humanos. 
Ser otimista. 
 
Creio numa força imanente 
que vai ligando a família humana 
numa corrente luminosa 
de fraternidade universal. 
Creio na solidariedade humana. 
 Consideraçõesfinais 34 
Creio na superação dos erros 
e angústias do presente. 
 
Acredito nos moços. 
Exalto sua confiança, 
generosidade e idealismo. 
Creio nos milagres da ciência 
e na descoberta de uma profilaxia 
futura dos erros e violências do presente. 
 
Aprendi que mais vale lutar 
Do que recolher dinheiro fácil. 
Antes acreditar do que duvidar. 
Cora Coralina, Ofertas de Aninha (Aos moços), 1984/1997.2
 
 
2 Coralina, C. (1997). Ofertas de Aninha (Aos moços). In Vintém de cobre: Meias confissões de Aninha (6a ed., 
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