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CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE AULA 1 Prof.ª Cristiane Lourencetti Burmester 2 INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE O mundo vive uma crise ambiental que tem como principais componentes a população, os recursos naturais e a poluição. O crescimento da população mundial vem ocorrendo de forma exponencial e, consequentemente, o aumento da exploração e do consumo de recursos naturais acontece na mesma proporção. Como resultado disso, crescem também a geração de resíduos e a poluição ambiental. O problema dessa dinâmica de crescimento e consumo é o fato de o planeta Terra possuir recursos naturais finitos, bem como capacidade limitada para assimilar resíduos e, dentro dessa perspectiva, cabe questionar: até quando os recursos naturais serão suficientes para sustentar a população da Terra? Qual é a capacidade de suporte do planeta? O nível de qualidade de vida no planeta depende do equilíbrio entre os três elementos: população, recursos naturais e poluição, então como atingir tal equilíbrio? Qual é o papel do engenheiro para o sucesso deste grande desafio? CONVERSA INICIAL Para começarmos a entender o universo relacionado à sustentabilidade e facilitar o entendimento sobre o assunto, a aula foi dividida em cinco tópicos: 1. A crise ambiental 2. O crescimento populacional 3. Os recursos naturais 4. A poluição 5. A engenharia e o desenvolvimento sustentável TEMA 1 – A CRISE AMBIENTAL A realidade revela que os impactos ambientais, antes menos alarmantes por serem pontuais e locais, podem tornar insuportável a vida no planeta. Por exemplo, questões como as mudanças climáticas estão sobressaindo, apesar de não ter consenso entre os cientistas sobre suas causas. Fato é que a realidade é a prova viva de que estamos colhendo os frutos de todas as ações humanas aliadas à tecnologia e às reações do próprio ambiente mediante a tantos fatores externos. 3 Figura 1 – Crise ambiental Crédito: IC Designer/Shutterstock; Giuseppe_R/Shutterstock. Existe uma situação ambiental deste século agravada desde a Revolução Industrial, quando foi intensificada a exploração dos recursos naturais do planeta, dos solos e das águas, com reflexos para o ar e literalmente para todos os lados ̶ a poluição e tudo o mais envolvido. A poluição maciça pelas indústrias e a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia resultaram na crise ambiental e seus fatores envolvidos. Agora, resta uma desaceleração no processo da produção em si para dar espaço ao ambiente mais sustentável e equilibrado. É preciso ações que reciclem a tempo e que não destruam o que ainda resta da natureza sem a interferência humana somente objetivando o capital, além de máquinas com foco exclusivamente na produtividade. Alguns autores e estudiosos questionam a crise e a maneira como ela é taxada, pois, para a evolução, precisa-se de experimentação, que, segundo alguns especialistas, os recursos são usados como experiências e não para a devastação e a extinção. Outros, porém, acreditam no fenômeno da Economia aliado ao modelo de desenvolvimento em que se criam recursos para satisfazer às necessidades humanas e às criações da modernidade. No entanto, um detalhe que faz toda a diferença é que os recursos naturais não são infinitos como muitos podem pensar, pois a matéria-prima precisa existir e não ser devorada apenas para testes e sem vínculos para o futuro. Nada se cria, tudo se copia e que se recicle sempre que possível. Por isso, destaca-se que os recursos naturais são finitos, ou seja, existe uma capacidade limitada para assimilar os resíduos produzidos pelas atividades 4 humanas. Os rios e oceanos, assim como a atmosfera, não são suficientemente autorreconstrutivos para absorver e diluir toda a carga de poluentes. Agora, na era de modernidade das inovações e invenções, buscam-se outros modelos de gestão que passem a priorizar a produção sem a agressão ambiental. Como? Existe fórmula secreta? Até o fim do século XX, as decisões governamentais eram embasadas no desenvolvimento econômico acelerado e, como consequências, houve o aumento da desigualdade social, a contaminação do solo, das águas, do ar, a proliferação de vetores de doenças e, assim, a geração de uma crise ambiental com ou sem precedentes em várias localidades. No Brasil, Cubatão, localizada em São Paulo, é uma das cidades mais poluídas do país. Hoje, então, sinaliza-se uma gestão ambiental com novos paradigmas, tendo consciência de que as reservas naturais não são renováveis e são escassas, ou seja, podem se esgotar. Explorar visando apenas ao lucro pode gerar o maior prejuízo: colocar em risco a vida humana! É necessário focar na gestão ambiental para melhorar a qualidade de vida que também depende do meio ambiente para sobreviver. A verdade seja dita: a atmosfera é única, as águas se interligam (ciclo hidrológico), os ventos e os climas são planetários, ou seja, a crise ambiental é mundial e interfere entre os países, não é um problema isolado tipo um surto de uma doença. Por isso, há a necessidade de se criar maneiras de proteger o ambiente de forma planetária e que não dependa de interesses locais e governamentais. O planeta é nosso! Enfim, desde que o homem aprendeu a dominar o fogo, o meio ambiente vem sofrendo as consequências e experiências das novas descobertas, afinal da mesma maneira que o fogo foi usado para aquecer, para cozinhar, também vieram as queimadas. Impactos acirrados pelo processo da industrialização e, apenas a partir de 1990, com a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, pela ONU (Rio 92), é que foram elaboradas estratégias para atingir a sustentabilidade. Esse também foi o ano em que ocorreu a edição da série de normas ISO 14000. Da teoria à prática, tem-se como principais componentes da crise ambiental o triângulo formado por população, recursos naturais e poluição e o nível de qualidade de vida no planeta depende do equilíbrio entre esses três elementos. Portanto, a população é carente dos recursos naturais e os utiliza; a 5 população também produz a poluição, sendo que esta atinge abruptamente os recursos naturais. Figura 2 - Principais componentes da crise ambiental Crédito: Julia Tim/Shutterstock; GST/Shutterstock; Macrovector/Shutterstock. Assim, para um desenvolvimento sustentável, a definição que surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, pelas Nações Unidas, é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações é o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro e a proposta é harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental (WWF Brazil, [S.d], on-line) Você sabia que existe a Comissão Lancet de Poluição e Saúde, cujo objetivo é aumentar a consciência global acerca da poluição química, superar a negligência com as doenças relacionadas à poluição e mobilizar os recursos e a vontade política necessários para enfrentar, efetivamente, os desafios existentes? Analisando os contratempos ambientais que colocam em risco a vida e a sua qualidade, a análise feita pela UNEP (United Nations Environment Programme – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) destaca 12 adversidades, relacionando meio ambiente, desenvolvimento e ações da sociedade. São eles: 1. Crescimento demográfico rápido, aliado ao desenvolvimento tecnológico; 2. Urbanização acelerada; 3. Desmatamento das florestas; 4. Poluição marinha acentuada pelas descargas de esgotos domésticos e industriais; 6 5. Poluição do ar e do solo – industrialização como principal fator; 6. Poluição e eutrofização de águas interiores; 7. Perda da diversidade genética;8. Efeitos de grandes obras civis; 9. Alteração global do clima; 10. Aumento progressivo das necessidades energéticas e suas sequelas ambientais; 11. Produção de alimentos e agricultura; 12. Falta de saneamento básico. TEMA 2 – O CRESCIMENTO POPULACIONAL A população é crescente e os recursos naturais não aumentam proporcionalmente para suprir a demanda populacional. Segundo dados de 2019 das Nações Unidas, a população mundial deve aumentar em dois bilhões de pessoas nos próximos 30 anos – de 7,7 bilhões de habitantes no planeta, em 2050, deve passar para 9,7 bilhões. É possível conferir um panorama global de padrões e perspectivas demográficas na publicação da ONU ̶ Perspectivas Mundiais de População 2019. Este estudo também mostra que a população mundial poderia alcançar o seu pico por volta do final do atual século, chegando a quase 11 bilhões de pessoas em 2100. Aqui, devido ao “boom populacional”, é preciso voltar à época do êxodo rural e da chamada Revolução Verde, em que a saída das pessoas do campo para as cidades resultou na criação de diversos centros urbanos sem planejamento de uso e ocupação do solo, ou qualquer outra variante ambiental, além de aumentar a população das cidades já existentes (de 1960 a 1970) e, a partir de 1980, o Brasil se tornou um país urbanizado, em que vários problemas socioambientais apontaram, ocasionando doenças e epidemias, principalmente pela falta de saneamento básico para acompanhar esse aceleramento. A crise ambiental está ligada ao crescimento populacional e, consequentemente, ao crescimento urbano ̶ fenômeno da metropolização (ou seja, ocupação urbana ultrapassa os limites das cidades). Alguns fatores que contribuem para a crise ambiental e são decorrentes desse crescimento são: a impermeabilização do solo, a geração de resíduos, a elevada demanda de recursos naturais, a ocupação de áreas de risco, a poluição, etc. 7 Esse crescimento populacional, já em 2012, foi apontado por cientistas durante a conferência Planeta sob Pressão, em Londres, como um grande responsável indireto pelo aquecimento global, esgotamento de recursos, pela poluição e perda de biodiversidade. Já o Brasil deixa de ser a quinta nação mais populosa do mundo, perdendo o posto para o Paquistão. Segundo informações do site Terra, foi a primeira vez que o Brasil caiu no ranking dos países mais populosos desde a Segunda Guerra e primeira vez que o Brasil perde posição desde a Segunda Guerra1. Pelo ritmo atual, a população deve começar a diminuir a partir de 2045 e, ainda, com informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015, são 84,72% da população vivendo em áreas urbanas e 15,28% em áreas rurais. O contraponto de destaque acontece ao comparar que no Sudeste, 93,14% da população vive em áreas urbanas, enquanto 26,88% da população rural está no Nordeste. Gráfico 1 – Porcentagem da população que vive em área urbana por região (2015) Fonte: IBGE/PNAD 2015. 1 Para saber mais, acesse: <https://www.terra.com.br/noticias/brasil/brasil-deixa-de-ser-a-5- nacao-mais-populosa-do-mundo,2c26f2f2e9aa008091708d8c88f62644f0j6sm2l.html>. Acesso em: 6 jan. 2020. 8 Porém, nem tudo que se relaciona aos danos ambientais são associados exclusivamente ao crescimento populacional, pois é uma somatória de fatores envolvida. Cabe aqui não a matemática exata como disciplina, e sim problemas de raciocínio lógico como o gráfico abaixo mostra, que, nos últimos 250 anos, a população mundial cresceu 9,2 vezes, a economia aumentou 134 vezes e a renda per capita subiu 14,6 vezes. A realidade aponta, sim, uma desigualdade social no contraponto do aumento do padrão de vida da população mundial. Gráfico 2 – Crescimento da economia da população e da renda per capita mundial: 1768-2018 Fonte: <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/588841-a-dinamica-demografica-importa-no- crescimento-economico-e-na-degradacao-ambiental>. Acesso em: 6 jan. 2020. Assim, a população mundial continua a crescer, porém, mais lentamente do que no passado recente. Há dez anos, a população mundial estava crescendo a uma taxa de 1,24% por ano. Atualmente, a taxa de crescimento é de 1,18% por ano, o que corresponde a um adicional de aproximadamente 83 milhões de pessoas anualmente. A previsão para a população mundial é o aumento de mais de 1 bilhão de pessoas nos próximos 15 anos, chegando aos 8,5 bilhões em 2030, aos 9,7 bilhões em 2050 e aos 11,2 bilhões em 2100. TEMA 3 – OS RECURSOS NATURAIS O fator população demasiada interfere na crise ambiental, mas, principalmente, ao falar do consumo dos recursos naturais que deveria ser de forma sustentável. Como isso não acontece, recursos naturais básicos como a água e os alimentos, por exemplo, já não são tão abundantes como antigamente. 9 Diz-se que a água valerá mais do que ouro e petróleo no futuro e, em muitos países, o custo da água mineral é alto. De um recurso natural virou um artigo de luxo em muitas localidades. Por definição básica, o recurso natural é qualquer elemento ou aspecto da natureza que esteja em demanda, seja passível de uso ou esteja sendo usado pelo homem, direta ou indiretamente, como forma de satisfação de suas necessidades físicas e culturais em determinado tempo e espaço. A classificação do recurso em função da demanda na natureza pode ser renovável e não renovável. Os recursos renováveis são aqueles que naturalmente podem ser regenerados após o uso, como: a água, o ar, a energia solar, a energia eólica, a madeira, as plantas produtoras de fibra, os vegetais e os animais usados na alimentação e confecção de agasalhos. Já os recursos não renováveis são aqueles que não podem ser naturalmente regenerados após o uso ou são regenerados em tempos geológicos muito extensos, como: o calcário, a argila, a areia, o petróleo e o carvão mineral. De não renováveis, os recursos são subdivididos em minerais não energéticos (ferro, fósforo, cálcio) e minerais energéticos (combustíveis fósseis). Os minerais energéticos são efetivamente não renováveis, entretanto, os minerais não energéticos podem se renovar somente após um período de tempo em que não serão importantes para a humanidade. Figura 3 – Energia renovável versus energia não renovável Crédito: Vecton/Shutterstock 10 Para melhor entendimento da Figura 3, o Quadro 1 mostra a tradução dos textos da imagem Quadro 1 - Tradução fontes de energia Inglês Português Renewable Energy Energia Renovável Non-Renewable Energy Energia não-renovável Energy Energia Biomass Energy Energia da biomassa Hydropower Energy Energia hidrelétrica Wind Energy Energia eólica Solar Energy Energia solar Geothermal energy Energia geotérmica Fossil Fuel Oil Combustível fóssil Natural Gas Gás natural Coal Carvão Nuclear Nuclear Vale ressaltar que um recurso natural renovável pode passar a ser não renovável quando explorado de forma incorreta ou quando o ambiente modificado não fornece condições para sua renovação, isto é, quando a taxa de utilização supera a máxima capacidade de sustentação do sistema. É assim que muitas espécies da fauna brasileira se encontram ameaçadas e, outras, em extinção, atrelada à caça predatória associada com a transformação no ambiente. A água, que já se tornou artigo de luxo em várias regiões, é mais um exemplo de recurso que pode deixar de ser renovável pelo manejo incorreto. A água, inclusive, é recurso hídrico protegido pelo Código das Águas, cuja primeira versão é datada de 1907, quando foi apresentado ao Governo Federal, porém, apenas em 1934 foi promulgado como lei. Interessante é que a demora se deu pela ideia de que nunca faltaria água no Brasil, exceto no Nordeste em decorrência da seca. O cenário mudou com o desenvolvimento econômico, especialmente agrícola e o aproveitamento energético das bacias hidrográficas.Com a modernidade e os avanços tecnológicos, a utilização dos recursos é colocada em jogo, pois a exploração de muitos recursos gera fonte de renda e riqueza, que também movimenta a economia local e assim por diante. Aqui, da 11 maneira como ocorre o manejo, pode gerar frutos ou colher somente danos ambientes. O que ocorreu nas últimas décadas é que o meio ambiente não foi levado em conta e elementos extremamente tóxicos foram utilizados como recursos naturais. Em 2013, no Dia da Sobrecarga da Terra ̶ calculado desde 1969 pela organização internacional sem fins lucrativos Global Footprint Network (GFN) - para sustentar o atual padrão médio de consumo da humanidade, a Terra precisaria de ter 50% a mais de recursos. Já em 2018, no início de agosto, apontava-se ser preciso ter 1,7 planeta, ou seja, um planeta inteiro e mais 70% dele, para atender às nossas necessidades e, com isso, ficamos no vermelho em relação aos recursos naturais. O impacto, os rastros ou as consequências deixados pelas atividades humanas no meio ambiente são chamados de Pegada Ecológica, que possui uma calculadora2. Confira, participe e veja como ajudar. Quanto maior a pegada ecológica de uma atividade, maiores serão os danos causados ao meio ambiente. A Pegada Ecológica brasileira é de 2,9 hectares globais por pessoa, segundo o Relatório Planeta Vivo, da rede WWF. Figura 4 - Pegada ecológica Crédito: C11design/Shutterstock. 2 Para saber mais, acesse: <http://www.pegadaecologica.org.br/2015/index.php>. Acesso em: 26 dez. 2019. https://www.shutterstock.com/pt/g/C11design 12 É preciso um pensar coletivo com ações responsáveis. Mais do que nunca, a reflexão sobre a nossa vida em sociedade se coloca como eixo central da nossa existência. TEMA 4 – A POLUIÇÃO Para abordar o tema poluição, primeiramente é preciso saber que existe a Lei nº 6.938/1981, além de ser imprescindível mencionar os padrões de qualidade do ar (PQAr), estabelecidos pela Resolução Conama n. 491/2018, que revogou a Conama nº 3/1990. Pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os padrões variam segundo a abordagem adotada para balancear riscos à saúde, viabilidade técnica, considerações econômicas e vários outros fatores políticos e sociais, que, por sua vez, dependem do nível de desenvolvimento e da capacidade nacional de gerenciar a qualidade do ar. Por definição, a poluição é qualquer modificação indesejável nas características físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, ou seja, a degradação da qualidade do ambiente, que cause ou possa causar prejuízos aos seres humanos e ao próprio meio ambiente. Este conceito auxilia na classificação do grau de qualidade do ambiente ou de um recurso natural, tendo em vista a possibilidade de se avaliar a composição e as características do meio ambiente. Figura 5 – Composição e característica do meio ambiente Crédito: kwest/Shutterstock. Na prática, são as diversas intervenções humanas que, associadas às alterações indesejáveis, intensificam a poluição ambiental, que resulta do excesso de liberação de poluentes, matérias ou energia. E como tipos de 13 poluição estão a da água, do ar (atmosférica), do solo e a sonora. Alguns fenômenos naturais também são fontes poluidoras e que independem da intervenção humana. A poluição da água é a contaminação dos recursos hídricos pela liberação de compostos físicos, químicos e biológicos prejudiciais a todos. Estudiosos destacam como causas alguns tópicos: o lançamento de esgoto em ambientes aquáticos, o despejo de lixo no mar, nos rios ou lagos, vazamento de petróleo decorrente de acidentes marítimos e a poluição dos lençóis freáticos com os pesticidas, levados pela chuva. A poluição atmosférica resulta do lançamento de grandes quantidades de gases ou de partículas líquidas e sólidas na atmosfera. Pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é razoável 20 microgramas de poluentes por metro cúbico. Para exemplificar, São Paulo já ultrapassa esse número e, em média, é 38 microgramas por metro cúbico. Como causas, apresentam-se os seguintes fatores: excesso de liberação de ácido nítrico, dióxido de carbono e monóxido de carbono, dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio, muitas vezes em decorrência da atividade das indústrias, dos veículos e da incineração de lixo, além do desmatamento, das queimadas e de outras sobrecargas industriais e humanas ao ambiente. A poluição do solo acontece quando ocorrem alterações da sua composição (ar, água, matéria orgânica e minerais). A sua degradação identifica- se como componente de risco para a manutenção da vida no planeta, influenciando diretamente o meio ambiente, as áreas da economia e o armazenamento de reservatórios de água, por exemplo. A poluição sonora acontece quando a intensidade do som ultrapassa o limite dos ouvidos, que, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o limite ao ouvido humano é de 65 dB. O aumento exagerado dos ruídos de qualquer natureza nos ambientes pode provocar uma poluição sonora prejudicial à saúde humana e de outros animais. Os efeitos globais, tais como o efeito estufa e a redução da camada de ozônio, também são responsáveis por consequências graves ao planeta. Por isso, faz-se urgente que estes efeitos sejam amplamente estudados para que se possa adquirir mais conhecimento sobre eles e para que possam ser controlados. São fenômenos naturais importantes para a manutenção da vida na Terra. Cientistas apontam que a diminuição da camada de ozônio e o aumento 14 do efeito estufa são grandes responsáveis pelo aquecimento global, cujos efeitos são devastadores. Dados do Ministério da Saúde, pelo estudo Saúde Brasil 2018, apontam que as mortes decorrentes da poluição do ar aumentaram 14% em 10 anos. As mortes são classificadas na categoria “Crônicas não Transmissíveis (DCNT)", com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). O maior percentual da incidência relaciona-se aos grandes centros urbanos e aos estados castigados pelas queimadas. Assim, os problemas causados pela poluição à saúde humana podem ser diretos ou indiretos. Os diretos são derivados da inalação de ar poluído, ocasionando o aumento de doenças respiratórias. Já os indiretos contemplam as doenças causadas pela ingestão de alimentos contaminados por poluentes presentes no solo ou na água. Quanto maior a população, maior o consumo de alimentos, energia, água, etc. e, consequentemente, maior a pressão sobre os ecossistemas e maior a degradação da biosfera, ou seja, maior a poluição ambiental. Cada um de nós, seres humanos, pode pensar em como minimizar os efeitos dos usos das fontes utilizadas para as nossas tarefas. A Figura 6 apresenta a lista dos dez maiores países poluidores. Figura 6 - Os 10 maiores países poluidores Fonte: <https://www.istoedinheiro.com.br/poluicao-injusta/>. Acesso em: 26 dez. 2019. 15 TEMA 5 – A ENGENHARIA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Com foco no desenvolvimento sustentável, as modalidades da Engenharia entram em ação neste planejamento de um planeta verde ecologicamente equilibrado. Como equacionar o crescimento da população, a era tecnológica e todos os recursos utilizados para uma redução dos impactos danosos ambientais? Agora, os engenheiros têm um novo desafio: o de utilizar as tecnologias disponíveis e desenvolver outras novas, visando à minimização dos impactos negativos ao meio ambiente. Figura 7 – Desenvolvimento sustentável Crédito: Palau/Shutterstock. 404739112 É preciso um equilíbrio que englobe as seguintes esferas: gestor ambiental, sociedade e fatores econômico, cultural e ambiental. Trata-se de uma visão integradora do homem com o meio ambiente, da produção em que se respeitam as limitações ambientais, da extração dos recursos baseada na compreensão de que eles são escassos, considerando-seque todas as atividades humanas, de uma forma ou de outra, alteram o tênue equilíbrio 16 ecológico e, aos poucos essa visão tem se tornado frequente nos mais diversos segmentos da sociedade. No desenvolvimento sustentável, as necessidades das gerações do presente são atendidas de forma que não comprometa o suprimento das necessidades das gerações futuras. E, segundo a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, para se alcançar o desenvolvimento sustentável, é necessário que o uso dos recursos naturais, os programas econômicos, o desenvolvimento tecnológico, o crescimento populacional e as estruturas institucionais estejam em harmonia, não pondo em risco a atmosfera, a água, o solo e os ecossistemas que mantêm a vida. Com base no Instituto de Engenharia, o grande desafio será a arte de desenvolver e implantar tecnologias, processos e projetos que promovam a melhoria da qualidade de vida no planeta, ao mesmo tempo que atendam às demandas da sociedade por bens, produtos diversos, energia, transporte, conforto, etc., sem exaurir a sua capacidade de reposição dos recursos naturais, com vistas à perpetuação da vida na Terra, em particular da nossa espécie. A engenharia participa do desenvolvimento em vários aspectos e, agora, precisa avançar ainda mais para não retroagir em tecnologia, porém, avançar em preservação ambiental e de seus recursos naturais. Um fator diferencial do modelo de desenvolvimento adotado para o que se espera para o futuro será a reciclagem e o reuso dos recursos, com o objetivo de evitar a escassez e, voltando, recurso como a água, o qual já é considerado raridade e artigo de luxo em algumas regiões. Na sociedade atual, os engenheiros têm um novo desafio: o de utilizar as tecnologias disponíveis e desenvolver outras novas, visando à minimização dos impactos negativos ao meio ambiente. É papel do engenheiro integrar em suas atividades os novos conceitos de desenvolvimento, avaliar os processos de maneira integrada, trabalhar de forma multidisciplinar e em equipe, bem como desenvolver o planejamento e a gestão ambiental. Um grande avanço já alcançado que para se executar uma obra de engenharia, é necessária a aprovação de órgãos governamentais normalizadores e financiadores. A ABNT ISO 14001 e sua certificação é uma garantia para que as organizações, independentemente do seu porte, desenvolvam práticas sustentáveis em seus negócios: produtos e serviços. 17 Algumas ações preventivas que a engenharia pode adotar: • Planejamento territorial considerando os aspectos ambientais; • Controle do desmatamento e impermeabilização do solo; • Proteção da drenagem natural das águas; • Controle da impermeabilização do solo; • Aperfeiçoamento dos processos industriais para reduzir ou eliminar a emissão de poluentes; • Tecnologia voltada para o uso de substâncias recicláveis; entre outras. FINALIZANDO Na nossa aula, aprendemos sobre a problemática da crise ambiental atual e a relação entre os três elementos-chave para a sustentabilidade do nosso meio ambiente e da vida humana na Terra, são eles: população, recursos naturais e poluição. Compreendemos também formas alternativas de desenvolvimento para se encontrar o equilíbrio entre estes três componentes e como a engenharia pode contribuir na solução deste problema. Após esta aula, o aluno será capaz de reconhecer e identificar problemas ambientais, suas causas e possíveis soluções para reduzir o seu impacto. 18 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Cidades sustentáveis. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/>. Acesso em: 29 dez. 2019. CRISE ambiental e os modelos de desenvolvimento econômico. Portal Educação. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/crise-ambiental- e-os-modelos-de/38697>. Acesso em: 29 dez. 2019. DESENVOLVIMENTO sustentável: o papel da engenharia. Instituto de Engenharia. Disponível em: <https://www.institutodeengenharia.org.br/site/desenvolvimento-sustentavel-o- grande-compromisso-da-engenharia/>. Acesso em: 29 dez. 2019. DIA da Sobrecarga da Terra: recursos naturais do planeta para 2018 se esgotam neste 1º de agosto! Instituto de Engenharia. 1º ago. 2018. Disponível em: <https://www.institutodeengenharia.org.br/site/2018/08/01/dia-da-sobrecarga- da-terra-recursos-naturais-do-planeta-para-2018-se-esgotam-neste-1o-de- agosto/>. Acesso em: 20 dez. 2019. G1. Mortes causadas pela poluição do ar aumentam 14% em 10 anos, aponta ministério da Saúde. Disponível em: <https://g1.globo.com/ciencia-e- saude/noticia/2019/06/07/mortes-causadas-pela-poluicao-aumentam- 14percent-em-10-anos-aponta-ministerio-da-saude.ghtml>. Acesso em: 6 jan. 2020. IBGE/PNAD. População rural e urbana. IBGE Educa. 2015. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18313- populacao-rural-e-urbana.html>. Acesso em: 26 dez. 2019. LIMA, M. C. A crise ambiental contemporânea. Carta Capital. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/gr-ri/a-crise-ambiental-contemporanea- 5192/>. Acesso em: 29 dez. 2019. LUZ, W. da. Em meio a tantas crises a esperança persiste. Muito além do verde. Blogs de Ciências Universidade Estadual de Campinas. Disponível em <https://www.blogs.unicamp.br/muitoalemdoverde/2018/05/02/criseambiental/>. Acesso em: 26 dez. 2019. 19 MENDES, F. Poluição injusta. Isto é Dinheiro. 2 jun. 2017. Disponível em: <https://www.istoedinheiro.com.br/poluicao-injusta/>. Acesso em: 29 dez. 2019. ONU BRASIL. População mundial deve chegar a 9,7 bilhões de pessoas em 2050, diz relatório da ONU. 17 jun. 2019. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/populacao-mundial-deve-chegar-a-97-bilhoes-de- pessoas-em-2050-diz-relatorio-da-onu/>. Acesso em: 29 dez. 2019. ONU NEWS. Declaração sobre “estado do planeta” será apresentada a Rio +20. 30 mar. 2012. Disponível em: <https://news.un.org/pt/tags/planeta-sob- pressao>. Acesso em: 20 dez. 2019. O QUE É desenvolvimento sustentável? WWF BRAZIL. Disponível em: <https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/desenvolvim ento_sustentavel/>. Acesso em: 29 dez. 2019. REVISTA AGROANÁLISE, FGV. Legislação: um pouco de história. Associação Brasileira de Águas Subterrâneas. Disponível em: <http://www.abas.org/legislacao/>. Acesso em: 26 dez.2019. SILVA, C; PRZYBYSZ, L. C. B. Sistema de gestão ambiental. Cidade: Curitiba. Editora Intersaberes, 2014. UNEP. 12 grandes problemas ambientais da humanidade. 21 maio 2009. Disponível em: <http://www.licenciamentoambiental.eng.br/12-grandes- problemas-ambientais-da-humanidade/> http://www.licenciamentoambiental.eng.br/12-grandes-problemas-ambientais-da-humanidade/ http://www.licenciamentoambiental.eng.br/12-grandes-problemas-ambientais-da-humanidade/
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