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Lingufstica Conceitua <;ao Angelica Furtado da Cunha Marcos Antonio Costa Mdrio Eduardo Martelotta A linguistica e definida, na maioria dos manuais especializados, como a clisciplina que estuda ciencificamcme a linguagem. Essa definic;:ao, pouco elucidativa por sua simplicidade, nos obriga a fazer algumas considerac;:oes importances. Primeiramente, precisamos dererminar o que estamos entendendo pelo termo "linguagem", que nem sempre e empregado com o mesmo sentido. Precisamos rambem delimitar o que significa esrudar cientificamente a linguagem. Alem clisso, nao podemos esquecer que existem outros ramos do conhecimento que, a sua maneira, rambem se imeressam pelo estudo da Jinguagem. lsso nos leva a estabelecer alguns conrrasres entre a lingu1scica e algumas ciencias ou disciplinas afins, de modo a delimitar seu campo de atuac;:ao. A partir de agora tenraremos desenvolver algumas observaq5es sobre os conceitos de linguagem e de lingua, estabelecendo o que hade ciendfico nos estudos elaborados na area da lingufsrica. Alem disso, buscaremos estabelecer diferenqas entre essa disciplina e ourros ramos do conhecimento que tambem se inreressam em compreender a linguagem, bern como apresentar algumas areas de aplica<;ao das teorias linguisticas. Linguagem e lingua 0 rermo "linguagem" apresen ta mais de urn senrido. Ele e mais comumeote empregado para referir~se a qualquer processo de comunica~o, como alinguagem dos animais, a linguagem corporal, a linguagem das arres, a linguagem da sinalizas;ao, a 16 Manual de linguistico linguagem escrira, entre ourras. Nessa aceps:ao, as llnguas narurais, como o porrugues ou o italiano, por exemplo, sao formas de linguagem, ja que consriruem insrrumenros que possibilitam o processo de comunicas:ao entre os membros de uma comunidade. Entretanro, OS linguistas - cientistas que se dedicam a linguistica- costumam esrabelecer uma rela<yao diferenre entre os conceiros de linguagem e lingua. Entendendo linguagem como uma habilidade, os linguistas definem o termo como a capacidade que apenas os seres humanos possuem de se comunicar por meio de linguas. Por sua vez, o termo "Hngua'' e normalmente definido como urn sistema de signos vocais1 utilizado como meio de comunicas:ao entre os membros de urn grupo social ou de uma comunidade lingufstica. Quando falamos, entao, que os linguistas estudam a linguagem, queremos dizer que, embora observem a estrurura das linguas narurais, des nao estao inceressados apenas na esrrutura particular dessas Hnguas, mas nos processes que estao na base da sua utilizas:ao como insrrumemos de comunicac;ao. Em ourras palavras, o linguista nao e necessariameme urn poligloca ou urn conhecedor do funcionamemo espedfico de varias linguas, mas urn estudioso dos processes atraves dos quais essas varias linguas refletem, em sua estrutura, aspectos universais essencialmente humanos. A lingufstica, como ocorre com outras ciencias, apresenta diferentes escolas te6ricas que diferem na sua maneira de compreender o fenomeno da linguagem. Em uma renraciva de apresentar uma visao mais geral. e, sobrerudo, imparcial em relac;ao a essas escolas, propomos que a capacidade da linguagem, eminentememe humana, parece implicar urn conjunto de caracrerfsricas. Vejamos algumas delas: a) Uma recnica arcicular6ria complexa Quando fala.mos em tecnica articulat6ria, nos referimos a urn conjunto de movimemos corporais necess::irios para a produs:ao dos sons que compoem a fala. Esses movimencos envolvem desde a expulsao de ar a partir dos pulmoes - arraves dos bronquios, da traqueia e da laringe- are sua saida pelas cavidades bucal e nasal. A surileza que caracteriza esses movimentos e, sobretudo, a particularidade que distingue os varios sons e sua fun~ao no sistema da lfngua fazem com que o dorninio desse processo de produ~ao vocal seja uma tarefa de complex.idade tal que apenas a especie humana parece ser capaz de realizar. No que diz respeito a produs:ao sonora dos elementos fonericos, vejamos, por exemplo, a distin~ao entre /b/ e /p/. Ambos sao oclusivos, bilabiais, orais. A unica diferens:aemreeles eque /b/ esonoro e/p/ esu.rdo. Ou seja, na pronlinciado /b/ aglote (espa<yo entre as cordas vocais) escl semifechada, fazendo com que oar, ao passar, ponha as cordasvocaisemvibra<;[o. No caso de /p/, a gloreesraaberta, o que fazcom que oar passe sem dificuldade e sem causar a vibrac;ao das cordas vocais. Essa diferens:a ardcular6ria
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