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SUINOCULTURA E AVICULTURA AULA 4 Profª Simone Fernanda Nedel Pertile 2 CONVERSA INICIAL Importância econômica, melhoramento genético, sistemas de produção, edificações e equipamentos na avicultura Chegamos na segunda parte deste estudo. Aqui, estudaremos os principais aspectos da produção de frangos de corte e poedeiras, bem como abordaremos os aspectos gerais da produção de aves, desde a importância econômica para o Brasil, o melhoramento genético, as principais linhagens utilizadas, os sistemas de produção, as edificações e os equipamentos utilizados em avicultura. Sua missão aqui é aprender o quanto a avicultura é importante economicamente para o Brasil, os principais pontos relacionados com o bom desempenho dos frangos de corte e das poedeiras, além de conhecer as principais características dos sistemas de produção e os equipamentos utilizados na produção de aves. TEMA 1 – INTRODUÇÃO À AVICULTURA E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA Os primeiros registros de domesticação da espécie Gallus gallus, na Ásia, datam de cerca de 8 milhões de anos (Santos Filho et al., 2011). Já em relação ao Brasil, acredita-se que as aves dessa espécie foram trazidas em 1532. Além disso, pelos registros, há indícios de que a produção avícola brasileira teve início com produtores familiares, os quais criavam principalmente animais rústicos e de raças puras, de linhagens conhecidas atualmente como “caipiras”, como atividade de subsistência e comercialização da produção excedente. A partir de 1930 ocorreu um crescimento dessa atividade, principalmente na região Sudeste (De Zen et al. 2014). Na década de 1960, diversas linhagens de aves foram disponibilizadas mundialmente por empresas internacionais detentoras das marcas (Ledur et al., 2011). Na década de 1970, esse crescimento foi acelerado, principalmente devido à entrada de agroindústrias processadoras no mercado, além da criação do sistema de integração vertical no estado de Santa Catarina, a partir da parceria entre indústria e produtores (De Zen et al. 2014). Na década de 1990, a importação de material genético avícola no Brasil foi intensificada; com isso, foram finalizados alguns programas de melhoramento genético desenvolvidos pelas empresas integradoras, como a Sadia e a 3 Perdigão (Ledur et al., 2011). Assim, a genética utilizada na produção de frangos e poedeiras atualmente são linhagens comercializadas pelas empresas de melhoramento genético avícola, as quais detêm esses materiais genéticos. Além do melhoramento genético, houve um grande desenvolvimento tecnológico da atividade, a partir de muitas pesquisas na área e da intensificação do processo de produção de aves, sendo que os pilares de desenvolvimento avícola são a utilização de genética avançada, alimentação compatível para cada fase de produção, sanidade, instalações e modernas técnicas de manejo (Pereira, 2012). 1.1 Cadeia produtiva brasileira de aves O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. As exportações brasileiras de carne de frango foram expressivas no ano de 2021, com 4.610 mil toneladas exportadas, sendo o maior valor da série histórica a partir de 2011 (Tabela 1). Nosso país exporta carne de frango para 151 países, sendo que do volume total exportado de carne de frango em 2021, 70,79% foram cortes, 23,31% frango inteiro, 3,59% salgados e 2,32% industrializados (ABPA, 2022). O Brasil é o segundo maior produtor de carne de frango do mundo. Em 2018, os Estados Unidos da América produziram 19.568 mil toneladas de carne de frango, isso corresponde a 17,12% do total de carne de frango produzida no mundo neste ano e, por esse volume, é o maior produtor de carne de frango do mundo, seguido pelo Brasil, o qual teve uma produção de 14.915 mil toneladas e 13,05% da produção mundial no mesmo ano; e da China, com uma produção de 14.579 mil toneladas e 12,75% da produção mundial em 2018 (FAO, 2020). Em 2021, nosso país produziu 14,329 milhões de toneladas de carne de frangos, sendo 67,83% desse valor destinado ao mercado interno e 32,17% exportado. Pela série histórica de consumo de carne de frango no Brasil, entre os anos de 2010 e 2021 (Figura 1), é possível perceber que o consumo de carne de frango por habitante/ano variou muito nessa última década. Assim, pode-se concluir que o consumo de carne de frango pelos brasileiros pode crescer nos próximos anos, assim como a produção dessa carne no Brasil. Os estados do Brasil que mais abateram frangos em 2021, de acordo com a ABPA (2022), foram: Paraná (35,54%), Santa Catarina (14,89%) e Rio Grande do Sul (13,65%). 4 Tabela 1 – Número de matriz alojada, produção e exportações brasileiras de carne de frango nos anos de 2010 a 2021 Fonte: ABPA, 2022. Figura 1 – Consumo de quilogramas de carne de frango por habitante por ano no Brasil Fonte: ABPA, 2022. Nossa nação também tem lugar de destaque na produção de ovos, sendo o quinto maior produtor de ovos do mundo, além de a produção brasileira ter crescido nos últimos anos. Em relação a ranking de produção de ovos, em 2018 a China foi o país com maior produção de ovos do mundo, com 35% da produção mundial, seguido pelos Estados Unidos (8%), Índia (7%), México (4%), Brasil 44,09 47,38 45 41,8 42,78 43,25 41,1 42,07 41,99 42,84 45,27 45,56 40 41 42 43 44 45 46 47 48 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 C on su m o de c ar ne d e fra ng o (k g/ ha bi ta nt e/ an o) Ano Ano Matriz alojada Produção (Mil ton) Exportações (Mil ton) 2010 46.556.070 12.230 - 2011 50.043.524 13.058 3.943 2012 46.545.837 12.645 3.918 2013 46.142.775 12.309 3.892 2014 49.333.326 12.691 4.099 2015 50.704.776 13.140 4.304 2016 50.524.652 12.900 4.384 2017 50.182.696 13.050 4.320 2018 48.426.232 12.855 4.101 2019 51.526.181 13.245 4.214 2020 55.334.975 13.845 4.231 2021 55.632.929 14.329 4.610 5 (4%), Japão (3%), Rússia (3%) e Indonésia, com 2% da produção mundial de ovos (FAO, 2020). No Brasil, o número de matrizes alojadas cresceu 58% entre 2010 e 2021, enquanto o número de poedeiras alojadas aumentou 46% entre estes, passando, aproximadamente, de 78 milhões de poedeiras para 114 milhões de poedeiras alojadas (Tabela 2). Em relação ao número de ovos produzidos, entre os anos de 2010 e 2021 o Brasil passou de uma produção de aproximadamente 29 bilhões de unidades do ano de 2010 para um pouco menos do que 55 bilhões em 2021, e assim a produção de ovos aumentou em torno de 90% nesse intervalo de tempo, sendo resultado do maior número de aves alojadas e de melhorias na produção das aves. Tabela 2 – Número de cabeças de aves alojadas e número de ovos produzidos no Brasil entre 2010 e 2021 Ano Matriz de postura Poedeira Ovos 2010 866.945 78.227.672 28.851.931.850 2011 928.234 79.549.312 31.554.292.134 2012 907.412 85.587.540 31.775.108.157 2013 976.985 91.101.977 34.120.752.431 2014 1.073.184 94.010.361 37.245.133.102 2015 981.788 91.272.925 39.511.378.639 2016 1.339.457 92.777.402 39.181.839.294 2017 1.086.976 105.592.179 39.923.119.357 2018 1.372.651 115.556.495 44.487.496.586 2019 1.353.096 118.498.994 49.055.709.215 2020 1.441.548 124.317.339 53.533.542.389 2021 1.368.391 114.637.958 54.973.807.551 Fonte: ABPA, 2022. Entre os estados do Brasil, o maior produtor de ovos é o estado de São Paulo (29,63%), seguido por Minas Gerais (10,54%) e Espírito Santo (9,17%). Da produção total de ovos no Brasil, 99,54% são destinados ao consumo interno, e apenas 0,46% é exportado. Assim, além do aumento da produção de ovos, o consumo de ovos no Brasil aumentou nos últimos anos (Figura 2), de 148 unidades por habitante no ano de 2021 para 257 unidades em 2021. Porém, é importante ressaltar que o consumo de ovos no Brasil deve crescer nos próximos anos, assim como sua produção (ABPA, 2022). As exportações de ovos cresceramentre 2020 e 2021 no Brasil, de 6250 toneladas para 11346 toneladas, respectivamente. Das exportações brasileiras 6 de ovos em 2021, 69,70% foram ovos in natura, e 30,30% industrializados (ABPA, 2022). Figura 2 – Consumo de unidades de ovos por habitante por ano no Brasil Fonte: ABPA, 2022. TEMA 2 – MELHORAMENTO GENÉTICO DE AVES A partir deste tópico, vamos aprender sobre o melhoramento genético de aves de corte e das poedeiras. 2.1 Principais características de poedeiras e frangos de corte As características mais importantes para a produção de aves de postura, de acordo com Pereira (2012), são: • Produção de ovos: é definida como uma relação entre o número de ovos produzidos por dia em relação ao número de galinhas alojadas; • Maturidade sexual: é a idade ao primeiro ovo; • Intensidade de postura: é determinada pela relação do número de ovos produzidos em determinado período; • Ausência de choco: quando há o aparecimento do choco, as galinhas cessam a produção e iniciam a incubação dos ovos. Nas linhagens comerciais, é realizada a seleção genética para ausência de choco, com a finalidade de não ocorrer essa pausa na produção de ovos; 148 162 161 168 182 191 190 192 212 230 251 257 0 50 100 150 200 250 300 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 C on su m o de o vo s (u ni da de /h ab ita nt e/ an o) Ano 7 • Persistência: é determinada pelo número de dias em produção, ou seja, o período desde o primeiro ovo até a parada na produção; • Tamanho ou peso do ovo: característica relacionada com a tipificação dos ovos pelo peso, em que o mercado consumidor valoriza um ovo com tamanho maior; • Espessura da casca do ovo: está diretamente relacionada com a resistência do ovo a manuseios; • Qualidade do albúmen: medida da qualidade interna do ovo, podendo ser avaliada pelas unidades Haugh (relação entre peso do ovo e altura do albúmen). Nos frangos de corte, de acordo com Pereira (2012), as principais características de interesse econômico são: • Taxa de crescimento: número de dias necessários para se atingir determinado peso ao abate; • Conversão alimentar: quantidade de ração necessária para produzir 1 kg de peso vivo (ou de ovos, no caso das galinhas de postura). Assim, a conversão alimentar é obtida a partir da divisão do quanto de ração o animal consumiu por quanto o animal ganhou de peso, ambos mensurados em kg e em um período de interesse. Essa característica é de suma importância para a rentabilidade, pois estima-se que mais de 70% dos custos de produção são devidos à alimentação dos animais. A eficiência alimentar é o contrário da conversão alimentar, mensurando a eficiência na qual o alimento fornecido às aves é convertido em carne ou ovos. Assim, quanto maior a eficiência alimentar, o animal consumirá menos ração para produzir a mesma quantidade de produto (carne ou ovos); • Rendimento de carcaça ou partes da carcaça: obtidos a partir do peso da carcaça após a evisceração em relação ao peso do animal antes do abate, ou do peso dos cortes em relação ao peso do animal antes do abate; • Gordura abdominal: a redução da gordura abdominal está relacionada com uma maior aceitação do mercado consumidor, além de aves que apresentam menor gordura abdominal apresentarem melhor eficiência alimentar e maior resistência ao calor; 8 • Características reprodutivas: maturidade sexual e percentual de ovos incubáveis. 2.2 Melhoramento genético de aves Os índices produtivos das aves de corte e de postura tiveram grande melhoria nos últimos 100 anos, e essa evolução foi devida, principalmente, ao melhoramento genético das aves. Estima-se que 85 a 90% das melhorias na taxa de crescimento dos frangos de corte são pelo melhoramento genético (Havenstein et al., 2003). A taxa de crescimento dos frangos foi triplicada nas últimas décadas, com diminuição nos dias necessários para o abate, aumento do peso ao abate e diminuição da conversão alimentar (Figura 3). O número de ovos produzidos pelas poedeiras por ano cresceu significativamente, assim como a conversão alimentar diminuiu (Figura 4). Figura 3 – Evolução na produção de frangos de corte em relação ao peso corporal, conversão alimentar e idade ao abate entre os anos de 1930 e 2008 Fonte: Santos Filho et al., 2011. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1 1,5 2 2,5 3 3,5 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 Peso corporal (kg) Conversão alimentar Idade ao abate (dias) 9 Figura 4 – Evolução na produção de poedeiras em relação à produção de ovos por ano (Ovos/ano), conversão alimentar (CA) e peso do ovo (PO) entre os anos de 1930 e 2010 Fonte: Santo Filho et al., 2011. No melhoramento genético de aves, os conceitos envolvidos e as estratégias utilizadas são muito semelhantes ao que é feito na suinocultura. Dessa maneira, os principais conceitos foram abordados em suinocultura, e aqui serão passados apenas de forma sucinta. As principais ferramentas do melhoramento genético são a seleção e o cruzamento. Na avicultura, o principal tipo de cruzamento utilizado é com 4 raças ou 4 linhagens, produzindo ao final os animais duplo-híbridos. Nesse tipo de cruzamento, são aproveitadas a heterose, a complementariedade, a especificidade e a segurança do material genético (Pereira, 2012). A complementariedade ocorre quando acasalamos galinhas de maior produção de ovos com galos de potencial genético para maior ganho de peso, e como resultado temos progênies com boas características de crescimento e reprodutivas (Figueiredo, 2022; Pereira, 2012). A segurança do material genético está relacionada com a comercialização dos produtos híbridos e/ou duplo-híbridos para os produtores de ovos e frangos de corte, impossibilitando a obtenção do material genético utilizado na base do programa de seleção a partir do acasalamento entre esses animais e nem 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 0 50 100 150 200 250 300 350 400 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 Ovos/ano PO (g) CA 10 animais com desempenhos satisfatórios quando o acasalamento não é realizado seguindo o fluxograma de produção. As linhas fêmeas são desenvolvidas separadamente das linhas macho, com seleção genética para a melhoria de características reprodutivas. As linhas fêmeas são selecionadas para produzir grande quantidade de ovos, que eclodem bem, além de produzirem pintinhos grandes e com boa capacidade de crescimento. As linhas macho são linhagens de aves com seleção genética para características de desempenho, como ganho de peso, idade ao abate e conversão alimentar. Para as aves de postura, nas linhas macho há seleção para a conversão alimentar. Provavelmente, todas as linhas machos usadas para produção de carne incorporaram alguns genes das raças Cornish. Essas variedades conferiram a amplitude de peito, pernas curtas e a carcaça arredondada. As linhas de aves selecionadas para a produção de carne apresentam excepcional conformação da carcaça, têm tamanho grande, crescimento rápido e apresentam excelente conversão alimentar (Figueiredo, 2022). No melhoramento genético de aves, a pirâmide que relaciona os elos da cadeia produtiva é muito bem delineada, sendo que no topo da pirâmide de produção estão as empresas de melhoramento genético, que são as responsáveis pelo desenvolvimento das linhagens. Na sequência, estão os criadores multiplicadores, os quais multiplicam o material genético fornecido pelas empresas, sendo fornecedores dos híbridos ou duplo-híbridos para os produtores comerciais. Por fim, há a base da pirâmide, que representa o maior número de criadores, os quais são chamados de criadores comerciais, sendo estes os que fazem a produção das aves para o abate e das aves para a postura de ovos para consumo (Pereira, 2012). TEMA 3 – RAÇAS E LINHAGENS Asraças de galinhas são aves puras que formaram a base do trabalho, enquanto as linhagens puras são selecionadas geneticamente para algumas características, pois quando uma linhagem é selecionada para alta quantidade de carne, a produção de ovos diminui muito. Além disso, o cruzamento entre raças e linhas puras dão origem às linhagens híbridas, que podem ser obtidas a partir do cruzamento entre duas raças, das quais os produtos são chamados de 11 híbridos; ou por quatro raças, a partir das quais o produto final é chamado de duplo-híbrido, sendo este a poedeira ou frango de corte comercial (Figueiredo, 2022). Dessa maneira, nos próximos tópicos serão apresentadas as principais raças e linhagens de frangos de corte e de poedeiras. 3.1 Raças As raças de galinhas são aves puras que formaram a base do trabalho que originou as galinhas híbridas (Avila et al., 2017). As principais raças utilizadas na formação das linhagens híbridas de galinhas poedeiras e frangos de corte são a Leghorn, Rhode Island Red, Plymouth Rock Barrada, New Hampshire, entre outras. Vejamos, segundo Figueiredo et al. (2003), algumas das principais raças: • Plymouth Rock: raça americana de pele amarela, crista serra e ovos de casca marrom. Quando adultos, os machos pesam em média 4,313 e as fêmeas 3,405 kg. As galinhas produzem em média 180 ovos no primeiro ciclo de postura, que pesam em média 55g; • Plymouth Rock Branca: as aves dessa variedade foram muito utilizadas nos primeiros cruzamentos para produção de frangos de corte. Atualmente, os animais dessa raça são utilizados como material básico na formação de muitas linhagens cruzadas e a maioria das linhas disponíveis é de empenamento rápido, pois as linhagens mais antigas eram de empenamento tardio, o que prejudica a produção de frangos de corte; • Plymouth Rock Barrada: as aves dessa variedade apresentam penas com barras brancas e pretas no sentido transversal, dando uma aparência cinzenta às aves. O gene barrado, ligado ao sexo, por meio de sua dosagem de melanina, resulta em diferenças entre os sexos. Atualmente, vem sendo mais utilizada como linha fêmea nos cruzamentos com galos Rhode Island Red para produzir pintos de postura autossexados, que quando adultos produzem ovos de casca marrom. Esse tipo de cruzamento tem tornado a raça mais popular; • Rhode Island: é uma raça americana de pele amarela com ovos de casca marrom. Quando adultos, os machos pesam em média 3,859 e as fêmeas 12 2,951 kg. As galinhas produzem em média 180 ovos no primeiro ciclo de postura, os quais são grandes e pesam 60 g em média; • Rhode Island Red: apresenta plumagem marrom com algumas penas pretas na cauda, pescoço e asas. Atualmente, grande parte dos híbridos comerciais de postura resulta de cruzamentos específicos entre indivíduos Rhode Island Red e Plymouth Rock Barrado, bem como produzem grande quantidade de ovos de casca marrom. Os animais dessa raça também são utilizados para a criação de aves em sistemas alternativos; • New Hampshire: raça americana de pele amarela com ovos de casca marrom. Foi utilizada por muitos anos para a produção de frangos de corte, sendo, atualmente, mais utilizada em cruzamentos para a produção de híbridos de frangos de corte. As fêmeas apresentam habilidade de produção de grande quantidade de ovos com alta eclosão, com média 220 ovos no primeiro ciclo de postura, e peso do ovo de 55g em média. O peso dos animais adultos em média são 3,632 e 2,951 kg, para machos e fêmeas, respectivamente; • Leghorn: é uma raça utilizada nos cruzamentos para obtenção de galinhas de postura que produzem ovos brancos. Apresenta pele amarela e produz ovos com casca branca. As aves são de tamanho pequeno, com peso adulto de 2,043 kg para as galinhas e 2,724 kg para os galos. As galinhas produzem grande número de ovos por ciclo de postura (em média 200), com casca saudável e peso médio de 55. 3.2 Linhagens Os híbridos de postura são aves obtidas a partir do cruzamento de raças e/ou linhagens selecionadas, resultando em linhagens de postura com melhores índices zootécnicos, ou seja, com maior produção e qualidade dos ovos (Avila et al., 2017). As principais linhagens de postura são a Hisex (branca e marrom), Lohmann (branca e marrom), Isa (branca e marrom), Hy-Line (branca e marrom), Shaver (branca e marrom), Nick Chick (H&N) (branca e marrom), Dekalb White, Tetra, Harco, Embrapa 011 (branca), Embrapa 031 (marrom) e a Embrapa 051 (Figueiredo et al., 2003). 13 As principais linhagens de frangos de corte são Ross, Cobb-Vantress, Hybro, Isa Vedette, MPK, Hubbard, Arbor Acress, Avian, Shaver e Embrapa 021 (Figueiredo et al., 2003), sendo que as mais criadas no Brasil são a Ross, produzida e comercializada pela empresa Aviagen e a Cobb-Vantress. TEMA 4 – SISTEMAS DE PRODUÇÃO Nesta temática, vamos tratar dos sistemas de produção voltados para os frangos de corte e para as poedeiras. 4.1 Frangos de corte Para a criação de frangos de corte, podem ser utilizados galpões abertos ou fechados. Os primeiros são chamados de convencionais, nos quais são utilizadas cortinas para controlar a ventilação e a temperatura dentro do galpão. Os galpões com as laterais fechadas são conhecidos como “Dark house”, e tem como finalidade oferecer melhores condições de temperatura, umidade e ventilação para as aves, especialmente importantes quando a criação de frango será realizada com linhagens geneticamente melhoradas e em regiões de clima tropical (Rovaris et al., 2014). Os sistemas do tipo “Dark house” permitem melhor uniformização das condições ambientais dentro dos galpões. Além disso, ainda há sistemas de criação de frangos de corte em que as aves têm acesso a piquetes externos, como o sistema free range, o qual favorece o bem-estar das aves por permitir que estas expressem seus comportamentos normais, além de permitir o banho de sol e o pastejo, sendo utilizado especialmente em sistemas alternativos de produção. O sistema free range também é utilizado para a produção de poedeiras, conforme veremos a seguir. Os produtores de frangos de corte são, predominantemente, cooperados ou integrados, mas também podem ser independentes, sendo que estes sistemas funcionam de forma semelhante aos da suinocultura. 4.2 Poedeiras Dentre os sistemas de produção de poedeiras utilizados no Brasil estão a criação em gaiolas convencionais, em gaiolas melhoradas, cage free e free range. 14 O sistema de produção de poedeiras predominante no Brasil é a criação em gaiolas, principalmente pela maior rentabilidade desse sistema. Além disso, a grande maioria dos produtores é independente, com porte entre pequeno e médio, os quais preparam a própria ração na propriedade, e os galpões utilizados são abertos (UBA, 2008). Esse sistema de produção possui várias vantagens, como o maior número de ovos produzidos por galpão, menor custo de produção, menor custo com ração e menor necessidade de mão de obra, além de um bom controle sanitário, pois as aves não ficam em contato direto com suas excretas, facilitando o controle de parasitas, mas tem como principal ponto negativo o bem- estar animal. Geralmente, nesse sistema as gaiolas são dispostas em dois ou três andares, formando fileiras (Figura 5); assim, é possível criar um maior número de aves por área (Baggio, 2017; Cabrelon, 2016). Figura 5 – Galinhas criadas no sistema de gaiolas Crédito: Anas-Mohammed/Shutterstock. Apesar das vantagens da criação de galinhas em gaiolas convencionais, o espaço por galinha é muito limitado, impossibilitando a expressão de comportamentos naturais das aves, como banho de areia e bater as asas. A fim de atender o bem-estar das aves, surgiram outros sistemas, como as gaiolas melhoradas ou enriquecidas, as quais possuem algumas das vantagens do sistema tradicional, como a prevenção de doenças.Também possuem maior https://www.shutterstock.com/g/Abed+Rahim+Khatib 15 área por animal e enriquecimento das gaiolas com equipamentos como poleiros, local para o banho de areia, ninhos e esponjas abrasivas para o bico e lixa de unhas. O número de aves por gaiola varia de 40 a 110, sendo que quanto mais aves, há mais competição por alimento e água, podendo levar a problemas comportamentais como bicagem de penas e amontoamentos (Hy-Line, 2019; Mazzuco, 2008). Em relação à taxa de lotação animal, considerada nesse sistema, a Comission of the European Communities publicou, em 1999, a Diretiva 1999/74/CE com normas para a produção de poedeiras em gaiolas, pela qual as gaiolas convencionais devem ter área de pelo menos 550 cm² por galinha, enquanto as gaiolas melhoradas devem ter uma área mínima de 750 cm² por galinha. Além disso, na diretiva foi incluída a proibição definitiva desse tipo de criação a partir de 2012. No Brasil, ainda não há normativas relacionadas com a proibição da criação de poedeiras em gaiolas, e o espaço recomendado por galinha é de 375 cm²/ave para aves brancas, e 450 cm²/ave para aves vermelhas, sendo que a densidade de alojamento deve permitir o movimento das aves, com espaço para que todas possam se deitar ao mesmo tempo sem haver o amontoamento de uma sobre a outra, e com livre acesso a comedouros e bebedouros. A recomendação para o comedouro tipo calha é de no mínimo 10 cm por ave, e para bebedouro tipo nipple é de um bebedouro para cada seis aves. Para o piso das gaiolas, a recomendação é de que a inclinação seja menor do que 13% (UBA, 2008). A Figura 6 mostra galinhas criadas em gaiolas tradicionais com bebedouros tipo nipple e comedouros tipo calha. 16 Figura 6 – Gaiola com bebedouro tipo nipple e comedouro tipo calha Crédito: Passakorn Umpornmaha/Shutterstock. Nos sistemas de criação de aves em piso são utilizados materiais para composição da cama, semelhante ao sistema de produção de frangos de corte. Nesses sistemas, preconiza-se que todas as aves devem dispor de espaço suficiente para se movimentar, bater asas, empoleirar ou deitar-se sem dificuldade, bem como os comedouros e bebedouros devem estar acessíveis e em quantidades suficientes, sem induzir competição entre animais. A densidade recomendada é de 8 a 10 aves/m², variando entre aves brancas e vermelhas, respectivamente. As proporções recomendadas para comedouros ou bebedouros tipo calha é de 8 a 10 cm/ave; para comedouro tubular é de 1 para 20 aves; para bebedouros pendulares é de 1 para 50 aves; e para bebedouro tipo nipple é de 1 para 8 aves (UBA, 2008). Dentre as vantagens da criação de aves em piso em relação às gaiolas, estão menor investimento inicial por poedeira e maior conforto das aves, enquanto as desvantagens são os piores índices de conversão alimentar; maiores riscos de asfixia, por amontoamentos; maior risco de contágio com parasitas internos e externos; necessidade do uso de anticoccidianos em função do contato permanente da ave com o piso; maior número de ovos sujos https://www.shutterstock.com/g/Passakorn+Umpornmaha 17 comparado com a criação em gaiolas; e custos pela obtenção de materiais adequados para a cama (Mazzuco et al., 1997). Dentre os sistemas de aves criadas em piso, destacam-se o cage free, no qual as aves são criadas em piso coberto com cama, mas não têm acesso à área externa; e o free range, no qual as aves são criadas em piso com cama de maravalha com acesso a piquetes. Os piquetes devem ter gramíneas adaptadas para a região, com boa resistência ao pisoteio, boa produção de massa verde e valor nutricional, e devem ter sombra, para propiciar um ambiente de maior conforto para as aves (Lima et al., 2019), e devem ser cercados com telas de arame, bambu, entre outros materiais. O sistema de criação de galinhas livres de gaiolas pode ser feito em um único nível, o qual é o mais comum no Brasil, podendo ser feito também em múltiplos níveis. No sistema free range, nas fases de cria e recria as aves podem ser criadas em galpões fechados e terem acesso a áreas externas, e as aves em fase de produção deverão ter acesso à área externa durante o período entre manhã e o final da tarde, com lotação conforme a Tabela 3 (Silva et al., 2020). Tabela 3 – Densidade do alojamento no sistema cage free e free range Sistema Lotação (ave/m²) Nível único 7 Nível múltiplo 11 Área externa 2 Fonte: Silva et al., 2020. Nos sistemas de criação de aves em piso, deve-se fazer o correto manejo da cama, pois as aves devem ser mantidas em cama de boa qualidade e capacidade de absorção. O material de cama utilizado no piso dos aviários deve proporcionar conforto e higiene às aves, devendo ser mantido seco (umidade até 35%), solto e limpo, retirando as partes da cama com excesso de umidade. O material utilizado para cama deve ser de fonte aprovada, pois deve ser livre de materiais estranhos e contaminantes. Além disso, deve-se monitorar constantemente a cama e providenciar a retirada de aves mortas, para evitar contaminações (Ávila et al., 2017; UBA, 2008). Os principais materiais utilizados para a cama são a maravalha, casca de arroz, sabugo de milho triturado, casca de café, casca de amendoim e feno de gramíneas picado (capim napier). A cama deve ser distribuída uniformemente 18 com altura entre 8 e 10 cm (Mazzuco et al., 1997). O manejo da cama será visto com mais detalhes em conteúdo posterior. Em relação aos equipamentos específicos para o sistema de criação em piso, este local deve ser enriquecido com ninhos em número adequado, de acordo com a linhagem alojada, com no mínimo um ninho para quatro aves, no qual podem ser colocadas camas que proporcionem conforto e higiene às aves; e poleiros, os quais devem ser distribuídos adequadamente e com espaço mínimo por ave de 15 cm, além de serem posicionados de forma a evitar que fezes das aves nos níveis superiores caiam sobre as aves dos níveis inferiores (UBA, 2008). TEMA 5 – EDIFICAÇÕES E EQUIPAMENTOS Este tópico trata das edificações e dos equipamentos utilizados nos galpões para a criação de aves. 5.1 Edificações As especificações dos galpões para a criação das aves são muito semelhantes com as utilizadas na suinocultura. De forma geral, o ambiente deve ser projetado considerando as necessidades das aves, de forma que lhe sejam fornecidas proteção, bem como prevenção de estresse físico e térmico. Além disso, a forma como as edificações são construídas tem como objetivo aproveitar ao máximo dos recursos naturais. A localização dos galpões é semelhante ao que vimos em suinocultura, sendo recomendado que estes sejam posicionados com o eixo longitudinal no sentido Leste-Oeste, com recomendações semelhantes às apresentadas para a suinocultura em relação ao telhado, pé- direito, largura, plantio de árvores ao redor do galpão e distância entre galpões para aproveitar a ventilação natural (Abreu, 2003). Outras recomendações, segundo Abreu (2003), são: • Comprimento do galpão: o comprimento do aviário deve ser estabelecido para evitar problemas com terraplanagem, comedouros e bebedouros automáticos; por isso, não deve ultrapassar 200m, sendo que os comprimentos de 100 a 125m são os mais recomendados; • Piso do galpão: a finalidade do piso é proteger o interior do aviário contra a entrada de umidade e facilitar o manejo. Assim, o material deve ser 19 lavável, impermeável, além de ter inclinação transversal de 2% do centro para as extremidades do aviário. 5.2 Equipamentos de resfriamento e aquecimento O resfriamento dos galpões avícolas é realizado com o uso de equipamentos de ventilação e aspersão, além de recursos naturais nos galpões abertos. A ventilação é um meio eficiente de redução da temperatura dentro das instalações avícolas, por aumentar as trocas térmicasdas aves por convecção, resultando em melhor desempenho dos animais, visto que o desconforto térmico causa a queda de desempenho, devido ao estresse dos animais. Além disso, a ventilação é utilizada para eliminar o excesso de umidade do ambiente e da cama, proveniente da água liberada pela respiração das aves e da água contida nas fezes; para melhorar a qualidade do ar dentro das instalações, pela renovação do ar e melhora o nível de oxigênio necessário às aves, com a diminuição dos níveis de gás carbônico e gases de fermentação dentro do galpão. Os tipos de ventilação são a natural ou espontânea e a ventilação artificial, mecânica ou forçada. A ventilação artificial pode ocorrer por pressão negativa ou positiva, utilizando ventiladores e exaustores, conforme vimos no conteúdo de suinocultura (Abreu, 2003). A nebulização pode ser feita por linhas de bicos de aspersores instalados no forro do galpão, os quais são utilizados em associação com os ventiladores ou exaustores (Tinôco, 2004). Além disso, o resfriamento evaporativo do ar pode ser feito utilizando placas evaporativas (pad cooling), as quais possibilitam maior resfriamento com menor incremento na umidade relativa do ar (Tinôco, 2004; Sartor et al., 2001). O aquecimento do galpão é fundamental para os primeiros dias de vida dos pintinhos, principalmente pela temperatura ambiente adequada que varia de 29 e 33ºC nos primeiros 7 dias de vida destes. Nesse período, as aves estão com o sistema termorregulatório em desenvolvimento, o qual estará completamente desenvolvido quando as aves atingirem 14 dias de idade (COBB, 2018); consequentemente, vão utilizar boa parte da energia consumida para manter a temperatura corporal. Assim, quando as aves sofrerem estresse por frio utilizarão pouca energia com o crescimento e muito com a manutenção da temperatura corporal, em que a magnitude dependerá de quão baixa estará a temperatura ambiental, podendo chegar a até 80% de energia ingerida sendo 20 gasta na manutenção da temperatura corporal (Albino et al., 2017). Os equipamentos utilizados para a elevação e manutenção da temperatura de dentro dos galpões são as cortinas, os forros e os aquecedores. As cortinas são utilizadas para proteger as aves das correntes de ar, além da radiação solar e de chuvas (Albino et al., 2017). O sistema de abertura pode ser manual ou automático, com a extremidade interior fixa e regulando a extremidade superior (Silva; Nääs, 2004), sempre considerando que a abertura ou fechamento das cortinas favoreçam o conforto térmico das aves (Albino et al., 2017). Os forros devem ser utilizados para diminuir o calor que é irradiado do telhado para o interior do galpão, formando um bolsão de ar entre o forro e o telhado. O forro também serve como uma segunda barreira para o calor que chega no telhado do galpão. Além disso, o uso dos forros aumenta a eficiência do sistema de climatização do galpão, contribuindo para a melhoria no conforto térmico das aves (Albino et al., 2017). Os aquecedores têm como finalidade aquecer o galpão próximo ao piso, no nível das aves, sendo principalmente utilizados no inverno e para pintinhos de até 15 a 20 dias de idade (Silva; Naas, 2004; Albino et al., 2017). O sistema mais utilizado é a campânula a gás, a qual possibilita a regulação da sua potência, podendo ser utilizada nas zonas de aquecimento (círculos de proteção). As campânulas aquecem o ar, os pintinhos e o piso, contribuindo para a eficiência desse sistema de aquecimento (Silva; Naas, 2004). 5.3 Bebedouros e comedouros Os comedouros têm como finalidade fornecer a ração para os animais na quantidade adequada de acordo com a idade da ave e de forma uniforme por todo o galpão de produção (Abreu; Avila, 2022; Cony; Zocche, 2003). Deve ser fornecida uma água fresca, tratada, livre de patógenos e sem restrição de quantidade. Em períodos de temperaturas ambiente maiores, a água auxilia nos mecanismos de perda de calor, devendo-se ter o cuidado com a temperatura da água fornecida às aves, especialmente nos dias mais quentes (Cony; Zocche, 2003). Dentre os tipos de bebedouros utilizados para as aves estão o copo de pressão, nipple e pendular. 21 • Copo de pressão: pode ser utilizado nos primeiros dias, em que a capacidade do bebedouro deve ser de três litros de água, sendo 80 pintinhos para cada bebedouro. Os bebedouros devem ser lavados duas vezes por dia. A partir do 3º ou 5º dia de idade, esses bebedouros deverão ser substituídos gradativamente pelos que permanecerão até o final da criação do lote, devendo ser totalmente substituído até o 8º dia (Abreu; Avila, 2022; Cony; Zocche, 2003); • Pendulares: apresenta uma borda na qual as aves têm acesso à água (Figura 7), além da regulagem da quantidade de água pelo peso do bebedouro, evitando o extravasamento de água. A regulagem da altura do bebedouro deve ser feita de acordo com o tamanho das aves, e deve garantir que elas possam beber confortavelmente evitando o desperdício de água, empastamento e apodrecimento da cama. De 15 a 20 dias de idade, a base superior do bebedouro deve estar à altura de 5 cm do dorso da ave. A proporção deve ser 1 bebedouro para 80 aves, e a limpeza deve ser feita diariamente, devido ao acúmulo de ração e cama na borda do bebedouro (Abreu; Avila, 2022). Figura 7 – Bebedouro tipo pendular para aves Crédito: Unclesam/Adobe stock. https://stock.adobe.com/br/contributor/295896/unclesam?load_type=author&prev_url=detail 22 • Nipple: é o mais utilizado nos galpões de frangos de corte e para pintainhas (pintinhos) criadas em galpões semelhantes aos de frangos de corte, podendo ser usados em todas as fases de criação (Figura 8). Apresenta custo de implantação mais alto quando comparados com outros tipos de bebedouros. Pode ser utilizada uma taça coletora logo abaixo do nipple. Os bebedouros são acionados pelas próprias aves, e a regulagem de altura deve ser realizada considerando isso, conforme a Tabela 4 (Abreu; Avila, 2022). Figura 8 – Bebedouro tipo nipple para aves Crédito: Fernando/Adobe Stock. Tabela 4 – Regulagem dos bebedouros tipo nipple de acordo com a idade das aves Fase Altura dos bebedouros Até o 4º dia Os pintinhos bebem água pela lateral do pino, sem esticar demais o pescoço, ou seja, nos primeiros dias, o bico fica na altura dos olhos do pintinho 5º dia até a 2ª semana A ave deve beber água com uma inclinação de 45 graus dos olhos em relação ao bico 2ª até 3ª semana A ave deve beber com a cabeça um pouco mais inclinada e o bico toca mais abaixo no pino 3ª até 4ª semana A ave deve beber água quase abaixo do bico, com a cabeça ainda mais inclinada https://stock.adobe.com/br/contributor/208871102/fernando?load_type=author&prev_url=detail 23 4ª semana ou mais A ave deve beber bem debaixo do bico, com a cabeça totalmente esticada Fonte: Abreu; Avila, 2022. Os comedouros têm como principal objetivo fornecer ração, diminuindo o desperdício, pois em torno de 70% dos custos de produção são devidos à nutrição. Entre os tipos de comedouros estão: • Bandeja: é utilizado nos primeiros dias de idade, na proporção de 80 pintos por comedouro. Alguns cuidados incluem: fornecer pequenas porções; mexer a ração várias vezes por dia, para estimular o consumo; lavar as bandejas diariamente e peneirar a ração para retirar sujidades, pois os pintinhos entram dentro do prato (Abreu; Avila, 2022); • Tubular: é composto por um tubo para armazenar ração e um prato para as aves se alimentarem, utilizando materiais plásticos e metálicos. Os comedouros tubulares devem ser utilizados na proporção de 40 aves/comedouro. Apesar de estes comedouros poderem ser utilizados por todas as aves, deve-se fazer a correta regulagem, e a base dos comedouros deve ser mantida na altura do peito das aves a partir da 2ª semana (Abreu; Avila, 2022; Cony;Zocche, 2003); • Automáticos: possuem custo mais elevado, mas diminuem a necessidade de mão de obra, diminuem o desperdício, refletindo em uma melhor conversão alimentar. Além disso, permitem uma distribuição eficiente e homogênea ao longo do galpão. A Figura 9 apresenta um comedouro automático ainda não instalado, pelo qual é possível ver um prato grande que permite a alimentação dos pintos desde o primeiro dia de criação. O ajuste da altura do comedouro deve ser feito durante toda a criação (Abreu; Avila, 2022; Cony; Zocche, 2003). 24 Figura 9 – Comedouro automático para aves Crédito: Photobetulo/Adobe Stock. • Calha: pode ser utilizada para galinhas criadas em gaiolas ou em piso, considerando um espaço linear mínimo de 5cm/ave, conforme pode ser visto na Figura 10. https://stock.adobe.com/br/contributor/207669675/photobetulo?load_type=author&prev_url=detail 25 Figura 10 – Comedouro tipo calha para aves criadas em gaiolas Crédito: Cesar Machado /Adobe Stock. FINALIZANDO No Brasil, a avicultura foi a área da produção animal que apresentou os maiores índices de crescimento nas últimas décadas, e esse crescimento é devido a melhorias na genética dos animais, na nutrição, no manejo, na sanidade e no ambiente no qual os animais são criados. O Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador de carne de frango, além de ser o quinto maior produtor de ovos do mundo. O consumo de ovos no Brasil está crescendo, e há potencial de crescimento para o consumo de carne de frango e ovos. O melhoramento genético de aves é bastante estruturado, baseado na seleção e nos cruzamentos para obtenção de animais híbridos, permitindo o aproveitamento da heterose, complementariedade e garantindo a segurança do material genético pela comercialização dos animais híbridos para as granjas. Na produção dos híbridos comerciais são utilizadas quatro raças, das quais as aves são selecionadas para diferentes características, sendo que nos frangos de corte a linha macho é selecionada para características de produção, como ganho de peso e conversão alimentar, e a linha fêmea para características reprodutivas, como número de ovos produzidos e taxa de eclosão. https://stock.adobe.com/br/contributor/207052087/cesar-machado?load_type=author&prev_url=detail 26 Nas poedeiras, a linha macho é selecionada principalmente para conversão alimentar, enquanto a linha fêmea é selecionada para características relacionadas com a produção de ovos. As instalações estão diretamente relacionadas com as questões do bem- estar animal, e tem como principal finalidade proporcionar um ambiente confortável para as aves, além de serem um dos pilares para o bom desempenho da avicultura. As recomendações para as edificações são bem semelhantes às utilizadas na suinocultura, e visam aumentar a eficiência do uso dos recursos ambientais para melhorar as condições dentro do galpão. Os bebedouros e comedouros mais utilizados são os automáticos, os quais podem ser usados em todas as fases de produção, com destaque para o bebedouro tipo nipple e o comedouro automático com prato. Nas últimas décadas, os galpões de aves se tornaram cada vez mais automatizados, aumentando a eficiência, reduzindo o desperdício e diminuindo a mão de obra. Posteriormente, abordaremos os aspectos relacionados com a criação e abate de frangos de corte, além da produção de poedeiras. 27 REFERÊNCIAS ABPA. Associação Brasileira de Proteína Animal. Relatório anual de 2022. São Paulo: ABPA, 2022. Disponível em: <https://abpa-br.org/abpa-lanca-relatorio- anual-2022/>. Acesso em: 3 jun. 2022. ABREU, P. G. Instalações. Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, 2003. Apostila digital. 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