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E-BOOK TEORIAS APLICADAS NA ADMINISTRAÇÃO Bases históricas da administração APRESENTAÇÃO A Administração existe desde o início dos tempos, quando era praticada pelas civilizações mais primitivas, que utilizavam técnicas e ferramentas administrativas para alcançar seus objetivos. Com o surgimento dos agrupamentos humanos, o homem começou a administrar sua família, sua casa, seu clã, sua tribo e aldeias e, quando passou a viver em sociedade, viu-se diante da necessidade de administrar vilas, cidades, estados e países. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as origens da Administração, a sua evolução, desde o capitalismo mercantil até a Revolução Industrial, e seus aspectos gerais na atualidade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as origens da Administração.• Identificar a evolução administrativa do capitalismo mercantil até a Revolução Industrial.• Discutir os aspectos gerais da Administração nos tempos atuais.• DESAFIO O fenômeno da globalização influenciou e continua influenciando a vida das sociedades e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Sendo assim, as organizações necessitam de uma administração de qualidade para crescerem e se manterem com sucesso no mercado. Neste Desafio, imagine o seguinte cenário: Como forma de organizar o seu script, responda: 1) Que aspectos são considerados importantes para a administração das organizações nos dias atuais? 2) Algumas práticas administrativas do passado já não se encaixam no perfil exigido atualmente aos administradores. Neste mercado turbulento, complexo e em constantes mudanças, o que é necessário aos gestores? INFOGRÁFICO As mudanças em todos os ambientes fizeram com que surgissem novos conceitos e técnicas para administrar as organizações. Acompanhe, neste Infográfico, as origens da Administração e as fases de sua evolução. CONTEÚDO DO LIVRO São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros administradores e que foram evoluindo ao longo do tempo, ajustando-se às situações da cada momento histórico. Apesar da semelhança dos problemas, mesmo em cada período histórico, as soluções sempre foram diferentes, uma vez que o contexto muda constantemente. Muito do que você estuda hoje sobre administração é resultado de ideias e técnicas de inúmeros precursores que surgiam com a intenção de resolver problemas enfrentados pelas empresas. No capítulo Bases históricas da Administração, da obra Teorias da Administração, você vai conhecer as origens da Administração, identificando a sua evolução, desde o capitalismo mercantil até a Revolução Industrial, e seus aspectos gerais na atualidade. Boa leitura. TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO Ligia Maria Fonseca Affonso Bases históricas da administração Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as origens da administração. Identificar a evolução administrativa do capitalismo mercantil até a Revolução Industrial. Discutir os aspectos gerais da administração nos tempos atuais. Introdução São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros ad- ministradores. Esses conceitos foram evoluindo ao longo do tempo, se ajustando a cada momento histórico. Assim, muito do que você estuda hoje sobre administração é resultado de ideias e técnicas de inúmeros precursores que buscavam resolver problemas enfrentados pelas orga- nizações. Apesar da semelhança entre os problemas, em cada período histórico, as soluções sempre foram diferentes, uma vez que o contexto era distinto. Neste capítulo, você vai estudar as origens da administração e sua evo- lução desde o capitalismo mercantil até a Revolução Industrial. Além disso, você vai conhecer os aspectos gerais da administração na atualidade. Origens da administração Você já sabe que a administração existe desde o início dos tempos. Você mesmo, em seu dia a dia, administra seu tempo, sua casa, sua família, seus estudos, seu trabalho, suas finanças, etc. Já reparou que quando você não consegue, por exemplo, administrar seu tempo, sua vida fica complicada, com tarefas que acabam se acumulando? Agora considere uma organização que lida com pessoas, materiais, equipa- mentos, tecnologia, instalações, conhecimentos e informações. Sem a admi- nistração, seria impossível fazer tudo isso funcionar, não é? Uma organização só consegue atingir seus objetivos se for bem administrada. Uma organização é uma unidade social, constituída por duas ou mais pessoas, cuja finalidade é atender às necessidades da sociedade, gerar resultados (financeiros ou não) e atingir objetivos estabelecidos por meio da divisão do trabalho e da coordenação dos recursos e esforços (MAXIMIANO, 2012). Referências históricas demonstram que conceitos administrativos de cerca de 1200 a.C. ainda são utilizados hoje. Contudo, a administração surgiu ainda com as primeiras comunidades primitivas. Os homens, em suas expedições de caça e pesca, além de construírem suas próprias ferramentas, também tomavam decisões, planejavam e dividiam o trabalho. Eles precisavam definir a rota de caça, o local onde ficariam acampados, as armadilhas, etc. Assim, você pode considerar que as expedições já tinham características de organizações, e seus líderes, características de gerentes (MAXIMIANO, 2012). Por volta de 3000 a.C., a arte de administrar já era exercida pelos sumerianos, quando buscavam soluções para seus problemas práticos. A administração foi utilizada, por exemplo, na formação de uma sociedade de irrigação idealizada pelos primeiros colonizadores da Mesopotâmia. Como a água era abundante, seu uso foi organizado por pequenas comunidades autossuficientes e interligadas. Os coordenadores dessas comunidades eram os sacerdotes, que transformaram os templos em centros adminis- trativos, com funcionários que registravam as atividades de recebimento, armazenagem e pagamento de produtos escassos, como madeira e metais, que eram comercializados. Os funcionários e esses produtos eram pagos com o que sobrava da agricultura irrigada. Além da escrita e da aritmé- tica, os sumérios criaram a administração pública com funcionários e práticas burocráticas. Assim, nessa época era realizada a escrituração de operações comerciais e surgiram os primeiros funcionários e dirigentes administrativos profissionais. Em 3100 a.C., o Egito já praticava o planejamento em longo prazo quando se preparava para o ciclo de inundação, cultivo e seca. Além disso, man- Bases históricas da administração2 tinha uma rede de fortes com soldados assalariados e com suprimentos suficientes para 12 meses. Outro exemplo de prática administrativa foi a construção de suas pirâmides, que exigiram dos egípcios habilidades técnicas e administrativas para resolver grandes problemas relacionados à mão de obra, aos arquitetos e à logística. Dessa forma, essa época foi marcada pela construção de grandes pirâmides, práticas de planejamento, organização e controle sofisticadas. Em 2000 a.C., a decadência dos sumérios abre espaço para o domínio dos babilônios, cujo registro de transações comerciais era feito cuidadosamente em placas de argila, mostrando sua preocupação com o controle. As cores eram utilizadas para o controle da produção, dos estoques de tecidos e dos celeiros. O código do rei Hamurabi, com 282 regras, é outro exemplo do uso da administração pelos babilônios. Tal documento é um dos primeiros e talvez o mais famoso conjunto de leis da história. Em algumas regras, é possível identificar princípios de controle e de responsabilidade. Os babilônios foram responsáveis ainda pela criação de um sistema de incentivos salariais, como o pagamento destinado às mulheres encarregadas da fiação e da tecelagem, que recebiam de acordo com a produção individual. Destacam-se também os assírios, que contribuíram para o grande avanço na área da organizaçãomilitar, servindo de modelo para exércitos posteriores, principalmente em relação a depósitos de suprimentos, colunas de transporte e companhias para a construção de pontes, demonstrando grande preocupação com a logística. Entre os anos 2350 e 2256 a.C., na China, o imperador Yao empregou o princípio de assessoria, que foi utilizado por outros governantes. Uma técnica que se tornou tradicional na administração pública da China foi a de aconse- lhamento com os assessores, delegando a eles autoridade para a resolução de problemas. A constituição da dinastia de Chow (1100 a.C.) é outro exemplo de prática de administração pelos chineses. Essa dinastia criou um manual de administração com oito regulamentos e regras de administração pública a serem seguidos por um primeiro ministro. Assim, fica clara a tentativa de definir regras e princípios de administração. Você pode considerar também Sun Tzu, que escreveu sobre estratégia militar e que, no tratado A Arte da Guerra, apresenta teorias para evitar batalhas e intimidar psicologicamente os inimigos utilizando o tempo, em vez da força, para desgastá-los e atacá-los quando estivessem desprevenidos. As Muralhas da China são outro exemplo da adoção de práticas administrativas. A obra empregou milhares de pessoas para a construção de 1.500 quilômetros ao longo de quase 10 anos. 3Bases históricas da administração A Arte da Guerra é um manual de recomendações que trata dos princípios fundamentais de planejamento, comando, doutrina e outros. Esse manual atravessou os séculos e é muito utilizado na administração de todos os tipos de organização (MAXIMIANO, 2012). A Grécia também marcou significativamente a administração de organi- zações de todos os tipos. Fez isso por meio da produção de ideias e da solução de problemas com debates e proposições sobre temas como democracia, estratégia, igualdade de todos diante da lei, ética na administração pública, planejamento urbano, entre outros. Por fim, você pode considerar Roma, já que princípios e técnicas de admi- nistração construíram e mantiveram o Império Romano por muitos anos. Entre as contribuições dos romanos para a administração, estão: o planejamento e o controle das finanças públicas; a autoridade formal e as regras de convivência definidas legalmente; os diversos tipos de executivos, como senadores, ma- gistrados e imperadores; a criação de empresas privadas; a divisão dos povos para governar, entre outros (MAXIMIANO, 2012). Grandes filósofos da Antiguidade também contribuíram para a administra- ção moderna. Sócrates enxergava a administração como habilidade pessoal; Platão, filósofo grego, expôs em sua obra A República sua percepção sobre democracia e administração dos negócios públicos; Aristóteles, também filósofo grego, em sua obra A Política, se preocupou com a organização do Estado, dividindo a administração em monarquia, aristocracia e democracia; Confúcio, pensador e filósofo chinês, defendia a ideia da meritocracia e do ingresso na burocracia por meio do mérito; Mêncio, também filósofo chinês e fiel seguidor de Confúcio, defendia a meritocracia e a democracia, o povo como o elemento mais importante de uma nação e a sistematização para a condução dos negócios públicos, além de que se preocupava com o profissionalismo na administração pública (SILVA, 2013). Nomes como Francis Bacon, René Descartes, Jean-Jacques Rousseau, Karl Marx e Maquiavel também contribuíram significativamente para a ciência administrativa, bem como a Igreja Católica Romana. Assim, grande parte da história da administração é a história de cidades, governos, exércitos, países e organizações religiosas. Foi somente a partir do final do século XIX e início do século XX que a administração começou a ser tratada como ciência, tornando- -se um corpo organizado de conhecimentos e teorias (MAXIMIANO, 2012). Bases históricas da administração4 Teoria é uma palavra ampla. Além de compreender proposições que explicam a realidade prática, compreende também princípios, doutrinas e técnicas que orientam os administradores na solução de problemas práticos. As teorias da administração estão organizadas em escolas ou enfoques, que significam uma linha de pensamento sobre as organizações e a sua administração (MAXIMIANO, 2011). Evolução da administração: do capitalismo mercantil à Revolução Industrial A administração passou por várias fases e vem evoluindo ao longo dos tempos, infl uenciando o mundo todo. Como prática inerente ao homem, ela sempre existiu. No entanto, conforme foram surgindo e se complexifi cando as organizações, ela precisou ser estudada, estruturada e se tornou ciência. Cada momento da história da administração se caracterizou por acrescentar diferentes experiências ao processo de gerir as organizações. E, quando se fala em evolução do estudo da administração, não pode fi car de lado a Re- volução Industrial, fenômeno que revolucionou a produção e a aplicação de conhecimentos administrativos. Porém, antes de você estudar a Revolução Industrial, é importante conhecer resumidamente outro momento que a antecedeu, o capitalismo mercantil ou mercantilismo. Ele teve sua expansão a partir do século XV e influenciou profundamente as práticas administrativas dos negócios. O mercantilismo é um conjunto de práticas econômicas que surgiu na Europa a partir do século XV, após o período feudal. Ele se caracteriza principalmente pelo fato de a riqueza de uma nação ser obtida por meio da comercialização de ouro e prata extraídos de suas colônias. Nesse processo, se destacaram Inglaterra, França, Portugal e Espanha (MAXIMIANO, 2011). O mercantilismo foi um momento de transição entre o feudalismo e o ca- pitalismo que abriu o caminho para a Revolução Industrial. Os barões feudais perdiam seu poder, fazendo com que muitas terras europeias ficassem livres 5Bases históricas da administração de seu domínio e se transformassem em cidades, chamadas burgos — seus habitantes eram chamados burgueses. Os burgueses começaram a se organizar livremente, definindo seus papéis sociais na comunidade, o que fez surgir uma atividade econômica e profissionais autônomos, que buscavam atender às necessidades das cidades. A liberdade dos burgueses fez o comércio se expandir e ultrapassar as fronteiras europeias, dando início às grandes navegações, em busca de novos mercados e fornecedores de matéria-prima. Isso estimulou a exploração de novas terras; o descobrimento de novos povos e produtos; o aparecimento de vendedores e agenciadores de matéria-prima e mão de obra; e o acúmulo de metais oriundos de suas colônias, concedendo o status de potência mercantilista à metrópole (MAXIMIANO, 2012; BRESSER- -PEREIRA et al., 2016). Nessa fase, as cidades-estado eram a base do comércio de longa distância, ou seja, da compra e da venda de metais preciosos, especiarias e outros bens de luxo, realizadas por meio de camelos, mulas e navios à vela. Apesar de o comércio de longa distância possibilitar aos comerciantes o acúmulo de capital e grande lucro, esses fatores eram instáveis, por isso eles começaram a investir em manufatura. No entanto, o modo de produção era bastante rudimentar e os produtos eram feitos de forma artesanal, ou seja, com a utilização de ferramentas básicas, pois não havia máquinas complexas. Isso fazia com que a produção fosse lenta e cara (BRESSER-PEREIRA et al., 2016). Com o aumento da demanda, as antigas e tradicionais oficinas precisa- ram ser ampliadas e aos poucos foram se transformando em fábricas, com produção em uma escala maior e ritmo intenso. Isso criou a necessidade de máquinas para aumentar a produtividade. Nesse contexto, muitas tarefas realizadas de forma manual passaram a ser mecanizadas, ou seja, parte da mão de obra foi substituída por máquinas, gerando a divisão no trabalho e a criação de novas categorias de trabalhadores, uma vez que os artesãos, além de serem poucos, eram limitados à produção em pequena escala. Os capitalistaspassam então a dominar a produção e a comercialização de bens, bem como a tomar decisões sem a participação dos trabalhadores, como era feito no período medieval. Dessa forma, além das mudanças nos meios de produção e comercialização de bens, houve também uma mudança de valores (MAXIMIANO, 2012). Você deve estar se perguntando: e as práticas de administração, onde estavam? Estavam no controle contábil-financeiro da movimentação de merca- dorias entre regiões; na organização da demanda da produção artesanal e dos ganhos e garantias resultantes da comercialização dos produtos; e na divisão Bases históricas da administração6 e na especialização do trabalho. Pode-se dizer, então, que o mercantilismo foi marcado pela supremacia naval, pela fartura de recursos naturais e pelo acúmulo de capital. Desde a Antiguidade até cerca de 1780 (início da Revolução Industrial), os produtos eram fabricados em pequenas oficinas, de forma artesanal e sem padronização. Era a chamada fase artesanal, marcada pelo artesanato rudimentar e pela mão de obra intensiva e não qualificada na agricultura, com predomínio de oficinas, granjas e agricultura e sistema comercial baseados em trocas nos mercados locais (SILVA, 2013). Com o surgimento das primeiras fábricas, com a divisão do trabalho e a invenção das máquinas a vapor, surge a Revolução Industrial no século XVIII. A partir daí, o desenvolvimento da administração passa a ser influenciado pelo surgimento de empresas industriais, com maquinários que possibilitavam aumento acelerado do processo produtivo, com padronização e maior quali- dade. Surgem também a hierarquia, a disciplina, a vigilância e o controle de tarefas e dos trabalhadores. Nesse período, muita riqueza foi gerada, novos empregos surgiram, houve crescimento de cidades e regiões, tiveram início novas relações de poder e foram criados novos interesses comerciais. Houve também o surgimento do comércio exterior, da pesquisa e do desenvolvimento de novos produtos. A Revolução Industrial teve duas fases (MAXIMIANO, 2012), como você pode ver a seguir. Primeira Revolução Industrial (1780 a 1860): marcada pela mecani- zação das oficinas e da agricultura, ou seja, foi o período de adaptação das oficinas à nova tecnologia da máquina a vapor. O carvão como fonte de energia e o ferro como material básico da indústria passam a ser os principais recursos para o desenvolvimento dos países. As oficinas se transformam em fábricas e usinas; as máquinas substituem o trabalho humano e há o desenvolvimento do sistema fabril, o crescimento nos setores de transporte e comunicação. Surgem as locomotivas a vapor e o crescimento da navegação. Segunda Revolução Industrial (1860 a 1914): marcada pelo desenvol- vimento da indústria. O aço e a eletricidade passam a ser os principais 7Bases históricas da administração recursos para o desenvolvimento do país, substituindo o carvão e o ferro. Há grande e crescente influência da ciência e da tecnologia na indústria. Nessa época, surgem o automóvel, o avião, o telefone e o telégrafo sem fio. Com o desenvolvimento crescente das indústrias, surgem também os grandes bancos e instituições financeiras, substi- tuindo o capitalismo industrial pelo capitalismo financeiro, provocando grande ampliação do mercado. Houve também a invenção do motor a combustão, a substituição do vapor pela eletricidade, o surgimento de máquinas automáticas, etc. A Revolução Industrial substituiu o artesão pelo operário; contribuiu para a criação das fábricas e a evolução dos maquinários; fez surgir as organizações sindicais; e contribuiu para o crescimento das cidades. Ou seja, proporcionou mudanças econômicas, políticas, sociais, ambientais e culturais que se refletem até hoje. A Revolução Industrial trouxe também alguns transtornos, como o êxodo rural. As pessoas que moravam no campo deixavam suas famílias e iam para as cidades, sedu- zidas pela possibilidade de trabalhar nas indústrias. No entanto, isso nem sempre dava certo, especialmente pela falta de qualificação da mão de obra e pela substituição desta pelas máquinas (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Administração nos tempos atuais Após a fase da segunda Revolução Industrial, veio a fase do gigantismo in- dustrial, de 1914 e 1945, época entre as duas grandes guerras mundiais. Nesse período, a organização e a tecnologia eram utilizadas na indústria bélica. As empresas encontravam-se em franca expansão, passando a atuar também no mercado internacional. Houve uma signifi cativa aplicação tecnocientífi ca nas indústrias, principalmente com ênfase em materiais petroquímicos, o que contribuiu para o aperfeiçoamento dos setores de transporte e comunicação (SILVA, 2013). Em seguida, começou a fase moderna, entre 1945 e 1980, com o apare- cimento de produtos e processos mais sofisticados decorrentes dos avanços Bases históricas da administração8 tecnológicos. Surgiram também as primeiras empresas de grande porte no Brasil, bem como problemas econômicos, gerando incerteza e imprevisibi- lidade no mercado. Após 1980, se inicia a fase da globalização ou incerteza, marcada por grandes e novos desafios, dificuldades, oportunidades e ameaças, gerando um ambiente complexo e dinâmico. Foi uma época caracterizada por escassez de recursos, concorrência cada vez mais acirrada, dificuldade de compreensão do mercado e de informações, mudança brusca no modelo de gestão das organizações e revolução dos computadores, que passam a substituir o ser humano em termos físicos e intelectuais (SILVA, 2013). A globalização influenciou e continua influenciando a vida das socieda- des e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Com as mudanças cada vez mais rápidas, novas necessidades são geradas, fazendo com que as organizações se tornem mais complexas e sem fronteiras, depen- dendo de uma administração de qualidade que garanta seu crescimento e seu sucesso no mercado. A globalização tornou o mercado altamente competitivo e alvo de rápidas transformações políticas, sociais, ambientais e tecnológicas, originando novos perfis de atores sociais, novos concorrentes, novos padrões de consumo, etc. (SOBRAL; PECI, 2013). Dessa forma, as organizações precisam estar preparadas para todo tipo de mudanças. Elas devem adotar novas estratégias e novas formas de administrar que as ajudem a enfrentar o mercado cada vez mais competitivo, encontrando respostas para as exigências que se impõem e garantindo sua sobrevivência. Ou seja, o mercado é dinâmico e está em constante transformação, fazendo com que as organizações convivam permanentemente com a necessidade de adaptação. Isso exige delas a capacidade de realizar mudanças em seus processos, relacio- namentos, modelos de gestão, estruturas, cultura, etc. (SOBRAL; PECI, 2013). O conhecimento e a informação são outros aspectos fundamentais na admi- nistração atual. São considerados uma das principais vantagens competitivas da organização. Saber administrá-los é fator crítico de sucesso para as empresas. Os fatores críticos de sucesso (FCS) são aspectos fundamentais para a organização, que precisam ser bem executados para garantir seu desenvolvimento, seu crescimento e o alcance dos objetivos. São aspectos que, se mal executados, podem levar a organização ao fracasso (MAXIMIANO, 2012). 9Bases históricas da administração Na sociedade contemporânea, o acesso às informações é cada vez mais amplo, e a comunicação independe do tempo e da distância. Por isso, as infor- mações precisam ser administradas para que cumpram seu papel. É importante compreender os fluxos de informação como processos que agregam valor à informação e que podem ser explorados para promover melhorias. Uma das funções do administrador é tomar decisões. Para tal, ele precisa estar bem informado e conhecer o ambiente em que a organização está inserida, não só o ambiente interno, mas os fatores externos que influenciam sua gestão. Nesse contexto, a informação é essencial(SIQUEIRA, 2005). O conhecimento, por sua vez, é o conjunto de informações valiosas da mente humana (argumentos, reflexão e síntese), que precisa ser bem gerenciado. A informação e o conhecimento são essenciais nas organizações, pois são a base de todas as atividades desenvolvidas, desde o planejamento até a execução das ações planejadas, assim como o processo de decisão. Por isso, devem ser geridos para a busca de novas fontes de vantagem competitiva, melhorando o funcionamento da organização e tornando-a mais eficiente (SIQUEIRA, 2005). A gestão do conhecimento é um conjunto de atividades cuja finalidade é promover o conhecimento dentro da organização, possibilitando que ela e seus colaboradores utilizem as melhores informações e os melhores conhecimentos disponíveis. Nesse sentido, são fundamentais uma visão estratégica e a promoção da aquisição, da criação, da codificação e da transferência de conhecimentos para o alcance dos objetivos organizacionais e a maximização da competitividade (ALVARENGA NETO, 2002). Outros aspectos importantes para a administração nos dias atuais é a mudança de estratégias de gestão e a adoção de práticas de descentralização, que incentivem a criatividade e a inovação. Contar com trabalhadores esti- mulados, comprometidos e envolvidos com a missão da organização de forma a realizar as mudanças necessárias também é fundamental. É nesse contexto que surge a necessidade de aprimoramento da gestão. Ou seja, além de possuir conhecimentos técnicos e teóricos sobre a arte e a ciência da administração, os administradores precisam estar atualizados, acompanhando as mudanças que ocorrem não somente no ambiente que envolve as organizações, mas nos conhecimentos produzidos no campo da administração. Além disso, é necessário compreender o universo que envolve as relações interpessoais e Bases históricas da administração10 as motivações das pessoas. Ou seja, o administrador precisa estar em cons- tante processo de aprendizagem, uma vez que o mundo da administração é altamente complexo. Veja, a seguir, alguns dos desafios que se colocam à administração e aos administradores (LACOMBE; HEILBORN, 2008). Desafios tecnológicos: necessidade e capacidade de introduzir no- vas tecnologias para agilizar, flexibilizar e modernizar os processos administrativos. Desafios sociais e humanos: dirigir pessoas e grupos com competên- cias, experiências e culturas diferentes e particulares. Capacidade de lidar com a diversidade. Desafios de mercado: conhecer os clientes, a concorrência, os clientes potenciais, o ambiente interno e externo da organização. Satisfazer as necessidades e desejos dos clientes, agregando valor ao produto ou serviço. Desafios de negócio: gerar lucros e dividendos para os stakeholders. Desafios comunitários: manter um bom relacionamento com a comu- nidade em que está inserida e contribuir para o seu desenvolvimento. Desafios ambientais: adotar produção consciente, ou seja, respeitar as leis e normas ambientais, não causando danos ao meio ambiente e buscando a sustentabilidade do negócio. Desafios globais: administrar global e localmente ao mesmo tempo. Desafios de inovação: criar produtos, processos e sistemas inovadores, agregando valor aos clientes e desenvolvendo produtos personalizados. Desafios da concorrência: buscar continuamente meios de alcançar vantagem competitiva e superar a concorrência. Desafios éticos e sociais: dirigir o negócio com ética e transparência e ser uma empresa socialmente responsável com seu público interno e externo. A administração é uma combinação de arte e ciência. Ciência porque tem por base princípios, técnicas e conhecimentos; e arte porque exige do administrador a capacidade de lidar com o inesperado, usando sua intuição e sua sensibilidade. Dessa forma, o administrador deve estudá-la cientifica- mente, mas também estar atento a aspectos aos quais teorias não podem ser aplicadas, como é o caso do relacionamento interpessoal. O maior desafio do administrador é estimular a motivação nas pessoas para um desempenho de excelência, criando um clima organizacional adequado para o trabalho em equipe, incentivando comportamentos de cooperação, criando propósitos comuns e transformando-os em ação (LACOMBE; HEILBORN, 2008). 11Bases históricas da administração ALVARENGA NETO, R. C. D. Gestão da informação e do conhecimento nas organizações: análise de casos relatados em organizações públicas e privada. 2002. 235 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Escola de Ciência da informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002. BRESSER-PEREIRA, L. C.; NASSIF, A. FEIJÓ, C. A reconstrução da indústria brasileira: a conexão entre o regime macroeconômico e a política industrial. Revista de Economia Política 36 (3), p. 493-513, 2016. LACOMBE, F.; HEILBORN, G. Administração: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 8. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2011. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G. Teoria geral da administração. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. SILVA, R. O. Teorias da administração. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2013. SIQUEIRA, M. C. Gestão estratégica da informação. Rio de Janeiro: Brasport, 2005. SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2013. Leitura recomendada CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a infor- mação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Senac, 2003. Bases históricas da administração12 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR A Administração passou por diversas fases e vem evoluindo ao longo do tempo, marcando e influenciando o mundo. Cada momento da história da Administração se caracterizou por acrescentar diferentes experiências ao processo de gerir as organizações. Nesta Dica do Professor, você verá aspectos da fase artesanal e da produção industrial. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros administradores e que foram evoluindo ao longo do tempo, ajustando-se às situações da cada momento histórico. Como é chamado o documento que possui 282 regras e é considerado um dos primeiros e, talvez, o mais famoso conjunto de leis da história, contendo os princípios da administração? A) Dinastia de Chow. B) Código do Rei Hamurábi. C) Código de Sun Tzu. D) Pensamento de Sócrates. E) Manual de Confúcio. Foram muitos os povos a demonstrarem práticas administrativas quando a administração ainda não existia como ciência. O princípio de assessoria, que consistia no aconselhamento com assessores e o exercício da delegação de autoridade, foi 2) empregado por quem? A) Mêncio. B) Maquiavel. C) Francis Bacon. D) Chow. E) Imperador Yao. 3) A Administração passou por diversas fases e vem evoluindo ao longo do tempo, marcando e influenciando o mundo. Qual foi o momento de transição entre o feudalismo e o capitalismo que abriu o caminho para a Revolução Industrial? A) Renascimento. B) Período Medieval. C) Mercantilismo. D) Revolução Urbana. E) Reforma. 4) O administrador tem como um de seus desafios estimular seus funcionários, para um desempenho de excelência. Outros desafios também se apresentam no cenário atual. Criar mercadorias, processos e sistemas, agregando valor aos clientes e desenvolvendo produtos personalizados diz respeito a que desafio? A) Desafio ambiental. B) Desafio de inovação. C) Desafio de padronização. D) Desafio denegócio. E) Desafio tecnológico. 5) A globalização influenciou e continua influenciando a vida das sociedades e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Dessa forma, são muitos os desafios do administrador. Conhecer os clientes (potenciais ou não), a concorrência, o ambiente interno e externo da organização e satisfazer as necessidades e desejos do consumidor, agregando valor ao produto ou serviço, diz respeito a que desafio? A) Desafio de mercado. B) Desafio de negócio. C) Desafio social e humano. D) Desafio global. E) Desafio da concorrência. NA PRÁTICA A produção em série foi a inovação mais importante da era industrial e continua a ser aperfeiçoada continuamente. As formas de produzir e de administrar vêm evoluindo ao longo do tempo, adaptando-se às mudanças sociais, políticas, econômicas, ambientais e culturais. Na produção de automóveis, por exemplo, há mais de 100 anos, Henry Ford aperfeiçoou a fabricação de carros mais baratos, que fossem acessíveis aos cidadãos comuns. Para isso, estudou métodos de produção e chegou à conclusão de que estes deveriam ser todos iguais, ou seja, ele iria massificar a produção. Para tanto, desenvolveu um sistema de esteiras, em que o veículo era movimentado e cada operário era responsável por uma fase da montagem. A linha foi inaugurada em 1913 e construía o Ford T em 84 etapas – percebe-se, aqui, a divisão do trabalho (um dos princípios da Administração elaborados por Fayol) e o princípio da produção em massa e linha de montagem de Taylor. Conheça, Na Prática, mais detalhes dessa evolução de automóveis no decorrer das décadas e perceba a forma como a Administração contribui para o sucesso das empresas. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Relação capitalismo & administração: mudanças na Administração ? luz das fases do capitalismo Este artigo aborda a relação entre capitalismo e administração, discorrendo sobre as características desta nas fases recentes do capitalismo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão do conhecimento: um estudo de modelos e sua relação com a inovação nas organizações Este artigo busca analisar modelos de gestão do conhecimento e sua aplicação nas empresas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Evolução e correntes de pensamento da Administração O material indicado apresenta uma análise contemporânea da Administração. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Fordismo APRESENTAÇÃO O aumento da produção, decorrente da expansão da Revolução Industrial, no final do século XIX e início do século XX, exigiu métodos totalmente novos de administração. Dentre as pessoas que participaram desse processo de inovação, destaca-se Henry Ford, devido à sua contribuição prática para a resolução de problemas de eficiência. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os níveis de planejamento e execução, segundo Ford; os princípios de produtividade, intensificação e economicidade; e o conceito de eficiência relacionado ao bem-estar do trabalhador. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar os níveis de planejamento e de execução na visão de Ford.• Descrever os princípios de produtividade, de intensificação e de economicidade.• Relacionar o conceito de eficiência ao de bem-estar do trabalhador.• DESAFIO Ford desejava tornar a sua empresa eficiente. Para ele, a eficiência estava relacionada à produção, à motivação e ao salário, bem como à minimização de custos e preços. Neste Desafio, considere que seu professor de Administração gosta muito de contextualizar as teorias que ensina em sala de aula. Atualmente, vocês estão estudando sobre as contribuições de Ford para a Teoria da Administração. Assim, ele marcou com a turma um encontro no shopping mais movimentado de sua cidade, mais precisamente em uma das redes de fast food mais famosas do mundo. Então, com base no que foi relatado, você se arriscaria? 1) Identifique pelo menos dois processos padronizados observados no interior da loja. 2) Destaque uma vantagem e uma desvantagem da padronização de processos. INFOGRÁFICO Ford marcou a teoria e prática da administração inovando não só no campo da produção, como também no modelo de remuneração e da jornada de trabalho de seus empregados. No Infográfico a seguir, você vai conhecer o significado de Fordismo e de planejamento e execução, além dos princípios de Ford. Confira. CONTEÚDO DO LIVRO Aperfeiçoando os princípios de Taylor, de padronização e de simplificação, Ford desenvolveu outras técnicas que tornaram seu processo de produção altamente eficiente. Ele acreditava que o trabalho deveria ser dividido, contínuo, repetitivo e em cadeia e que para que fosse dinâmico, produtivo e sem interrupções, deveria ir até ao homem e não o homem até ele. A linha de montagem móvel foi um das inovações que Ford levou para a indústria. No capítulo Fordismo, da obra Teorias da Administração, você vai estudar os níveis de planejamento e de execução, segundo Ford, bem como os princípios da produtividade, da intensificação e da economicidade. Por fim, vai identificar o conceito de eficiência, relacionando-o ao bem-estar do trabalhador. Boa leitura. TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO Ligia Maria Fonseca Affonso Fordismo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar os níveis de planejamento e execução na visão de Ford. Descrever os princípios da produtividade, intensificação e da economicidade. Relacionar o conceito de eficiência ao de bem-estar do trabalhador. Introdução Ford levou os princípios da administração científica para o ambiente industrial de uma forma inédita. Ele implantou a divisão do trabalho, definiu que era necessário escolher o trabalhador certo para cada tarefa e criou a linha de montagem móvel, em que os produtos se movem enquanto as estações de trabalho permanecem estáticas. Com isso, conseguiu aumentar a produtividade e, adotando a padronização de tarefas, alcançar a tão sonhada eficiência. Neste capítulo, você vai estudar os níveis de planejamento e execução, segundo Ford. Também vai conhecer os princípios da produtividade, da intensificação e da economicidade. Por fim, vai ver como o conceito de eficiência se relaciona ao bem-estar do trabalhador. Planejamento e execução Na passagem do século XIX para o século XX, a Revolução Industrial representou um marco na administração, fazendo com que ela avançasse signifi cativamente e mudasse a realidade das organizações. Para você ter uma ideia, em 1880 existiam cerca de 2,7 milhões de trabalhadores na indústria americana; em 1900, esse número cresceu para 4,5 milhões. Neste mesmo ano, existiam fábricas que empregavam 500, mil e mais de mil pessoas. As fábricas maiores, as usinas siderúrgicas, empregavam entre 8 e 10 mil pessoas. Essas fábricas não tinham concorrência em tamanho até a chegada da indústria automotiva. Em 1914, a fábrica de Henry Ford situada em Highland Park, no estado de Illinois (Estados Unidos), contava com 13 mil trabalhadores. Com o passar dos anos, esse número foi aumentando e, em 1924, já eram 42 mil pessoas empregadas. No mesmo ano, a fábrica de Ford em River Rouge, no estado do Michigan, empregava 70 mil pessoas, sendo considerada a maior fábrica do mundo (CORRÊA, 2003). O aumento da produção exigiu métodos totalmente novos de administração e foram muitas as pessoas que participaram desse processo de inovação. A mais importante delas foi Taylor, que, com seus seguidores, transformou a administração da eficiência do trabalho em um conjunto de conhecimentos. Destaca-se também nesse processo a contribuição prática de Ford para a resolução de problemas de eficiência. Frederick W. Taylor foi o engenheiro americano que crioua administração científica, uma das teorias da administração, no final do século XIX e início do século XX. Ele aplicou métodos científicos para solucionar os problemas administrativos da época. Sua ideia era controlar o desperdício nas indústrias e elevar os níveis de produtividade (MAXIMIANO, 2012). Ford marcou a teoria e a prática da administração. Além de levar os prin- cípios da administração científica para o ambiente industrial em uma escala inédita, com a divisão do trabalho e a escolha do trabalhador certo para cada tarefa, criou a linha de montagem móvel, em que os produtos se movem enquanto as estações de trabalho permanecem estáticas (Figura 1). Com isso, ele conseguiu aumentar a produtividade, uma vez que não havia perda de tempo com a movimentação dos trabalhadores para a busca de peças em estoque e dentro da fábrica. Além disso, Ford estabeleceu que o montador, além de não precisar mais apanhar peças no estoque enquanto montava o carro, pois elas estariam nos postos de trabalho, executaria uma única tarefa, isto é, a montagem e a pro- dução em si. É importante você notar que a movimentação dos trabalhadores Fordismo2 consumia tempo. Como cada um deles tinha uma velocidade diferente de trabalho, os que eram mais rápidos perdiam sua eficiência quando tinham de esperar pelos mais lentos. Figura 1. Linha de montagem móvel. Fonte: Tribuna (2011, documento on-line). Henry Ford foi um empresário com visão prática. Ele buscou solidificar o conceito de eficiência em uma fábrica de automóveis por meio do desenvolvimento de novas metodologias de produção e de trabalho (SILVA, 2013). A linha de montagem móvel teve um desenvolvimento rápido. Em 1912, seu conceito, sem mecanização, já era adotado na fabricação de motores, radiadores e componentes elétricos. Em 1914, já mecanizada, montava um chassi em 1 hora e 33 minutos, enquanto no modo artesanal o mesmo trabalho era realizado em 12 horas e 28 minutos. Essa tecnologia também impactava as finanças, uma vez que reduzia a necessidade de investimentos de capital. Com o aumento da velocidade na produção, diminuíam também os custos de estoque de peças que ficavam à espera da montagem. Ou seja, quanto mais carros eram produzidos, mais baratos ficavam (MAXIMIANO, 2012). 3Fordismo Ford projetou o Modelo T para ser fabricado em linhas de montagem. Seu intuito era vender carros a preços populares, garantindo assistência técnica. Ou seja, sua intenção era popularizar um produto que antes era fabricado artesanalmente e destinado a milionários. Isso gerou uma revolução comercial estratégica na época (SOUZA, 2015). Ford dividia a empresa em dois níveis diferentes: planejamento e execução. Para ele, no planejamento, quem elaborava os métodos e o próprio trabalho eram os técnicos; e quem os executava eram os operários, cujo trabalho era levado às suas mãos (SILVA, 2013). Veja a diferença entre o sistema de Taylor e o sistema de Ford no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Silva (2013). Sistema de Taylor Sistema de Ford O operário tinha um tempo padrão para executar sua tarefa com movi- mentos regulados e prescritos pela administração de planejamento. O operário executava sua tarefa adap- tando seus movimentos à velocidade da esteira rolante, sendo conduzido naturalmente a um ritmo involuntário, de acordo com o nível de produção. Havia preocupação exagerada com a economia do trabalho humano. Havia preocupação com a economia de material e de tempo. O trabalho individual era valorizado. O trabalho da equipe era valorizado, e o operário era livre para executar a tarefa da forma que preferisse. Os movimentos eram executados sob rígido controle. Os movimentos eram adaptados ao ritmo da produção, às aptidões e à vontade. Havia preocupação com o estudo do tempo despendido pelo homem e pela máquina. Havia preocupação em trabalhar continuamente para eliminar o tempo perdido pela matéria-prima. Quadro 1. Diferença entre o sistema de Taylor e o sistema de Ford Fordismo4 A principal diferença entre os dois sistemas de administração, como des- taca Silva (2013), está no fato de que no sistema de Taylor os movimentos dos funcionários eram rigidamente controlados. Já no sistema de Ford, havia a preocupação de que os movimentos fossem adaptados de modo confortável ao ritmo da produção, às aptidões e à vontade dos funcionários. A padronização do trabalho levava à especialização e imprimia um ritmo constante para a sua realização, com rotinas estabelecidas. Dessa forma, era o trabalho que dirigia a empresa. Vantagens da padronização: aumento da produtividade; redução de erros no processo; redução de custos; maior eficiência da execução das atividades; simplicidade e praticidade na execução das tarefas. Desvantagens da padronização: trabalho repetitivo e monótono; inibição da cria- tividade e da inovação; especialização do trabalhador (MAXIMIANO, 2012). Ford não estava preocupado em organizar a indústria de forma geral ou em estudar os reflexos e as interações individuais ou coletivas. O que ele queria era tornar a sua empresa eficiente. Para ele, a eficiência era, por um lado, a produção, a motivação e o salário; por outro, a minimização de custos e preços (SILVA, 2013). As linhas de montagem da Ford incorporavam os principais elementos da administração científica, como os desenhos de produtos padronizados, a produção em massa, os baixos custos de produção, as linhas de montagem mecanizadas, a especialização de mão de obra e as peças intercambiáveis (peças idênticas que se encaixam em qualquer montagem do mesmo tipo) (SOUZA, 2015). 5Fordismo Você ainda deve notar que, junto ao trabalhador especializado, principal sujeito da linha de montagem móvel, novos profissionais ganharam espaço. Por exemplo: o engenheiro industrial, responsável pelo planejamento e pelo controle da montagem; o engenheiro de produção, responsável pelo planejamento do processo de produção; os supervisores, responsáveis por identificar problemas na fábrica, para serem corrigidos pela administração; os técnicos, responsáveis por calibrar e reparar as ferramentas; o reparador, responsável por executar consertos rápidos; o pessoal da limpeza, responsável por limpar constantemente as áreas de trabalho. Infelizmente, os trabalhadores especializados mas sem qualificação não possuíam perspectivas de ascensão profissional, privilégio apenas dos enge- nheiros (MAXIMIANO, 2012). Você sabe o que é a especialização do trabalhador? No sistema de produção em massa, o produto é dividido em partes. Por sua vez, o processo para fabricá-lo é dividido em etapas, que correspondem à montagem de uma parte do produto. Nesse sistema, cada pessoa ou grupo de pessoas é responsável por uma tarefa única. A divisão do trabalho implica a especialização do trabalhador (MAXIMIANO, 2012). Princípios de Ford Como você já deve ter notado, Ford era um visionário e possuía bom faro para o mercado. Ele revolucionou a indústria automotiva no início do século XX, aperfeiçoando o sistema produtivo de Taylor. Além disso, foi ele quem colocou os dois princípios da produção em massa — a padronização de peças e a especialização do trabalhador — no mais alto patamar da indústria. Fordismo6 Produção em massa: fabricação de produtos iguais em grandes quantidades. Padronização: processo produtivo em que todos os produtos são iguais e que, por isso, simplifica a produção (LACOMBE, 2009). Em busca da padronização, Ford adotou um sistema único de calibragem para todas as peças, em todo o processo de produção. Além disso, ele diminuiu a quantidade de peças de seus produtos, simplificando seu processo produtivo. Com isso, quanto maior era a demanda, maior era a produção. Consequen- temente, menores eram os custos por unidade, uma vez que os custos fixos eram diluídos em mais unidades produzidas (economia de escala). Além disso, os trabalhadores iam se especializando cada vez mais em suas tarefas de produção (curvade aprendizagem); e, ao comprar os insumos em grande quantidade, havia redução em seu preço (SOUZA, 2015). Veja, no Quadro 2, as características dos princípios da produção em massa no sistema de Ford. Fonte: Adaptado de Souza (2015). Princípios da produção em massa Peças padronizadas Trabalhador especializado Máquinas especializadas Tarefa única ou pequeno número de tarefas Sistema universal de fabricação e calibragem Posição fixa em uma sequência de tarefas Controle da qualidade O trabalho chega até o trabalhador Simplificação de peças Peças e máquinas no posto de trabalho Simplificação do processo produtivo Quadro 2. Características da produção em massa no sistema de Ford Veja que a principal característica da padronização foi a simplificação dos processos de trabalho e das peças, uma vez que foram diminuídas em quan- 7Fordismo tidade e seguiam o mesmo padrão. O que marca a especialização do trabalho no sistema Ford é a posição fixa do funcionário em seu posto de trabalho. O sonho da produção em massa de Taylor foi realizado pela genialidade de Ford. Ou seja, pela primeira vez na história se produzia um único modelo de automóvel em grande quantidade, com custos e preços reduzidos e acessível a um maior número de consumidores. Ford conseguiu popularizar um produto que antes era restrito a uma pequena parcela de consumidores com alto poder aquisitivo (LACOMBE, 2009). As vantagens do modelo de Ford fizeram com que ele passasse a ser adotado pelas indústrias americanas e logo se expandisse para indústrias do mundo todo. Assim, Ford iniciou a era das grandes fábricas e indústrias, em que os pátios viviam lotados de produtos, os estoques eram volumosos, o número de trabalha- dores era excessivo e a movimentação interna de materiais, intensa. Nesse sistema de produção, os recursos necessários ficavam concentrados em um único lugar. Até hoje as linhas de montagem movimentam diversos tipos de produtos, em diferentes fases da produção, e os funcionários ainda registram e cronometram as operações, visto que o aumento da produtividade com menor custo ainda é perseguido pelas organizações (LACOMBE, 2009; MAXIMIANO, 2012). Veja, na Figura 2, um exemplo de linha de montagem móvel em uma fábrica de automóveis. Figura 2. Linha de montagem móvel Fonte: Agência Estado (2012, documento on-line). São características do modelo de Ford a divisão do trabalho e o trabalho repetitivo e contínuo, com base nos princípios da produtividade, da intensifi- Fordismo8 cação e da economicidade. Nesse contexto, os princípios da produtividade e da intensificação estão relacionados ao tempo, e o princípio da economicidade está relacionado à matéria. Ford adotou esses princípios para obter um esquema que agilizasse a produção, por meio de um trabalho coordenado, contínuo e econômico (SILVA, 2013; SOUZA, 2015). Veja a seguir o que significam os três princípios de Ford (SILVA, 2013). Princípio da produtividade: visava a aumentar a capacidade de pro- dução por meio da especialização do trabalho e da linha de montagem. Assim, o trabalhador ganhava mais e o empresário alcançava maior volume de produção. Além disso, o consumidor também era beneficiado, uma vez que a redução de custos obtida com a adoção desse modelo permitia reduzir o preço dos produtos. Princípio da intensificação: visava ao aumento do capital de giro, com pouca mobilização e rapidez em sua recuperação, por meio da utilização imediata dos equipamentos e da matéria-prima e da rápida colocação do produto no mercado. Princípio da economicidade: visava à redução do volume de estoque de matéria-prima em processo de transformação, permitindo que a empresa recebesse pela venda do carro antes mesmo do vencimento do prazo de pagamento dos salários e da matéria-prima adquirida. A inspiração de Ford para a linha de montagem móvel veio de uma visita a um matadouro em Chicago. Lá, ele observou as carretilhas que transportavam as partes dos animais nos trilhos, prontas para o corte final. Ou seja, as partes dos animais, presas por ganchos, percorriam as diversas seções de corte, por meio do sistema de carretilhas, e os trabalhadores especializados realizavam seus cortes. Nesse sistema, quem andava era o produto, não o trabalhador. Este permanecia estático em seu posto de trabalho, esperando o produto chegar para realizar a sua tarefa (FORD; CROWTHER, 2006). 9Fordismo Eficiência e bem-estar do trabalhador Ford era apaixonado por mecânica e iniciou sua produção de automóveis de forma artesanal, numa ofi cina que construiu no fundo de sua casa, em 1888. Tempos depois, empregado na Detroit Edison Company, montou seu primeiro carro, um quadriciclo, que foi às ruas em 1896. Seu segundo carro deveria ser construído na Detroit Automobile, onde havia entrado como sócio minoritário. No entanto, foi uma tentativa frustrada, pois a empresa faliu um ano mais tarde. Ou seja, ele já não era mais um artesão, e sim um industrial com intenções claras de produzir carros para toda a população, não somente para ricos. Para continuar com suas experiências, Ford alugou um galpão onde mon- tou alguns carros, como o Arrow e o 999, mas foi somente em 1903, em sua fábrica, a Ford Motor Co., que produziu industrialmente o seu primeiro carro, o Modelo A (Figura 3), que em seu primeiro ano vendeu 1.708 unidades. Nesse processo, o carro era montado em um só lugar e cada trabalhador permanecia na sua área de trabalho realizando suas tarefas, se deslocando sempre que necessário até o estoque para buscar peças (CORRÊA, 2003; SOUZA. 2015). Figura 3. O primeiro Ford Modelo A, de 1903. Fonte: AmericanAutomobiles (c2012, documento on-line). Em 1908, Ford lançou o seu Modelo T, que fez muito sucesso entre os americanos, com venda de 15 milhões de unidades entre 1908 e 1927, quando parou de ser fabricado. Nesse processo, a produção de um carro levava em média 514 minutos. Não satisfeito com o desperdício de tempo na produção, Ford decidiu que os trabalhadores não sairiam mais de seus postos de trabalho Fordismo10 para apanhar peças no estoque. As peças iriam até eles. Decidiu também que cada trabalhador iria realizar apenas uma tarefa específica e que os funcionários desenvolveriam suas atividades próximos uns dos outros, evitando o deslo- camento, minimizando seus movimentos e, consequentemente, aumentando a produção (CORRÊA, 2003). Pensando em diminuir ainda mais o tempo de produção, ele adotou a linha de montagem móvel para fabricar seus motores e, em 1914, para montar os chassis, fazendo com que o tempo médio de produção caísse para apro- ximadamente 84 minutos. Ou seja, ao permitir que o trabalho chegasse ao trabalhador numa posição fixa, conseguiu aumentar significativamente a sua produtividade. Na Figura 4, a seguir, você pode ver uma linha de montagem da Ford do início do século XX. Figura 4. Modelo T e linha de montagem. Fonte: Cecato (2011, documento on-line). A adoção da linha de montagem móvel foi uma tentativa de racionalizar a organização do trabalho, intensificando, automatizando e mecanizando o processo de produção. Na verdade, ela representava um meio de controle do ritmo do trabalho, o que desagradou a muitos trabalhadores. Era um ritmo exaustivo, o que explica o alto índice de rotatividade nas indústrias Ford da época. Muitos dos funcionários não concordavam com essa forma de controle e gerência do trabalho. Na fábrica de Highland Park, por exemplo, a rotatividade havia chegado a 370% em 1913, levando Ford a contratar mais de 50 mil trabalhadores para manter a sua força de trabalho direta, de cerca de 13 mil funcionários. Dessa forma, era preciso conquistar a aprovação e o engajamento dos trabalhadores (CORRÊA, 2003; SOUZA, 2015). 11Fordismo Ford exigia uma qualificação diferente da requisitada por outras indústrias. O traba- lho era penoso e cansativo, aspectos que o salário, em alguns casos, não conseguia minimizar (GRAMSCI, 1976). Ford queria uma empresa eficiente;e a eficiência para ele estava além de produção e minimização de custos e preços, motivação e salário. Dessa forma, resolveu dar aos empregados uma participação nos lucros da empresa, reduziu a jornada de trabalho para 8 horas diárias (na época, o usual eram de 10 a 12 horas) e aumentou o salário mínimo para 5 dólares por dia (o valor habitual era de 2,34 dólares). Ou seja, foi a maior revolução de salários já vista pelo mundo industrial da época. Essas medidas fizeram com que o nome de Ford ficasse falado no mundo todo (CORRÊA, 2003). Eficiência é “fazer certo as coisas” utilizando adequadamente os recursos. Ela refere-se à relação entre entradas (insumos) e saídas (produtos): quanto mais saídas forem obtidas com as mesmas entradas, maior grau de eficiência é alcançado. Ser eficiente é fazer mais com menos (SILVA, 2013). Veja que interessante: Ford achava que seus operários deveriam ganhar o suficiente para comprar os automóveis que fabricavam, para aproveitar a vida com a família. Será que esse pensamento existe nos dias atuais? Você concorda que essa foi uma visão inovadora para aquele tempo? Com o aumento da produção obtido com a linha de montagem móvel e agora com o salário duplicado dos operários, os custos caíam e os preços de venda também, o que fazia com que as vendas crescessem e os custos de produção diminuíssem. Durante muitos anos, as alterações no Modelo T, fabricado exclusivamente na cor preta, foram pouquíssimas. Ford considerava a repetição e a padroni- zação elementos capazes de aumentar a eficiência. Por isso, manteve seu foco na melhoria contínua dos processos de produção de um único produto, cujo Fordismo12 design se manteve estável por quase 20 anos. Com isso, além de ser eficiente, alcançou um sucesso empresarial excepcional (CORRÊA, 2003). O termo “fordismo” designa o modelo de produção em massa, baseado na padronização e na simplificação, que revolucionou a indústria automotiva no início do século XX, com a adoção da primeira linha de montagem automatizada (LACOMBE, 2009). Como você pôde ver, Ford se apoiou na produção em massa, em série e em cadeia contínua. Além disso, pagou altos salários aos seus funcionários e estabeleceu preços mínimos para a venda de seus automóveis. Tudo isso fez com que conseguisse elevar a produtividade dos operários, aumentar o volume de produção e economizar matéria-prima e tempo de fabricação. Para você ter uma ideia, os veículos eram fabricados e vendidos antes mesmo que o salário dos operários e a matéria-prima utilizada na produção fossem pagos. A cada 84 minutos, um carro ficava pronto: velocidade de fabricação que espantou o mundo, já surpreso com o preço de venda adotado. A produção anual era grandiosa, cerca de 200 mil automóveis por ano. Tudo isso aconteceu por meio da adoção do conceito de eficiência como objetivo da administração, o que acabou despertando em Ford o interesse pelo bem-estar de seus empregados (CORRÊA, 2003; SILVA, 2013). Você ainda deve notar que esse sucesso foi devido à atenção que Ford dispensou aos trabalhadores de alta competência. Ou seja, ele se cercou de técnicos com elevada capacidade para a realização de todas as atividades necessárias ao sucesso da fábrica. Além disso, ele adotou, como você viu, uma política de benefícios salariais e assistenciais, prática inédita na época. Ou seja, Ford também foi inovador na gestão de pessoas (LACOMBE, 2009; SILVA, 2013). Assim, a satisfação dos funcionários com os benefícios salariais e assistenciais recebidos decorreu do modo como Ford lidou com a relação existente entre eficiência e bem-estar. Além disso, se destaca a possibi- lidade que os funcionários de Ford tinham de consumir o produto que produziam. Isso os motivava e os engajava na busca pela alta produtividade e pela eficiência. 13Fordismo AGÊNCIA ESTADO. Apesar de o lucro da Ford cair, supera a previsão. Época Negócios, 27 abr. 2012. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/ noticia/2012/04/apesar-de-o-lucro-da-ford-cair-supera-previsao.html>. Acesso em: 12 set. 2018. AMERICAN AUTOMOBILES. The 1904 Ford model a, model ac, model b and model c auto- mobiles. c2012. Disponível em: <http://www.american-automobiles.com/Ford/1904- -Ford.html>. Acesso em: 11 set. 2018. CECATO, G. C. Ford modelo-T. 2011. Disponível em: <http://nitroxmusclecars.blogspot. com/2011/02/ford-modelo-t.html>. Acesso em: 11 set. 2018. CORRÊA, H. L. Teoria geral da administração: abordagem histórica da gestão de produção e operações. São Paulo: Atlas. 2003 FORD, H.; CROWTHER, S. My life and work. [S.l.]: Book Jungle, 2006. GRAMSCI, A. Maquiavel, a política e o estado moderno. São Paulo: Civilização Brasileira, 1976. LACOMBE, F. Teoria geral da administração. São Paulo: Saraiva, 2009. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SILVA, R. O. Teorias da administração. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2013. SOUZA, H. Teoria geral da administração. Rio de Janeiro: SESES, 2015. TRIBUNA. É da Ford a primeira linha de montagem da história. 2011. Disponível em: <https://www.tribunapr.com.br/noticias/automoveis/e-da-ford-a-primeira-linha-de- -montagem-da-historia/>. Acesso em: 12 set. 2018. Fordismo14 DICA DO PROFESSOR Henry Ford foi um nome importante não só para a Administração, como para o desenvolvimento da indústria. Era um visionário e inovador, que tinha como sonho produzir um automóvel que fosse acessível a todos os consumidores, sem distinção. Nesta Dica do Professor, saiba mais sobre a verticalização, uma das inovações de Ford. Veja, a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A linha de montagem móvel teve um desenvolvimento rápido. Em 1912, seu conceito, sem mecanização, já era adotado na fabricação de motores, radiadores e componentes elétricos. Em 1914, já mecanizada, montava um chassi. Qual era o modelo de carro que Ford projetou para ser fabricado na linha de montagem? A) Modelo A. B) Modelo T. C) Modelo F. D) Modelo Arrow. E) Modelo 999. Ford achava que seus operários deveriam ganhar o suficiente para comprar os 2) automóveis que fabricavam, para aproveitar a vida com a família. Para isso, aumentou o salário de seus operários e reduziu a jornada de trabalho. Qual era o valor que decidiu pagar aos seus operários por dia de trabalho? A) 9 dólares. B) 6 dólares. C) 2,3 dólares. D) 8 dólares. E) 5 dólares. 3) Ford era um visionário e tinha um bom faro para o mercado. Ele revolucionou a indústria automotiva no início do século XX, aperfeiçoando o sistema produtivo de Taylor. Foi ele quem colocou os dois princípios da produção em massa no mais alto patamar da indústria: a padronização de peças e a especialização do trabalhador. Em relação à padronização, indique uma de suas características. A) Sistema universal de fabricação e calibragem. B) Tarefa única ou pequeno número de tarefas. C) Posição fixa dentro de uma sequência de tarefas. D) Peças e máquinas no posto de trabalho. E) O trabalho até o trabalhador. 4) São características do modelo de Ford a divisão do trabalho e o trabalho repetitivo e contínuo, com base nos princípios criados por ele. Qual é o princípio que visa a aumentar o capital de giro, com pouca mobilização e rapidez em sua recuperação? A) Princípio da economicidade. B) Princípio da produtividade. C) Princípio do planejamento. D) Princípio da intensificação. E) Princípio da redução do estoque. 5) Durante anos, foram poucas as alterações realizadas no projeto de Ford. Qual era a cor exclusiva utilizada na fabricação dos automóveis? A) Verde. B) Preto e branco. C) Vinho. D) Preto. E) Branco. NA PRÁTICA No século XX, uma das preocupações de Ford foi o bem-estar de seus funcionários, além de conquistar o engajamento destes, driblando a resistência de muitos ao trabalho exaustivo imposto pelo ritmo acelerado da linha de montagemmóvel. Assim, ele resolveu dar aos empregados uma participação nos lucros da empresa; reduziu a jornada de trabalho para 8 horas diárias e aumentou o salário mínimo para 5 dólares por dia. Dessa forma, ele acreditava que os funcionários ficariam satisfeitos com os benefícios salariais e assistenciais recebidos e com a possibilidade de poderem consumir o produto que produziam. Isso os motivava e os engajava na busca pela alta produtividade e pela eficiência. Essa preocupação da empresa Ford com o bem-estar dos funcionários parece ter perdurado ao longo dos séculos, conforme você pode acompanhar a seguir, Na Prática. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Tendências recentes da espacialização das indústrias e serviços em São Paulo e no ABC paulista Leia o artigo sugerido, que aponta as causas e efeitos do processo de concentração e, principalmente, de desconcentração industrial brasileira na Região Metropolitana de São Paulo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Aplicação de padronização do processo em uma empresa do ramo hospitalar Confira uma pesquisa exploratória e de caráter quantitativo em uma empresa do ramo hospitalar, demonstrando passo a passo como se estabeleceu a realização da padronização. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A Administração Científica de Taylor APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem, iniciaremos os estudos da evolução histórica dos sistemas de produção. Começaremos desde o artesão e, nesta unidade, chegaremos até Frederick Taylor. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Entender a influência da Revolução Industrial nos sistemas de produção.• Reconhecer a importância do estudo dos tempos e métodos de produção.• Identificar os primeiros desperdícios na produção.• DESAFIO Você foi contratado para gerenciar uma empresa na qual a maior parte do serviço são montagens manuais. A empresa não tem nenhum tipo de controle sobre as tarefas e os tempos de produção. Atualmente, não é conhecido o volume possível de ser realizado em um dia de trabalho, e os clientes estão reclamando da qualidade do produto final. Quais seriam suas primeiras ações para começar a gerenciar esse setor de montagem? INFOGRÁFICO Note que, observando pelo PDCA, os trabalhadores apenas fazem o trabalho operacional, ou seja, utilizam as mãos e a força física. Os administradores são responsáveis por pensar como realizar as tarefas e gerenciar a produção. CONTEÚDO DO LIVRO Produzir introdução ao conteúdo do livro.A administração surgiu em 3000 a.C., a partir do povo sumério, que, na intenção de fixar raízes em um único local e deixar de ser nômade, desenvolveu técnicas para aumentar a produção a fim de prover sua subsistência e solucionar problemas cotidianos. No entanto, a administração como ciência encontrou um precursor em Frederick W. Taylor, considerado o pai da administração científica e que, impulsionado pela Revolução Industrial, desenvolveu princípios e técnicas que balizaram a administração por muitos anos. Aprofunde seus conhecimentos com a obra Sistema de Produção I através do capítulo A Administração Científica de Taylor. Boa leitura! SISTEMAS DE PRODUÇÃO I Ricardo da Silva e Silva A administração científica de Taylor Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Entender a influência da Revolução Industrial nos sistemas de pro- dução. � Reconhecer a importância do estudo dos tempos e métodos de produção. � Identificar os primeiros desperdícios na produção. Introdução A administração surgiu em 3000 a.C., a partir do povo sumério, que, na intenção de fixar raízes em um único local e deixar de ser nômade, desenvolveu técnicas para aumentar a produção a fim de prover sua subsistência e solucionar problemas cotidianos. Assim, surgiram os pri- meiros traços da administração. No entanto, a administração como ciência encontrou um precursor em Frederick W. Taylor, considerado o pai da administração científica e que, impulsionado pela Revolução Industrial, desenvolveu princípios e técnicas que balizaram a administração por muitos anos, ainda hoje influenciando empresas e suas definições de métodos de trabalho, como o estudo dos tempos e movimentos e a observância das falhas nos métodos de produção. Neste capítulo, você vai compreender como a Revolução Industrial impulsionou os estudos de Taylor no desenvolvimento do entendimento sobre administração científica e os sistemas de produção, observar e compreender a importância do estudo dos tempos e movimentos no período taylorista e a influência desse estudo no contexto contemporâ- neo e, ainda, analisar o histórico do desperdício nos sistemas de produção. 1 Revolução Industrial e sistemas de produção Se indicássemos apenas um fator que tenha impulsionado o capitalismo como sistema econômico, certamente ele seria a Revolução Industrial, que teve início no século XVIII e a partir da qual foram alteradas as relações de trabalho, do mercado e, por consequência, os aspectos organizacionais nas empresas. Desse modo, compreender as mudanças sociais nas relações de consumo e no funcionamento das empresas decorrentes da Revolução Industrial é fundamental para entender a administração como ciência. A partir da Revolução Industrial, com a utilização do maquinário a vapor e o surgimento de uma série de novas fábricas, houve um grande aumento nos quadros de funcionários, bem como da produção e, por consequência, da necessidade de controle de uma nova forma produtiva. Segundo Maximiano (2012), com a Revolução Industrial, a produção relacionada a conhecimentos administrativos passou a ser balizada pela inovação do período — a empresa industrial. Da produção artesanal à maquinofatura A empresa industrial passou a ser uma referência nas relações de trabalho, no mercado de consumo e, por consequência, na forma como eram fabricadas as mercadorias. Entretanto, outras fases da produção a precederam, cada uma com características distintas. Inicialmente, o sistema de produção era total- mente artesanal, caracterizado pelo trabalho totalmente manual, que visava a atender apenas uma demanda local. A atividade produtiva ocorria em oficinas caseiras e o artesão, responsável pelo sistema produtivo, conhecia todas as etapas da produção e era proprietário dos meios produtivos. A expansão mercantilista marcou a necessidade de aumentar a produção e deu início ao processo manufatureiro, período a partir do qual o trabalho passou a ser organizado em grandes galpões. Nesse momento, mesmo que rudimentar, começou a se dar o processo de divisão de trabalho, em que o trabalhador continuou conhecedor de todas as etapas do processo de produção e, com a expansão dos mercados, o trabalho assalariado passou a se consolidar. A administração científica de Taylor2 A invenção da máquina a vapor e o acesso a outras fontes de energia também marcaram o início da Revolução Industrial, com o surgimento das grandes indústrias e a produção em larga escala, o que representou um grande aumento na capacidade produtiva, e o fato de o trabalhador passar a ser um operador de máquinas, alienado do sistema produtivo. A Figura 1 apresenta as diferentes fases da produção, indicando as principais características de cada uma delas e sua relação com os aspectos pertinentes à produção. Figura 1. Fases da produção. Fonte: Adaptada de Maximiano (2012). ERA ARTESANAL ERA DA MANUFATURA ERA DA MAQUINOFATURA Produção para demanda local Artesão responsável por todas as fases da produção Meios de produção e lucros eram dos artesãos Produção manual Divisão do trabalho Produção em escala Consolidação da classe capitalista Racionalização do trabalho Trabalho em galpões de produção Consolidação do trabalho assalariado O trabalhador conheceas fases do sistema produtivo Período antes da Revolução industrial Primeira Revolução industrial Segunda Revolução industrial Contudo, cabe destacar que, apesar de as separações temporais do esquema na Figura 1 representarem rupturas, algumas características e, inclusive, a própria fase produtiva ocorreram de modo concomitante. Atualmente, por exemplo, ainda há a produção de produtos artesanais, mas com um caráter de exclusividade, e não para atender ao padrão industrial de fabricação. 3A administração científica de Taylor Gerenciamento dos sistemas de produção: taylorismo e fordismo A Revolução Industrial influenciou as novas empresas e elevou a produção industrial a outro patamar, moldando os sistemas de produção das grandes organizações da época. Para Gaither e Frazier (2006, p. 7), “[…] esse avanço envolveu dois elementos principais: a difundida substituição da força humana e da água pela forma mecanizada e o estabelecimento do sistema fabril [...]”. Os sistemas produtivos das organizações passaram então de uma produção que atendia apenas a um mercado local a uma que atendia a uma grande demanda, o que levou à necessidade da administração da produção nas fábricas. Corrêa e Corrêa (2011, p. 24) definem a administração da produção como a: [...] atividade de gerenciamento estratégico dos recursos escassos (humanos, tecnológicos, informacionais e outros), de sua interação e dos processos que produzem e entregam bens e serviços visando atender necessidades e/ou desejos de qualidade, tempo e custo de seus clientes [...]. Frederick W. Taylor foi um dos precursores no gerenciamento das atividades produtivas e o maior teórico da administração científica, também conhecida como taylorismo, que reunia uma série de teorias e técnicas de administração das indústrias no período da Revolução Industrial. Suas ideias tinham como maior objetivo aumentar a produtividade por meio da readequação dos métodos de produção, padronizando o trabalho e, por consequência, reduzindo custos. Segundo Gaither e Frazier (2006, p. 8), Taylor teorizou sobre “[...] a aplicação de racionalidade e métodos científicos à administração do trabalho nas fábricas [...]”. Já Quelhas (2008, p. 1) entendem que Taylor “[...] tratava a administração como ciência baseada na observação, medição, análise e aprimoramento dos métodos de trabalhos [...]”. Porém, o principal teórico da administração científica observava alguns entraves para o aumento da produtividade, já que, para ele, conforme Costa (2009, p. 1): [...] não havia incentivo para melhorar o desempenho do trabalhador; muitos trabalhadores não cumpriam as suas responsabilidades; não havia integração entre os departamentos da empresa; as decisões se baseavam em intuições e palpites; os trabalhadores eram colocados em tarefas para as quais não tinham aptidão [...]. A administração científica de Taylor4 Nesse sentido, Taylor desenvolveu a administração científica em três mo- mentos distintos, conforme apresentado na Figura 2, em que se destacam as diferentes fases e os princípios que as regem. Figura 2. Fases da administração científica. Fonte: Adaptada de Maximiano (2012). Primeira fase Ataque ao problema dos salários. Estudo sistemático do tempo. De nição de tempos-padrão. Sistema de administração de tarefas. Terceira fase Consolidação dos princípios. Proposição de divisão autoridade e responsabilidade dentro da empresa. Distinção entre técnicas e princípios. Segunda fase Ampliação do escopo da tarefa para a administração. De nição de princípios de administração do trabalho. A administração científica de Taylor trouxe valiosas contribuições para a administração, visando à organização e à racionalização do trabalho, cujos efeitos podem ser sentidos até hoje. Entre as contribuições do teórico, podemos ressaltar a metodologia científica para realização das tarefas, a especialização e a divisão do trabalho, a seleção e o treinamento por meio de uma abordagem científica e, ainda, a supervisão e orientação dos operários a partir dessa mesma abordagem metodológica. Ainda no período da Revolução Industrial, outro importante pensador da administração e do gerenciamento do sistema de produção foi Henry Ford, engenheiro mecânico e fundador da Ford Motor Company. Suas principais contribuições foram uma série de inovações com base nos estudos da adminis- tração científica, elevando a produção a um novo patamar pelo desenvolvimento de sua linha de montagem móvel, em que o processo de fabricação ocorria em esteiras móveis. Segundo Maximiano (2012, p. 45): Assim como o nome de Taylor está associado à administração científica, o nome de Henry Ford está associado a linha de montagem móvel. Foi Henry Ford que elevou ao mais alto grau os princípios da produção em massa, que é a fabricação de produtos não diferenciados em grande quantidade: Peça padronizada e trabalho especializado. 5A administração científica de Taylor Ford foi influenciado pelo taylorismo principalmente quanto aos aspectos da divisão do trabalho, à preocupação com os desperdícios e com a linha de montagem. Por suas inovações, possibilitou-se a produção em massa, para atender ainda mais a amplos mercados e a queda dos custos de produção. O taylorismo sofreu diversas críticas ao longo da história, sobretudo em relação ao fato de desconsiderar o lado social e humano do trabalhador. Outro ponto negativo destacado eram as rígidas formas de tratar os operários, com foco exclusivamente na produtividade. Os críticos apontavam que a administração científica tratava o homem como um apêndice da máquina, sem nenhum tipo de vontade ou desejo. Essa crítica é eviden- ciada de forma brilhante no filme Tempos modernos, de 1936. A seguir, detalharemos as principais teorias da administração científica, principalmente os aspectos inerentes à racionalização do trabalho e ao des- perdício no processo produtivo, além dos reflexos de tais contribuições para a administração contemporânea. 2 Estudo dos tempos e movimentos de Taylor Uma das principais características da administração científica consistiu na otimização e na racionalização do trabalho, adicionando maior eficiência à produção das grandes fábricas, além de proporcionar maiores lucros e custos reduzidos para os proprietários. A receita de Taylor compreendia organizar o trabalho por meio de metodologias que estruturavam o processo de fabricação e motivar financeiramente os colaboradores para que fossem mais eficientes. A administração científica de Taylor6 Segundo Taylor, havia a necessidade de controlar e orientar os operários de fábrica para um aumento de produtividade, tendo apontado como os prin- cipais problemas das fábricas, na obra Princípios da Administração Científica (de 1911), considerada a principal que escreveu, a falta de integração entre departamentos e o fato de as decisões serem em geral intuitivas. Outro aspecto que observava residia na ineficiência dos operários, já que, segundo Taylor (1990), havia um grande prejuízo para as fábricas gerado pela ineficiência da falta de orientação aos colaboradores, os quais, segundo o autor, eram negligentes, preguiçosos e realizavam movimentos inadequados nos processos de trabalho. Embora possamos tecer diversas críticas ao posicionamento de Taylor, é importante destacar que o contexto da época para suas formulações era diferente, e a obra foi muito importante para aquele período, assim como sua influência na administração contemporânea. Chiavenato (2011, p. 65) aponta: [...] As críticas não diminuem o mérito e o galardão de pioneiros e desbrava- dores da nascente teoria da Administração. Na época, a mentalidade reinante e os preconceitos, tanto dos dirigentes como dos empregados, a falta de co- nhecimento sobre assuntos administrativos, a precária experiência industrial e empresarial não apresentava condições propícias de formulação de hipóteses nem o suporte adequado para elaboração de conceitos rigorosos.Nesse contexto de crítica ao comportamento e à falta de ineficiência dos operários, Taylor realizou o estudo dos tempos e movimentos, o qual visou a eliminar dos processos de trabalho todo o movimento desnecessário, tentando simplificar as operações. A partir da observância sobre o fato de as ferra- mentas e os locais de trabalho serem adequados para a realização das tarefas, modificavam-se as sequências de operações caso houvesse necessidade, assim como se facilitavam os movimentos realizados pelos trabalhadores. O expe- rimento proporcionou um aumento da produtividade pela redução do tempo para a execução das tarefas. Segundo Oliveira (2013), o principal objetivo dos estudos foram os ganhos para os proprietários e empregados, a otimização do processo produtivo e a economicidade, pela redução do uso de matéria-prima. O estudo dos tempos e movimentos trouxe várias contribuições para as empresas. Muitas organizações, sobretudo as indústrias, utilizam esses prin- cípios para observar os tempos de trabalho e redefinir processos no intuito de racionalizá-los. Para Taylor, o gerenciamento científico das atividades consiste em preparar as tarefas e sua execução. 7A administração científica de Taylor Racionalização industrial: estudo de tempos e métodos Taylor racionalizou as tarefas e definiu o tempo como uma maneira de mensurar a máxima produtividade e eficiência. Sob essa perspectiva, as empresas atuais utilizam técnicas para o controle dos tempos de produção, processo que leva o nome de estudo de tempos e métodos. Conforme Razmi e Shakhs-Niykee (2008), o estudo de tempos e métodos define-se como uma estratégia para aprimorar a produtividade, realizando conexões entre o tempo despendido e as formas de execução de tarefas. Slack, Chambers e Johnston (2009), por sua vez, apontam esse estudo como a aplicação de técnicas que possibilitam analisar o tempo que um trabalhador leva para realizar uma tarefa. A alta competitividade empresarial, a necessidade da redução de custos e de aumento da lucratividade apontam para a necessidade de empregar métodos de racionalização nos processos de produção. Neste capítulo, serão destacadas três técnicas de estudos de tempos e métodos muito utilizados no ambiente industrial: lead time, takt time e o cronometrismo. O lead time representa o ciclo de um processo produtivo medido, conside- rando o período de duração desde seu início até seu fim, ou seja, todo o processo de produção de uma mercadoria, desde a aquisição de matéria-prima até o momento de sua entrega para o consumidor. Para Ballou (2001, p. 84), o lead time é “[...] o lapso de tempo entre a colocação do pedido do cliente, o pedido de compra ou a requisição de um serviço é colocado e o momento em que o produto é recebido pelo cliente [...]”. Sob o prisma do sistema produtivo, o lead time abrange a mensuração do tempo empregado para que uma matéria-prima seja transformada em produto acabado. Quanto menor o lead time, maior a capacidade da empresa de atender a demanda de modo mais ágil mantendo as quantidades de estoques a baixos níveis. Segundo Corrêa e Corrêa (2011, p. 97), “[...] nessa abordagem os estoques são considerados úteis por proteger o sistema produtivo de problemas que podem causar a parada do fluxo de produção (falta de peças, atrasos fornecedores, etc.) [...]”. Já o takt time consiste na medida de tempo que as mercadorias de uma empresa devem ser produzidas, levando-se em conta a demanda de consumo, ou seja, o tempo que a empresa gasta para atender a sua demanda. Para obter esse cálculo, é necessário mensurar o tempo gasto para a fabricação de uma mercadoria e a demanda de consumo. Segundo Alvarez e Antunes (2001, p. 5), o “[...] takt time é o ritmo de produção necessário para atender a um determinado nível considerado de demanda, dadas as restrições de capacidade da linha ou célula [...]”. A administração científica de Taylor8 Para o cálculo do takt time, imagine uma fábrica que opera 9 horas por dia, em que se incluem 1 hora para o intervalo e mais 20 minutos de manutenção de máquinas e demais paradas programadas. Dessa forma, podemos contabilizar que a empresa produz efetivamente 7 horas 40 minutos por dia ou 460 minutos diários (7 horas = 420 minutos (+) 40 minutos) ou 27.600 segundos (460 minutos × 60 segundos). Pense também que a demanda mensal da empresa é de 18.000 unidades do produto comercializado: se dividirmos a quantidade produzida pelos dias que a empresa opera (nesse caso, levaremos em conta os 30 dias do mês), teremos 600 peças diárias (18.000 peças/30 dias). Para descobrir o takt time da empresa, basta dividirmos os segundos operacionais diários pelo número de peças diárias que atendem à demanda: Takt time = 27.600 / 600 = 46 A empresa tem um takt time de 46 segundos, ou seja, o tempo limite que uma peça deve demorar para ser fabricada é de 46 segundos. Fonte: Novidá (2020) Por fim, a cronoanálise consiste em observar e mensurar o tempo de todas as etapas do processo produtivo, podendo também ser utilizada na mensu- ração do lead time e do takt time. Para empregarmos essa técnica, torna-se fundamental observar algumas etapas, como a análise anterior dos processos mensurados, detalhando, além do processo por completo, as pessoas envolvidas e as ferramentas utilizadas. O processo deve ser fracionado, pois não é útil cronometrar e registrar um processo do início ao fim, sendo mais eficaz medir cada parte da atividade e, então, determinar o tempo de execução de cada processo no ciclo produtivo. Para Peinado e Graeml (2014), a cronoanálise é um método que permite medir e controlar de maneira estatística as tarefas realizadas, em que o cronometrista consegue observar a velocidade e o ritmo na execução de uma atividade. Como você pôde observar, a influência de Taylor para as técnicas de tempos e métodos é evidente. De acordo com Novaski e Sugai (2002), a administração científica e os estudos de tempos e movimentos idealizados por Frederick W. Taylor representaram uma verdadeira racionalização do trabalho, tornando-se a base do sistema de estudo de tempos. 9A administração científica de Taylor 3 Primeiros desperdícios na produção Como vimos, os estudos de Taylor e a administração científica encontram res- paldo ainda hoje na modelagem da execução de tarefas e na busca do aumento da produtividade, além dos importantes princípios da divisão do trabalho, dos estímulos financeiros como forma de motivar os trabalhadores, entre outros. O teórico desenvolveu seus estudos da administração científica motivado por aquilo que observava como displicência dos operários, já abordada neste texto, e falta de profissionalismo dos gerentes. Taylor (1990) indicava como principais males das organizações os falhos sistemas de administração, que, em sua visão, eram ineficientes, além do desconhecimento da gerência quanto aos métodos e às rotinas de trabalho e a falta de uniformidade nas rotinas de trabalho. Ainda, afirmava que os aspectos expostos acarretavam um grande desperdício, tanto no tempo de realização das tarefas quanto no excesso de matéria-prima utilizada. Dessa forma, a administração científica caracterizou- -se pela ênfase nas tarefas, e preocupação de Taylor voltou-se à organização no trabalho, preocupando-se com os aspectos pertinentes à racionalização das tarefas no sentido de minimizar o desperdício. Estudos de Taylor e desperdício Para compreender a preocupação de Taylor com o desperdício em relação ao sistema produtivo, é necessário analisar o contexto pré-Revolução Indus- trial. Na produção artesanal, que precedeu o período das grandes indústrias, o processo produtivo envolvia apenas o artesão, responsável pela aquisição e pela coleta de insumos e cuja produção se destinava ao atendimento de uma demanda local. Nesse período, em razão da baixa demanda de consumo, o desperdício também era reduzido. A produção manufatureira marcou o início do processo de divisão do trabalhoe de uma produção com capacidade para atender a uma demanda maior. Entretanto, pela baixa especialização dos operadores dos maquinários utilizados nos galpões nos quais as mercadorias eram produzidas, havia des- perdício de insumos. Nesse período, os proprietários dos meios de produção não detinham do controle sobre a maneira como os operários realizavam as atividades. A passagem da fase da manufatura para a maquinofatura marcou o aumento dos níveis de produção em larga escala, o que também contribuiu para um maior desperdício ao longo do sistema produtivo. Taylor (1990) evidenciava um alto grau de desperdício relacionado às atividades rotineiras, situação em não havia, por parte dos colaboradores, uma metodologia empírica eficiente. A administração científica de Taylor10 A partir da administração científica, foi possível organizar uma série de princípios e técnicas, visando à organização racional do trabalho e à redução de desperdício, com o controle de todos os passos do trabalho vivo e de todos os tempos e movimentos do trabalhador, como você pode observar no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Taylor (1990). Princípios � Atribuir as tarefas conforme as habilidades dos operários � Solicitar o máximo de produtividade dos operários Técnicas � Utilizar a técnica conforme as particularidades de cada tipo de empresa � Fazer a análise metódica e o estudo dos tempos e movimentos � Fornecer informações aos operários quanto aos procedimentos de trabalho � Separar as funções de execução e preparação � Fazer a seleção científica dos colaboradores � Especializar e treinar os operários na realização das tarefas � Implementar a divisão do trabalho Quadro 1. Princípios e técnicas de redução do desperdício Os estudos de Taylor contribuíram para um significativo aumento da pro- dutividade, para a organização do trabalho e, principalmente, para a redução do desperdício no processo produtivo, tornando-se eficaz na substituição dos movimentos inúteis dos operários, bem como para processos de treinamento mais adequados e contratações que consideravam as habilidades dos operários. Taylor acreditava que, quanto mais tarefas o empregado soubesse fazer, melhor ele desempenharia seu papel. Desperdício, produtividade e controle de qualidade Ainda no contexto atual, a busca pela redução do desperdício, ou seja, dos custos de produção, constitui uma realidade no contexto organizacional: a maximização da produtividade e da qualidade nos processos e atividades organizacionais tornou-se uma busca constante para as organizações no atual cenário global de extrema competitividade. Nesse sentido, os princípios de Taylor mostram-se de grande importância ainda hoje e, apesar de terem se modernizado, refletem os princípios modernos da qualidade total. 11A administração científica de Taylor Mas quais são os principais desperdícios das empresas na atualidade? E quais os principais custos podem ser reduzidos na produção? Inicialmente, devemos considerar que o contexto das organizações mudou. A indústria passou pela terceira Revolução Industrial, que marcou a indústria automa- tizada e o uso de computadores e, posteriormente, a internet no processo de fabricação. Esse período marcou a transição do controle do desperdício idealizado por Taylor pelo controle de qualidade modelo Toyota, que iniciou após a Segunda Guerra Mundial e marcou o início da produção enxuta. O toyotismo apresentou algumas técnicas, como: os 5’s, que visam à organização dos espaços de trabalho; o kanban, como técnica de controle da produção; o just in time, uma técnica que prioriza o estoque mínimo, apenas para atender à demanda; o kaizen, que representa uma filosofia de melhoria contínua nos sistemas de produção; etc. Segundo Maximiano (2011, p. 134), “[...] o sistema Toyota de produção foi criado por Eiji Toyoda, da família proprietária da Toyota e Taiichi Ohno, chefe de engenharia da empresa. Os dois princípios básicos mais importantes do sistema Toyota são: eliminação do desperdício e fabricação com qualidade [...]”. Atualmente, os principais desperdícios nas organizações estão relaciona- dos às operações de transportes e às dificuldades na compreensão a suprir a demanda, promovendo eventualmente a superprodução de mercadorias e a fabricação de produtos defeituosos. Para Antunes et al. (2008), as perdas, ou seja, aquelas atividades que não agregam valor aos produtos, podem ser o retrabalho, refugos de produção, tempos prolongados de manutenção de maquinários, transporte e movimentação desnecessária, entre outras. A história das técnicas que objetivam reduzir os desperdícios é a história do controle de qualidade nos processos de fabricação. O controle de qualidade no período taylorista e fordista, apesar de apresentar um grande avanço para o período, limitava-se apenas a inspecionar as tarefas dos operários. Esse controle evoluiu para um controle estatístico de peças produzidas, com base em amostragens de peças produzidas e, posteriormente, para um controle total da qualidade, quando as prioridades passaram a ser o interesse do consumidor e a garantia dos produtos oferecidos, e a qualidade estar presente em todas as áreas de uma empresa, e não apenas no processo produtivo. As normas ISO de qualidade e o ciclo da melhoria contínua apontam para a importância da qualidade das organizações, o que impacta não somente as finanças das organizações, mas também a redução de desperdício dos recursos naturais e impactos ao meio ambiente. A administração científica de Taylor12 Ao encerrar este capítulo, é necessário fazer uma reflexão sobre o futuro do controle do desperdício e da qualidade nas organizações. A revolução tecnológica e o uso da inteligência artificial, o big data e os poderosos algo- ritmos são tendências que já representam um profundo avanço no controle do desperdício no contexto organizacional. Basta agora estar preparado para os próximos passos do controle de qualidade e da racionalização do trabalho. ALVAREZ, R. R.; ANTUNES JR., J. A. V. Takt-time: conceitos e contextualização dentro do Sistema Toyota de produção. Gestão & Produção, São Carlos, v. 8, n. 1, p. 1–18, 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2 001000100002&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 06 out. 2020. ANTUNES, J. et al. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta. Porto Alegre: Bookman, 2008. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2001. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 8. ed. Rio de Janeiro: Cam- pus, 2011. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações: manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. COSTA, P. M. Surgirá no século XXI um novo modelo de gestão para substituir o taylo- rismo? In: Costa, P. M. (org.). Taylorismo após 100 anos nada superou o modelo de gestão. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. GAITHER, N.; FRAZIER, G. Administração da produção e operações. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2006. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: edição compacta. São Paulo: Atlas, 2011. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. NOVASKI, O.; SUGAI, M. MTM como ferramenta para redução de custos: o Taylorismo aplicado com sucesso nas empresas de hoje. Revista Produção Online, Florianópolis, v. 2, n. 2, p. 1–11, 2002. Disponível em: https://producaoonline.org.br/rpo/article/view/606. Acesso em: 06 out. 2020. NOVIDÁ. Takt time: o que é, como calcular e por que usar? 2020. Disponível em: https:// novida.com.br/blog/takt-time/#:~:text=O%20Takt%20Time%20%C3%A9%2C%20 portanto,%2C%20interrup%C3%A7%C3%B5es%2C%20intervalos%2C%20etc. Acesso em: 06 out. 2020. 13A administração científica de Taylor Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovadono momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. OLIVEIRA, D. P. R. Teoria geral da administração: edição compacta. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. PEINADO, J.; GRAEML, A. R. A prática da Gestão de Operações nas organizações. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 54, n. 5, p. 483–495, 2014. QUELHAS, O. Planejamento e controle da produção. São Paulo: Elsevier, 2008. RAZMI, J.; SHAKHS-NIYAEE, M. 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EXERCÍCIOS 1) Taylor, quando estudou os tempos e movimentos, ou seja, quando observou qual era a maneira mais eficiente de o operador fazer sua atividade, registrou a clássica frase: “O tempo é a sombra do movimento". A frase significa que: A) A verticalização das tarefas aumenta a produtividade. B) Movimentar-se mais rápido potencializa a produção. C) Do tempo produzido, devemos descontar os tempos gastos com movimentos dos operadores. D) Dividir um longo movimento em frações de movimentos reduz o tempo gasto na produção. E) Para reduzir os tempos de produção, é necessário melhorar os movimentos através de métodos. 2) Ao dizer a seguinte frase: "É preciso que a tarefa do torneiro seja planejada inteiramente com um dia de antecedência, e cada homem deve receber instruções completas, pormenorizando a tarefa que deve executar, assim como os meios a serem utilizados ao fazer o trabalho. Deve-se especificar não apenas o que deve ser feito, mas, também, o tempo exato permitido para isso", Taylor faz entender que: A) Os empregados terão toda e qualquer autonomia para melhorar suas tarefas. B) A gerência científica consiste amplamente em preparar as tarefas e sua execução. C) A gerência científica, após preparar as tarefas, termina seu papel, não necessitando dar apoio ao empregado. D) Na administração científica, os empregados precisavam ser inteligentes, pois ignorantes não podiam desempenhar as tarefas desenvolvidas pela gerência. E) Nenhuma das alternativas anteriores. 3) Qual das alternativas a seguir não corresponde às características de Frederick Taylor? A) Ganhou a reputação de inimigo do trabalho humano. B) Organizar, tabular e catalogar todo o conhecimento dos operadores e dividir em pequenas partes. C) A mão de obra executa e o gerente planeja. D) Deve-se especificar não apenas o que é feito, mas também o tempo necessário para a realização da tarefa. E) Quanto mais tarefas o empregado souber fazer, melhor ele desempenhará seu papel. 4) Qual das alternativas a seguir corresponde à principal ideia do taylorismo? O controle de todos os passos do trabalho vivo e de todos os tempos e movimentos do A) trabalhador, claro que de forma despótica. B) Retirar das máquinas sua potência máxima para ter maior produtividade. C) Fazer com que o grupo de empregados defina qual a melhor forma de realizar suas tarefas, aumentando a produtividade. D) O padrão de fazer as tarefas era o mais importante, desconsiderando os tempos necessários para a realização das tarefas. E) Nenhuma das alternativas anteriores. 5) Dentre os principais conceitos desenvolvidos no ambiente taylorista, podemos citar: A) Boa relação entre empregador e empregados. B) Padronização de produto e processo e melhor aproveitamento da mão de obra. C) Estudo dos tempos e movimentos, padronização e produtividade. D) Estudo de método, ferramenta e divisão de poder. E) Nenhuma das alternativas anteriores. NA PRÁTICA As vantagens em utilizar a administração científica de Taylor são muitas. Imagine uma linha de montagem de ônibus, na qual a tarefa de solda é predominante e a quantidade de peças a serem soldadas é grande. Veja um exemplo: SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: ANTUNES Jr, J. A. V. [et al.]. Uma revolução na produtividade: a gestão lucrativa dos postos de trabalho. Porto Alegre: Bookman, 2013. JACOBS, F. R. CHASE, R.B. Administração de Operações e da Cadeia de Suprimentos, 13ª Edição. Porto Alegre: AMGH, 2012. Maquinaria, taylorismo e fordismo: a reinvenção da manufatura. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria Clássica da Administração APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! Você sabia que a Teoria Clássica da Administração garantiu a estrutura organizacional que vemos hoje? Fayol, o fundador da Teoria Clássica, acreditava que uma instituição não poderia operar sem a criação de uma estrutura. Prezava pela criação de métodos que melhorassem o ambiente de trabalho, nas esferas gerenciais e operacionais. Instituiu, nas organizações, a divisão do trabalho, a autoridade e responsabilidade, a remuneração e a unidade de comando. Essas são algumas das funções clássicas estabelecidas, que passaram a ser chamadas de princípios clássicos da administração, com os quais as empresas poderiam nortear suas ações. As ações preconizadas pela Teoria Clássica ainda são as mais aplicadas pelos iniciantes em administração, pois possibilitam uma visão simples e ordenada. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai analisar as funções clássicas da administração, que influenciaram na composição da estrutura organizacional, os princípios clássicos da administração e a relevância das contribuições da teoria clássica para as empresas atuais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as principais funções clássicas da administração que impactaram na elaboração da estrutura organizacional. • Definir os princípios clássicos da administração.• Reconhecer a importância das contribuições da Teoria Clássica para o gerenciamento contemporâneo. • DESAFIO Imagine que você é o novo colaborador de uma empresa de fast-food. Você foi contratado para administrar essa loja, que está inaugurando dentro de um mês. Como você sabe, muitas das atividades desempenhadas por essa organização serão rotineiras. Assim, uma de suas bases será a Teoria Clássica da Administração Quais ações serão praticadas por você, com base na abordagem de Fayol, de modo a garantir que as funções como administrador serão cumpridas, possibilitando um ótimo processo administrativo? Lembre-se de justificar a sua resposta, apresentando pelo menos três ações. INFOGRÁFICO Como você sabe, a principal característica da Teoria Clássica está na estrutura que a empresa deveria ter para ser eficiente. Por meio da organização e da estrutura, seria possível assegurar a eficiência de todas as partes compreendidas, sejam elas setores, departamentos ou colaboradores da operação ou de cargos gerenciais. No Infográfico a seguir, você verá os princípios clássicos da administração, de modo a prezar por uma organização ponderada e de bom senso. Acompanhe! CONTEÚDO DO LIVRO Por meio da contribuição de Fayol e daspráticas para melhorar o ambiente de trabalho, hoje temos uma estrutura organizacional nas instituições com base no que foi elaborado há anos. A Teoria Clássica da Administração foi essencial para a evolução da administração, promovendo métodos para que o gerenciamento pudesse evoluir. Entretanto, as empresas atuais necessitam ter proporcionalidade ao utilizar ações presentes na Teoria Clássica, uma vez que a abordagem apresenta aspectos mecanicistas, que podem influenciar negativamente àquelas que têm um ambiente instável. Aprofunde seus conhecimentos sobre o tema desta Unidade de Aprendizagem, com a leitura do capítulo Teoria Clássica da Administração, da obra Teoria Geral da Administração I. Boa leitura. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO I Ariane Guazzelli Teoria Clássica da Administração Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar as principais funções clássicas da administração que im- pactaram na elaboração da estrutura organizacional. � Definir os princípios clássicos da administração. � Reconhecer a importância das contribuições da Teoria Clássica para o gerenciamento contemporâneo. Introdução Você sabe qual é a importância da Teoria Clássica da Administração para os dias de hoje? Através da contribuição de Fayol, por meio de práticas para melhorar o ambiente de trabalho, hoje possuímos uma estrutura organizacional nas instituições, com base no que foi elaborado há muitos anos. A Teoria Clássica da Administração foi essencial para o desenvolvimento da administração, promovendo métodos para que o gerenciamento pudesse ir evoluindo. As empresas atuais necessitam ter proporcionalidade ao utilizar ações presentes na Teoria Clássica, já que a abordagem apresenta aspectos mecanicistas, o que pode influenciar negativamente naquelas que pos- suem um ambiente instável. Funções clássicas da Administração na elaboração da estrutura organizacional Você consegue imaginar uma empresa onde não exista uma organização em relação à divisão do trabalho, da autoridade, da responsabilidade, da remune- ração e da unidade de comando? Com toda certeza seria uma desorganização total, onde os processos não garantiriam eficiência, agilidade e uma maior possibilidade de crescimento para essas instituições. Por meio da Teoria Clássica, foi possível estruturar a forma com que as organizações deveriam exercer suas atividades para garantir a eficiência a todas as partes envolvidas, sejam elas departamentos ou setores, além de todos os colaboradores. Jules Henri Fayol foi o grande responsável por criar a Teoria Clássica da Administração, a partir de uma abordagem sintética, global e universal da instituição, fundando um tratamento anatômico e estrutural que velozmente superou a abordagem analítica e efetiva de Taylor. A Figura 1 apresenta as cadeias de comando e escalar de Fayol. Figura 1. Cadeia de comando e cadeia escalar de Fayol. Fonte: CHIAVENATO (2003, p. 86). Presidente Diretor Gerente Chefe Supervisor Execução A B D F H J C E G I L Fayol partiu do princípio de que todas as organizações possuem funções básicas, como: � Técnicas: relativas à produção de bens ou de serviços da organização; � Comerciais: referentes a atividades de compra, venda e permutação; � Financeiras: pertinentes à procura e gerenciamento de capitais; � De segurança: relacionadas à proteção e preservação dos produtos e dos indivíduos; Teoria Clássica da Administração2 � Contábeis: condizentes com inventários, balanços, registros, custos e estatísticas; � Administrativas: referentes à integração de cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas organizam e sincronizam as outras incumbências da instituição, estando sempre acima delas. Assim, faz-se necessário formular o programa de ação da organização, a fim de criar seu corpo social, coordenar os esforços e harmonizar as ações, ou seja, administrar. Para isso, o administrador deverá prever, organizar, comandar, coordenar e controlar para que a organização tenha uma direção a seguir e possa alcançar resultados positivos. Mas a função administrativa não pode restringir-se apenas a níveis hierárquicos mais elevados da organização, já que quanto menor estiver na escala hierárquica, maiores serão as proporções das outras atividades da instituição; já quando se sobe, aumenta-se a extensão e o volume das funções administrativas. Fayol realiza uma distinção entre o conceito de Administração e organi- zação. Sendo assim, a Administração é a totalidade da qual a organização é apenas uma das partes. Assim, a Administração é compreendida como um composto de métodos entrosados e unificados, que engloba pontos que a empresa, por si só, não envolve, como controle, comando e previsão. Já a organização incorpora apenas a definição da estrutura e da forma, sendo estática e limitada. Por isso, a organização terá dois conceitos diferenciados: � Organização como uma entidade social: aqui os indivíduos com- partilham ideias entre si para alcançar objetivos estabelecidos. Assim, irá significar um empreendimento humano moldado propositalmente para chegar a determinadas metas. As empresas são um modelo de organização social. � Organização como função administrativa: é uma porção do processo administrativo, como comando, coordenação, controle e previsão. As- sim, a organização representa o ato de organizar, estruturar e alocar os recursos, além de estabelecer os órgãos encarregados de sua admi- nistração e determinar as atribuições e relações entre eles. A Teoria Clássica entende a organização como uma estrutura. Esse pen- samento surge a partir da constatação de que a estrutura organizacional é influenciada pelas concepções antigas de organização tradicionais, rígidas e hierarquizadas. Sendo assim, a Teoria Clássica não se desconectou do passado. Apesar de ter colaborado para tirar a organização industrial da confusão inicial 3Teoria Clássica da Administração que apresentava em decorrência da Revolução Industrial, a Teoria Clássica pouco se desenvolveu em termos de teoria da organização. A estrutura organizacional é uma rede de controle, ou seja, uma linha de poder que relaciona as posições da organização e define quem se subor- dina a quem. A cadeia de comando, também conhecida como cadeia escalar, fundamenta-se através do princípio da unidade de comando, que expressa que cada colaborador deve se reportar somente a um superior. Assim, a Teoria Clássica deve ser considerada de cima para baixo, ou seja, da direção para a execução, e do todo dos elementos, realizando o estudo da síntese para a análise, ao contrário do que era compreendido na Teoria da Administração Científica. Após identificar o melhor meio para realizar certa tarefa, Taylor instituiu que esse procedimento deveria ser registrado, a fim de que esta ação pudesse ser ensinada a todos os colaboradores que realizavam esta tarefa. Assim, seria possível padronizar, além de simplificar as funções, aumentando a eficiência dos processos da organização. A divisão do trabalho é outro ponto fortemente defendido por Fayol. Toda- via, acreditava que esta conduziria ao domínio e à diferenciação das funções, ou seja, à heterogeneidade. A concepção era de que as empresas com maior distribuição de trabalho seriam mais eficientes do que outras com pouco fra- cionamento de tarefas. Assim, traz a preocupação com a divisão do nível dos órgãos que constituem a empresa, como os setores, departamentos e unidades. A divisão do trabalho poderá ocorrer em duas direções: � Divisão vertical do trabalho: aponta degraus da organização que possuem diferentes níveis de autoridade. A hierarquia irá determinar a posição das responsabilidades de acordo com a função de autoridade. Em toda empresa existirá uma proporção hierárquica de autoridade. � Divisão horizontal do trabalho: atribui variados tipos de atividades da empresa. Em um mesmonível hierárquico, cada setor será responsável por uma tarefa específica e própria. Assim, ao atingir homogeneidade e equilíbrio, passará a ser chamada de departamentalização. Percebe-se que a Teoria Clássica da Administração, através de sua preocu- pação em estruturar as instituições, muito contribui para o desenvolvimento das Teorias da Administração. Através do empenho na análise das tarefas realizadas por cada indivíduo, foi possível entender e ter uma visão melhor das instituições, compreendendo todo o contexto que a envolve. Sua preocupação Teoria Clássica da Administração4 estava direcionada em entender toda a estrutura da empresa, incluindo os colaboradores. O olhar de Fayol sobre as funções básicas das organizações está desatualizado. Atual- mente, são chamadas de áreas da administração, sendo funções administrativas para a área da administração geral; funções técnicas, em relação à produção, manufatura ou operações; e funções comerciais para a área de vendas ou marketing. Princípios clássicos da Administração Assim como toda a ciência, a Administração fundamenta-se em leis ou prin- cípios. Fayol estabeleceu princípios gerais de administração, sistematizando sem qualquer criatividade, obtendo-os de vários autores de seu tempo. Fayol executa o princípio, retirando dele qualquer conceito de rigidez, já que nada pode ser tão inflexível em matéria administrativa, pois envolve questão de medida, ponderação e bom-senso. Afinal, os princípios deverão ser adaptáveis e universais, adequando-se a qualquer lugar, tempo ou circunstância. Os 14 princípios gerais da Administração, segundo Fayol, são: 1. Divisão do trabalho: representa a especialização das funções e dos indivíduos para elevar a eficiência. 2. Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de fornecer orientações e o poder de ser obedecido. A responsabilidade é decorrência da autoridade e quer dizer o dever de prestar contas. 3. Disciplina: necessita da obediência, aplicação, intensidade, respeito, além de comportamento às diretrizes estabelecidas. 4. Unidade de comando: cada colaborador deverá receber instruções de apenas um superior. Trata-se do princípio da autoridade única. 5. Unidade de direção: uma pessoa e um plano para cada grupo de ati- vidades que possuam o mesmo objetivo. 6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais: os interesses gerais da organização devem ser superiores aos interesses particulares dos indivíduos. 5Teoria Clássica da Administração 7. Remuneração do pessoal: deve existir uma satisfação justa e segura para os trabalhadores e para a empresa em termos de retribuição. 8. Centralização: trata-se da concentração da autoridade superior da hierarquia da instituição. 9. Cadeia escalar: série de autoridade que começa desde o escalão superior ao inferior em função do princípio de comando. 10. Ordem: um local para cada item e indivíduo, e cada objeto e pessoa em seu devido lugar. 11. Equidade: gentileza e justiça para atingir a lealdade dos indivíduos. 12. Estabilidade do pessoal: a rotatividade dos colaboradores é desvanta- josa para a eficiência da empresa. Quanto maior for o tempo de perma- nência do colaborador no mesmo cargo, melhor será para a organização. 13. Iniciativa: habilidade de idealizar um plano e possibilitar pessoalmente o seu sucesso. 14. Espírito de equipe: a relação e a harmonia entre os indivíduos são grandes forças para a empresa. Após Fayol fundar a Teoria Clássica, outros autores propuseram alguns ele- mentos para incrementá-la. Eles acreditavam que não bastava apenas expressar os elementos da administração, os quais permeiam as funções do administrador. Era necessário também determinar as condições e as diretrizes dentro das quais as funções do administrador devem ser empregadas e desenvolvidas. O administrador precisa obedecer às normas de comportamento, ou seja, aos princípios que outorgam as funções de planejar, dirigir, coordenar e controlar. Por isso, surgiram os Princípios Gerais da Administração, sendo capazes de solucionar as dificuldades organizacionais. Fayol criou 14 princípios, e seus seguidores menos ambiciosos acabaram propondo uma quantidade inferior. Urwick sugeriu quatro princípios da Administração: 1. Princípio da especialização: cada indivíduo precisa exercer apenas uma função, o que define apenas uma ocupação, uma divisão especializada no trabalho. Assim, surgem as organizações de linha, de staff e funcional. 2. Princípio da autoridade: deve existir uma autoridade visivelmente definida, conhecida e reconhecida por todos os indivíduos, desde a parte superior da empresa até cada colaborador da base. 3. Princípio da amplitude administrativa: cada autoridade precisa ter um determinado número de subordinados. O superior terá indivíduos para supervisionar, além das relações com os colaboradores que super- visiona. O número correto de subordinados irá diferir a partir do nível Teoria Clássica da Administração6 e da natureza dos cargos, da complexidade do trabalho e do preparo dos indivíduos. 4. Princípio da definição: deveres, carências e obrigações de cada colo- cação e suas relações com os outros cargos precisam ser definidos por escrito e comunicados a todos. Percebe-se que os autores clássicos partem da suposição de que a simples aplicação dos Princípios Gerais da Administração, como a divisão do trabalho, a especialização, a unidade de comando e a amplitude de controle, consente uma organização formal da instituição apta a proporcionar a máxima efici- ência. Entretanto, essa abordagem é extremamente simplifica em relação à organização formal, ou seja, acaba trazendo apenas uma visão simplória e reducionista da atividade organizacional. Para saber mais sobre a Teoria Clássica, leia o artigo “Os elementos e princípios da Administração na Teoria Clássica” (ABRAHIM, 2008). Teoria Clássica e o gerenciamento contemporâneo Fayol apresentou uma atuação essencial na história da Administração. Contri- buiu com a criação de métodos que melhorassem o ambiente de trabalho, isto é, passou a refletir sobre a estrutura organizacional, além de todas as esferas da empresa, como as operacionais e as gerenciais. A fim de descomplicar as tarefas e entendê-las melhor, Fayol desenvolveu o reducionismo, ou seja, subdividia as ações realizadas pelos colaboradores em diversas partes mais simples. Após essa desconstrução seria possível analisar e estabelecer melhorias nos processos, sendo possível uni-las novamente, es- tabelecendo soluções para as organizações. Outro fator apresentado por Fayol foi o mecanicismo, onde o intuito é analisar a causa e efeito de problemas que pudessem surgir na organização. Atualmente, as funções administrativas são formadas pelas áreas das empresas, isto é, receberam o conceito de departamentalização através da 7Teoria Clássica da Administração produção, do marketing, das finanças, dos recursos humanos, da administrativa, etc. A função administrativa tem a mesma perspectiva que Fayol apresentou em sua obra, pois é incumbida de constituir seu corpo social, de coordenar os esforços e de harmonizar as práticas. As práticas da Teoria Clássica ainda são as mais aplicadas pelos iniciantes em Administração, já que possibilita uma visão simples e ordenada. Além disso, para a execução de funções administrativas habituais, a abordagem clássica examina o trabalho organizacional em grupos compreensíveis e úteis. Os princípios possibilitam diretrizes gerais que concedem ao administrador o poder de manipular os deveres do dia a dia do seu trabalho com afirmação e confiança. Entretanto, em uma década como a atual, de mudanças e de instabilidades que o país está passando, a Teoria Clássica manifesta-se de maneira rígida, inflexível e conservadora, pois ela foi criada em tempos de estabilidade e permanência. Entretanto, ainda é indispensável para que as organizações compreendam as bases da moderna Administração. A rotina faz parteda execução das operações das empresas atuais. Algu- mas instituições permanecem com suas atividades 24 horas por dia, todos os dias do ano, alternando apenas os turnos de trabalho de seus colaboradores, de maneira metódica e ininterrupta. A Teoria Clássica da Administração também destaca aspectos mecanicistas. Afinal, ao ser criada, a organização foi imaginada como uma máquina, onde seria formada por partes, com cargos estabelecidos, padrões de autoridade, subordinação, em que todas as tarefas devem evoluir e funcionar da melhor forma através de padrões estabelecidos. Algumas empresas de sucesso, como o Mc Donald’s, utilizam o modelo mecanicista, construindo uma bela reputação de enorme desempenho no segmento de fast-food. A organização mecanizou as suas lojas da franquia no mundo inteiro, permitindo que todas produzissem o mesmo produto. O consu- midor, por sua vez, acaba constantemente avaliando os serviços, a qualidade dos itens e a rapidez no atendimento, pois sabe que deve cobrar e reclamar sempre que identificar algum problema. A abordagem mecanicista nas instituições age perfeitamente em ambientes estáveis, onde se produz sempre o mesmo item, através de práticas contínuas, e essencialmente quando existe subordinação dos colaboradores aos processos planejados. Entretanto, as organizações que adotam rotinas mecanicistas pos- suem também algumas limitações, como a dificuldade de enfrentar mudanças, a insistência em uma extrema burocracia indesejável, trazendo efeitos sobre os colaboradores, principalmente aqueles que estão em níveis mais baixos na escala hierárquica. Além disso, acabam não planejando suas ações para a inovação, apenas para atingir os objetivos já determinados. Teoria Clássica da Administração8 Mas é possível manter instituições mecanicistas e adotar a inovação. Para isso, deve existir pesquisa e desenvolvimento procurando saber o que o consu- midor deseja. O Mc Donald’s, por exemplo, após analisar a nova tendência de qualidade de vida e reeducação alimentar por parte de seus clientes, realizou o lançamento de saladas em seu cardápio. Assim, demonstrou que conseguiu se adequar às novas exigências do mercado. Enfim, percebe-se que Henri Fayol teve grande influência para o desenvolvimento da Administração como ciência e suas práticas ainda são adotadas em muitas empresas atuais. A Teoria Clássica buscou entender e interpretar as ações e as obrigações que envolvem um administrador, de forma simples e objetiva, possibilitando o seu entendimento e apoiando o desenvolvimento e o futuro da ciência. Entenda um pouco mais sobre a importância de Fayol para a gestão lendo o texto “A importância de Fayol para a gestão: Teoria Clássica” (GESTOR.PT, 2011). Para conhecer um exemplo relacionado à abordagem de Fayol, acesse o artigo “Teoria Clássica da Administração segundo Henri Fayol” (TIAGO, 2007). ABRAHIM, G. S. Os elementos e princípios da administração na teoria clássica. Adminis- tradores, 04 mar. 2008. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/ marketing/os-elementos-e-principios-da-administracao-na-teoria-classica/21513/>. Acesso em: 07 set. 2017. CHIAVENATO, I. Introdução a teoria geral da administração. 7. ed. Rio de Janeiro: El- sevier, 2003. GESTOR.PT. A importância de Fayol para a gestão: teoria clássica. Gestor.pt, 04 fev. 2011. Disponível em: <http://gestor.pt/a-importancia-de-fayol-para-a-gestao-teoria- -classica/>. Acesso em: 07 set. 2017. TIAGO. Teoria clássica da administração segundo Henri Fayol. Administradores, 07 fev. 2007. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/teoria- -classica-da-administracao-segundo-henri-fayol/13239/>. Acesso em: 04 dez. 2017. WIKIMEDIA. Henri Fayol, ca. 1900. [S.l.]: Wikimedia, 2015. Disponível em: <https:// commons.wikimedia.org/wiki/File:Henri_Fayol,_1900.jpg>. Acesso em: 04 dez. 2017. 9Teoria Clássica da Administração Leituras recomendadas ALVES, F. L. P. A teoria clássica da administração como modelo de estratégia empresarial. Santa Maria: UFSM, 2001. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ enegep2001_tr15_0990.pdf>. Acesso em: 07 set. 2017. BEZARRA, F. Henry Fayol e o processo administrativo. [S.l.]: Portal Administração, 2014. Disponível em: <http://www.portal-administracao.com/2014/01/fayol-e-processo- -administrativo.html>. Acesso em: 07 set. 2017. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SAMPAIO, M. 14 princípios da gestão de Fayol. Administradores, 17 fev. 2015. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/academico/14-principios-de- -gestao-de-fayol/84919/>. Acesso em: 07 set. 2017. Teoria Clássica da Administração10 DICA DO PROFESSOR Você sabe a importância da Teoria Clássica da Administração? O vídeo a seguir foi elaborado para mostrar a você um pouco mais sobre as funções e princípios da teoria, além de mencionar sua relevância para a gestão atual. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Fayol, o percursor da Teoria Clássica da Administração, acreditava que as empresas eram como uma estrutura. Sendo assim, para elaborar os princípios da administração de modo a nortear as estratégias dessa estrutura organizacional, ele começou analisando as funções básicas das instituições. Assinale a alternativa que contenha essas funções. A) Comerciais, administrativas, técnicas e de segurança. B) Técnicas, comerciais, financeiras, de segurança, contábeis e administrativas. C) Comerciais, contábeis, financeiras e administrativas. D) Financeiras, contábeis e administrativas. E) Técnicas, comerciais, financeiras, de segurança e contábeis. 2) A Teoria Clássica traz como concepção a ideia de que as organizações com um maior compartilhamento de tarefas são mais eficazes do que as que não seguem essa orientação. Quais são as divisões que poderão permear a divisão do trabalho? A) Divisão vertical. B) Organização como uma entidade social. C) Organização como função administrativa. D) Divisão vertical e divisão horizontal. E) Divisão horizontal. 3) Fayol estabeleceu 14 princípios gerais da administração. Um deles refere-se à obediência, aplicação, intensidade e comportamento adequado, além de respeito às diretrizes estabelecidas. Qual seria esse princípio? A) Disciplina. B) Centralização. C) Divisão do trabalho. D) Ordem. E) Cadeia escalar. 4) Além de Fayol, outros autores fizeram contribuições à Teoria Clássica da Administração. Quais foram os princípios sugeridos por Urwick? A) Princípio da especialização, amplitude administrativa e autoridade. B) Princípio da autoridade, amplitude administrativa e definição. C) Princípio da autoridade e amplitude administrativa. D) Princípio da definição e autoridade. E) Princípio da especialização, autoridade, amplitude administrativa e definição. 5) De que forma Fayol contribuiu para o gerenciamento das empresas atuais por meio da Teoria Clássica da Administração? A) Por meio de quatro princípios: princípio da especialização, da autoridade, da amplitude administrativa e da definição. B) Por meio da criação de métodos que melhorassem o ambiente de trabalho, isto é, passou a refletir sobre a estrutura organizacional, além de todas as esferas da empresa, como as operacionais e gerenciais. C) Infelizmente, devido às grandes diferenças das organizações daquele tempo para as atuais, não houve colaboração de Fayol. D) Por meio de um modelo de gestão flexível, inovador e leve. E) Por meio de uma visão onde a organização é considerada um indivíduo. NA PRÁTICA Como você sabe, a Teoria Clássica da Administração teve um papel fundamental na história da administração. A partir dessa abordagem, começamos a perceber que era necessário ter uma estrutura organizacional, de modo a garantir um ambiente de trabalho agradável e organizado. Assim, Fayol criou princípios para auxiliar na busca de uma organização com excelência em suas práticas, fazendo comque, atualmente, muitas instituições apliquem seus métodos. É importante analisar que não existe necessidade das instituições tratarem a adoção desses princípios de forma rígida e absoluta, todavia, como Fayol mesmo dizia, a organização não pode ser inflexível em matéria administrativa, pois envolve questão de medida, ponderação e bom senso. Conheça aqui, de que forma alguns princípios instituídos por Fayol são utilizados nas empresas modernas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Os 14 princípios da Administração segundo Fayol Entre os princípios da administração descritos por Fayol está a divisão do trabalho, com o objetivo de especializar as pessoas e as tarefas para aumentar a eficiência. Amplie seus conhecimentos sobre o tema com o vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teorias da administração - Administração científica x Teoria clássica A administração científica tem foco nas tarefas desenvolvidas pelos funcionários, enquanto a Teoria Clássica da Administração observa a estrutura da organização. Veja mais sobre a diferença entre as duas teorias no vídeo a seguir: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria Neoclássica da Administração APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! A Teoria Neoclássica, também conhecida como a Escola do Processo Administrativo, Escola Operacional ou Abordagem Universalista da Administração, toma como base a Teoria Clássica quanto ao seu enfoque prescritivo e normativo da Administração. Porém, seus autores, Harold Koontz e Cyril O’Donnel, caracterizam a Teoria Neoclássica no desenvolvimento dos processos administrativos por meio dos objetivos e princípios organizacionais, a descrição de suas estruturas e capital humano, em suas práticas de trabalho, utilizando como parâmetros a eficácia e eficiência para a otimização dos resultados. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá que a Teoria Neoclássica tem extrema importância em dar início na aplicação das funções de planejar, organizar, liderar e controlar, além da administração de RH, para sistematizar ações, processos e conceitos estruturais, no propósito e desempenho organizacional. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os principais norteadores da Teoria Neoclássica.• Apontar os elementos do processo administrativo.• Comparar as principais estruturas organizacionais previstas na abordagem Neoclássica da Administração. • DESAFIO Todo administrador tradicional deseja ser reconhecido pelo trabalho que desempenha e pelo cumprimento eficaz e eficiente das metas. Tanto eficiência quanto eficácia são dados importantes para a avaliação do desempenho dos administradores e de uma organização. A empresa Sonhos de Criança é uma fábrica de móveis infantis, com uma gestão familiar há mais de 50 anos no mercado, mantendo-se organizada, mas nem sempre com bons resultados, no decorrer de sua história. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Você foi contratado como consultor e, diante da situação exposta, descreva algumas ações que você irá propor para ajudar os novos gestores na defesa de seus argumentos de inovação para obtenção do sucesso tão desejado pela empresa, além da adesão dos funcionários e demais diretores para esse novo plano de ação. INFOGRÁFICO A Teoria Neoclássica, que é a Escola do Processo Administrativo, interliga conceitos, princípios e estruturas relacionadas à tarefa de administrar. No Infográfico a seguir, você poderá verificar essas estruturas e as hierarquias na organização formal. Observe que a organização não é inflexível e que as estruturas na organização formal são representadas por meio de departamentos, os quais são áreas ou setores distintos na empresa, demonstrando níveis de autoridade no desempenho das atividades. CONTEÚDO DO LIVRO Para a Teoria Neoclássica, os fatos ocorridos no decorrer da história de uma organização são compostos por um conjunto de princípios e doutrinas desenvolvidas por meio de fluxos e processos, e dos planos de ação executados pelas equipes, distribuídos de acordo com as estruturas adotadas, evidenciadas nos resultados do desempenho e nas tomadas de decisão assumidas pelos administradores. Com a leitura do capítulo Teoria Neoclássica da Administração, da obra Teoria Geral da Administração II, você verá como os processos administrativos são desenvolvidos, na busca do melhor desempenho para atingir os resultados planejados. Boa leitura. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO II Jacqueline Cucco Xarão Teoria Neoclássica da Administração Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os principais norteadores da Teoria Neoclássica. Apontar os elementos do processo administrativo. Comparar as principais estruturas organizacionais previstas na abor- dagem Neoclássica da Administração. Introdução Neste capítulo, você vai estudar a Teoria Neoclássica, também reconhecida como Escola do Processo Administrativo, Escola Operacional ou Aborda- gem Universalista da Administração. Ela toma como base a Teoria Clássica, em seu enfoque prescritivo e normativo da Administração. Entretanto, dois de seus principais autores, Harold Koontz e Cyril O’Donnell, carac- terizam a Teoria Neoclássica dentro do desenvolvimento dos processos administrativos por meio dos objetivos e princípios organizacionais, da descrição de suas estruturas e capital humano e de suas práticas de trabalho. Para isso, utilizam como parâmetros para a otimização dos resultados a eficácia e a eficiência. Você vai ver que a Teoria Neoclássica tem extrema importância ao dar início à aplicação das funções de Planejar, Organizar, Liderar e Con- trolar, além da administração de RH, para sistematizar ações, processos e conceitos estruturais no propósito e no desempenho organizacionais. Principais norteadores da Teoria Neoclássica Com a Revolução Industrial, muitas mudanças surgiram em nossa sociedade; no meio empresarial, a principal delas ocorreu, justamente, na forma de ad- ministrar. Essas mudanças na forma de administrar foram evidenciadas nas primeiras abordagens sobre Administração, por meio do estudo das Teorias da Administração Científi ca, Burocrática e Clássica – que tiveram grande importância em todo o desdobramento inicial em que foram desenvolvi- das. Posteriormente, também foram apontadas pelas Teorias Neoclássica, Estruturalista, Comportamental, das Relações Humanas, dos Sistemas, do Desenvolvimento Organizacional e da Contingência, que construíram, no decorrer de seus estudos, os fundamentos da ciência e da arte de administrar. Tudo isso foi impulsionado por mudanças nas tarefas, nas estruturas, nos relacionamentos com as pessoas nas organizações, no ambiente corporativo e social, na competitividade junto ao mercado e nas novas tecnologias. No artigo “As Teorias da Administração em foco: de Taylor a Drucker”, o autor traça uma linha do tempo nos principais destaques das contribuições teóricas da Administração, desde a Revolução Industrial até a atualidade. https://goo.gl/mtYcpu Toda teoria precisa de um sistema de princípios, que requer definições claras. Os principais norteadores para o embasamento das teorias adminis- trativas são os princípios prescritivos normativos e os princípios descritivos. Os princípios prescritivos normativos são aqueles que estabelecem e ditam as regras do que deve ser feito e de que forma deve ser feito. Os princípios descritivos são aqueles que descrevem o relacionamento entre as variáveis de controles geridos pela organização. A aplicação desses princípios proporciona melhoria no entendimento, no desempenho da colaboração interna e na eficiência administrativa. Esses princípios são facilitadores naanálise do trabalho executado, simplificando o treinamento dos trabalhadores; na busca do melhor conhecimento sobre a organização e tudo que possa ser instrumento para o aperfeiçoamento da prática administrativa; no planejamento das ações futuras; na idealização de novos controles; e no agrupamento das atividades diárias de trabalho. A Teoria Neoclássica considera os princípios administrativos prescritivos e normativos como base de sustentação de uma empresa. São eles que formam Teoria Neoclássica da Administração2 as regras e princípios gerais de funcionamento, determinando parâmetros e normas de como os procedimentos e ações devem ser tomados e executados nas organizações. Assim, deixam claro a todos como a organização deve funcionar. Os princípios descritivos também se somam a essa abordagem para compor os norteadores da Teoria Neoclássica. Eles analisam e explicam as organizações de forma descritiva, permitindo ao administrador ou gestor fazer a melhor escolha e decidir a melhor forma de agir, de acordo com o tipo de negócio, atividade, cultura, porte, equipes, problemas e situações diversas, tendo uma linha de atuação clara na forma de administrar. O desenvolvimento dos princípios administrativos por meio do aumento da eficiência do pessoal e dos recursos investidos poderá trazer um impacto positivo também na sociedade e em suas forças de atuação, seja nas uni- versidades, seja em suas formas de governo, por exemplo. Esses esforços em construir princípios administrativos sólidos refletem a possibilidade do aperfeiçoamento contínuo da arte e ciência de administrar. Na busca de atingir a sua meta, todo administrador deseja cumprir com êxito os objetivos da organização, aplicando os princípios administrativos e agregando valor para o negócio. Elementos do processo administrativo Sobre a base normativa e descritiva dos princípios administrativos desenvolve- -se a prática das funções e as características básicas da Administração e dos elementos do processo administrativo. Os elementos do processo administrativo são os seguintes: Planejar para determinar caminhos, metas e objetivos a serem segui- dos, com foco nas ações que serão implantadas para alcançá-los e nas decisões tomadas. Organizar para dimensionar e distinguir funções e ações que os indi- víduos exercerão em uma organização. 3Teoria Neoclássica da Administração Liderar para dirigir, inspirar, influenciar e conciliar as pessoas para colaborar e cumprir com as metas organizacionais e relacionais em equipes. Controlar para mensurar e avaliar o desempenho individual e organi- zacional e assegurar que os resultados aconteçam efetivamente. Administrar pessoal com enfoque nos resultados se integra à Teoria Neoclássica para preencher e manter funções e cargos na estrutura organizacional formal e na colaboração do trabalho em conjunto, cada um conhecendo os seus papéis e competências a desenvolver e o modo como suas funções e estruturas se inter-relacionam para um trabalho final eficaz. Essas funções ou cargos são criados com objetivos claros, atividades e tarefas a serem executadas, áreas de domínio ou autoridade a serem efetuadas e seus desdobramentos no trabalho. A cooperação entre as pessoas e suas multidisciplinaridades no exercício profissional, por meio das funções e cargos descritos em sua estrutura, somada à clareza de um propósito comum congregam ao objetivo único para atingir as metas organizacionais. Essa visão é o grande diferencial do que trata a Teoria Neoclássica, convergindo aos resultados práticos no dia a dia do trabalho. A palavra propósito, que traz seu significado do latim como “aquilo que eu coloco adiante”, traduz a busca de cada indivíduo de conquistar seu espaço, aprovação e sucesso no que almeja fazer. Ela também traz luz a um dos pontos de atenção dos administradores: a organização, para comunicar seus objetivos e difundi-los aos seus funcionários, na conquista conjunta, e harmônica, dos propósitos organizacionais interligados aos propósitos individuais de seu time. Peter Drucker, um dos pensadores da Administração, reconhecido como “o guru dos gurus da Administração”, popularizou seus estudos e experimentos administrativos ao concluir que os trabalhadores de uma empresa são os ativos mais valiosos dela Para ele, toda tomada de decisão deve ser levada até os níveis hierárquicos mais baixos possíveis na organização, por meio de pesquisas e ferramentas de coleta de dados, pois o centro de toda organização são os indivíduos que a formam e a fazem acontecer. A organização passa a ser Teoria Neoclássica da Administração4 compreendida também como um ente social, e não apenas um instrumento de lucro. Isso faz com que o administrador precise aprender a lidar com as pessoas. Esse pensamento teve início mais evidenciado nas práticas organizacionais na década de 1950, com a construção da Teoria Neoclássica por seus autores; ele ainda é desenvolvido em grande parte das organizações atuais. Na Teoria Neoclássica, o processo administrativo tende a tornar a Administração mais dinâmica, integrando os conceitos, princípios e técnicas relacionadas com a tarefa de administrar. A Escola do Processo Administrativo ou Escola Operacional – outros nomes atribuídos à Teoria Neoclássica – reconhece a ciência e a teoria como um grupo central. Ela também recebe contribuições de várias outras escolas, como, por exemplo, a Teoria de Sistemas, os conceitos de qualidade e reengenharia, a Teoria da Decisão, as Teorias de Motivação e Liderança, os comportamentos individuais e coletivos, os sistemas sociais e cooperação, as comunicações. Também se utiliza da análise e de conceitos matemáticos para a medição de desempenho e resultados, filtrando, nesses casos, por aquilo que for aderente, mais útil e relevante para a Administração. Figura 1. A Teoria Neoclássica recebe contribuições de várias outras escolas. Ciência e teoria da Administração da escola, do processo administrativo e das demais escolas Comunicação Teoria de sistemas Outros conceitos de qualidade Reengenharia Teoria da decisão Teoria comportamental administrativa Sistemas sociais e de cooperação Conceitos matemáticos 5Teoria Neoclássica da Administração No exercício prático da Teoria Neoclássica, uma empresa organizada depende de seu ambiente externo: o ramo a qual pertence, as inovações de mercado, o sistema econômico e a sociedade em que participa. Por esses canais de informação, ela recebe seus dados, transforma-os e devolve os resultados ao ambiente. Esses insumos podem ser, por exemplo, os consumidores que exigem produtos de qualidade e com bom preço o os funcionários que querem salários mais altos. Essa abordagem prática e operacional foi levantada no livro Princípios de Administração, de Harold Koontz e Cyril O’Donnell – um marco da Teoria Neoclássica. O livro expõe temas como administração, planejamento, orga- nização, departamentalização, hierarquização, assessoria, recursos humanos, enquadramento de pessoal, direção, motivação, comunicação, liderança, téc- nicas de controle de qualidade; ele considera a forma de administrar como um processo de fazer e executar tarefas por meio de equipes diversas, porém com mesmo objetivo, enfatizando a grande importância das pessoas no cuidado, dedicação e excelência na entrega de seu trabalho. A partir dessa ideia, os autores desenvolvem os conceitos de eficiência e eficácia. A tarefa do administrador é interpretar insumos e respondê-los por meio de ações concretas, de maneira eficaz e eficiente, oferecendo respostas como: implantação de um programa de desempenho, de carreira, de meritocracia, de sucessão; busca de parcerias com novos fornecedores; implementação de SAC (Setor de Atendimento ao Cliente). Essas ações podem ser efetuadas pelo campo de observação e análise da eficácia e eficiência organizacional. Para a Administração, quando considerarmos as metas e os objetivos como fatores fundamentaisna organização, seremos eficazes; mas, quando nos preocuparmos com o desempenho, o meio pelo qual alcançaremos os resultados, buscaremos a eficiência. Peter Drucker afirma que “fazer as coisas certas” é atingir a eficácia de uma ação ou atividade, e “fazer certo as coisas” é ter eficiência, sendo ágil na entrega da atividade ou tarefa, com baixo custo e qualidade. A eficiência está mais relacionada ao meio e recursos gastos, e a eficácia, aos resultados. Teoria Neoclássica da Administração6 No link a seguir, você pode assistir a uma entrevista em que Peter Drucker fala sobre sua ótica empresarial. Com o tema “executivos eficientes”, ele aborda a necessidade de estabelecer prioridades e as obedecer, a dedicação de tempo às pessoas que compõem a organização, o desempenho e as estruturas organizacionais. https://goo.gl/ZzAVe7 Principais estruturas na Teoria Neoclássica Nos processos administrativos, refl ete-se sobre as estruturas de decisão e as atividades da empresa, além da forma como funcionam, que pode ser centralizada ou descentralizada. Os processos de centralização são as relações de poder nas tomadas de decisões. Já os processos de descentralização são as relações das ativida- des. Se as decisões são tomadas nos níveis mais elevados da administração (presidência, diretoria, gerentes), essa estrutura é centralizada no poder, na autoridade. Se as decisões são distribuídas por todos os níveis hierárquicos da empresa, essa estrutura é descentralizada. A centralização das decisões é comum nos modelos de gestão centralizada; os modelos de decisão descentralizados se relacionam com os modelos des- centralizados. As formas mais comuns desses modelos de gestão e estrutura se dão pela departamentalização e os seus tipos de composição. Departamentalizar denota uma demarcação de área, uma divisão ou um se- tor distinto de uma empresa, sobre o qual um administrador tem autoridade para desempenhar atividades específicas. Veja alguns tipos de departamentalização. Funcional: agrupamento das atividades de acordo com as funções da empresa. Territorial ou geográfica: as atividades são agrupadas por área ou território. Este tipo de departamentalização é utilizado em Vendas e Produção, normalmente em grandes empresas. 7Teoria Neoclássica da Administração Por grupo de clientes: são agrupadas as atividades que mostrem inte- resse principal pelos clientes, normalmente com maior peso econômico. Por produto: agrupamento de atividades de acordo com produtos ou linhas de produto, em especial em grandes empresas com diversas linhas de produtos. Unidades Estratégicas de Negócio (UEN): áreas diferentes de uma mesma empresa são estabelecidas como unidades para assegurar que determinados produtos ou linhas de produtos sejam promovidos e dirigidos, com se cada uma fosse uma empresa – por exemplo, uma empresa química industrial de grande porte. A departamentalização é uma estrutura organizacional tradicional, dividida em diversos níveis hierárquicos e representada normalmente por organogramas. Esses organogramas demonstram graficamente a estrutura hierárquica de uma organização, seus elementos e a interligação das atividades na empresa. Figura 2. Modelo de organograma. Fonte: Gigra/Shutterstock.com. Teoria Neoclássica da Administração8 Estruturas organizacionais de âmbito global As estruturas organizacionais de âmbito global operam de forma mais especí- fi ca, diferente das demais estruturas. Este tipo de estrutura depende de inúmeros fatores, como o grau de orientação, o compromisso e os pactos internacionais. Uma empresa pode internacionalizar sua operação, criando uma departa- mentalização internacional em seus escritórios centrais, liderados, por exemplo, por um gerente de produção. Nessas estruturas, os gerentes devem ser capazes de definir a estrutura de organização mais adequada para suas operações. Nas estruturas organizacionais, os níveis de autoridade nas relações exis- tentes são visíveis. Essa autoridade pode ser distribuída conforme o tipo, o porte ou negócio por exemplo. A autoridade de linha: é a relação em que um superior exerce autoridade diretamente sobre um funcionário, submetido a sua responsabilidade. A autoridade de staff: é a relação em que a posição identificada como staff é descrita como um suporte, uma assessoria ou um apoio à linha diretamente a ela designada. A autoridade funcional: é quando se institui uma relação de delegação a funcionários ou departamento(s) sobre determinadas áreas, processos, práticas, ou alguma questão referente à atividade de outro departamento que não o que pertence. Quando em férias, o gerente delega sua função em um departamento comercial a outro funcionário, além das atividades que esse outro funcionário exerce. Essa transferência de poder e autoridade disponibiliza ao funcionário a possibilidade de tomada de decisão no período determinado, demandando deveres, obrigações e, principalmente, confiança em quem assume o papel delegado. 9Teoria Neoclássica da Administração Todas as estruturas apresentadas demonstram que as organizações ne- cessitam de rotinas, essenciais para a contínua produção de suas atividades nas empresas. Os autores e estudiosos da Administração contribuíram com o desenvolvimento do pensamento administrativo na criação de normas, parâmetros, diretrizes, sistemas, processos, e na dinâmica de atuação das práticas das tarefas da organização. Com o decorrer das análises e constatações de resultados, percebe-se que a organização é um sistema aberto que opera dentro do ambiente e interage com ele. Por meio de seus funcionários, a organização traz influências externas para proporcionar maiores argumentos e experimentações na sua manutenção e crescimento. A Administração é considerada uma ciência, pois pode ser experimentada e explorada por meio dos estudos feitos. Ela também é considerada uma arte, pois tem o poder de transformar realidades organizacionais, individuais e de uma sociedade – que se encontra em constante mutação, ainda mais com advento de inovações tecnológicas, comportamentos e metodologias de aprendizagem. A Teoria Neoclássica, somou a Teoria Clássica à valorização do ser humano na organização e à medição do desempenho e dos resultados organizacionais de forma prática, proporcionando novos caminhos de estudos para possíveis novas teorias O Conselho Federal de Administração (CFA) é o órgão normativo da profissão de Admi- nistrador. Por meio de suas regionais, ele fiscaliza o exercício profissional, entre outras funções. Visite o site do CFA, disponível no link abaixo, e se atualize constantemente sobre as demandas da área. https://goo.gl/roJ5p1 Teoria Neoclássica da Administração10 KOONTZ, H.; O’DONNELL, C. Fundamentos da Administração. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1989. KOONTZ, H.; O’DONNELL, C. Princípios de Administração: uma análise das funções administrativas. 9. ed. São Paulo: Pioneira, 1974. 2 v. (Biblioteca Pioneira de Adminis- tração e Negócios). MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. 6. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2004. NEWAGE TC. Newage: entrevista com Peter Drucker. Youtube, 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iemrpo7iNHY>. Acesso em: 07 maio 2018. WEIHRICH, H.; CANNICE, M. Administração: uma perspectiva global e empresarial 13. ed. São Paulo: MCGraw Hill, 2009. Leituras recomendadas 11Teoria Neoclássica da Administração DICA DO PROFESSOR A Teoria Neoclássica toma como base os fundamentos da Teoria Clássica, sofrendo também influências de outras escolas teóricas da Administração. Seu ponto central é a importância do potencial humano para o desempenho organizacional e a otimização dos resultados, tendo como marca o viés eclético para a utilidade, qualidade, abrangência e desenvolvimento contínuo da administração geral. Saiba mais sobre os elementos da Teoria Neoclássica e sua importância para as organizações, na Dica do Professor a seguir.Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Quais as características básicas da Administração e os elementos do processo administrativo de acordo com a Teoria Neoclássica? A) Planejar, organizar, liderar, controlar, assim como a administração de pessoal com foco nos resultados. B) Planejar e direcionar os funcionários de uma organização para obedecer às normas e diretrizes da empresa. C) Liderar e administrar o pessoal para alcançar as metas organizacionais. D) Planejar, organizar, liderar e controlar as rotinas da organização por meio do seu administrador. Organizar e estabelecer meios de atuação eficazes dos funcionários no auxílio ao bom E) desempenho do processo administrativo. 2) Harold Koontz e Cyril O’Donnel caracterizam a Teoria Neoclássica utilizando quais parâmetros para a otimização dos resultados? A) Efetividade e eficiência. B) Eficácia e eficiência. C) Eficácia e os princípios prescritivos normativos. D) Princípios prescritivos normativos e descritivos. E) Princípios descritivos e eficácia. 3) Nos processos administrativos, reflete-se sobre as estruturas de decisão e as atividades das empresas. Assinale a alternativa que indique como normalmente se dá o funcionamento dessas estruturas. A) De forma concentrada e igualitária em relação aos direitos. B) De forma centralizada e inflexível devido à importância da ciência de administrar. C) De forma descentralizada e informal. D) De forma centralizada ou descentralizada. E) De forma centralizada e igualitária. 4) A Escola do Processo Administrativo reconhece a influência de outras teorias em sua construção. Indique quais são essas teorias, observando a sua utilidade, aderência e relevância. A) Teoria das Normas Prescricionais e Descritivas, Teoria Clássica, Teoria Científica e Matemática. B) Teoria de Sistemas, do poder discricionário nas tomadas de decisão, estrutura descentralizada e orientada para resultados. C) Teoria centralizada e inflexível quanto aos objetivos organizacionais, dos comportamentos individuais e coletivos, cooperação e matemática. D) Teoria de Sistemas, Teoria Clássica e Científica. E) Teoria de Sistemas, conceitos de qualidade e reengenharia, Teoria da Decisão, dos comportamentos individuais e coletivos, cooperação e matemática. 5) Quem é um dos pensadores da Administração reconhecido como o guru desta, o qual popularizou seus estudos e experimentos, concluindo que os trabalhadores são os ativos mais valiosos de uma empresa? A) Cyril O'Donnell. B) Henry Ford. C) Peter Drucker. D) Harold Koontz. E) Frederick Taylor. NA PRÁTICA A empresa Lanche Perfeito foi uma lanchonete que nasceu de um sonho de Laura, uma dona de casa. Sonho este de ter sua autonomia e empregar seus filhos, pois ela cozinhava muito bem e tinha filhos jovens e que estavam desempregados, o que os tornava disponíveis para ajudá-la nas tarefas. Nos finais de semana ela vendia salgadinhos para a vizinhança e tinha muito sucesso. Em janeiro de 2017, ela abriu sua pequena lanchonete. Porém, em setembro do mesmo ano, fechou as portas do estabelecimento. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Entrevista Com Peter Drucker A partir de uma ótica empresarial, Peter Drucker fala sobre a necessidade, para um executivo de sucesso, de estabelecer prioridades, além de dedicar tempo às pessoas que compõem sua organização, avaliar seu desempenho e as estruturas organizacionais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão para resultados no Ministério Público Assista uma palestra com o professor Vicente Falconi Campos, sobre a gestão no Ministério Público, a qual enfatiza três fatores fundamentais para o sucesso de qualquer organização: uma boa liderança, conhecimento técnico do negócio e método gerencial. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Causas do desemprego: Teoria neoclássica contra a teoria keynesiana Na dica de leitura a seguir, você verá como a Teoria Neoclássica e a Teoria Keynesiana são utilizadas para explicar as causas do desemprego nos dias atuais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria da Administração Científica APRESENTAÇÃO Você sabia que a origem da administração como ciência ocorreu por meio da Teoria da Administração Científica? Graças a Taylor, fundador dessa teoria, ocorreu uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial daqueles tempos. Ao explorar o tempo de cada tarefa e os processos realizados nas organizações, Taylor conseguiu estabelecer modelos de execução, treinar os colaboradores, especializar os indivíduos e instalar o planejamento, com o propósito de analisar e organizar a unidade fundamental do trabalho, apoiando esse raciocínio até o topo da empresa. Por meio da análise e da adaptação de práticas desenvolvidas por ele, eliminou-se o desperdício das perdas sofridas pelas instituições e maximizaram-se os níveis de produtividade. Até hoje, muitas organizações baseiam-se nesse modelo, devido a sua eficiência, realizando a padronização, divisão do trabalho, seleção e treinamento dos colaboradores, entre outras práticas. Você já observou os fast-foods ou organizações prestadoras de serviços rápidos? Preste atenção, assim conseguirá ver que a Teoria da Administração Científica, apesar de antiga, ainda está presente em nosso século e rendendo altos lucros para as empresas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você analisará a relevância da produção em massa na antiguidade e nos tempos atuais, as particularidades do método científico de produção e os resultados do método científico de produção com o desenvolvimento econômico das organizações que o adotaram. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir a importância da produção em massa, desde o seu surgimento até os dias de hoje. • Identificar quais são as principais características do método científico de produção. • Relacionar as decorrências da implantação do método científico de produção com o desenvolvimento econômico das empresas que o adotaram. • DESAFIO Imagine que você foi contratado para identificar e solucionar alguns prejuízos que estão ocorrendo em uma empresa de autopeças. A organização vem perdendo clientes há alguns meses e, com isso, gerando a diminuição de seus lucros. Por meio de uma pesquisa de satisfação foi constatado que as principais reclamações dos consumidores são: entrega das peças com atraso e recebimento de itens com defeito. Com base nos dados coletados na empresa e, com o apoio da Teoria da Administração Científica e nas práticas atuais, quais seriam as atitudes tomadas por você para que a instituição voltasse a gerar lucros? Lembre-se de justificar a sua resposta, apresentando pelo menos três ações. INFOGRÁFICO Como você sabe, no início do século XX, surgiu a administração como ciência. Taylor, pai dessa teoria, garantiu o melhor custo-benefício ao sistema produtivo, fazendo com que essas práticas continuem presentes e rendendo frutos nas organizações até hoje. Assim, as instituições permanecem na busca da redução de custos e do aumento da produtividade, utilizando alguns aspectos do Taylorismo para melhorar a qualidade dos itens, a organização do trabalho, redução de custos, o melhor aproveitamento dos colaboradores, além da redução de jornada e aumento salarial. Veja no Infográfico a seguir, algumas outras características do método científico, conhecidas como Organização Racional do Trabalho (ORT), responsáveis por assegurar o máximo de prosperidade à empresa e ao empregado. CONTEÚDO DO LIVRO Aumentar os lucros e diminuir as despesas são os objetivos das organizações desde a antiguidade. Com a leitura do capítulo Teoria da Administração Científica, da obra Teoria Geral da Administração I, você verá que a teoriada administração científica surgiu com o intuito de substituir a produção artesanal pela produção de massa, uma vez que, maior produção representa menores custos para as organizações. Boa leitura! TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO I Arianne Guazzelli Teoria da Administração Científica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir a importância da produção em massa, desde o seu surgimento até os dias de hoje. � Identificar quais são as principais características do método científico de produção. � Relacionar as decorrências da implantação do método científico de produção com o desenvolvimento econômico das empresas que o adotaram. Introdução Você sabia que a origem da Administração como ciência ocorreu através da Teoria da Administração Científica? Graças a Frederick Taylor, fundador dessa teoria, ocorreu uma verdadeira revolução no pensamento admi- nistrativo e no mundo industrial. Ao explorar o tempo de cada tarefa e os processos realizados nas organizações, Taylor conseguiu estabelecer modelos de execução, treinar os colaboradores, especializar os indivíduos, inclusive aqueles de cargos gerenciais, instalar o planejamento, com o propósito de analisar e organizar a unidade fundamental do trabalho, apoiando esse raciocínio até o topo da empresa. Através da análise e da adaptação de práticas desenvolvidas por ele, eliminou-se o desperdício das perdas sofridas pelas instituições e maximi- zou-se os níveis de produtividade. Até hoje, muitas organizações se baseiam nesse modelo, devido a sua eficiência, realizando a padronização, divisão do trabalho, seleção e treinamento dos colaboradores, entre outras práticas. Você já observou os fast-foods ou organizações prestadoras de serviço rápidos? Preste atenção, assim conseguirá ver que a Teoria da Adminis- tração Científica, apesar de antiga, ainda está presente em nosso século e rendendo altos lucros para as empresas. Neste texto, você irá analisar a relevância da produção em massa antigamente e no tempo atual, as particularidades e os resultados do método científico de produção com o desenvolvimento econômico das organizações que o adotaram. A importância da produção em massa Você sabia que uma maior produção pode gerar menores custos para as orga- nizações? Quando você vê os produtos dispostos em prateleiras deve imaginar que eles passaram por um processo de produção. Logo, existem algumas etapas que esses itens percorrem até estarem disponíveis para os consumidores. A produção em massa surgiu para minimizar as despesas da instituição, o tempo gasto por trabalhadores para a fabricação dos produtos, além de atender às necessidades dos consumidores. Após a Revolução Industrial, com as mudanças econômicas, técnicas e culturais, surge, então, a Teoria da Admi- nistração Científica, com o intuito de substituir a produção artesanal pela em massa. Assim, a produção artesanal em pequena escala tornou-se mecanizada em grandes proporções. Com isso, as instituições começaram a procurar novas técnicas de gerenciar os recursos de suas empresas, concentrando-se nas formas para maximizar a eficiência da combinação tarefa-trabalhador (Figura 1). Figura 1. O processo de produção em massa. Fonte: panpote/Shutterstock.com. Teoria da Administração Científica2 Frederick W. Taylor (1856-1915; Figura 2) ficou conhecido mundialmente por estabelecer as técnicas da administração científica, a fim de redesenhar o processo de trabalho para garantir que gerasse maior eficiência. Sua principal crença era de que se a parcela de tempo e esforço que cada colaborador gastava para produzir um item pudesse ser diminuído com uma maior especialização e divisão de trabalho, o processo de produção poderia tornar-se mais eficiente. Através de diversos experimentos e análises como gerente de produção em inúmeros ambientes, Taylor criou quatro princípios para ampliar a eficiência no ambiente organizacional: � Princípio 1: estudar a maneira como os trabalhadores desempenham suas tarefas, reunir todo o conhecimento informal de trabalho que eles possuem e experimentar maneiras de aprimorar o modo como as tarefas são desempenhadas. Taylor analisou o campo de tempo e movimento, que abrangeu o cálculo do tempo, além do registro das atitudes realizadas para desempenhar cada ação. Após compreender o método, ele testou ampliar a especialização por meio de diferentes ações de divisão e de coordenação para produzir um produto final. Assim, muitas funções eram diminuídas, fazendo com que os colaboradores realizassem menos tarefas, mas mais rotineiras. Algumas outras estratégias foram adotadas por Taylor, como minimizar o número de movimentos que eles faziam para completar a ação, por exemplo, realizando mudanças no layout do ambiente ou o tipo de ferramenta utilizada pelos funcionários. � Princípio 2: codificar os novos métodos de desempenhar tarefas em regras escritas e procedimentos operacionais padrão. Após identificar o melhor meio para realizar certa tarefa, Taylor instituiu que este procedimento deveria ser registrado, a fim de que esta ação pudesse ser ensinada a todos os colaboradores que realizavam esta tarefa. Assim, seria possível padronizar, além de simplificar as funções, aumentando a eficiência dos processos da organização. � Princípio 3: selecionar cuidadosamente os trabalhadores com habilidades e capacidades que correspondam às necessidades da tarefa e treiná-los para desempenhar a tarefa de acordo com as regras e procedimentos estabelecidos. 3Teoria da Administração Científica Para garantir uma maior especialização dos funcionários, era necessário que os colaboradores compreendessem as tarefas a serem desempenhadas, além de serem muito bem treinados para realizá-las em um nível elevado. Assim, os funcionários que não conseguissem ser treinados a esse nível, deveriam ser alocados em uma outra função onde conseguissem atingir um nível mínimo exigido de proficiência. � Princípio 4: estabelecer um nível justo ou aceitável de desempenho para uma tarefa, e então desenvolver um sistema de pagamento que forneça uma recompensa pelo desempenho acima do nível aceitável. A fim de motivar os colaboradores a atingir um elevado nível de eficiência ao desempenhar suas práticas, Taylor sustentava a ideia de que eles deveriam se beneficiar de qualquer ganho no desempenho. Assim, receberiam um bônus e uma porcentagem nos ganhos alcançados, de acordo com a performance no trabalho. Figura 2. Taylor: pai da Administração Científica. Fonte: Faria (2009). Teoria da Administração Científica4 Percebe-se que Taylor buscava uma gestão que fizesse com que o funcio- nário produzisse mais em um curto período de tempo, sem aumentar os custos de produção da organização. Através desses princípios conseguiu minimizar as falhas observadas, que eram: falta de padronização dos métodos de trabalho, desconhecimento por parte dos funcionários que realizavam a ação, além da maneira de remuneração utilizada nas instituições. Entretanto, muitas empresas implementaram os novos princípios da Ad- ministração Científica seletivamente, ou seja, adotaram apenas as práticas que beneficiavam a organização, e não seus colaboradores. Decidiram não partilhar os ganhos de desempenho com seus funcionários por meio de boni- ficações, apenas aumentavam a quantidade de trabalho que cada colaborador deveria realizar. Assim, muitos indivíduos acabaram sendo prejudicados, já que percebiam que, à medida que o seu desempenho aumentava, a instituição solicitava que trabalhassem ainda mais pelo mesmo salário. Além disso, os colaboradores começaram a perceber que, conforme a melhora no desempenho, eram necessários menos pessoas para realizar de- terminada tarefa, fazendo com que as empresas demitissem e enxugassem o quadro de funcionários, já que a quantidade de trabalhadores poderia ser menor para a finalização de tal produto. Outro fator de desapontamentopor parte dos funcionários era os cargos especializados, simplificados, monótonos e repetitivos, fazendo com que produzisse insatisfação com o emprego. Mesmo com alguns problemas na implementação, a Teoria da Administra- ção Científica, criada por Taylor, acabou tornando-se extremamente importante e responsável pelo desenvolvimento e crescimento industrial nos dias de hoje. Além disso, proporcionou metodologias de padronização, criou divisões de trabalho, sendo possível auxiliar no desenvolvimento das organizações, além de simplificar o processo de robotização e informatização de sua produção. Assim, tornou-se possível substituir o trabalho humano, totalmente artesanal, por ações automatizadas, realizadas por máquinas e computadores, elevando o processo de produção à excelência. Apesar de algumas falhas apresentadas na teoria, o método científico trouxe inúmeras vantagens, como a melhoria na qualidade dos itens, a organização do trabalho, a redução dos custos, o melhor aproveitamento dos colaboradores, além da diminuição da jornada de trabalho e o aumento salarial. 5Teoria da Administração Científica Principais características do método científico de produção A Teoria Científica, através dos estudos realizados por Taylor, visava sistema- tizar as ações entre os indivíduos e as tarefas, com o objetivo de redesenhar a maneira de trabalhar para aumentar a eficiência. Assim, o trabalhador acabava exercendo sua função e nada além disso, deixando as ações de elaboração para os cargos de maior responsabilidade, com o objetivo de alcançar demandas elevadas, tornando os colaboradores peças essenciais da linha de produção, cumpridores de metas e tempos estabelecidos, realizando apenas uma função, ou seja, funcionando como máquinas. O Taylorismo tem por principal objetivo o controle e a medição das ativi- dades constantemente, sendo comparável a um sistema inflexível e ditatorial, o que gera, nos funcionários, uma certa monotonia, insatisfação, irritabilidade, além da diminuição da criatividade, por desempenharem atividades repetitivas. Assim, uma de suas particularidades é apenas analisar a quantidade e os custos, esquecendo a qualidade dos produtos ou serviços a serem comercia- lizados. Entretanto, a teoria foi criada para ser aplicada na realidade de sua época, baseada apenas na produção industrial, trazendo como grandes vanta- gens a organização e a padronização da forma de trabalho dos colaboradores, garantindo eficiência e eficácia no desempenho dos indivíduos. Confira algumas das principais características da produção em massa: � divisão das tarefas de trabalho dentro de uma Instituição; � especialização do funcionário; � treinamento e preparação dos colaboradores de acordo com o talento apresentado; � análise dos processos produtivos dentro de uma Instituição com o intuito de otimizar o trabalho; � adoção de táticas para diminuir a fadiga e os problemas de saúde dos funcionários; � implantação de melhorias nas condições e ambientes da organização; � uso de métodos padronizados para diminuir custos e maximizar a produtividade; � criação de sistemas de incentivos e recompensas salariais para motivar os indivíduos e aumentar a produtividade; � uso de supervisão humana especializada para controlar o processo produtivo; � disciplina na distribuição de atribuições e responsabilidades; Teoria da Administração Científica66 � uso apenas de métodos de trabalho que já foram testados e planejados para eliminar o improviso. A Teoria Científica originou uma grande mudança nos métodos de produ- ção, e foi sendo melhorada ao longo dos anos. Quando bem empregada pelas organizações, resulta em grandes benefícios para milhares de colaboradores, através de jornadas de trabalho menores, salários atingindo até o dobro do que eram anteriormente e dias de descanso remunerado. Além disso, acar- reta grandes vantagens para as organizações através de itens com qualidade superior, local de trabalho agradável e diminuição de elevados custos no processo de produção. Entretanto, algumas críticas foram realizadas em relação a esse modelo de gestão, como: � o indivíduo é transformado em uma máquina; � o funcionário adquire apenas uma visão limitada do processo, já que se especializa em apenas uma função; � não leva em conta o lado social e humano do colaborador; � trata a empresa como um sistema fechado sem considerar as influências externas. Assim, é possível analisar que, dependendo do ponto de vista, esta teoria pode ser considerada vantajosa ou não. Alguns outros estudiosos contribuíram para a evolução da Teoria Científica: Frank e Lilian Gilbreth foram mais a fundo na análise dos tempos e movimentos, além do estudo da fadiga, propondo princípios relativos à economia de movimentos; Henry Grant, que pesquisou mais sobre o sistema de pagamento por incentivo; Harrington Emerson, que estabeleceu os doze princípios da eficiência; Morris Cooke, que presenteou a aplicação da Administração Científica à educação e às administrações públicas; e Henry Ford, que elaborou a linha de montagem aplicando e aperfeiçoando o princípio da racionalização proposto por Taylor. Para saber mais sobre as características da Teoria da Administração Científica, leia o artigo “Princípios da Administração Científica: Frederick W. Taylor” (MARTINS JR., 2011). 7Teoria da Administração Científica Desenvolvimento econômico das organizações que utilizam o método científico Ao longo dos anos, ocorreram grandes mudanças na forma como os cidadãos passaram a ver as instituições. O acesso à informação e a um maior conhe- cimento, através da tecnologia, fez com que os indivíduos começassem a procurar empresas para trabalhar que os reconhecessem, além de locais onde fossem ouvidos e considerados peças importantes no todo. Entretanto, muitas das principais nações industrializadas no século XXI ainda utilizam as teorias criadas por Taylor, com o objetivo de encontrar a minimização de seus custos e a maximização de sua produtividade nas linhas de produção. Assim, detectam e contratam indivíduos adequados para desenvolverem práticas em um menor espaço de tempo e de maneira eficiente, elevando seus lucros e diminuindo seus custos de produção. No entanto, faz-se necessário atualizar a Teoria da Administração Cientí- fica aos atuais modelos de gestão existentes, uma vez que seus princípios são extremamente mecanicistas, com seu centro voltado à prática em si e não nos envolvidos nela. Essas teorias apresentavam condições melhores de trabalho para os colaboradores única e exclusivamente objetivando a maximização da produtividade, o que está totalmente contra os atuais modelos de gestão de pessoas, os quais elevam os funcionários a seres pensantes e sentimentais, e não somente a executores de tarefas. Taylor observou funcionários, maneiras de produção e apresentou um método administrativo nas organizações que atuasse na parte hierárquica mais baixa até a mais elevada, além das partes para o todo, com o intuito de que o processo produtivo fosse realizado da melhor forma e em um menor tempo. Assim, desenvolveu quatro pontos básicos da preparação dos colaboradores: princípio do planejamento; princípio da preparação dos trabalhadores; princípio do controle e princípio da execução. Todos estão diretamente interligados ao objetivo final de racionalizar o trabalho dos funcionários. Outro motivo a ser considerado nessa teoria é que, no atual mercado, praticamente não permanecem mais instituições com sistemas fechados, como era naquele tempo. As organizações de hoje convivem em sistemas totalmente abertos, experimentando influências externas de diversos âmbitos. Caso uma organização deseje aplicar a teoria de Taylor fielmente, com certeza será acionada pelos sindicatos das classes de seus colaboradores. Por isso, algumas baseiam-se nessa teoria para o seu desenvolvimento econômico, mas não a utilizam à risca, ou seja, acabam realizando algumas adaptações.Teoria da Administração Científica8 No país, podemos analisar práticas do modelo de produção em massa em muitas organizações, algumas de forma clara e explícita; outras, de maneira subjetiva, como um contrato psicológico. É certo que este modelo de gestão apresenta vantagens, não seria utilizado caso não trouxesse, mas se faz im- prescindível que as empresas saibam avaliar de acordo com as características, a missão, a visão, os valores da sua instituição, quais serão os modelos a serem utilizados com mais ou menos veemência no seu contexto. Um exemplo claro e moderno da utilização dos princípios apresentados por Taylor em suas teorias é uma empresa de grande sucesso no ramo de fast-food, o Mc Donald’s. Por sinal, você sabe o porquê de você mesmo não preparar na hora seu Big Mac? Para colocar dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles, com pão de gergelim, você levaria apenas dez minutos para finalizá-lo, entretanto, você geralmente aguarda em torno de três minutos para ter o seu lanche. Mas, o que quer dizer isso? Ponto central na produção, onde se diminuem inúmeras e pequenas atividades divididas, simplificadas e terceirizadas, oportunizando que o mínimo de trabalho seja realizado na instituição. Assim, o Taylorismo foi adaptado aos novos formatos de gestão e conivente às novas tecnologias, proporcionando uma emancipação humana. Através da adaptação da Teoria da Administração Científica, vemos o grande desenvolvimento econômico que o Mc Donald’s atinge a cada ano, sendo percursor de um enorme lucro, minimizando gastos com a produção. Muitas montadoras de carros, apesar da tecnologia e das máquinas dis- ponibilizadas nos dias atuais, ainda utilizam técnicas apresentadas na teoria de Taylor, onde cada funcionário realiza apenas uma tarefa repetitivamente, fazendo com que se torne cada vez mais rápido nessa prática e minimize os possíveis erros, oferecendo menos desperdício e mais lucros para as instituições. As indústrias farmacêuticas acabam também evidenciando essa Teoria da Administração Científica, onde cada colaborador realiza o mesmo processo em sua estação, tornando-se uma tarefa rotineira. Os supermercados também apresentam a teoria Taylorista em seus procedimentos, já que os funcionários responsáveis pelos caixas ou pelo estoque acabam realizando a mesma atividade excessivamente, sem oportunizar ao colaborador se tornar uma mente pen- sante dentro da organização, dando a oportunidade de realizar outras tarefas. Todas estas instituições acabam lucrando com esse modo de produção, pois os indivíduos realizam suas tarefas mais rapidamente, cometendo menos erros, oportunizando o desenvolvimento econômico da organização e as tornando referências no mercado. 9Teoria da Administração Científica Entenda um pouco mais sobre a Administração Científica e sobre as características do modelo taylorista lendo os textos “100 anos de Administração Científica” (PINHEIRO, 2011) e “Taylorismo nosso de cada dia” (RAMOS, 2014). É importante ressaltar apenas que instituições que atualmente seguem a Teoria da Administração Científica, sem o uso de ferramentas da Qualidade, exercendo práticas de trabalho rotineiras e repetitivas, com uma gestão gerada pela imposição, centralizadora, acabam sendo reconhecidas como organizações ultrapassada perante a sociedade e os seus colaboradores. Lembre-se: falta de mo- tivação e engajamento dos funcionários pode gerar prejuízo para a organização. Assim, apesar de não ser saudável seguir à risca a Teoria da Administração Científica, as empresas podem utilizar algumas de suas ideias, optando por mudanças para se adaptar, mas continuando a prezar pela essência de minimizar as imperfeições, sem margem para erros ou falhas no processo de produção. A realidade é que a sociedade atual não pode voltar ao tempo que era antes da Administração Científica. Já imaginou uma instituição sem hierarquia, por exemplo? Assim, é impossível não utilizar alguma prática que surgiu com o Taylorismo. Afinal, não teríamos esse novo modelo atual de gestão se Taylor não fosse idealizador da Teoria da Administração Científica. FARIA, C. Administração científica. [S.l.]: InfoEscola, 2017. Disponível em: <http://www. infoescola.com/administracao_/administracao-cientifica/>. Acesso em: 03 dez. 2017. MARTINS JR., A. Princípios da administração científica: Frederick W. Taylor. Enfoque- Net, 07 set. 2011. Disponível em: <http://www.enfoquenet.com.br/administracao-2/ principios-da-administracao-cientifica-frederick-w-taylor/>. Acesso em: 03 dez. 2017. PINHEIRO, E. 100 anos de Administração Científica. Administração, 26 jun. 2011. Dispo- nível em: <http://evepinheiro.blogspot.com.br/2011/06/100-anos-de-administracao- -cientifica.html>. Acesso em: 03 dez. 2017. RAMOS, G. O Taylorismo nosso de cada dia. Administradores, 17 mar. 2014. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/academico/o-taylorismo-nosso- -de-cada-dia/76182/>. Acesso em: 03 dez. 2017. Teoria da Administração Científica10 Leituras recomendadas CASTRO, G. P. de. Administração científica nos tempos modernos. Administradores, 03 abr. 2016. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/academico/ administracao-cientifica-nos-tempos-modernos/94614/>. Acesso em: 29 ago. 2017. CHIAVENATO, Io. Introdução a teoria geral da administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. JONES, G. R. Administração contemporânea. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.MAN- JORANI, A. Taylorismo nos dias atuais. LinkedIn, 18 jul. 2016. Disponível em: <https:// pt.linkedin.com/pulse/taylorismo-nos-dias-atuais-alex-manjorani-1>. Acesso em: 29 ago. 2017. PERIARD, G. Tudo sobre a administração científica de Taylor. Sobre Administração, 17 abr. 2012. Disponível em: <http://www.sobreadministracao.com/tudo-sobre-a- -administracao-cientifica-de-taylor/>. Acesso em: 29 ago. 2017. SOUZA, F. A administração científica ainda continua presente nos dias de hoje. Ad- ministradores, 06 abr. 2016. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/ artigos/academico/a-administracao-cientifica-ainda-continua-presente-nos-dias- -de-hoje/94730/>. Acesso em: 29 ago. 2017. SOUZA, W. Administração científica: a influência nas organizações. Divulga ADM, 13 maio 2014. Disponível em: <http://divulgadm.weebly.com/blog/administrao-cientfica- -a-influncia-nas-organizaes>. Acesso em: 29 ago. 2017. TEIXEIRA, D. Taylorismo - Um modelo com forte presença em nossa cultura. Adminis- tradores, 24 abr. 2014. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/ negocios/taylorismo-um-modelo-com-forte-presenca-em-nossa-cultura/76962/>. Acesso em: 29 ago. 2017. 11Teoria da Administração Científica DICA DO PROFESSOR Você sabe a importância da Teoria da Administração Científica? No vídeo a seguir, você verá um pouco mais sobre as características do método científico e da sua utilização na atualidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Ao adotar a Administração Científica como princípio de suas ações, algumas organizações acabaram cometendo equívocos. Utilizavam práticas que beneficiavam apenas a organização, não os colaboradores. No que se refere aos ganhos de desempenho e produtividade, qual item elenca o uso correto das bonificações? A) Quanto maior a produção realizada pelo funcionário, menos bonificações devem ser concedidas. B) Quanto menor a produção realizada pelo funcionário, mais bonificações ele deve receber. C) Diminuir a quantidade de trabalho que cada colaborador deve realizar e oferecer-lhe bonificações caso desempenhe alta produtividade. D) Dividir os ganhos de desempenho com seus colaboradores por meio de bonificações e monitorar a quantidade de trabalho que cada funcionário deve realizar. E) Não dividir os ganhos de desempenho com seus colaboradores por meio de bonificações, apenas aumentar a quantidade de trabalho que cada funcionário deve realizar. 2) Quais dos itens a seguir referem-se auma vantagem proporcionada pela Administração Científica? A) Produção artesanal. B) Fadiga. C) Criação de divisões de trabalho. D) Falta da necessidade de analisar os processos produtivos. E) Uso de métodos não padronizados. 3) Após analisar e realizar diversas análises, Taylor, considerado o pai da Administração Científica, criou quatro princípios para ampliar a eficiência no ambiente organizacional. Um deles era, selecionar cuidadosamente os trabalhadores com habilidades e capacidades que correspondem às necessidades da tarefa e treiná- los para desempenharem a tarefa de acordo com as regras e procedimentos estabelecidos. Afinal, o que esse princípio permeia? A) Garantir maior especialização dos funcionários, fazendo com que compreendessem as tarefas a serem desempenhadas, além de treiná-los para realizá-las em um nível elevado. B) Selecionar qualquer trabalhador para realizar certa tarefa. C) Não existia uma análise de trabalhadores que deveriam desempenhar cada tarefa. D) Conforme a tarefa a ser desempenhada, verificava-se as opções de trabalhadores disponíveis. E) Garantir menor especialização dos funcionários, fazendo com que compreendessem algumas das tarefas a serem desempenhadas, além de treiná-los para caso houvesse necessidade. 4) Muitas das organizações atuais ainda baseiam sua gestão na Administração Científica. Você sabe por qual motivo? A) Com o objetivo de encontrar um aumento de seus custos e a diminuição de sua produtividade nas suas linhas de produção. B) Para gerar uma minimização de sua produtividade nas suas linhas de produção. C) A fim de garantir uma maximização de custos. D) Com o objetivo de garantir uma produção artesanal. E) Com o objetivo de encontrar a minimização de seus custos e a maximização de sua produtividade nas suas linhas de produção. 5) Qual das instuições abaixo utiliza alguns princípios mais explícitos do Taylorismo em sua gestão? A) Artesãos. B) Instituições de produtos customizados. C) Lojas de fast-food. D) Empresas de consultoria. E) Lojas pequenas de vestuário. NA PRÁTICA Como você sabe, a Teoria da Administração Científica permitiu que a administração fosse evoluindo ao longo dos anos. Durante muito tempo, os trabalhadores foram tratados apenas como peças dentro de uma empresa, onde não eram ouvidos. Hoje, percebe-se que, além de práticas que beneficiem as organizações, é fundamental a valorização do colaborador. Somente com essas ações será possível que as empresas tenham seu tão esperado sucesso, gerando grandes lucros, além de serem reconhecidas no mercado. Assim, muitas instituições ainda utilizam o Taylorismo, na busca pela redução dos custos e o aumento da produtividade, agregado a algumas novas ações que beneficiem os colaboradores. O funcionário que opera em uma empresa com base Taylorista, atualmente, será também preparado para realizar outras atividades e possuirá um conhecimento mais generalista do processo, deixando de lado a atitude robotizada de anos atrás. Conheça, a seguir, uma das organizações atuais que tem como base a Teoria da Administração Científica. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Virtudes e defeitos do taylorismo na atualidade O que mudou e o que permanece nas organizações dos fundamentos do Taylorismo? Conheça as virtudes e os defeitos do Taylorismo na atualidade, a partir da entrevista a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Administração científica - Taylor e outros pensadores Quer saber mais sobre Administração Científica? No vídeo a seguir, você verá uma abordagem histórica com as principais características do modelo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria Geral dos Sistemas APRESENTAÇÃO A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) surgiu na década de 1950, com a ideia de produzir teorias e conceitos que pudessem ser aplicados na realidade empírica, unificando várias áreas do conhecimento. Nesse sentido, a TGS considera as organizações como sistemas abertos, que interagem, influenciam e são influenciados pelo ambiente em que estão inseridos. Assim, um sistema consiste em um conjunto de partes interdependentes, que formam um todo unitário, e executam funções em prol de um objetivo comum. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os pressupostos básicos da TGS, suas implicações na Administração atual, e o conceito de organizações como sistemas abertos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os pressupostos básicos da Teoria Geral dos Sistemas.• Relacionar as organizações com os sistemas abertos.• Analisar a TGS a partir de seus avanços e implicações na Administração atual.• DESAFIO Os sistemas podem ser classificados, quanto à sua estrutura, em concretos - quando podem ser descritos de maneira quantitativa, ou abstratos - quando podem ser descritos de maneira qualitativa. Quanto a sua natureza, podem ser classificados em abertos - quando interagem com o meio ambiente, ou fechados - quando não interagem com o meio. Sabendo que uma das grandes contribuições da Teoria Geral dos Sistemas para a Administração foi o fato de as organizações começarem a ser encaradas como sistemas abertos, você, como professor de graduação em Administração, deve explicar aos seus alunos, de forma fácil de ser compreendida, qual é exatamente a relação entre uma organização e o conceito de sistema aberto. INFOGRÁFICO A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) utiliza o conceito de sistemas, não para solucionar problemas ou encontrar maneiras práticas de solucioná-los, mas sim para produzir teorias e conceitos que possam ser utilizados na realidade empírica, como forma de unificar as mais diversas áreas do conhecimento. Veja no infográfico a seguir quais são os Pressupostos Básicos da Teoria Geral dos Sistemas. CONTEÚDO DO LIVRO A Teoria Geral dos Sistemas surgiu com o intuito de produzir conceitos e teorias que pudessem ser aplicados na realidade empírica, de maneira que pudesse unificar as diversas áreas da ciência. O conceito de sistemas foi utilizado devido à incoerência de tratar as ciências de forma isolada, uma vez que o conhecimento sobre o funcionamento dos sistemas proporciona uma visão abrangente e holística sobre um conjunto de elementos interdependentes, por meio de uma análise globalista. A Teoria Geral dos Sistemas trouxe a visão de sistema aberto para as organizações, uma vez que uma empresa não sobrevive de forma isolada, mas sim interagindo de maneira frequente e contínua com o seu ambiente interno e externo. Para saber sobre os pressupostos básicos da TGS, suas implicações na Administração atual, e o conceito de organizações como sistemas abertos, leia mais no capítulo Teoria Geral dos Sistemas, da obra Teoria Geral da Administração II, que serve de base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO II Jeanine dos Santos Barreto Teoria Geral dos Sistemas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os pressupostos básicos da Teoria Geral dos Sistemas. � Relacionar as organizações com os sistemas abertos. � Analisar a TGS a partir de seus avanços e implicações na Administração atual. Introdução A Teoria Geral dos Sistemas surgiu em meados da década de 1950 com a ideia de produzir teorias e conceitos que pudessem ser aplicados na realidade empírica, unificando várias áreas do conhecimento. Um sistema consiste em um conjunto de partes interdependentes, que formam um todo unitário, e executam funções em prol de um ob- jetivo comum. Nesse sentido, a TGS considera as organizações como sistemas abertos, que interagem, influenciam e são influenciados pelo meio ambiente em que estão inseridos. Neste capítulo, você vai estudar os pressupostos básicos daTGS, o conceito de organizações como sistemas abertos e a TGS e suas impli- cações na Administração atual. Origens e pressupostos básicos da Teoria Geral dos Sistemas Seguindo as definições estabelecidas por Chiavenato (2006) e Maximiano (2006), podemos definir sistema como um conjunto de partes interdependentes que, combinadas, formam um todo organizado e unitário; trata-se de um grupo de elementos individuais que interagem entre si e executam determinadas funções para atingir objetivos em comum. O resultado atingido pelo sistema normalmente é maior e melhor do que o resultado que seria atingido se cada parte agisse sozinha. A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) surgiu em meados da década de 1950 a partir do trabalho do biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy. Ela não tem o propósito de solucionar problemas ou de buscar maneiras práticas de solucioná-los, e sim de produzir teorias e conceitos que possam ser aplicados na realidade empírica, como uma forma de unificar as ciências. Empirismo é uma teoria que afirma que o conhecimento vem principalmente a partir da experiência sensorial, ou seja, de tudo que pode ser captado do mundo exterior por meio dos nossos sentidos. Desse modo, a expressão realidade empírica refere-se à realidade observável, experimentável, prática. O conceito de sistemas foi difundido pelo avanço tecnológico. Foi com o aumento do uso da tecnologia da informação em diferentes áreas que se percebeu a incoerência de tratar as ciências todas de forma isolada. Com a interação entre as ciências, muitas criações e avanços aconteceram, envolvendo todos os ramos da ciência. Atualmente, o pensamento sistêmico se aplica a várias áreas, com o objetivo de fazer as pessoas não apenas realizarem a tarefa pretendida, mas a executarem de maneira eficiente, com o menor custo possível e sem gerar impactos negati- vos no restante do processo. O conhecimento acerca dos sistemas proporciona uma visão abrangente, global e holística sobre um conjunto de elementos interdependentes, analisando-os por uma configuração e identidade total. O jargão “pensar globalmente, agir localmente” traduz perfeitamente o modo como se deve agir em uma organização, quando a pensamos sob a ótica de um sistema. Essa frase é muito popular, mas não se sabe ao certo quem deu origem a ela. Teoria Geral dos Sistemas2 Pressupostos básicos da TGS A Teoria Geral dos Sistemas tem alguns pressupostos básicos, que são (CHIA- VENATO, 2006): � Os sistemas existem dentro de outros sistemas, ou seja, cada sistema é formado de outros sistemas menores (subsistemas) e, simultaneamente, fazem parte de sistemas maiores (suprassistemas). � Os sistemas são abertos, ou seja, interagem com o meio ambiente ao seu redor. � Os sistemas têm funções que vão depender do tipo de estrutura que os compõem, ou seja, cada sistema tem objetivos e finalidades que traduzem o seu papel e a sua relação com outros sistemas, dentro do ambiente onde estão. Ela também relaciona algumas premissas básicas (CHIAVENATO, 2006): � Os sistemas são maiores do que a simples soma das partes que os inte- gram. Para entender um sistema, é preciso identificar cada parte que o compõe, e ainda a relação existente entre cada uma delas. � A análise de cada parte individual do sistema deve ser feita sempre levando em consideração o todo ao qual ela pertence. � Quando se faz parte de um sistema, pode ser que alguns objetivos menores tenham que ser sacrificados em detrimento do atingimento de um objetivo maior, comum para todos. � Os sistemas devem ser encarados como um sistema de informações, para que possam ser entendidos e seus problemas possam ser identificados e corrigidos. Os sistemas envolvem um propósito ou um objetivo, pois sempre têm uma meta ou finalidade para alcançar. Eles também têm uma visão de totalidade, ou de globalismo, pois qualquer estímulo que uma parte de um sistema sofra vai afetar todas as demais partes integrantes, devido ao fato de existir rela- cionamento entre elas. Tanto quando se fala de organismos vivos quanto quando se trata de qual- quer tipo de sistema organizado, uma organização é caracterizada pelo seu crescimento, ordem de hierarquia, separação por especializações, órgãos de controle, e assim por diante. Os seres vivos são exemplos dos mais impor- tantes sistemas abertos, pois, por suas interações com o meio ambiente, eles 3Teoria Geral dos Sistemas conseguem se adaptar e se ajustar para poder sobreviver. É por isso que são feitas muitas comparações entre eles e as organizações, uma vez que uma empresa deve reagir com o ambiente onde está inserida, mudando e revendo seus produtos, serviços, processos, metas, estratégias e estrutura, para que possa se adaptar e sobreviver no mercado. Dessa forma, a Teoria Geral dos Sistemas procura tratar os sistemas e os processos nas organizações como um grande conjunto unitário, e não como um conjunto de partes separadas. Essa teoria é muito importante porque torna necessário fazer uma avaliação da organização como um todo, e não de maneira dividida, em setores ou áreas diferentes. Para que isso aconteça, é fundamental identificar o maior número de ele- mentos e variáveis possíveis, sejam internos ou externos, que podem influenciar de alguma forma nos processos organizacionais. Além dessa identificação, é importante que seja dado feedback ao longo de todo o processo. Dentro da área de Administração, a Teoria Geral dos Sistemas passou a ser usada a partir da necessidade de se intensificar a aplicação da tecnologia da informação nas empresas. Conceitos básicos da TGS Na Teoria Geral dos Sistemas, os sistemas vivos, sejam eles formados por indivíduos ou pelas organizações, são tidos como sistemas abertos, onde existe uma interação constante entre o ambiente e a informação. Essa teoria permite analisar e conceituar os fenômenos de uma maneira global, permitindo integrar assuntos que muitas vezes podem ser totalmente diferentes entre si. Existem alguns conceitos que são importantes para que se entenda a Teoria Geral dos Sistemas (MAXIMIANO, 2006): � Entropia: diz que todo sistema se desgasta, se deteriora. � Entropia negativa: diz que todo sistema deve lutar contra a entropia, para que continue a existir. � Homeostase: diz que todo sistema tem capacidade de se manter em equilíbrio e harmonia. � Heterostase: diz que todo sistema, quando sofre uma ação de entropia, tende a se reequilibrar. Teoria Geral dos Sistemas4 O pensamento dos processos unidos em forma de sistema é fundamental para as organizações, por vários motivos. Entre eles, estão: � Para auxiliar nas decisões sobre a estrutura física necessária à fabricação de produtos e à prestação de serviços. � Para organizar a comunicação entre os colaboradores dos processos, para que os produtos e os serviços sejam entregues de maneira a atender a todas as expectativas dos clientes. � Para envolver as pessoas, a fim de que elas se empenhem e coloquem seu esforço nos processos dos quais participam. � Para que as pessoas tenham condições de realizar o trabalho que é es- perado delas, desenvolvendo e colocando em prática suas competências, habilidades e conhecimentos. � Para aproveitar as vantagens que a Tecnologia da Informação proporciona, por meio do desenvolvimento de ideias, que acabam se tornando sistemas informatizados que facilitam o trabalho das pessoas em toda a organização. A criação da Teoria Geral dos Sistemas fornece modelos e padrões que podem ser utilizados em vários campos da ciência e em várias áreas, o que traz economia de tempo e de trabalho, e aumenta o desenvolvimento e o progresso nos processos e organizações. A relação entre as organizações e os sistemas abertos Conforme Maximiano (2006), os sistemas podem ser classificados quanto a sua estrutura ou forma como são constituídos e quanto a sua natureza. Em relação a sua estrutura, eles ainda podem ser classificados em concretos, como é o caso de uma máquina,que pode ser descrita de maneira detalhada e quantitativa; e abstratos, como é o caso de valores, cultura, metas, que, para serem descritos, precisam de subjetividade e características qualitativas. Já em relação a sua natureza, os sistemas ainda podem ser classificados em abertos, quando apresentam uma interação com o ambiente onde estão inseridos; e fechados, quando não interagem com o meio. Um sistema aberto é aquele que apresenta fortes relações de intercâmbio e interação com o meio ambiente onde se localiza, por meio de entradas que recebem e saídas que enviam de maneira regular para o seu exterior. Ele pode ser definido como um agrupamento de partes, que são independentes, mas 5Teoria Geral dos Sistemas interagem de maneira constante para formar um todo dotado de sinergia, que tem como finalidade o atingimento de propósitos específicos em interação permanente com o meio ambiente. A Teoria Geral dos Sistemas diz que os sistemas são abertos e reagem às interações que sofrem pelo ambiente onde estão inseridos. As interações com o ambiente fazem com que o sistema seja realimentado de uma maneira negativa ou positiva, o que traz como consequência uma regulação de forma regenerativa, que gera características benéficas ou maléficas para o sistema como um todo. Os sistemas fechados são os que não sofrem influência, nem interagem com o ambiente onde estão inseridos. Nesse sentido, toda organização é considerada um sistema aberto, porque ela sofre interações com o seu ambiente interno (funcionários, setores, proces- sos) e seu ambiente externo (concorrentes, clientes, economia, fornecedores, governo, política, meio ambiente). Os elementos interdependentes que formam o sistema de uma organização podem ser visualizados na Figura 1. Figura 1. Elementos do sistema de uma organização. Fonte: Boteon ([2004?]). Entradas Saídas Transformação ou processamento Retroação (feedback) Informações Energia Recursos Materiais Informações Energia Recursos Materiais Teoria Geral dos Sistemas6 As entradas ou os insumos, também chamados de inputs, são os elementos que possibilitam que o sistema tenha início, fornecendo o material, o recurso ou a informação necessária para que a operação do sistema se inicie. O processamento ou a transformação, também chamados de throughputs, são os elementos ou os fenômenos que transformam, convertem as entradas do sistema em suas saídas. As saídas ou os resultados, também chamados de outputs, são o resultado da união dos elementos e dos relacionamentos que aconteceram no decorrer dos processos do sistema. A retroação ou retroalimentação é o elemento que compara a saída de um sistema com um critério ou padrão que havia sido estabelecido previamente. O ambiente é o meio externo onde o sistema está inserido, ou seja, é o elemento com o qual o sistema, apesar de ser independente, se relaciona e interage. O conceito de sistema aberto trouxe uma nova forma de pensar para a área da Administração, levando em consideração alguns elementos (MOTTA; PIMENTA; TAVARES, 2006): � A natureza de um sistema, de estar em contínua transformação, contrasta com a tendência estática de uma organização. � Um sistema rígido, que seja utilizado em uma organização, não tem como perdurar se ele não conseguir trazer as respostas necessárias para qualquer mudança que deva ocorrer no ambiente. � Uma organização, enquanto sistema aberto, deve oferecer ao ambiente onde ela está os produtos e serviços que ele necessita e, se for preciso, deve criar no seu meio a necessidade de ter seus produtos e serviços, pois é assim que ela vai garantir a sua viabilidade e a sua longevidade. � Uma organização precisa ser informada constantemente sobre a quan- tidade e, principalmente, a qualidade do que o ambiente oferece e pode lhe servir de insumo, e sobre os produtos e serviços que ela oferece ao ambiente. Basicamente, pode-se dizer que uma organização é um sistema do tipo aberto pelos seguintes motivos (CHIAVENATO, 2006): � As organizações são sistemas organizados, que funcionam sob hierarquia. � As organizações podem ser reestruturadas e reorganizadas quando se fizer necessário, podendo ser reconstruídas. 7Teoria Geral dos Sistemas � Não existe um ciclo de vida definido para uma organização, não se pode prever por quanto tempo vai durar. � As organizações formam sistemas abstratos, que podem ser descritos por elementos subjetivos e qualitativos, psicológicos e sociológicos. � As organizações são sistemas incompletos, que precisam da interação com outras organizações para se desenvolver. � As organizações são atingidas pelas mudanças externas, desconhecidas e incontroláveis, que afetam suas unidades, tais como a economia. � As organizações são sistemas onde uma mudança em suas unidades vai gerar um efeito em todas as suas outras unidades, por isso as partes precisam trabalhar em harmonia e ser controladas por métodos de integração e controle. � As organizações têm capacidade de se modificar e modificar sua estru- tura, mas, mesmo assim, vão permanecer caminhando para o mesmo objetivo. É importante frisar que uma organização é um sistema que foi criado pelo homem, devendo manter uma interação com o meio ambiente onde está. Ela é um sistema formado por várias unidades inter-relacionadas, que trabalham de maneira orquestrada com o propósito de influenciar o ambiente externo e ser influenciada por ele, e por isso ela é considerada um sistema aberto. A TGS, seus avanços e implicações na Administração atual Quando a organização era vista como um sistema fechado, ela ficava limitada à eficiência na execução dos procedimentos, e não nos processos dos quais esses procedimentos faziam parte. A ideia era que a sobrevivência da empresa dependia disso. Não era dada importância ao ambiente interno como um todo, e muito menos ao ambiente externo da organização. Sem dar a devida importância para o meio ambiente, não era possível perceber problemas individuais em processos que tornassem inevitável al- guma mudança organizacional, o que impedia que a organização fizesse as adaptações necessárias a sua permanência no mercado. Atualmente, as interações entre o meio ambiente externo e a organização acontecem de forma cada vez mais frequente e rápida. Essas interações geram impactos tanto na organização, quanto no meio, a ponto de as empresas não poderem mais ser vistas como sistemas fechados. Está muito consolidada a Teoria Geral dos Sistemas8 ideia de que as organizações são caracterizadas ao mesmo tempo pela ordem e pela desordem, o que quer dizer que as empresas adquiriram e consolidaram a prática de se construir e se desconstruir à medida que interagem com o meio ambiente (MOTTA; PIMENTA; TAVARES, 2006). O conceito de ordem envolve a regularidade nos processos, a sua repe- tição, para a preservação da estabilidade e da longevidade da organização. Já a desordem é o que conduz às mudanças e aos ajustes na organização, consequência dos eventos externos que a atingem inevitavelmente. A Teoria Geral dos Sistemas acabou por valorizar o ambiente no meio organizacional devido ao conceito de sistema aberto. Isso trouxe sinergia para as unidades organizacionais e fez com que os colaboradores passassem a trabalhar sem visar somente à execução correta de suas atividades, mas visando a um todo, o sucesso de todo o processo organizacional. Sinergia, inclusive, é a palavra que melhor traduz a utilização da Teoria Geral dos Sistemas em uma organização, pois implica o esforço simultâneo de vários indivíduos e unidades em prol de um resultado melhor e mais assertivo. As organizações existem devido ao seu potencial de sinergia, do esforço coletivo de todos em prol do objetivo em comum. Com isso, aconteceu uma valorização e um reconhecimento da necessidade de que os administradores tenham uma visão holística sobre as organizações, sobre o todo. Isso é importante nas estratégias da administração, e auxilia na tomada de decisão.Consideradas como sistemas abertos, que não se pode prever por quanto tempo sobreviverão, sabe-se que as organizações vão ser capazes de perdurar enquanto forem capazes de importar do meio ambiente quantidades maiores de energia do que elas devolvem para ele. Isso será decisivo para a sua longevidade. Apesar de a Teoria Geral dos Sistemas ter um caráter basicamente abstrato e conceitual, sendo de difícil aplicação prática por não ditar padrões e procedimentos que as organizações possam seguir, ela se tornou a principal teoria utilizada para sistemas de todos os tipos, envolvendo todas as áreas do conhecimento, e principalmente na Administração. Ela ensina que, em todo sistema, não se pode priorizar as partes em separado, desprezando o todo. 9Teoria Geral dos Sistemas Nas organizações, Teoria Geral dos Sistemas trouxe uma exploração de todas as potencialidades e totalidades, de todos os colaboradores envolvidos – aspectos que até então eram desprezados, pois valia aquilo que cada um podia produzir e colocar de empenho para exercer suas próprias atividades. Não havia a ideia de que a soma dos esforços de todos era capaz de fazer os objetivos em comum serem atingidos de forma mais fácil (CHIAVENATO, 2006). Outro aspecto importante da Teoria Geral dos Sistemas trazido para as organizações é a visão da importância da comunicação. Atualmente, os sis- temas de informação, informatizados ou não, devem ser capazes de atender a todas as áreas de uma empresa e gerar relacionamento entre elas. Isso se deve ao fato de que uma organização precisa saber detalhadamente o que está acontecendo em todos os processos e áreas, para que possa se adaptar continuamente, garantindo sua sobrevivência no mercado. As empresas precisam de informação para poder executar, de maneira coerente, todas as atividades que envolvem a produção de seus produtos e a execução de seus serviços. Além disso, precisam de informação para embasar seus planos, suas estratégias e avaliar seus resultados. Os sistemas de informação permitem que os dados sejam coletados, ar- mazenados, processados, e que sua consolidação seja divulgada para todos os interessados. Eles podem auxiliar, inclusive, no aperfeiçoamento dos pro- cessos da empresa, visando ao aumento dos lucros, à expansão no mercado e à longevidade da empresa. Um bom sistema de informações deve conter, minimamente, os seguintes requisitos (MOTTA; PIMENTA; TAVARES, 2006): � Produzir as informações necessárias, de maneira confiável e em tempo hábil para serem utilizadas adequadamente. � Ter como objetivo o auxílio no atendimento dos objetivos organizacio- nais, de maneira direta e eficiente. � Integrar a estrutura da organização. � Ter um fluxo de geração e processamento dinâmico, que seja conhecido por todos. O feedback foi outra ferramenta importantíssima que passou a ser utili- zada nas organizações, através da adoção do conceito de sistema aberto. Ele sustenta o pensamento sistêmico no caminho certo, pois alinha as atitudes de cada um em prol do objetivo de todos. Hoje a ideia predominante é a de um colaborador funcional, que precisa utilizar todas as suas capacidades, habilidades e competências em favor do bem comum. Teoria Geral dos Sistemas10 Normalmente, os funcionários não se sentem confortáveis para executar suas atividades cotidianas sem que alguém lhes dê orientação sobre qual caminho seguir, sobre quais papéis deve exercer, sobre como pode melhorar suas atitudes ou sobre como pode melhorar a qualidade do resultado que entrega com o seu trabalho. Além de auxiliar no andamento diário do serviço, é necessário que o feedback seja colocado em prática para os funcionários de todos os níveis de hierarquia, a fim de que exista um processo de avaliação de desempenho criterioso e efetivo, O momento do feedback não deve ser considerado como um momento de repre- ensão ou de bronca. Os gestores devem ser treinados para fornecerem um feedback consistente para os seus subordinados, usando de comportamento respeitoso frente ao avaliado, para que o resultado seja positivo. Caso o efeito do feedback seja negativo, é provável que ele seja recebido apenas como uma crítica destrutiva, como uma humilhação. Quando o feedback é realizado de maneira correta, o funcionário se sente parte do processo e se sente estimulado a trabalhar, investir no seu conhecimento, tentar solucionar seus problemas e ajudar aos colegas. O conceito de colaborador funcional ressalta um indivíduo que se com- porta de acordo com um papel que foi designado a ele na organização, que sabe que seu desempenho e suas atitudes estão inter-relacionados com os de seus colegas, e que o conjunto vai levar ao atingimento ou não das metas estipuladas. Em vista disso, ele tem expectativas com relação à atuação dos colegas, o que faz com que ele também ajude a encorajar os demais em seu esforço individual, em prol do objetivo em comum. A aplicação dessa teoria na Administração trouxe uma ampliação da visão dos problemas organizacionais, o que facilita o trabalho dos gestores na tomada de decisões. Quando a organização era vista como um sistema fechado, não era possível enxergar que um problema em um processo isolado pudesse estar afetando outras partes da organização, ou até mesmo seu universo exterior. O enfoque sistêmico permite que os gestores planejem suas ações e decisões de curto e longo prazo e possam analisar os impactos gerados e sofridos pelo sistema organizacional ao longo do tempo. Além disso, é possível conseguir o manejo adequado para as situações imprevistas. 11Teoria Geral dos Sistemas BOTEON, M. Aula 09/10: TGA Teoria dos Sistemas. [2004?]. Disponível em: <https:// edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/382033/mod_resource/content/1/sistemas.pdf>. Acesso em: 03 maio 2018. CHIAVENATO, I. Princípios de administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração. São Paulo: Atlas, 2006. MOTTA, P. R.; PIMENTA, R.; TAVARES, E. Novas ideias em administração. Rio de Janeiro: FGV, 2006. Leituras recomendadas GOMES, L. B. et al. As origens do pensamento sistêmico: das partes para o todo. Pensando famílias, v. 18, n. 2, p. 3-16, dez. 2014. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud. org/pdf/penf/v18n2/v18n2a02.pdf>. Acesso em: 03 maio 2018. MOTTA, F. C. P. A teoria geral dos sistemas na teoria das organizações. Revista de Ad- ministração de Empresas, v. 11, n. 1, p. 17-33, mar. 1971. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/rae/v11n1/v11n1a03.pdf>. Acesso em: 03 maio 2018. Teoria Geral dos Sistemas12 Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Um sistema aberto é aquele que tem um relacionamento estreito de intercâmbio e interação com o ambiente onde se localiza, por meio das entradas que recebe, e das saídas que envia de maneira regular para o seu exterior. Assista ao vídeo da Dica do Professor e aprenda mais sobre a relação entre as organizações e os sistemas abertos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Assinale a alternativa que contém a melhor definição para a palavra sistema. A) Um sistema é algo que trabalha somente se importando com o ambiente externo, pois não existe nenhum tipo de sistema que seja isolado, sem interagir com o ambiente externo. B) Um sistema é um conjunto de partes individuais, que formam um grupo único, para executar certas funções a fim de atingir um objetivo geral. C) Um sistema é uma parte integrante de um todo, que executa suas funções para atingir seus objetivos. D) Um sistema é aquilo que trabalha de maneira independente, sem se importar com o ambiente externo a ele. E) Um sistema é um conceito que não se relaciona com o conceito de empresa, pois em uma empresa cada trabalhador só precisa se importar em executar suas atividades de forma eficiente. 2) Quais os pressupostos básicos da Teoria Geral dos Sistemas (TGS)? A) Os sistemas existem dentro de outros sistemas; os sistemas são abertos; os sistemas têm funções que dependemde sua estrutura. B) Os sistemas fazem parte de outros sistemas; os sistemas são fechados; os sistemas têm funções que dependem do meio ao qual pertencem. C) Os sistemas não se relacionam com outros sistemas; os sistemas são abertos; os sistemas têm funções que dependem somente de seus colaboradores. D) Os sistemas não se relacionam com o meio onde estão; os sistemas são fechados; os sistemas têm funções que dependem de sua estrutura. E) Os sistemas são partes de sistemas maiores, mas não têm partes menores; os sistemas são abertos; os sistemas têm funções que dependem somente de seus colaboradores. 3) Os sistemas podem ser classificados quanto a sua: A) atividade (seres vivos ou empresas) ou constituição (animais ou pessoas). B) constituição (abertos ou fechados) ou interação com o meio (concretos ou abstratos). C) característica (sintético ou detalhado) ou função (fechados ou abertos). D) abertura (sintético ou detalhado) ou fechamento (concretos ou abstratos). E) estrutura (concretos ou abstratos) ou natureza (abertos ou fechados). 4) Por que se diz que uma organização é um sistema aberto? A) Uma organização é um sistema aberto porque interage somente com o seu ambiente interno. B) Uma organização é um sistema aberto porque interage somente com o seu ambiente externo. C) Uma organização é um sistema aberto porque interage constante e frequentemente com o ambiente que a cerca. D) Uma organização é um sistema aberto porque recebe influência somente do ambiente externo, mas não reage a ele. E) Uma organização é um sistema aberto porque recebe influência somente do ambiente interno, realizando adaptações nos processos. 5) Por que a sinergia é a expressão que mais traduz a Teoria Geral dos Sistemas (TGS) na Administração? A) A sinergia consiste no esforço individual para atingir objetivos individuais. B) A sinergia envolve o esforço simultâneo de vários indivíduos em favor de um objetivo em comum. C) A sinergia envolve o esforço de cada um em executar bem as suas atividades, sem se preocupar com o objetivo comum. D) A sinergia significa o esforço coletivo para atingir os objetivos individuais de cada um. E) A sinergia consiste no esforço de todos para interagir com o ambiente externo e atender bem aos clientes. NA PRÁTICA Quando a organização era considerada um sistema fechado, era entendido que o sucesso e a sobrevivência da empresa estavam atrelados à eficiência na execução das atividades individuais, e não dos processos dos quais essas atividades faziam parte. Não era dada importância à totalidade do ambiente interno, e muito menos ao ambiente externo à organização. Com isso, ficava praticamente impossível identificar problemas em processos que trouxessem a necessidade de uma mudança organizacional, o que impedia a organização de se modificar para se adaptar ao meio onde estava inserida. Veja uma situação prática da Teoria Geral dos Sistemas, seus avanços e implicações na Administração atual. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Teoria Geral de Sistemas Acesse o link a seguir para saber mais sobre a Teoria Geral dos Sistemas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria Geral de Sistemas - Ludwig Von Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria dos Sistemas No blog Conhecendo a Administração você vai conhecer mais sobre a Teoria dos Sistemas, sistemas abertos e fechados. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria do Desenvolvimento Organizacional APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! O desenvolvimento organizacional visa promover mudanças planejadas, sejam elas comportamentais ou profissionais, de tal maneira que tanto o colaborador quanto a organização possam se adaptar melhor a um conjunto de mercados, tecnologias e desafios, aumentando assim as chances de sucesso na busca de maior eficiência e eficácia organizacional. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá analisar o desenvolvimento organizacional no contexto histórico social das teorias administrativas, identificando as variáveis que estão relacionadas ao desenvolvimento organizacional, bem como conhecer as principais críticas relacionadas aos seus avanços e limitações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar o desenvolvimento organizacional no contexto histórico social das teorias administrativas. • Identificar as variáveis que estão relacionadas ao desenvolvimento organizacional.• Criticar os avanços e limitações do desenvolvimento organizacional.• DESAFIO A capacidade de inovação e adaptação às mudanças está relacionada diretamente à produtividade e à competitividade da empresa no mercado. Desta forma, é imprescindível identificar as variáveis que estão relacionadas a esse desenvolvimento. Os diversos modelos de desenvolvimento organizacional apresentam basicamente quatro variáveis, as quais podem ser amplamente utilizadas pelas organizações: o meio ambiente, a organização, o grupo social e o indivíduo. Veja agora uma situação que ocorreu em uma pequena indústria de produtos de alta tecnologia. INFOGRÁFICO Com o objetivo de melhorar o clima organizacional é preciso que o gestor desenvolva ferramentas e busque informações para que a equipe possa crescer e contribuir de forma significativa com a maximização de resultados e o desenvolvimento organizacional. Confira no Infográfico a seguir, informações importantes de como melhorar o clima organizacional. CONTEÚDO DO LIVRO Neste capítulo, você aprenderá sobre as funções do desenvolvimento organizacional (DO), analisando sua participação no contexto histórico-social e nas contribuições dos processos de mudanças e clima organizacional. Leia mais no capítulo Teoria do Desenvolvimento Organizacional, da obra Teoria Geral da Administração II, que serve de base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO II Fernanda da Luz Ferrari Teoria do desenvolvimento organizacional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar o desenvolvimento organizacional (DO) no contexto histórico- -social das teorias administrativas. � Identificar as variáveis que estão relacionadas ao DO. � Criticar os avanços e limitações do DO. Introdução O desenvolvimento organizacional visa a promover mudanças planeja- das, sejam elas comportamentais, sejam profissionais, de maneira que tanto o colaborador quanto a organização possam se adaptar melhor a um conjunto de mercados, tecnologias e desafios. Aumentam assim as chances de sucesso na busca de maior eficiência e eficácia organizacional. Neste capítulo, você irá analisar o desenvolvimento organizacional no contexto histórico-social das teorias administrativas, identificar as variáveis que estão relacionadas ao desenvolvimento organizacional e conhecer as principais críticas relacionadas aos seus avanços e limitações . O desenvolvimento organizacional no contexto histórico-social das teorias administrativas O desenvolvimento organizacional (DO) surgiu a partir de 1962 com o objetivo de promover mudanças dentro das organizações. Nessa época, as empresas começaram a perceber que somente a capacitação individual ou em grupo não trazia à organização todos os resultados almejados. Bennis define o desenvolvimento organizacional da seguinte maneira: Assim, o desenvolvimento organizacional é uma estratégia organizacional adotada para trazer à tona uma mudança organizacional planejada, exigida pelas demandas às quais a organizações tentam responder e que enfatiza o comportamento com base na experiência (BENNIS, 1969 apud MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 249). O desenvolvimento organizacional não é uma teoria administrativa, mas sim o somatório de movimentos coordenados por vários autores com o ob- jetivo de ampliar aTeoria Comportamental, proporcionando e facilitando o crescimento profissional nas organizações. Seu surgimento pode ser atribuído a uma série de fatores. São eles: a) Ampliação da abordagem comportamentalista, cujo objetivo era promo- ver a flexibilidade e a mudança organizacional, com a justificativa de que apenas treinar individualmente ou em grupo não seria o suficiente para promover mudanças. b) Aumento do conhecimento sobre os estudos relacionados à motiva- ção humana e sua interferência direta nos resultados da organização. As teorias das relações humanas comprovaram que era preciso uma nova abordagem, uma nova concepção sobre o homem na sua atuação profissional. c) Criação da National Training Laboratory em 1947, cujo objetivo era pesquisar o comportamento do profissional nas suas atuações em grupo. Posteriormente, em 1964, foi lançado o livro com o resultado das pesquisas e treinamentos realizados. O coordenador desse livro é considerado o precursor do DO – Leland Bradford (Figura 1). Figura 1. Leland Bradford. Fonte: Desenvolvimento Organizacional (2016). Teoria do desenvolvimento organizacional2 d) Aceleração das mudanças ocorridas no mundo e que deram origem ao DO: ■ aumento do tamanho das organizações; ■ constante e inesperada transformação do ambiente organizacional; ■ gradativa complexidade da tecnologia e sua crescente diversificação, exigindo competências diferentes dos trabalhadores. e) Integração por meio de um tratamento sistêmico: o estudo da estrutura de um lado e o estudo do comportamento humano nas organizações de outro, com a fusão de duas tendências. O desenvolvimento organizacional foi criado como uma subárea da Teoria das Organi- zações, que atua e opera com o objetivo de implantar seus conceitos. Ele surgiu como uma especialidade da Psicologia e uma continuação do behaviorismo, estando como intermediário entre a Teoria Comportamental e a Teoria de Sistemas. Todas as atividades são oriundas das descobertas teóricas e empíricas do comportamento organizacional. Para o DO, foram decisivas as mudanças ocorridas no contexto social, político e econômico. Com essas mudanças, as empresas despertaram para: � promover o bem-estar social, proporcionando qualidade de vida e mo- tivação aos funcionários; � investir em responsabilidade socioambiental, através da excelência em qualidade; � oportunizar um ótimo clima organizacional. Modelo de desenvolvimento organizacional Muitos pesquisadores propagaram diversos modelos de DO com o objetivo de estudar as possibilidades de implantar programas de mudança de forma planejada. Beckhard (1969) foi um dos pesquisadores a propor um modelo de DO. Após analisar o contexto histórico das teorias administrativas na década de 1960, ele concluiu que o DO se preocupa com a mudança e o aperfeiçoamento de sistemas de subsistemas, relacionados com metas de curto e médio prazo 3Teoria do desenvolvimento organizacional para a organização. A partir dessa conclusão, ele propôs o modelo que você pode acompanhar na Figura 2. Figura 2. Fases do esforço de DO. Fonte: Beckhard (1969, p. 29) Diagnóstico da situação atual Planejamento da estratégia para mudança Educação Consultoria e treinamento Avaliação O diagnóstico da situação atual refere-se ao processo de exame da ne- cessidade de mudança e do estado do sistema. Ele deve ser realizado em duas áreas da organização (BECKHARD, 1969): 1. Diagnóstico dos subsistemas que compõem o sistema total da organiza- ção, que podem ser equipes/grupos ou níveis hierárquicos. Ele identifica, por exemplo, as atitudes e capacidade para lidar com a mudança. 2. Diagnóstico dos procedimentos em vigor na organização, como padrões e estilos de comunicação, relações entre grupos, administração de conflitos, estabelecimento de metas e métodos de planejamento. O planejamento da estratégia definida para a mudança ocorre com base nos resultados do diagnóstico realizado. Beckhard (1969) menciona os tipos de intervenções e táticas que poderão fazer parte da estratégia: desenvolvimento de equipes; aprimoramento das relações intergrupais; estabelecimento de metas e planejamento; treinamento. Teoria do desenvolvimento organizacional4 Na fase educação, o autor se refere a atividades como as apresentações sobre as melhorias da eficiência organizacional e as participações em seminário sobre o desenvolvimento organizacional. Já na fase seguinte, consultoria e treinamento, refere-se à consultoria e planejamento para novas práticas relacionadas a atividades de treinamento. Na última fase, avaliação, o autor sugere o processo constante de avaliação do programa de mudanças sobre a empresa de forma geral. Para complementar o modelo, o autor apresenta alguns itens que podem contribuir com o fracasso do modelo. Acompanhe: � falta de comprometimento da administração em relação aos problemas que são apresentados e suas respectivas soluções; � dependência de auxílio de especialistas internos ou externos; � ausência de metas de mudança, que pode comprometer o programa existente; � falta de clareza quanto aos objetivos da mudança. Os objetivos são fundamentais para justificar os meios a serem implementados e, se não estiverem claros, existe um grande índice de comprometimento; � desconexão entre discurso e prática; � falta de simultaneidade entre os esforços e as ações no nível médio e na alta administração; � investimento em um processo de mudança organizacional em uma empresa com estrutura retrógrada. Variáveis do desenvolvimento organizacional A capacidade de inovar e se adaptar às mudanças está relacionada diretamente com a produtividade e a competitividade da empresa no mercado. Por isso, é fundamental identificar as variáveis que estão relacionadas com o desenvol- vimento organizacional. Apesar de haver diversos modelos de desenvolvimento organizacional, todos apresentam basicamente quatro variáveis que podem ser amplamente utilizadas pelas organizações: 1. Meio ambiente: a explosão do conhecimento, a turbulência ambiental, a explosão tecnológica e das comunicações e os impactos dessas mudanças sobre as instituições e valores sociais, etc. 5Teoria do desenvolvimento organizacional 2. A organização: para sobreviver em um ambiente em constante dina- mismo e flexibilidade ambiental, aborda o impacto sofrido em decor- rência da desordem do mesmo. 3. O grupo social: nos aspectos que se referem a comunicação, liderança, conflitos e relações interpessoais, etc. 4. O indivíduo: ressaltando suas motivações e atitudes necessárias, etc. Vamos agora explorar essas variáveis com o objetivo de exemplifica-las, trazendo referências do mundo corporativo. Quando pensamos no meio ambiente, podemos verificar o quanto as em- presas se modernizaram e utilizam a tecnologia a seu favor. Por exemplo, documentos antes emitidos via correio hoje são armazenados e enviados por sistemas e internet. Na variável organização, percebe-se que as empresas flexibilizam e modificam regras para que estejam adaptadas ao meio am- biente. Os grupos que se formam na empresa sofrem diversas influências, seja por meio de outros colaboradores ou até mesmo da gestão. Já na variável indivíduo, aparecem as questões relacionadas às relações e às trocas entre gerações, por exemplo. A cultura organizacional norteia essas variáveis, com seu conjunto de valores, tradições, relacionamentos sociais e hábitos. Idalberto Chiavenato define a cultura organizacional, ou corporativa, como o “[...] conjunto de hábitos e crenças, estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização” (CHIAVENATO, 2010, p. 172). Ela não é estática, não é permanente e sofre muitas alterações ao longo do tempo. Para algumas empresas, torna-se fácil mudar a cultura constantemente: elas mudam os sistemas dentro dos quais os profissionais trabalham e, mesmo assim, conseguem manter sua integridade. Para outras, entretanto, a culturapermanece amarrada a formalismos e comportamentos totalmente ultrapassados. Muitos autores relacionam a cultura organizacional ao bom clima organizacional, uma vez que ambos levam em conta o comportamento humano. O clima organizacional está ligado à satisfação das necessidades dos co- laboradores, e para ser considerado bom ou saudável, é preciso saber como o funcionário se sente em relação à empresa. Por meio de pesquisa com os colaboradores, muitas empresas já constataram alguns dos fatores capazes de influenciar e afetar de forma negativa o clima organizacional. São eles: Teoria do desenvolvimento organizacional6 � quando a empresa não dissemina sua cultura organizacional, ela deixa de ter uma identidade, ficando prestes a perder sua identidade e a dos seus colabores; � a única maneira de sentir o clima organizacional é estando próximo aos colaboradores. À medida que a empresa deixa de pesquisar e avaliar o clima organizacional, ela pode estar perdendo a chance de mudar algo ou algumas coisas que não estão ocorrendo como deveriam; � liderar não é uma tarefa simples e fácil. O líder tem um papel funda- mental na equipe, e quando um gestor assume um cargo de liderança, trabalhando com um grupo de profissionais sem estar preparado, a empresa corre o risco de ter sérios problemas; � toda e qualquer instituição que deseja ter sucesso precisa instituir uma gestão de pessoas com alto desempenho, engajada, motivada e parti- cipativa. Infelizmente, na correria do dia a dia, muitos detalhes são deixados de lado, mudanças não são feitas, pessoas não são escutadas, processos não são revistos. Esses e outros indicadores são processos simples que poderiam fazer toda a diferença para a empresa; � hoje a Justiça do Trabalho acumula inúmeros processos, e uma das prin- cipais reclamações é a falta de respeito com o ser humano e a exposição em determinadas situações (assédio moral), culminando, em alguns casos, em afastamento por falta de saúde. Alguns gestores, infelizmente, percebem seus colaboradores como números de matrículas e custos para a organização, enquanto deveriam se preocupar em respeitar o ser humano, acompanhando, valorizando e motivando o profissional; � outro fator extremamente impactante no clima organizacional é o pro- cesso de comunicação. Quando a empresa não se comunica internamente de forma clara, ela abre uma linha de comunicação muito comum nas organizações, em que os profissionais acabam deduzindo, recebendo informações de outros colegas e aumentando a margem de erro nesse processo. Os ruídos na comunicação podem trazer graves consequências, pois a conhecida “rádio peão” não será uma fonte totalmente verídica de informações; 7Teoria do desenvolvimento organizacional � quando se refere à cobrança de metas, é preciso que a empresa ofereça condições de trabalho e tempo para que os colaboradores possam exe- cutar suas atividades com qualidade. O que acontece muitas e muitas vezes, em muitas empresas, é o estabelecimento de metas muito difíceis de serem alcançadas em um curto período de tempo, afetando o clima organizacional; � é por meio da avaliação de desempenho que o colaborador recebe feedback da empresa, avalia e redireciona seu trabalho, identifica seus pontos fortes e fracos. Cada vez que a empresa deixa de realizar essa atividade, seja por omissão ou por escassez de tempo, ela estará in- fluenciando diretamente no clima organizacional; � o feedback, ou retorno ao funcionário sobre seu desempenho, deve ser feito por quem está preparado e disposto a continuar acreditando no potencial do colaborador. Caso contrário, esse retorno pode ser visto como um “puxão de orelha”, afetando diretamente a autoestima e a motivação do funcionário; � ações simples podem influenciar no bom clima de trabalho, trazendo qualidade de vida ao trabalhador. No que se refere ao ambiente fí- sico, torna-se difícil pensar em qualidade de vida se a empresa não se preocupar com limpeza, higiene, temperatura e ruídos. Por outro lado, sem outras ações, como um e-mail de feliz aniversário ou alguns eventos comemorativos por metas alcançadas, boas instalações não serão significativas. Todos esses fatores afetam o clima organizacional. Outro fator que pode ser somado a essa lista é o processo de mudança. Por exemplo, Luz (2003) afirma que as mudanças ocorridas na economia brasileira na década de 1990 levaram muitas empresas brasileiras à redução do quadro de pessoal e muitos trabalhadores “[...] acabaram agindo com indiferença, não mais ‘vestindo’ a camisa, como faziam antigamente” (LUZ, 2003, p. 7). Dessa forma, percebe-se que as variáveis básicas são fundamentais para que as empresas possam diagnosticar a situação e intervir em variáveis es- truturais e comportamentais com o objetivo de obter a mudança e alcançar os objetivos pessoais e organizacionais, dando sempre ênfase na gestão de pessoas e processos. Teoria do desenvolvimento organizacional8 Se você quiser aprofundar seus conhecimentos sobre cultura organizacional, os links a seguir trazem duas fontes de pesquisa. No primeiro link, você pode acessar o artigo “A importância da cultura organizacional para a sua empresa”. No segundo, você pode acessar um vídeo que aborda diversas questões relacionadas à cultura organizacional. https://goo.gl/QkSlqP https://goo.gl/5mmuoF Avanços e limitações do desenvolvimento organizacional O desenvolvimento organizacional representa um dos mais importantes campos de atuação para a melhoria das empresas e para o desenvolvimento dos cola- boradores. Todavia, ele apresenta limitações que devem ser constantemente avaliadas, criticadas e pensadas. Com relação às críticas, é possível pensar o seguinte: � O desenvolvimento organizacional é permeado por alguns mitos, a saber: o mito da disciplina, o mito das variáveis não pesquisáveis, o mito da novidade e o mito da eficácia aumentada. � Se for afastado dos reais objetivos da organização, enfatizando o treina- mento direcionado exclusivamente ao comportamento organizacional, o DO corre o risco de se transformar em uma técnica eminentemente terapêutica. 9Teoria do desenvolvimento organizacional � Em algumas organizações, o desenvolvimento organizacional acaba sendo utilizado como instrumento de promoção de gestores que estão preocupados com seu status quo. Em relação às limitações, pode-se pensar o seguinte: � A medição da eficácia dos programas de desenvolvimento nas empresas é uma tarefa extremamente difícil e subjetiva. � Os programas de desenvolvimento acabam tendo uma grande demanda de tempo para que todas as suas etapas sejam realizadas, um aspecto relevante para a sua avaliação. � Os objetivos dos programas de desenvolvimento são muitas vezes con- siderados vagos. � Os custos de um programa de desenvolvimento são difíceis de avaliar e mensurar. Esses limitadores não justificam a eliminação do programa de desenvol- vimento organizacional, eles apenas trazem pontos que devem ser avaliados constantemente, buscando qualificar os esforços para que mais objetivos sejam alcançados. Isso pode ser feito, por exemplo, por meio de ajustes nos programas e da conscientização dos profissionais sobre como o programa pode facilitar o processo de mudança – seja ela organizacional, seja pessoal ou profissional. Atualmente, não existem mais espaços para ações individuais, simplistas, em que poucos colaboradores participam e outros tantos não cooperam, pois apresentam resistências e dificuldade de adaptação às situações de mudanças. O processo de desenvolvimento pessoal, interpessoal e coletivo, assim como o desenvolvimento tecnológico e regional de onde a organização está inserida, é fundamental para a sobrevivência das organizações. As empresas são or- ganismos vivos em constate transformações e o seu sucesso ou fracasso está diretamente ligado às ações e motivações dos sujeitos que dela participam. Teoria do desenvolvimento organizacional10 BECKHARD, R. Desenvolvimentoorganizacional: estratégias e modelos. São Paulo: Edgard Blucher, 1969. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organi- zações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL. Principais percursores: Leland Bradford. 2016. Disponível em: <http://desenvorg.blogspot.com.br/p/principais-precursores.html>. Acesso em: 07 maio 2018. LUZ, R. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G. Teoria Geral da Administração. 3. ed. São Paulo: Thomson, 2006. 11Teoria do desenvolvimento organizacional Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Para que possam continuar a crescer, as empresas e os colaboradores precisam acompanhar as principais tendências do mundo corporativo e do mercado, possibilitando a criação de novas ferramentas e metodologias, adaptando-se à mudança e contribuindo ativamente para o desenvolvimento organizacional. Acompanhe no vídeo a seguir, os fatores que garantem a mudança e favorecem o desenvolvimento organizacional. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Dentre as opções a seguir, aponte aquela que contém a reflexão que se pode realizar com relação à teoria, a qual nos permite ampliar a teoria comportamental por ser um movimento coordenado por vários autores: A) Criação da National Training Laboratory, em 1948, cujo objetivo foi o de pesquisar o comportamento do profissional nas suas atuações em grupo e, posteriormente, em 1964, foi lançado o livro com o resultado das pesquisas e treinamentos realizados. O coordenador desse livro é considerado o precursor do D.O. – Lelan Bradfoard). B) A teoria das relações humanas comprovou que era preciso uma nova abordagem, uma nova concepção sobre o homem na sua atuação profissional. C) Compreendido como uma subárea da teoria das organizações, atua e opera sem o objetivo de implantar seus conceitos, e todas as atividades são oriundas das descobertas teóricas e empíricas do comportamento organizacional. A falta de fusão do estudo da estrutura organizacional e o estudo do comportamento D) humano nas organizações. E) Surgindo como uma especialidade da Psicologia, o desenvolvimento organizacional se posiciona contra o behaviorismo. 2) Por estar inserida em um ambiente extremamente competitivo, dinâmico e turbulento, as empresas precisam se adaptar rapidamente às mudanças. Os processos tecnológicos, as aquisições, fusões e reorganizações permeiam o mundo corporativo. Assim, de acordo com o contexto histórico das teorias administrativas, o desenvolvimento organizacional se preocupa com: A) a mudança e o aperfeiçoamento de sistemas de subsistemas, relacionados com metas de curto e médio prazo para a organização. B) o fundamento de ajudar os membros de uma organização a remover as barreiras, as quais impedem a liberação do seu potencial humano, mas essa é a visão de Kegan (1971). C) com o diagnóstico de procedimentos que não estão em vigor na organização. D) somente com as faltas de padrão nos processos de comunicação. E) somente com a dependência de auxílio de especialistas internos ou externos. 3) Os diversos modelos de desenvolvimento organizacional apresentam basicamente quatro variáveis, as quais podem ser amplamente utilizadas pelas organizações: A) Os propósitos, as metas, a eficiência e a organização. B) O indivíduo, seu comportamento, as habilidades e a rotatividade. C) O meio ambiente, a cultura, a organização e a liderança. D) O meio ambiente, a organização, o grupo social e o indivíduo. E) A inovação, o equilíbrio, a competitividade e a ética. 4) O clima organizacional pode ser mensurado por meio de pesquisas, e alguns fatores são capazes de influenciá-lo e afetá-lo de forma negativa. Qual dos fatores a seguir pode contribuir de forma negativa com o bom clima organizacional? A) Quando a comunicação ocorre de forma eficiente na empresa. B) Quando a empresa oportuniza um bom ambiente físico de trabalho. C) Quando o feedback dado pela chefia é realizado sem o objetivo de orientar o colaborador. D) Quando os gestores estão próximos dos funcionários, acompanhando e orientando as atividades. E) Quando existe valorização e respeito. 5) O processo de desenvolvimento organizacional também apresenta algumas limitações, porém, elas não justificam a eliminação do programa de desenvolvimento organizacional. Quando nos referimos às limitações, podemos pensar sobre: A) o quanto pode ser difícil mensurar os custos de um programa de desenvolvimento. B) a falta de participação dos gestores. C) uma cultura ultrapassada e engessada. D) clima organizacional desfavorável. E) estrutura hierárquica limitadora de crescimento. NA PRÁTICA Por meio do estudo de caso da empresa Natura, é possível perceber o quanto esta apostou em estratégias de mudanças para reconquistar suas vendedoras, promovendo o desenvolvimento organizacional, aumentando assim o seu percentual de vendas. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO) Assista ao vídeo a seguir sobre a Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO), no qual são utilizadas cenas do filme "O Diabo Veste Prada" como exemplo de Cultura e Clima Organizacional. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Desenvolvimento organizacional Saiba mais sobre desenvolvimento organizacional lendo o artigo a seguir, o qual trata da importância da cultura e do clima organizacional. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Administração de recursos humanos e desenvolvimento organizacional Saiba mais sobre como o desenvolvimento organizacional faz parte do campo de estudo do comportamento organizacional, lendo o artigo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria Matemática da Administração APRESENTAÇÃO Em um ambiente cada vez mais competitivo, torna-se fundamental escolher e definir modelos que favoreçam e facilitem escolhas e tomadas de decisões. Por meio da Teoria Matemática da Administração, várias ferramentas apoiam o gestor para que isso ocorra de forma mais assertiva. Nesta Unidade de Aprendizagem, você identificará o processo de tomada de decisões baseado na racionalidade matemática e as principais técnicas em pesquisa operacional. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar o processo de tomada de decisões baseado na racionalidade matemática.• Apontar as principais técnicas em pesquisa operacional.• Reconhecer os aspectos positivos e limitantes da Teoria Matemática da Administração.• DESAFIO A Brilhante é uma pequena empresa familiar e tradicional, que atua no ramo de comunicação visual na cidade de Cacequi, no Rio Grande do Sul. A empresa é conhecida por ter um produto diferenciado devido à qualidade da matéria-prima utilizada, mesmo seu preço estando um pouco acima do mercado. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Partindo do problema que é maximizar o lucro, de que forma você, enquanto consultor, realizaria essa atividade? Descreva cada etapa do trabalho a ser realizado, destacando os dados da empresa que você levantaria, custos e principais produtos vendidos. INFOGRÁFICO A teoria das filas de espera é uma ferramenta que busca estimar as demoras que ocorrem quando os clientes não são atendidos imediatamente e aguardam, saindo após o atendimento. Neste Infográfico, você verá os impactos gerados na satisfação do cliente a partir do tempo de espera em uma fila. CONTEÚDO DO LIVRO Todas as tomadas de decisão realizadas nas organizações são resultado de ações que buscam a obtenção do sucesso. Em um ambiente cada vez mais competitivo, torna-se fundamental escolher e definir modelos que favoreçam e facilitem essas escolhas. No capítulo Teoria Matemática da Administração,da obra Teoria Geral da Administração II, você conhecerá mais sobre a Teoria Matemática da Administração e suas várias ferramentas que apoiam o gestor para que ocorra uma tomada de decisão mais assertiva. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO II Fernanda da Luz Ferrari Teoria Matemática da Administração Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar o processo de tomada de decisões baseado na racionalidade matemática. � Apontar as principais técnicas em pesquisa operacional. � Criticar aspectos positivos e limitantes da Teoria Matemática da Administração. Introdução Todas as tomadas de decisão realizadas nas organizações são resultado de ações que objetivam a obtenção do sucesso. Em um ambiente cada vez mais competitivo, torna-se fundamental escolher e definir modelos que favoreçam e facilitem essas escolhas. A Teoria Matemática da Admi- nistração dispõe de várias ferramentas que apoiam o gestor, para que ocorra uma tomada de decisão assertiva. Neste capítulo, você irá identificar o processo de tomada de decisões baseado na racionalidade matemática, apontando as principais técnicas em pesquisa operacional e criticando os aspectos positivos e limitantes da Teoria Matemática da Administração. Modelo racional com base no processo de tomada de decisões O cenário contemporâneo do mundo dos negócios se modifica a todos os ins- tantes, ou seja, permanece em constante movimento. Diante dos processos de mudança, torna-se fundamental que o gestor esteja sempre atento em relação ao que ocorre no ambiente interno e externo da organização, para poder tomar decisões assertivas. Prever e controlar uma empresa e todos os sistemas que existem em torno dela é uma grande tarefa do gestor e que envolve inúmeros processos deci- sórios — a empresa é um grande sistema de decisões. Os profissionais que trabalham nas organizações participam de forma consciente ou inconsciente nesse sistema de decisões, optando por alternativas mais ou menos racionais, que são apresentadas de acordo com sua personalidade, motivações e atitudes. Os processos de percepção das situações e o raciocínio são básicos para a explicação do comportamento humano nas organizações: o que uma pessoa aprecia e deseja influencia o que se vê e interpreta, assim como o que vê e interpreta influencia o que aprecia e deseja. Em outros termos, a pessoa de- cide em função de sua percepção das situações. Em resumo, as pessoas são processadores de informação, criadoras de opinião e tomadoras de decisão (CHIAVENATO, 2003, p. 348). O processo de tomada de decisões pode ser considerado com uma ação de grande importância para que as organizações obtenham sucesso. E quando nos referimos à obtenção de sucesso, podemos pensar em resultados finan- ceiros, em alcance de metas, definição de estratégias competitivas, escolha de matérias-primas e fornecedores, quantidade de produtos a serem produzidos, ou seja, apresentar resultados superiores aos da concorrência através de escolhas assertivas. Para Maximiano (2009, p. 58), decisões são tomadas para resolver problemas ou aproveitar oportunidades: [...] o processo de tomar decisão começa com uma situação de frustração, interesse, desafio, curiosidade ou irritação. Há um objetivo a ser atingido e apresenta-se um obstáculo, ou acontece uma condição que se deve corrigir, ou está ocorrendo um fato que exige algum tipo de ação, ou apresenta-se uma oportunidade que pode ser aproveitada. A tomada de decisões Para que ocorra o processo decisório, é possível aplicar diferentes modelos de tomada de decisão, entre eles o modelo racional e o modelo comportamental. Veja no Quadro 1 um comparativo entre os dois. Teoria Matemática da Administração2 Fonte: Adaptado de Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 455). Modelo racional Modelo comportamental O tomador de decisões tem informações perfeitas (relevantes e acuradas) O tomador de decisões tem informações imperfeitas (incompletas e possivelmente imprecisas) O tomador de decisões tem uma lista exaustiva de alternativas entre as quais pode escolher O tomador de decisões não tem em um conjunto completo de alternativas ou não entende plenamente aquelas que têm à disposição O tomador de decisões é racional O tomador de decisões tem uma racionalidade definida e se restringe a valores, experiência, hábitos, etc. O tomador de decisões sempre tem em mente os melhores interesses da organização O tomador de decisões escolherá a primeira alternativa minimamente aceitável Quadro 1. Modelo racional e comportamental na tomada de decisões Perceba que o modelo racional sugere que, na tomada de decisões, os ges- tores tenham informações perfeitas e que, diante das situações, eles possam avaliar de uma forma lógica a melhor alternativa ou a atitude correta a ser tomada. Segundo Robbins (2005, p. 114), “[...] quando enfrentam problemas simples, com poucas alternativas de ação ou quando o custo de procurar e avaliar alternativas são pequenos, o modelo racional oferece uma descrição bastante precisa do processo decisório.” Assim, o modelo racional de tomada de decisão pode ser considerado como o mais estruturado e sistematizado de todos, pois apresenta procedimentos e regras definidas, favorecendo o fluxo de trabalho que deve ser seguido por todos os profissionais com o objetivo de alcançar bons resultados. No modelo racional de tomada de decisões, predomina uma estrutura orga- nizacional burocrática, em que as regras formais e as diretrizes da organização são seguidas por todos. Segundo Chiavenato (2014), o processo decisório é o seu fundamento básico. É o campo de estudo da Teoria da Decisão, que aqui é considerada um desdobramento da Teoria Matemática. O ponto focal da abordagem quantitativa é a tomada de decisão, isto é, a Teoria da Matemática, abordada sob as perspectivas do processo e do problema: 3Teoria Matemática da Administração � Perspectiva do processo: objetiva escolher a melhor alternativa de decisão e, para isso, busca informações nas etapas da tomada de deci- são. Para a tomada de decisão, três etapas são analisadas: a definição do problema, as análises das alternativas de possíveis soluções para os problemas e a identificação da melhor alternativa de solução. � A escolha das possíveis alternativas de solução enfatiza a alternativa que produza melhor eficiência. Por estar focada no procedimento, e não no conteúdo da decisão, esta abordagem é criticada. Existem duas variações referentes às opções de decisões a serem tomadas, a racionalidade (meios visando os objetivos) e a irracionalidade (decisões pautadas nas emoções nos impulsos irracionais. � Perspectiva do problema: objetiva solucionar o problema e, dessa forma, sofre críticas por não indicar alternativas. Apresenta como de- ficiências as situações que exigem muitos modelos de implementação. Para tornar o processo decisório o mais racional possível, o tomar de decisões aplica métodos quantitativos, buscando a eficácia na tomada de decisões. (CHIAVENATO, 2014). No link a seguir, você encontra um artigo sobre os modelos de tomada de decisão e sua relação com a informação orgânica. https://goo.gl/z97swA Técnicas para pesquisa operacional Por meio da aplicação de vários métodos científicos, técnicas científicas e instrumentos científicos, a pesquisa operacional (PO) busca solucionar problemas envolvendo sistemas a fim de apresentar dados aos gestores, res- ponsáveis pela solução de problemas (CHIAVENATO, 2014). De acordo com Chiavenato (2014), em geral as definições de pesquisa operacional variam de técnicas matemáticas específicas ao método cientí- fico em si. Essas definições tendem a incluir três aspectos básicos comuns à abordagem de PO na tomada de decisão administrativa: Teoria Matemática da Administração4 1. Visão sistêmica dos problemas a serem resolvidos. 2. Uso do método científico na resolução de problemas. 3. Uso de técnicasespecíficas de estatística, probabilidade e modelos matemáticos para ajudar o tomador de decisão a resolver o problema. Principais técnicas de pesquisa operacional As principais técnicas de pesquisa operacional utilizadas pelas empresas são a Teoria dos Jogos, a Teoria das Filas de Espera, a Teoria da Decisão, a Teoria dos Grafos, a Programação Linear, a Probabilidade e Estatística Matemática e a Programação Dinâmica. Vamos conhecer um pouco algumas delas. Teoria dos Jogos A Teoria dos Jogos considera a disputa de interesses entre duas ou mais pessoas, em que o número de estratégias é finito e enumerável. Essa teoria tem uma terminologia própria, de acordo com Chiavenato (2014, p. 372): � Jogador: cada participante envolvido. � Partida (ou disputa): cada jogador escolhe um curso de ação. � Estratégia: regra de decisão pela qual o jogador determina seu curso de ação. O jogador nem sempre conhece a estratégia do adversário. � Estratégia mista: o jogador usa todos os seus cursos de ação disponíveis em uma proporção fixa. � Estratégia pura: o jogador utiliza apenas um curso de ação. � Matriz: tabela dos resultados de todas as partidas possíveis. Os números da matriz representam os valores dos ganhos pelo jogador. Os valores negativos traduzem perdas. A Teoria dos Jogos é estática (trabalha apenas com valores dados, fixos e independentes do resultado do jogo), enquanto as situações concretas são dinâmicas (valores não são fixos). Como toda teoria científica, a Teoria dos Jogos é um mapa simplificado e isomorfo da realidade. 5Teoria Matemática da Administração Teoria das Filas de Espera Nesta teoria, também se utiliza técnicas matemáticas para analisar os tempos de espera, estrangulamento e gargalos (por exemplos, esperas telefônicas, cadeias de suprimento, clientes aguardando atendimento em agências bancárias, etc.). Na Teoria das Filas, participam os clientes, um serviço pelo qual os clientes estão aguardando, o processo de entrada, a organização da fila e do serviço a ser prestado. Nos trabalhos direcionados para a Teoria das Filas, busca- -se identificar os problemas de gargalos e esperas, cuidando dos pontos de estrangulamento em processos por meio da formulação matemática para a otimização dos arranjos. Teoria dos Grafos A Teoria dos Grafos se utiliza de diagramas de flechas aplicáveis em proje- tos compostos por várias etapas, recursos, prazos, custos mínimos e órgãos envolvidos. As principais vantagens da Teoria dos Grafos, de acordo com Chiavenato (2014, p. 373), são: � a execução do projeto no prazo mais curto e pelo menor custo; � o inter-relacionamento das etapas e das operações do projeto; � a distribuição ótima dos recursos disponíveis e sua redistribuição em caso de modificações; � as alternativas para a execução do projeto que facilitam a decisão; � a identificação de tarefas ou operações críticas que não oferece folga de tempo para sua execução, para nelas concentrar a atenção. As tarefas ou operações críticas definem o prazo para o projeto global e a respon- sabilidade de órgãos ou pessoas envolvidas no projeto. Programação Linear A Programação Linear é uma técnica matemática utilizada para tratar dos problemas que envolvam alocação ótima de recursos escassos para a realiza- ção de atividades. Deve haver uma alocação cuidadosa dos recursos para o desenvolvimento das atividades, já que a quantidade de recursos é limitada. Teoria Matemática da Administração6 A Programação Linear é aplicada em situações complexas, quando se tem objetivos definidos, como no estudo de percurso econômico de uma carga em um determinado local, ou de uma frota de caminhões de distribuição de cimento em diversas construções. Programação Dinâmica Aplicada em problemas que tenham várias fases inter-relacionadas, nos quais se deve adotar uma decisão adequada a cada uma das fases sem que se perca o foco no objetivo final do trabalho. Pode ser desenvolvido em casos de estudos que buscam alternativas econômicas para decidir entre construir ou comprar máquinas e equipamentos ou tomar decisões entre manter ou disponibilizar ativos da organização. Análise estatística e cálculo de probabilidade Com o objetivo de obter o máximo de informações com a menor quantidade de dados, a análise estatística é mais um dos métodos matemáticos utilizados pelas organizações, principalmente na área da qualidade e na área de produção. Segundo Chiavenato (2014, p. 375), “[...] a análise estatística fornece meios para a escolha de amostras e suas características para serem representativas do universo de dados e qual o risco associado na decisão de aceitar ou rejeitar um lote de produção”. A partir dos controles estatísticos da qualidade, são utilizados os movimentos de qualidade total e os 5S com o objetivo de incre- mentar a excelência e a qualidade de produtos, como também de processos. Os chamados 5S constituem um exemplo clássico de organização do ambiente de trabalho com baixo custo de investimento. Saiba mais sobre alguns dos avanços recentes que estão revolucionando a prática da área da modelagem da pesquisa operacional, lendo o livro Introdução à pesquisa operacional, de Frederick S. Hillier e Gerald J. Lieberman. 7Teoria Matemática da Administração Limitações da Teoria Matemática da Administração A Teoria Matemática trouxe suporte na tomada de decisões, oferecendo técnicas de planejamento, controle de recursos e estratégias (CHIAVENATO, 2014). Observe o mapa da estratégia na Figura 1. Figura 1. Mapa da estratégia Fonte: Adaptada de Chiavenato (2014, p. 381). Lucro Aumentar a receita Perspectiva �nanceira Perspectiva dos clientes Perspectiva dos procesos internos Perspectiva da inovação e aprendizado Implantar sistemas de relacionamento com clientes Implantar novos processos Assegurar treinamento e capacitação para as pessoas Melhorar o desempenho �nanceiro Melhorar o atendimento aos clientes Melhorar os processos internos Uma das maiores contribuições da Teoria Matemática está na administração das operações em organizações da manufatura como também de serviços, que envolvem atividades relacionadas com gerenciamento da qualidade e do controle de operações. Apesar de todos os benefícios apresentados, a Teoria Matemática torna-se limitada à medida que não pode ser utilizada em termos globais, ou seja, não poderá envolver toda a empresa, pois direciona-se para os níveis organiza- cionais. Ela aborda o ponto de vista estatístico ou matemático e baseia-se na total quantificação dos problemas administrativos — e, como sabemos, nem todos os problemas podem ser reduzidos a expressões numéricas. Teoria Matemática da Administração8 De acordo com Chiavenato (2014, p. 382), a Teoria Matemática apresenta enormes limitações: � Presta-se a aplicações de projetos ou operações que envolvam órgãos ou grupos de pessoas, mas não tem condições de aplicações globais envolvendo a organização inteira. Ela é mais um conglomerado de técnicas de aplicação individualizada do que um arcabouço teórico. � Baseia-se na quantificação dos problemas administrativos, abordando- -os do ponto de vista estatístico ou matemático. Todas as situações são reduzidas a números ou expressões matemáticas para sua resolução. � Oferece técnicas de aplicação em nível operacional na esfera de exe- cução, mas poucas técnicas em níveis mais elevados na hierarquia empresarial. A PO se restringe à pesquisa e à investigação das operações situadas no nível operacional da organização. Também é importante destacar que a Teoria Matemática se preocupou com a competição dos jogos, porém não realizou incursões na estratégia organi- zacional. Por meio da competição típica dos jogos, a teoria busca identificar ações e comportamentos de competição, avaliar como algumas situações podem modificar o equilíbrio competitivo através de processos de mudanças organizacionais e investir recursos em novas ferramentas. CARAVANTES, G.; PANNO, C.;KLOECKNER, M. Administração: teorias e processo. São Paulo: Pearson, 2005. CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 4. ed. São Paulo: Manole, 2014. CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Cam- pus, 2003. HILLIER, F. S.; LIEBERMAN, G. J. Introdução à pesquisa operacional. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2009. ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 9Teoria Matemática da Administração Conteúdo: DICA DO PROFESSOR A teoria dos jogos é utilizada pelas empresas e consiste em: cada funcionário pode assumir um determinado papel e, como resultado do jogo, poderão acusar perdas ou ganhos finitos, cujas combinações de ações poderão ser matematicamente calculadas. Nesta Dica do Professor, você verá como a Teoria dos Jogos é aplicada e os resultados que podem ser obtidos por meio dela. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Quando nos referimos ao processo de tomada de decisão, podemos afirmar que a escolha entre um modelo ou outro é fundamental na obtenção do sucesso. Dentre as alternativas a seguir, qual apresenta de forma correta o modelo racional? A) O tomador de decisões tem: informações perfeitas e uma lista exaustiva de alternativas dentre as quais pode escolher. Ainda, ele é racional e sempre tem em mente os melhores interesses da organização. B) O modelo racional é estabelecido pelas organizações com o objeto de implantar processos decisórios baseados em informações que ocasionalmente podem ser imperfeitas e também incompletas. C) O tomador de decisões nem sempre tem informações perfeitas, muitas vezes, não tem um conjunto completo de alternativas ou não entende plenamente aquelas que estão à disposição. O tomador de decisões não tem informações perfeitas, não é racional e sempre tem em mente os melhores interesses da organização. Por isso, ele escolherá a primeira alternativa D) minimamente aceitável. E) Para os processos de decisão racional, as organizações deixam em aberto o número de possibilidades para que os funcionários possam opinar livremente, sem fixar pressupostos a serem atingidos. 2) O ponto focal da abordagem quantitativa é a tomada de decisão, ou seja, a Teoria da Matemática. Sob quais perspectivas a abordagem quantitativa toma decisões? A) Sob a perspectiva das regras e a perspectiva das soluções. B) Sob a perspectiva do problema e a perspectiva da matemática. C) Sob a perspectiva do setor e a perspectiva do gestor. D) Sob a perspectiva do processo e a perspectiva do problema. E) Sob a perspectiva do analista e a perspectiva do gestor. 3) Entre as alternativas a seguir, qual apresenta de forma correta os três aspectos básicos comuns à abordagem da pesquisa operacional na tomada de decisões administrativas? A) A utilização de métodos científicos, matemáticos e sem o uso da lógica. B) Visão sistêmica dos problemas, uso do método científico e técnicas específicas. C) A visão sistêmica, a aplicação de métodos científicos e subjetivos. D) O uso da tecnologia, as ferramentas matemáticas e as normas que não avaliam a lógica. E) A utilização de um sistema existente, as pessoas e os sentimentos relacionados ao problema evidenciado pela equipe. 4) Qual das alternativas a seguir apresenta de forma correta as principais técnicas de pesquisa operacional? A) Teoria dos Jogos, Teoria das filas de Espera, Teoria dos Grafos, Programação Linear e Programação Dinâmica. B) Teoria de Sistemas, Teoria dos Grafos e Teorias Administrativas. C) Programação Linear, Teoria dos jogos e Teoria de Sistemas. D) Programação Dinâmica, Teoria dos Jogos e Teorias Administrativas. E) Técnicas de programação e Técnicas Administrativas. 5) Podemos considerar como uma das limitações da Teoria Matemática da Administração: A) A preocupação com a competição dos jogos e a realização de incursões na estratégia organizacional. B) O grande arcabouço teórico e epistemológico que envolve essa teoria e dificulta sua aplicação. C) As condições necessárias para que seja possível aplicar a teoria em todos os níveis organizacionais. A complexidade que envolve a Teoria Matemática, dificultando sua aplicação no nível D) operacional das empresas. E) Todas os problemas são reduzidos a números ou expressões matemáticas, mas nem todos eles podem ser mensurados matematicamente. NA PRÁTICA A teoria dos jogos objetiva analisar situações onde o resultado da ação de indivíduos, grupo de indivíduos ou instituições depende substancialmente das ações dos outros envolvidos. Na prática, você verá como essa movimentação nos permite visualizar facilmente os pressupostos da metodologia que os homens estabelecem para satisfazerem seus interesses. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A construção dos sociogramas e a teoria dos grafos Saiba mais sobre a teoria dos grafos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teorias da Administração - racionalidade limitada Saiba mais sobre o modelo da racionalidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Introdução à pesquisa operacional, 9.ed. (2013) Saiba mais sobre a pesquisa operacional por meio deste livro, que apresenta uma visão geral da abordagem de modelagem da pesquisa operacional. Teoria Comportamental APRESENTAÇÃO Você sabia que o desempenho e a produtividade das organizações dependem muito do comportamento dos colaboradores presentes? Um trabalhador motivado poderá influenciar de uma forma eficiente na realização de suas atividades na empresa, além de provocar um melhor clima entre os integrantes, resultando em elementos positivos para a instituição. A Teoria Comportamental ou Behaviorista surgiu para abordar a ciência do comportamento. A partir de estudos realizados por Herbert Alexander Simon, foi possível entender o comportamento humano, considerando o contexto organizacional e a perspectiva dos indivíduos ali envolvidos. A partir desse momento, o comportamento organizacional começou a ser entendido, por meio da investigação do comportamento individual de cada pessoa. Maslow, criador da Teoria da Motivação, mostrou que as necessidades humanas estão classificadas e dispostas em níveis, em uma hierarquia de relevância e influência. Assim, para que um colaborador possa chegar a um bom grau de eficiência apenas com a satisfação no trabalho realizado, será indispensável investigar os fatos comportamentais e interdisciplinares envolvidos. Nessa Unidade de Aprendizagem, você analisará as funções clássicas da administração que influenciaram na composição da estrutura organizacional, os princípios clássicos da administração e a relevância das contribuições da Teoria Clássica para as empresas atuais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar quais são os fatores que motivam os trabalhadores.• Relacionar o comportamento dos trabalhadores com a melhoria do desempenho em suas tarefas. • Associar a motivação interna dos trabalhadores com o resultado de sua produtividade.• DESAFIO Imagine que você trabalha no setor de recursos humanos de uma loja de telefonia e foi contratado para analisar os fatores que poderão influenciar na motivação humana, tendo como recompensa uma maior produtividade para a organização. A instituição utiliza a Teoria Comportamental como base para analisar o comportamento de seus funcionários. Quais serão as práticas que você poderá instituir na organização para que os indivíduos estejam motivados e desempenhem melhor as suas tarefas? Justifique a sua resposta, apresentando pelo menos três ações. INFOGRÁFICO Como você sabe, a principal característicada Teoria Comportamental é a preocupação com o ser humano e a sua motivação. Maslow foi o maior pesquisador da motivação, por meio da criação da Teoria das Necessidades ou da pirâmide de Maslow, o que proporcionou o desenvolvimento de várias pesquisas atuais. Por meio dessa teoria, o autor apresenta umahierarquia sobre as necessidades humanas, mostrando que elas seguem uma ordem de apresentação. O essencial em toda essa aprendizagem é que o administrador deve dominar as necessidades humanas para atingir uma gestão de pessoas e de evolução organizacional que sejam mais eficientes. Analise a pirâmide de Maslow e a sua ordem hierárquica no Infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO Você sabe qual é a importância da Teoria Comportamental para as empresas atuais? Ela foi fundamental para trazer um novo ponto de vista a respeito das Teorias Administrativas, aumentando os estudos da administração nas organizações. Essa abordagem facilitou o afastamento das posições normativas e prescritivas dos estudos anteriores, trazendo a pesquisa das ciências do comportamento e mostrando a influência do fator humano e de seu comportamento em relação à instituição. Por meio do esforço de Simon, atualmente, as organizações procuram atender às necessidades e motivações de seus colaboradores, proporcionando um ambiente de trabalho satisfatório, visando maior produtividade de seu quadro colaborativo. Para ampliar os seus saberes, faça a leitura do capítulo Teoria Comportamental, da obra Teoria Geral da Administração I. Boa leitura. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO I Arianne Guazzelli Teoria Comportamental Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identi� car quais são os fatores que motivam os trabalhadores. Relacionar o comportamento dos trabalhadores com a melhoria do desempenho em suas tarefas. Diferenciar a motivação interna dos trabalhadores com o resultado de sua produtividade. Introdução Você sabia que o desempenho e a produtividade das organizações de- pendem bastante do comportamento dos colabores presentes? Um trabalhador motivado pode influenciar em uma maior eficiência na reali- zação de suas atividades na empresa, além de provocar um melhor clima entre os integrantes, resultando em elementos positivos para a instituição. A Teoria Comportamental ou Behaviorista surgiu para abordar a ci- ência do comportamento. A partir de estudos realizados por Hebert Alexander Simon, foi possível entender o comportamento humano, considerando o contexto organizacional e a perspectiva dos indivíduos ali envolvidos. A partir desse momento, procurou-se entender o comportamento organizacional, através da investigação do comportamento individual de cada pessoa. Maslow, criador da Teoria da Motivação, mostrou que as necessidades humanas estão classificadas e dispostas em níveis, em uma hierarquia de relevância e de influência. Assim, para que um colaborador possa chegar a um bom grau de eficiência apenas com a satisfação no trabalho realizado, será indispensável investigar os fatores comporta- mentais e interdisciplinares envolvidos. Neste capítulo, você irá analisar as funções e os princípios clássicos da Administração que influenciaram na composição da estrutura orga- nizacional, e a relevância das contribuições da Teoria Clássica para as empresas atuais. Fatores que motivam os trabalhadores Você sabe quais elementos podem infl uenciar na motivação dos funcionários? São diversos, correto? Para que você analise melhor os motivos, será importante entender a origem deste estudo. Muitos anos atrás, mais precisamente em 1947, Herbert Alexander Simon deu início à Teoria Comportamental. Através do auxílio de grandes autores dentro do campo da motivação humana, como Abraham Maslow, Frederick Herzber e David McClelland, foi possível estudar este campo que ainda não havia sido explorado. A abordagem das ciências do comportamento tinha como principais carac- terísticas a ênfase nas pessoas, a preocupação com o comportamento organiza- cional e os processos de trabalho, além do estudo do comportamento humano. Assim, para que fosse possível desvendar o comportamento organizacional, a Teoria Comportamental precisou investigar o comportamento individual de cada pessoa. Para isso, fez-se necessário analisar a motivação humana. O estudo da motivação procurou conhecer quais são os efeitos que movi- mentam os indivíduos nas diversas variáveis do comportamento, pensamento, ação e palavras. Deste modo, entendeu-se que existem três atributos presentes na motivação (Figura 1): direção: o propósito do comportamento motivado; intensidade: a grandeza ou a força dos motivos; permanência: a duração que a motivação se manifesta. Figura 1. Intensidade, direção e tempo são propriedades da motivação. Fonte: Maximiano (2011, p. 236). INTENSIDADE = força dos motivos TEMPO = permanência da motivação DIREÇÃO = objetivo do comportamento motivado Teoria Comportamental2 Na esfera da Administração, a análise da motivação tenta esclarecer as forças ou os motivos que induzem ao desempenho dos trabalhadores em dife- rentes situações dentro da organização. Uma vez que boa parte do desempenho dos indivíduos nas empresas depende de sua motivação, o desempenho das instituições está associado ao desempenho de seus colaboradores. Sendo assim, entender esse processo é fundamental para a administração das empresas. O desempenho na ocupação profissional será o efeito que um indivíduo atinge com a aplicação de algum esforço. Logo, o desempenho será favorável quando o resultado está em consonância com a intenção ou com o objetivo. Imagine que você atendeu muito bem um cliente ou realizou perfeitamente a confecção de um produto, ou seja, obteve um desempenho positivo. Ele certamente foi motivado por inúmeras forças capazes de gerar motivação para o trabalho. A motivação para o trabalho partirá de um estado psicológico de disposição, de interesse, de desejo de alcançar um objetivo ou realizar uma tarefa. Assim, quando se diz que um trabalhador está motivado, esse indivíduo está expondo disposição positiva para realizar suas funções. Segundo Maximiano (2011), através de uma interação entre os motivos internos dos indivíduos e os estímulos da situação ou do meio em que esse se encontra, será possível analisar a sua motivação para o trabalho. Motivos internos: são as carências, os interesses, os princípios e as habilidades dos indivíduos. Os motivos internos fazem os indivíduos escolherem quais atividades vão realizar; valorizarem algumas condutas e depreciarem outras, tornarem-se fascinados por determinadas coisas e outras não. São os incentivos interiores, de natureza psicológica e fisiológica, abalados por fatores sociológicos, como as equipes ou as comunidades em que o indivíduo está inserido. Motivos externos: são estímulos que o lugar proporciona ou metas que a pessoa quer realizar. Os motivos externos satisfazem carências ou desejos, aguçam sentimentos de interesse ou constituem gratificações pretendidas. Quaisquer recompensas e punições ofertadas pelo ambiente, os padrões acordados pela equipe de colegas, os valores do meio social, as possibilidades de carreira, além de diversos outros itens da situação de trabalho são considerados motivos externos. 3Teoria Comportamental O desempenho será influenciado através da conciliação de todos esses motivos. Assim, também será possível entender de que forma o colaborador irá se sentir motivado dentro da empresa. Quando a organização consegue alinhar o bem-estar de seu funcionário, a motivação poderá ser alcançada, fazendo com que o colaborador realize melhor suas tarefas. O administrador necessita identificar as necessidades humanas para conseguir entender o comportamento de seus colaboradores, e assim empregar a motivação como uma ferramenta essencial para aperfeiçoar a qualidade de vida dentro da organização.O comportamento do trabalhador e seu desempenho nas tarefas Como você sabe, a complexidade do trabalho nas empresas, as suas diversas e complexas demandas, os novos locais de produção, além da competitividade crescente no universo dos negócios, têm como consequência a necessidade de valorização dos colaboradores e da elaboração de condições positivas para aumentar o desempenho dos indivíduos nas tarefas e a sua satisfação no trabalho. Segundo a Teoria Comportamental, somente será possível analisar o com- portamento individual de cada trabalhador, a fim de aumentar seu desempenho em suas ações, através do estudo da motivação humana. A partir do momento em que o colaborador se sente motivado, vai desempenhar melhor suas tarefas dentro da organização. Maslow expressou uma Teoria da Motivação, apontando que as necessi- dades humanas estão classificadas e dispostas em níveis, em uma hierarquia de relevância e de influência (Figura 2). Assim, criou uma pirâmide para explicar essa hierarquia de necessidades. Na sustentação da pirâmide ficam as necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas), já na extremidade superior as mais eminentes (necessidades de autorrealização). Teoria Comportamental4 Figura 2. Hierarquia das necessidades segundo Maslow. Fonte: Chiavenato (2003, p. 325). Necessidade de autorrealização Necessidade de estima Necessidade sociais Necessidade de segurança Necessidades �siológicas N ec es sid ad es se cu nd ár ia s N ec es sid ad es pr im ár ia s Chiavenato (2003) aponta as seguintes necessidades, de acordo com a Teoria de Maslow: Necessidades fisiológicas: representam a classe mais baixa de todas as necessidades humanas, mas de substancial relevância. Aqui encontram-se as necessidades de alimentação (sede e fome), de abrigo (calor ou frio), de sono e repouso (cansaço), o desejo sexual, etc. As necessidades fisiológicas são referentes à sobrevivência da pessoa e à preservação da espécie. Elas nascem com a pessoa, assim sendo instintivas. São as mais urgentes das carências humanas, pois elas controlam o comportamento humano. Necessidades de segurança: fazem parte do segundo nível das neces- sidades humanas. São necessidades de estabilidade, segurança, procura de proteção contra ameaça, fuga de perigo ou privação. Só irão surgir no comportamento do indivíduo após as necessidades fisiológicas estarem parcialmente satisfeitas. Quando a pessoa é coordenada por necessi- 5Teoria Comportamental dades de segurança, o seu organismo todo funciona como elementos organizadores quase exclusivos do comportamento. Necessidades sociais: aparecem somente quando as necessidades mais baixas (fisiológicas e de segurança) estão parcialmente supridas. A necessi- dade de associação, aceitação por parte dos companheiros, participação, de amizade, amor, afeto, encontram-se presentes na esfera das necessidades sociais. Quando as necessidades sociais não estão devidamente supridas, a pessoa torna-se hostil, resistente, contraditória em relação aos indivíduos ao seu redor. Assim, a decepção das necessidades de amor e de afeição leva o indivíduo à falta de adaptação social e à solidão. Necessidades de estima: são as necessidades relativas ao modo pelo qual a pessoa se vê e se avalia. Abrange a autoapreciação, a carência de aprovação social e de respeito, de consideração, de autoconfiança e de status. Compreendem ainda a ambição de força, de adequação, de confiança perante o mundo, de autonomia e independência. O con- tentamento das necessidades de estima leva a sentimentos de poder, utilidade, força, valor e capacidade. Necessidades de autorrealização: encontram-se neste nível as ne- cessidades humanas mais elevadas e que estão no topo da hierarquia. São relativas à realização do próprio potencial e autodesenvolvimento contínuo. Essa inclinação mostra-se pelo impulso que o indivíduo tem para torna-se cada vez melhor, ou seja, sempre mais do que é, de vir a ser tudo o que pode ser. Maximiano (2011) afirma que as necessidades humanas constituem traços e expressões que se diferenciam conforme a pessoa. A intensidade das necessidades e sua exteriorização são diversas e acatam às diferenças individuais entre os indivíduos. Ao adotar a Teoria de Maslow no desem- penho no trabalho: O trabalho e o local de trabalho podem atender a uma extensa gama de necessidades, instrumentais e terminais, desde as de sobrevivência até às de autorrealização. As necessidades e a capacidade de atendê-las irão depender dos atributos dos indivíduos e da situação do trabalho. Exemplo: a ocupação em uma fábrica pode atender à necessidade de sobrevivência, autoestima e convivência social. Em um observatório astronômico, onde poucos indivíduos trabalham à noite, em silêncio, analisando o universo, as necessidades de autorrealização e de reco- nhecimento em uma comunidade técnica são mais relevantes. Teoria Comportamental6 O ofício e a situação do trabalho também constituem necessidades, em vez de satisfazê-las. Os colaboradores começam a reclamar de seu atendimento, o que também é uma maneira de comportamento motivado por carências. Exemplo: trabalhar em locais que apresentam risco de vida aumenta a necessidade de segurança. Herzberg também criou uma teoria para explicar o comportamento dos indivíduos no trabalho, chamada de Teoria dos Dois Fatores (CHIAVENATO, 2003). 1. Fatores higiênicos: também conhecido como fatores extrínsecos, já que estão presentes no ambiente que envolve os indivíduos e compreendem as condições dentro das quais desempenham suas tarefas. Estas condi- ções são administradas e definidas pela organização, assim os fatores higiênicos estão fora do controle dos indivíduos. Os mais relevantes são: salário, tipo de chefia, benefícios sociais, políticas e diretrizes da organização, relacionamento entre os trabalhadores e a instituição, regulamentos internos... 2. Fatores motivacionais: chamados também de fatores intrínsecos, pois são relativos ao conteúdo do cargo e à natureza das atividades que o indivíduo desempenha. Esses fatores encontram-se sob o controle dos colaboradores, já que são referentes àquilo que o indivíduo faz e desempenha. Abrangem sentimentos de crescimento individual, reco- nhecimento profissional e autorrealização, e resumem-se nas atividades que o trabalhador realiza na instituição. A nível organizacional, a relevância da Teoria de Maslow e Herzberg está no episódio dos gestores da organização se preocuparem com a identificação do nível de satisfação das necessidades dos seus colaboradores, assim sendo capazes de encontrar soluções de como motivar os seus trabalhadores. Com isso, o desempenho de sua equipe de trabalho melhorará, gerando lucro para a instituição. Para saber mais sobre a motivação para o trabalho, leia o artigo: “A relação da motivação para o trabalho com as metas do trabalhador” (TAMAYO; PASCHOAL, 2003). 7Teoria Comportamental Motivação interna dos trabalhadores vs. produtividade Segundo Maximiano (2011), a motivação para o trabalho é consequência de uma comunicação complexa entre os motivos internos dos indivíduos e os estímulos do cenário ou da situação. As teorias sobre as necessidades humanas oferecem o primeiro esclarecimento relevante sobre o papel dos fatores internos na motivação. Através dessa ideia é possível perceber que o comportamento humano é incentivado por estímulos interiores, conhecidos como necessidades ou carências. Os indivíduos operam nas mais variadas situações, a fi m de satisfazer esta necessidade. Temos como exemplo a fome, que é uma carência que motiva o organismo a buscar alimento (direção da motivação). Quanto maior for essa necessidade, mais elevado será o esforço para efetivar o propósito de conseguir alimento (intensidade da motivação). Assim que saciada a carência, o organismo irá para uma condição de satisfação, e o alimento deixa de simbolizar um estí- mulo, pois se resolveu o impulsointerno para persegui-lo. A motivação para aquela determinada ocasião não existe mais (duração da motivação). Algumas carências terão o período de satisfação maior, quando não são resolvidas de forma pontual. É a situação da motivação para o poder, que não provoca a saciedade, mas pode ficar ainda mais forte a cada instante. Muitas necessidades são instrumentais para a satisfação de outras. Algumas serão terminais, satisfazendo-se em si mesmas. Para alguns cidadãos, a carência de adquirir dinheiro é instrumental para o atendimento das necessidades de sobrevivência. Para outros indivíduos, a necessidade de conseguir dinheiro é terminal, ou seja, uma finalidade em si mesma. De acordo com as teorias sobre as carências humanas, a realização de metas e o desempenho estão unidos à busca da satisfação das necessidades. Caso o objetivo seja atingido, uma necessidade será satisfeita. O indivíduo empenha-se na caçada mais profundamente se a carência for mais forte. Os fatores sociais são motivos externos de motivação. Tratam-se das tra- dições, padrão econômico, valores, padrão tecnológico e educacional. Estes elementos geram as necessidades socialmente adquiridas. Por razão dos fatores sociais, certos incentivos são almejados, não pela relevância intrínseca que têm para o indivíduo, mas por serem desejados pelo meio social, ou seja, por colegas, vizinhos, etc. Devido às carências socialmente assimiladas, o que é motivador para os componentes de um grupo pode não disponibilizar qualquer atrativo para os membros do outro. As profissões que abastecem prestígio social concedem Teoria Comportamental8 forte apelo para os integrantes da sociedade, e podem ser insignificantes para outros. Este chamado espelha-se não apenas na busca e negação de profissões, como também na força da motivação para o desempenho de cada emprego. A alteração tecnológica, a economia e o progresso dos costumes podem colaborar para modificar os valores sociais e a disposição para o trabalho. Cada organização e cada situação de trabalho concedem, aos indivíduos, um composto de estímulos, como o próprio ofício, o local, as recompensas materiais, as gratificações psicológicas, além de prêmios e o reconhecimento pelo satisfatório desempenho. Você sabe qual será a força e a consequência dessas vantagens sobre a motivação? Para que fique mais claro analisar esta questão, imagine através do seguinte exemplo, onde você será o gestor: Segundo Chiavenato (2003), para alcançar os padrões mais elevados de desempenho, você irá presentear os colaboradores através de todos os benefícios materiais possíveis, como alimentação, residência, entre outros. Simultanea- mente, você irá proporcionar o desejo de praticarem suas melhores habilidades, e assim seus colaboradores poderão reconhecer a motivação, e com isso, poderão trabalhar bem. Para assegurar que nada dê errado, você adicionará também algumas outras vantagens, como recompensas pelo desempenho. Você acha que sua estratégia funcionaria? Depende. Qualquer estímulo poderá funcionar, entretanto, deverá estar sintonizado com os motivos internos do indivíduo a quem está oferecendo. O principal esclarecimento sobre a comunicação dos motivos internos com os estímulos do ambiente é a Teoria da Expectativa. Esta teoria investiga como os valores e as expectativas dos indivíduos combinam-se com os estímulos para gerar alguma forma de força motivacio- nal. Esta hipótese representa a imagem intuitiva de que o esforço necessita do resultado que se deseja atingir. Assim, irá estabelecer que o desempenho é igual ao esforço; que o esforço é ajustado à relevância que se dá ao resultado do desempenho e também à confiança de que o esforço produza o desempenho; e se o resultado for significativo, a motivação para o esforço será intensa. Enfim, a motivação é um elemento de máxima relevância para as ins- tituições, assim necessitando ser integrada na estratégia organizacional. A Teoria Comportamental mostra que é impossível um colaborador almejar um satisfatório nível de eficiência exclusivamente com a satisfação nas tarefas realizadas, sendo indispensável investigar as questões comportamentais e interdisciplinares envolvidas. 9Teoria Comportamental Entenda um pouco mais sobre a importância da Teoria Comportamental lendo o texto “Teoria comportamental da administração” (PORTAL ADMINISTRAÇÃO, 2014). Já para saber mais sobre a motivação humana, acesse o artigo “As Teorias da motiva- ção humana e sua contribuição para a empresa humanizada: um tributo a Abraham Maslow” (BUENO, 2002). BUENO, M. As teorias de motivação humana e sua contribuição para a empresa huma- nizada: um tributo a Abraham Maslow. Revista do Centro de Ensino Superior de Catalão, ano 4, n. 06, 1º sem. 2002. Disponível em: <http://sinop.unemat.br/site_antigo/prof/ foto_p_downloads/fot_10529as_teobias_de_motivayyo_humana_e_sua_contbi- buiyyo_paba_a_empbesa_humanizada_pdf.pdf>. Acesso em: 14 set. 2017. CHIAVENATO, I. Introdução a teoria geral da administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2003. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2011. PORTAL ADMINISTRAÇÃO. Teoria comportamental da administração. [S.l.]: Portal ad- ministração, 2014. Disponível em: <http://www.portal-administracao.com/2014/11/ teoria-comportamental-da-administracao.html>. Acesso em: 14 set. 2017. TAMAYO, A.; PASCHOAL, T. A relação da motivação para o trabalho com as metas do trabalhador. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 7, n. 4, p. 33-54, out./dez. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext &pid=S1415-65552003000400003>. Acesso em: 13 set. 2017. Leituras recomendadas ARAUJO, L. C. G. Teoria geral da administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2014. FACULDADE ADMINISTRAÇÃO GOVERNADOR VALADARES. A teoria comportamental da administração. Governador Valadares: FAGV, 2015. Disponível em: <https://fagv. com.br/noticias/teoria-comportamental-da-administracao/>. Acesso em: 14 set. 2017. VETOR CRIATIVO. Motivação no trabalho. RH Portal, 02 set. 2015. Disponível em: <http:// www.rhportal.com.br/artigos-rh/motivao-no-trabalho/>. Acesso em: 13 set. 2017. Teoria Comportamental10 DICA DO PROFESSOR Qual é a importância da Teoria Comportamental? O vídeo a seguir foi elaborado para mostrar um pouco mais sobre os fatores que motivam os trabalhadores e o comportamento dos trabalhadores com a melhoria de desempenho em suas tarefas, além da motivação interna dos trabalhadores em relação a sua produtividade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Você sabe qual é a principal ênfase da Teoria Comportamental? A) As organizações, além da preocupação com o comportamento organizacional. B) As organizações, além dos processos de trabalho. C) As pessoas, além de suas necessidades pessoais. D) As pessoas, além da preocupação com o comportamento organizacional, os processos de trabalho e o estudo do comportamento humano. E) As organizações e como aumentar sua produtividade. 2) Por que as organizações preocupam-se com a motivação de seus colaboradores? A) Pois preocupam-se com a sua felicidade. B) Por ser uma prática utilizada em outras organizações. C) Porque prezam pela satisfação de seus trabalhadores. D) As empresas não se atentam a isso. E) Grande parte do desempenho das pessoas nas empresas dependerá de sua motivação. Logo, o desempenho das instituições irá necessitar do desempenho de seus colaboradores. 3) Quais dos itens abaixo referem-se aos fatores que motivam os trabalhadores nas empresas? A) Valorização de condutas e habilidades. B) Interesses e valores do meio social. C) Gratificações e recompensas. D) Possibilidades de carreira e habilidades. E) Habilidades do indivíduo e metas. 4) Como você sabe, Maslow criou uma teoria de motivação, apontando que as necessidades humanas estão classificadas e dispostas em níveis, em uma hierarquia de relevância e influência.Como foi chamado o nível que refere-se às necessidades de associação, amizade, amor e afeto? A) Necessidades sociais. B) Necessidades de autorrealização. C) Necessidades fisiológicas. D) Necessidade de segurança. E) Necessidade de estima. 5) Herzberg criou uma teoria para explicar o comportamento dos indivíduos no trabalho, chamada Teoria dos Dois Fatores. Quais são os nomes dos dois fatores criados? A) Fatores higiênicos e de salário. B) Fatores higiênicos e motivacionais. C) Fatores motivacionais e de autorrealização. D) Fatores motivacionais e de reconhecimento profissional. E) Fatores higiênicos e de benefícios sociais. NA PRÁTICA Como você sabe, a Teoria Behaviorista ofereceu uma nova perspectiva dentro da Teoria Administrativa: o estudo da ciência do comportamento e a rejeição aos procedimentos normativos e prescritivos das abordagens anteriores, além da utilização de posições descritivas e explicativas. A partir das descobertas realizadas pelos autores da Teoria Comportamental, passou-se a entender que o administrador precisa compreender as necessidades humanas para então conseguir entender o comportamento dos indivíduos e empregar a motivação humana como meio de melhorar a qualidade de vida no interior das empresas. Conheça aqui, alguns fatores que poderão ser utilizados para motivar seus colaboradores. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Teoria Comportamental na Administração No artigo a seguir, sobre a Teoria Comportamental da administração, você saberá mais sobre a relação do comportamento humano e a produtividade no trabalho. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria Estruturalista APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! A Teoria Estruturalista faz uma abordagem à Teoria Clássica e à Teoria das Relações Humanas, tendo como seus principais pensadores Amitai Etzioni, James D. Thompson, Peter Blau e Richard Scott (Teoria da Organização), inspirando-se também em Max Weber, pensador da Teoria Burocrática e um dos fundadores da Sociologia. Os estruturalistas reconhecem os pontos mais sensíveis das organizações, que são: alcançar o equilíbrio e a satisfação das necessidades da organização e de suas equipes, dimensionar atenção ou não à autonomia e à disciplina, às relações formais e informais, à razão e emoção e seus conflitos, posições e hierarquias, recompensas materiais e sociais, entrelaçando-as às suas causas e consequências no ambiente corporativo. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá que a Teoria Estruturalista ainda tem adeptos de seus fundamentos, sendo chamados de novos estruturalistas, e que o ponto central do seu estudo é o papel do "homem organizacional", sendo multidisciplinar nas organizações e desempenhando várias funções. Essa Teoria tem a organização como uma unidade social de conquistas, identificando a sociologia organizacional e o relacionamento existente entre empresa e funcionário como catalisadores do seu movimento, sendo a organização formal e informal como ferramentas das práticas e formas estruturais na demonstração dessas relações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os elementos catalisadores do movimento estruturalista.• Explicar o conceito de "homem organizacional" proposto pela Teoria Estruturalista.• Criticar os avanços e as limitações da Teoria Estruturalista.• DESAFIO A Teoria Estruturalista tem como fundamentos aproximar e congregar os setores e as áreas de uma empresa e o seu ambiente de forma integral, fazendo com que as áreas, seus profissionais e hierarquias, flexibilizem a estrutura e o relacionamento entre eles, interligando interesses e construindo o todo da organização. A ciência estudada na Teoria Estruturalista surge na observação do empresariado na década de 50, suas relações de lucro e recompensas, estrutura implementada e o clima organizacional da empresa. O estruturalismo veio aproximar e flexibilizar a comunicação e, em consequência, melhorar os relacionamentos internos e com o mercado. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O que podemos perceber nesta abordagem sobre a característica de recompensar os funcionários, e a forma como se relacionam líderes e funcionários no olhar da Teoria Estruturalista? INFOGRÁFICO São fundamentos da Teoria Estruturalista, aproximar setores da empresa fazendo com que o fluxo e o relacionamento sejam mais flexíveis e próximos. Seu surgimento partiu da observação de empresas e sua relação de lucro e clima organizacional. No Infográfico a seguir, você poderá observar os principais pontos de estudo da Teoria Estruturalista. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO A Teoria Estruturalista faz uma abordagem à Teoria Clássica e à Teoria das Relações Humanas, tendo como seus principais pensadores Amitai Etzioni, James D. Thompson, Peter Blau e Richard Scott (Teoria da Organização), inspirando-se também em Max Weber, pensador da Teoria Burocrática e um dos fundadores da Sociologia. Porém, seus fundamentos são enfatizados na avaliação crítica da Teoria das Relações Humanas. Os estruturalistas reconhecem, pela primeira vez, os pontos mais sensíveis das organizações: alcançar o equilíbrio e a satisfação das necessidades da organização e de suas equipes, dimensionar atenção ou não à autonomia e à disciplina, às relações formais e informais, à razão e emoção e seus conflitos, posições e hierarquias, recompensas materiais e sociais, entrelaçando-as às suas causas e consequências no ambiente corporativo. No capítulo Teoria Estruturalista, da obra Teoria Geral da Administração II, você verá que o ponto central do estudo da Teoria Estruturalista é o papel do "homem organizacional", sendo multidisciplinar nas organizações e desempenhando várias funções. Além de ter a organização como uma unidade social de conquistas, identificando a sociologia organizacional e o relacionamento existente entre empresa e funcionário como catalisadores do seu movimento, sendo a organização formal e informal como ferramentas das práticas e formas estruturais na demonstração dessas relações. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO II Jacqueline Cucco Xarão Teoria estruturalista Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os elementos catalisadores do movimento estruturalista. � Explicar o conceito de homem organizacional proposto pela teoria estruturalista. � Criticar os avanços e as limitações da teoria estruturalista. Introdução Neste capítulo, você vai estudar sobre a teoria estruturalista, que faz uma abordagem à Escola Clássica e à teoria das relações humanas, tendo como seus principais pensadores Amitai Etzioni, James D Thompson, Peter Blau e Richard Scott (teoria da organização), inspirando-se também em Max Weber, pensador da teoria burocrática e um dos fundadores da Sociologia. Porém, seus fundamentos são enfatizados na avaliação crítica da teoria das relações humanas. Os estruturalistas reconhecem pela primeira vez os pontos mais sen- síveis das organizações, que são: alcançar o equilíbrio e a satisfação das necessidades da organização e de suas equipes e dimensionar atenção ou não a autonomia, disciplina, relações formais e informais, razão e emoção e seus conflitos, posições, hierarquias e recompensas materiais e sociais, entrelaçando-as às suas causas e consequências no ambiente corporativo. Com a leitura deste capítulo sobre a teoria estruturalista, o ponto central do seu estudo é o papel do “homem organizacional” sendo multidisciplinar nas organizações e desempenhando várias funções. Essa teoria tem a organização como uma unidade social de conquistas, identificando a Sociologia organizacional e o relacionamento existente entreempresa e funcionário como catalisadores do seu movimento, sendo as organizações formal e informal ferramentas das práticas e formas estruturais, na demonstração dessas relações. Elementos catalisadores do movimento estruturalista Para os estruturalistas, a teoria das relações humanas não permitia uma visão completa da organização e do seu real funcionamento. Acreditava-se que sua visão parcial favorecia a alta gestão nos seus objetivos determinantes e iludia os trabalhadores, para execução desses objetivos, sem realmente entender o fundamento para o alcance desses objetivos preestabelecidos pela empresa. Mediante isso, eles se atentam à necessidade de um olhar para a organização, como um ser social, pois, por meio da criação de uma empresa e a sua cons- tituição por meio dos funcionários, são estabelecidas interações de diversos grupos sociais, com expectativas e objetivos diferentes. Embora esses grupos (de trabalho) compartilhem alguns interesses (econô- micos e estruturais da organização), outros são incompatíveis (como a forma de partilha do lucro bruto da organização). Compartilham alguns valores, como a honestidade e a integridade de suas ações no trabalho, mas discordam em outros, como suas avaliações de desempenho. Esses grupos multidisci- plinares poderiam cooperar uns com os outros em suas atividades diárias e competir em outras, para a harmonia dos interesses em prol de um objetivo comum. Porém, pelo entendimento da teoria das relações humanas, há muita dificuldade nessa integração. E isso normalmente acontece porque existe um conflito de interesses entre os funcionários e a alta direção da empresa, sendo o estímulo e o empenho da administração para fazê-los desenvolver suas funções um alienador para o trabalhador. Há, assim, uma insatisfação frequente do funcionário com seu superior e até mesmo com a organização. De acordo com as análises de Marx Weber, que entende como os estrutura- listas, tais insatisfações podem ocorrer pelos meios como os trabalhos são determinados ao trabalhador. A principal crítica da teoria das relações humanas é que existem poucos esforços e vontade estrutural para interligar o conjunto de fatores e interesses dos grupos/organizações formais e informais. Mediante isso, os estruturalistas consideram parciais os estudos que a administração científica e as relações humanas fazem sobre as recompensas. No estruturalismo congregam-se os estudos das duas. Tais recompensas, sejam elas sociais, simbólicas ou materiais, necessitam ser bem aplicadas caso a caso. As recompensas simbólicas serão eficientes se o trabalhador que a recebe se identifique com a organização, trazendo, dessa forma, significado para quem a recebe. Já as recompensas sociais podem ser menos eficientes junto aos operários, pois, dependendo de como essa recompensa é evidenciada nos grupos sociais Teoria estruturalista2 da organização e de como está o clima organizacional, pode ser interpretada como um prejuízo para quem recebe, trazendo estereótipos, assim como pode servir como um fator motivacional para os demais integrantes da organização. As recompensas materiais também têm sua importância, pois acrescentam à remuneração, por exemplo, conforme a avaliação de desempenho e percentual da participação nos lucros da empresa no fim de cada ano. Seja qual for a forma de recompensa que seja aplicada na empresa, ela só terá êxito se houver interação entre si nos grupos sociais da organização e entre si nas organizações. Os princípios da Sociologia das organizações se concentram na interação desses grupos sociais e suas formas de se relacionar e comunicar, em prol de atingir metas sociais no exercício de uma autoridade e controle, entre gestores e trabalhadores, desencadeando o movimento estruturalista. A Sociologia das organizações se inicia por meio de Max Weber, na abordagem e no estudo da teoria burocrática. Por isso também que Max Weber preocupou-se com a distribuição de poder nas posições da organização na estrutura burocrática e colocou como questão central da organização: como controlar os funcionários, a fim de alavancar a eficiência e a competência e ao mesmo tempo reduzir a insatisfação provo- cada por esse controle. Daí surge, um novo entendimento de como o poder, a legitimidade e a autoridade podem ser exercidos nas organizações. Utilizou o poder para designar a capacidade de provocar a aceitação de ordens; a legitimidade para designar a aceitação do exercício do poder corres- pondente aos valores dos subordinados e autoridade para designar a combinação dos dois, isto é, o poder sendo considerado legítimo. No entendimento de Weber, há mútua influência entre o poder de comando e controle e a capacidade de legitimar seu exercício, no contexto da organização e da satisfação no trabalho. Há tendências para o aparecimento de diferentes relações de autoridade em diferentes estruturas sociais. Duas dimensões da organização social – que são as redes das relações sociais e das orientações compartilhadas – são muitas vezes citadas como estrutura social e como cultura, respectivamente. Toda sociedade tem estrutura social e cultura complexas, e cada comunidade, dentro de uma sociedade, pode caracterizá-la por essas duas dimensões de organização social, assim como cada grupo dentro de uma comunidade. A estrutura das relações sociais servem para organizar a conduta humana dentro da coletividade. Dentro de toda organização formal existem organizações informais. Os grupos da organização que desenvolvem seus próprios hábitos, valores, normas e relações sociais, vivendo e trabalhando juntos, são grupos ou organizações informais. 3Teoria estruturalista É impossível compreender a natureza de uma organização formal sem investigar as redes de relações informais e as normas extraoficiais, assim como a hierarquia formal de autoridade e as regras oficiais, pois os padrões formal- mente instituídos são aqueles que aparecem informalmente e se entrelaçam. A organização ou o grupo formal existe de um esforço coletivo e organizado para fins específicos e predeterminados, podendo variar em tamanho e com- plexidade. À medida que a organização se torna mais complexa e diferenciada em sua estrutura interna, ela também parece se tornar mais diferenciada da estrutura social mais ampla, formando subsistemas autônomos com seus próprios princípios de organização. Se a estrutura formal influencia o desenvolvimento de padrões informais, a estrutura de grupo que surge, por sua vez, influencia as operações. Um aspecto importante de estrutura informal é a coesão de grupo. A coesão de grupo determina o grau de controle que o grupo pode exercer sobre seus membros. A organização prepara o campo para o aparecimento de processos infor- mais. Muita importância tem sido dada à influência exercida pelas relações informais e pelas normas desse grupo, pois fazem o amoldamento dos padrões de conduta dos membros da organização. Diante disso, percebe-se que o estruturalismo se concentra no “todo” das organizações, independentemente do tipo de organização e aspecto existente, pois qualquer alteração estrutural afetará as relações sociais existentes no “todo” organizacional, evidenciado por meio da unidade social que se busca no estudo dessa teoria. A unidade social põe luz a toda essa sociedade, com um conjunto de organizações que se formam e se caracterizam por meio de sua estrutura e unidade relacional. Acesse o link a seguir para ler o artigo de Geraldo Caravantes, Cláudia Panno e Mônica Kloeckner, no site Administradores, sobre a sua ótica do que se trata a abordagem estruturalista na teoria geral da administração e suas principais influências. https://goo.gl/bX3LiW Teoria estruturalista4 Homem organizacional A teoria estruturalista vê a organização como um sistema aberto que se rela- ciona com o ambiente externo, que é a sociedade, e com outras organizações. As organizações podem se diferenciar quanto ao tipo de negócio, porte,fi- losofia ou cultura, porém todas tem um ponto incomum: são constituídas de indivíduos sociais que se inter-relacionarão nessas estruturas. O olhar a que se volta nesse momento é como esse “homem organizacional” pode fazer ou não diferença nas organizações, vivendo nesta sociedade. O homem organizacional está no centro das atenções do estudo do estru- turalismo. Ele é multidisciplinar, desempenhando vários papéis ao mesmo tempo e em várias diferentes organizações, sejam elas formais ou informais, pois todas são organizações sociais, em que existem relações entre si na busca de objetivos a atingir. Quando se verifica que vivendo em sociedade há a necessidade de se relacionar, atenta-se a como “podemos” nos relacionar nessas variadas orga- nizações em que participamos diariamente. A partir daí, desenvolve-se traços de personalidade e há a aceitação ou não de cada grupo que participamos. Como seres sociais, todos desejamos ser aceitos nos grupos a que pertence- mos. Esse aceite está inteiramente ligado às normas, às regras e aos valores que cada grupo ou organização determina. Para isso, se evidencia essa aceitação por meio da forma como nos apresentamos e respondemos a esses limites e padrões determinados por grupos ou organizações. Somos seres racionais, porém compostos de sentimentos, emoções e experiências vividas, com conflitos, desejos e inteligências. Normalmente respondemos por meio das nossas ações e reações, de acordo com o histórico em que vivemos e passamos em nossa vida em sociedade e o pertencimento a grupos ou organizações diversas. Esse homem organizacional, ou moderno, como muitos o chamam, precisa se adequar a cada um desses grupos ou organizações para atingir o que ele deseja, ou seja, a sua interação no grupo ou organização. Para atingir a acei- tação, suas características principais serão testadas, tais como: � Flexibilidade: para se adaptar às constantes mudanças na sociedade e nas organizações, precisando se reinventar em suas funções e construir constantemente novas habilidades e saberes, para se manter ativo e com espaço de atuação nas organizações e nos grupos múltiplos dos quais participa. 5Teoria estruturalista � Sabedoria: reconhecer derrotas e vitórias, sabendo lidar com elas e com todo o leque de diversidades de ações que deverão ser construídas a partir dessas conquistas ou proposições de tarefas determinadas a executar pelas organizações ou pelos grupos. � Desejo de novos projetos e de compartilhar esses sonhos: o trabalho colaborativo e cooperativo traz com ele perspectivas de engajamen- tos coletivos e de singularidade de objetivos, quando construídos em conjunto, trazendo, assim, maior desejo de realização pessoal, além de maior visibilidade organizacional e, automaticamente, melhores recompensas sociais e materiais. Essas características ou traços de personalidade, que precisamos ter cada dia mais no mundo em que vivemos, traz a importância do estruturalismo para os dias de hoje, globalizado e em constante mudança, principalmente em relação às novas tecnologias, exigindo, assim, novas competências, ha- bilidades e atitudes para nos mantermos nas organizações e pertencendo a essas estruturas. É visto, então, que esse conjunto de relações e interesses sociais e orga- nizacionais são agrupados com o propósito de alcançar objetivos comuns, sejam eles de conseguir seu emprego, conseguir uma promoção no trabalho, desenvolver um novo projeto ou atingir ou superar as metas organizacionais determinadas, concluindo-se que, embora sejamos indivíduos únicos, somos mutáveis, quando entendemos que algo possa nos beneficiar e podemos ter maiores conquistas se compartilharmos e estivermos abertos a novos apren- dizados. Isso foi sendo descoberto no decorrer do avanço da humanidade e suas novas explorações sobre o conhecimento de quem é o homem natural e suas potencialidades de desenvolvimento. Quando se fala de potencialidades de desenvolvimento do homem, trata-se justamente de tudo aquilo que podemos obter de novas competências e de disponibilidade de aprender para alcançar o que queremos. O homem organizacional surge de uma necessidade de entendimento para a conquista de espaço na sociedade e suas estruturas de comando – as orga- nizações –, trazendo à tona a forma de se relacionar e interagir com o outro como objeto de realização pessoal e recompensas, sabendo lidar com todo e qualquer viés complicador e assim se superar e alavancar o conhecimento de si mesmo e de tudo que pode atingir. A interação entre grupos e organizações diferenciadas e suas respostas positivas faz com que todo esforço seja empregado em prol de um propósito desejado, fazendo com que o homem organizacional obtenha êxito nessas Teoria estruturalista6 relações, dentro das diversas organizações a que pertence, e trazendo valor agregado à sociedade que participa. O artigo a seguir demonstra, dentro da teoria geral da administração, todo o crescimento e as conquistas alcançadas pelo homem no decorrer da história e em ambientes organizacionais e sua contribuição, de acordo com cada teoria estudada e suas técnicas próprias. https://goo.gl/RBXNE2 Críticas dos avanços e limitações da teoria estruturalista De acordo com muitos autores e pensadores, afirma-se que o estruturalismo teve sua origem na Linguística, por meio de Ferdinand de Saussure. Para ele, qualquer língua é um sistema de signos que só podem ser definidos uns em relação aos outros e não a partir de elementos externos. O conjunto dessas relações formais compõe a estrutura da língua. A partir daí, e dessa concei- tuação e desse entendimento estrutural, de interdependência nas relações, abriu-se um leque de pesquisas em outras áreas, como: Psicologia, Sociologia, Matemática e Antropologia. Esta última, a Antropologia, teve um profundo estudo teórico com visão estruturalista. Levi-Strauss foi um pensador veemente da Antropologia estrutural. Na sua visão de antropólogo, ele entendia, quanto ao estruturalismo, que existiam níveis mais profundos nas estruturas psíquicas de cada indivíduo para abordar, sendo capaz de um maior entendimento da essência do ser humano. Fundamentou seu entendimento analítico e compa- rativo entre as diferentes culturas existentes, por meio de suas inter-relações em sociedade e por meio de uma estrutura constante e compartilhada entre sociedades ou organizações. Por volta da década de 50/60, Claud Levi-Strauss levantou o estudo do estruturalismo, por meio de correntes filosóficas e uma maior discussão nos campos das ciências humanas e sociais, se aprofundando e verificando um campo rico em significados, o das ciências da gestão, que se entendia como o campo dos estudos organizacionais e administrativos. 7Teoria estruturalista Na Antropologia estrutural, nas relações de parentesco, por exemplo, suas estruturas se dão por meio de pessoas que são identificadas nessa estrutura, com seus títulos (pai, mãe, tios, primos, sobrinhos), só tendo sentido real quando existe o relacionamento entre elas, seja de amor ou hostilidade. Independen- temente de suas culturas diversas, suas estruturas permanecem inalteradas. Claud Levi-Strauss se tornou o maior representante do estruturalismo, especialmente em seu estudo sobre os indígenas no Brasil e na América em geral, na sua busca de “harmonias insuspeitas”, quando se analisa as varie- dades das línguas, suas práticas culturais e a permanência da essência dos relacionamentos uns com os outros. O estruturalismo se propõe a estudar as estruturas, sua organização e administração, permitindo proximidade nas relações entre eles. Tem como propósito a formação de modelos interdependentes uns com os outros em todas as organizações e de todas as formas possíveis. A sociedade, assim como as organizações, tem multiplicidade de estruturas que podem ser implementadas e organizadas e que ditam a forma de relações que serão aplicadas em sua comunidade. Os maiores avanços do estruturalismo foram:a sua influência nas ciências sociais e a sua repercussão no estudo das organizações. Nas ciências sociais, por meio do estudo na Filosofia, na Psicologia (com Gestalt), na Antropologia (com Claude Levy-Strauss), na Matemática (com N. Bourbaki), na Linguística e na teoria das organizações, com Thompson, Etzioni e Blau. Na teoria admi- nistrativa, o estruturalismo se concentra nas organizações sociais. Os estruturalistas discordam de que haja harmonia de interesses en- tre patrões e empregados (como afirmava a teoria clássica) ou de que essa harmonia deva ser preservada pela administração por meio de uma atitude compreensiva (como afirmava a teoria das relações humanas). Ambas essas teorias punham fora de discussão o problema do conflito em decorrência do seu caráter prescritivo. Para os estruturalistas, os conflitos, embora nem todos desejáveis, são elementos geradores das mudanças e da inovação na organização. Conflito significa a existência de ideias, sentimentos, atitudes ou interesses contrários e que podem se chocar: como desacordo, desaprovação, desentendimento e discordância. Teoria estruturalista8 Conflito e cooperação são componentes da vida de uma organização. Ambos são abordados pelas recentes teorias administrativas. As teorias anteriores ignoraram o problema conflito-cooperação. Hoje, considera-se cooperação e conflito dois aspectos da atividade social, ou, melhor ainda, dois lados de uma mesma moeda, sendo que ambos estão ligados entre si. O propósito da administração deve ser o de obter cooperação e sanar conflitos, podendo ser dirigido para canais úteis e produtivos. Porém, assim como os conflitos podem se tornar positivos, também pode se tornar um grande problema para ser solucionado nas organizações. A maior crítica que se faz ao estruturalismo é justamente a oposição que existe nos princípios que fundamentam o comportamento burocrático, que se dá por meio da estrutura organizacional, e o comportamento organizacional entre eles. Os princípios burocráticos estão ligados aos interesses da organização, enquanto os princípios profissionais se referem às normas técnicas e aos códigos de ética da profissão. Esses conflitos hierárquicos, por exemplo, na estrutura de linha-staff, são caracterizados por confrontos entre o pessoal de linha que detém autoridade linear e o pessoal de assessoria que tem autoridade de staff. Como precisam conviver entre si, em uma dependência mútua, surgem conflitos entre linha e assessoria, em função de três aspectos: a) ambição e comportamento individualista dos altos funcionários de linha; b) oferta de serviços do staff para poder justificar a sua existência; e c) quando a promoção para posições mais altas da assessoria depende da aprovação de funcionários. Os estruturalistas desenvolvem estratégias, dando ênfase no ambiente e na interdependência entre organização e ambiente. A estratégia visa a demonstrar a forma pela qual uma organização lida com seu ambiente para atingir seus objetivos e suas interligações internas e externas. Acesse o link ou código a seguir para ter acesso a diversos assuntos da área da administração. https://goo.gl/tWY9Zy 9Teoria estruturalista O artigo do site RH Portal, que tem como título Teoria estruturalista da administração e a organização como unidade, que tem como autor Gustavo Thayllon, exemplifica claramente a perspectiva do estruturalismo, que veio para aproximar e congregar os setores e as áreas de uma empresa e o seu ambiente de forma integral, fazendo com O artigo do site RH Portal, que tem como título Teoria estruturalista da administração e a organização como unidade, que tem como autor Gustavo Thayllon, exemplifica claramente a perspectiva do estruturalismo, que veio para aproximar e congregar os setores e as áreas de uma empresa e o seu ambiente de forma integral, fazendo com que as áreas e seus profissionais se “falem”, flexibilizando a estrutura e o relacionamento entre eles, interligando interesses e construindo o todo da organização. O estudo da teoria estruturalista surgiu por volta dos anos 50 e, observando-se que os empresários não davam mais lucro como antes, mediante a estrutura implementada e o clima organizacional da empresa. Nesse clima organizacional percebia-se grande hostilidade hierárquica e insatisfação nos relacionamentos internos da empresa. O estruturalismo veio aproximar e flexibilizar a comunicação e, em consequência, melhorar os relacionamentos internos e com o mercado. A organização vê interna e externamente suas relações de negócios. Acesse o link para ler o artigo. https://goo.gl/YuNRCj BLAU, P. M.; SCOTT, W. R. Introdução ao estudo da estrutura social. São Paulo: Atlas, 1970. ETZIONI, A. Organizações modernas. São Paulo: Pioneira, 1989. (Biblioteca Pioneira de Ciências Sociais). LÉVI-STRAUSS, C. A análise estrutural em lingüística e antropologia. In: LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia estrutural. São Paulo: Cosas & Naify, 2008. PELAEZ, C. M. História da industrialização brasileira: crítica a teoria estruturalista no Brasil. Rio de Janeiro: Apec Editora, 1972. Leituras recomendadas Teoria estruturalista10 DICA DO PROFESSOR A Teoria Estruturalista toma como base de seus estudos e pesquisas, a Escola Clássica e a Teoria das Relações Humanas, tendo como seus principais pensadores Amitai Etzioni, James D. Thompson, Peter Blau e Richard Scott (Teoria da Organização). Inspira-se também em Max Weber, pensador da Teoria Burocrática e um dos fundadores da Sociologia. Porém, seus fundamentos são enfatizados na avaliação crítica da Teoria das Relações Humanas, sendo de extrema importância no desenvolvimento das demais teorias estudadas posteriormente à administração geral. Nesta Dica do Professor, você irá conhecer mais dos aspectos dessa teoria, assim como seus fundamentos e objetos de estudo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Quem são os principais pensadores da Teoria Estruturalista? A) Amitai Etzioni, James D. Thompson, Peter Blau e Richard Scott. B) George Elton Mayo, Peter Blau e Richard Scott. C) Henri Fayol e Frederick Winslow Taylor. D) Frederick Winslow Taylor, Amitai Etzioni e James D. Thompson. E) James D. Thompson, George Elton Mayo, Peter Blau e Richard Scott. A Teoria Estruturalista faz abordagem a quais escolas da Administração como objeto 2) de seus estudos e análise crítica? A) Teoria Neoclássica e Teoria das Relações Humanas. B) Escola Clássica e Teoria das Relações Humanas. C) Administração Científica e Escola Clássica. D) Teoria Burocrática e Administração Científica. E) Teoria Burocrática e Teoria das Relações Humanas. 3) Quais são os elementos catalisadores do movimento estruturalista? A) A organização formal e informal. B) A organização e a unidade social existente em seus grupos. C) A organização formal e a estrutura informal. D) A sociologia organizacional e o relacionamento existente entre empresa e funcionário. E) A sociologia organizacional e a organização informal. 4) Quais as principais características do "homem organizacional" para o movimento estruturalista? A) Multidisciplinar centralizador; planejador; coerente em suas decisões, independente dos resultados positivos ou negativos; e com foco em atingir seus propósitos e recompensas. B) Colaborativo; consensual; aberto para mudar de opinião e projetos, contanto que atinja seus propósitos. C) Autônomo, sistemático e planejador. Sabe lidar com suas emoções, desde que não interfiram no objetivo final. D) Coercitivo, dominador, inflexível e mandatário, com foco para atingir suas recompensas e propósitos pessoais. E) Multidisciplinar; flexível; colaborativo; sabe lidar com as frustrações e é objetivo, com foco para atingir seus propósitos e recompensas. 5) Os maiores avanços do estruturalismo se deram em quais campos de estudo? A) Na Teoria Clássica e nas ciências humanas e seus desdobramentos nas organizações. B) Na sua influência nas ciênciashumanas e na Teoria das Relações Humanas. C) Na sua influência nas ciências sociais e sua repercussão no estudo das organizações. D) Na sua influência nas Teorias Clássica e Burocrática. E) Na sua influência na Teoria Científica e das Relações Humanas. NA PRÁTICA A empresa ABC, é uma empresa familiar, a qual trouxe as origens de sua família italiana para o negócio, construído no decorrer de sua história, e foi com o decorrer dos anos atingindo seu espaço no mercado e tendo sucesso nessa empreitada. Mas após um período, os donos da empresa precisaram passar o comando dos negócios para um dos filhos. Para isso, eles observaram e trataram a cantina como um negócio, independentemente de questões familiares, e assim tomaram suas decisões de forma estruturada e planejada. Vamos ver qual filho será o sucessor na administração da empresa. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Claude Lévi-Strauss Antropólogos e jornalistas comentam na reportagem do anúncio da morte de Lévi-Strauss, aos 100 anos de idade, a sua relevância acadêmica e científica. Tendo ele vivido com os indígenas, observou a universalidade do pensamento humano. Claude Lévi-Strauss foi um antropólogo, professor, filósofo francês e fundador da USP. É considerado fundador da antropologia estruturalista, em meados da década de 1950, e um dos grandes intelectuais do século XX. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria da contingência estrutural APRESENTAÇÃO O ambiente empresarial tem se apresentado cada vez mais competitivo, aumentando o grau de complexidade do mercado e, consequentemente, os riscos e incertezas, fazendo as empresas atuarem constantemente em um ambiente turbulento que imprime a elas a constante necessidade de adaptação de suas estratégias, estruturas e formas de operação. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a Teoria da Contingência Estrutural e os aspectos gerenciais das organizações nesse contexto. Vai identificar a relação entre tamanho, estrutura e tecnologia para o alcance da eficácia das organizações, além das características do ambiente e sua influência na escolha dos processos da organização. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Construir uma percepção de gerenciamento coerente com a situação na qual a empresa está inserida. • Correlacionar o tamanho da empresa com a sua estrutura e com a tecnologia que ela utiliza para aumentar sua competitividade. • Identificar como a configuração do ambiente interfere na escolha dos processos e da estrutura da empresa. • DESAFIO Você é proprietário de uma Hamburgueria gourmet em uma pequena cidade turística onde seus sanduíches são um sucesso entre o público de todo o país, que vem desfrutar das belezas naturais da região. Seus sanduíches são inovadores, você procura combinar ingredientes que dão um sabor todo especial a eles, sempre dando preferência a produtos com características do Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Com isso, você tem se perguntado: 1) O que pode estar acontecendo? 2) O que você precisa fazer para reverter essa situação a agradar o público paulista? INFOGRÁFICO Independentemente do mercado em que estão inseridas, as organizações são fortemente impactadas pelas condições ambientais, que as obrigam a estar em constante adaptação, redefinindo, se necessário, suas estratégias, processos, modelos de gestão, tecnologia e estrutura organizacional. Veja, no infográfico seguinte, as principais características da Teoria da Contingência Estrutural. Acompanhe. CONTEÚDO DO LIVRO O cenário atual tem exigido das organizações: maior flexibilidade, descentralização e desburocratização para realizar mudanças, de modo a acompanhar todas as exigências impostas. Dessa forma, as organizações precisam manter-se conectadas com o ambiente para que possam realizar os ajustes necessários e ainda manter sua competitividade. Com a leitura do capítulo Teoria da Contingência Estrutural, da obra Teoria Geral da Administração I, você vai saber mais sobre o que é essa teoria, os aspectos gerenciais das organizações nesse contexto, a relação entre tamanho, estrutura e tecnologia para o alcance da eficácia das organizações e as características do ambiente e sua influência na escolha dos processos da organização. Boa leitura. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO I Ligia Maria Fonseca Affonso Teoria da Contingência Estrutural Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Construir uma percepção de gerenciamento coerente com a situação na qual a empresa está inserida. Correlacionar o tamanho da empresa com a sua estrutura e com a tecnologia que ela utiliza para aumentar sua competitividade. Identi� car como a con� guração do ambiente interfere na escolha dos processos e da estrutura da empresa. Introdução O ambiente empresarial tem se apresentado cada vez mais competitivo, aumentando o grau de complexidade do mercado, e consequentemente, os riscos e as incertezas, fazendo com que as empresas atuem constan- temente em um ambiente turbulento que imprime a elas a constante necessidade de adaptação de suas estratégias, estruturas e formas de operação. Neste capítulo, você vai estudar a Teoria da Contingência Estrutural e os aspectos gerenciais das organizações neste contexto; a relação entre tamanho, estrutura e tecnologia para o alcance da eficácia das organi- zações e as características do ambiente e sua influência na escolha dos processos da organização. Gerenciamento no contexto da Teoria da Contingência Estrutural Os estudos organizacionais vêm procurando entender as transformações ocorridas nas organizações com o capitalismo industrial pois, com a crescente industrialização, era necessário rever as bases das organizações na sociedade e suas consequências em relação ao trabalho. Os estudos organizacionais tiveram início com Frederick Taylor e Henry Fayol, que focaram seus estudos nos problemas administrativos que os gerentes enfrentavam. A partir daí, as organizações ganharam um conjunto de estudos, teorias e abordagens que vêm ao longo dos anos marcando o funcionamento das organizações em todo o mundo. A busca por modelos estruturais que levassem as organizações à eficácia, mantendo relação com as variáveis ambientais, fez surgir a Teoria da Contin- gência Estrutural que marca o início de um modelo orgânico nas organizações, cujas características são a flexibilidade, a descentralização e a desburocrati- zação, e é indicado para ambientes dinâmicos e em constante transformação e necessidade de adaptação, diante da instabilidade do ambiente. O Quadro 1 apresenta alguns autores que embasaram a Teoria Contingencial e suas contribuições. Teoria da Contingência Estrutural2 Fonte: Marques, Souza e Silva (2015, p. 121). Woordward (1965) As empresas se agrupam de acordo com as técnicas de produção e complexidade dos sistemas produtivos. O modelo de gestão muda de acordo com o sistema produtivo (produção em pequenos lotes, em massa, contínua). Burn e Stalker (1961) Segregaram o sistema de gestão em dois: mecanicista e orgânico. No mecanicista, as condições ambientais são estáveis, as relações são verticalizadas e hierarquizadas – o oposto do orgânico, em que a segregação de função e a formalidade são menores, assim como a interação é vertical e horizontal. Chandler Jr. (1962) A estrutura de uma organização é guiada pelas decisões estratégicas. As mudanças ambientais são um dos principais fatores para a escolha de uma estrutura apropriada. Lawrence e Lorsch (1967) Destacam a diferenciação e a integração. A diferenciação relaciona-se com as orientações emocionais e cognitivas dos gestores e entre os gestores. Já a integraçãodiz respeito ao grau de coordenação e cooperação entre diferentes departamentos interdependentes. Adotam o termo “Teoria Contingencial”. Perrow (1967) Organização complexa é conceituada em termo de suas tecnologias. A estrutura das tarefas varia de acordo com a tecnologia utilizada que é classificada em rotineira e não rotineira. Thompson (1967) Fundamentado na noção se sistemas abertos, focaliza a relação da empresa com seu ambiente. Impacto da tecnologia na organização. Khandwalla (1972) A sofisticação do Sistema de Controle Gerencial é influenciada pelo ambiente. Miles e Snow (2003) Classificaram as organizações em quatro tipos estratégicos, de acordo com a velocidade com que mudam seus produtos, processos e o domínio do mercado: defenders, analyzers, prospectors e reactors. Waterhouse e Tiessen (1978) A natureza do controle organizacional é dependente do tipo de estrutura organizacional que, por sua vez, depende da tecnologia e do meio ambiente. A implicação é que o Sistema de Contabilidade Gerencial terá de atender às especificações das unidades organizacionais. Quadro 1. Autores e contribuições para o desenvolvimento da Teoria Contingencial. 3Teoria da Contingência Estrutural Esses autores, cada qual com seu estudo, chegaram a um consenso sobre alguns pontos da Teoria (CHIAVENATO, 2002): a) São unânimes ao rejeitarem os princípios universais da Administração por entenderem que não existe uma forma melhor de administrar ou organizar, pois tudo o que os administradores fazem depende das circunstâncias ou do ambiente, ou seja, a prática administrativa é si- tuacional, e não há padrão na forma de administrar. b) Uma vez que a prática administrativa é situacional, obviamente a ad- ministração deve desenvolver habilidades de diagnóstico, utilizando conceitos, instrumentos, métodos e técnicas da teoria, para que se saiba qual a coisa certa, na hora certa, na análise e na resolução de problemas situacionais. c) A abordagem contingencial pode ser aplicada a inúmeras habilida- des administrativas, principalmente àquelas que envolvam aspectos comportamentais. Como você viu, a administração opera em um sistema aberto e, dessa forma, tudo o que acontece no ambiente impacta em todos os aspectos da administração. A partir dessa visão, os estudiosos da Teoria da Contingência afirmaram que, no futuro, o ambiente assumiria um papel cada vez maior na administração. Veja as previsões (KAST; ROSENZWEIG, 1974 apud CHIAVENATO, 2002): o ambiente será turbulento e obrigará as organizações e realizarem mudança e ajustamento contínuos; elas terão que se adaptar à diversidade de valores culturais no ambiente social, que será cada vez mais crescente; fatores tecnológicos e sociais deverão ter maior ênfase; fronteiras e domínios serão expandidos, e as organizações ficarão maiores e mais complexas; os problemas de coordenação serão frequentes nas organizações, porque essas continuarão a diferenciar suas atividades, causando crescentes problemas de integração; atividades intelectuais terão maior ênfase, mas as organizações conti- nuarão com problemas de acumulação e utilização do conhecimento; sugestão e persuasão serão os meios de utilização do poder para coor- denar as atividades e funções dos participantes dentro da organização; Teoria da Contingência Estrutural4 os participantes, em todos os níveis, terão maior participação e influência nas organizações, que adotarão o modelo de equalização do poder; a diversidade de valores e estilos de vida entre as pessoas e grupos será maior nas organizações; problemas de interface entre as organizações serão maiores em novos modelos de coordenação interorganizacional; os sistemas de informação terão grande impacto sobre as organizações; crescerá o número de profissionais e cientistas nas organizações, bem como a influência destes e ocorrerá uma diminuição no número de pro- fissionais independentes e maior número de profissionais assalariados; os objetivos organizacionais serão complexos e diversificados, com ênfase no alcance de vários objetivos, e não de um somente; as organizações ainda terão dificuldades em relação à avaliação de seu desempenho, porém, surgirão novas técnicas de avaliação do desem- penho, em todas as esferas de atividade. Veja que essa previsão data de 1974 e parece que eles acertaram, não? Na Teoria da Contingência Estrutural, as estruturas e o funcionamento das organizações dependem do ambiente externo, ou seja, as contingências externas influenciam a estrutura e os processos organizacionais. Desta forma, entende-se que nada nas organizações é absoluto e que existe uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas ne- cessárias para se alcançar os objetivos organizacionais com eficácia. Isso quer dizer que não existe um modelo ou uma melhor forma de administrar as organizações; as formas de organizar ou administrar não produzem o mesmo efeito, e diferentes formas de organizar ou administrar geram resultados diferentes (CHIAVENATO, 2002). Como gerenciar empresas em ambientes instáveis e incertos? Você viu que, no caso da contingência estrutural, a prática gerencial é situ- acional, ou seja, depende das circunstâncias ou do ambiente e, dessa forma, não há um padrão na forma de gerenciar. Viu também que modelo orgânico é o que melhor se adapta a ambientes dinâmicos e em constante transformação, diferente do modelo mecanicista que é mais indicado para organizações que operam em ambientes estáveis. 5Teoria da Contingência Estrutural Dessa forma, gerenciar em um ambiente instável e influenciado pelo am- biente externo exige dos profissionais, dentre tantas habilidades, a necessidade de adaptação constante, flexibilidade, trabalho em equipe, comunicação clara com toda a organização e em todos os níveis para a obtenção de informações e compartilhamento de conhecimentos, preparação para resolução dos mais diversos tipos de problema, criatividade, tomada de decisões com base no ambiente no qual a organização atua e estará atuando no futuro, conhecer o ambiente externo em todas as suas dimensões, antecipar-se às mudanças redefinindo constantemente as tarefas (BATEMANN; SNELL, 1998). Lembrando que uma administração eficaz, nesse contexto, se dará pelo equilíbrio entre a estrutura da organização e as variáveis-chave que influenciam o funcionamento delas: estratégia, ambiente, tecnologia e características dos seus funcionários. Você sabe a diferença entre eficiência e eficácia? Eficiência é fazer corretamente as coisas (melhor utilização dos recursos disponíveis), e eficácia é fazer as coisas corretas (alcançar os objetivos por meio dos recursos disponíveis) (CHIAVENATO, 2002). Tamanho, estrutura e tecnologia Uma das características mais importantes de uma empresa é o seu tamanho. As grandes empresas impulsionaram o crescimento econômico no século passado e vão continuar a fazê-lo. Para obter sucesso a longo prazo, elas devem crescer. O tamanho cria economia de escala e economia de escopo, redução de custos operacionais, maior poder de compra e acesso mais fácil ao capital, que com certeza pode colocá-las em um patamar mais elevado de competitividade no mercado nacional e global. No entanto, quanto maior for a organização, mais complexa ela se torna, menos orgânica e mais burocrática, uma vez que necessita de maior controle. Além disso, em alguns casos, elas respondem mais lentamente às necessidades de resposta às mudanças, diferente das empresas menores. Teoria da Contingência Estrutural6 As empresas menores possuem maior capacidade de movimentação, for- necem produtos e serviços de qualidade para nichos específicos de mercado e estimulam maior envolvimento de seu pessoal interno. Essas empresas têm roubado expressivas fatias de mercado e são mais flexíveis, proativas e ágeis, estando mais próximas de um modelo orgânico de atuação. Woodward (1997) estudou cem empresas com tamanhoentre cem a oito mil empregados e pôde concluir que as que possuíam tecnologia de processo mais simples e em pequenos lotes e com maior participação das pessoas, adotavam estrutura organizacional mais informal e orgânica, ao passo que as organizações com grande volume de produção e tecnologia mais sofisticada adotavam um caráter mais mecanicista e formal (LAWRENCE; LORSCH, 1973). No sistema orgânico, os funcionários trabalham em grupo; possuem responsabilidades mais amplas e mutáveis, de acordo com a necessidade; a comunicação se dá por meio de aconselhamentos e informações; as decisões são mais descentralizadas e informais; os funcionários se apoiam mais no bom senso do que em regras; o relacionamento entre os funcionários é mais informal e pessoal. Esse modelo, como já visto por você, é mais indicado para organizações que atuam em ambientes turbulentos uma vez que estas necessitam se ajustar continuamente às mudanças provocadas pelo ambiente, praticamente o oposto ao sistema mecanicista, mais rígido, formal, centrali- zador e burocrático (BATEMANN; SNELL, 1998). Estrutura da empresa As organizações apresentam estruturas diferentes, uma vez que não existe uma estrutura única para todas elas. Sua otimização vai depender de fatores como a estratégia adotada, tamanho da organização, grau de risco e incerteza, tecnologia, entre outros, considerando também as demais forças do ambiente externo que infl uenciam a atuação das organizações e na forma como obtêm seus recursos. Dessa forma, as organizações precisam identifi car que fatores contingenciais irão determinar as necessidades de sua adaptação ao seu meio ambiente e seu ajuste interno (DONALDSON, 1999; MOTTA; VASCONCE- LOS, 2002). 7Teoria da Contingência Estrutural Estruturas podem ser perfeitas desde que alinhadas ao objetivo da organização, ao tipo de ambiente onde está inserida, ao tipo de problema a ser resolvido, o que significa que é possível a existência de vários tipos de estrutura (DONALDSON, 1999; MOTTA; VASCONCELOS, 2002). A estrutura organizacional corresponde ao desenho da organização, ou seja, à forma que a organização adota para integrar seus recursos, aumentando a eficiência e eficácia das organizações. Veja o esquema teórico utilizado para identificar as variáveis importantes para o desenho organizacional (TRIANDIS, 1971 apud CHIAVENATO, 2002): Inputs (entradas): referem-se às características do ambiente e dos recur- sos disponíveis para a operação da organização considerando o ambiente, a história da organização, os recursos (pessoas, tecnologia, financeiros, normativos etc.) e a tecnologia (estrutura de cargos e de tarefas). Tecnologias utilizadas: referente aos sistemas físicos e concretos (máqui- nas, equipamentos, instalações) e conceituais e abstratos (conhecimento e expertise). Estruturas: dizem respeito às relações entre os elementos chaves de uma organização: interação, poder, status, a configuração organizacional e as características dos grupos. Tarefas ou funções: todos os processos e operações que a organização executa para alcançar seus resultados. Outputs (saídas ou resultados): referem-se a medidas de eficácia organi- zacional. Podem ser os objetivos ou resultados alcançados (quantidade e qualidade de produção, lucratividade, satisfação dos clientes). A função de uma estrutura organizacional é ajudar no alcance dos objetivos, e por isso o desenho de uma organização deve ser uma das maiores prioridades da administração. Veja os aspectos principais da estrutura organizacional (CHILD, 1977 apud CHIAVENATO, 2002): Teoria da Contingência Estrutural8 Como estrutura básica: contribuindo para a implementação bem-suce- dida de alocação de pessoas e de recursos para a execução das tarefas a serem realizadas. A estrutura básica refere-se à forma de descrições de cargos, organogramas, constituição de conselhos e de comissões etc. Mecanismos de operação: são os procedimentos de trabalho, padrões de desempenho, sistema de avaliação e de recompensas, programações e sistemas de comunicação e o que é esperado de cada funcionário. Mecanismos de decisão: referem-se aos meios utilizados para obter informações do meio externo e os procedimentos necessários para processar essas informações que permitam a tomada de decisão. Elementos como a distribuição de responsabilidades, tomada de decisão, agrupamento de funções, coordenação e controle são fundamentais para a operação contínua de qualquer organização e, juntos, impactam significati- vamente a estrutura organizacional. A estrutura organizacional funciona melhor quando considera as caracte- rísticas e a diversidade dos ambientes onde a organização atua; a tecnologia que ela utiliza; sua escala de operações e o tipo de pessoas que nela trabalham e outros aspectos. No entanto, essa configuração pode variar entre as orga- nizações, uma vez que todas são diferentes e que não há princípios e padrões gerais para o desenho organizacional (CHILD, 1977 apud CHIAVENATO, 2002). O que não pode acontecer é haver deficiências em quaisquer aspectos relacionados ao funcionamento da estrutura, pois isso levará a organização a prejuízos estratégicos. Empresas como a Du Pont, a General Motors, a Standard Oil e a Sears Roebuck foram analisadas por Chandler Jr. (1998) que concluiu que as mudanças na estrutura organi- zacional dessas empresas foram acarretadas pelas mudanças em suas estratégias, ou seja, a estrutura dessas organizações se adaptou e se ajustou continuamente conforme sua estratégia sofria alteração. 9Teoria da Contingência Estrutural Tecnologia A tecnologia é outra variável que exerce forte impacto nas organizações que a utilizam de alguma forma para executar suas atividades e operações. No contexto administrativo, a tecnologia se desenvolve por meio de conhecimen- tos acumulados e desenvolvidos (know-how) e por meios físicos: máquinas, equipamentos, instalações, que formam um complexo de técnicas (CHIAVE- NATO, 2002). Se você pensar bem, verá que todos nós estamos cercados de tecnologia por todos os lados e muitas vezes nem percebemos: nosso celular, o automóvel, relógio, TV etc. Assim como a tecnologia está presente na vida humana, ela permeia todas as atividades industriais. A tecnologia pode ser considerada como uma variável ambiental externa e uma variável organizacional interna, ou seja, ela influencia a organização de fora para dentro e influencia a organização como um recurso próprio que atua sobre outros recursos, potencializando o desempenho organizacional no enfrentamento das forças ambientais, respectivamente. Outro ponto já conhecido por você é a rapidez com que as tecnologias se desenvolvem, causando uma verdadeira revolução e impacto sobre o ambiente e as organizações. Autores da Teoria da Contingência acreditam que a orga- nização é eficaz quando possui uma estrutura adaptada ao tipo de tecnologia utilizada, que se adequa aos resultados alcançados. Para eles, o que determina a tecnologia utilizada é a estrutura organizacional (CHIAVENATO, 2002). Você acha que a tecnologia é algo complexo? Se concordar, está correto! Por isso, ela possui várias classificações ou tipologias à luz de diversos autores. Para Perrow (1976), todas as organizações utilizam tecnologia para executar suas atividades e, por isso, elas devem ser adequadas ao fim ao qual se des- tinam. A tecnologia, para ele, são os meios utilizados para a transformação de matéria-prima em produtos ou serviços desejáveis, ou seja, é a técnica que permite essa transformação, sendo que as máquinas e os equipamentos são apenas instrumentos, e a tecnologia se encontra na mente de cada indivíduo. Um estudo realizado por Perrow (1976) em 16 fábricas para verificar qual a relação existente entre tecnologia e estrutura organizacional, levou-o à conclusão de que a tecnologia é uma característica que define as organizações, representando uma variável independente, enquanto os arranjos organizacionaissão variáveis dependentes. Teoria da Contingência Estrutural10 Veja como a tecnologia influencia as organizações (THOMPSON, 1976): A tecnologia determina a natureza da estrutura e do comportamento organizacional das empresas, impactando significativamente no fun- cionamento das organizações. A tecnologia ou a racionalidade técnica transformou-se em eficiência, critério normativo pelo qual as empresas são avaliadas. A tecnologia ajuda os administradores a alcançar a eficácia, dentro dos limites de produção da eficiência. O estudo realizado por Woodward (1997) mostrou que o desenho organi- zacional é afetado pela tecnologia; existe uma forte correlação entre estrutura organizacional e previsibilidade das técnicas de produção; organizações com operações inovadoras e com tecnologia mutável necessitam de um sistema orgânico e adaptativo, e todas as funções da empresa dependem da tecnologia utilizada. Conclui-se que a tecnologia adotada pela empresa determina a sua estrutura e o comportamento organizacional. Isso mostra que há uma relação estreita entre a tecnologia e a estrutura organizacional, onde a tecnologia é quem determina a organização do trabalho (DONALDSON, 1999). Influência do ambiente nos processos e estrutura da empresa O ambiente diz respeito ao contexto externo ou sistema onde a organização está inserida. Sendo um sistema aberto, as organizações se relacionam e mantém transações e intercâmbio com o ambiente que as rodeia, sendo infl uenciadas internamente por tudo o que acontece nele. No entanto, conhecer o ambiente não é tão fácil para as organizações, uma vez que este é permeado por con- dições variadas difíceis de serem analisadas com objetividade. Por isso, é necessário que os administradores tenham discernimento para explorar e mapear o ambiente, buscando reduzir as incertezas. A base para conhecer o ambiente, segundo Weick (1973 apud CHIAVENATO, 2002) é a informação que permite a interpretação mais completa da realidade. Outro ponto importante é a presença da subjetividade com que as em- presas enxergam o ambiente, determinada de acordo com suas expectativas, problemas, experiências, valores e motivações. Cabe lembrar que a percepção das organizações em relação ao mesmo ambiente é diferente, uma vez que todas elas são diferentes entre si. Essa percepção é chamada de percepção 11Teoria da Contingência Estrutural ambiental, construída a partir de um conjunto de informações estruturadas em função das experiências e necessidades já vivenciadas anteriormente pelas organizações ou por seus dirigentes. Lembrando sempre que quem seleciona e percebe o ambiente são as pessoas na organização, que precisam interligar as atividades da organização com o ambiente percebido. O ambiente pode ser analisado em dois segmentos: ambiente geral e am- biente de tarefa, conforme é apresentado na Figura 1. No ambiente geral ou macroambiente, tudo o que acontece influencia direta ou indiretamente as organizações nele inseridas. Há grande complexidade neste ambiente, uma vez que as organizações são afetadas por fatores políticos, sociais, econômicos e humanos. Figura 1. O ambiente geral e o ambiente de tarefa. Fonte: Silva et al. (2011). AMBIENTE GERAL Empresa Variáveis tecnológicas Variáveis políticas Variáveis legais Variáveis sociais Cliente Ambiente de tarefa Concorrentes Grupos reguladores Fornecedores Variáveis demográ�cas Variáveis ecológicas Variáveis econômicas Teoria da Contingência Estrutural12 Veja os elementos que constituem esse ambiente (CHIAVENATO, 2002): Condições tecnológicas: o desenvolvimento tecnológico influencia as organizações, que precisam se adaptar constantemente e incorporar novas tecnologias para manterem sua competitividade. Condições legais: referem-se à legislação vigente que direta ou indire- tamente afetam as organizações, ou favorecendo ou restringindo suas operações, como, por exemplo, leis de caráter comercial, trabalhista, fiscal e civil, etc. Condições políticas: referem-se às decisões e definições políticas que acontecem nos níveis federal, estadual e municipal que influenciam as organizações. Condições econômicas: diz respeito a fatores econômicos e seu desen- volvimento ou retração e que impactam significativamente as organiza- ções, como: a inflação, a balança de pagamento do país, a distribuição de renda interna e etc. Condições demográficas: referente a aspectos que influenciam as orga- nizações na determinação do mercado atual e futuro, como população, distribuição geográfica, distribuição por sexo e idade etc. Condições ecológicas: referente a aspectos como poluição, clima, transportes, comunicações, chamado no contexto das organizações, ecologia social, onde as organizações afetam esses aspetos, mas também sofrem influência deles. As condições que você acabou de ver acima são fatores que interagem entre si formando um grande campo de forças que causam um efeito sistêmico, um efeito sinergético onde seus resultados são imprevisíveis, por isso a incerteza relacionada ao ambiente externo. Como já foi dito, o ambiente geral é comum a todas as organizações, diferentemente do ambiente de tarefas, particular e próprio de cada organização. O ambiente de tarefa é o ambiente onde acontecem todas as operações de cada organização, constituído por (CHIAVENATO, 2002): fornecedores de entrada – são aqueles que fornecem todos os tipos de recursos necessários para o funcionamento de uma organização, como os financeiros e humanos; clientes ou usuários – são os que consomem os produtos ou serviços da organização, ou seja, a saída da organização; 13Teoria da Contingência Estrutural concorrentes – como as organizações não estão sozinhas no mercado, elas disputam tanto os recursos de entrada como os de saída; entidades reguladoras – são organizações que têm como finalidade regular e fiscalizar as atividades das organizações, como sindicatos, agências reguladoras do governo, associações de classes, etc. Dessa forma, para que a organização consiga ter um bom desempenho, pre- cisa se adequar às demandas situacionais que derivam de fatores contingencias com a tecnologia, situação de mercado, diversidade de produtos, velocidade, em que as mudanças acontecem, entre outros fatores, responsáveis por gerar os mais variados graus de incerteza e complexidade que devem ser enfrentados por meio de estruturas adequadas, comportamento e atitudes apropriadas dos administradores e trabalhadores (LACOMBE; HEILBORN, 2008). Na verdade, a realidade é que existem várias formas de se organizar uma empresa e que as condições do ambiente é que impulsionam as transforma- ções internas das organizações. E ainda, para que se atinja um alto padrão organizacional não é possível a utilização de um único modelo. Isso quer dizer que organizações que operam em ambientes turbulentos e incertos devem atingir um grau mais alto de diferenciação interna em relação às organizações que operam em ambientes mais estáveis e menos complexos (LACOMBE; HEILBORN, 2008). É importante ter em mente que, quanto maior for a capacidade de os mem- bros da organização escolherem a forma adequada de administrar a empresa de acordo com seu ambiente, mais eficaz será sua administração. A organização eficaz depende do equilíbrio entre estratégia, estrutura, tecnologia, envolvi- mento e necessidades das pessoas e do ambiente externo (MORGAN, 2010). Para conhecer melhor o assunto tratado neste capítulo, leia o artigo: “A influência da contingência no ambiente empresarial” (LAURINDO et al., 2013). Teoria da Contingência Estrutural14 BATEMANN, T. S.; SNELL, S. A. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. CHANDLER JR., A. D. Introdução à strategy e structure. In: CHANDLER JR., A. D. En- saios para uma teoria histórica da grande empresa. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 4. ed. Barueri: Manole, 2002.DONALDSON, L. Teoria da contingência estrutural. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. N. (Org.). Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 1999. v. 1. LACOMBE, F. J. M.; HEILBORN, G. L. J. Administração: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. LAURINDO, A. P. et al. A influência da contingência no ambiente empresarial. Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, v. 2, n. 2, art. 3, p. 36-52, out. 2013. Disponível em: <http://www.revistareage.com.br/artigos/terceira_edicao/03.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2017. LAWRENCE, P. R.; LORSCH, J. W. As empresas e o ambiente. Petrópolis: Vozes, 1973. MARQUES, K. C. M.; SOUZA, R. P.; SILVA, M. Z. da. Análise SWOT da abordagem da contingência nos estudos da contabilidade gerencial. Revista Contemporânea de Con- tabilidade, Florianópolis, v. 12, n. 25, p. 117-136, jan./abr. 2015. Disponível em: <https:// periodicos.ufsc.br/index.php/contabilidade/article/view/2175-8069.2015v12n25p117>. Acesso em: 10 dez. 2017. MORGAN, G. Imagens da organização. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G. Teoria geral da administração. São Paulo: Thom- son, 2002. PERROW, C. B. Análise organizacional: um enfoque sociológico. São Paulo: Atlas, 1976. SILVA, M. S. et al. Teoria contingencial. Administração de Empresas, 30 jun. 2011. Dispo- nível em: <http://admuecediurno2011.blogspot.com.br/2011/06/teoria-contigencial. html>. Acesso em: 10 dez. 2017. THOMPSON, J. D. Dinâmica organizacional: fundamentos sociológicos da teoria administrativa. São Paulo: McGraw- Hill, 1976. WOODWARD, J. Organização industrial: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1997. Leitura recomendada SACAMANO NETO, M.; TRUZZI, O. M. S. Perspectivas contemporâneas em análise organizacional. Gestão & Produção, São Carlos, v. 9, n. 1, p.32-44, abr. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/gp/v9n1/a04v9n1.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2017. 15Teoria da Contingência Estrutural DICA DO PROFESSOR As organizações precisam monitorar constantemente o ambiente onde estão inseridas, uma vez que tudo o que acontece nele afeta diretamente suas operações. Dessa forma, os administradores necessitam conhecer métodos, técnicas e ferramentas que os auxiliem na realização do diagnóstico situacional. A Dica do Professor mostra os elementos que compõem o ambiente e uma das ferramentas que pode ser utilizada para realizar o diagnóstico situacional. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Os estudos organizacionais tiveram início com Frederick Taylor e Henry Fayol, que focaram seus estudos nos problemas administrativos que os gerentes enfrentavam. A partir daí, as organizações ganharam um conjunto de estudos, teorias e abordagens que vêm, ao longo dos anos, marcando o funcionamento das organizações em todo o mundo. A Teoria da Contingência Estrutural é uma delas. Qual foi a contribuição dos autores Lawrence e Lorsch para essa teoria? A) As empresas se agrupam de acordo com as técnicas de produção e complexidade dos sistemas produtivos e, dessa forma, o modelo de gestão muda de acordo com o sistema produtivo. B) Destaque para a diferenciação e a integração nas organizações. C) A estrutura das tarefas varia de acordo com a tecnologia utilizada, que pode ser classificada em rotineira e não rotineira. D) A estrutura de uma organização é guiada pelas decisões estratégicas. As mudanças ambientais são um dos principais fatores para a escolha de uma estrutura apropriada. E) Focaliza a relação da empresa com seu ambiente, especialmente o impacto da tecnologia na organização. 2) A busca por modelos estruturais que levassem as organizações à eficácia, mantendo relação com as variáveis ambientais, fez surgir a Teoria da Contingencia Estrutural, que marca o início de um modelo de organização cujas características são a flexibilidade, descentralização e desburocratização. Que nome se dá a esse modelo? A) Modelo orgânico. B) Modelo científico. C) Modelo mecanicista. D) Modelo sistemático. E) Modelo quantitativo. 3) A estrutura organizacional corresponde ao desenho da organização, ou seja, à forma que a organização adota para integrar seus recursos aumentando a eficiência e eficácia das organizações. Existe um esquema teórico que é utilizado para identificar as variáveis importantes para o desenho organizacional, elaborado por Triandis (1971 apud CHIAVENATO, 2002). A variável que diz respeito às relações entre os elementos chave de uma organização é chamada de: A) Inputs (entradas). B) Tarefas ou funções. C) Tecnologia. D) Estrutura. E) Outputs (Saídas ou resultados). 4) A Teoria da Contingência Estrutural possui como característica a relação das organizações com o ambiente externo, que influencia diretamente em sua operação, seja qual for o mercado em que ela atua. O ambiente geral ou macroambiente é composto por alguns elementos que interagem entre si e formam um grande campo de forças que causa a incerteza relacionada ao ambiente externo. O elemento que envolve fatores como a balança de pagamento do país e a distribuição de renda interna diz respeito a que condição ambiental que exerce impacto nas organizações? A) Condição cultural. B) Condição política. C) Condição demográfica. D) Condição tecnológica. E) Condições econômicas. 5) O ambiente diz respeito ao contexto externo ou sistema em que a organização está inserida e, por isso, é importante conhecê-lo e explorá-lo buscando reduzir as incertezas. O ambiente de tarefa é um dos segmentos do ambiente onde acontecem todas as operações de cada organização. As atividades de regulação e fiscalização nas organizações dizem respeito a que elemento do ambiente de tarefa? A) Fornecedores de entrada. B) Mecanismo de operação. C) Concorrentes. D) Entidades reguladoras. E) Clientes ou usuários. NA PRÁTICA A empresa Inovation, uma grande empresa de alta tecnologia, resolveu vender uma de suas áreas de negócio: a de fabricação e distribuição de seus próprios produtos. A ideia era a de continuar desenvolvendo e comercializando seus produtos, mas terceirizar a produção e distribuição dos mesmos. Para tanto, desenvolveu uma criativa estratégia: inicialmente, fez uma cisão, separando a área de fabricação e distribuição da empresa mãe, criando, assim, uma empresa separada: a empresa Conecta. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Na dica de leitura a seguir, você poderá ter uma Análise da relação entre a estrutura organizacional e o desempenho operacional na prestação de serviços de TI de alto valor agregado. Acompanhe. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Você sabia que as empresas de maior complexidade registram índices de governança corporativa mais elevados? É o que afirma o estudo: Complexidade e governança corporativa: uma análise das empresas listadas na BM&FBOVESPA. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Quer saber quais são as principais características organizacionais das empresas dos diferentes segmentos da construção civil? Então acesse a próxima dica de leitura. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Teoria das Relações Humanas APRESENTAÇÃO A administração sempre sofreu mudanças, buscando adaptar-se à sociedade. Foram muitos os teóricos que contribuíram para essa evolução, com seus estudos e experimentos práticos, que formam a Teoria Geral da Administração, estudada até hoje em escolas e universidades do mundo todo. Aspectos de cada uma delas ainda se fazem presentes nas práticas administrativas das organizações modernas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre o movimento das relações humanas, a experiência de Hawthorne e uma comparação entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicaro movimento das Relações Humanas.• Descrever os estudos de Hawthorne.• Comparar a Teoria Clássica com a Teoria das Relações Humanas.• DESAFIO Ao longo dos séculos, foram impostas normas, leis e fórmulas aos trabalhadores. Inicialmente, os teóricos acreditavam que sistemas perfeitos e eficientes bastavam para a organização alcançar os resultados esperados. Posteriormente, foi ficando claro que os aspectos relacionados ao ser humano não eram controláveis e previsíveis. Com isso, você pode notar que duas teorias já estavam instaladas: uma a favor da produção e outra do trabalhador — Teoria Clássica da Administração versus Teoria das Relações Humanas. Você e seus colegas de turma da faculdade formaram um grupo para apresentar um trabalho sobre uma das teorias da administração. Entre os integrantes, você foi o único que votou por abordar sobre a Teoria das Relações Humanas; os demais optaram por falar sobre a Teoria Clássica da Administração. Para convencê-los a mudar de ideia, você precisa argumentar sobre as características de cada uma das duas teorias. Para isso: 1. Apresente uma comparação entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas. 2. Qual o argumento que você utilizará para convencê-los? INFOGRÁFICO A Teoria das Relações Humanas deixou de lado os conceitos da administração voltados para a tarefa e a estrutura industrial e aproximou-se mais das pessoas. Foi a partir dela que aspectos como motivação e liderança passaram a fazer parte do sistema de gestão das empresas. No infográfico a seguir, você conhecerá sobre o movimento das relações humanas, suas principais ideias, o estudo de Hawthorne e suas conclusões e a diferença entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas. CONTEÚDO DO LIVRO A Teoria das Relações Humanas marcou as práticas administrativas e abriu caminhos para novos estudos sobre aspectos, como liderança, motivação, relações interpessoais, participação, comunicação e outros tão valorizados nas organizações atuais. As pessoas, que já eram o centro das atenções na Teoria das Relações Humanas, hoje, são consideradas como o maior patrimônio das empresas porque são elas que fazem as coisas acontecerem ou não, ou seja, são elas que levam as empresas ao sucesso ou ao fracasso. No capítulo Teoria das Relações Humanas, da obra Teorias da Administração, você enveredará no assunto do movimento das relações humanas, passando pelo estudo de Hawthorne — ou a experiência de Hawthorne, como também é conhecida —, detalhes de suas quatro fases e, por fim, verá uma comparação entre as teorias Clássica e das Relações Humanas, movimentos contrários que consideravam aspectos diferentes dentro das organizações. TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO Ligia Maria Fonseca Teoria das relações humanas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o movimento das relações humanas. Descrever os estudos de Hawthorne. Comparar a teoria clássica com a teoria das relações humanas. Introdução A busca pela solução dos problemas de produção, eficiência e redução de custos tornou o trabalho do homem mecanizado e acelerado, trazendo efeitos nocivos à sua saúde. Na sociedade industrial, o cansaço físico era apenas um dos sintomas de um trabalho solitário, alienante e antissocial. Males como depressão e fadiga eram comuns nos trabalhadores da época. A teoria das relações humanas surgiu com a preocupação de Elton Mayo com relação aos efeitos psicológicos e sociológicos desses males nos trabalhadores. Neste capítulo, você vai estudar o movimento das relações humanas e a experiência de Hawthorne. Além disso, vai ver uma comparação entre a teoria clássica e a teoria das relações humanas. Movimento das relações humanas Antes de você estudar o movimento das relações humanas, que tal relembrar algumas das características das teorias científi ca e clássica da administração? A administração científica de Frederick W. Taylor foi marcada por normas, leis e fórmulas aplicadas ao trabalho e elaboradas sem a partici- pação do trabalhador. O administrador era responsável pela organização, pela sistematização e pelo controle das atividades executadas. Ele atentava também à adequação do local onde essas atividades eram realizadas. Os Teoria das relações humanas2 projetos e planos referentes às atividades diárias, que incluíam quais eram as atividades e como elas deveriam ser executadas, eram discriminados detalhadamente. Frederick W. Taylor foi um engenheiro americano que criou, no final do século XIX e início do século XX, a administração científica. Esse é um modelo de administração baseado na aplicação de métodos científicos e elaborado para solucionar os problemas administrativos da época. Seu objetivo é identificar e controlar o desperdício nas indústrias e elevar os níveis de produtividade (MAXIMIANO, 2012). Apesar de as práticas administrativas propostas por Taylor terem contri- buído para o aumento da produtividade e, consequentemente, do lucro, foram criticadas por não considerarem as condições de trabalho dos operários. Isso levou-o, em 1912, aos tribunais, acusado de tratar seus operários como má- quinas, descuidando de sua segurança e de sua satisfação. Esse foi um sinal de que as coisas estavam prestes a mudar. A disciplina, a hierarquia, a obediência e o controle rígidos de Taylor e Henry Ford, além de transformarem os trabalhadores em máquinas de produção, afetaram a sua saúde física e mental. Afinal, os empregados eram submetidos a um ritmo intenso e acelerado de trabalho, bem como a uma rotina repetitiva de atividades, o que fazia com que eles se ausentassem precocemente do mercado de trabalho (MOTTA; VASCONCELOS, 2015). Henry Ford foi um empresário com visão prática que, com base nos princípios de Taylor, desenvolveu novas metodologias de produção e trabalho. Ele criou a linha de montagem móvel, em que os produtos se moviam enquanto as estações de trabalho permaneciam estáticas (SILVA, 2013). 3Teoria das relações humanas A pressão sobre os trabalhadores fez com que eles se organizassem em grupos, formando associações. No entanto, apesar de já utilizarem a greve como instrumento de pressão, suas reivindicações não obtinham resultados signifi- cativos. Foi somente na segunda metade do século XIX que essas associações se transformaram em sindicatos organizados e orientados por fortes ideologias, iniciando movimentos de greves, paralisações e desaceleração do ritmo de trabalho. Tudo isso, como você pode imaginar, gerava desperdícios, prejuízos e redução da produtividade. Dessa forma, de um lado estavam os tayloristas e fordistas, que buscavam maiores produção e produtividade e redução de custos; e do outro lado estavam os trabalhadores, que buscavam humanizar os ambientes de trabalho e abrandar os métodos racionais de produção (SOUZA, 2015). Com Henry Fayol, a teoria clássica da administração, apesar de ter deixado de lado o foco na eficiência produtiva para focar em questões mais amplas da gerência administrativa, não abandonou o rigor das regras, da autoridade e do controle. Isso é notável nos 14 princípios de Fayol, que foi criticado, entre outros motivos, por explorar os trabalhadores e as chefias com obsessão pelo comando e por não dar a devida atenção aos aspectos psicológicos e sociais da organização. Como você pode notar, para os teóricos da época, o importante era aper- feiçoar os sistemas de trabalho tornando-os mais eficientes e racionais. Esses teóricos acreditavam que sistemas perfeitos e eficientes bastavam para a orga- nização alcançar os resultados esperados e atingir as suas metas e objetivos. No entanto, conforme seus estudos foram evoluindo, foi ficando claro que os aspectos relacionados ao ser humano não eram controláveis e previsíveis. Ou seja, os aspectos relacionados ao comportamento do ser humano interferiam nos sistemas racionais do trabalho (MOTTA; VASCONCELOS, 2015). O movimentodas relações humanas, mais conhecido como escola das relações humanas, deixou de lado a ênfase na tarefa, na estrutura e na autoridade — decor- rente dos estudos de Taylor, Fayol e Max Weber, respectivamente — e manteve seu foco nas pessoas que trabalhavam nas organizações. Foi um movimento que considerava o homem e o seu grupo social como os elementos mais importantes da organização, indo contra os conceitos desenvolvidos pela teoria clássica. Ou seja, o movimento das relações humanas deixou de lado aspectos técnicos e formais, focando aspectos psicológicos e sociológicos. Você ainda deve notar que esse movimento surgiu de uma combinação entre teóricos e práticos com o intuito de sensibilizar os gerentes quanto às necessidades dos empregados (SILVA, 2013). Teoria das relações humanas4 Max Weber foi o cientista social que idealizou o “tipo ideal de burocracia”, enfatizando aspectos como formalidade (obediência a regras, normas, rotinas e regulamentos), divisão do trabalho, hierarquia, impessoalidade, profissionalização e competências técnicas dos funcionários (LACOMBE; HEILBORN, 2008). As principais ideias do movimento das relações humanas são: o homo socialis, o grupo informal e a participação nas decisões. O homo socialis substitui o homo economicus e é marcado por três características (MOTTA; VASCONCELOS, 2015), como você pode ver a seguir: o comportamento do homem não pode ser reduzido a esquemas simples e mecanicistas; o homem é condicionado, ao mesmo tempo, por aspectos sociais e biológicos; aspectos como segurança, afeto, aprovação social, prestígio e autorre- alização são necessidades de todo homem. Segundo o movimento das relações humanas, o estudo do grupo informal é importante para a administração. Esse grupo é definido como um conjunto pequeno de pessoas que se comunicam entre si de forma direta e frequente. Para estudá-lo são necessários métodos e técnicas das mais simples às mais complexas, como a observação, as técnicas sociométricas e as dinâmicas de grupo. Você pode considerar que a formação de grupos informais se dá pela intensificação da interação entre as pessoas, ou seja, pela frequência com que compartilham interesses e veem as suas necessidades de segurança, aceitação social e afeto, enquanto grupo, atendidas. A participação nas decisões é outra preocupação do movimento das relações humanas. Tal movimento não concebe o homem realizando atividades cuja finalidade desconhece. Por isso, acredita que este deve participar das decisões sobre a origem da tarefa que executa. Preocupada também com o equilíbrio entre moral e produtividade, a escola das relações humanas enxerga na mo- tivação a possibilidade de o indivíduo trabalhar para o alcance dos objetivos organizacionais. Cabe destacar que tal participação pode variar de acordo com a situação e a liderança adotada. Na maioria das vezes, a liderança era imaginada como democrática, por ser mais eficaz e permitir ao empregado opinar e decidir 5Teoria das relações humanas sobre o próprio trabalho, contribuindo para o seu aprimoramento. Nesse con- texto, o trabalhador também era submetido ao controle, mas um controle por resultados, não aquele de supervisão rígida adotado por Taylor, Ford e Fayol. O movimento das relações humanas tinha como objeto de estudo a or- ganização informal, ou seja, o conjunto de relações sociais que acontecem paralelamente à organização formal e que não estão previstas em qualquer regulamento ou organograma. Os estudos mostraram que o comportamento no trabalho é determinado também pelas necessidades afetivas e aspectos relacionados à motivação, não apenas pelo salário recebido ou pelas habi- lidades técnicas dos trabalhadores. Ou seja, aspectos relativos às relações informais, como afeto, poder e envolvimento com o grupo, influenciam não só a produtividade, mas também a estrutura formal da organização. Assim, a informalidade faz parte da organização formal, ou seja, legalmente constituída (MOTTA; VASCONCELOS, 2015). Veja, na Figura 1, a pirâmide das relações humanas. Figura 1. Pirâmide do movimento das relações humanas. Fonte: Adaptada de Silva (2013). Os sindicatos se enfraqueceram durante a Grande Depressão norte-ameri- cana de 1930, fazendo surgirem as ideias iniciais da escola das relações huma- nas. A filosofia do humanismo industrial buscava mostrar que a produtividade era fruto do tratamento que a organização dava aos empregados. Os estudos de Hawthorne tinham como finalidade verificar quais condições poderiam melhorar o desempenho dos trabalhadores nas organizações (SILVA, 2013). Teoria das relações humanas6 A Grande Depressão foi uma crise econômica que abalou os Estados Unidos e o mundo especialmente nos anos 1929 e 1930 (MOTTA; VASCONCELOS, 2015). Entre os vários nomes que se destacaram na escola das relações humanas está o de Elton Mayo. Foi ele quem iniciou os estudos sobre os males da sociedade industrial e os seus efeitos devastadores nos trabalhadores, como a alienação, a perda do sentimento de solidariedade, a fadiga física e a de- pressão. As condições precárias de trabalho e o ritmo acelerado da produção causavam o cansaço físico e um clima psicológico insatisfatório, fazendo com que os trabalhadores sofressem de medo, ansiedade e depressão e se tornassem infelizes. Mayo concluiu que o trabalho na indústria, além dos males já citados, impedia que o trabalhador tivesse relacionamentos sociais com seus colegas, pois, como trabalhava sozinho, ficava isolado dos demais. Assim, esse autor tornou-se um crítico da teoria clássica da administração, estabelecendo a teoria das relações humanas, que tem como base a necessidade de humanização e democratização da administração. Elton Mayo foi um australiano que viveu nos Estados Unidos. Professor na Harvard University, ele era formado em lógica, medicina e filosofia. Mayo focou seus estudos no relacionamento dos trabalhadores entre si e seu impacto na produtividade da organização (SOUZA, 2015). Estudo de Hawthorne O estudo de Hawthorne — ou a experiência de Hawthorne, como é mais conhecida — foi realizado em uma fábrica de equipamentos e componentes eletrônicos, a Western Eletric Company, em Chicago (Estados Unidos). Ele tinha como objetivo verifi car a relação existente entre a efi ciência dos traba- lhadores e a intensidade da iluminação no local da produção. Essa pesquisa 7Teoria das relações humanas contou com a participação de vários colaboradores, mas quem mais se destacou foi Elton Mayo, que acabou estendendo o estudo à fadiga, aos acidentes de trabalho, à rotatividade de pessoal (turnover) e ao impacto das condições de trabalho na produtividade (MAXIMIANO, 2012). A experiência de Hawthorne foi extremamente importante para a teoria das organizações. Afinal, revelou que a motivação e o comportamento do trabalhador são influenciados pelo trabalho em grupo, pelas suas atitudes e necessidades. Hawthorne descobriu também que a relação entre produtividade e eficiência é complexa. Apesar das críticas, esse foi um experimento de grande aceitação, alvo de intensa publicidade e interpretações, como nenhum outro estudo da administração (SILVA, 2013). A intenção de Mayo nesse estudo era descobrir se os fatores ambientais do trabalho exerciam influência sobre a produtividade dos operários. Para tal, os operários foram divididos em dois grupos: observação e controle. O grupo de observação iria trabalhar em um ambiente de constantes mudanças, enquanto o grupo de controle trabalharia em um ambiente com condições estáveis. Esses estudos aconteceram entre 1924 e 1932 e foram estruturados em quatro fases ou experiências (SILVA, 2013; SOUZA, 2015), como você pode ver a seguir: estudos da iluminação — visavam a identificar a influência da ilumi- nação sobre a produtividade; estudos da sala de teste de montagem de relés — visavam a identificar que efeitos o estilo de gerência ou supervisão exercia sobre a produti- vidade dos empregados; programa de entrevistas — visava a conhecer a importância e a influ- ência do grupo informal no comportamento dos trabalhadores; estudos da sala de observação de montagem de terminais — visavam a comparar a organização formal com a informal. A seguir, veja cada fase dos estudos de Hawthorne (SILVA, 2013; SOUZA, 2015). Primeira fase Nessa fase, o objetivo era verifi car se a intensidade da iluminação no ambiente de trabalho infl uenciava a produtividade dos operários. Os pesquisadores acreditavam que, se aumentassem a intensidade da luz, a produtividade também aumentaria. Para isso, foram realizados três experimentos, cada um com dois grupos, um de teste e outro de controle. O primeiro experimento expôs os Teoria das relações humanas8 trabalhadores a diferentes níveis de iluminação e constatou que a produtividade aumentava conforme se aumentava a intensidade da iluminação. No entanto, isso não se dava em razão dessa intensifi cação: quando a luz era reduzida, a produtividade não se alterava. O segundo experimento foi aplicado a dois grupos de trabalhadores, com quantidade igual de participantes, colocados em ambientes diferentes: um com iluminação constante e outro com iluminação variável. Não foram encontradas grandes diferenças entre os dois grupos, o que impossibilitou afirmar que a iluminação influenciava a produtividade dos operários. O terceiro e último experimento relacionado à iluminação foi aplicado a dois grupos controlados de trabalhadores: um com nível de iluminação constante e outro com uma série de mudanças no nível de iluminação, controladas cuidadosamente. A produtividade dos dois grupos, de teste e de controle, aumentou conforme a iluminação aumentava, até se tornar constante. No entanto, no grupo de teste, a produtividade continuou a crescer, mesmo com a diminuição da ilumina- ção — até que os trabalhadores reclamaram que não conseguiam ver o que estavam fazendo (SILVA, 2013). Esses experimentos aconteceram entre os anos de 1924 e 1927. Seus re- sultados não foram satisfatórios, uma vez que não foi possível comprovar a existência de qualquer relação entre a iluminação e a produtividade dos operários, pois, ao reduzir a iluminação, a produtividade aumentava. Os pesquisadores notaram que fatores psicológicos prejudicavam os resultados. Na tentativa de eliminá-los ou minimizá-los, estenderam os estudos até 1932, quando foram suspensos devido à crise econômica iniciada em 1929. Segunda fase Essa fase consistiu na formação de um grupo com seis operárias colocado em uma sala especial para que pudesse ser cuidadosamente observado. Os demais funcionários do departamento de montagem de relés continuaram trabalhando normalmente. Na verdade, nessa sala especial foi montado um arranjo igual ao do departamento de relés. A única exceção era a atuação de uma das mulheres do grupo, que, em vez de servir a sete operadoras, servia a cinco. O observador da sala de teste, além de ser responsável pelo registro de tudo o que acontecia, devia manter um clima amigável (SILVA, 2013). Esse estudo tinha como objetivo verificar que efeitos as pausas para des- canso e a fadiga provocavam na produtividade do empregado. A ideia era responder às seguintes questões: os trabalhadores realmente se cansam? As pausas para descanso são um desejo dos trabalhadores? Ter um dia de trabalho 9Teoria das relações humanas mais curto é desejo deles? Quais são as atitudes dos empregados em relação ao seu trabalho e à organização? Que efeito a mudança de equipamento de trabalho causa? O que provoca a queda de produção no período da tarde? Esse estudo foi estruturado em 13 fases, cada uma representando uma condição específica de trabalho. Nesse período, o grupo de testes desenvolveu um relacionamento bastante amigável e agradável, o que influenciou o seu comportamento de trabalho, fato que não acontecia no ambiente normal, em que os operários não se falavam. Foi observado que, apesar dos intervalos ou da diminuição do número de horas de trabalho, a produção aumentou. Foram desenvolvidas algumas hipóteses para se explicar esse fato. Os pesquisadores concluíram que a mudança no método de supervisão poderia justificar o aumento da produção, uma vez que esses momentos foram carregados de valores sociais. Terceira fase Nessa fase, os pesquisadores buscaram conhecer a percepção dos empregados em relação ao trabalho, às condições de trabalho e à supervisão. Foram entre- vistados mais de 21 mil trabalhadores, com o intuito de conhecer também as suas reclamações, os seus gostos, as suas queixas, as suas atitudes e os seus desgostos, bem como aspectos relacionados à satisfação e à insatisfação em seu ambiente físico de trabalho. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que fatores psicológicos afetavam a satisfação e a insatisfação dos empregados no trabalho. Animados com os resultados, eles resolveram ampliar o programa de entrevistas. A ideia era entrevistar todos os empregados anualmente para conhecer as suas opiniões sobre o trabalho, estudar todos os comentários, treinar os supervisores com base nas entrevistas com os empregados e realizar pesquisas relacionadas às relações dos funcionários com a fadiga e a efi ciência (SILVA, 2013; SOUZA, 2015). Esse programa de entrevistas identificou grupos informais na organização cujo objetivo era proteger os empregados daquilo que consideravam ameaças ao seu bem-estar. Acreditando que esses aspectos deveriam ser mais explora- dos, os pesquisadores resolveram estender os estudos para uma quarta fase. Quarta fase Realizada na sala de montagem de terminais, essa fase buscou estudar mais detidamente o processo de trabalho. Os pesquisadores reuniram pequenos grupos com a intenção de buscar informações precisas sobre os grupos Teoria das relações humanas10 sociais dentro da organização. Eles verifi caram que, após atingirem a produção ideal por dia, os operários reduziam o ritmo de trabalho, infor- mando a sua produção a fi m de deixar o excesso de um dia para o outro. Ou seja, o grupo informal criado dentro da empresa não deixava que os operários ultrapassassem o limite de produção diário. Esse experimento foi suspenso em 1932, em razão da grande crise econômica que assolava os Estados Unidos, mas permitiu a verifi cação da existência da relação formal da organização e da relação informal dos operários (SILVA, 2013; SOUZA, 2015). As conclusões obtidas com o experimento revolucionaram a administração na época (SILVA, 2013). Veja quais foram essas conclusões: fatores psicológicos afetam a produtividade, evidenciando que os traba- lhadores não são motivados apenas por fatores externos, como salário e condições físicas do ambiente de trabalho; as pausas no trabalho podem interferir na produtividade, mas não podem ser analisadas como elemento isolado; a relação social entre operários e supervisão favorece o aumento da produtividade; os grupos mais sociáveis tendem a cooperar mais para superar dificul- dades no trabalho; a satisfação ou insatisfação com o trabalho realizado afeta significati- vamente a produtividade e a intenção dos operários; os grupos informais podem afetar a produtividade determinada pela alta administração e exercer poder sobre os indivíduos; o volume de produção dos operários depende mais do grupo informal ao qual pertencem do que de suas habilidades ou inteligência; os bons relacionamentos interpessoais e intergrupais devem ser mantidos para se alcançarem ganhos de produtividade. Como você pode notar, os fatores psicológicos, emocionais e comporta- mentais influenciam o desempenho das pessoas muito mais do que os fatores físicos. Além disso, a integração e a interação social exercem influência sobre o nível de produtividade; e tal influência é muito maior do que a exercida pela capacidade física dos trabalhadores. Por sua vez, o comportamento do gerente também influencia o aumento ou a queda da produtividade. Por isso, este deve11Teoria das relações humanas pautar suas ações na cooperação e não na coerção. Além disso, deve aplicar a sua autoridade para estimular o desenvolvimento do trabalho em grupo e a formação de equipes de alto desempenho. Os resultados da experiência de Hawthorne integram o livro The Human Problems of an Industrial Civilization, publicado por Mayo em 1933 (SOUZA, 2015). Teoria clássica versus teoria das relações humanas Como você viu, a teoria das relações humanas foi um movimento contrário aos conceitos desenvolvidos pela teoria clássica, que considerava que o mais importante na organização eram os aspectos técnicos e formais. A teoria das relações humanas, por sua vez, considerava o homem e o seu grupo social como os elementos mais importantes da organização e manteve seu foco em aspectos psicológicos e sociológicos. O movimento das relações humanas surgiu de uma combinação entre teóricos e práticos, buscando sensibilizar os gerentes quanto às necessidades dos empregados. Esse movimento se fortaleceu com os estudos de Elton Mayo realizados após uma pesquisa na Western Eletric Company, fábrica de equipamentos e componentes eletrônicos localizada em Chicago. Como você viu, tal pesquisa fi cou conhecida como experiência de Hawthorne (SILVA, 2013). Os achados da pesquisa de Mayo — ou seja, a descoberta dos grupos sociais e de sua função, bem como a descoberta dos grupos informais e das necessidades psicológicas e sociais dos trabalhadores — contribuíram para o surgimento da nova concepção de homem: o homem social, que substituiu a ideia anterior de homem econômico. Analisando criticamente a sociedade industrial, Mayo já previa a in- cidência de grandes problemas, como a depressão, a alienação e a ansie- dade, resultados da infelicidade no trabalho. Por isso, ele estendeu sua pesquisa também a aspectos relacionados às condições do trabalho e às suas consequências. Teoria das relações humanas12 Veja, no Quadro 1, as principais diferenças entre a teoria clássica e a teoria das relações humanas. Fonte: Adaptado de Souza (2015). Teoria clássica Teoria das relações humanas Trata a organização como máquina Trata a organização como um grupo de pessoas Enfatiza as tarefas ou a tecnologia Enfatiza as pessoas Inspira-se em sistemas de engenharia Inspira-se em sistemas de psicologia Defende a autoridade centralizada Delega plena autoridade Estabelece linhas claras de autoridade Valoriza a autonomia do empregado Valoriza a especialização e a competência técnica Defende a confiança e a abertura Propõe acentuada divisão do trabalho Enfatiza as relações humanas entre as pessoas Confia nas regras e nos regulamentos Propõe a confiança nas pessoas Estabelece clara separação entre a linha e o pessoal Incentiva a dinâmica grupal e interpessoal Quadro 1. Comparação entre a teoria clássica e a teoria das relações humanas Veja que a teoria clássica tem seu foco na organização formal, em sua es- trutura, suas normas e seus procedimentos. O seu objetivo principal é analisar as tarefas e as funções da administração, pois todos os problemas identificados teriam origem técnica ou administrativa. É o caso de: falhas nos processos de planejamento, organização, direção, coordenação e controle; ausência de regras, procedimentos, rotinas e falhas estruturais. A concepção vigente na época em que a teoria clássica surgiu era a de homem econômico. Ou seja, a ideia era que os homens eram motivados para o trabalho apenas por interesses econômicos. A teoria das relações humanas, por sua vez, mantém seu foco nas rela- ções sociais e na organização informal. Para os teóricos desse movimento, o que importa é a atuação do trabalhador na organização, as suas reações às decisões e fatos administrativos, o seu comportamento no grupo e a sua 13Teoria das relações humanas interação com seus colegas de trabalho, bem como os seus conflitos, os seus interesses e as suas necessidades. Aqui, a concepção predominante é a de homem social. Ou seja, ganha destaque a noção de que o homem busca satisfazer as suas necessidades sociais e psicológicas também no ambiente de trabalho. Com a teoria das relações humanas, outros termos passam a dominar o vocabulário da administração. Como exemplos, você pode considerar: liderança, comunicação, motivação, organização informal, entre outros. Isso faz com que conceitos clássicos como hierarquia, racionalização do trabalho, departamentalização e autoridade sejam severamente contestados. Hoje, aspectos como liderança e motivação são muito valorizados nas organizações, uma vez que são as pessoas as responsáveis pelo seu sucesso ou fracasso. Assim como as teorias anteriores, a teoria das relações humanas também foi duramente criticada. Inclusive, foi alvo de comentários e apelidos maldosos devido ao exagerado interesse de seus estudiosos pelos aspectos sentimentais dos trabalhadores. Entre as críticas mais discutidas, você pode considerar as listadas a seguir (SILVA, 2013). Validade científica: muitas conclusões foram baseadas em compreensão clínica, sem sustentação científica. Miopia dos enfoques: houve ênfase exagerada nos relacionamentos interpessoais e grupos informais, deixando de lado o foco adequado no trabalho. Preocupação exagerada com a felicidade: relacionar felicidade e satisfação no trabalho é ter uma visão simplista da natureza do homem. Mal-entendido do sentido de participação: a participação era vista como um estímulo para reduzir a resistência dos trabalhadores quanto à autoridade formal e aumentar a produtividade, rumo ao alcance dos objetivos da organização. Visão da decisão de grupo: apesar de o experimento sobre a supe- rioridade da decisão de grupo não ter chegado a uma conclusão, a teoria manteve a sua crença na superioridade do grupo sobre a decisão individual. Teoria das relações humanas14 Geração de conflitos: houve falha em não abordar o conflito de um viés positivo e criativo, capaz de possibilitar resultados mais eficazes. Os teóricos o abordaram como algo ruim e que deveria ser reduzido, enfatizando a paz e a cooperação. Anti-individualismo: o movimento das relações humanas seria con- trário ao individualismo, pois os trabalhadores, enquanto grupo, eram levados a sacrificar as suas atitudes e os seus valores pessoais para se adequarem aos padrões grupais. Você deve notar que todas essas críticas, se desenvolvidas mais profun- damente na época, poderiam ter ajudado na compreensão do comportamento humano nas organizações desde o surgimento das teorias da administração. LACOMBE, F. J. M.; HEILBORN, G. L. J. Administração: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G. Teoria geral da administração. 3. ed. São Paulo: Cencage Learning, 2015. SILVA, R. O. Teorias da administração. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2013. SOUZA, H. Teoria geral da administração. Rio de Janeiro: SESES, 2015. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O movimento das Relações Humanas considerava o homem e o seu grupo social como os aspectos fundamentais em uma organização, uma vez que o comportamento do ser humano poderia interferir nos sistemas racionais do trabalho, desenvolvidos pela Teoria Clássica. Ou seja, esta considerava aspectos técnicos e formais como os mais importantes em uma organização, como maior eficiência e racionalidade na execução das tarefas. Perceba que esse movimento surgiu de uma combinação entre teóricos e práticos com o intuito de sensibilizar os gerentes quanto às necessidades dos empregados e deu origem à Teoria das Relações Humanas, norteada por princípios humanistas, conforme você verá no vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O movimento das Relações Humanas, mais conhecido como Escola das Relações Humanas, tinha sua ênfase nas