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Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 A Administração Científica de Taylor | PARTE 1 11 1 Revolução Industrial e sistemas de produção Se indicássemos apenas um fator que tenha impulsionado o capitalismo como sistema econômico, certamente ele seria a Revolução Industrial, que teve início no século XVIII e a partir da qual foram alteradas as relações de trabalho, do mercado e, por consequência, os aspectos organizacionais nas empresas. Desse modo, compreender as mudanças sociais nas relações de consumo e no funcionamento das empresas decorrentes da Revolução Industrial é fundamental para entender a administração como ciência. A partir da Revolução Industrial, com a utilização do maquinário a vapor e o surgimento de uma série de novas fábricas, houve um grande aumento nos quadros de funcionários, bem como da produção e, por consequência, da necessidade de controle de uma nova forma produtiva. Segundo Maximiano (2012), com a Revolução Industrial, a produção relacionada a conhecimentos administrativos passou a ser balizada pela inovação do período — a empresa industrial. Da produção artesanal à maquinofatura A empresa industrial passou a ser uma referência nas relações de trabalho, no mercado de consumo e, por consequência, na forma como eram fabricadas as mercadorias. Entretanto, outras fases da produção a precederam, cada uma com características distintas. Inicialmente, o sistema de produção era total- mente artesanal, caracterizado pelo trabalho totalmente manual, que visava a atender apenas uma demanda local. A atividade produtiva ocorria em oficinas caseiras e o artesão, responsável pelo sistema produtivo, conhecia todas as etapas da produção e era proprietário dos meios produtivos. A expansão mercantilista marcou a necessidade de aumentar a produção e deu início ao processo manufatureiro, período a partir do qual o trabalho passou a ser organizado em grandes galpões. Nesse momento, mesmo que rudimentar, começou a se dar o processo de divisão de trabalho, em que o trabalhador continuou conhecedor de todas as etapas do processo de produção e, com a expansão dos mercados, o trabalho assalariado passou a se consolidar. A administração científica de Taylor2 12 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II A invenção da máquina a vapor e o acesso a outras fontes de energia também marcaram o início da Revolução Industrial, com o surgimento das grandes indústrias e a produção em larga escala, o que representou um grande aumento na capacidade produtiva, e o fato de o trabalhador passar a ser um operador de máquinas, alienado do sistema produtivo. A Figura 1 apresenta as diferentes fases da produção, indicando as principais características de cada uma delas e sua relação com os aspectos pertinentes à produção. Figura 1. Fases da produção. Fonte: Adaptada de Maximiano (2012). ERA ARTESANAL ERA DA MANUFATURA ERA DA MAQUINOFATURA Produção para demanda local Artesão responsável por todas as fases da produção Meios de produção e lucros eram dos artesãos Produção manual Divisão do trabalho Produção em escala Consolidação da classe capitalista Racionalização do trabalho Trabalho em galpões de produção Consolidação do trabalho assalariado O trabalhador conhece as fases do sistema produtivo Período antes da Revolução industrial Primeira Revolução industrial Segunda Revolução industrial Contudo, cabe destacar que, apesar de as separações temporais do esquema na Figura 1 representarem rupturas, algumas características e, inclusive, a própria fase produtiva ocorreram de modo concomitante. Atualmente, por exemplo, ainda há a produção de produtos artesanais, mas com um caráter de exclusividade, e não para atender ao padrão industrial de fabricação. 3A administração científica de Taylor Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 A Administração Científica de Taylor | PARTE 1 13 Gerenciamento dos sistemas de produção: taylorismo e fordismo A Revolução Industrial influenciou as novas empresas e elevou a produção industrial a outro patamar, moldando os sistemas de produção das grandes organizações da época. Para Gaither e Frazier (2006, p. 7), “[…] esse avanço envolveu dois elementos principais: a difundida substituição da força humana e da água pela forma mecanizada e o estabelecimento do sistema fabril [...]”. Os sistemas produtivos das organizações passaram então de uma produção que atendia apenas a um mercado local a uma que atendia a uma grande demanda, o que levou à necessidade da administração da produção nas fábricas. Corrêa e Corrêa (2011, p. 24) definem a administração da produção como a: [...] atividade de gerenciamento estratégico dos recursos escassos (humanos, tecnológicos, informacionais e outros), de sua interação e dos processos que produzem e entregam bens e serviços visando atender necessidades e/ou desejos de qualidade, tempo e custo de seus clientes [...]. Frederick W. Taylor foi um dos precursores no gerenciamento das atividades produtivas e o maior teórico da administração científica, também conhecida como taylorismo, que reunia uma série de teorias e técnicas de administração das indústrias no período da Revolução Industrial. Suas ideias tinham como maior objetivo aumentar a produtividade por meio da readequação dos métodos de produção, padronizando o trabalho e, por consequência, reduzindo custos. Segundo Gaither e Frazier (2006, p. 8), Taylor teorizou sobre “[...] a aplicação de racionalidade e métodos científicos à administração do trabalho nas fábricas [...]”. Já Quelhas (2008, p. 1) entendem que Taylor “[...] tratava a administração como ciência baseada na observação, medição, análise e aprimoramento dos métodos de trabalhos [...]”. Porém, o principal teórico da administração científica observava alguns entraves para o aumento da produtividade, já que, para ele, conforme Costa (2009, p. 1): [...] não havia incentivo para melhorar o desempenho do trabalhador; muitos trabalhadores não cumpriam as suas responsabilidades; não havia integração entre os departamentos da empresa; as decisões se baseavam em intuições e palpites; os trabalhadores eram colocados em tarefas para as quais não tinham aptidão [...]. A administração científica de Taylor4 14 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Nesse sentido, Taylor desenvolveu a administração científica em três mo- mentos distintos, conforme apresentado na Figura 2, em que se destacam as diferentes fases e os princípios que as regem. Figura 2. Fases da administração científica. Fonte: Adaptada de Maximiano (2012). Primeira fase Ataque ao problema dos salários. Estudo sistemático do tempo. De nição de tempos-padrão. Sistema de administração de tarefas. Terceira fase Consolidação dos princípios. Proposição de divisão autoridade e responsabilidade dentro da empresa. Distinção entre técnicas e princípios. Segunda fase Ampliação do escopo da tarefa para a administração. De nição de princípios de administração do trabalho. A administração científica de Taylor trouxe valiosas contribuições para a administração, visando à organização e à racionalização do trabalho, cujos efeitos podem ser sentidos até hoje. Entre as contribuições do teórico, podemos ressaltar a metodologia científica para realização das tarefas, a especialização e a divisão do trabalho, a seleção e o treinamento por meio de uma abordagem científica e, ainda, a supervisão e orientação dos operários a partir dessa mesma abordagem metodológica. Ainda no período da Revolução Industrial, outro importante pensador da administração e do gerenciamento do sistema de produção foi Henry Ford, engenheiro mecânico e fundador da Ford Motor Company. Suas principais contribuições foram uma série de inovações com base nos estudos da adminis- tração científica, elevando a produção a um novo patamar pelo desenvolvimento de sua linha de montagem móvel, em que o processo de fabricação ocorria em esteiras móveis. Segundo Maximiano(2012, p. 45): Assim como o nome de Taylor está associado à administração científica, o nome de Henry Ford está associado a linha de montagem móvel. Foi Henry Ford que elevou ao mais alto grau os princípios da produção em massa, que é a fabricação de produtos não diferenciados em grande quantidade: Peça padronizada e trabalho especializado. 5A administração científica de Taylor Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 A Administração Científica de Taylor | PARTE 1 15 Ford foi influenciado pelo taylorismo principalmente quanto aos aspectos da divisão do trabalho, à preocupação com os desperdícios e com a linha de montagem. Por suas inovações, possibilitou-se a produção em massa, para atender ainda mais a amplos mercados e a queda dos custos de produção. O taylorismo sofreu diversas críticas ao longo da história, sobretudo em relação ao fato de desconsiderar o lado social e humano do trabalhador. Outro ponto negativo destacado eram as rígidas formas de tratar os operários, com foco exclusivamente na produtividade. Os críticos apontavam que a administração científica tratava o homem como um apêndice da máquina, sem nenhum tipo de vontade ou desejo. Essa crítica é eviden- ciada de forma brilhante no filme Tempos modernos, de 1936. A seguir, detalharemos as principais teorias da administração científica, principalmente os aspectos inerentes à racionalização do trabalho e ao des- perdício no processo produtivo, além dos reflexos de tais contribuições para a administração contemporânea. 2 Estudo dos tempos e movimentos de Taylor Uma das principais características da administração científica consistiu na otimização e na racionalização do trabalho, adicionando maior eficiência à produção das grandes fábricas, além de proporcionar maiores lucros e custos reduzidos para os proprietários. A receita de Taylor compreendia organizar o trabalho por meio de metodologias que estruturavam o processo de fabricação e motivar financeiramente os colaboradores para que fossem mais eficientes. A administração científica de Taylor6 16 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Segundo Taylor, havia a necessidade de controlar e orientar os operários de fábrica para um aumento de produtividade, tendo apontado como os prin- cipais problemas das fábricas, na obra Princípios da Administração Científica (de 1911), considerada a principal que escreveu, a falta de integração entre departamentos e o fato de as decisões serem em geral intuitivas. Outro aspecto que observava residia na ineficiência dos operários, já que, segundo Taylor (1990), havia um grande prejuízo para as fábricas gerado pela ineficiência da falta de orientação aos colaboradores, os quais, segundo o autor, eram negligentes, preguiçosos e realizavam movimentos inadequados nos processos de trabalho. Embora possamos tecer diversas críticas ao posicionamento de Taylor, é importante destacar que o contexto da época para suas formulações era diferente, e a obra foi muito importante para aquele período, assim como sua influência na administração contemporânea. Chiavenato (2011, p. 65) aponta: [...] As críticas não diminuem o mérito e o galardão de pioneiros e desbrava- dores da nascente teoria da Administração. Na época, a mentalidade reinante e os preconceitos, tanto dos dirigentes como dos empregados, a falta de co- nhecimento sobre assuntos administrativos, a precária experiência industrial e empresarial não apresentava condições propícias de formulação de hipóteses nem o suporte adequado para elaboração de conceitos rigorosos. Nesse contexto de crítica ao comportamento e à falta de ineficiência dos operários, Taylor realizou o estudo dos tempos e movimentos, o qual visou a eliminar dos processos de trabalho todo o movimento desnecessário, tentando simplificar as operações. A partir da observância sobre o fato de as ferra- mentas e os locais de trabalho serem adequados para a realização das tarefas, modificavam-se as sequências de operações caso houvesse necessidade, assim como se facilitavam os movimentos realizados pelos trabalhadores. O expe- rimento proporcionou um aumento da produtividade pela redução do tempo para a execução das tarefas. Segundo Oliveira (2013), o principal objetivo dos estudos foram os ganhos para os proprietários e empregados, a otimização do processo produtivo e a economicidade, pela redução do uso de matéria-prima. O estudo dos tempos e movimentos trouxe várias contribuições para as empresas. Muitas organizações, sobretudo as indústrias, utilizam esses prin- cípios para observar os tempos de trabalho e redefinir processos no intuito de racionalizá-los. Para Taylor, o gerenciamento científico das atividades consiste em preparar as tarefas e sua execução. 7A administração científica de Taylor Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 A Administração Científica de Taylor | PARTE 1 17 Racionalização industrial: estudo de tempos e métodos Taylor racionalizou as tarefas e definiu o tempo como uma maneira de mensurar a máxima produtividade e eficiência. Sob essa perspectiva, as empresas atuais utilizam técnicas para o controle dos tempos de produção, processo que leva o nome de estudo de tempos e métodos. Conforme Razmi e Shakhs-Niykee (2008), o estudo de tempos e métodos define-se como uma estratégia para aprimorar a produtividade, realizando conexões entre o tempo despendido e as formas de execução de tarefas. Slack, Chambers e Johnston (2009), por sua vez, apontam esse estudo como a aplicação de técnicas que possibilitam analisar o tempo que um trabalhador leva para realizar uma tarefa. A alta competitividade empresarial, a necessidade da redução de custos e de aumento da lucratividade apontam para a necessidade de empregar métodos de racionalização nos processos de produção. Neste capítulo, serão destacadas três técnicas de estudos de tempos e métodos muito utilizados no ambiente industrial: lead time, takt time e o cronometrismo. O lead time representa o ciclo de um processo produtivo medido, conside- rando o período de duração desde seu início até seu fim, ou seja, todo o processo de produção de uma mercadoria, desde a aquisição de matéria-prima até o momento de sua entrega para o consumidor. Para Ballou (2001, p. 84), o lead time é “[...] o lapso de tempo entre a colocação do pedido do cliente, o pedido de compra ou a requisição de um serviço é colocado e o momento em que o produto é recebido pelo cliente [...]”. Sob o prisma do sistema produtivo, o lead time abrange a mensuração do tempo empregado para que uma matéria-prima seja transformada em produto acabado. Quanto menor o lead time, maior a capacidade da empresa de atender a demanda de modo mais ágil mantendo as quantidades de estoques a baixos níveis. Segundo Corrêa e Corrêa (2011, p. 97), “[...] nessa abordagem os estoques são considerados úteis por proteger o sistema produtivo de problemas que podem causar a parada do fluxo de produção (falta de peças, atrasos fornecedores, etc.) [...]”. Já o takt time consiste na medida de tempo que as mercadorias de uma empresa devem ser produzidas, levando-se em conta a demanda de consumo, ou seja, o tempo que a empresa gasta para atender a sua demanda. Para obter esse cálculo, é necessário mensurar o tempo gasto para a fabricação de uma mercadoria e a demanda de consumo. Segundo Alvarez e Antunes (2001, p. 5), o “[...] takt time é o ritmo de produção necessário para atender a um determinado nível considerado de demanda, dadas as restrições de capacidade da linha ou célula [...]”. A administração científica de Taylor8 18 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Para o cálculo do takt time, imagine uma fábrica que opera 9 horas por dia, em que se incluem 1 hora para o intervalo e mais 20 minutos de manutenção de máquinas e demais paradas programadas. Dessa forma, podemos contabilizar que a empresa produz efetivamente 7 horas 40 minutos por dia ou 460 minutos diários (7 horas =420 minutos (+) 40 minutos) ou 27.600 segundos (460 minutos × 60 segundos). Pense também que a demanda mensal da empresa é de 18.000 unidades do produto comercializado: se dividirmos a quantidade produzida pelos dias que a empresa opera (nesse caso, levaremos em conta os 30 dias do mês), teremos 600 peças diárias (18.000 peças/30 dias). Para descobrir o takt time da empresa, basta dividirmos os segundos operacionais diários pelo número de peças diárias que atendem à demanda: Takt time = 27.600 / 600 = 46 A empresa tem um takt time de 46 segundos, ou seja, o tempo limite que uma peça deve demorar para ser fabricada é de 46 segundos. Fonte: Novidá (2020) Por fim, a cronoanálise consiste em observar e mensurar o tempo de todas as etapas do processo produtivo, podendo também ser utilizada na mensu- ração do lead time e do takt time. Para empregarmos essa técnica, torna-se fundamental observar algumas etapas, como a análise anterior dos processos mensurados, detalhando, além do processo por completo, as pessoas envolvidas e as ferramentas utilizadas. O processo deve ser fracionado, pois não é útil cronometrar e registrar um processo do início ao fim, sendo mais eficaz medir cada parte da atividade e, então, determinar o tempo de execução de cada processo no ciclo produtivo. Para Peinado e Graeml (2014), a cronoanálise é um método que permite medir e controlar de maneira estatística as tarefas realizadas, em que o cronometrista consegue observar a velocidade e o ritmo na execução de uma atividade. Como você pôde observar, a influência de Taylor para as técnicas de tempos e métodos é evidente. De acordo com Novaski e Sugai (2002), a administração científica e os estudos de tempos e movimentos idealizados por Frederick W. Taylor representaram uma verdadeira racionalização do trabalho, tornando-se a base do sistema de estudo de tempos. 9A administração científica de Taylor Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 A Administração Científica de Taylor | PARTE 1 19 3 Primeiros desperdícios na produção Como vimos, os estudos de Taylor e a administração científica encontram res- paldo ainda hoje na modelagem da execução de tarefas e na busca do aumento da produtividade, além dos importantes princípios da divisão do trabalho, dos estímulos financeiros como forma de motivar os trabalhadores, entre outros. O teórico desenvolveu seus estudos da administração científica motivado por aquilo que observava como displicência dos operários, já abordada neste texto, e falta de profissionalismo dos gerentes. Taylor (1990) indicava como principais males das organizações os falhos sistemas de administração, que, em sua visão, eram ineficientes, além do desconhecimento da gerência quanto aos métodos e às rotinas de trabalho e a falta de uniformidade nas rotinas de trabalho. Ainda, afirmava que os aspectos expostos acarretavam um grande desperdício, tanto no tempo de realização das tarefas quanto no excesso de matéria-prima utilizada. Dessa forma, a administração científica caracterizou- -se pela ênfase nas tarefas, e preocupação de Taylor voltou-se à organização no trabalho, preocupando-se com os aspectos pertinentes à racionalização das tarefas no sentido de minimizar o desperdício. Estudos de Taylor e desperdício Para compreender a preocupação de Taylor com o desperdício em relação ao sistema produtivo, é necessário analisar o contexto pré-Revolução Indus- trial. Na produção artesanal, que precedeu o período das grandes indústrias, o processo produtivo envolvia apenas o artesão, responsável pela aquisição e pela coleta de insumos e cuja produção se destinava ao atendimento de uma demanda local. Nesse período, em razão da baixa demanda de consumo, o desperdício também era reduzido. A produção manufatureira marcou o início do processo de divisão do trabalho e de uma produção com capacidade para atender a uma demanda maior. Entretanto, pela baixa especialização dos operadores dos maquinários utilizados nos galpões nos quais as mercadorias eram produzidas, havia des- perdício de insumos. Nesse período, os proprietários dos meios de produção não detinham do controle sobre a maneira como os operários realizavam as atividades. A passagem da fase da manufatura para a maquinofatura marcou o aumento dos níveis de produção em larga escala, o que também contribuiu para um maior desperdício ao longo do sistema produtivo. Taylor (1990) evidenciava um alto grau de desperdício relacionado às atividades rotineiras, situação em não havia, por parte dos colaboradores, uma metodologia empírica eficiente. A administração científica de Taylor10 20 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II A partir da administração científica, foi possível organizar uma série de princípios e técnicas, visando à organização racional do trabalho e à redução de desperdício, com o controle de todos os passos do trabalho vivo e de todos os tempos e movimentos do trabalhador, como você pode observar no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Taylor (1990). Princípios � Atribuir as tarefas conforme as habilidades dos operários � Solicitar o máximo de produtividade dos operários Técnicas � Utilizar a técnica conforme as particularidades de cada tipo de empresa � Fazer a análise metódica e o estudo dos tempos e movimentos � Fornecer informações aos operários quanto aos procedimentos de trabalho � Separar as funções de execução e preparação � Fazer a seleção científica dos colaboradores � Especializar e treinar os operários na realização das tarefas � Implementar a divisão do trabalho Quadro 1. Princípios e técnicas de redução do desperdício Os estudos de Taylor contribuíram para um significativo aumento da pro- dutividade, para a organização do trabalho e, principalmente, para a redução do desperdício no processo produtivo, tornando-se eficaz na substituição dos movimentos inúteis dos operários, bem como para processos de treinamento mais adequados e contratações que consideravam as habilidades dos operários. Taylor acreditava que, quanto mais tarefas o empregado soubesse fazer, melhor ele desempenharia seu papel. Desperdício, produtividade e controle de qualidade Ainda no contexto atual, a busca pela redução do desperdício, ou seja, dos custos de produção, constitui uma realidade no contexto organizacional: a maximização da produtividade e da qualidade nos processos e atividades organizacionais tornou-se uma busca constante para as organizações no atual cenário global de extrema competitividade. Nesse sentido, os princípios de Taylor mostram-se de grande importância ainda hoje e, apesar de terem se modernizado, refletem os princípios modernos da qualidade total. 11A administração científica de Taylor Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 A Administração Científica de Taylor | PARTE 1 21 Mas quais são os principais desperdícios das empresas na atualidade? E quais os principais custos podem ser reduzidos na produção? Inicialmente, devemos considerar que o contexto das organizações mudou. A indústria passou pela terceira Revolução Industrial, que marcou a indústria automa- tizada e o uso de computadores e, posteriormente, a internet no processo de fabricação. Esse período marcou a transição do controle do desperdício idealizado por Taylor pelo controle de qualidade modelo Toyota, que iniciou após a Segunda Guerra Mundial e marcou o início da produção enxuta. O toyotismo apresentou algumas técnicas, como: os 5’s, que visam à organização dos espaços de trabalho; o kanban, como técnica de controle da produção; o just in time, uma técnica que prioriza o estoque mínimo, apenas para atender à demanda; o kaizen, que representa uma filosofia de melhoria contínua nos sistemas de produção; etc. Segundo Maximiano (2011, p. 134), “[...] o sistema Toyota de produção foi criado por Eiji Toyoda, da família proprietária da Toyota e Taiichi Ohno, chefe de engenharia da empresa. Os dois princípios básicos mais importantesdo sistema Toyota são: eliminação do desperdício e fabricação com qualidade [...]”. Atualmente, os principais desperdícios nas organizações estão relaciona- dos às operações de transportes e às dificuldades na compreensão a suprir a demanda, promovendo eventualmente a superprodução de mercadorias e a fabricação de produtos defeituosos. Para Antunes et al. (2008), as perdas, ou seja, aquelas atividades que não agregam valor aos produtos, podem ser o retrabalho, refugos de produção, tempos prolongados de manutenção de maquinários, transporte e movimentação desnecessária, entre outras. A história das técnicas que objetivam reduzir os desperdícios é a história do controle de qualidade nos processos de fabricação. O controle de qualidade no período taylorista e fordista, apesar de apresentar um grande avanço para o período, limitava-se apenas a inspecionar as tarefas dos operários. Esse controle evoluiu para um controle estatístico de peças produzidas, com base em amostragens de peças produzidas e, posteriormente, para um controle total da qualidade, quando as prioridades passaram a ser o interesse do consumidor e a garantia dos produtos oferecidos, e a qualidade estar presente em todas as áreas de uma empresa, e não apenas no processo produtivo. As normas ISO de qualidade e o ciclo da melhoria contínua apontam para a importância da qualidade das organizações, o que impacta não somente as finanças das organizações, mas também a redução de desperdício dos recursos naturais e impactos ao meio ambiente. A administração científica de Taylor12 22 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Ao encerrar este capítulo, é necessário fazer uma reflexão sobre o futuro do controle do desperdício e da qualidade nas organizações. A revolução tecnológica e o uso da inteligência artificial, o big data e os poderosos algo- ritmos são tendências que já representam um profundo avanço no controle do desperdício no contexto organizacional. Basta agora estar preparado para os próximos passos do controle de qualidade e da racionalização do trabalho. ALVAREZ, R. R.; ANTUNES JR., J. A. V. Takt-time: conceitos e contextualização dentro do Sistema Toyota de produção. Gestão & Produção, São Carlos, v. 8, n. 1, p. 1–18, 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2 001000100002&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 06 out. 2020. ANTUNES, J. et al. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta. Porto Alegre: Bookman, 2008. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2001. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 8. ed. Rio de Janeiro: Cam- pus, 2011. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações: manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. COSTA, P. M. Surgirá no século XXI um novo modelo de gestão para substituir o taylo- rismo? In: Costa, P. M. (org.). Taylorismo após 100 anos nada superou o modelo de gestão. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. GAITHER, N.; FRAZIER, G. Administração da produção e operações. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2006. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: edição compacta. São Paulo: Atlas, 2011. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. NOVASKI, O.; SUGAI, M. MTM como ferramenta para redução de custos: o Taylorismo aplicado com sucesso nas empresas de hoje. Revista Produção Online, Florianópolis, v. 2, n. 2, p. 1–11, 2002. Disponível em: https://producaoonline.org.br/rpo/article/view/606. Acesso em: 06 out. 2020. NOVIDÁ. Takt time: o que é, como calcular e por que usar? 2020. 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A prática da Gestão de Operações nas organizações. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 54, n. 5, p. 483–495, 2014. QUELHAS, O. Planejamento e controle da produção. São Paulo: Elsevier, 2008. RAZMI, J.; SHAKHS-NIYAEE, M. Developing a specific predetermined time study ap- proach: an empirical study in a car industry. Production Planning & Control, [s. l.], v. 19, n. 5, p. 454–460, 2008. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. TAYLOR, F. W. Princípios de administração científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1990. Leitura Recomendada MUNARO, J. Startup reduz desperdício em bares e restaurantes com ajuda de inteligência artificial. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/pme/pequenas-em- presas-grandes-negocios/noticia/2020/02/09/startup-reduz-desperdicio-em-bares- -e-restaurantes-com-ajuda-de-inteligencia-artificial.ghtml. Acesso em: 06 out. 2020. A administração científica de Taylor14 24 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE. PREZADO ESTUDANTE Parte 2 Fordismo O conteúdo deste livro é disponibilizado por SAGAH. unidade 1 V.1 | 2022 26 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Fordismo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar os níveis de planejamento e execução na visão de Ford. Descrever os princípios da produtividade, intensificação e da economicidade. Relacionar o conceito de eficiência ao de bem-estar do trabalhador. Introdução Ford levou os princípios da administração científica para o ambiente industrial de uma forma inédita. Ele implantou a divisão do trabalho, definiu que era necessário escolher o trabalhador certo para cada tarefa e criou a linha de montagem móvel, em que os produtos se movem enquanto as estações de trabalho permanecem estáticas. Com isso, conseguiu aumentar a produtividade e, adotando a padronização de tarefas, alcançar a tão sonhada eficiência. Neste capítulo, você vai estudar os níveis de planejamento e execução, segundo Ford. Também vai conhecer os princípios da produtividade, da intensificação e da economicidade. Por fim, vai ver como o conceito de eficiência se relaciona ao bem-estar do trabalhador. Planejamento e execução Na passagem do século XIX para o século XX, a Revolução Industrial representou um marco na administração, fazendo com que ela avançasse signifi cativamente e mudasse a realidade das organizações. Para você ter uma ideia, em 1880 existiam cerca de 2,7 milhões de trabalhadores na indústria americana; em 1900, esse número cresceu para 4,5 milhões. Neste mesmo ano, existiam fábricas que empregavam 500, mil e mais de mil pessoas. Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 Fordismo | PARTE 2 27 As fábricas maiores, as usinas siderúrgicas, empregavam entre 8 e 10 mil pessoas. Essas fábricas não tinham concorrência em tamanho até a chegada da indústria automotiva. Em 1914, a fábrica de Henry Ford situada em Highland Park, no estado de Illinois (Estados Unidos), contava com 13 mil trabalhadores. Com o passar dos anos, esse número foi aumentando e, em 1924, já eram 42 mil pessoasempregadas. No mesmo ano, a fábrica de Ford em River Rouge, no estado do Michigan, empregava 70 mil pessoas, sendo considerada a maior fábrica do mundo (CORRÊA, 2003). O aumento da produção exigiu métodos totalmente novos de administração e foram muitas as pessoas que participaram desse processo de inovação. A mais importante delas foi Taylor, que, com seus seguidores, transformou a administração da eficiência do trabalho em um conjunto de conhecimentos. Destaca-se também nesse processo a contribuição prática de Ford para a resolução de problemas de eficiência. Frederick W. Taylor foi o engenheiro americano que criou a administração científica, uma das teorias da administração, no final do século XIX e início do século XX. Ele aplicou métodos científicos para solucionar os problemas administrativos da época. Sua ideia era controlar o desperdício nas indústrias e elevar os níveis de produtividade (MAXIMIANO, 2012). Ford marcou a teoria e a prática da administração. Além de levar os prin- cípios da administração científica para o ambiente industrial em uma escala inédita, com a divisão do trabalho e a escolha do trabalhador certo para cada tarefa, criou a linha de montagem móvel, em que os produtos se movem enquanto as estações de trabalho permanecem estáticas (Figura 1). Com isso, ele conseguiu aumentar a produtividade, uma vez que não havia perda de tempo com a movimentação dos trabalhadores para a busca de peças em estoque e dentro da fábrica. Além disso, Ford estabeleceu que o montador, além de não precisar mais apanhar peças no estoque enquanto montava o carro, pois elas estariam nos postos de trabalho, executaria uma única tarefa, isto é, a montagem e a pro- dução em si. É importante você notar que a movimentação dos trabalhadores Fordismo2 28 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II consumia tempo. Como cada um deles tinha uma velocidade diferente de trabalho, os que eram mais rápidos perdiam sua eficiência quando tinham de esperar pelos mais lentos. Figura 1. Linha de montagem móvel. Fonte: Tribuna (2011, documento on-line). Henry Ford foi um empresário com visão prática. Ele buscou solidificar o conceito de eficiência em uma fábrica de automóveis por meio do desenvolvimento de novas metodologias de produção e de trabalho (SILVA, 2013). A linha de montagem móvel teve um desenvolvimento rápido. Em 1912, seu conceito, sem mecanização, já era adotado na fabricação de motores, radiadores e componentes elétricos. Em 1914, já mecanizada, montava um chassi em 1 hora e 33 minutos, enquanto no modo artesanal o mesmo trabalho era realizado em 12 horas e 28 minutos. Essa tecnologia também impactava as finanças, uma vez que reduzia a necessidade de investimentos de capital. Com o aumento da velocidade na produção, diminuíam também os custos de estoque de peças que ficavam à espera da montagem. Ou seja, quanto mais carros eram produzidos, mais baratos ficavam (MAXIMIANO, 2012). 3Fordismo Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 Fordismo | PARTE 2 29 Ford projetou o Modelo T para ser fabricado em linhas de montagem. Seu intuito era vender carros a preços populares, garantindo assistência técnica. Ou seja, sua intenção era popularizar um produto que antes era fabricado artesanalmente e destinado a milionários. Isso gerou uma revolução comercial estratégica na época (SOUZA, 2015). Ford dividia a empresa em dois níveis diferentes: planejamento e execução. Para ele, no planejamento, quem elaborava os métodos e o próprio trabalho eram os técnicos; e quem os executava eram os operários, cujo trabalho era levado às suas mãos (SILVA, 2013). Veja a diferença entre o sistema de Taylor e o sistema de Ford no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Silva (2013). Sistema de Taylor Sistema de Ford O operário tinha um tempo padrão para executar sua tarefa com movi- mentos regulados e prescritos pela administração de planejamento. O operário executava sua tarefa adap- tando seus movimentos à velocidade da esteira rolante, sendo conduzido naturalmente a um ritmo involuntário, de acordo com o nível de produção. Havia preocupação exagerada com a economia do trabalho humano. Havia preocupação com a economia de material e de tempo. O trabalho individual era valorizado. O trabalho da equipe era valorizado, e o operário era livre para executar a tarefa da forma que preferisse. Os movimentos eram executados sob rígido controle. Os movimentos eram adaptados ao ritmo da produção, às aptidões e à vontade. Havia preocupação com o estudo do tempo despendido pelo homem e pela máquina. Havia preocupação em trabalhar continuamente para eliminar o tempo perdido pela matéria-prima. Quadro 1. Diferença entre o sistema de Taylor e o sistema de Ford Fordismo4 30 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II A principal diferença entre os dois sistemas de administração, como des- taca Silva (2013), está no fato de que no sistema de Taylor os movimentos dos funcionários eram rigidamente controlados. Já no sistema de Ford, havia a preocupação de que os movimentos fossem adaptados de modo confortável ao ritmo da produção, às aptidões e à vontade dos funcionários. A padronização do trabalho levava à especialização e imprimia um ritmo constante para a sua realização, com rotinas estabelecidas. Dessa forma, era o trabalho que dirigia a empresa. Vantagens da padronização: aumento da produtividade; redução de erros no processo; redução de custos; maior eficiência da execução das atividades; simplicidade e praticidade na execução das tarefas. Desvantagens da padronização: trabalho repetitivo e monótono; inibição da cria- tividade e da inovação; especialização do trabalhador (MAXIMIANO, 2012). Ford não estava preocupado em organizar a indústria de forma geral ou em estudar os reflexos e as interações individuais ou coletivas. O que ele queria era tornar a sua empresa eficiente. Para ele, a eficiência era, por um lado, a produção, a motivação e o salário; por outro, a minimização de custos e preços (SILVA, 2013). As linhas de montagem da Ford incorporavam os principais elementos da administração científica, como os desenhos de produtos padronizados, a produção em massa, os baixos custos de produção, as linhas de montagem mecanizadas, a especialização de mão de obra e as peças intercambiáveis (peças idênticas que se encaixam em qualquer montagem do mesmo tipo) (SOUZA, 2015). 5Fordismo Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 Fordismo | PARTE 2 31 Você ainda deve notar que, junto ao trabalhador especializado, principal sujeito da linha de montagem móvel, novos profissionais ganharam espaço. Por exemplo: o engenheiro industrial, responsável pelo planejamento e pelo controle da montagem; o engenheiro de produção, responsável pelo planejamento do processo de produção; os supervisores, responsáveis por identificar problemas na fábrica, para serem corrigidos pela administração; os técnicos, responsáveis por calibrar e reparar as ferramentas; o reparador, responsável por executar consertos rápidos; o pessoal da limpeza, responsável por limpar constantemente as áreas de trabalho. Infelizmente, os trabalhadores especializados mas sem qualificação não possuíam perspectivas de ascensão profissional, privilégio apenas dos enge- nheiros (MAXIMIANO, 2012). Você sabe o que é a especialização do trabalhador? No sistema de produção em massa, o produto é dividido em partes. Por sua vez, o processo para fabricá-lo é dividido em etapas, que correspondem à montagem de uma parte do produto. Nesse sistema, cada pessoa ou grupo de pessoas é responsável por uma tarefa única. A divisão do trabalho implica a especialização do trabalhador (MAXIMIANO, 2012). Princípios de Ford Como você já deve ter notado, Ford era um visionário e possuía bom faro para o mercado. Ele revolucionou a indústria automotiva no início do século XX, aperfeiçoando o sistema produtivo de Taylor. Além disso, foi ele quem colocouos dois princípios da produção em massa — a padronização de peças e a especialização do trabalhador — no mais alto patamar da indústria. Fordismo6 32 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Produção em massa: fabricação de produtos iguais em grandes quantidades. Padronização: processo produtivo em que todos os produtos são iguais e que, por isso, simplifica a produção (LACOMBE, 2009). Em busca da padronização, Ford adotou um sistema único de calibragem para todas as peças, em todo o processo de produção. Além disso, ele diminuiu a quantidade de peças de seus produtos, simplificando seu processo produtivo. Com isso, quanto maior era a demanda, maior era a produção. Consequen- temente, menores eram os custos por unidade, uma vez que os custos fixos eram diluídos em mais unidades produzidas (economia de escala). Além disso, os trabalhadores iam se especializando cada vez mais em suas tarefas de produção (curva de aprendizagem); e, ao comprar os insumos em grande quantidade, havia redução em seu preço (SOUZA, 2015). Veja, no Quadro 2, as características dos princípios da produção em massa no sistema de Ford. Fonte: Adaptado de Souza (2015). Princípios da produção em massa Peças padronizadas Trabalhador especializado Máquinas especializadas Tarefa única ou pequeno número de tarefas Sistema universal de fabricação e calibragem Posição fixa em uma sequência de tarefas Controle da qualidade O trabalho chega até o trabalhador Simplificação de peças Peças e máquinas no posto de trabalho Simplificação do processo produtivo Quadro 2. Características da produção em massa no sistema de Ford Veja que a principal característica da padronização foi a simplificação dos processos de trabalho e das peças, uma vez que foram diminuídas em quan- 7Fordismo Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 Fordismo | PARTE 2 33 tidade e seguiam o mesmo padrão. O que marca a especialização do trabalho no sistema Ford é a posição fixa do funcionário em seu posto de trabalho. O sonho da produção em massa de Taylor foi realizado pela genialidade de Ford. Ou seja, pela primeira vez na história se produzia um único modelo de automóvel em grande quantidade, com custos e preços reduzidos e acessível a um maior número de consumidores. Ford conseguiu popularizar um produto que antes era restrito a uma pequena parcela de consumidores com alto poder aquisitivo (LACOMBE, 2009). As vantagens do modelo de Ford fizeram com que ele passasse a ser adotado pelas indústrias americanas e logo se expandisse para indústrias do mundo todo. Assim, Ford iniciou a era das grandes fábricas e indústrias, em que os pátios viviam lotados de produtos, os estoques eram volumosos, o número de trabalha- dores era excessivo e a movimentação interna de materiais, intensa. Nesse sistema de produção, os recursos necessários ficavam concentrados em um único lugar. Até hoje as linhas de montagem movimentam diversos tipos de produtos, em diferentes fases da produção, e os funcionários ainda registram e cronometram as operações, visto que o aumento da produtividade com menor custo ainda é perseguido pelas organizações (LACOMBE, 2009; MAXIMIANO, 2012). Veja, na Figura 2, um exemplo de linha de montagem móvel em uma fábrica de automóveis. Figura 2. Linha de montagem móvel Fonte: Agência Estado (2012, documento on-line). São características do modelo de Ford a divisão do trabalho e o trabalho repetitivo e contínuo, com base nos princípios da produtividade, da intensifi- Fordismo8 34 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II cação e da economicidade. Nesse contexto, os princípios da produtividade e da intensificação estão relacionados ao tempo, e o princípio da economicidade está relacionado à matéria. Ford adotou esses princípios para obter um esquema que agilizasse a produção, por meio de um trabalho coordenado, contínuo e econômico (SILVA, 2013; SOUZA, 2015). Veja a seguir o que significam os três princípios de Ford (SILVA, 2013). Princípio da produtividade: visava a aumentar a capacidade de pro- dução por meio da especialização do trabalho e da linha de montagem. Assim, o trabalhador ganhava mais e o empresário alcançava maior volume de produção. Além disso, o consumidor também era beneficiado, uma vez que a redução de custos obtida com a adoção desse modelo permitia reduzir o preço dos produtos. Princípio da intensificação: visava ao aumento do capital de giro, com pouca mobilização e rapidez em sua recuperação, por meio da utilização imediata dos equipamentos e da matéria-prima e da rápida colocação do produto no mercado. Princípio da economicidade: visava à redução do volume de estoque de matéria-prima em processo de transformação, permitindo que a empresa recebesse pela venda do carro antes mesmo do vencimento do prazo de pagamento dos salários e da matéria-prima adquirida. A inspiração de Ford para a linha de montagem móvel veio de uma visita a um matadouro em Chicago. Lá, ele observou as carretilhas que transportavam as partes dos animais nos trilhos, prontas para o corte final. Ou seja, as partes dos animais, presas por ganchos, percorriam as diversas seções de corte, por meio do sistema de carretilhas, e os trabalhadores especializados realizavam seus cortes. Nesse sistema, quem andava era o produto, não o trabalhador. Este permanecia estático em seu posto de trabalho, esperando o produto chegar para realizar a sua tarefa (FORD; CROWTHER, 2006). 9Fordismo Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 Fordismo | PARTE 2 35 Eficiência e bem-estar do trabalhador Ford era apaixonado por mecânica e iniciou sua produção de automóveis de forma artesanal, numa ofi cina que construiu no fundo de sua casa, em 1888. Tempos depois, empregado na Detroit Edison Company, montou seu primeiro carro, um quadriciclo, que foi às ruas em 1896. Seu segundo carro deveria ser construído na Detroit Automobile, onde havia entrado como sócio minoritário. No entanto, foi uma tentativa frustrada, pois a empresa faliu um ano mais tarde. Ou seja, ele já não era mais um artesão, e sim um industrial com intenções claras de produzir carros para toda a população, não somente para ricos. Para continuar com suas experiências, Ford alugou um galpão onde mon- tou alguns carros, como o Arrow e o 999, mas foi somente em 1903, em sua fábrica, a Ford Motor Co., que produziu industrialmente o seu primeiro carro, o Modelo A (Figura 3), que em seu primeiro ano vendeu 1.708 unidades. Nesse processo, o carro era montado em um só lugar e cada trabalhador permanecia na sua área de trabalho realizando suas tarefas, se deslocando sempre que necessário até o estoque para buscar peças (CORRÊA, 2003; SOUZA. 2015). Figura 3. O primeiro Ford Modelo A, de 1903. Fonte: AmericanAutomobiles (c2012, documento on-line). Em 1908, Ford lançou o seu Modelo T, que fez muito sucesso entre os americanos, com venda de 15 milhões de unidades entre 1908 e 1927, quando parou de ser fabricado. Nesse processo, a produção de um carro levava em média 514 minutos. Não satisfeito com o desperdício de tempo na produção, Ford decidiu que os trabalhadores não sairiam mais de seus postos de trabalho Fordismo10 36 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II para apanhar peças no estoque. As peças iriam até eles. Decidiu também que cada trabalhador iria realizar apenas uma tarefa específica e que os funcionários desenvolveriam suas atividades próximos uns dos outros, evitando o deslo- camento, minimizando seus movimentos e, consequentemente, aumentando a produção (CORRÊA, 2003). Pensando em diminuir ainda mais o tempo de produção, ele adotou a linha de montagem móvel para fabricar seus motores e, em 1914, para montar os chassis, fazendo com que o tempo médio de produção caísse para apro- ximadamente 84 minutos. Ou seja, ao permitir que o trabalho chegasse ao trabalhador numa posição fixa, conseguiu aumentar significativamente a sua produtividade. Na Figura 4, a seguir, você podever uma linha de montagem da Ford do início do século XX. Figura 4. Modelo T e linha de montagem. Fonte: Cecato (2011, documento on-line). A adoção da linha de montagem móvel foi uma tentativa de racionalizar a organização do trabalho, intensificando, automatizando e mecanizando o processo de produção. Na verdade, ela representava um meio de controle do ritmo do trabalho, o que desagradou a muitos trabalhadores. Era um ritmo exaustivo, o que explica o alto índice de rotatividade nas indústrias Ford da época. Muitos dos funcionários não concordavam com essa forma de controle e gerência do trabalho. Na fábrica de Highland Park, por exemplo, a rotatividade havia chegado a 370% em 1913, levando Ford a contratar mais de 50 mil trabalhadores para manter a sua força de trabalho direta, de cerca de 13 mil funcionários. Dessa forma, era preciso conquistar a aprovação e o engajamento dos trabalhadores (CORRÊA, 2003; SOUZA, 2015). 11Fordismo Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 Fordismo | PARTE 2 37 Ford exigia uma qualificação diferente da requisitada por outras indústrias. O traba- lho era penoso e cansativo, aspectos que o salário, em alguns casos, não conseguia minimizar (GRAMSCI, 1976). Ford queria uma empresa eficiente; e a eficiência para ele estava além de produção e minimização de custos e preços, motivação e salário. Dessa forma, resolveu dar aos empregados uma participação nos lucros da empresa, reduziu a jornada de trabalho para 8 horas diárias (na época, o usual eram de 10 a 12 horas) e aumentou o salário mínimo para 5 dólares por dia (o valor habitual era de 2,34 dólares). Ou seja, foi a maior revolução de salários já vista pelo mundo industrial da época. Essas medidas fizeram com que o nome de Ford ficasse falado no mundo todo (CORRÊA, 2003). Eficiência é “fazer certo as coisas” utilizando adequadamente os recursos. Ela refere-se à relação entre entradas (insumos) e saídas (produtos): quanto mais saídas forem obtidas com as mesmas entradas, maior grau de eficiência é alcançado. Ser eficiente é fazer mais com menos (SILVA, 2013). Veja que interessante: Ford achava que seus operários deveriam ganhar o suficiente para comprar os automóveis que fabricavam, para aproveitar a vida com a família. Será que esse pensamento existe nos dias atuais? Você concorda que essa foi uma visão inovadora para aquele tempo? Com o aumento da produção obtido com a linha de montagem móvel e agora com o salário duplicado dos operários, os custos caíam e os preços de venda também, o que fazia com que as vendas crescessem e os custos de produção diminuíssem. Durante muitos anos, as alterações no Modelo T, fabricado exclusivamente na cor preta, foram pouquíssimas. Ford considerava a repetição e a padroni- zação elementos capazes de aumentar a eficiência. Por isso, manteve seu foco na melhoria contínua dos processos de produção de um único produto, cujo Fordismo12 38 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II design se manteve estável por quase 20 anos. Com isso, além de ser eficiente, alcançou um sucesso empresarial excepcional (CORRÊA, 2003). O termo “fordismo” designa o modelo de produção em massa, baseado na padronização e na simplificação, que revolucionou a indústria automotiva no início do século XX, com a adoção da primeira linha de montagem automatizada (LACOMBE, 2009). Como você pôde ver, Ford se apoiou na produção em massa, em série e em cadeia contínua. Além disso, pagou altos salários aos seus funcionários e estabeleceu preços mínimos para a venda de seus automóveis. Tudo isso fez com que conseguisse elevar a produtividade dos operários, aumentar o volume de produção e economizar matéria-prima e tempo de fabricação. Para você ter uma ideia, os veículos eram fabricados e vendidos antes mesmo que o salário dos operários e a matéria-prima utilizada na produção fossem pagos. A cada 84 minutos, um carro ficava pronto: velocidade de fabricação que espantou o mundo, já surpreso com o preço de venda adotado. A produção anual era grandiosa, cerca de 200 mil automóveis por ano. Tudo isso aconteceu por meio da adoção do conceito de eficiência como objetivo da administração, o que acabou despertando em Ford o interesse pelo bem-estar de seus empregados (CORRÊA, 2003; SILVA, 2013). Você ainda deve notar que esse sucesso foi devido à atenção que Ford dispensou aos trabalhadores de alta competência. Ou seja, ele se cercou de técnicos com elevada capacidade para a realização de todas as atividades necessárias ao sucesso da fábrica. Além disso, ele adotou, como você viu, uma política de benefícios salariais e assistenciais, prática inédita na época. Ou seja, Ford também foi inovador na gestão de pessoas (LACOMBE, 2009; SILVA, 2013). Assim, a satisfação dos funcionários com os benefícios salariais e assistenciais recebidos decorreu do modo como Ford lidou com a relação existente entre eficiência e bem-estar. Além disso, se destaca a possibi- lidade que os funcionários de Ford tinham de consumir o produto que produziam. Isso os motivava e os engajava na busca pela alta produtividade e pela eficiência. 13Fordismo Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 Fordismo | PARTE 2 39 AGÊNCIA ESTADO. Apesar de o lucro da Ford cair, supera a previsão. Época Negócios, 27 abr. 2012. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/ noticia/2012/04/apesar-de-o-lucro-da-ford-cair-supera-previsao.html>. Acesso em: 12 set. 2018. AMERICAN AUTOMOBILES. The 1904 Ford model a, model ac, model b and model c auto- mobiles. c2012. Disponível em: <http://www.american-automobiles.com/Ford/1904- -Ford.html>. Acesso em: 11 set. 2018. CECATO, G. C. Ford modelo-T. 2011. Disponível em: <http://nitroxmusclecars.blogspot. com/2011/02/ford-modelo-t.html>. Acesso em: 11 set. 2018. CORRÊA, H. L. Teoria geral da administração: abordagem histórica da gestão de produção e operações. São Paulo: Atlas. 2003 FORD, H.; CROWTHER, S. My life and work. [S.l.]: Book Jungle, 2006. GRAMSCI, A. Maquiavel, a política e o estado moderno. São Paulo: Civilização Brasileira, 1976. LACOMBE, F. Teoria geral da administração. São Paulo: Saraiva, 2009. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SILVA, R. O. Teorias da administração. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2013. SOUZA, H. Teoria geral da administração. Rio de Janeiro: SESES, 2015. TRIBUNA. É da Ford a primeira linha de montagem da história. 2011. Disponível em: <https://www.tribunapr.com.br/noticias/automoveis/e-da-ford-a-primeira-linha-de- -montagem-da-historia/>. Acesso em: 12 set. 2018. Fordismo14 Origens e Características do Fordismo Disponível em: http://gg.gg/12czny. MATERIAL COMPLEMENTAR 40 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE. PREZADO ESTUDANTE Parte 3 O Sistema Toyota de Produção O conteúdo deste livro é disponibilizado por SAGAH. unidade 1 V.1 | 2022 42 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer a origem do sistema Toyota de produção. > Identificar os pilares do sistema Toyota de produção. > Discutir a aplicabilidade do sistema Toyota de produção a outras indústrias. Introdução O século XX pode ser considerado um divisor de águas quanto aos avanços tec- nológicos apresentados na área de sistemas produtivos. Desde a concepção da administração científica proposta pelo engenheiro mecânico Frederick Taylor, passando pela produção em série de automóveis desenvolvida por Henry Ford e chegando aos princípios e às funções da administração elaborados pelo francês Jules Henri Fayol, observou-se uma verdadeira explosão de novos métodos e processos produtivos. Assim, neste capítulo, você vai estudar a origem do sistema Toyota de produção (STP), compreendendo como surgiu essa grande marca automobilística e como foi desenvolvido o seusistema de produção, que é calcado em princípios e métodos importantes para toda a área de sistemas produtivos. Você também vai verificar os princípios do STP e seus pilares. Por fim, você vai aprender sobre a replicação do STP em indústrias de outros ramos. O sistema Toyota de produção Roberto Rodrigues de Souza Júnior OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer a origem do sistema Toyota de produção. > Identificar os pilares do sistema Toyota de produção. > Discutir a aplicabilidade do sistema Toyota de produção a outras indústrias. Introdução O século XX pode ser considerado um divisor de águas quanto aos avanços tec- nológicos apresentados na área de sistemas produtivos. Desde a concepção da administração científica proposta pelo engenheiro mecânico Frederick Taylor, passando pela produção em série de automóveis desenvolvida por Henry Ford e chegando aos princípios e às funções da administração elaborados pelo francês Jules Henri Fayol, observou-se uma verdadeira explosão de novos métodos e processos produtivos. Assim, neste capítulo, você vai estudar a origem do sistema Toyota de produção (STP), compreendendo como surgiu essa grande marca automobilística e como foi desenvolvido o seu sistema de produção, que é calcado em princípios e métodos importantes para toda a área de sistemas produtivos. Você também vai verificar os princípios do STP e seus pilares. Por fim, você vai aprender sobre a replicação do STP em indústrias de outros ramos. O sistema Toyota de produção Roberto Rodrigues de Souza Júnior Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 O Sistema Toyota de Produção | PARTE 3 43 A origem do sistema Toyota de produção Antes de tratarmos da origem do STP, é fundamental apresentarmos o contexto que antecedeu a origem da própria indústria automobilística Toyota. Kiichiro Toyoda (1894-1952) é o nome do fundador da Toyota. Seu envolvimento com sistemas de produção teve início ainda na sua adolescência. De acordo com Liker (2005, p. 36): “Toyoda aprendeu carpintaria com seu pai e finalmente aplicou sua habilidade na criação e construção de máquinas de fiar de madeira. Em 1930, começou a produzir teares mais baratos, mas que funcionavam melhor do que os existentes na época”. Kiichiro Toyoda era um jovem à frente do seu tempo. Assim, logo os seus teares ficaram famosos, por apresentarem novas funções, como um meca- nismo que paralisava o tear assim que o fio partisse. Observe que esse é o conceito do dispositivo Poka-Yoke, implementado no STP e considerado um dos fundamentos da produção enxuta (que também pode ser chamada de STP). A história da família Toyoda no ramo dos automóveis iniciou quando o pai de Kiichiro, Sakichi Toyoda, notou que os teares produzidos por seu filho logo se tornariam obsoletos. Assim, Sakichi deu ao seu filho a incumbência de estudar engenharia mecânica na respeitada Universidade Tokyo Imperial, onde Kiichiro se especializou nas tecnologias sobre motores. Em uma via- gem de estudos aos Estados Unidos da América (EUA), Sakichi e Eiji (primo de Sakichi e engenheiro brilhante que contribuiu significativamente para a estruturação do STP) visitaram supermercados e as unidades produtivas da Ford, localizadas em Michigan. Na Ford, eles identificaram que a linha de produção poderia ser muito mais enxuta se fossem reduzidos os custos com desperdício de material, o tempo de produção e os custos com mão de obra. Nos supermercados, Sakichi teve o insight do processo just-in-time (JIT), ao observar que as mercadorias eram substituídas nas prateleiras quando eram compradas pelos consumidores (LIKER, 2015; MAXIMIANO, 2018). Na esteira do processo desenvolvimentista que o mundo experimen- tou a partir do século XX, verificou-se principalmente o uso do petróleo, a produção em escala nos EUA e a Segunda Revolução Industrial. Tais marcos históricos influenciaram todo o restante do mundo em um processo acelerado de crescimento. De acordo com o site da Toyota, “A história da Toyota iniciou em 1937 com a fundação da Toyota Motor Co. Ltd.” (TOYOTA, 2021, documento on-line). Mas foi a partir da década de 1970 que houve o grande “boom”, quando a empresa começou a ser notada em um contexto internacional, ao apresentar ao mundo o seu modelo de produção automobilística com um padrão de qualidade inovador e diferenciado na produção de automóveis. 44 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Assim, o STP se apresentou ao mundo como um modelo de criação e desenvolvimento de carros cada vez melhores. A Toyota aperfeiçoava o STP desde a Segunda Guerra Mundial, estabelecendo uma linha de produção que considera o elemento qualidade como prioridade número um da empresa. Toda a organização é envolvida na produção, que é cada vez mais focada em gerar valor para os consumidores, ao ofertar para o mercado produtos aprovados por um severo controle de qualidade (MORGAN; LIKER, 2020). Na obra The machine that changed the world (A máquina que mudou o mundo, em português), publicada em 1990 por James P. Womack, Daniel T. Jones e Daniel Roos, os autores afirmam que, nesse período, a Toyota tinha a metade do tamanho da General Motors (GM). Em 2020, a Toyota se po- sicionou como a segunda maior indústria automobilística do mundo, ficando atrás apenas da Tesla, empresa norte-americana que produz carros elétricos. Antes de 2020, essa posição foi ocupada por 20 anos seguidos pela Toyota. Assim, a Toyota é considerada uma das empresas globais mais consistente- mente bem-sucedidas dos últimos 50 anos. O STP é um clássico modelo de gerenciamento que consagrou o modelo de produção enxuta, que é a base do sucesso duradouro da Toyota. O impacto provocado pela Toyota no mercado automobilístico se deu por causa do STP, um modelo de produção que, segundo Antunes et al. (2008), rompeu paradigmas, por se mostrar como um modelo de produção que se baseia em uma visão de interdependência que conecta as várias partes da produção, reduzindo custos e tornando o processo mais enxuto. Outro aspecto a que podemos creditar o sucesso do STP é o fato de que, no pós- -guerra, apesar da condição precária do Japão, destruído por duas bombas atômicas na Segunda Guerra Mundial, isso não foi motivo para os fundadores da Toyota deixarem de buscar evoluir e construir a grande empresa que se mantém até a atualidade. Note que todos esses esforços nasceram de um processo de reconstrução, em um país devastado pela Segunda Guerra Mundial, que serviu como exemplo de superação para o mundo. De acordo com Motta e Vasconcelos (2014), a Toyota teve o auge da sua visibilidade mundial em meados dos anos de 1970 a 1980, e o sucesso de suas técnicas no STP é atribuído à implementação de uma gerência participativa, aos programas de qualidade e à produção enxuta. Tais técnicas fazem parte dos pilares do STP, que serão abordados na próxima seção. Shingo (2017), autor da obra O sistema Toyota de produção e um dos prin- cipais contribuintes desse revolucionário método de produção, afirma que, Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 O Sistema Toyota de Produção | PARTE 3 45 ao buscar compreender o STP, é necessário entender primeiramente a fun- ção produção de modo geral. Assim, Shingo (2017) resume o mecanismo de função produção (MFP), explicando que ele representa as ações executadas em uma linha produtiva. Até um escritório pode ser entendido dessa forma, onde as ações de trabalho são categorizadas como uma rede de processos e operações, da mesma forma que em uma indústria. As operações são ações que transformam o conjunto de funções no re- sultado do trabalho. Na linha de produção, entendemos que a matéria-prima (MP) entra no processo produtivo e sai na outra ponta transformada em um produto. Para maximizar a eficiência desse processo, é necessário analisar profundamente cada posto de trabalho, o que cada colaborador executa e como ele executa. De acordo com Antunes et al. (2008, p. 71), para implementar esseprocesso, é necessário “[...] visualizar a produção como uma rede de processos e operações a partir da qual se propõe um instrumento de análise de sistemas produtivos intitulado de mecanismo da função produção (MFP)”, conforme mostra a Figura 1. Figura 1. Estrutura da produção seguindo o mecanismo da função produção (MFP). Fonte: Shingo (1996, apud ANTUNES et al., 2008, p. 83). Os pilares do sistema Toyota de produção O STP foi um método revolucionário de se produzir veículos, implementado a partir da década de 1970 na Toyota Motor Corporation. De acordo com Liker e Ross (2018, p. 13), “Os dois pilares principais eram o just-in-time, de Kiichiro Toyoda, e o jidoka (qualidade intrínseca), de Sakichi Toyoda. Se a 46 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Toyota pretendia trabalhar com pouquíssimo estoque e integrar a qualidade em todos os passos, ela necessitaria de um alicerce extremamente estável”. A Figura 2 apresenta os pilares da excelência operacional do STP. Figura 2. O pilares do sistema Toyota de produção. Fonte: Liker e Ross (2018, p. xxiv). A Figura 2 apresenta o STP como uma casa, em que seus dois pilares de sustentação representam, de fato, a cultura da Toyota, com foco em uma produção enxuta, com o JIT, e na automação, com o jidoka. A automação, considerada como sistemas autônomos aplicados na produção para eliminação e redução de falhas e erros, também é reconhecida pelo termo autonomação na literatura de sistemas de produção. Shingo (2017) complementa, apon- tando que os pilares do STP devem buscar o balanceamento da produção, respondendo às questões: quando será feito? Em que ritmo será produzido? A capacidade de produção atende à demanda? Essas questões são tratadas por Shingo como aquilo que está por trás dos pilares do STP. É importante perceber que a Toyota surgiu buscando compreender quais eram as principais anomalias dos sistemas produtivos existentes na época. Com a contribuição de engenheiros brilhantes, como Shigeo Shingo e Taiichi Ohno, surgiu então uma nova conjectura de produção. Um dos pilares, que também se constitui em um dos legados do STP, é a técnica de produção JIT, Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 O Sistema Toyota de Produção | PARTE 3 47 aperfeiçoada pelo engenheiro-chefe da Toyota Taiichi Ohno. A ideia do JIT sempre foi reduzir os desperdícios. Por isso, essa técnica parte do princípio de que, em um processo de produção em fluxos, como na linha de montagem de automóveis, é fundamental que, em cada etapa, a equipe tenha disponíveis os materiais, os ferramentais e os equipamentos necessários para executar a ação. De acordo com Ohno (1997), no JIT, os itens exatos, necessários e na quan- tidade correta devem estar disponíveis no exato momento da produção. Partindo desse pilar, a empresa consegue reduzir desperdícios de mão de obra, materiais e tempo de trabalho. Nesse processo, os estoques de materiais ficam próximos à linha de produção, e o abastecimento de matérias para continuidade da produção ocorre simultaneamente. Com o tempo, o STP evoluiu. Hoje, além dos pilares principais, novos ele- mentos sustentam esses pilares. Liker e Ross (2018) cita o alicerce do “modelo Toyota 2001”. Com o passar do tempo, os japoneses perceberam que apenas produzir muito e com qualidade não representa toda a totalidade de um sistema de produção — é preciso ter em mente que existem pessoas que fazem toda a produção acontecer. É com base nisso que o STP evoluiu, e novos elementos surgiram em seu contexto, conforme pode ser observado na Figura 3. Figura 3. Os sistemas lean contribuem para o kaizen no alicerce do modelo Toyota 2001. Fonte: Liker e Ross (2018, p. xxix). 48 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Na Toyota, todos trabalham com uma mentalidade de evolução constante. Sobre esse aspecto, Liker e Ross (2018, p. 22, grifo nosso) afirmam: “A meto- dologia para a inovação de Ohno foi a mesma que a de Sakichi Toyoda para o tear: kaizen constante. Kaizen significa literalmente ‘mudar para melhor’, porém, no caso da Toyota, significa trabalhar sistematicamente em um desafio, superando todos os obstáculos, um de cada vez”. Assim, no STP, a melhoria contínua é uma filosofia irrefutável, que faz parte do DNA dessa empresa. O próprio Ohno (1997) explica que a melhoria contínua deve ser baseada em dois grandes princípios que se complementam: eliminação de desperdícios e, consequentemente, redução dos custos. Sobre o kaizen, Shimokawa e Fujimoto (2011, p. 61) afirmam o seguinte: O kaizen eficiente depende da cooperação ativa de seus funcionários. Você pode até pensar que está no caminho certo, mas a menos que seus funcionários estejam desempenhando seus papéis de forma ativa, você nunca terá todo o potencial das melhorias. É por essa razão que continuaremos trabalhando até as pessoas na fábrica terem certeza de que acertamos. O tema da melhoria contínua também é muito estudado atualmente nas áreas de gestão da qualidade, engenharia e gestão da produção e administração de modo geral. Embora o kaizen seja confundido com diversos outros nomes, como qualidade total, excelência operacional, produção enxuta, entre outros, o importante é compreender que todos esses métodos se baseiam na filosofia kaizen e partem do pressuposto de que as estratégias de sucesso aplicadas a um produto, serviço ou negócio devem ter como foco os clientes. Para Ohno (1997), em todo processo empresarial que visa a atender ao público, ofertando soluções com qualidade, o outro lado do balcão — ou seja, quem executa — deve sempre se perguntar cinco porquês, de forma a identificar a raiz de possíveis problemas ou até os problemas que já são enfrentados no processo. Depois de terem sido criadas as principais bases do STP, com a produção enxuta, o JIT e os princípios do kaizen, os engenheiros ainda notavam que faltava algo para completar o processo e torná-lo ainda mais funcional e dinâ- mico. Tratava-se do sistema de produção puxada — isto é, puxada pelo cliente (ou pela demanda) —, o qual foi operacionalizada por meio das técnicas do JIT. Surgiu assim outra técnica considerada como pilar do toyotismo: o sistema kanban. Trata-se do modo de operacionalizar a produção por meio do JIT. O kanban nada mais é do que a utilização de plaquinhas retangulares de vinil, com pedaços de papel com as informações sobre o processo de produção. Nos pedaços de papel, são apresentadas três categorias de informações: (1) de Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 O Sistema Toyota de Produção | PARTE 3 49 coleta, (2) de transferência e (3) de produção. Ohno (1997) afirma que a ideia do sistema kanban é possibilitar que essas informações sejam carregadas horizontalmente ou verticalmente dentro da própria produção, como para as empresas fornecedoras de materiais e insumos. Na Figura 4, é possível visualizar a utilização de placas utilizadas para orientar a realização das ações, uma das técnicas do sistema kanban visual. Figura 4. Aplicação do kanban em um modelo “à prova de erros”. Fonte: Liker e Ross (2018, p. 210). Posto isso, você consegue imaginar como os pilares do STP podem ser implementados em segmentos diferentes da indústria? É sobre isso que nos aprofundaremos na próxima seção. Aplicabilidade do sistema Toyota de produção a outras indústrias Antes de nos aprofundarmos na aplicação do STP em diferentes tipos de indústrias, é importante que se compreenda que o sistema de produção en- xuta, aplicado por meio do STP, foi um avanço significativo na literatura sobre sistemas de produção e, até mesmo, sobre gestão de modo geral. Os pilares do STP se tornaram tão impactantes, no sentido positivo, que empresas de outros segmentos passaram a aplicar seus conceitos e práticas, principal- mente por causa da relação preço, custo e lucro no cenário contemporâneo. 50 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II A Toyota entende que o STP pode ajudar a sociedade de modo geral; por isso,ela defende que seu sistema seja implementado em áreas diferentes da indústria. O vídeo “Conheça o TPS: sistema Toyota de produção”, da Toyota do Brasil (CONHEÇA..., 2017), disponível no YouTube, apresenta essa questão em mais detalhes e explica os pilares do STP e como ele pode ser aplicado em um hospital, por exemplo. Sobre o aspecto preço, custo e lucro em relação ao STP, Antunes et al. (2008, p. 35) afirmam que: “Na lógica desenvolvida por Ohno e Shingo, a ideia de custo toma um outro significado. O custo passa a ser compreendido como todo o valor realmente agregado ao produto”. Assim, é possível observar que, na nova lógica do STP, o preço de venda de um produto não se resume à simples soma dos custos de produção mais o lucro. A nova lógica de custos favorece a implementação do STP em indús- trias diferentes, uma vez que considera um preço de venda realista e que é fortemente influenciado pela demanda. Ou seja, é contrária ao contexto tradicional, em que a concorrência era baixa, e as poucas empresas presentes no mercado ditavam as regras, no que se conhece como lógica taylorista/ fordista de determinação de preço de venda. A GM e a Toyota são parecidas em alguns aspectos da produção, especialmente quanto à forma como os custos são contabilizados. Ambas adotam a nova lógica de custos, descrita por Antunes et al. (2008) como lógica de controle de custos. Um fato curioso sobre isso é que a GM e a Ford já participaram de uma parceria industrial: uma joint venture. Tratava-se de uma fábrica localizada em Fremont, na Califórnia, que produzia veículos como resultado de uma parceria entre as duas gigantes do automobilismo. Busque por “GM encerra joint venture com a Toyota”, em O Estado de S. Paulo (GM ENCERRA..., 2009), em seu mecanismo de buscas na internet e saiba mais sobre esse fato que envolveu as duas empresas. Antunes et al. (2008) ainda explicam que, na nova lógica de custos, seguindo os preceitos de Ohno e Shingo, a ideia é que o custo tenha um significado mais amplo, pois envolve todo o valor agregado ao produto, como custos de inspeção, para garantir a qualidade, e custos de paralização da produção, que consequentemente acarreta problemas com entrega das encomendas e compromete a aquisição de novas. Além disso, existem os itens que não geram custos, mas geram prejuízos: os desperdícios. Assim, na lógica de custos do Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 O Sistema Toyota de Produção | PARTE 3 51 STP, os desperdícios são tratados de perto, e o foco é sempre os reduzir ao máximo ou eliminá-los por completo. De acordo com Shingo (2017), a engenharia de valor é o um ponto fundamen- tal para uma indústria que deseja melhorar seus processos, como preconiza o STP. Parte-se do pressuposto do seguinte questionamento: como o produto pode ser redesenhado, manter a qualidade e concomitantemente reduzir os custos de produção? Essa mentalidade é o cerne do STP. Pensando dessa forma, qualquer indústria pode implementar o STP com foco em produzir mais com menos. Posto isso, percebe-se que o STP é um método muito completo de produ- ção. Como vimos, ele se vale de dois pilares fundamentais que se relacionam com uma produção enxuta, ou seja, com foco na redução de custos de arma- zenagem e de produtos desnecessários, uma vez que o JIT foca na produção puxada — ou seja, a produção é puxada pela demanda. No outro pilar, o STP foca em um processo livre de falhas humanas e erros, o jidoka. Ainda, o STP evoluiu e, como também vimos, surgiram elementos que atuam como alicerces do STP, focalizando a qualidade total, como o kanban. Note que todos esses elementos passaram a chamar a atenção de grandes empresas. É nesse contexto que empresas do mundo inteiro passaram a adotar o STP como um modelo de melhores práticas. Coutinho (2020, documento on-line) afirma que o STP se tornou tão respeitado pela forma eficiente de se produzir mais com menos que “[...] outras indústrias automobilísticas como a sua própria concorrente Volkswagen, o fornecedor de autopeças Bosch e a fabricante de radiadores Dehr adotam várias de suas ferramentas em seus processos administrativos e industriais”. Para saber mais sobre o tema, pesquise o artigo “Lean manufacturing: por que adotar o sistema Toyota de produção?”, de Coutinho (2020), em seu mecanismo de buscas na internet. Portanto, percebe-se que o STP não se trata apenas de um novo modo de produzir veículos. Os diversos princípios do sistema Toyota estão presentes no nosso dia a dia em questões que não têm relação alguma com a produção de veículos. Hoje, por exemplo, a técnica do kanban evoluiu de tal forma que se tornou parte de um software de gestão de processos, que é muito utilizado em projetos de diversas áreas. Além disso, o JIT, que foi uma ideia aprimorada de uma observação dos japoneses em supermercados, é utilizado em diferentes tipos de operações produtivas. 52 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Referências ANTUNES, J. et al. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projetos e gestão da produção enxuta. Porto Alegre: Bookman, 2008. CONHEÇA o TPS: Sistema Toyota de Produção. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (4min47s). Publicado pelo canal Toyota do Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=61XeVq-1xbY. Acesso em: 3 maio 2021. COUTINHO, T. Lean manufacturing: por que adotar o Sistema Toyota de produção? Voitto, 2020. Disponível em: https://www.voitto.com.br/blog/artigo/o-sistema-toyota- -de-producao. Acesso em: 3 maio 2021. GM ENCERRA joint venture com a Toyota. O Estado de S. Paulo, 2009. Disponível em: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,gm-encerra-joint-venture-com-a- -toyota,395154. Acesso em: 3 maio 2021. LIKER, J. K. O modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante do mundo. Porto Alegre: Bookman, 2005. LIKER, J. K.; ROSS, K. O Modelo Toyota de excelência em serviços: a transformação lean nas organizações de serviço. Porto Alegre: Bookman, 2018. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MORGAN, J. M.; LIKER, J. K. Projetando o futuro: como a Ford, a Toyota e outras empresas de classe mundial usam o desenvolvimento lean para transformar seus negócios. Porto Alegre: Bookman, 2020. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. G. Teoria geral da administração. 3. ed. rev. São Paulo: Cengage Learning, 2014. OHNO, T. O sistema Toyota de produção: além da produção em larga escala. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. SHIMOKAWA, K.; FUJIMOTO, T. 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Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Contextualização das Filosofias Produtivas | UNIDADE 1 O Sistema Toyota de Produção | PARTE 3 53 Toyotismo Disponível em: http://gg.gg/12czp2. MATERIAL COMPLEMENTAR ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE. PREZADO ESTUDANTE FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO
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