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- -1 ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA DIRETA AO PACIENTE – INSTITUIÇÕES GERIÁTRICAS - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: Compreender a importância do gerenciamento do serviço de enfermagem, dos serviços de reabilitação, dos serviços de alimentação, da higiene e limpeza hospitalar, da infraestrutura de equipamentos e instalações e do apoio de TI aplicados a instituições geriátricas. 1 Introdução A assistência direta ao paciente concentra a maior parte das ações de cuidado em saúde oferecidas à população. Estas atividades se caracterizam pela forte interação do usuário com o sistema e têm impacto direto no seu estado de saúde. A temática de assistência direta está desdobrada ao longo das aulas 5, 6, 7 e 8, focando temas relevantes no nosso contexto atual. Especificamente nesta aula, será compreendida a importância do gerenciamento do serviço de enfermagem, dos serviços de reabilitação, dos serviços de alimentação, da higiene e limpeza hospitalar, da infraestrutura de equipamentos e instalações e do apoio de TI aplicados a instituições geriátricas. 2 Serviços de assistência direta ao paciente Os serviços de assistência direta ao paciente concentram diversas atividades que configuram o próprio objeto de procura do usuário ao sistema e como tal afetam diretamente a oferta dos serviços e impactam na receita deles. Consomem recursos humanos e tecnológicos da organização. Podemos, ainda, indicar que serão a maior fonte de custo para o sistema, constituindo grande desafio ao gestor. Nesta aula, vamos desdobrar alguns aspectos relevantes da assistência direta hospitalar nas instituições geriátricas. Nas aulas 7 e 8, falaremos de forma mais específica, focando no Day Hospital e no .Home Care 3 Saúde para idosos Por si só, o envelhecimento da população é um fenômeno mundial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem previsões de que, em 2030, existirão 1,5 bilhões de pessoas com mais de 60 anos, sendo que os muitos idosos - -3 (com 80 ou mais anos) constituem o grupo etário de maior crescimento. No Brasil, estima-se que haverá cerca de 40 milhões de idosos em 2030, o que pode fazer do Brasil um dos cinco países mais envelhecidos do mundo. A transição demográfica que hoje o Brasil atravessa, em ritmo acelerado, se associou, como em diversos países, ao aumento da demanda por instituições de longa permanência. A correlação multicausal entre estrutura etária da população e demanda por asilos é determinada por seu perfil social e de saúde. Idosos residentes na comunidade nas principais capitais brasileiras apresentam alta prevalência de fatores de risco para institucionalização, doenças crônico-degenerativas e suas sequelas, hospitalização recente e dependência para realizar atividades da vida diária. Quando os idosos carentes apresentam problemas médicos, funcionais e psicossociais suficientemente graves, a ponto de impedi-los de levar uma vida independente, eles são encaminhados às . Em relação à instituições organização das instituições geriátricas, aqui cabe indicar que temos diferenciação de busca entre o idoso e o idoso carente. A transferência do próprio lar para uma instituição de longa permanência é sempre um grande desafio para os idosos, pois se deparam com uma transformação muitas vezes radical do seu estilo de vida, sendo desviados de todo seu projeto existencial. Contudo, não devemos esquecer que, muitas vezes, essa instituição de longa permanência cumpre papel de abrigo para o idoso excluído da sociedade e da família, abandonado e sem um lar fixo, podendo se tornar o único ponto de referência para uma vida e um envelhecimento dignos. - -4 A promoção e a atenção à saúde do idoso englobam medidas preventivas, restauradoras e reabilitativas, visando preservar, manter, restaurar ou desenvolver função, quer seja por distúrbios motores, sensoriais, cognitivos, psíquicos, sociais ou por variáveis múltiplas associadas, com o intuito de proporcionar qualidade de vida. Muitas vezes, percebe-se que o modelo capitalista de produção incorporado pelo sistema industrial e pela sociedade está diretamente ligado ao isolamento social dos idosos, pois ele valoriza a produtividade, ou seja, o ser humano é valorizado na medida em que suas ações sejam produtivas ou lucrativas. O idoso muitas vezes é estigmatizado pela sociedade como ser improdutivo e incapaz, deixando-o sem perspectivas e visualizando-o como “encargo e prejuízo social”. Verifica-se que a discriminação resultante deste processo cria o desinteresse na otimização da assistência geriátrica, caracterizando a prestação de cuidado ao idoso, como um ato caritativo, sem conscientização dos direitos destes indivíduos, e proporcionalizando-lhes a perda de sua cidadania. 4 Cultura e formas de organização das instituições geriátricas Falar de gestão implica em falar de grupo social e cultura organizacional. Com as condicionantes descritas anteriormente, percebe-se que estas instituições carregam aspectos distintos e únicos em sua cultura dignos de estudo.organizacional Cultura organizacional é o modelo dos pressupostos básicos, que determinado grupo tem inventado, descoberto ou desenvolvido no processo de aprendizagem para lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna. Uma vez que os pressupostos tenham funcionado bem o suficiente para serem considerados válidos, são ensinados aos demais membros como a maneira correta para se perceber, se pensar e sentir-se em relação àqueles problemas. As organizações têm desenvolvido modelos culturais diferentes e a maneira como cada uma é organizada e a forma como as pessoas operam dentro da estrutura são fortes determinantes e expressão de sua cultura. A cultura das organizações exerce funções de controle extremamente sofisticadas. Através do desenvolvimento e da sedimentação de uma cultura forte e coesa, as organizações buscam restaurar perdas psicológicas nos indivíduos que nela trabalham, repondo um quadro de valores, crenças e pressupostos orientador de um comportamento coletivo conveniente aos seus objetivos. As instituições são um misto de pessoas, tarefas, estruturas, ambiente, tecnologia e cultura, interligadas a sistemas externos, funcionando dentro da formalidade e da informalidade. O enfoque principal de todos os tipos - -5 de instituições se dá no homem, no seu comportamento, no sistema de incentivos e na relação de seus objetivos com os da organização. O objetivo sempre é a obtenção de resultados favoráveis à organização e ao indivíduo. Assim, produto/serviço de uma instituição é o resultado do conjunto de processos, que é realizado ao receber insumos e utilizar os recursos da instituição. As funções de administração são distintas, porém, interligadas. A normalização de todas as áreas da instituição traz facilidades para seus administradores, por economizar horas de reunião, facilitar o treinamento, agilizar supervisões e tornar o ambiente harmonioso e profissional. A grande vantagem está na resposta imediata e padronizada às inúmeras situações que ocorrem no dia-a-dia institucional. 5 O que uma instituição geriátrica deve prover? Podemos identificar que administrativamente uma instituição geriátrica deve prover: Recursos Humanos Realizando atividades de recrutamento/seleção/desligamento, avaliação de desempenho; treinamento de integração e treinamento em serviço. Serviço de Enfermagem Procedimentos típicos: lavagem de mãos; higiene oral; higiene íntima; higiene após evacuação; restrição no leito; cuidados com pés e manutenção das unhas dos idosos; aplicação de calor; aplicação de frio; oxigenoterapia (cateter nasal, máscara, inalador, nebulização via traqueostomia); controle de diurese; lavagem intestinal; punção venosa periférica; aspiração das vias aéreas; verificação dos sinais vitais (pressão arterial, frequências cardíaca e respiratória e temperatura axilar); medicação (oral, sublingual, tópica, ocular, auditiva, nasal, vaginal, retal);prevenção de úlcera de pressão; passagem e remoção de sonda nasogástrica; curativos. Serviço Social Procedimentos típicos: visita a instituições sociais da comunidade; encaminhamento de idosos às instituições sociais da comunidade. Serviço de Nutrição Procedimentos típicos: higienização das mãos; higiene pessoal; higiene do local de trabalho; higiene com os alimentos; higienização e pré-preparo de vegetais; preparo e montagem de saladas; pré-preparo e preparo de alimentos enlatados, cereais, leguminosas e ovos; pré-preparo de carnes; descongelamento de alimentos; utilização de sobras; estrutura física da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN); refeitório; serviço de café, chás, sucos e lanches; distribuição de refeições (idosos independentes e semidependentes); distribuição de - -6 refeição/preparo da bandeja para idosos dependentes; preparo do lanche da tarde (para idosos dependentes); preparo de iogurte; distribuição de dietas por sonda (idosos dependentes); preparo de sucos da dieta por sonda (idosos dependentes); aquisição de alimentos; recebimento de produtos alimentícios; conferência das condições de entrega dos gêneros alimentícios; seleção dos alimentos; armazenamento de gêneros alimentícios; lavagem e esterilização; equipamentos e utensílios. Serviço de Manutenção Geral Procedimentos típicos: estabelecimento da periodicidade da manutenção preventiva; critérios de frequência da manutenção preventiva; reposição de material para manutenção de equipamentos e de infraestrutura (materiais hidráulico, elétrico e para grupo gerador); relação de ferramentas para manutenção de equipamentos eletrônicos, mecânicos e de refrigeração); manutenção preventiva de equipamento eletromecânico. Serviço de Zeladoria Procedimentos: Limpeza terminal de quartos; limpeza com pano úmido; remoção de poeira; brigada contra incêndio. 6 Dificuldades na gestão Podemos identificar diversos fatores que causam dificuldades na gestão de instituições geriátricas. Exemplificamos alguns a seguir: • Carência econômica de parte dos idosos. • Custo e especificidade da alimentação. • Consumo de produtos de higiene pessoal (especificamente a fralda geriátrica). • Gestão dos medicamentos. • Custo elevado da folha de pessoal. • Baixa incorporação tecnológica em automação. • Custos fixos elevados. • Especificidade de equipamentos de autoajuda, muitas vezes sem grandes possibilidades de aproveitamento compartilhado. • Especificidade de mobiliário e utensílios visando minimizar fraturas. • Necessidade de áreas de lazer e conforto ampliadas em relação a outros modelos de organizações de saúde. 7 Variáveis de estudo diferenciado Espaço O relacionamento espacial do idoso envolve movimentos e distâncias não mais relacionados com aqueles que lidava no passado. Considerando que na maioria das situações, o idoso busca a instituição justamente quando a • • • • • • • • • • - -7 independência pessoal se dilui, o confronto do ser com o espaço assume uma dimensão nova, onde o risco do deslocamento é o fator de busca de assistência. Tempo O tempo do idoso reflete de forma interdependente sua relação com o espaço. Os mecanismos de interação com a realidade se manifestam em tempos distintos daqueles percebidos pelo adulto em geral. O espaço nas instituições é dividido como forma de organizar o poder, o tempo e os horários. As instituições proporcionam atividades de rotina diária e também “extraordinárias”, ou seja, não ordinárias. O asilamento é confinamento, é viver dentro de limites e fronteiras, no finito, na finitude, sem horizontes para longe, para fora. A fronteira do asilo são suas cercas ou muros. Assim, as visões de si e das circunstâncias se articulam às condições e à história em que se situa o curso da vida (life-span) dos internos na multidimensionalidade e heterogeneidade da velhice. As rotinas homogeneízam, não sem resistências. 8 Rotinas Sem buscar uma padronização exacerbada de rotinas, e buscando uma forma exemplificativa e não exaustiva, temos como exemplo uma possibilidade de rotina: Café da manhã: 7h15min às 8h. Às 7h15min, começam a servir o café da manhã. Horário de medicações: 8h às 8h30m. Banho: 8h30min às 11h. Os banhos são dados por cuidadores, pelos enfermeiros ou pelos dois ao mesmo tempo, dependendo do caso. Fisioterapia: Após o banho, para quem precisa. Atividades de lazer: Após o banho para os que não precisam de fisioterapia. Lanche das 10h: Diferencial para diabéticos e mais debilitados. Almoço: Entre 11h e 11h30min. Cochilo dos idosos: Entre 12h e 14h. Verificação/revisão dos quartos e dos idosos: Após o banho da manhã e ao longo do dia. Lanche: Entre 14h30min e 15h30min. Banho: Entre 15h30min e 17h, ocorre a troca de fraldas, de lençóis para quem precisa. Recolhimento: Entre 17h e 18h. Ronda: Entre 18h e 19h. Café/ceia: 19h da noite. Medicação: É dada entre 19 e 20h30min. - -8 Troca de fraldas e lençóis: 20h45min às 23h. Repouso noturno: a partir das 22h. O que vem na próxima aula Na próxima aula, você verá o seguinte assunto: • A importância do gerenciamento do serviço de enfermagem, dos serviços de reabilitação, dos serviços de alimentação, da higiene e limpeza hospitalar, da infraestrutura de equipamentos e instalações e do apoio de TI aplicados a organizações Day Hospital. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Compreendeu a importância do gerenciamento do serviço de enfermagem, dos serviços de reabilitação, Saiba mais Sugestões de leitura: • Estado da Bahia: “PORTARIA Nº 810/89 – Normas para funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras instituições destinadas ao atendimento de idosos”.. • RDC nº283, de 26 de setembro de 2005 – Aprovar o regulamento técnico que define normas de funcionamento para as instituições de longa permanência para idosos. • Compêndio de Legislação para a terceira idade. • Tese relacionada à Geriatria. Apenas as páginas 39 a 46 que descrevem pesquisa sobre características quantitativas relacionadas às instituições geriátricas. • Tese: “Treinamento Interdisciplinar em Saúde do Idoso: um modelo de programa adaptado às especificidades do envelhecimento”. • Instituições de longa permanência para idosos caracterização e condições de atendimento – estudo estado do paraná. • Artigo: “Instituições de longa permanência para idosos – ILPIS: desafios e alternativas no município do Rio de Janeiro ”. • Artigo: “Cotidiano e relações de poder numa instituição de longa permanência para pessoas idosas”. • Artigo: Artigo: “Instituições de longa permanência para idosos: possibilidades contemporâneas de moradia”. • Artigo: “Roteiro de Inspeção para ILPI”. • • • • • • • • • • • • http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/cidadania/geido/legislacao/portaria_810_89.asp http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/cidadania/geido/legislacao/portaria_810_89.asp http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/cidadania/geido/legislacao/portaria_810_89.asp http://www.ciape.org.br/resolucao383.pdf http://www.ciape.org.br/resolucao383.pdf http://www.ciape.org.br/resolucao383.pdf http://www.ouvidoriadoidoso.org.br/index.php?func=leis http://ged1.capes.gov.br/CapesProcessos/919698-ARQ/919698_5.PDF http://www.crde-unati.uerj.br/publicacoes/pdf/tisi.pdf http://www.crde-unati.uerj.br/publicacoes/pdf/tisi.pdf http://www.ipardes.gov.br/biblioteca/docs/inst_longa_perm_idosos.pdf http://www.ipardes.gov.br/biblioteca/docs/inst_longa_perm_idosos.pdf http://revista.unati.uerj.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232008000100004&lng=pt&nrm=iso http://revista.unati.uerj.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232008000100004&lng=pt&nrm=iso http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/6347/4646 http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/6347/4646 http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/viewFile/6914/5006 http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/viewFile/6914/5006 http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/2/docs/roteiro.pdf - -9 • Compreendeu a importânciado gerenciamento do serviço de enfermagem, dos serviços de reabilitação, dos serviços de alimentação, da higiene e limpeza hospitalar, da infraestrutura de equipamentos e instalações e do apoio de TI aplicados a Instituições Geriátricas. • Olá! 1 Introdução 2 Serviços de assistência direta ao paciente 3 Saúde para idosos 4 Cultura e formas de organização das instituições geriátricas 5 O que uma instituição geriátrica deve prover? 6 Dificuldades na gestão 7 Variáveis de estudo diferenciado 8 Rotinas O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
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