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Saúde e Bem-estar Psicológico Psicologia do Esporte Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria JESSICA DE ASSIS SHEILA SOMA AUTORIA Jessica Assis Sou doutora em Psicologia pelo Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), mestre em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva pela USP e graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Tenho experiência nos seguintes temas: análise comportamental, subjetividade, saúde do trabalhador, validação e análise de instrumentos, prevenção a violência contra a criança e adesão ao tratamento. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Sheila Soma Tenho graduação em Psicologia pelo Centro de Estudos Superiores de Londrina. Sou especialista em Gestão Pessoas pela Universidade Norte do Paraná (Unopar), mestre em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), doutora em Psicologia pela UFSCar, pesquisadora do Laboratório de Estudos e Prevenção da Violência (Laprev) e escritora dos livros O segredo da Tartanina, O segredo da Tartanina: manual do adulto e O tesouro da Tartanina. Tenho experiência na área de Psicologia com ênfase em Intervenção Terapêutica, docência e capacitação de profissionais, atuando, principalmente, nos seguintes temas: prevenção e intervenção nos casos de abuso sexual infantojuvenil e demais violências. Atualmente, sou psicóloga clínica, atuando, também, com supervisão profissional, cursos e pesquisas na área. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Autoconfiança e Concentração ............................................................ 12 Autoconfiança .................................................................................................................................... 12 Benefícios da Autoconfiança ............................................................................... 15 Modelo de Confiança Esportiva ........................................................................ 16 Concentração ..................................................................................................................................... 17 Focalização nos Sinais Ambientais Relevantes ..................................... 18 Manutenção do Foco de Atenção .................................................................. 20 Focos de Atenção: Três Processos ..................................................................................... 21 Atenção Seletiva ........................................................................................................... 21 Capacidade de Atenção ..........................................................................................22 Atenção Vigilante .........................................................................................................22 Exercícios para o Bem-Estar Psicológico .........................................24 Compreendendo o Efeito do Exercício no Bem-Estar Psicológico ...........24 Modificando Personalidade e Funcionalidade Cognitiva com Exercícios ..............................................................................................................................................27 Personalidade .................................................................................................................27 Exercício e Desenvolvimento do “Eu”............................................................28 Exercício e Resiliência ..............................................................................................29 Funcionamento Cognitivo ..................................................................................... 30 Reduzindo a Ansiedade e a Depressão com Exercícios .................................... 31 Exercícios na Redução da Ansiedade ...........................................................32 Exercício na Redução da Depressão .............................................................35 Lesões Esportivas e Psicológicas: Comportamentos Dependentes e Patológicos ...................................................................38 Entendendo a Lesão .................................................................................................................... 38 Causas das Lesões .................................................................................................... 39 Fatores Físicos ............................................................................................................... 39 Fatores Sociais ............................................................................................................... 40 Fatores Psicológicos ................................................................................................. 40 Fatores de Personalidade ...................................................................................... 41 Níveis de Estresse .......................................................................................................42 Papel da Psicologia do Esporte na Reabilitação de Lesões ...........................44 Psicologia de Recuperação ..................................................................................45 Aplicações para o Tratamento e a Recuperação da Lesão ..........47 Efeitos do Treinamento Excessivo e a Síndrome de Burnout ... 51 Treinamento Excessivo................................................................................................................ 51 Síndrome de Burnout ....................................................................................................................55 Modelos de Burnout .....................................................................................................................57 Modelo Afetivo Cognitivo de Estresse .........................................................57 Modelo de Resposta Negativa de Estresse e Treinamento ........ 58 Modelo de Desenvolvimento de Identidade Unidimensional e Controle Externo .......................................................................................................... 59 Teoria do Compromisso e do Aprisionamento ......................................60 Teoria da Autodeterminação ...............................................................................61 Modelo Integrado de Burnout Atlético ........................................................629 UNIDADE 04 Psicologia do Esporte 10 INTRODUÇÃO Por meio da área de Psicologia Esportiva é possível aprofundar conceitos a respeito das habilidades psicológicas, bem como aplicar questionamentos acerca do bem-estar psicológico. Ademais, pode-se conhecer as lesões esportivas e psicológicas que acometem os atletas, além de possibilitar a avaliação de treinamento excessivo e como podem acontecer os agravos negativos e positivos para o estado do atleta e a possibilidade de compreender a síndrome de burnout. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Psicologia do Esporte 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Definir os conceitos de algumas habilidades psicológicas, como autoconfiança e poder de concentração, aplicando técnicas e ferramentas cognitivas para o desenvolvimento dessas habilidades em atletas de alta performance. 2. Aplicar exercícios para o bem-estar psicológico, compreendendo os motivos para se exercitar e os fatores determinantes para a adesão ao exercício dessas atividades. 3. Discernir sobre lesões esportivas e psicológicas, identificando atletas que apresentem riscos de lesão, comportamentos dependentes e patológicos. 4. Avaliar os efeitos do treinamento excessivo, compreendendo a síndrome de burnout, seus sintomas, tratamento e formas de prevenção. Psicologia do Esporte 12 Autoconfiança e Concentração OBJETIVO: Ao término deste Capítulo você será capaz de compreender e definir conceitos como autoconfiança e concentração, além de aplicar técnicas e ferramentas para o aprimoramento dessas competências em um atleta de alta performance. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Autoconfiança A autoconfiança pode ser definida como a convicção em que é possível concretizar com êxito um comportamento almejado, bem como ser estabelecida como o construto intelectual sociável, podendo conter mais de um traço ou estado, conforme a organização de alusão temporária empregada (WEINBERG, 2017). Figura 1 – A autoconfiança pode ser expressada no “você acredita que vai conseguir” Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 13 A confiança pode ser caracterizada de modo distinto se analisada em comparação à competição atual versus a confiança relacionada à temporada que está por acontecer versus o grau de confiança que, normalmente, a pessoa demonstra (WEINBERG, 2017). Geralmente, a confiança pode ser o sentimento que o indivíduo sente hoje, podendo ser de caráter instável, estado de autoconfiança ou uma parcela da sua personalidade, sendo, então, algo estável, como um traço de autoconfiança (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). A confiança pode ser afetada pela cultura estrutural própria ou, ainda, pelas forças socioculturais gerais que envolvem o esporte. Atletas podem obter retorno positivo do seu técnico, que o auxilia a fortalecer a confiança, sem que haja comparação de retorno ou retornos negativos, que pode vir a desestruturar a sua confiança. No meio esportivo, o desempenho de algumas atividades é visualizado como apropriado para sujeitos do sexo masculino; enquanto outras, para o sexo feminino, por exemplo, a luta greco-romana e a patinação artística, respectivamente. Esse tipo de classificação pode interferir diretamente na confiança desses atletas (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). Figura 2 – A patinação é tida como um esporte próprio para mulheres Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 14 No momento em que um atleta espera que algo não saia como o esperado, forma-se o que é possível conhecer como “profecia autorrealizável”. Dessa maneira, anseia-se que alguma coisa aconteça para amparar o que ocorre. Lamentavelmente, esse acontecimento é habitual para programas esportivos que envolvem competições. As profecias autorrealizáveis designadas como negativas são obstáculos desfavoráveis que desencadeiam ciclos viciosos, e a possibilidade de derrota pode provocar a derrota real, que é capaz de reduzir a autoimagem e elevar as probabilidades de um fracasso que possa existir no futuro (WEINBERG, 2017). EXEMPLO: Quando um jogador de beisebol, na posição de batedor, em uma fase ruim de sua carreira, tende a gerar expectativas de que vai rebater a bola para fora, ele eleva a ansiedade e reduz a concentração, o que, normalmente, resulta em perspectivas mais baixas e uma má performance. Estudos revelam que em pontos específicos de personalidade, a autoconfiança é algo multidimensional. Assim, existem vários tipos de autoconfiança no mundo esportivo. Que tal vermos a seguir algum desses pontos. Vamos lá? • Confiança na capacidade particular do sujeito em desenvolver competências físicas. • Confiança na capacidade particular do sujeito em empregar capacidades psicológicas. Exemplo: desenvolver mentalização e criar diálogo com seu interior. • Confiança na capacidade particular do sujeito em utilizar suas capacidades de percepção. Exemplo: realizar tomada de decisões e adaptar-se a situações. • Confiança pessoal no grau de condicionamento físico e na possibilidade de treinamentos. • Confiança pessoal no potencial particular de aprendizado ou na capacitação em aprimorar as próprias competências. Psicologia do Esporte 15 A avaliação dos tipos de autoconfiança em atletas de alta performance concebe o conhecimento de outros modos de autoconfiança, como a acreditação na capacidade particular que se tem em alcançar o objetivo (vencer e aprimorar a execução das atividades), e a confiança na superação do oponente. Esse tipo de avaliação intensifica o conceito de que atletas de alta performance necessitam acreditar em sua própria capacidade particular, sendo, portanto, harmônico com a acreditação em si próprio (WEINBERG, 2017). Benefícios da Autoconfiança A autoconfiança é determinada como a expectativa elevada em alcançar o sucesso, podendo auxiliar o sujeito a estimular sentimentos positivos, contribuir para a concentração, definir objetivos, elevar o esforço, agrupar estratégias de jogos e preservar o embalo. Contudo, a confiança pode interferir no afeto, nas ações comportamentais e no comportamento cognitivo da pessoa (FERNANDES et al., 2021). Vejamos a seguir cada aspecto benéfico da autoconfiança. Tabela 1 – Aspectos da autoconfiança Aspectos Caracterização Confiança inicia sentimentos positivos O indivíduo sente-se confiante, tendo mais chances de manter-se calmo e relaxado diante da pressão. Confiança oportuniza a concentração O sujeito sente-se confiante, portanto, sua mente apresenta-se livre para exercer a concentração nas ações que está a desenvolver. Confiança interfere nas metas A pessoa confiante determina metas altamente desafiadoras e persiste para alcançá-las ativamente. Confiança eleva o esforço O indivíduo empenha-se e persiste para atingir o objetivo. Confiança interfere nas estratégias de jogo Sujeitos confiantes, normalmente, jogam para ganhar, e não apresentam receios quanto a correr riscos, assumindo o controle competitivo em busca de vantagens. Confiança interfere o embalo psíquico Alterações de embalo são visualizadas como preditoras para derrotas ou vitórias. Confiança interfere no desempenho Atletas visualizam essa relação como indispensável entre confiança e desempenho. Fonte: Elaborado pelo autor com base em Weinberg (2017). Psicologia do Esporte 16 Modelo de Confiança Esportiva O modelo de confiança esportiva tem quatro unidades formadoras, que se diferem da autoconfiança esportiva. Vejamos a seguir quais são esses elementos componentes: • Construtos de confiança esportiva: tem organização multidimensional, agrega confiança nas habilidades físicas, psíquicas e perceptivas, habilidades de adaptação, grau de condicionamento e treino, capacidadede aprendizado e tomada de decisões. • Fontes de confiança no esporte: várias fontes são capazes de interferir na autoconfiança esportiva, podendo ser categorizadas como centradas na atmosfera social, autorregulação e realização. • Consequências da confiança esportiva: as consequências fazem menção ao afeto, ao comportamento e às cognições do indivíduo em posição atlética, conhecido como “triângulo ABC”. O grau de confiança esportiva compõe, de modo ininterrupto, esses três segmentos. Figura 3 – O afeto pode ser atingido por uma consequência esportiva Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 17 • Fatores que influenciam a confiança esportiva: características demográficas e de personalidade podem influenciar a confiança. Concentração A atenção de um sujeito e a atribuição no desempenho humano tem objetivos de análises e discussões ao longo dos tempos. As pessoas sabem que a atenção pode ser definida pela mente, de modo claro e evidente, de um ou inúmeros objetos ou pensamentos ao mesmo tempo. O foco e a concentração de pensamento são indispensáveis, demandam o desligamento de algumas coisas para enfrentar com êxito outras (FERNANDES et al., 2021). A concentração é focalizada em aspectos individuais, podendo ser considerada, ainda, como o esforço mental a respeito dos acontecimentos mentais e sensoriais. A concentração pode ser definida como a capacidade de um indivíduo em executar esforço mental decidido a respeito do que é mais importante em qualquer circunstância (FERNANDES et al., 2021). IMPORTANTE: Outra caracterização sobre concentração no âmbito do esporte tem quatro componentes elementares, sendo elas: 1. Foco nos sinais importantes do ambiente. 2. Preservação do foco de atenção em todo o período. 3. Consciência da circunstância e dos erros na performance. 4. Alteração do foco de atenção sempre que preciso. Psicologia do Esporte 18 Figura 4 – O foco deve ser modificado sempre que houver necessidade Fonte: Freepik Focalização nos Sinais Ambientais Relevantes Uma parcela da concentração representa o foco nos aspectos ambientais pertinentes, ou na atenção seletiva. Aspectos irrelevantes devem ser descartados. Em uma partida, depois de iniciada, o foco dos atletas precisa estar centrado na defesa, nos recebedores e no desenvolvimento das jogadas da melhor maneira preferível; barulhos e princípios que desencadeiam a distração devem ser mantidos em segundo plano (WEINBERG, 2017). O conhecimento e a prática podem ser fatores que auxiliam no desenvolvimento da atenção seletiva; um atleta não precisa, necessariamente, deter atenção em todas as especificidades das habilidades, pois com a realização constante, tendem a tornar-se automáticas. Quanto mais conhecedor de suas competências for o jogador, este portará aspectos automatizados, dominando atenção em vários aspectos do jogo e demais jogadores (FERNANDES et al., 2021). Psicologia do Esporte 19 REFLITA: A focalização externa, aspectos externos ao corpo, podem ser mais eficazes que os aspectos internos, dentro do corpo. O enfoque distal externo é capaz de criar acentuação no desempenho quando comparado ao enfoque externo. Quando maior for o foco empregado em si mesmo ou em questões próximas a si, menor será o desempenho na performance atlética. O foco externo pode, ainda, ajudar a economizar movimentos por meio da elevação da efetividade do gasto de oxigênio (WEINBERG, 2017). Figura 5 – O foco em questões externas ao indivíduo eleva o desempenho Fonte: Freepik O enfoque externo eleva o desempenho, a efetividade de movimentos e a cinemática das movimentações. O resultado alcançado no desempenho e na biomecânica emprega uma diversidade de circunstâncias de instrução e habilidade, além de indivíduos com graus distintos de conhecimentos sobre competências. Desse modo, a eficiência de um foco externo revela que inúmeros fatos e pontos de performance, docentes e técnicos, necessitam instruir atletas com atribuições de enfoque externo (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). Psicologia do Esporte 20 Manutenção do Foco de Atenção Preservar o foco de atenção no decorrer de toda a competição faz parte da composição do processo de concentração. Manter-se concentrado pode ser algo difícil. Os indivíduos que se detêm a algo apresentam cerca de 4 mil pensamentos diferentes em um dia, uma média de 16 horas. Portanto, controlar o pensamento não é algo fácil e simples. Diversos atletas têm momentos de imensidade, entretanto, poucos são capazes de manter elevado o nível esportivo no decurso das competições (FERNANDES et al., 2021). IMPORTANTE: Manter-se centrado por períodos extensos não é algo fácil, uma simples distração momentânea é capaz de fazer o atleta perder o foco no jogo e migrar para o lado oposto das jogadas anteriormente traçadas nos treinos. Figura 6 – A concentração para algumas pessoas pode ser algo difícil Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 21 Alguns atletas tendem a apresentar-se mais exaustos mentalmente do que fisicamente após um jogo ou campeonato, isso acontece pelo fato de que a concentração é algo exaustivo, porém necessária ao jogador. Os intervalos que acontecem durante um tempo de jogo pode ser algo dificultoso, tendo em vista que a recuperação da concentração após esse período pode ser defasada (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). Focos de Atenção: Três Processos As concepções a respeito da atenção visam explicar o papel da atenção e atuação diante da abordagem de informações. A habilidade de atenção é tida como uma distribuição por todo o sistema nervoso de um indivíduo. Na atuação de informações, três processos podem ser destacados acerca do elevado enfoque em esclarecer a associação atenção-desempenho de um sujeito (WEINBERG, 2017). Veja a seguir. Atenção Seletiva A atenção seletiva aborda o manter algumas informações de um conjunto de processamento de informações, e averiguar ou ignorar outras. Não diz respeito, especificamente, ao tempo de foco, e sim o que é focado para, assim, desenvolver o bom desempenho (WEINBERG, 2017). VOCÊ SABIA? Na atenção seletiva, três erros podem ser cometidos, sendo eles: 1. Falha em focar a concentração nos componentes relevantes para o desenvolvimento da atividade. 2. Distrair-se do que de fato é relevante e focar em algo irrelevante. 3. Incapacidade em fragmentar a concentração entre todos os indicadores relevantes que necessitam ser processados juntos. Psicologia do Esporte 22 Figura 7 – A distração é algo comum de acontecer e precisa ser trabalhada Fonte: Freepik Capacidade de Atenção A capacidade de atenção aborda o fato de que a atenção é algo limitado, ou seja, um indivíduo só consegue verificar e se deter a uma única informação por vez. Entretanto, atletas aparentam ter sua concentração em mais de uma situação por vez, e isso acontece pelo fato de que eles atravessam o processamento de informações controladas para o processamento automatizado, à medida que tornam-se mais habilidosos (WEINBERG, 2017). Atenção Vigilante A atenção vigilante aborda a ideação de que a elevação da ativação emocional diminui o campo de atenção, pois desencadeia o estreitamento sistemático na gama de evidências de execução de competências do atleta. A ativação pode provocar a eliminação da sensibilidade das evidências centradas no campo visual periférico (WEINBERG, 2017). Psicologia do Esporte 23 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a autoconfiança pode ser definida como a convicção em que é possível concretizar com êxito um comportamento almejado. Além disso, também pode ser estabelecida como o construto intelectual sociável que pode conter mais de um traço ou estado, conforme a organização de alusão temporária empregada. Assimcomo deve ter aprendido que a autoconfiança pode auxiliar o sujeito a estimular sentimentos positivos, contribuir para a concentração, definir objetivos, elevar o esforço, agrupar estratégias de jogos e preservar o embalo. Aprendido, também, que a atenção de um sujeito e a atribuição no desempenho humano tem objetivos de análises e discussões ao longo dos tempos. As pessoas sabem que a atenção pode ser definida pela mente, de modo claro e evidente, de um ou inúmeros objetos ou pensamentos ao mesmo tempo, assim como alguns atletas tendem a apresentar-se mais exaustos mentalmente do que fisicamente após um jogo ou campeonato, isso acontece pelo fato de que a concentração é algo exaustivo, porém necessária ao jogador. Psicologia do Esporte 24 Exercícios para o Bem-Estar Psicológico OBJETIVO: Ao término deste Capítulo você será capaz de entender e aplicar exercícios em prol do bem-estar psicológico, além de ser capaz de compreender os motivos para se exercitar e os fatores determinantes para a realização de exercícios e atividades. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Compreendendo o Efeito do Exercício no Bem-Estar Psicológico Existe uma associação positiva entre o exercício e o bem-estar psíquico. Inúmeros exercícios têm relação com os níveis mais elevados de auto eficácia e habilidades notadas, melhores índices de motivação para o desenvolvimento e desejo de se exercitar, grau mais alto de instrução voltada para a atividade e níveis menores de quadros depressivos (FRADES et al., 2020). IMPORTANTE: Diversas possibilidades, sendo elas físicas ou psicológicas, são capazes de esclarecer como o exercício eleva o bem- estar do sujeito, embora nenhuma destas apresentem suporte como o mecanismo essencial e isolado para a criação de mudanças positivas em quem pratica esportes (WEINBERG, 2017). Psicologia do Esporte 25 Figura 8 – O bem-estar pode estar atrelado a diversos fatores Fonte: Freepik É muito provável que as mudanças positivas no bem-estar psicológico sejam decorrentes da relação entre fatores fisiológicos e psicológicos. Desse modo, vejamos a seguir os principais aspectos capazes de responder por meio do efeito positivo diante do bem-estar psicológico: Explicações fisiológicas • Fluxo sanguíneo cerebral elevado. • Modificações nos neurotransmissores cerebrais. • Aumento do gasto de oxigênio e liberação de oxigênio em direção aos tecidos cerebrais. • Diminuição da tensão muscular. • Modificações na estrutura cerebral. • Elevação na concentração sérica de receptores endocanabinóides. Psicologia do Esporte 26 Explicações psicológicas • Elevação do sentimento de controle. • Sensação de auto eficácia e competência. • Comunicações sociais positivas. • Melhora nos padrões de autoconceito e autoestima. • Ocasiões de lazer e prazer. Figura 9 – O lazer é algo que contribui positivamente para o estado psicológico de um indivíduo Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 27 Modificando Personalidade e Funcionalidade Cognitiva com Exercícios Além de analisar as relações existentes entre o exercício e a ansiedade, quadros depressivos e humor, é possível indagar se o exercício pode alterar a personalidade e/ou o desempenho cognitivo de um indivíduo (CONDE, 2020). Personalidade Percentuais mais altos de autoconfiança, maiores sentimentos de controle, melhorias na imaginação e elevação do entendimento sobre a autossuficiência são pontos que podem ser visualizados em análises sobre o condicionamento físico e as alterações de personalidade, além de aprimorar a performance física e destacar os efeitos psicológicos dos sujeitos (CONDE, 2020). Figura 10 – A autoconfiança eleva todos os outros sentimentos Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 28 Os exercícios aeróbios podem elevar os níveis de autossuficiência e intelecto, bem como reduzir o padrão de insegurança de uma pessoa. Modificações positivas em diversos âmbitos podem acontecer juntamente com o ajuste de personalidade (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). Exercício e Desenvolvimento do “Eu” O autoconceito, a autoestima e a autoeficácia de um atleta podem ser os aspectos do “eu” que se relacionam e fazem referência a como os sentimentos se expressam diante das próprias capacidades (WEINBERG, 2017). O autoconceito agrega todas as referências daquilo que acreditamos ser, é algo indispensável à nossa vitalidade consciente. Desse modo, inúmeras pessoas acreditam que esta é a mensuração mais significativa do bem-estar psicológico (CONDE, 2020). VOCÊ SABIA? Alterações positivas na autoestima são percebidas, normalmente, durante o período de tempo de, pelo menos, um ano, podendo ser percebidas em pessoas consideradas normais, que se encontram em processo de emagrecimento, reabilitação de transtornos etc. A autoestima saudável é um componente indispensável para a saúde mental, e existem resultados que indicam que a realização de atividades físicas desponta efeitos positivos e consecutivos na autovalorização de autoestima das pessoas (CONDE, 2020). Psicologia do Esporte 29 Figura 11 – A autoestima pode ser elevada diante de diversas situações Fonte: Freepik De modo consistente, o exercício é atrelado a constantes modificações psicológicas positivas envolvendo autoconceito, autoestima e imagem corporal, componentes indispensáveis para o funcionamento necessário e adequado dos quadros psicológicos (WEINBERG, 2017). Exercício e Resiliência A resiliência faz referência a como um sujeito suporte situações de alto estresse. Este desencadeia efeitos extenuantes e pequenos em um indivíduo com personalidade resiliente. Para ser considerada uma pessoa resiliente, normalmente, os sujeitos tendem a apresentar alguns traços (CONDE, 2020). Vejamos a seguir quais são esses traços: • Ter senso de controle particular diante dos acontecimentos externos. • Possuir senso de compreensão, compromisso e determinação na vida habitual. Psicologia do Esporte 30 • Maleabilidade em se adaptar a alterações inesperadas, entendimento acerca das adversidades e possibilidades de crescimento. Os exercícios atrelados à resiliência são capazes de diminuir efeitos negativos que possam ser desencadeados por estresse. De modo geral, a associação do exercício com a personalidade resiliente é efetiva para manter a saúde (CONDE, 2020). Figura 12 – A capacidade em superar obstáculos deve ser trabalhada Fonte: Freepik Funcionamento Cognitivo Por um longo período de tempo, acreditou-se que o crescimento motor era algo imprescindível para o progresso intelectual das crianças, e que a capacidade de aprender se diferenciava a depender do grau de condicionamento físico delas (CONDE, 2020). IMPORTANTE: O exercício agudo aumenta o funcionamento cognitivo por meio da memória de trabalho somente para os indivíduos que apresentam baixo grau de memória de trabalho. Desse modo, as divergências particulares das pessoas se destacam por meio dos efeitos causados pela prática de exercícios na função cognitiva (WEINBERG, 2017). Psicologia do Esporte 31 De maneira singular, exercícios de intensidade moderada apresentam associação com a elevação do desempenho da função executiva, acerca da memória de trabalho e da agilidade de concentração, conforme o exercício de intensidade elevada aprimora a rapidez do processamento de informações (CONDE, 2020). Figura 13 – Exercícios de intensidade moderada elevam a concentração Fonte: Freepik Reduzindo a Ansiedade e a Depressão com Exercícios Os problemas relacionados à saúde mental englobam, em média, aproximadamente, 30% das hospitalizações nos Estados Unidos, e são gastos, em média, 10% dos gastos médicos gerais. Entre os agravos à saúde mental, os que recebem destaque são a ansiedade e a depressão (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). IMPORTANTE: Nem todos os pacientes portadores dessas patologias apresentam sintomas psicopatológicos,alguns relatam sentir somente angústia relativa, algo que é englobado na categoria aberta acerca de sentimentos desagradáveis (CONDE, 2020). Psicologia do Esporte 32 Para esse tipo de paciente, a realização regular de exercícios demonstra ter validade terapêutica na diminuição dos sentimentos percebidos em quadros de ansiedade e depressão. Desenvolver atividades com certa regularidade em prol do bem-estar psicológico é algo que pode ser visualizado em diferentes sujeitos, de distintas nacionalidades (CONDE, 2020). IMPORTANTE: A realização de exercícios demonstra associação às modificações positivas no humor das pessoas e na diminuição dos níveis de ansiedade e depressão. Esses efeitos podem ser denominados, ainda, como agudos ou crônicos. Os efeitos agudos são os causados no momento imediato, não sendo, obrigatoriamente, temporários, mas que se manifestam decorrente da execução de uma única fração de exercício; enquanto os efeitos crônicos focam em alterações na ansiedade e na depressão ao passar do tempo (CONDE, 2020). Exercícios na Redução da Ansiedade Os efeitos do exercício na diminuição da ansiedade, normalmente, são concentrados nos efeitos de curto prazo. Os efeitos crônicos abrangem exercícios que duram um período de tempo de, em média, dois a quatro meses, com a aplicação de exercícios de, no mínimo, duas vezes por semana (CONDE, 2020). A maior parte dos estudos a respeito dos efeitos agudos do exercício são direcionados para a diminuição do estado ansioso, em que o índice de tranquilidade se mantém elevado e a ansiedade reduzida. Exercícios com intensidade moderada produzem efeitos positivos maiores acerca das relações efetivas (CONDE, 2020). Psicologia do Esporte 33 Figura 14 – A tranquilidade é elevada quando a ansiedade é reduzida Fonte: Freepik Vejamos a seguir o consenso acerca dos exercícios e dos seus efeitos positivos na redução da ansiedade a níveis agudo e crônico: • Programas mais extensos de treino demonstram maior eficácia quando comparados a programas menores para desencadear alterações positivas no bem-estar. • Diminuição de cerca de 30 a 70% do quadro ansioso e depressivo depois da realização de exercícios aeróbicos; se anaeróbico, 30 a 50%. • A realização de exercícios é especialmente eficiente para sujeitos com grau elevado de ansiedade, diminuindo-os. • Qualquer duração de exercício pode reduzir a ansiedade, entretanto, os maiores efeitos são visualizados em períodos de 30 minutos. Psicologia do Esporte 34 Figura 15 – Todo exercício é capaz de diminuir a ansiedade e relaxar o indivíduo Fonte: Freepik • O grau de ansiedade regressa ao percentual de ansiedade pré- exercício em 24 horas. • A realização de exercícios está atrelada à diminuição da tensão muscular. • Diminuição da ansiedade não é totalmente associada a ganhos físicos desencadeados pela realização do exercício. • Diminuição da ansiedade depois do exercício sem ligação com a intensidade, tempo de duração e modelo de exercício. • Exercícios aeróbios são capazes de diminuir a ansiedade com grau parecido com o alcançado por meio das demais formas terapêuticas para a ansiedade. • Diminuição da ansiedade depois do exercício acontece em todas as pessoas. Psicologia do Esporte 35 Exercício na Redução da Depressão A depressão está relacionada ao sofrimento humano. Em média, um em cada quatro indivíduos sofre de depressão em alguma fase da vida. Estudos demonstram que a maior prevalência de quadros depressivos acontece em pessoas do sexo feminino, atingindo cerca de 6% da faixa etária dos adolescentes (WEINBERG, 2017). Figura 16 – O quadro depressivo pode atingir as diferentes fases da vida Fonte: Freepik VOCÊ SABIA? A depressão é tratada, na maioria das vezes, por meio de terapia e introdução medicamentosa, entretanto, pode ser associada com a realização de exercícios. Ademais, a inatividade física pode estar atrelada a níveis mais elevados de depressão (CONDE, 2020). É possível salientar que a relação existente entre o exercício e a depressão pode ser associada, isto é, o exercício está relacionado com, mas não desenvolve modificações na depressão (WEINBERG, 2017). A Psicologia do Esporte 36 relação existente entre o exercício e o quadro depressivo pode incluir os seguintes pontos: • Os resultados positivos podem ser visualizados em todas as faixas etárias, situações de saúde, raça, cor e circunstâncias sociais e econômicas. • O exercício é eficiente, assim como a psicoterapia, para diminuir a depressão. • O exercício gera efeitos antidepressivos mais acentuados quando o treino é estendido por, no mínimo, nove semanas de duração. • Exercícios anaeróbicos e aeróbicos são relacionados à diminuição da depressão. Figura 17 – Os exercícios aeróbicos são associados ao estímulo antidepressivo Fonte: Freepik • A diminuição da depressão depois do exercício físico independe do grau de condicionamento físico. Psicologia do Esporte 37 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que existe uma associação positiva entre o exercício e o bem-estar psíquico, além de diversas possibilidades, sendo elas físicas ou psicológicas, que são capazes de esclarecer como o exercício eleva o bem-estar do sujeito, embora nenhuma dessas possibilidades apresentem suporte como o mecanismo essencial e isolado para a criação de mudanças positivas em quem pratica esportes. Deve ter aprendido que é possível indagar se o exercício pode alterar a personalidade e/ou o desempenho cognitivo de um indivíduo, bem como a realização regular de exercícios demonstra ter validade terapêutica, desenvolvendo a diminuição dos sentimentos percebidos pelos sujeitos na presença dos quadros de ansiedade e depressão. Psicologia do Esporte 38 Lesões Esportivas e Psicológicas: Comportamentos Dependentes e Patológicos OBJETIVO: Ao término deste Capítulo você será capaz de entender e discernir as lesões esportivas e psicológicas que acometem o atleta, além de identificar os atletas que apresentam traço de risco para o desenvolvimento de lesões, comportamentos dependentes e patológicos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Entendendo a Lesão A lesão significa trauma corporal que tem como consequência a incapacidade física ou a perda temporária das funções corpóreas. A lesão conhecida como algo multifacetado, atua em conjunto da dor, de maneira que a dor ou a lesão precisem de atenção mental; a dor ou a lesão agregam alguma espécie de perda de funcionalidade ou modificação da função que atinge de modo direto as competências de desempenho; o indivíduo lesionado necessita definir se começa ou prossegue com sua participação, se apresenta dor ou lesão (PENATTI, 2018). Figura 18 – As lesões, normalmente, desencadeiam dores que podem ir de leve a intensa Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 39 O desconforto ou dor aguda é, normalmente, um indício da existência de lesão, no mais, não é de toda verdade que a dor ou a presença de desconforto imediato seja causado por uma lesão. Um indivíduo pode apresentar contusão ou inchaço depois de sofrer uma queda ou executar excessivamente uma sequência de exercícios, ainda que não apresente lesão ou necessite sair da atividade (PENATTI, 2018). Causas das Lesões A maioria das lesões são de natureza física, entretanto, podem também sofrer influências do meio social, psicológico e de personalidade, bem como dos fatores estressantes. Esses aspectos podem causar influência não somente da causa da lesão, mas na recuperação (WEINBERG, 2017). Figura 19 – Os fatores estressores podem agravar a incidência de lesões Fonte: Freepik Fatores Físicos Os fatores físicos podem ser interpretadoscomo os principais causadores de lesões por meio do esporte e da prática de exercícios. Psicologia do Esporte 40 Entre esses fatores podem ser associados aspectos como colisões ocasionadas durante velocidades elevadas, desequilíbrio muscular, excesso de treinamento e exaustão física (WEINBERG, 2017). IMPORTANTE: Aspectos psicológicos têm papel nesses fatores, pois desempenham função indispensável na recuperação das lesões. Portanto, é necessário compreender a relação existente entre as reações psicológicas das lesões e a maneira com que as intervenções psíquicas podem agilizar a recuperação do indivíduo (PENATTI, 2018). Fatores Sociais Os fatores sociais podem ser entendidos como causadores de lesões esportivas. Um desses fatores pode ser associado ao entendimento de que os atletas necessitam jogar, ainda que com a presença de dor e lesões. Alguns jogadores visualizam um jogador lesionado como possuidor de um acontecimento pretendido por outros, como colegas de equipe, treinadores, amigos e familiares (PENATTI, 2018). VOCÊ SABIA? Frequentemente, os atletas demonstram suportar a dor e a lesão em busca do cumprimento de objetivos, como participar de uma maratona ou ser classificado para um jogo posterior, além de descreverem lesões como um risco ou perigo assumido ao desenvolver certas atividades. Fatores Psicológicos A associação entre as lesões esportivas e os fatores psicológicos focam no estresse. As circunstâncias esportivas, sejam elas competições, treinos ou desempenho, são fatores estressantes que podem colaborar para o acontecimento de lesões (WEINBERG, 2017). Psicologia do Esporte 41 Uma situação caracterizada como ameaçadora eleva o grau de ansiedade, causa inúmeras alterações no foco, atenção ou tensão muscular, o que eleva as possibilidades de lesões. Entretanto, o estresse não é o elemento principal para controlar as lesões esportivas. Aspectos de personalidade, histórico de estresse e fatores de enfrentamento interferem no procedimento de estresse, que, por sua vez, eleva as chances de lesão (WEINBERG, 2017). Após sofrer uma lesão, esses fatores contribuem para o nível de estresse desenvolvido e a recuperação do sujeito. Os indivíduos que manifestam capacidades psicológicas enfrentam melhor o estresse, diminuindo a possibilidade de lesão (PENATTI, 2018). O método estresse-lesão pode ser aumentado de maneira a esclarecer não somente as lesões de causas físicas, mas também as patologias físicas que podem ser decorrentes da associação de treino físico pesado e modificações psicossociais (PENATTI, 2018). Fatores de Personalidade Os traços de personalidade são associados desde os primeiros aspectos psicológicos atrelados a lesões esportivas. Os traços de personalidade como autoconceito, determinação e extroversão- introversão são associados às lesões (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). IMPORTANTE: A personalidade implica vínculo com os índices de lesões, entretanto, não é possível assimilar com eficiência as particularidades da personalidade que podem ter ligação com as lesões esportivas. De modo amplo, alguns aspectos pessoais como autoestima, audácia, ansiedade-traço e otimismo executam papel nas lesões. Esse papel é algo profundo, pois as condições de personalidade têm em vista amenizar a relação estresse-lesão (PENATTI, 2018). Psicologia do Esporte 42 Desse modo, quando um indivíduo é definido como possuidor de elevado traço de personalidade, a vinculação de vida em meio ao estresse e a lesão tendem a apresentar-se mais fortificadas do que um sujeito que apresenta baixo traço de ansiedade (PENATTI, 2018). Figura 20 – O baixo traço de ansiedade não fortalece o surgimento de lesões Fonte: Freepik Níveis de Estresse Os níveis de estresse podem ser denominados como premissas relevantes de lesões esportivas. As mensurações de estresse são incrementadas a significativas modificações de vida ou, ainda, fatores estressantes menores no dia a dia (WEINBERG, 2017). Evidências apontam que atletas com altos níveis de estresse sofrem mais lesões quando comparados a atletas que apresentam menores índices de estresse. O estresse e as lesões se conectam como complexo, sendo assim, esportistas e profissionais de condicionamento físico devem analisar as alterações e os estressores significativos no cotidiano e na vivência dos atletas. No dado momento em que as modificações surgem Psicologia do Esporte 43 é necessário acompanhar e regular de modo cuidadoso a disciplina de treino, de modo, também, a ofertar suporte psicológico (WEINBERG, 2017). VOCÊ SABIA? Quando um atleta com baixas capacidades de enfrentamento e baixo suporte social passa por alterações consideráveis em sua vida, isso eleva o risco de lesão. De modo parecido, os atletas que apresentam baixa autoestima são pessoas pessimistas ou que demonstram graus mais elevados de traço de ansiedade, desencadeando mais lesões esportivas ou passando um período de tempo maior com o feedback dessas lesões (PENATTI, 2018). Figura 21 – Em pessoas pessimistas, aparentemente, as lesões demoram mais tempo para se recuperar Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 44 Papel da Psicologia do Esporte na Reabilitação de Lesões No decorrer dos últimos anos, aconteceram enormes avanços voltados para a reabilitação e a recuperação de lesões associadas ao esporte e ao exercício. Maneiras de recuperação ativas, minimização das técnicas invasivas por meio cirúrgico e treinamentos realizados com peso estão englobados nos avanços de reabilitação (PENATTI, 2018). IMPORTANTE: A invocação de métodos psicológicos também favorece os modos de recuperação das lesões, os profissionais empregam cada vez mais formas holísticas de terapias para restabelecer a saúde não só do corpo físico, mas também da mente. Compreender a psicologia em prol do restabelecimento de lesões é indispensável para todas as partes envolvidas com o exercício e o esporte (WEINBERG, 2017). Figura 22 – As inovações precisam ser aplicadas em prol de melhorias Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 45 Psicologia de Recuperação A avaliação de atitude e perspectiva, diálogo consigo mesmo, apoio social, estresse, controle do estresse, positividade em relação à cura, estabelecimento de crenças e objetivos, tudo isso demonstra que atletas lesionados com esses aspectos positivos e competências psicológicas obtêm a cura das lesões de modo mais rápido, em um período inferior a cinco semanas; enquanto atletas que não se detêm a esses fatores passam pelo processo de recuperação de forma lenta, em média, mais de 16 semanas para curar uma lesão (WEINBERG, 2017). IMPORTANTE: As intervenções psicológicas interferem positivamente na recuperação de lesões esportivas, ou seja, a positividade diante à recuperação, o bom enfrentamento da situação e a confiança são elementos efetivos no processo de recuperação. A recuperação física não implica na obrigatoriedade psicológica em voltar às atividades esportivas (PENATTI, 2018). Os desafios encontrados no retorno esportista agregam ansiedade sobre o receio de novas lesões, elevação da ansiedade acerca do desempenho físico, dúvida em relação a alcançar as expectativas projetadas em si pelos outros, diminuição da eficiência física, bem como a aflição em atingir o mesmo desempenho que tinha antes da lesão (PENATTI, 2018). Psicologia do Esporte 46 Figura 23 – O receio é algo muito visto no retorno de atletas após a lesão Fonte: Freepik A metodologia de motivação para retornar aos jogos é algo que parece ser essencial. Atletas que demonstram graus elevados de motivação intrínseca para voltar a suas atividades representam maior valorização esportiva, endurecimento mental e motivação para o êxito. Atletas com motivação extrínseca apresentam menor percentual de confiança, desempenho inadequado e grau de ansiedade elevado (WEINBERG, 2017). VOCÊ SABIA? O treinamento e os aspectospsicológicos são capazes de interferir na aceitação dos acordos dos meios terapêuticos, e a automotivação é um predicado relevante para a aceitação da realização dos exercícios em casa. Além disso, a definição de objetivos e a conversação positiva e interior são associadas de modo positivo ao desenvolvimento de exercícios de reabilitação e aceitação de métodos em casa (WEINBERG, 2017). Psicologia do Esporte 47 Segundo os treinadores, os atletas que encaram melhor as lesões se diferem de atletas com sucesso mais baixo em diversos aspectos: desenvolvem melhor suas tarefas terapêuticas e de cura; manifestam atitude positiva diante das circunstâncias da lesão e a vida como um todo; têm maiores índices de motivação, determinação e dedicação; realizam mais indagações; e possuem maior grau de instrução a respeito das lesões. Em média, 90% dos treinadores dizem ser muito importante cuidar dos fatores psicológicos das lesões. Desse modo, procedimentos psicológicos devem ser inseridos para aumentar a recuperação e a cura (PENATTI, 2018). Figura 24 – O conhecimento das lesões ajuda o atleta a encará-las de modo positivo Fonte: Freepik Aplicações para o Tratamento e a Recuperação da Lesão Uma abordagem holística deve ser implementada para a psicologia do esporte, devendo complementar a fisioterapia, portando intervenções psicológicas para propiciar a recuperação das lesões. O primeiro ponto para ofertar esse modo de conduta voltada para a recuperação é Psicologia do Esporte 48 compreender o procedimento de recuperação e reabilitação psicológica (PENATTI, 2018). Diferentes estágios de recuperação exibem dificuldades próprias para o atleta. Desse modo, normalmente, as diversas abordagens a psicologia à recuperação são determinadas. No estágio inicial da lesão é essencial focar no auxílio ao atleta para enfrentar a perturbação emocional que surge junto ao surgimento da lesão, entender a lesão é imprescindível nesse momento (PENATTI, 2018). REFLITA: No estágio de reabilitação e recuperação, o profissional de saúde deve agrupar esforços para auxiliar o atleta a preservar a motivação e a aceitação dos modos de reabilitação. Definir objetivos e preservar atitude positiva, em especial em retrocessos, é algo elementar nesta fase (WEINBERG, 2017). Figura 25 – Manter-se centrado nos objetivos é algo positivo para a recuperação das lesões Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 49 No estágio de retorno à atividade total, mesmo que o atleta apresente liberação física para participar, a recuperação só é finalizada quando volta à função normalmente desenvolvida na sua área esportiva. Ademais, fatos demonstram que a volta da funcionalidade competitiva normal é relativamente mais difícil do que se imagina, podendo estender- se por um período de tempo notável, em média, cerca de seis semanas a um ano (PENATTI, 2018). O entendimento dos aspectos psicológicos na reabilitação das lesões surge da compreensão sobre as reações que essas lesões causam. Portanto, compreender somente a continuação da reação é o suficiente. Diversos procedimentos e normas psicológicas permitem a facilitação dos métodos de reabilitação, incluindo o estabelecimento de relação de interação junto com o atleta lesionado, orientação a respeito da lesão e sistema de recuperação, além de apontar competências psicológicas de confrontação própria e preparar o atleta para encarar os retrocessos, estimular o suporte social e desenvolver o aprendizado com outros atletas lesionados ou que sofreram o mesmo tipo de lesão (PENATTI, 2018). Figura 26 – O conhecimento de pessoas que superaram lesões iguais encoraja os atletas em relação à recuperação Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 50 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a lesão significa um trauma corporal que tem como consequência a incapacidade física ou a perda temporária das funções corpóreas, sendo conhecida como algo multifacetado; já o desconforto ou a dor aguda é, normalmente, um indício da existência de lesão, no mais, não é de toda verdade que a dor ou a presença de desconforto imediato seja causado por uma lesão. Deve ter aprendido, também, que a maioria das lesões são de natureza física, entretanto, podem sofrer influências do meio social, psicológico e de personalidade, bem como dos fatores estressantes. Também deve ter aprendido que a invocação de métodos psicológicos favorece os modos de recuperação das lesões, e que os profissionais empregam cada vez mais formas holísticas de terapias para restabelecer a saúde não só do corpo físico, mas da mente. Psicologia do Esporte 51 Efeitos do Treinamento Excessivo e a Síndrome de Burnout OBJETIVO: Ao término deste Capítulo você será capaz de entender que é possível avaliar os efeitos causados pelo treinamento excessivo, além de compreender a síndrome de burnout, os sintomas que a caracterizam, os meios de tratamento e as formas de prevenir esta síndrome. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Treinamento Excessivo O treino definido por período é a técnica determinada para aplicar aos atletas treinamentos de alto volume e intensidade, desenvolvidas por uma baixa leva de treinamento, denominado como fase de polimento ou descanso. A meta do treino periódico é preparar atletas com o intuito de que o desempenho apresentado por ele seja o máximo em uma data definida ou prazo que anteceda campeonatos ou competições (WEINBERG, 2017). Figura 27 – O treino é intensificado de forma proposital Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 52 Os treinadores, de forma intencional, intensificam, sobrecarregam e diminuem os treinos para os atletas. Desse modo, o desafio é elevar, de maneira gradativa, a carga de treino para acumular as adequações ideais e a anulação de efeitos adversos negativos, como o surgimento de lesões (WEINBERG, 2017). O treino excessivo faz menção ao ciclo curto de treino, tendo duração de dias ou, no máximo, algumas semanas. Durante esse treinamento os atletas são expostos à carga alta e excessiva de treinos a fim de atingir sua capacidade máxima naquela atividade (WEINBERG, 2017). IMPORTANTE: Sobrecarregar é tido como um processo normal do treino de desenvolvimento para o preparo físico dos atletas. Sendo assim, de acordo com os fundamentos da fisiologia do exercício, a sobrecarga, de maneira intencional, proporciona aos atletas volumes de treinos elevados. E, depois do período de descanso e recuperação, o corpo do atleta se adéqua à sobrecarga, ficando mais fortalecido ou condicionado, e as alterações dos treinos implicam melhorias no desempenho (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). Figura 28 – Após o repouso, os atletas se adaptam à sobrecarga de treino Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 53 Lamentavelmente, o método de sobrecarga está longe de ser algo perfeito, entretanto, ao buscar sobrecarregar de maneira intencionada os atletas, essa sobrecarga pode gerar consequências negativas. O dimensionamento do treino pode ser amplo demais ou, ainda, os atletas podem não repousar, bem como ter estressores físicos ou psicológicos, e acabar por desencadear apropriações problemáticas. O exagero nos treinos pode levar a uma performance desgastada (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). A síndrome do treino excessivo negativo é determinada como a carga excessiva, normalmente, de aspecto físico empregada a um atleta sem a utilização correta do descanso, e desencadeia pior performance e inabilidade para desenvolver os treinos a níveis habituais (WEINBERG, 2017). A metodologia de sobrecarregar o próprio corpo pode desencadear acomodações positivas e melhorias nas habilidades ou, ainda, em uma má acomodação e o declínio no desempenho. O processo desobrecarga é implementado por meio do excesso em um atleta, na busca por atingir o melhor desempenho, decorrente do treino excessivo. Esse procedimento pode gerar habilidades defasadas em um curto período de tempo, que pode se distinguir em torno de 72 horas até cerca de duas semanas, denominado, portanto, de “estado de exagero” (WEINBERG, 2017). Figura 29 – A sobrecarga de exercícios pode surtir efeitos positivos ou negativos Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 54 Quando os treinos excessivos e o modo de exagero são demasiadamente excessivos e o corpo não se adéqua, o retorno agrega má adaptação ou treino focalizado em aspectos negativos, gerando, por consequência, performance insatisfatória (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). VOCÊ SABIA? O treino excessivo negativo, quando estabelecido por um período de tempo sem repouso ou recuperação necessária, pode levar ao estado mais acentuado e agravado da síndrome de burnout. Embora seja possível que a implementação de treino excessivo não aprimore nem deteriore a performance atlética, só a conserve (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). A desigualdade entre o treino periodizado e o excesso são dependentes das habilidades e competências particulares do atleta. O treino intenso e prejudicial para um atleta pode ser o treino adequado e positivo para outro atleta (WEINBERG, 2017). VOCÊ SABIA? O atleta de natação Mark Spitz nunca desenvolvia treino diário maior que 9 mil metros, e bateu o recorde mundial de natação sete vezes, além de ganhar sete medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos do ano de 1972. Enquanto Vladimir Salnikov, o campeão soviético de natação olímpica, nadava em seus treinos até 20 mil metros por dia em um programa de duas semanas denominado de “mesociclos de ataque”. Essas distâncias seriam determinadas como excessivas para inúmeros nadadores de alto padrão, mas, no que se pode ver, agilizava o seu desempenho. Psicologia do Esporte 55 Figura 30 – Os nadadores, assim como nas demais categorias esportivas, podem ter excesso como preditores negativos ou positivos Fonte: Freepik As evidências apontam que o excesso de treino não engloba somente volumes e intensidades nos treinamentos físicos para os atletas. Os estressores sociais e psicológicos, associados à fração e ao modo de repouso do atleta interferem no treino excessivo e nos meios de periodização (WEINBERG, 2017). Síndrome de Burnout Ainda não existe uma definição concreta de aceitação universal para a síndrome de burnout. Esta pode ser estabelecida como o afastamento emocional, físico e social de uma tarefa esportista antes tida como prazerosa. O afastamento se dá por meio da exaustão emocional e física, sendo limitada à realização e diminuição do esporte. Além do mais, o burnout acontece em decorrência do estresse crônico e das instruções motivacionais, bem como das modificações no atleta (LYRA; SOARES; LIMÃO, 2020). Psicologia do Esporte 56 Vejamos a seguir as perspectivas que são características no burnout. Tabela 2 – Aspectos caracterizadores da síndrome de burnout Aspecto Caracterização Exaustão emocional e física A exaustão desencadeia perda de confiança, energia e interesse. Sensação de baixa autoestima, depressão, fracasso e realização pessoal Sensações visualizadas em baixa produtividade laboral ou queda no grau de desempenho. Despersonalização e desvalorização A despersonalização define o burnout em profissionais de auxílio, como técnicos, docentes e conselheiros. Enquanto a desvalorização é enxergada como o comportamento impessoal e insensível da pessoa. Fonte: Elaborado pela autora com base em Weinberg (2017). IMPORTANTE: No âmbito esportivo, a síndrome de burnout se diferencia do simples fato de desistir, pois agrega fatores como a exaustão emocional e psicológica, retorno negativos aos demais, depressão e diminuição da autoestima. Existem diversos motivos que fazem o atleta desistir da participação em esportes, o burnout é somente uma das razões. Normalmente, de modo geral, poucos atletas e treinadores “abrem mão” por completo do esporte somente pelo diagnóstico do burnout, mas, diversas vezes, apresentam características desse processo (WEINBERG, 2017). Psicologia do Esporte 57 Modelos de Burnout Existem seis modelos de síndrome de burnout especialmente voltadas para o esporte, que foram implementadas para auxiliar na compreensão desse fenômeno. Cada modelo tem características relevantes e fundamentais a respeito dos diversos aspectos que interferem no burnout, do mesmo modo que são individuais a seus respectivos modelos (LYRA; SOARES; LIMÃO, 2020). Modelo Afetivo Cognitivo de Estresse Nesse modelo, o burnout é um segmento que aborda elementos fisiológicos, comportamentais e psicológicos que evoluem para estágios esperados. De modo isolado, cada um dos segmentos é influenciado pelo grau de motivação e personalidade (LYRA; SOARES; LIMÃO, 2020). VOCÊ SABIA? O estágio um é definido como os acontecimentos situacionais, elevadas demandas são empregadas ao atleta, elevadas cargas de exercício físico ou pressão pela necessidade de ser vitorioso. Geralmente, as necessidades da situação ultrapassam os recursos disponíveis, desencadeiam o estresse e podem tornar-se burnout (LYRA; SOARES; LIMÃO, 2020). O estágio dois é a avaliação cognitiva, os sujeitos compreendem e analisam a situação, considerando-a ameaçadora ou não. O estágio três evidencia as respostas fisiológicas, ou seja, se uma análise destaca uma situação como ameaçadora, com o passar do tempo o estresse começa a gerar mudanças físicas, como a elevação da tensão muscular, fadiga e irritabilidade (WEINBERG, 2017). Psicologia do Esporte 58 Figura 31 – A fadiga pode ser percebida no estágio três Fonte: Freepik No estágio quatro, as respostas de comportamento e os retornos fisiológicos desencadeiam alguns métodos de enfrentamento e atividade, como diminuição do desempenho, dificuldades interpessoais e afastamento das atividades rotineiras (LYRA; SOARES; LIMÃO, 2020). Modelo de Resposta Negativa de Estresse e Treinamento Nesse modelo, o burnout é centrado nas respostas advindas no treino físico, ainda que conheça a significância dos aspectos psicológicos. O modelo sugere que o treino físico gera estresse de modo físico e psicológico para o atleta, sendo capaz de desencadear efeitos positivos e negativos (LYRA; SOARES; LIMÃO, 2020). Psicologia do Esporte 59 IMPORTANTE: Os efeitos positivos são os retornos esperados do treino, porém um treino com sobrecarga excessiva pode criar resultados negativos. A intensificação do treinamento associada a uma ampla gama de estresse psicológico e social, associado a aspectos de recuperação, devem ser considerados (LYRA; SOARES; LIMÃO, 2020). Modelo de Desenvolvimento de Identidade Unidimensional e Controle Externo Esse modelo aborda o estresse como fator associado a um sintoma para o surgimento do burnout, entretanto, defende que a causa é atrelada à organização social de esportes de alto rendimento e as causas a respeito da identidade e do controle pessoal (WEINBERG, 2017). Figura 32 – Exercícios de alto rendimento são vistos como causas do burnout Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 60 Esse modelo defende que o burnout surge porque a modalidade de esportes competitivos não possibilita que jovens atletas criem uma identidade normal, ou seja, eles não são capazes de passar uma parte do seu tempo com familiares e amigos em ambientes que não seja o esportivo. Desse modo, os atletas mantêm-se centrados e voltados quase que unicamente para o êxito esportivo. Quando são acometidos por uma lesão ou fracassam, o estresse atrelado a esses fatores pode desencadear a síndrome de burnout (WEINBERG, 2017). Teoria do Compromisso e do Aprisionamento Atletas que apresentam propensão ao desenvolvimento da síndrome de burnout têm sentimentos de “aprisionamento” ao esporte e, na verdade, não desejamfazer parte dele, entretanto, acreditam na ideia que devem preservar o seu envolvimento com a modalidade esportiva que desempenham (WEINBERG, 2017). Figura 33 – O sentimento de aprisionamento pode ser identificado em muitos atletas Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 61 VOCÊ SABIA? Atletas que continuam no esporte mesmo não tendo vontade em desenvolvê-lo por diversos motivos, não visualizam modalidade atrativas ao esporte ou acreditam que empregaram tempo e energia para interromper a participação. O burnout acontece, portanto, quando os atletas apresentam sensação de aprisionamento ao esporte e não apresentam motivação, ainda que sejam participantes do esporte (LYRA; SOARES; LIMÃO, 2020). Teoria da Autodeterminação Quando as necessidades básicas psicológicas como a autonomia, competência e relacionamentos são atendidos, o bem-estar e a motivação são maximizados, deixando o indivíduo menos suscetível ao desenvolvimento de burnout. Dessa maneira, indivíduos que não apresentam essas necessidades básicas atendidas apresentam mais propensão ao surgimento de burnout (LYRA; SOARES; LIMÃO, 2020). Figura 34 – Pessoas com bem-estar e motivação apresentam menos risco para desenvolver burnout Fonte: Freepik Psicologia do Esporte 62 Modelo Integrado de Burnout Atlético Como o nome já diz, esse modelo se integra aos demais para elaborar, de forma facilitada, um conceito completo sobre a síndrome de burnout. Os primeiros indícios do surgimento do burnout aparecem como uma perturbação de humor e diminuição da motivação, com manifestações físicas ou emocionais. As sensações de realização são diminuídas e desvalorizadas no meio esportivo, de modo final, as consequências do burnout, como a retração parcial ou total do esporte e a parcela imune, são prejudicadas (WEINBERG, 2017). RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o treino é definido por período, a técnica é determinada para aplicar aos atletas treinamentos de alto volume e intensidade e sobrecarregar é tido como um processo normal do treino para o preparo físico dos atletas. De acordo com os fundamentos da fisiologia do exercício, a sobrecarga, de maneira intencional, proporciona aos atletas volumes de treinos elevados. Além disso, deve ter aprendido que a síndrome de burnout pode ser estabelecida como o afastamento emocional, físico e social de uma tarefa esportista antes tida como prazerosa. O afastamento se dá por meio da exaustão emocional e física, sendo limitada à realização e à diminuição do esporte. Psicologia do Esporte 63 REFERÊNCIAS CONDE, E. Psicologia do esporte e do exercício: modelos teóricos, pesquisa e intervenção. São Paulo: Pasavento, 2020. FERNANDES, M. G. et al. Fatores influenciadores da autoconfiança robusta. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 39, n. 104, p. 261-276, 2021. FRADES, L. J. et al. Adoecimento psíquico em atletas de alto rendimento: a importância da psicologia do esporte. Revista Educação, Psicologia e Interfaces, [s. I.], v. 4, n. 3, p. 1-16, 2020. LYRA, L. M.; SOARES, R. C.; LIMÃO, J. I. A Influência da síndrome de burnout no rendimento de jogadores de futebol profissional. Revista MotriSaúde, Jaú, v. 2, n. 1, p. 1-10, 2020. PENATTI, I. P. Lesão no contexto esportivo: a importância da psicologia do esporte. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Educação Física) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, 2018. PORTAL EDUCAÇÃO. Psicologia do Esporte. Campo Grande: Portal Educação, 2013. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/. Acesso em: 21 dez 2021. WEINBERG, R. S. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Psicologia do Esporte https://www.portaleducacao.com.br/ Autoconfiança e Concentração Autoconfiança Benefícios da Autoconfiança Modelo de Confiança Esportiva Concentração Focalização nos Sinais Ambientais Relevantes Manutenção do Foco de Atenção Focos de Atenção: Três Processos Atenção Seletiva Capacidade de Atenção Atenção Vigilante Exercícios para o Bem-Estar Psicológico Compreendendo o Efeito do Exercício no Bem-Estar Psicológico Modificando Personalidade e Funcionalidade Cognitiva com Exercícios Personalidade Exercício e Desenvolvimento do “Eu” Exercício e Resiliência Funcionamento Cognitivo Reduzindo a Ansiedade e a Depressão com Exercícios Exercícios na Redução da Ansiedade Exercício na Redução da Depressão Lesões Esportivas e Psicológicas: Comportamentos Dependentes e Patológicos Entendendo a Lesão Causas das Lesões Fatores Físicos Fatores Sociais Fatores Psicológicos Fatores de Personalidade Níveis de Estresse Papel da Psicologia do Esporte na Reabilitação de Lesões Psicologia de Recuperação Aplicações para o Tratamento e a Recuperação da Lesão Efeitos do Treinamento Excessivo e a Síndrome de Burnout Treinamento Excessivo Síndrome de Burnout Modelos de Burnout Modelo Afetivo Cognitivo de Estresse Modelo de Resposta Negativa de Estresse e Treinamento Modelo de Desenvolvimento de Identidade Unidimensional e Controle Externo Teoria do Compromisso e do Aprisionamento Teoria da Autodeterminação Modelo Integrado de Burnout Atlético
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