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O termo lesão significa trauma corporal que resulta em no mínimo uma incapacidade física e uma inibição temporária da função motora. Não é necessariamente verdade que dor ou desconforto imediatamente acompanhem uma lesão. Uma inchaço ou contusão após excesso de exercício, pode não ter lesão ou precisar abandonar a atividade (WEINBERG; GOULD,2016). Em termos específicos, fatores físicos, sociais, psicológicos e de personalidade influenciam as lesões, além do papel do estresse, das emoções e das variáveis pessoais (WEINBERG; GOULD,2016). como desequilíbrios musculares, colisões em alta velocidade, excesso de treino e cansaço físico Muitos estudos descrevem que jogar lesionado é visto como uma característica desejada por outros, Além disso, as pessoas parecem suportar a dor e a lesão para cumprirem metas, como correr uma maratona ou ser parte dos convocados para jogar, mesmo lesionados, como afirmam Weinberg e Gould (2016). No modelo desenvolvido por Jean Williams e Mark Andersen, a relação entre lesões esportivas e fatores psicológicos centraliza-se no estresse. Em particular, uma situação esportiva potencialmente estressante pode contribuir para a lesão (WEINBERG; GOULD,2016). Uma situação percebida como ameaçadora aumenta o estado ansioso, que causa diversas mudanças no foco ou na atenção e na tensão muscular, por isso é tão importante trabalhar a questão do estresse e da ansiedade entre os atletas. Fatores de personalidade, histórico de estressores e recursos de enfrentamento influenciam o processo de estresse e, por sua vez, a probabilidade de lesão. Além disso, depois que se sofre uma lesão, esses mesmos fatores influenciam o grau de estresse causado por ela e a subsequente reabilitação e recuperação do indivíduo (WEINBERG; GOULD,2016 p425). Os traços de personalidade são os primeiros fatores psicológicos associados a lesões esportivas. Evidências mostram que fatores de personalidade como otimismo, autoestima, audácia e ansiedade-traço desempenham um papel nas lesões esportivas. Diversas variáveis pessoais como a questão da emoção e da ativação, fazem parte da questão pessoal relacionada as lesões. Por exemplo, algumas vezes os atletas podem acabar se machucando propositalmente para se libertar do esporte. Atletas que sofrem menos lesões, estão relacionados a fatores como: Atletas que gerenciam a avaliação do seu rendimento, um bom treinamento mental, Atletas mais extrovertidos, Bom humor etc... Atletas com alto nível de auto-confiança (confiança é bom, mas em excesso pode ser prejudicial e acabar fazendo com que o atleta não se prepare, ou exceda seu limite) Atletas mais introvertidos, Stress da vida cotidiana (problemas com os técnicos, na família, dinheiro...) Variáveis psicossociais etc... Examina a influência de elementos socioculturais, éticos e biomédicos sobre os aspectos psicológicos das lesões decorrentes de esportes. Leva em conta componentes fundamentais de acordo com o modelo teórico de Brewer e colaboradores (2001 apud WEINBERG; GOULD, 2016): Os níveis de estresse, no entanto, foram identificados como antecedentes importantes de lesões esportivas. um atleta com poucas habilidades de enfrentamento corre risco maior risco de se lesionar, indivíduos com baixa autoestima são pessimistas, ou apresentam níveis mais altos de traço de ansiedade, sofrem mais lesões esportivas. Ainda de acordo com Weinberg e Gould (2016) atletas com alto risco de lesão tiveram poucas lesões após intervenções de treino de controle do estresse, comparados a atletas que não participaram desse treinamento. não provem dos aspectos físicos das lesões, sempre, mas sim das reações psicológicas Uma lesão esportiva é uma lesão física contraída durante a participação em atividades desportivas de caráter competitivo ou recreativo, que supõe uma disfunção do organismo que produz dor e leva à interrupção ou limitação daquela atividade. (BUCETA, 1996). O aumento de participação em atividades tem sido acompanhada do aumento das lesões. Sejam essas atividades, de competição, de recreação ou lazer, alguns fatores são cruciais para o surgimento de lesões nesse contexto. Características da lesão (p.ex., gravidade, local), fatores biológicos (p.ex., química neurológica, circulação), Personalidade, afeto, fatores sociais ou contextuais (p. ex., apoio social, estresses da vida), Reabilitação da lesão esportiva (p.ex., qualidade de vida, prontidão para a volta ao esporte). (Medo de nova lesão, sentimento de que as esperanças e os sonhos estavam abalados, observação dos outros atuando) e preocupações sociais (como falta de atenção, isolamento, relacionamentos negativos) (GOULD et al., 1997 apud WEINBERG; GOULD,2016). Ensinar essas técnicas de enfrentamento do estresse e controle das emoções através de treinamento de habilidades mentais, por exemplo, pode reduzir seus riscos de lesão e doença. Foi desenvolvido por M. Anderson e J. Williams, 1988, “A model of stress and athletic injury: Prediction and prevention,” Journal of Sport and Exercise Psychology 10(3):297. E postulado por Weinberg e Gould (2016) resumindo a relação entre os fatores estressantes e as lesões Em relação a essas alterações provocadas pelo estresse, podemos citar de acordo com Weinberg e Gould (2016): Um alto nível de estresse pode causar uma tensão muscular, que interfere na coordenação normal e aumenta a chance de lesão. Como uma ginasta muito estressada pode ter mais tensão muscular do que o desejável e cair da trave de equilíbrio. Uma visão promissora é que o estresse interrompe a atenção do atleta, reduzindo a atenção periférica, aumentando a distração, Também foi postulado que um aumento do estado ansioso causa distração e pensamentos irrelevantes, que podem “distrair” o atleta e causar uma lesão (WEINBERG; GOULD,2016). Coping (lidar) é concebido como o conjunto das estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se a circunstâncias adversas. Os esforços despendidos pelos indivíduos para lidar com situações estressantes, crônicas ou agudas as quais são submetidos, como o esporte (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO, BANDEIRA, 1998). São basicamente os esforços cognitivos e comportamentais despendidos pelo atleta, para retomar a saúde, como: negar a dor, estratégias etc Devemos levar em considerações algumas variáveis interacionais que tornam o atleta mais “vulnerável” a lesões desportivas através dos efeitos do estresse (BUCETA; DIAZ, 2002): Sucessos gerais, estilo de vida não saudável, exigências absurdas dos treinos, estímulos relacionados a lesões passadas (já me lesionei uma vez, será que vou me lesionar?) podendo gerar tensão, falta de atenção etc... e como consequência uma vulnerabilidade a lesões História de lesões e de fatores de estresse, ansiedade-traço, habilidades de coping, motivação para a tarefa (conquista), otimismo, bom humor etc... Déficits atencionais, cansaço e esgotamento, abuso de exercícios, comportamentos de risco, fuga ou evitamento etc... Algumas pessoas veem a lesão como um desastre; outras podem considerá-la um alívio como uma forma de interromper treinos tediosos, salvar as aparências se não estiverem jogando bem (WEINBERG; GOULD,2016). Ainda de acordo com Mendndelsohn (1999) nem sempre a lesão é algo estressante, ele afirma: Em relação ao modelo, podemos conceber a seguinte explicação: a personalidade, está ligada aos recursos de coping e as histórias de fatores estressantes a ambos. Quando submetido contextos estressantes, ocorrem as respostas de estresse, a nível de avaliação cognitiva da situação, levando em conta: consequências, recursos e exigências, e posteriormente as alterações fisiológicas e atencionais ocorrem, estando ambas relacionadas a lesão. E é sobre essas correlações que a intervenção psicológica atua. Vamos entender alguns dos termos do esquema abaixo:Em determinados momentos, as lesões desportivas, ainda que potencialmente estressantes, podem aliviar outras fontes de stress maiores, convertendo-se em valiosos mecanismos de escape ou evitação. Podem até mesmo se auto lesionar propositalmente para deixar o esporte. os praticantes de esportes e exercícios que se lesionam frequentemente passam por um processo de resposta de pesar em cinco estágios (HARDY; CRACE, 1990 apud WEINBERG; GOULD,2016). Os estágios são semelhantes ao do luto: 1. Negação 2. Raiva 3. Negociação 4. Depressão 5. Aceitação e reorganização. Embora os indivíduos possam exibir muitas dessas emoções em resposta à lesão, eles não seguem um padrão estabelecido, estereotipado, ou seja, não podemos conceber que todos os atletas passam exatamente por esse 5 estágios. Além dessas, os atletas experimentam outras reações psicológicas à lesão (WEINBERG; GOULD,2016): Certos atletas que não podem mais participar devido a uma lesão experimentam perda de identidade pessoal. Ou seja, uma parte importante de si mesmos se perde, afetando gravemente o autoconceito. É como se eles só tivessem o esporte, e agora não tem mais nada Quando lesionados, muitos atletas experimentam altos níveis de medo e ansiedade. Preocupam-se com: a possibilidade de recuperação, uma nova lesão e de serem substituídos na equipe. Incapacidade de treinar e competir e sua condição física deteriorada, a baixa confiança pode resultar em motivação diminuída, desempenho inferior etc... Devido à baixa confiança e ao tempo de treino perdido, os atletas podem sofrer declínios de desempenho após as lesões. A lesão de um atleta pode afetar os processos de grupo numa equipe de forma positiva ou negativa. Impacto nos sentimentos, pensamentos e ações, Redução da autoestima, Redução da autoconfiança física, Raiva, depressão, confusão, medo e frustração, Não adesão ao tratamento etc... Os seguintes sintomas são sinais de alerta de mau ajustamento a lesões esportivas (WEINBERG; GOULD, 2016): Sentimentos de raiva e confusão, Obsessão com a questão de quando poderá voltar, Negação (p. ex., “A lesão não é grande coisa”), Repetidamente volta muito cedo e se lesiona de novo, Orgulho exagerado das realizações, Culpa por decepcionar a equipe, Mudanças repentinas de humor, Afastamentos de pessoas significantes etc... As razões que justificam uma intervenção psicológica são de duas ordens: razões de natureza pessoal (do próprio atleta) e relacional, e as razões desportivas e econômicas (o que a lesão significa do ponto de vista midiático, econômico e para a carreira dele). limitar o sofrimento psicológico associado à lesão e propiciar boas condições para que este volte à atividade. A intervenção psicológica nas lesões desportivas tem um caráter social devido à importância epidemiológica das lesões. Em relação a prevenção, técnicos, psicólogos do esporte e instrutores físicos com registro profissional precisam, identificar os atletas com risco maior de lesão. Na prevenção, o atleta é o foco, mas não devemos desconsiderar a sua rede de relações, como já foi mencionado, situações estressantes com a família e o técnico, podem resultar em um aumento da carga de estresse, e por conseguinte, todos os fatores demonstrados no esquema da página anterior (WEINBERG; GOULD,2016). Fatores a considerar: Melhorar a formação dos técnicos, informando sobre fatores de risco, Treinar recursos psicológicos (controles: ativação, atenção, imagens e pensamentos, objetivos) etc.. A reabilitação de lesões não é uma ciência precisa. As pessoas se recuperam em ritmos diferentes, por isso, é de extrema importância, que o psicólogo esteja em consonância com a real situação do atleta. As metas de reabilitação têm de ser avaliadas e redefinidas periodicamente. Para ajudar no ensino de habilidades de enfrentamento. Além de: Estabelecimento da relação com o atleta lesionado, Suporte social (ouvir, apreciação e desafio técnico, desafio emocional, partilha da realidade), Informação sobre o processo de lesão e reabilitação/educação, Estabelecimento de Objetivos, Discurso Interior Positivo (Técnica cognitiva), Visualização/mentalização, Relaxamento, Técnicas psicológicas de controle da dor (WEINBERG; GOULD,2016).
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