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Direito_Penal_para_2_faseComCarolinaCarvalhal

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Questão 01 - XXXII Exame
Gabriel, estudante de farmácia, 22 anos, descobre que seu tio Jorge possuía grave doença no fígado, que lhe causava dores
físicas. Durante seus estudos sobre medicina alternativa em livro oficial fornecido pela faculdade pública em que estudava, vem a ler
que a droga conhecida como heroína poderia, em doenças semelhantes à de seu tio, funcionar como analgésico e aliviar a dor do
paciente.
Tendo acesso ao material que sabia ser heroína e sua classificação como droga, Gabriel, em 27 de maio de 2019, transporta e
entrega o material para o tio, acreditando que, apesar de existir a figura típica do tráfico de drogas, sua conduta seria lícita diante
dos fins medicinais. Avisou que o material deveria ser usado naquele dia, de forma imediata.
No dia 29 de maio de 2019, após denúncia, policiais militares, com autorização para ingresso na residência de Jorge,
apreendem o material ilícito e descobrem que Jorge o recebera de Gabriel, mas não o utilizou. Em seguida, comparecem à
faculdade de Gabriel e realizam sua prisão em flagrante.
Jorge e Gabriel foram indiciados, após juntada do laudo confirmando a natureza do material, pelo crime de tráfico de drogas (Art.
33 da Lei nº 11.343/06), mas, em razão da doença, Jorge vem a falecer naquela mesma data. Ao tomar conhecimento dos fatos, de
imediato a família de Gabriel procura você, como advogado, para esclarecimentos.
Considerando apenas as informações expostas, responda, na condição de advogado(a) de Gabriel, aos itens a seguir.
A) Qual o argumento de direito processual a ser apresentado para questionar a prisão em flagrante de Gabriel? Justifique.
(Valor: 0,60)
B) Existe argumento de direito material a ser apresentado em busca da absolvição de Gabriel pelo crime pelo qual foi
indiciado? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Resolução
A) A prisão em flagrante de Gabriel foi ilegal (0,20), já que não estava configurada em
qualquer das situações previstas no artigo 302 do Código de Processo Penal, uma vez que
não foi preso cometendo crime ou quando acabou de praticar, nem após perseguição
iniciada logo após o delito ou encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos
ou papéis (0,40).
B) Gabriel foi indiciado pela prática do crime de tráfico drogas, previsto no artigo 33 da
Lei 11.343/2006. Todavia, Gabriel transportou e entregou a droga para o tio,
acreditando ser tal conduta lícita para fins medicinais. Logo, Gabriel agiu erro de
proibição inevitável, incorrendo em erro sobre ilicitude do fato (0,40), previsto no artigo
21 do Código Penal (0,10), devendo ser isento de pena, já que se trata de causa de
extinção da culpabilidade (0,15).
Gabarito comentado
A) A defesa técnica de Gabriel deveria argumentar que sua prisão em flagrante foi ilegal, o que ensejaria o relaxamento da
mesma. Isso porque nenhuma das situações do Art. 302 do CPP restou configurada. Em que pese houvesse drogas sendo
guardadas na residência de Jorge no momento da prisão em flagrante, não havia atuação deste em comunhão de ações e
desígnios com Gabriel. Gabriel, em tese, teria praticado crime de tráfico ao transportar material entorpecente e entregá-lo para
Jorge em 27 de maio de 2019. Ocorre que a apreensão do
material só ocorreu em 29 de maio de 2019, logo não estava Gabriel cometendo o crime, não tinha acabado de cometê-lo, não
foi perseguido logo após a infração e nem encontrado com instrumentos do delito que fizessem presumir a autoria. Diante da
ausência das situações previstas no Art. 302 do CPP, impossível a prisão em flagrante de Gabriel.
B) Sim, o argumento de direito material a ser apresentado pela defesa técnica de Gabriel é o de que houve erro de proibição,
afastando o potencial conhecimento da ilicitude indispensável para o reconhecimento da culpabilidade como elemento do crime.
Para a doutrina majoritária, crime seria um fato típico, ilícito e culpável. Sem dúvida, a conduta de Gabriel de transportar drogas
seria típica e ilícita. Ocorre que o agente agiu por acreditar que, naquela situação, sua conduta seria lícita, já que estaria
transportando droga para fins medicinais, conforme aprendeu em livro oficial obtido em faculdade pública. Diante disso, fica
afastado o elemento da culpabilidade do potencial conhecimento da ilicitude. Cabe esclarecer que não estamos diante de
hipótese de erro de tipo, já que ele tinha conhecimento sobre todas as elementares do crime e não houve falsa percepção da
situação fática. Gabriel sabia estar transportando drogas. Também não há que se falar em desconhecimento da lei, que é
inescusável. Gabriel sabia que o tráfico configura crime, apenas atuando em erro sobre a ilicitude do fato, nos termos da parte
final do Art. 21 do CP. O advogado deveria defender que o erro foi inevitável, logo buscando a isenção de pena, ou, ao menos,
que houve erro evitável, o que poderia funcionar como causa de diminuição de pena.
Distribuição de pontos
QUESTÃO 02 – XXX EXAME
Carleto foi denunciado pela prática do injusto de homicídio simples porque teria desferido disparos, com sua arma
regular, contra seu vizinho Mário durante uma discussão, causando-lhe as lesões que foram a causa da morte da
vítima. Logo que recebida a denúncia, Carleto foi submetido à exame de insanidade mental, tendo o laudo concluído
que ele se encontrava nas condições do Art. 26, caput, do Código Penal.
Finda a primeira etapa probatória do procedimento dos crimes dolosos contra a vida, no momento das alegações
finais, a defesa técnica de Carleto, escorada em uma das vertentes da prova produzida, alegou que o réu atuou em
legítima defesa.
O juiz, ao final da primeira fase do procedimento, absolveu sumariamente o acusado em razão da inimputabilidade
reconhecida, aplicando a medida de segurança de internação pelo prazo mínimo de 01 ano.
A família de Carleto, insatisfeita com a medida de segurança aplicada, procura você, como advogado(a), para a
adoção das medidas cabíveis.
Considerando o caso narrado, responda, na condição de advogado(a) de Carleto, aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível para a defesa combater aquela decisão? Justifique. (Valor: 0,60)
B) Qual a tese jurídica de direito processual que a defesa de Carleto poderá alegar para combater a decisão
respectiva? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Resolução
A) O recurso cabível é Apelação (0,50), com base no artigo 416, do Código de Processo
Penal (0,10).
B) O Juiz absolveu sumariamente o réu em razão da inimputabilidade. Todavia, nos
termos do artigo 415, parágrafo único, do Código de Processo Penal (0,10), o juiz não
poderia ter absolvido sumariamente em razão da inimputabilidade porque essa não
era a única tese defensiva (0,40).
No caso, o Magistrado somente poderia absolver sumariamente com reconhecimento da
legítima defesa e sem aplicação de medida de segurança, ou submeter o réu a
julgamento perante o Tribunal do Júri para análise da excludente de ilicitude (0,15).
Gabarito comentado
A) Considerando que a decisão do magistrado foi de absolvição sumária, nos termos do Art. 416 do CPP, caberá
à defesa apresentar recurso de apelação.
B) Não poderia o magistrado ter absolvido Carleto, com aplicação de medida de segurança, em razão da
inimputabilidade, tendo em vista que esta não era a única tese apresentada pela defesa. Pelo contrário, a defesa
de Carleto defendeu que o fato sequer seria ilícito, em razão de legítima defesa, tese que, se acolhida pelos
jurados, nem mesmo levaria à análise da culpabilidade do agente. Sendo a absolvição própria pela legítima
defesa, não seria cabível a aplicação de medida de segurança. Para que esta seja aplicada, em razão da
reconhecida inimputabilidade do agente devido à doença mental, exige-se que o mesmo tenha praticado um fato
típico e ilícito. Em se tratando de crime doloso contra a vida, a competênciapara o julgamento respectivo é do
Tribunal do Júri, cabendo aos jurados a decisão se o acusado atuou sob a escora de excludente de ilicitude, no
caso a da legítima defesa, que encontrava amparo em uma das vertentes dos autos. O Art. 415, parágrafo único,
do CPP, autoriza a absolvição sumária em razão da inimputabilidade do agente, quando esta for a única tese
defensiva. Na hipótese, a tese principal é a de excludente de ilicitude.
Distribuição de pontos
QUESTÃO 03 – XXIX EXAME
Em patrulhamento de rotina, policiais militares receberam uma informação não identificada de que Wesley, que estava parado em frente
à padaria naquele momento, estaria envolvido com o tráfico de drogas da localidade.
Diante disso, os policiais identificaram e realizaram a abordagem de Wesley, não sendo, em um primeiro momento, encontrado qualquer
material ilícito com ele. Diante da notícia recebida momentos antes da abordagem, porém, e considerando que o crime de associação para o
tráfico seria de natureza permanente, os policiais apreenderam o celular de Wesley e, sem autorização, passaram a ter acesso às fotografias
e conversas no WhatsApp, sendo verificado que existiam fotos armazenadas de Wesley portando suposta arma de fogo, bem como
conversas sobre compra e venda de material entorpecente.
Entendendo pela existência de flagrante em relação ao crime permanente de associação para o tráfico, Wesley foi encaminhado para a
Delegacia, sendo lavrado auto de prisão em flagrante. Após liberdade concedida em audiência de custódia, Wesley é denunciado como
incurso nas sanções do Art. 35 da Lei nº 11.343/06. No curso da instrução, foram acostadas imagens das conversas de Wesley via aplicativo
a que os agentes da lei tiveram acesso, assim como das fotografias. Os policiais foram ouvidos em audiência, ocasião em que confirmaram
as circunstâncias do flagrante. O réu exerceu seu direito ao silêncio.
Com base nas fotografias acostadas, o juiz competente julgou a pretensão punitiva do estado procedente, aplicando a pena mínima de
03 anos de reclusão, além de multa, e fixando o regime inicial fechado, já que o crime imputado seria equiparado a hediondo. Ainda assim,
substituiu a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Considerando as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) de Wesley, intimado(a) para apresentação de recurso de
apelação.
A) Existe argumento a ser apresentado para questionar as provas utilizadas pelo magistrado como fundamento para
condenação? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Mantida a condenação, qual o argumento a ser apresentado para questionar a sanção penal aplicada? Justifique. (Valor:
0,60)
Resolução
A) Sim, o argumento a ser apresentado para questionar as provas utilizados pelo Magistrado é de que se tratam de
provas ilícitas, pois foram obtidas sem autorização judicial para quebra de sigilo de dados e sem autorização de
Wesley para acesso ao conteúdo de seu celular, violando ao direito à intimidade, privacidade e vida privada,
previsto no artigo 5º, inciso X, da CRFB. Logo, as provas ilícitas devem ser desentranhadas dos autos, nos termos do
artigo 157 do CPP.
B) O argumento a ser prestado para questionar a sanção penal aplicada é de que o crime de associação para o
tráfico não é delito equiparado ao hediondo, pois não está previsto no rol taxativo do artigo 1º da Lei 8.072/90, não
cabendo analogia in malam partem, em respeito ao princípio da legalidade.
Além disso, o artigo 2º, §1º, da Lei 8072/90 foi declarado inconstitucional pelo STF, por violação ao princípio da
individualização da pena, previsto no artigo 5º, XLVI, da CRFB; Assim, poderá ser aplicado o regime aberto.
Gabarito comentado
A questão exige do candidato conhecimento sobre uma pluralidade de temas, destacando-se os temas prova ilícita, Lei nº 11.343/06 e crimes
hediondos. Narra o enunciado que Wesley foi abordado por policiais militares e, apesar de nada ilícito ter sido encontrado com ele, os policiais, sem
autorização, apreenderam seu celular e obtiveram acesso às conversas de Wesley via aplicativo whatsapp e ao álbum de fotografias, onde
encontraram imagens de Wesley supostamente com armas de fogo.
Com base nesse conteúdo do celular, Wesley foi preso em flagrante, denunciado e condenado como incurso nas sanções penais do Art. 35 da Lei nº
11.343/06.
A) Sim, existe argumento para questionar as provas que serviram de fundamento para a condenação, tendo em vista que se tratam de provas ilícitas.
As provas utilizadas pelo magistrado foram obtidas com violação ao direito à intimidade, já que os policiais obtiveram acesso ao teor das conversas
de Wesley por mensagens e suas fotografias
sem sua autorização ou sem prévia autorização judicial. Ocorreu violação à garantia de inviolabilidade da intimidade e vida privada, assegurada no
Art. 5º, inciso X, da CRFB, já que não houve o indispensável requerimento (e autorização judicial) de quebra de sigilo de dados. Dessa forma,
estamos diante de provas ilícitas, que devem ser desentranhadas do processo, nos termos do Art. 157 do CPP.
B) O argumento a ser apresentado para questionar a sanção penal aplicada é o de que o crime de associação para o tráfico não é delito equiparado
ao hediondo, diferente do tráfico do Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06, tendo em vista que não está previsto no rol taxativo do Art. 1º da Lei nº
8.072/90. Em respeito ao princípio da legalidade, não
há que se falar em analogia in malam partem. Considerando que o crime de associação para o tráfico não está previsto na Constituição como
equiparado a hediondo e nem é mencionado no Art. 1º da Lei de Crimes Hediondos, não pode o magistrado conferir tal natureza em sua decisão,
ainda que exista previsão no sentido de que o prazo do livramento condicional será de mais de 2/3, prazo esse típico dos crimes hediondos e
equiparados. Ademais, ainda que fosse considerada a natureza hedionda do delito, a previsão de regime inicial fechado obrigatória vem sendo
considerada inconstitucional pelos Tribunais Superiores (Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90) por violar o princípio da individualização da pena.
Distribuição de pontos
QUESTÃO 04 – XXXI EXAME 
Paulo, estudante, condenado anteriormente por crime culposo no trânsito, em 20/08/2019 adentrou loja de conveniência de um posto
de gasolina e, aproveitando-se de um descuido dos funcionários do estabelecimento, furtou todo o dinheiro que se encontrava no caixa.
Após sair da loja sem ter sua conduta percebida, consumado o delito, Paulo avistou sua antiga namorada Jaqueline, que abastecia
seu carro no posto de gasolina, e contou-lhe sobre o crime que praticara momentos antes, pedindo que Jaqueline, igualmente estudante,
primária e sem qualquer envolvimento anterior com fatos ilícitos, ajudasse-o a deixar o local, pois notou que os empregados do posto já
tinham percebido que ocorrera a subtração. Jaqueline, então, dá carona a Paulo, que se evade com os valores subtraídos.
Após instauração de inquérito policial para apurar o fato, os policiais, a partir das câmeras de segurança da loja, identificaram Paulo
como o autor do delito, bem como o veículo de Jaqueline utilizado pelo autor para deixar o local, tendo o Ministério Público denunciado
ambos pela prática do crime de furto qualificado pelo concurso de agentes, na forma do Art. 155, § 4º, inciso IV, do Código Penal.
Por ocasião do recebimento da denúncia, o juiz indeferiu a representação pela decretação da prisão preventiva formulada pela
autoridade policial, mas aplicou aos denunciados medidas cautelares alternativas, dentre as quais a suspensão do exercício de atividade
de natureza econômica em relação a Jaqueline, já que ela seria proprietária de um estabelecimento de comércio de roupas no bairro em
que residia, nos termos requeridos pelo Ministério Público.
Considerando os fatos acima narrados, responda, na condição de advogado(a) de Jaqueline, aos questionamentos a seguir.
A) Qual argumento de direito material poderá ser apresentado pela defesa técnica de Jaqueline para questionara capitulação
delitiva imputada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Existe argumento para questionar a medida cautelar alternativa de suspensão da atividade econômica aplicada a Jaqueline?
Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
A) Jaqueline foi denunciada pela prática do crime de furto qualificado pelo concurso de agentes, na forma do
artigo 155, § 4º, inciso IV, do Código Penal. Todavia, Jaqueline não concorreu para o crime de furto (0,15), já que a
sua participação ocorreu somente após a consumação da subtração realizada por Paulo. Não houve ajuste prévio
entre Jaqueline e Paulo, nem liame subjetivo antes ou durante a subtração (0,50). Logo, não há que se falar em
concurso de pessoas, não devendo Jaqueline
responder pela prática do furto qualificado.
B) O Magistrado aplicou medida cautelar diversa da prisão consistente na suspensão do exercício da atividade de
natureza econômica em relação à Jaqueline. Todavia, o artigo 319, inciso VI, do Código de Processo Penal e o
artigo 282, inciso II, do Código de Processo Penal (0,10), prevê que poderá ser aplicada cautelar de suspensão do
exercício da função pública ou de atividade de natureza econômica, desde que haja justo receio de sua utilização
para prática de novas infrações penais. No caso, o fato imputado à Jaqueline não tem qualquer relação com a
atividade que desenvolve, qual seja, atuar em comércio de roupas em estabelecimento do qual seria proprietária.
Além disso, Jaqueline era primária, de bons antecedentes e sem qualquer envolvimento pretérito com o aparato
policial ou judicial, não havendo justo receio na utilização da atividade econômica para prática de novas
infrações (0,50).
Resolução
Gabarito comentado
Narra o enunciado que Paulo praticou um crime de furto, já que subtraiu, sem violência ou grave ameaça à pessoa, dinheiro da loja
de conveniência de determinado posto de gasolina. Após a consumação do delito, encontrou Jaqueline, sua ex-namorada,
narrando sobre o crime praticado. Jaqueline, então, auxilia Paulo a deixar o local dos fatos. Após descoberta do ocorrido, o
Ministério Público denunciou Jaqueline e Paulo pelo crime de furto qualificado pelo concurso de agentes, aplicando, dentre outras,
a cautelar de suspensão do exercício de atividade de natureza econômica à Jaqueline.
A) O argumento é o de que Jaqueline não praticou crime de furto, já que sua contribuição ocorreu após a consumação do delito
patrimonial. Não há que se falar em participação após a consumação do delito, salvo se a contribuição, apesar de ocorrer após a
consumação, já houver sido previamente ajustada. No caso em tela, Jaqueline não havia ajustado previamente com Paulo que o
auxiliaria na empreitada criminosa, tendo concorrido para o crime somente após a consumação deste por Paulo. Sendo assim, não
há que se falar em concurso de pessoas, não devendo Jaqueline responder pela prática do furto qualificado. Nesse sentido, Paulo
deveria responder apenas pelo crime de furto simples (Art. 155, caput, do CP).
B) Nos termos do Art. 319 do CPP é possível ao magistrado aplicar medidas cautelares alternativas. Para evitar a prisão, incentiva-
se a aplicação de medidas cautelares alternativas. Ademais, o Art. 319, inciso VI, do CPP, prevê que poderá ser aplicada cautelar
de suspensão do exercício da função pública ou de atividade de natureza econômica, desde que haja justo receio de sua utilização
para prática de novas infrações penais. O simples fato de Jaqueline ser denunciada por crime contra o patrimônio (de maneira
inadequada, ainda!) não torna a medida de suspensão da atividade de natureza econômica adequada, qual seja atuar em comércio
de roupas em estabelecimento do qual seria proprietária. Jaqueline era primária, de bons antecedentes e sem qualquer
envolvimento pretérito com o aparato policial ou judicial, nada no enunciado permitindo concluir que haveria justo receio na
utilização da atividade econômica para prática de novas infrações.
Distribuição de pontos

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