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Português Página 1 A NOVA ORTOGRAFIA . O que muda O Novo Acordo Ortográfico foi elaborado para uniformizar a grafia das palavras dos países lusófonos, ou seja, os que têm o português como língua oficial. Ele entrou em vigor em janeiro de 2009. Os brasileiros terão quatro anos para se adequar às novas regras. Durante esse tempo, tanto a grafia anterior como a nova serão aceitas oficialmente. A partir de 1 de janeiro de 2013, a grafia correta da língua portuguesa será a prevista no Novo Acordo. As mudanças são poucas em relação ao número de palavras que a língua portuguesa tem, porém são significativas e importantes. Basicamente o que nos atinge mais fortemente no dia a dia é o uso dos acentos e do hífen. Neste site você encontra as novas regras, o que muda e como devemos escrever a partir de janeiro de 2009. 1. ENTENDA O CASO: A língua portuguesa tem dois sistemas ortográficos: o português (adotado também pelos países africanos e pelo Timor) e o brasileiro. Essa duplicidade decorre do fracasso do Acordo unificador assinado em 1945: Portugal adotou, mas o Brasil voltou ao Acordo de 1943. As diferenças não são substanciais e não impedem a compreensão dos textos escritos numa ou noutra ortografia. No entanto, considera-se que a dupla ortografia dificulta a difusão internacional da língua (por exemplo, os testes de proficiência têm de ser duplicados), além de aumentar os custos editoriais, na medida em que o mesmo livro, para circular em todos os territórios da lusofonia, precisa normalmente ter duas impressões diferentes. O Dicionário Houaiss, por exemplo, foi editado em duas versões ortográficas para poder circular também em Portugal e nos outros países lusófonos. Podemos facilmente imaginar quanto custou essa “brincadeira”. Essa situação estapafúrdia motivou um novo esforço de unificação que se consolidou no Acordo Ortográfico assinado em Lisboa em 1990 por todos os países lusófonos. Na ocasião, estipulou-se a data de 1o de janeiro de 1994 para a entrada em vigor da ortografia unificada, depois de o Acordo ser ratificado pelos parlamentos de todos os países. Contudo, por várias razões, o processo de ratificação não se deu conforme o esperado (só o Brasil e Cabo Verde o realizaram) e o Acordo não pôde entrar em vigor. Diante dessa situação, os países lusófonos, numa reunião conjunta em 2004, concordaram que bastaria a manifestação ratificadora de três dos oito países para que o Acordo passasse a vigorar. Em novembro de 2006, São Tomé e Príncipe ratificou o Acordo. Desse modo, ele, em princípio, está vigorando e deveríamos colocá-lo em uso. 2. AS MUDANÇAS As mudanças, para nós brasileiros, são poucas. Alcançam a acentuação de algumas palavras e operam algumas simplificações nas regras de uso do hífen. 2.1. Acentuação A) FICA ABOLIDO O TREMA: palavras como lingüiça, cinqüenta, seqüestro passam a ser grafadas linguiça, cinquenta, sequestro; B) DESAPARECE O ACENTO CIRCUNFLEXO DO PRIMEIRO ‘O’ EM PALAVRAS TERMINADAS EM ‘OO’: palavras como vôo, enjôo, abençôo passam a ser grafadas voo, enjoo, abençoo; C) DESAPARECE OACENTO CIRCUNFLEXO DAS FORMAS VERBAIS DA TERCEIRA PESSOA DO PLURAL TERMINADAS EM –EEM: palavras como lêem, dêem, crêem, vêem passam a ser grafadas leem, deem, creem, veem; D) DEIXAM DE SER ACENTUADOS OS DITONGOS ABERTOS ÉI E ÓI DAS PALAVRAS PAROXÍTONAS: palavras como idéia, assembléia, heróico, paranóico passam a ser grafadas ideia, assembleia, heroico, paranoico; MUDANÇAS ORTOGRÁFICAS NO HORIZONTE OBSERVAÇÃO IMPORTANTE A mídia costuma apresentar o Acordo como uma unificação da língua. Há, nessa maneira de abordar o assunto, um grave equívoco. O Acordo não mexe na língua (nem poderia, já que a língua não é passível de ser alterada por leis, decretos e acordos) – ele apenas unifica a ortografia. Algumas pessoas – por absoluta incompreensão do sentido do Acordo e talvez induzidas por textos Curso Preparatório Trincheira Português Página 2 imprecisos da imprensa – chegaram a afirmar que a abolição do trema (prevista pelo Acordo) implicaria a mudança da pronúncia das palavras (não diríamos mais o u de lingüiça, por exemplo). Isso não passa de um grosseiro equívoco: o Acordo só altera a forma de grafar algumas palavras. A língua continua a mesma. E) FICA ABOLIDO, NAS PALAVRAS PAROXÍTONAS, O ACENTO AGUDO NO I E NO U TÔNICOS QUANDO PRECEDIDOS DE DITONGO : palavras como feiúra, baiúca passam a ser grafadas feiura, baiuca; F) FICA ABOLIDO, NAS FORMAS VERBAIS RIZOTÔNICAS (QUE TÊM O ACENTO TÔNICO NA RAIZ), O ACENTO AGUDO DO U TÔNICO PRECEDIDO DE G OU Q E SEGUIDO DE E OU I. Essa regra alcança algumas poucas formas de verbos como averiguar, apaziguar, arg(ü/u)ir: averigúe, apazigúe e argúem passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem; G) DEIXA DE EXISTIR O ACENTO AGUDO OU CIRCUNFLEXO USADO PARA DISTINGUIR PALAVRAS PAROXÍTONAS QUE, TENDO RESPECTIVAMENTE VOGAL TÔNICA ABERTA OU FECHADA, SÃO HOMÓGRAFAS DE PALAVRAS ÁTONAS. ASSIM, DEIXAMDE SE DISTINGUIR PELO ACENTO GRÁFICO: —para (á), flexão do verbo parar, e para, preposição; —pela(s) (é), substantivo e flexão do verbo pelar, e pela(s), combinação da preposição per e o artigo a(s); —polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); —pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (ê), substantivo, e pelo(s) combinação da preposição per e o artigo o(s); —pera (ê), substantivo (fruta), pera (é), substantivo arcaico (pedra) e pera preposição arcaica. 2.2 O caso do hífen O hífen é, tradicionalmente, um sinal gráfico mal sistematizado na ortografia da língua portuguesa. O texto do Acordo tentou organizar as regras, de modo a tornar seu uso mais racional e simples: a) manteve sem alteração as disposições anteriores sobre o uso do hífen nas palavras e expressões compostas. Determinou apenas que se grafe de forma aglutinada certos compostos nos quais se perdeu a noção de composição (mandachuva e paraquedas, por exemplo). Para saber quais perderão o hífen, teremos de esperar a publicação do novo Vocabulário Ortográfico pela Academia das Ciências de Lisboa e pela Academia Brasileira de Letras. É que o texto do Acordo prevê a aglutinação, dá alguns exemplos e termina o enunciado com um etc. – o que, infelizmente, deixa em aberto a questão; b) no caso de palavras formadas por prefixação, houve as seguintes alterações: ● só se emprega o hífen quando o segundo elemento começa por h Ex.: pré-história, super-homem, pan-helenismo, semi-hospitalar EXCEÇÃO: manteve-se a regra atual que descarta o hífen nas palavras formadas com os prefixos des- e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial (desumano, inábil, inumano). ● e quando o prefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento Ex.: contra-almirante, supra-auricular, auto-observação, micro-onda, infra-axilar EXCEÇÃO: manteve-se a regra atual em relação ao prefixo co-, que em geral se aglutina com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o (coordenação, cooperação, coobrigação) Com isso, ficou abolido o uso do hífen: ● quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas Ex.: antirreligioso, antissemita, contrarregra, infrassom. EXCEÇÃO: manteve-se o hífen quando os prefixos terminam com r, ou seja, hiper-, inter- e super- Ex.: hiper-requintado, inter-resistente, super-revista. ● quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente Ex.: extraescolar, aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem, antiaéreo, agroindustrial, hidroelétrica OBSERVAÇÃO Permanecem inalteradas as demais regras do uso do hífen. 2.3. O caso das letras k, w, y Embora continuemde uso restrito, elas ficam agora incluídas no nosso alfabeto, que passa, então, a ter 26 letras. Importante deixar claro que essa medida nada altera do que está estabelecido. Apenas fixa a seqüência dessas letras para efeitos da listagem alfabética de qualquer natureza. Adotou-se a convenção internacional: o k vem depois do j, o w depois do v e o y depois do x. 2.4. O caso das letras maiúsculas Se compararmos o disposto no Acordo com o que está definido no atual Formulário Ortográfico brasileiro, vamos ver que houve uma simplificação no uso obrigatório das letras maiúsculas. Elas ficaram restritas a nomes próprios de pessoas (João, Maria, Dom Quixote), lugares (Curitiba, Rio de Janeiro), instituições (Instituto Nacional da Seguridade Social, Ministério da Educação) Curso Preparatório Trincheira Português Página 3 e seres mitológicos (Netuno, Zeus), a nomes de festas (Natal, Páscoa, Ramadão), na designação dos pontos cardeais quando se referem a grandes regiões (Nordeste, Oriente), nas siglas (FAO, ONU), nas iniciais de abreviaturas (Sr., Gen. V. Exª) e nos títulos de periódicos (Folha de S.Paulo, Gazeta do Povo). Ficou facultativo usar a letra maiúscula nos nomes que designam os domínios do saber (matemática ou Matemática), nos títulos (Cardeal/cardeal Seabra, Doutor/ doutor Fernandes, Santa/santa Bárbara) e nas categorizações de logradouros públicos (Rua/rua da Liberdade), de templos (Igreja/igreja do Bonfim) e edifícios (Edifício/edifício Cruzeiro). 2.5. Uma curiosa (e infeliz) determinação Alegando que o sujeito de uma sentença não pode ser preposicionado, há uma certa tradição gramatical que proíbe, na escrita, a contração da preposição com o artigo ou com o pronome em sentenças como: Não é fácil de explicar o fato de os professores ganharem tão pouco. É tempo de ele sair. Nem todos os gramáticos subscrevem tal proibição. Evanildo Bechara, por exemplo, argumenta, em sua Moderna gramática portuguesa (Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2000, p. 536-7), que ambas as construções são corretas e cita o uso da contração em vários escritores clássicos da língua. No entanto, há uma cláusula do Acordo Ortográfico que adota aquela proibição. Assim, cometeremos, a partir da vigência do Acordo, erro gráfico se fizermos a contração. Parece que alguns filólogos não conseguem mesmo viver sem cultivar alguma picuinha... 2.6. Apreciação geral O Acordo é, em geral, positivo. Em primeiro lugar, porque unifica a ortografia do português, mesmo mantendo algumas duplicidades. Por outro lado, simplifica as regras de acentuação, limpando o Formulário Ortográfico de regras irrelevantes e que alcançam um número muito pequeno de palavras. A simplificação das regras do hífen é também positiva: torna um pouco mais racional o uso deste sinal gráfico. CONHEÇA AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES A IMPLEMENTAR PELA REFORMA ORTOGRÁFICA: Curso Preparatório Trincheira Português Página 4 Curso Preparatório Trincheira Português Página 5 REGRAS PRÁTICAS PARA O EMPREGO DE LETRAS 1. REPRESENTAÇÃO DO FONEMA /Z/ a) Dependendo da sílaba inicial da palavra, pode ser representado pelas letras z, x, s: Sílaba inicial a > usa-se z - azar, azia, azedo, azorrague, azêmola ... Exceções: Ásia, asa, asilo, asinino. Sílaba inicial e > usa-se x - exame, exemplo, exímio, êxodo, exumar ... Exceções: esôfago, esotérico, (há também exotérico) Sílaba inicial i > usa-se s - isento, isolado, Isabel, Isaura, Isidoro ... Silaba inicial o > usa-se s - hosana, Osório, Osíris, Oséias... Exceção: ozônio Sílaba inicial u > usa-se s - usar, usina, usura, usufruto ... b) No segmento final da palavra (sílaba ou sufixo), pode ser representado pelas letras z e s: 1) letra z - se o fonema /z/ não vier entre vogais: az, oz - (adj. oxítonos) audaz, loquaz, veloz, atroz ... iz, uz - (pal. oxítonas) cicatriz, matriz, cuscuz, mastruz ... Exceções: anis, abatis, obus. ez, eza - (subst. abstratos) maciez, embriaguez, avareza ... 2) letra s - se o fonema /z/ vier entre vogais: asa - casa, brasa ... ase - frase, crase ... aso - vaso, caso ... Exceções: gaze, prazo. ês(a) - camponês, marquesa ... ese - tese, catequese ... esia - maresia, burguesia ... eso - ileso, obeso, indefeso ... isa - poetisa, pesquisa ... Exceções: baliza, coriza, ojeriza. ise - valise, análise, hemoptise ... Exceção: deslize. iso – aviso, liso, riso, siso ... Exceções: guizo, granizo. oso(a) - gostoso, jeitoso, meloso ... Exceção: gozo. ose – hipnose, sacarose, apoteose ... uso(a) - fuso, musa, medusa ... Exceção: cafuzo(a). c) Verbos: Terminação izar - derivados de nomes sem "s" na última sílaba: utilizar, avalizar, dinamizar, centralizar ... - cognatos (derivados com mesmo radical) com sufixo "ismo": (batismo) batizar - (catecismo) catequizar ... Terminação isar - derivados de nomes com "s" na última sílaba: avisar, analisar, pesquisar, alisar, bisar ... Verbos pôr e querer - com "s" em todas as flexões: pus, pusesse, pusera, quis, quisesse, quisera ... d) Nas derivações sufixais: letra z - se não houver "s” na última sílaba da palavra primitiva: marzinho, canzarrão, balázio, bambuzal, pobrezinho ... letra s - se houver "s" na última sílaba da palavra primitiva: japonesinho, braseiro, parafusinho, camiseiro, extasiado... e) Depois de ditongos: letra s - lousa, coisa, aplauso, clausura, maisena, Creusa ... 2. REPRESENTAÇÃO DO FONEMA /X/ Emprego da letra X a) depois das sílabas iniciais: me - mexerico, mexicano, mexer ... Exceção: mecha Ia – laxante ... li – lixa ... lu – lixo ... gra – graxa ... bru – bruxa ... en - enxame, enxoval, enxurrada ... Exceção: enchova. Observação: Quando en for prefixo, prevalece a grafia da palavra primitiva: encharcar, enchapelar, encher, enxadrista... b) depois de ditongos: caixa, ameixa, frouxo, queixo ... Exceção: recauchutar. 3. OUTROS CASOS DE ORTOGRAFIA 1. Letra g Palavras terminadas em: ágio - presságio égio – privilégio ígio – vestígio ógio – relógio úgio – refúgio agem – viagem ege – herege igem – vertigem oge – paragoge Curso Preparatório Trincheira Português Página 6 ugem – penugem Exceções: pajem, lajem, lambujem. 2. Letra c (ç) a) nos sufixos: barcaça, viração, cansaço, bonança, roliço. b) depois de ditongos: louça, foice, beiço, afeição. c) cognatas com "t": exceto > exceção - isento > isenção. d) derivações do verbo "ter": deter > detenção, obter > obtenção. 3. Letra s / ss Nas derivações, a partir das terminações verbais: Ender pretender > pretensão; ascender > ascensão. Ergir imergir > imersão; submergir > submersão. Erter inverter > inversão; perverter > perversão. Pelir repelir > repulsa; compelir > compulsão. correr discorrer > discurso; percorrer > percurso. ceder ceder > cessão; conceder > concessão. gredir agredir > agressão; regredir > regresso. primir exprimir > expressão; comprimir > compressa. tir permitir > permissão; discutir > discussão. EXERCíCIOS E QUESTÕES DE CONCURSOS Falso / verdadeiro Todas as palavras estão corretas: 1. ( ) ananás, loquaz, vorás, lilaz; 2. ( ) freguês, pequenez, duquesa, rijeza; 3. ( ) encapusado, cuscus, pirezinho, atroz; 4. ( ) azia, asilado, azinhavre, azedo; 5. ( ) guiso, aviso. riso, graniso; 6. ( ) extaziar, gase, ojeriza, deslisar; 7. ( ) valize, deslize, varize, garnizé; 8. ( ) batizar, catequizar, balizar, bisar; 9. ( ) papisa, balásio, ginásio, episcopisa; 10. ( ) maisena, deslizar, revezar, pequinês;11. ( ) azoto, ozônio, atrasado, esotérico; 12. ( ) Izabel, Neuza, Souza, Isidoro; 13. ( ) passoca, ajiota, cafuso, enchurrada; 14. ( ) albatroz, permição, interceção, puz; 15. ( ) logista, gerimum, gibóia, pajem; 16. ( ) retrós, algoz, atroz, ilhós; 17. ( ) pretencioso, êxodo, baliza, aziago; 18. ( ) embaixatriz, sacerdotisa, coriza, az; 19. ( ) enxarcado, enxotar, enxova, enxido; 20. ( ) discussão, aversão, ajeitar, gorjear; 21. ( ) sarjeta, pajem, monje, argila; 22. ( ) tigela, rijeza, rabugento, gesto; 23. ( ) ascenção, obscessão, massiço, sucinto; 24. ( ) pixe, flexa, xispa, xucro; 25. ( ) cachumba, esguixo, lagarticha, toxa. Múltipla escolha 26. Assinale a opção onde há erro no emprego do dígrafo sc: a) aquiescer; d) florescer; b) suscinto; e) intumescer. c) consciência; 27. Assinale o vocábulo cuja lacuna não deve ser preenchida com "i": a) pr___vilégio; d) cum___eira; b) corr___mão; e) cas___mira. c) d___senteria; 28. Assinale a série em que todas as palavras estão corretamente grafadas: a) sarjeta - babaçu - praxe - repousar; b) caramanchão - mixto - caos - biquíni; c) ultrage - discução - mochila - flexa; d) enxerto - represa - sossobrar - barbárie; e) acesso - assessoria - ascenção - silvícola. 29. Aponte a opção de grafia incorreta. a) usina - buzina; b) ombridade - ombro; c) úmido - humilde; d) erva - herbívoro; e) néscio - cônscio. 30. Aponte a alternativa com incorreção. a) Há necessidade de fiscalizar bem as provas. b) A obsessão é prejudicial ao discernimento. c) A pessoa obscecada nada enxerga. d) Exceto Paulo, todos participaram da organização. e) Súbito um rebuliço: a confusão era total. GABARITO 1.F 7.F 13.F 19.F 25.F 2.V 8.V 14.F 20.V 26.B 3.F 9.F 15.F 21.F 27.D 4.V 10.V 16.V 22.V 28.A 5.F 11.V 17.F 23.F 29.B 6.F 12.F 18.V 24.F 30.C Curso Preparatório Trincheira Português Página 7 EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA ACENTUAÇÃO GRÁFICA Tipo de palavra ou sílaba Quando acentuar Exemplo (como eram) Observações (como ficaram) Proparo xítonas sempre simpática, lúcido, sólido, cômodo Continua tudo igual ao que era antes da nova ortografia. Observe: Pode-se usar acento agudo ou circunflexo de acordo com a pronúncia da região: acadêmico, fenômeno (Brasil) académico, fenómeno (Portugal). Paroxítonas Se terminada s em: R, X, N, L, I, IS, UM, UNS, US, PS, Ã, ÃS, ÃO, ÃOS; ditongo oral, seguido ou não de S fácil, táxi, tênis, hífen, próton, álbum(ns) , vírus, caráter, látex, bíceps, ímã, órfãs, bênção, órfãos, cárie, árduos, pólen, éden. Continua tudo igual. Observe: 1) Terminadas emENS não levam acento: hifens, polens. 2) Usa-se indiferenteme nte agudo ou circunflexo se houver variação de pronúncia: sêmen, fêmur (Brasil) ou sêmen, fémur (Portugal). 3) Não ponha acento nos prefixo paroxítonos que terminam em R nem nos que terminam emI: inter- helênico, super-homem, anti-herói, semi-internato Oxítonas Se terminada s em: A, AS, E, ES, O, OS, EM, ENS vatapá, igarapé, avô, avós, refém, parabéns Continua tudo igual. Observe: 1. terminadas em I,IS, U, US não levam acento: tatu, Morumbi, abacaxi. 2. Usa-se indiferenteme nte agudo ou circunflexo se houver variação de pronúncia: bebê, purê(Brasil); bebé, puré(Portugal) . Monossílab os tônicos (são oxítonas também) terminado s em A, AS, E, ES, O,OS vá, pás, pé, mês, pó, pôs Continua tudo igual. Atente para os acentos nos verbos com formas oxítonas: adorá-lo, debatê-lo, etc. Í e Ú em palavras oxítonas e paroxítonas Í e Ú levam acento se estiverem sozinhos na sílaba (hiato) saída, saúde, miúdo, aí, Araújo, Esaú, Luís, Itaú, baús, Piauí 1. Se o i e u forem seguidos de s, a regra se mantém: balaústre, egoísmo, baús, jacuís. 2. Não se acentuam ie u se depois vier ‘nh‘: rainha, tainha, moinho. 3. Esta regra é nova: nas paroxítonas, o i e unão serão mais acentuados se vierem depois de um ditongo: baiuca, bocaiuva, feiura, maoista, saiinha (saia pequena), Curso Preparatório Trincheira Português Página 8 cheiinho (cheio). 4. Mas, se, nasoxítonas, mesmo com ditongo, o i e uestiverem no final, haverá acento: tuiuiú, Piauí, teiú. Ditongos abertos em palavras paroxítonas EI, OI, idéia, colméia, bóia Esta regra desapareceu (para palavras paroxítonas). Escreve-se agora: ideia, colmeia, celuloide, boia. Observe: há casos em que a palavra se enquadrará em outra regra de acentuação. Por exemplo: contêiner, Méier, destróier serão acentuados porque terminam em R. Ditongos abertos em palavras oxítonas ÉIS, ÉU(S), ÓI(S) papéis, herói, heróis, troféu, céu, mói (moer) Continua tudo igual(mas, cuidado: somente para palavras oxítonas com uma ou mais sílabas). Verbos arguir e redarguir (agora sem trema) arguir e redarguir usavam acento agudo em algumas pessoas do indicativo, do subjuntivo e do imperativ o afirmativo . Esta regra desapareceu. Os verbos arguir e redarguir perderam o acento agudo em várias formas (rizotônicas): eu arguo (fale: ar-gú-o, mas não acentue); ele argui (fale: ar-gúi), mas não acentue. Verbos terminados em guar, quar e quir aguar enxaguar, averiguar, apaziguar , delinquir, obliquar usavam acento agudo em algumas pessoas do indicativo, do subjuntivo e do imperativ o afirmativo Esta regra sofreu alteração. Observe:. Quando o verbo admitir duas pronúncias diferentes, usando a ou i tônicos, aí acentuamos estas vogais: eu águo, eleságuam e enxáguam a roupa (a tônico); eu delínquo, eles delínquem (í tônico). tu apazíguas as brigas; apazíguem os grevistas. Se a tônica, na pronúncia, cair sobre o u, ele não será acentuado: Eu averiguo (diga averi-gú-o, mas não acentue) o caso; eu aguo a planta (diga a-gú-o, mas não acentue). ôo, ee vôo, zôo, enjôo, vêem Esta regra desapareceu. Agora se escreve: zoo, perdoo veem, magoo, voo. Verbos ter e vir na terceira pessoa do plural do presente do indicativo eles têm, eles vêm Continua tudo igual. Ele vem aqui; eles vêm aqui. Eles têm sede; ela tem sede. Derivados de ter e vir (obter, manter, intervir) na terceira pessoa do singular leva acento agudo; ele obtém, detém, mantém; eles obtêm, detêm, mantêm Continua tudo igual. Curso Preparatório Trincheira Português Página 9 na terceira pessoa do plural do presente levam circunflex o Acento diferencial Esta regra desapareceu, exceto para os verbos: PODER (diferença entre passado e presente. Ele não pôde ir ontem, mas pode ir hoje. PÔR (diferença com a preposição por): Vamos por um caminho novo, então vamos pôr casacos; TER e VIR e seus compostos (ver acima). Observe: 1) Perdem o acento as palavras compostas com o verbo PARAR: Para-raios, para-choque. 2) FÔRMA (de bolo): O acento será opcional; se possível, deve-se evitá- lo: Eis aqui a forma para pudim, cuja forma de pagamento é parcelada. Trema (O trema não é acento gráfico.) Desapareceu o trema sobre o U em todas as palavras do português: Linguiça, averiguei, delinquente, tranquilo, linguístico. Exceto as de língua estrangeira: Günter, Gisele Bündchen, müleriano. 1 – Identifique a alternativa em que há um vocábulo cuja grafia não atende ao previsto no Acordo Ortográfico: a) aguentar – tranquilidade – delinquente – arguir – averiguemos; b) cinquenta – aguemos – linguística – equestre –eloquentemente; c) apaziguei – frequência – arguição – delinquência – sequestro; d) averiguei – inconsequente – bilíngue – linguiça – quinquênio; e) sequência – redargüimos – lingueta – frequentemente – bilíngue. 2 – Assinale a opção em que figura uma forma verbal grafada, consoante a nova ortografia, erroneamente: a) verbo ter: tem detém contém mantém retém têm detêm contêm mantêm retêm b) verbo vir: vem advém convém intervém provém vêm advêm convêm intervêm provêm c) verbos ler e crer: lê relê crê descrê lêem relêem creem descrêem d) verbos dar e ver: dê desdê vê revê provê deem desdeem vêem revêem provêm e) verbos derivados de ter: abstém atém obtém entretém abstêm atêm obtêm entretêm Curso Preparatório Trincheira Português Página 10 3 – Identifique a alternativa em que um dos vocábulos, segundo o Acordo Ortográfico, recebeu indevidamente acento gráfico: a) céu – réu – véu; b) chapéu – ilhéu – incréu; c) anéis – fiéis – réis; d) mói – herói – jóia; e) anzóis – faróis – lençóis. 4 – As sequências abaixo contêm paroxítonas que, segundo determinada regra do Acordo Ortográfico, não são acentuadas. Deduza qual é essa regra e assinale a alternativa a que ela não se aplica: a) aldeia – baleia – lampreia – sereia; b) flavonoide – heroico – reumatoide – prosopopeia; c) apoia – corticoide – jiboia – tipoia; d) Assembleia – ideia – ateia – boleia; e) Crimeia – Eneias – Leia – Cleia. 5 – Identifique a opção em que todas as palavras compostas estão grafadas de acordo com as novas regras: a) anti-higiênico – antiinflamatório – antiácido – antioxidante – anti-colonial – antirradiação – antissocial; b) anti-higiênico – anti-inflamatório – antiácido – antioxidante – anticolonial – antiradiação – anti-social; c) anti-higiênico – anti-inflamatório – antiácido – antioxidante – anticolonial – antirradiação – antissocial; d) anti-higiênico – anti-inflamatório – anti-ácido – anti-oxidante – anticolonial – antirradiação – antissocial; e) anti-higiênico – anti-inflamatório – anti-ácido – anti- oxidante – anti-colonial – antirradiação – antissocial. 6 – Conforme o Acordo Ortográfico, os prefixos pós- , pré- e pró-, quando átonos, aglutinam-se com o segundo elemento do termo composto. Marque a alternativa em que, segundo as novas regras, há erro de ortografia: a) posdatar – predatar – proamericano – progermânico; b) predefinir – predestinar – predizer – preexistência; c) prejulgar – prelecionar – prenomear – preordenar; d) preanunciar – preaquecer – preconcebido – precognição; e) preposto – procônsul – procriação – prolação. 7 – O uso do acento diferencial, consoante as novas regras, é facultativo nos seguintes casos, exceto em: a) fôrma (significando molde) b) pôde (no pretérito perfeito do indicativo); c) cantámos (no pretérito perfeito do indicativo); d) amámos (no pretérito perfeito do indicativo); e) dêmos (no presente do subjuntivo). 8 – Identifique a alternativa em que todas as palavras compostas estão grafadas de acordo com as novas regras: a) miniquadro – minissubmarino – minirretrospectiva – mini-saia; b) sub-bibliotecário – sub-humano – sub-hepático – sub- região; c) infra-assinado – infra-estrutura – infra-hepático – infravermelho; Curso Preparatório Trincheira Português Página 11 d) hiperácido – hiperespaço – hiper-humano – hiperrealista; e) contra-acusação – contra-indicação – contraespionagem – contra-harmônico. 09 – Todos os termos compostos estão corretamente grafados na opção: a) ultraconfiança – paraquedas – reestruturar – sub-bibliotecário – super-homem; b) hiperativo – rerratificar – subsecretário – semi-hipnotizado – manda-chuva; c) interregional – macroeconmia – pontapé – ressintetizar – sub-horizontal; d) superagasalhar – arquimilionário – interestadual – passa-tempo – sub-rogar; e) paraquedístico – panamericano – mini-herói – neo-hebraico – sem-teto. 10 – Deveriam ter sido acentuadas as palavras alistadas na opção: a) azaleia – estreia – colmeia – geleia – pigmeia; b) benzoico – dicroico – heroico – Troia – urbanoide; c) chapeu – coroneis – heroi – ilheu – lençois; d) alcaloide – reumatoide – tabloide – tifoide – tipoia; e) apneia – farmacopeia – odisseia – pauliceia – traqueia. 11 – O hífen foi indevidamente empregado em: a) capim-açu; b) anajá-mirim; c) abaré-guaçu; d) tamanduá-açu; e) trabalhador-mirim. 12 – Assinale a sequência integralmente correta: a) sino-japonês – sinorrusso; b) hispano-árabe – hispano-marroquino; c) teutoamericano – teutodescendente; d) anglo-brasileiro – anglo-descendente; e) angloamericano – anglofalante. 13 – Marque a opção em que uma das formas verbais está incorreta: a) averíguo – averiguo; b) averíguas – averiguas; c) averígua – averigua; d) averíguamos – averiguamos; e) averíguam – averiguam. 14 – Marque a opção em que ambos os termos estão incorretamente grafados: a) coabitar – coerdeiro; b) coexistência – coindicado; c) cofundador – codominar; d) co-ordenar – co-obrigar; e) corresponsável – cossignatário. 15 – Paramédico é grafado sem hífen, da mesma forma que: a) parabactéria; b) parabrisa; c) parachoque; d) paralama; e) paravento. 16 – Para-raios é grafado com hífen, da mesma forma que: a) para-biologia; b) para-psicologia; c) para-linguagem; d) para-normal; e) para-chuva. 17 – Uma das palavras está grafada de forma incorreta na opção: a) pró-ativo – proativo; b) pró-ótico – proótico; c) pré-eleição – preeleição; d) pré-demarcar – predemarcar; e) pré-eleito – preeleito. 18 – Identifique a alternativa em que há erro de ortografia: a) predelinear; b) predestinar; c) pré-questionar; Curso Preparatório Trincheira Português Página 12 d) preexistência; e) proembrionário 19 – As formas verbais a seguir estão corretamente grafadas, exceto: a) arguiamos; b) arguiríamos; c) arguíssemos; d) arguímos; e) arguirmos. 20 – Assinale a opção em que há erro de ortografia: a) arco e flecha; b) arco de triunfo; c) arco de flores; d) arco da chuva; e) arco da velha. Gabarito 1- letra E 2- letra D 3- letra D 4- letra A 5- letra C 6- letra A 7- letra B 8- letra B 9 – letra A 10 – letra C 11 – letra E 12 – letra B 13 – letra D 14 – letra D 15 – letra A 16 – letra E 17 – letra B 18 – letra C 19 – letra A 20 – letra E Curso Preparatório Trincheira Português Página 13 Consultando a gramática, descobrimos que dentre as partes que a constituem há uma que, por excelência, permite-nos tornar conhecedores da forma como se estruturam as palavras, levando em conta aspectos específicos, como é caso das flexões, por exemplo. Estamos fazendo referência à morfologia, obviamente, aquela responsável por nos apresentar acerca das dez classes gramaticais. Em se tratando delas, das classes gramaticais, um dos aspectos que lhes são inerentes diz respeito à flexão e não flexão das palavras, que, por sua vez, traduz os nossos objetivos ao travar essa importante discussão, por isso, iremos falar um pouco mais acerca das palavras variáveis e das palavras invariáveis. Essas classes podem ser: Variáveis – São as que apresentam variações ou flexões em sua forma. Invariáveis – São as que se apresentam sempre com a mesma forma. Observe, no quadro a seguir, a classificação geraldas classes de palavras: Cabe, portanto, ressaltar que as palavras variáveis são aquelas que sofrem variações em sua forma, o que resulta nas chamadas desinências nominais de gênero e de número, bem como nas desinências verbais, de modo, tempo, número e pessoa. Assim, ao revelarmos acerca das desinências nominais, já que estamos fazendo referência à morfologia, equivale afirmar que elas se aplicam às classes gramaticais representadas pelo substantivo, artigo, adjetivo, pronome e numeral, haja vista que se classificam, gramaticalmente dizendo, como nomes. Dessa forma, nada melhor que analisarmos alguns exemplos, tornando nosso aprendizado ainda mais efetivo: Ele é um menino esperto – gênero masculino, o que nos permite concluir que há a ausência de desinência. Ela é uma garota esperta – Constatamos agora o gênero feminino e a desinência “a”. Mário é um rapaz educado – Em se tratando do número, afirmamos ser tal elemento demarcado no singular, bem como constatamos a ausência de desinência. Eles são uns rapazes educados – constatamos se tratar de um número plural associado à presença da desinência “s”. Agora, referindo-nos às desinências verbais, constata- se que elas são representadas pelas desinências de modo e tempo (DMT) e pelas desinências de número e pessoa (DNP). Observemos então o exemplo que segue: Estávamos com muita saudade de todos vocês. Assim, infere-se que: - va – DMT - desinência modo-temporal indicando o pretérito imperfeito do modo indicativo. - mos – DNP – desinência número-pessoal indicando a primeira pessoa do plural (nós). Diante de tais elucidações, afirmamos que elas se aplicam às chamadas palavras variáveis. Para completar nossos estudos acerca do caso em questão cumpre afirmar que palavras invariáveis, como nos revela o próprio nome, são aquelas que não sofrem flexão nenhuma, demarcadas pelos advérbios, preposições, conjunções e interjeições. CLASSES DE PALAVRAS CLASSIFICAÇÃO E EMPREGO: As palavras são classificadas de acordo com as funções exercidas nas orações. Na língua portuguesa podemos classificar as palavras em: Substantivo Adjetivo Pronome Verbo Artigo Numeral Advérbio Preposição Interjeição Conjunção Curso Preparatório Trincheira Português Página 14 É a palavra variável que denomina qualidades, sentimentos, sensações, ações, estados e seres em geral. Quanto a sua formação, o substantivo pode ser primitivo (jornal) ou derivado (jornalista), simples (alface) ou composto (guarda-chuva). Já quanto a sua classificação, ele pode ser comum (cidade) ou próprio (Curitiba), concreto (mesa) ou abstrato (felicidade). Os substantivos concretos designam seres de existência real ou que a imaginação apresenta como tal: alma, fada, santo. Já os substantivos abstratos designam qualidade, sentimento, ação e estado dos seres: beleza, cegueira, dor, fuga. Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com iniciais maiúsculas. Certos substantivos próprios podem tornar-se comuns, pelo processo de derivação imprópria (um judas = traidor / um panamá = chapéu). Os substantivos abstratos têm existência independente e podem ser reais ou não, materiais ou não. Quando esses substantivos abstratos são de qualidade tornam-se concretos no plural (riqueza X riquezas). Muitos substantivos podem ser variavelmente abstratos ou concretos, conforme o sentido em que se empregam (a redação das leis requer clareza / na redação do aluno, assinalei vários erros). Já no tocante ao gênero (masculino X feminino) os substantivos podem ser: biformes: quando apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. (rato, rata ou conde X condessa). uniformes: quando apresentam uma única forma para ambos os gêneros. Nesse caso, eles estão divididos em: epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e fêmea) - albatroz, badejo, besouro, codorniz; comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas, fazendo a distinção dos sexos por palavras determinantes - aborígine, camarada, herege, manequim, mártir, médium, silvícola; sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos - algoz, apóstolo, cônjuge, guia, testemunha, verdugo; Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido. (o cisma X a cisma / o corneta X a corneta / o crisma X a crisma / o cura X a cura / o guia X a guia / o lente X a lente / o língua X a língua / o moral X a moral / o maria-fumaça X a maria-fumaça / o voga X a voga). Os nomes terminados em -ão fazem feminino em -ã, -oa ou -ona (alemã, leoa, valentona). Os nomes terminados em -e mudam-no para -a, entretanto a maioria é invariável (monge X monja, infante X infanta, mas o/a dirigente, o/a estudante). Quanto ao número (singular X plural), os substantivos simples formam o plural em função do final da palavra. vogal ou ditongo (exceto -ÃO): acréscimo de -S (porta X portas, troféu X troféus); ditongo -ÃO: -ÕES / -ÃES / -ÃOS, variando em cada palavra (pagãos, cidadãos, cortesãos, escrivães, sacristães, capitães, capelães, tabeliães, deães, faisães, guardiães). Os substantivos paroxítonos terminados em -ão fazem plural em -ãos (bênçãos, órfãos, gólfãos). Alguns gramáticos registram artesão (artífice) - artesãos e artesão (adorno arquitetônico) - artesões. -EM, -IM, -OM, -UM: acréscimo de -NS (jardim X jardins); -R ou -Z: -ES (mar X mares, raiz X raízes); -S: substantivos oxítonos acréscimo de -ES (país X países). Os não-oxítonos terminados em -S são invariáveis, marcando o número pelo artigo (os atlas, os lápis, os ônibus), cais, cós e xis são invariáveis; -N: -S ou -ES, sendo a última menos comum (hífen X hifens ou hífenes), cânon > cânones; -X: invariável, usando o artigo para o plural (tórax X os tórax); -AL, EL, OL, UL: troca-se -L por -IS (animal X animais, barril X barris). Exceto mal por males, cônsul por cônsules, real (moeda) por réis, mel por méis ou meles; IL: se oxítono, trocar -L por -S. Se não oxítonos, trocar - IL por -EIS. (til X tis, míssil X mísseis). Observação: réptil / reptil por répteis / reptis, projétil / projetil por projéteis / projetis; sufixo diminutivo -ZINHO(A) / -ZITO(A): colocar a palavra primitiva no plural, retirar o -S e acrescentar o sufixo diminutivo (caezitos, coroneizinhos, mulherezinhas). Observação: palavras com esses sufixos não recebem acento gráfico. metafonia: -o tônico fechado no singular muda para o timbre aberto no plural, também variando em função da palavra. (ovo X ovos, mas bolo X bolos). SUBSTANTIVO Curso Preparatório Trincheira Português Página 15 Observação: avôs (avô paterno + avô materno), avós (avó + avó ou avô + avó). Os substantivos podem apresentar diferentes graus, porém grau não é uma flexão nominal. São três graus: normal, aumentativo e diminutivo e podem ser formados através de dois processos: analítico: associando os adjetivos (grande ou pequeno, ou similar) ao substantivo; sintético: anexando-se ao substantivo sufixos indicadores de grau (meninão X menininho). Certos substantivos, apesar da forma, não expressam a noção aumentativa ou diminutiva. (cartão, cartilha). alguns sufixos aumentativo: -ázio, -orra, -ola, - az, -ão, -eirão, -alhão, -arão, -arrão, -zarrão; alguns sufixos diminutivo: -ito, -ulo-, -culo, -ote, - ola, -im, -elho, -inho, -zinho (o sufixo -zinho é obrigatório quando o substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo: cafezinho, paizinho); O aumentativo pode exprimir desprezo (sabichão, ministraço, poetastro) ou intimidade (amigão); enquanto o diminutivo pode indicar carinho (filhinho) ou ter valor pejorativo (livreco, casebre). Algumas curiosidades sobre os substantivos:Palavras masculinas: ágape (refeição dos primitivos cristãos); anátema (excomungação); axioma (premissa verdadeira); caudal (cachoeira); carcinoma (tumor maligno); champanha, clã, clarinete, contralto, coma, diabete/diabetes (FeM classificam como gênero vacilante); diadema, estratagema, fibroma (tumor benigno); herpes, hosana (hino); jângal (floresta da Índia); lhama, praça (soldado raso); praça (soldado raso); proclama, sabiá, soprano (FeM classificam como gênero vacilante); suéter, tapa (FeM classificam como gênero vacilante); teiró (parte de arma de fogo ou arado); telefonema, trema, vau (trecho raso do rio). Palavras femininas: abusão (engano); alcíone (ave doa antigos); aluvião, araquã (ave); áspide (reptil peçonhento); baitaca (ave); cataplasma, cal, clâmide (manto grego); cólera (doença); derme, dinamite, entorce, fácies (aspecto); filoxera (inseto e doença); gênese, guriatã (ave); hélice (FeM classificam como gênero vacilante); jaçanã (ave); juriti (tipo de aves); libido, mascote, omoplata, rês, suçuarana (felino); sucuri, tíbia, trama, ubá (canoa); usucapião (FeM classificam como gênero vacilante); xerox (cópia). Gênero vacilante: acauã (falcão); inambu (ave); laringe, personagem (Ceg. fala que é usada indistintamente nos dois gêneros, mas que há preferência de autores pelo masculino); víspora. Alguns femininos: abade - abadessa; abegão (feitor) - abegoa; alcaide (antigo governador) - alcaidessa, alcaidina; aldeão - aldeã; anfitrião - anfitrioa, anfitriã; beirão (natural da Beira) - beiroa; besuntão (porcalhão) - besuntona; bonachão - bonachona; bretão - bretoa, bretã; cantador - cantadeira; cantor - cantora, cantadora, cantarina, cantatriz; castelão (dono do castelo) - castelã; catalão - catalã; cavaleiro - cavaleira, amazona; charlatão - charlatã; coimbrão - coimbrã; cônsul - consulesa; Curso Preparatório Trincheira Português Página 16 comarcão - comarcã; cônego - canonisa; czar - czarina; deus - deusa, déia; diácono (clérigo) - diaconisa; doge (antigo magistrado) - dogesa; druida - druidesa; elefante - elefanta e aliá (Ceilão); embaixador - embaixadora e embaixatriz; ermitão - ermitoa, ermitã; faisão - faisoa (Cegalla), faisã; hortelão (trata da horta) - horteloa; javali - javalina; ladrão - ladra, ladroa, ladrona; felá (camponês) - felaína; flâmine (antigo sacerdote) - flamínica; frade - freira; frei - sóror; gigante - giganta; grou - grua; lebrão - lebre; maestro - maestrina; maganão (malicioso) - magana; melro - mélroa; mocetão - mocetona; oficial - oficiala; padre - madre; papa - papisa; pardal - pardoca, pardaloca, pardaleja; parvo - párvoa; peão - peã, peona; perdigão - perdiz; prior - prioresa, priora; mu ou mulo - mula; rajá - rani; rapaz - rapariga; rascão (desleixado) - rascoa; sandeu - sandia; sintrão - sintrã; sultão - sultana; tabaréu - tabaroa; varão - matrona, mulher; veado - veada; vilão - viloa, vilã. Substantivos em -ÃO e seus plurais: alão - alões, alãos, alães; aldeão - aldeãos, aldeões; capelão - capelães; castelão - castelãos, castelões; cidadão - cidadãos; cortesão - cortesãos; ermitão - ermitões, ermitãos, ermitães; escrivão - escrivães; folião - foliões; hortelão - hortelões, hortelãos; pagão - pagãos; sacristão - sacristães; tabelião - tabeliães; tecelão - tecelões; verão - verãos, verões; vilão - vilões, vilãos; vulcão - vulcões, vulcãos. Alguns substantivos que sofrem metafonia no plural: abrolho, caroço, corcovo, corvo, coro, despojo, destroço, escolho, esforço, estorvo, forno, forro, fosso, imposto, jogo, miolo, poço, porto, posto, reforço, rogo, socorro, tijolo, toco, torno, torto, troco. Substantivos só usados no plural: anais, antolhos, arredores, arras (bens, penhor), calendas (1º dia do mês romano), cãs (cabelos brancos), cócegas, condolências, damas (jogo), endoenças (solenidades religiosas), esponsais (contrato de casamento ou noivado), esposórios (presente de núpcias), exéquias (cerimônias fúnebres), fastos (anais), férias, fezes, manes (almas), matinas (breviário de orações matutinas), núpcias, óculos, olheiras, primícias (começos, prelúdios), pêsames, vísceras, víveres etc., além dos nomes de naipes. Coletivos: alavão - ovelhas leiteiras; armento - gado grande (búfalos, elefantes); assembléia (parlamentares, membros de associações); Curso Preparatório Trincheira Português Página 17 atilho - espigas; baixela - utensílios de mesa; banca - de examinadores, advogados; bandeira - garimpeiros, exploradores de minérios; bando - aves, ciganos, crianças, salteadores; boana - peixes miúdos; cabido - cônegos (conselheiros de bispo); cáfila - camelos; cainçalha - cães; cambada - caranguejos, malvados, chaves; cancioneiro - poesias, canções; caterva - desordeiros, vadios; choldra, joldra - assassinos, malfeitores; chusma - populares, criados; conselho - vereadores, diretores, juízes militares; conciliábulo - feiticeiros, conspiradores; concílio - bispos; canzoada - cães; conclave - cardeais; congregação - professores, religiosos; consistório - cardeais; fato - cabras; feixe - capim, lenha; junta - bois, médicos, credores, examinadores; girândola - foguetes, fogos de artifício; grei - gado miúdo, políticos; hemeroteca - jornais, revistas; legião - anjos, soldados, demônios; malta - desordeiros; matula - desordeiros, vagabundos; miríade - estrelas, insetos; nuvem - gafanhotos, pó; panapaná - borboletas migratórias; penca - bananas, chaves; récua - cavalgaduras (bestas de carga); renque - árvores, pessoas ou coisas enfileiradas; réstia - alho, cebola; ror - grande quantidade de coisas; súcia - pessoas desonestas, patifes; talha -lenha; tertúlia - amigos, intelectuais; tropilha - cavalos; vara - porcos. Substantivos compostos: Os substantivos compostos formam o plural da seguinte maneira: sem hífen formam o plural como os simples (pontapé/pontapés); caso não haja caso específico, verifica-se a variabilidade das palavras que compõem o substantivo para pluralizá- los. São palavras variáveis: substantivo, adjetivo, numeral, pronomes, particípio. São palavras invariáveis: verbo, preposição, advérbio, prefixo; em elementos repetidos, muito parecidos ou onomatopaicos, só o segundo vai para o plural (tico- ticos, tique-taques, corre-corres, pingue-pongues); com elementos ligados por preposição, apenas o primeiro se flexiona (pés-de-moleque); são invariáveis os elementos grão, grã e bel (grão- duques, grã-cruzes, bel-prazeres); só variará o primeiro elemento nos compostos formados por dois substantivos, onde o segundo limita o primeiro elemento, indicando tipo, semelhança ou finalidade deste (sambas-enredo, bananas-maçã) nenhum dos elementos vai para o plural se formado por verbos de sentidos opostos e frases substantivas (os leva-e-traz, os bota-fora, os pisa-mansinho, os bota- abaixo, os louva-a-Deus, os ganha-pouco, os diz-que- me-diz); compostos cujo segundo elemento já está no plural não variam (os troca-tintas, os salta-pocinhas, os espirra- canivetes); palavra guarda, se fizer referência a pessoa varia por ser substantivo. Caso represente o verbo guardar, não pode variar (guardas-noturnos, guarda-chuvas). Questões de concursos comentadas 1. (UFV-MG) Assinale a alternativa em que a palavra destacada pertence à classe dos substantivos. a) O médico louco disse que no hospício não havia telefone. b) De médico e de louco, todo mundo tem um pouco. c) “Sou louco por ti, América!” d) Ele parecia completamente louco. e) A cidade julgava o prefeito louco. Comentário: Na alternativa B,“De médico e de louco, todo mundo tem um pouco”, a palavra “louco” nomeia o ser, sendo, portanto, um substantivo. Curso Preparatório Trincheira Português Página 18 Nas demais frases, a palavra “louco” pertence à classe dos adjetivos. Gabarito: B 2. (FESP-SP) Assinale a alternativa que contenha substantivos, respectivamente, abstrato, concreto e concreto. a) fada, fé, menino. b) fé, fada, beijo. c) beijo, fada, menino. d) amor, pulo, menino. e) menino, amor, pulo. Comentário: a) Errado: fada (concreto), fé (abstrato) e menino (concreto). b) Errado: fé (abstrato), fada (concreto) e beijo (abstrato). c) Correto: beijo (abstrato), fada (concreto) e menino (concreto). d) Errado: amor (abstrato), pulo (abstrato) e menino (concreto). e) Errado: menino (concreto), amor (abstrato) e pulo (abstrato). Gabarito: C Questão de concurso comentada 1. (TRT-RJ) Escolha a alternativa cujos gêneros, pela ordem, correspondem aos seguintes vocábulos: alface, grama (peso), dó e telefonema. a) masculino - feminino - masculino - feminino. b) feminino - feminino - masculino - feminino. c) masculino - feminino - masculino - masculino. d) feminino - masculino - masculino - masculino. e) feminino - feminino - masculino - masculino. Comentário: Apenas o substantivo alface é feminino. Grama (unidade da massa), dó (sentimento de pena, nota musical) e telefonema são substantivos masculinos. Gabarito: D É a palavra variável que restringe a significação do substantivo, indicando qualidades e características deste. Mantém com o substantivo que determina relação de concordância de gênero e número. adjetivos pátrios: indicam a nacionalidade ou a origem geográfica, normalmente são formados pelo acréscimo de um sufixo ao substantivo de que se originam (Alagoas por alagoano). Podem ser simples ou compostos, referindo-se a duas ou mais nacionalidades ou regiões; nestes últimos casos assumem sua forma reduzida e erudita, com exceção do último elemento (franco-ítalo-brasileiro). locuções adjetivas: expressões formadas por preposição e substantivo e com significado equivalente a adjetivos (anel de prata = anel argênteo / andar de cima = andar superior / estar com fome = estar faminto). São adjetivos eruditos: açúcar - sacarino; águia - aquilino; anel - anular; astro - sideral; bexiga - vesical; bispo - episcopal; cabeça - cefálico; chumbo - plúmbeo; chuva - pluvial; cinza - cinéreo; cobra - colubrino, ofídico; dinheiro - pecuniário; estômago - gástrico; fábrica - fabril; fígado - hepático; fogo - ígneo; guerra - bélico; homem - viril; inverno - hibernal; lago - lacustre; lebre - leporino; lobo - lupino; marfim - ebúrneo, ebóreo; memória - mnemônico; moeda - monetário, numismático; neve - níveo; ADJETIVO Curso Preparatório Trincheira Português Página 19 pedra - pétreo; prata - argênteo, argentino, argírico; raposa - vulpino; rio - fluvial, potâmico; rocha - rupestre; sonho - onírico; sul - meridional, austral; tarde - vespertino; velho, velhice - senil; vidro - vítreo, hialino. Quanto à variação dos adjetivos, eles apresentam as seguintes características: O gênero é uniforme ou biforme (inteligente X honesto[a]). Quanto ao gênero, não se diz que um adjetivo é masculino ou feminino, e sim que tem terminação masculina ou feminina. No tocante a número, os adjetivos simples formam o plural segundo os mesmos princípios dos substantivos simples, em função de sua terminação (agradável X agradáveis). Já os substantivos utilizados como adjetivos ficam invariáveis (blusas cinza). Os adjetivos terminados em -OSO, além do acréscimo do -S de plural, mudam o timbre do primeiro -o, num processo de metafonia. Quanto ao grau, os adjetivos apresentam duas formas: comparativo e superlativo. O grau comparativo refere-se a uma mesma qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais qualidades de um mesmo ser. Pode ser de igualdade: tão alto quanto (como / quão); de superioridade: mais alto (do) que (analítico) / maior (do) que (sintético) e de inferioridade: menos alto (do) que. O grau superlativo exprime qualidade em grau muito elevado ou intenso. O superlativo pode ser classificado como absoluto, quando a qualidade não se refere à de outros elementos. Pode ser analítico (acréscimo de advérbio de intensidade) ou sintético (- íssimo, -érrimo, -ílimo). (muito alto X altíssimo) O superlativo pode ser também relativo, qualidade relacionada, favorável ou desfavoravelmente, à de outros elementos. Pode ser de superioridade analítico (o mais alto de/dentre), de superioridade sintético (o maior de/dentre) ou de inferioridade (o menos alto de/dentre). São superlativos absolutos sintéticos eruditos da língua portuguesa: acre - acérrimo; alto - supremo, sumo; amável - amabilíssimo; amigo - amicíssimo; baixo - ínfimo; cruel - crudelíssimo; doce - dulcíssimo; dócil - docílimo; fiel - fidelíssimo; frio - frigidíssimo; humilde - humílimo; livre - libérrimo; magro - macérrimo; mísero - misérrimo; negro - nigérrimo; pobre - paupérrimo; sábio - sapientíssimo; sagrado - sacratíssimo; são - saníssimo; veloz - velocíssimo. Os adjetivos compostos formam o plural da seguinte forma: têm como regra geral, flexionar o último elemento em gênero e número (lentes côncavo-convexas, problemas sócio-econômicos); são invariáveis cores em que o segundo elemento é um substantivo (blusas azul- turquesa, bolsas branco-gelo); não variam as locuções adjetivas formadas pela expressão cor-de-... (vestidos cor-de-rosa); as cores: azul-celeste e azul-marinho são invariáveis; em surdo-mudo flexionam-se os dois elementos. Adjetivos - Exercícios com Gabarito 1. Assinale a alternativa em que o adjetivo que qualifica o substantivo seja explicativo: a) dia chuvoso; b) água morna; c) moça bonita; d) fogo quente; e) lua cheia. 2. Assinale a alternativa que contém o grupo de adjetivos gentílicos, relativos a “Japão”, “Três Corações” e “Moscou”: a) Oriental, Tricardíaco, Moscovita; b) Nipônico,Tricordiano, Soviético; c) Japonês, Trêscoraçoense, Moscovita; Curso Preparatório Trincheira Português Página 20 d) Nipônico, Tricordiano, Moscovita; e) Oriental, Tricardíaco, Soviético. 3. Ainda sobre os adjetivos gentílicos, diz-se que quem nasce em “Lima”, “Buenos Aires” e “Jerusalém” é: a) Limalho-Portenho-Jerusalense; b) Limenho-Bonaerense-Hierosolimita; c) Límio-Portenho-Jerusalita; d) Limenho-Bonaerense-Jerusalita; e) Limeiro-Bonaerense-Judeu; 4.No trecho “os jovens estão mais ágeis que seus pais”, temos: a) um superlativo relativo de superioridade; b) um comparativo de superioridade; c) um superlativo absoluto; d) um comparativo de igualdade. e) um superlativo analítico de ágil. 5. Relacione a 1ª coluna à 2ª: 1 - água de chuva ( ) Fluvial 2 - olho de gato ( ) Angelical 3 - água de rio ( ) Felino 4 - Cara-de-anjo ( ) Pluvial Assim temos: a) 1 – 4 – 2 – 3; b) 3 – 2 – 1 – 4; c) 3 – 1 – 2 – 4; d) 3 – 4 – 2 – 1; e) 4 – 3 – 1 – 2. 6. Nas orações “Esse livro é melhor que aquele” e “Este livro é mais lindo que aquele”, Há os graus comparativos: a) de superioridade, respectivamente sintético e analítico; b) de superioridade, ambos analíticos; c) de superioridade, ambos sintéticos; d) relativos; e) superlativos. 7. Selecione a alternativa que completa corretamente as lacunas da frase apresentada: “Os acidentados foram encaminhados a diferentes clínicas ____________________” . a) médicas-cirúrgicas; b) médica-cirúrgicas; c) médico-cirúrgicas; d) médicos-cirúrgicas; e) médica-cirúrgicos. 8.Sabe-se que a posição do adjetivo, em relação ao substantivo, pode ou não mudar o sentido do enunciado. Assim, nas frases “Ele é um homem pobre” e “Ele é um pobre homem”. a) 1ª fala de um sem recursos materiais; a 2ª fala de um homem infeliz; b) a 1ª fala de um homem infeliz; a 2ª fala de um homem sem recursos materiais; c) em ambos os casos, o homem é apenas infeliz, sem fazer referência a questões materiais; d) em ambos os casos o homem é apenas desprovido de recursos; e) o homem é infeliz e desprovido de recursos materiais, em ambas. 9.O item em que a locução adjetiva não corresponde ao adjetivo dado é: a) hibernal - de inverno; b) filatélico - de folhas; c) discente - de alunos; d) docente - de professor; e) onírico - de sonho. 10. Assinale a alternativa em que todos os adjetivos têm uma só forma para os dois gêneros: a) andaluz, hindu, comum; b) europeu, cortês, feliz; c) fofo, incolor, cru; d) superior, agrícola, namorador; e) exemplar, fácil, simples. GABARITO 1. D 2. D 3. B 4. B 5. D 6. A 7. C 8. A 9. B 10. E Curso Preparatório Trincheira Português Página 21 É palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha um substantivo, indicando-o como pessoa do discurso. A diferença entre pronome substantivo e pronome adjetivo pode ser atribuída a qualquer tipo de pronome, podendo variar em função do contexto frasal. Assim, o pronome substantivo é aquele que substitui um substantivo, representando-o. (Ele prestou socorro). Já o pronome adjetivo é aquele que acompanha um substantivo, determinando-o. (Aquele rapaz é belo). Os pronomes pessoais são sempre substantivos. Quanto às pessoas do discurso, a língua portuguesa apresenta três pessoas: 1ª pessoa - aquele que fala, emissor; 2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor; 3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente. Pronome pessoal: Indicam uma das três pessoas do discurso, substituindo um substantivo. Podem também representar, quando na 3ª pessoa, uma forma nominal anteriormente expressa (A moça era a melhor secretária, ela mesma agendava os compromissos do chefe). A seguir um quadro com todas as formas do pronome pessoal: Pronomes pessoais Número Pessoa Pronomes retos Pronomes oblíquos Átonos Tônicos singular primeira segunda terceira eu tu ele, ela me te o, a, lhe, se mim, comigo ti, contigo ele, ela, si, consigo plural primeira segunda terceira nós vós eles, elas nos vos os, as, lhes, se nós, conosco vós, convosc o eles, elas, si, consigo Os pronomes pessoais apresentam variações de forma dependendo da função sintática que exercem na frase. Os pronomes pessoais retos desempenham, normalmente, função de sujeito; enquanto os oblíquos, geralmente, de complemento. Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. Em comigo, contigo, conosco e convosco, a preposição com já é parte integrante do pronome. Os pronomes de tratamento estão enquadrados nos pronomes pessoais. São empregados como referência à pessoa com quem se fala (2ª pessoa), entretanto, a concordância é feita com a 3ª pessoa. Também são considerados pronomes de tratamento as formas você, vocês (provenientes da redução de Vossa Mercê), Senhor, Senhora e Senhorita. Quanto ao emprego, as formas oblíquas o, a, os, as completam verbos que não vêm regidos de preposição; enquanto lhe e lhes para verbos regidos das preposições a ou para (não expressas). Apesar de serem usadas pouco, as formas mo, to, no-lo, vo-lo, lho e flexões resultam da fusão de dois objetos, representados por pronomes oblíquos (Ninguém mo disse = ninguém o disse a mim). Os pronomes átonos o, a, os e as viram lo(a/s), quando associados a verbos terminados em r, s ou z e viram no(a/s), se a terminação verbal for em ditongo nasal. Os pronomes o/a (s), me, te, se, nos, vos desempenham função se sujeitos de infinitivo ou verbo no gerúndio, junto ao verbo fazer, deixar, mandar, ouvir e ver (Mandei-o entrar / Eu o vi sair / Deixei-as chorando). A forma você, atualmente, é usada no lugar da 2ª pessoa (tu/vós), tanto no singular quanto no plural, levando o verbo para a 3ª pessoa. Já as formas de tratamento serão precedidas de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à pessoa e de Sua, quando fizermos referência a ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S. Quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto eu e tu) passam a funcionar como oblíquos. Eu e tu não podem vir precedidos de preposição, exceto se funcionarem como sujeito de um verbo no infinitivo (Isto é para eu fazer ≠ para mim fazer). PRONOME Curso Preparatório Trincheira Português Página 22 Os pronomes acompanhados de só ou todos, ou seguido de numeral, assumem forma reta e podem funcionar como objeto direto (Estava só ele no banco / Encontramos todos eles). Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ter valor reflexivo, enquanto se, nos, vos - podem ter valor reflexivo e recíproco. As formas si e consigo têm valor exclusivamente reflexivo e usados para a 3ª pessoa. Já conosco e convosco devem aparecer na sua forma analítica (com nós e com vós) quando vierem com modificadores (todos, outros, mesmos, próprios, numeral ou oração adjetiva). Os pronomes pessoais retos podem desempenhar função de sujeito, predicativo do sujeito ou vocativo, este último com tu e vós (Nós temos uma proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, Senhor Jesus). Quanto ao uso das preposições junto aos pronomes, deve-se saber que não se pode contrair as preposições de e em com pronomes que sejam sujeitos (Em vez de ele continuar, desistiu ≠ Vi as bolsas dele bem aqui). Os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (Levaram-me o dinheiro / Pesavam-lhe os olhos), enquanto alguns átonos são partes integrantes de verbos como suicidar- se, apiedar-se, condoer-se, ufanar-se, queixar- se, vangloriar-se. Já os pronomes oblíquos podem ser usados como expressão expletiva (Não me venha com essa). Pronome possessivo: Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as como possuidoras de algo. Concordam em gênero e número com a coisa possuída. São pronomes possessivos da língua portuguesa as formas: 1ª pessoa: meu(s), minha(s) nosso(a/s); 2ª pessoa: teu(s), tua(s) vosso(a/s); 3ª pessoa: seu(s), sua(s) seu(s), sua(s). Quanto ao emprego, normalmente, vem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir depois do substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase. O uso do possessivo seu (a/s) pode causar ambigüidade, para desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele (a/s) (Ele disse que Maria estava trancada em sua casa - casa de quem?); pode também indicar aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos). Já nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem valor de posse por ser uma alteração fonética de Senhor. Pronome demonstrativo: Indicam posição de algo em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço. São: este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s), aquilo. Isto, isso e aquilo são invariáveis e se empregam exclusivamente como substitutos de substantivos. As formas mesmo, próprio, semelhante, tal (s) e o (a/s) podem desempenhar papel de pronome demonstrativo. Quanto ao emprego, os pronomes demonstrativos apresentam-se da seguinte maneira: uso dêitico, indicando localização no espaço - este (aqui), esse (aí) e aquele (lá); uso dêitico, indicando localização temporal - este (presente), esse (passado próximo) e aquele (passado remoto ou bastante vago); uso anafórico, em referência ao que já foi ou será dito - este (novo enunciado) e esse (retoma informação);o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a aquele (a/s), isto (Leve o que lhe pertence); tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse (a), este (a) ou aquele (a) e semelhante, quando anteposto ao substantivo a que se refere e equivalente a "aquele", "idêntico" (O problema ainda não foi resolvido, tal demora atrapalhou as negociações / Não brigue por semelhante causa); mesmo e próprio são demonstrativos, se precedidos de artigo, quando significarem "idêntico", "igual" ou "exato". Concordam com o nome a que se referem (Separaram crianças de mesmas séries); como referência a termos já citados, os pronomes aquele (a/s) e este (a/s) são usados para primeira e segunda ocorrências, respectivamente, em apostos distributivos (O médico e a enfermeira estavam calados: aquele amedrontado e esta calma / ou: esta calma e aquele amedrontado); pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com os pronomes demonstrativos (Não acreditei no que estava vendo / Fui àquela região de montanhas / Fez alusão à pessoa de azul e à de branco); podem apresentar valor intensificador ou depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele estava com aquela paciência / Aquilo é um marido de enfeite); nisso e nisto (em + pronome) podem ser usados com valor de "então" ou "nesse momento" (Nisso, ela entrou triunfante - nisso = advérbio). Curso Preparatório Trincheira Português Página 23 Pronome relativo: Retoma um termo expresso anteriormente (antecedente) e introduz uma oração dependente, adjetiva. Os pronome nomes demonstrativos apresentam- se da seguinte maneira: mento, armamentomes relativos são: que, quem e onde - invariáveis; além de o qual (a/s), cujo (a/s) e quanto (a/s). Os relativos são chamados relativos indefinidos quando são empregados sem antecedente expresso (Quem espera sempre alcança / Fez quanto pôde). Quanto ao emprego, observa-se que os relativos são usados quando: o antecedente do relativo pode ser demonstrativo o (a/s) (O Brasil divide-se entre os que lêem ou não); como relativo, quanto refere-se ao antecedente tudo ou todo (Ouvia tudo quanto me interessava) quem será precedido de preposição se estiver relacionado a pessoas ou seres personificados expressos; quem = relativo indefinido quando é empregado sem antecedente claro, não vindo precedido de preposição; cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de posse e não concorda com o antecedente e sim com seu conseqüente. Ele tem sempre valor adjetivo e não pode ser acompanhado de artigo. Pronome indefinido: Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de modo vago, impreciso ou genérico, representando pessoas, coisas e lugares. Alguns também podem dar idéia de conjunto ou quantidade indeterminada. Em função da quantidade de pronomes indefinidos, merece atenção sua identificação. São pronomes indefinidos de: pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem; lugares: onde, algures, alhures, nenhures; pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a), nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s), cada. Sobre o emprego dos indefinidos devemos atentar para: algum, após o substantivo a que se refere, assume valor negativo (= nenhum) (Computador algum resolverá o problema); cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral (Elas receberam 3 balas cada uma); alguns pronomes indefinidos, se vierem depois do nome a que estiverem se referindo, passam a ser adjetivos. (Certas pessoas deveriam ter seus lugares certos / Comprei várias balas de sabores vários) bastante pode vir como adjetivo também, se estiver determinando algum substantivo, unindo-se a ele por verbo de ligação (Isso é bastante para mim); o pronome outrem equivale a "qualquer pessoa"; o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está nada contente hoje); o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está nada contente hoje); existem algumas locuções pronominais indefinidas - quem quer que, o que quer, seja quem for, cada um etc. todo com valor indefinido antecede o substantivo, sem artigo (Toda cidade parou para ver a banda ≠ Toda a cidade parou para ver a banda). Pronome interrogativo: São os pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto usados na formulação de uma pergunta direta ou indireta. Referem-se à 3ª pessoa do discurso. (Quantos livros você tem? / Não sei quem lhe contou). Alguns interrogativos podem ser adverbiais (Quando voltarão? / Onde encontrá-los? / Como foi tudo?). Pronomes: Exercícios com GABARITO 1. (IBGE) Assinale a opção que apresenta o emprego correto do pronome, de acordo com a norma culta: a) O diretor mandou eu entrar na sala. b) Preciso falar consigo o mais rápido possível. c) Cumprimentei-lhe assim que cheguei. d) Ele só sabe elogiar a si mesmo. e) Após a prova, os candidatos conversaram entre eles. 2. (IBGE) Assinale a opção em que houve erro no emprego do pronome pessoal em relação ao uso culto da língua: a) Ele entregou um texto para mim corrigir. b) Para mim, a leitura está fácil. c) Isto é para eu fazer agora. d) Não saia sem mim. e) Entre mim e ele há uma grande diferença. 3. (U-UBERLÂNDIA) Assinale o tratamento dado ao reitor de uma Universidade: a) Vossa Senhoria b) Vossa Santidade c) Vossa Excelência d) Vossa Magnificência Curso Preparatório Trincheira Português Página 24 e) Vossa Paternidade 4. (BB) Colocação incorreta: a) Preciso que venhas ver-me. b) Procure não desapontá-lo. c) O certo é fazê-los sair. d) Sempre negaram-me tudo. e) As espécies se atraem. 5. (EPCAR) Imagine o pronome entre parênteses no lugar devido e aponte onde não deve haver próclise: a) Não entristeças. (te) b) Deus favoreça. (o) c) Espero que faças justiça. (se) d) Meus amigos, apresentem em posição de sentido. (se) e) Ninguém faça de rogado. (se) 6. (TTN) Assinale a frase em que a colocação do pronome pessoal oblíquo não obedece às normas do português padrão: a. Essas vitórias pouco importam; alcançaram- nas os que tinham mais dinheiro. b. Entregaram-me a encomenda ontem, resta agora a vocês oferecerem-na ao chefe. c. Ele me evitava constantemente!... Ter-lhe-iam falado a meu respeito? d. Estamos nos sentido desolados: temos prevenido-o várias vezes e ele não nos escuta. e. O Presidente cumprimentou o Vice dizendo: - Fostes incumbido de difícil missão, mas cumpriste-la com denodo e eficiência. 7. (FTU) A frase em que a colocação do pronome átono está em desacordo com as normas vigentes no português padrão do Brasil é: a) A ferrovia integrar-se-á nos demais sistemas viários. b) A ferrovia deveria-se integrar nos demais sistemas viários. c) A ferrovia não tem se integrado nos demais sistemas viários. d) A ferrovia estaria integrando-se nos demais sistemas viários. e) A ferrovia não consegue integrar-se nos demais sistemas viários. 8. (FFCL-SANTO ANDRÉ) Assinale a alternativa correta: a) A solução agradou-lhe. b) Eles diriam-se injuriados. c) Ninguém conhece-me bem. d) Darei-te o que quiseres. e) Quem contou-te isso? 9. (CESGRANRIO) Indique a estrutura verbal que contraria a norma culta: a) Ter-me-ão elogiado. b) Tinha-se lembrado. c) Teria-me lembrado. d) Temo-nos esquecido. e) Tenho-me alegrado. 10. (MACK) A colocação do pronome oblíquo está incorreta em: a) Para não aborrecê-lo, tive de sair. b) Quando sentiu-se em dificuldade, pediu ajuda. c) Não me submeterei aos seus caprichos. d) Ele me olhou algum tempo comovido. e) Não a vi quando entrou. GABARITO: 1. D 2. A 3. D 4. D 5. D 6. D7. B 8. A 9. C 10. B Curso Preparatório Trincheira Português Página 25 É a palavra variável que exprime um acontecimento representado no tempo, seja ação, estado ou fenômeno da natureza. Os verbos apresentam três conjugações. Em função da vogal temática, podem-se criar três paradigmas verbais. De acordo com a relação dos verbos com esses paradigmas, obtém-se a seguinte classificação: regulares: seguem o paradigma verbal de sua conjugação; irregulares: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades podem aparecer no radical ou nas desinências (ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão); Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que apresentam profundas irregularidades. São classificados como anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir. defectivos: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo (falir - no presente do indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural). Os defectivos distribuem-se em três grupos: impessoais, unipessoais (vozes ou ruídos de animais, só conjugados nas 3ª pessoas) por eufonia ou possibilidade de confusão com outros verbos; abundantes - apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão. Mais freqüente no particípio, devendo-se usar o particípio regular com ter e haver; já o irregular com ser e estar (aceito/aceitado, acendido/aceso - tenho/hei aceitado ≠ é/está aceito); auxiliares: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos compostos e locuções verbais; certos verbos possuem pronomes pessoais átonos que se tornam partes integrantes deles. Nesses casos, o pronome não tem função sintática (suicidar-se, apiedar-se, queixar-se etc.); formas rizotônicas (tonicidade no radical - eu canto) e formas arrizotônicas (tonicidade fora do radical - nós cantaríamos). Quanto à flexão verbal, temos: número: singular ou plural; pessoa gramatical: 1ª, 2ª ou 3ª; tempo: referência ao momento em que se fala (pretérito, presente ou futuro). O modo imperativo só tem um tempo, o presente; voz: ativa, passiva e reflexiva; modo: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização de um fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido). As três formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio e particípio) não possuem função exclusivamente verbal. Infinitivo é antes substantivo, o particípio tem valor e forma de adjetivo, enquanto o gerúndio equipara-se ao adjetivo ou advérbio pelas circunstâncias que exprime. Quanto ao tempo verbal, eles apresentam os seguintes valores: presente do indicativo: indica um fato real situado no momento ou época em que se fala; presente do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético situado no momento ou época em que se fala; pretérito perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada e concluída no passado; pretérito imperfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada no passado, mas não foi concluída ou era uma ação costumeira no passado; pretérito imperfeito do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético cuja ação foi iniciada mas não concluída no passado; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação é anterior a outra ação já passada; futuro do presente do indicativo: indica um fato real situado em momento ou época vindoura; futuro do pretérito do indicativo: indica um fato possível, hipotético, situado num momento futuro, mas ligado a um momento passado; futuro do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso, hipotético, situado num momento ou época futura; Quanto à formação dos tempos, os chamados tempos simples podem ser primitivos (presente e pretérito perfeito do indicativo e o infinitivo impessoal) e derivados: São derivados do presente do indicativo: pretérito imperfeito do indicativo: TEMA do presente + VA (1ª conj.) ou IA (2ª e 3ª conj.) + Desinência número pessoal (DNP); presente do subjuntivo: RAD da 1ª pessoa singular do presente + E (1ª conj.) ou A (2ª e 3ª conj.) + DNP; Os verbos em -ear têm duplo "e" em vez de "ei" na 1ª pessoa do plural (passeio, mas passeemos). imperativo negativo (todo derivado do presente do subjuntivo) e imperativo afirmativo (as 2ª pessoas vêm do presente do indicativo sem S, as demais também vêm do presente do subjuntivo). VERBO Curso Preparatório Trincheira Português Página 26 São derivados do pretérito perfeito do indicativo: pretérito mais-que-perfeito do indicativo: TEMA do perfeito + RA + DNP; pretérito imperfeito do subjuntivo: TEMA do perfeito + SSE + DNP; futuro do subjuntivo: TEMA do perfeito + R + DNP. São derivados do infinitivo impessoal: futuro do presente do indicativo: TEMA do infinitivo + RA + DNP; futuro do pretérito: TEMA do infinitivo + RIA + DNP; infinitivo pessoal: infinitivo impessoal + DNP (- ES - 2ª pessoa, -MOS, -DES, -EM) gerúndio: TEMA do infinitivo + -NDO; particípio regular: infinitivo impessoal sem vogal temática (VT) e R + ADO (1ª conjugação) ou IDO (2ª e 3ª conjugação). Quanto à formação, os tempos compostos da voz ativa constituem-se dos verbos auxiliares TER ou HAVER + particípio do verbo que se quer conjugar, dito principal. No modo Indicativo, os tempos compostos são formados da seguinte maneira: pretérito perfeito: presente do indicativo do auxiliar + particípio do verbo principal (VP) [Tenho falado]; pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Tinha falado); futuro do presente: futuro do presente do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Terei falado); futuro do pretérito: futuro do pretérito indicativo do auxiliar + particípio do VP (Teria falado). No modo Subjuntivo a formação se dá da seguinte maneira: pretérito perfeito: presente do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tenha falado); pretérito mais-que-perfeito: imperfeito do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tivesse falado); futuro composto: futuro do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tiver falado). Quanto às formas nominais, elas são formadas da seguinte maneira: infinitivo composto: infinitivo pessoal ou impessoal do auxiliar + particípio do VP (Ter falado / Teres falado); gerúndio composto: gerúndio do auxiliar + particípio do VP (Tendo falado). O modo subjuntivo apresenta três pretéritos, sendo o imperfeito na forma simples e o perfeito e o mais-que- perfeito nas formas compostas. Não há presente composto nem pretérito imperfeito composto Quanto às vozes, os verbos apresentam a voz: ativa: sujeito é agente da ação verbal; passiva: sujeito é paciente da ação verbal; A voz passiva pode ser analítica ou sintética: analítica: - verbo auxiliar + particípio do verbo principal; sintética: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula apassivadora); reflexiva: sujeito é agente e paciente da ação verbal. Também pode ser recíproca ao mesmo tempo (acréscimo de SE = pronome reflexivo, variável em função da pessoa do verbo); Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo auxiliar (ser na maioria das vezes), como notamos nos exemplos a seguir: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele (mantido o pretérito perfeito do indicativo) / O vento ia levando as folhas - As folhas iam sendo levadas pelas folhas (mantido o gerúndio do verbo principal). Alguns verbos da língua portuguesa apresentam problemas de conjugação. A seguir temos uma lista, seguida de comentários sobre essas dificuldades de conjugação. Abolir (defectivo) - não possui a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, por isso não possui presentedo subjuntivo e o imperativo negativo. (= banir, carpir, colorir, delinqüir, demolir, descomedir-se, emergir, exaurir, fremir, fulgir, haurir, retorquir, urgir) Acudir (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - acudo, acodes... e pretérito perfeito do indicativo - com u (= bulir, consumir, cuspir, engolir, fugir) / Adequar (defectivo) - só possui a 1ª e a 2ª pessoa do plural no presente do indicativo Aderir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - adiro, adere... (= advertir, cerzir, despir, diferir, digerir, divergir, ferir, sugerir) Agir (acomodação gráfica g/j) - presente do indicativo - ajo, ages... (= afligir, coagir, erigir, espargir, refulgir, restringir, transigir, urgir) Agredir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem (= prevenir, progredir, regredir, transgredir) / Aguar (regular) - presente do indicativo - águo, águas..., - pretérito perfeito do indicativo - agüei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram (= desaguar, enxaguar, minguar) Aprazer (irregular) - presente do indicativo - aprazo, aprazes, apraz... / pretérito perfeito do indicativo - Curso Preparatório Trincheira Português Página 27 aprouve, aprouveste, aprouve, aprouvemos, aprouvestes, aprouveram Argüir (irregular com alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - arguo (ú), argúis, argúi, argüimos, argüis, argúem - pretérito perfeito - argüi, argüiste... (com trema) Atrair (irregular) - presente do indicativo - atraio, atrais... / pretérito perfeito - atraí, atraíste... (= abstrair, cair, distrair, sair, subtrair) Atribuir (irregular) - presente do indicativo - atribuo, atribuis, atribui, atribuímos, atribuís, atribuem - pretérito perfeito - atribuí, atribuíste, atribuiu... (= afluir, concluir, destituir, excluir, instruir, possuir, usufruir) Averiguar (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - averiguo (ú), averiguas (ú), averigua (ú), averiguamos, averiguais, averiguam (ú) - pretérito perfeito - averigüei, averiguaste... - presente do subjuntivo - averigúe, averigúes, averigúe... (= apaziguar) Cear (irregular) - presente do indicativo - ceio, ceias, ceia, ceamos, ceais, ceiam - pretérito perfeito indicativo - ceei, ceaste, ceou, ceamos, ceastes, cearam (= verbos terminados em -ear: falsear, passear... - alguns apresentam pronúncia aberta: estréio, estréia...) Coar (irregular) - presente do indicativo - côo, côas, côa, coamos, coais, coam - pretérito perfeito - coei, coaste, coou... (= abençoar, magoar, perdoar) / Comerciar (regular) - presente do indicativo - comercio, comercias... - pretérito perfeito - comerciei... (= verbos em -iar , exceto os seguintes verbos: mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar) Compelir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - compilo, compeles... - pretérito perfeito indicativo - compeli, compeliste... Compilar (regular) - presente do indicativo - compilo, compilas, compila... - pretérito perfeito indicativo - compilei, compilaste... Construir (irregular e abundante) - presente do indicativo - construo, constróis (ou construis), constrói (ou construi), construímos, construís, constroem (ou construem) - pretérito perfeito indicativo - construí, construíste... Crer (irregular) - presente do indicativo - creio, crês, crê, cremos, credes, crêem - pretérito perfeito indicativo - cri, creste, creu, cremos, crestes, creram - imperfeito indicativo - cria, crias, cria, críamos, críeis, criam Falir (defectivo) - presente do indicativo - falimos, falis - pretérito perfeito indicativo - fali, faliste... (= aguerrir, combalir, foragir-se, remir, renhir) Frigir (acomodação gráfica g/j e alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - frijo, freges, frege, frigimos, frigis, fregem - pretérito perfeito indicativo - frigi, frigiste... Ir (irregular) - presente do indicativo - vou, vais, vai, vamos, ides, vão - pretérito perfeito indicativo - fui, foste... - presente subjuntivo - vá, vás, vá, vamos, vades, vão Jazer (irregular) - presente do indicativo - jazo, jazes... - pretérito perfeito indicativo - jazi, jazeste, jazeu... Mobiliar (irregular) - presente do indicativo - mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam - pretérito perfeito indicativo - mobiliei, mobiliaste... / Obstar (regular) - presente do indicativo - obsto, obstas... - pretérito perfeito indicativo - obstei, obstaste... Pedir (irregular) - presente do indicativo - peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem - pretérito perfeito indicativo - pedi, pediste... (= despedir, expedir, medir) / Polir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem - pretérito perfeito indicativo - poli, poliste... Precaver-se (defectivo e pronominal) - presente do indicativo - precavemo-nos, precaveis-vos - pretérito perfeito indicativo - precavi-me, precaveste-te... / Prover (irregular) - presente do indicativo - provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem - pretérito perfeito indicativo - provi, proveste, proveu... / Reaver (defectivo) - presente do indicativo - reavemos, reaveis - pretérito perfeito indicativo - reouve, reouveste, reouve... (verbo derivado do haver, mas só é conjugado nas formas verbais com a letra v) Remir (defectivo) - presente do indicativo - remimos, remis - pretérito perfeito indicativo - remi, remiste... Requerer (irregular) - presente do indicativo - requeiro, requeres... - pretérito perfeito indicativo - requeri, requereste, requereu... (derivado do querer, diferindo dele na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo e derivados, sendo regular) Rir (irregular) - presente do indicativo - rio, rir, ri, rimos, rides, riem - pretérito perfeito indicativo - ri, riste... (= sorrir) Saudar (alternância vocálica) - presente do indicativo - saúdo, saúdas... - pretérito perfeito indicativo - saudei, saudaste... Suar (regular) - presente do indicativo - suo, suas, sua... - pretérito perfeito indicativo - suei, suaste, sou... (= atuar, continuar, habituar, individuar, recuar, situar) Valer (irregular) - presente do indicativo - valho, vales, vale... - pretérito perfeito indicativo - vali, valeste, valeu... Também merecem atenção os seguintes verbos irregulares: Pronominais: Apiedar-se, dignar-se, persignar-se, precaver-se Curso Preparatório Trincheira Português Página 28 Caber presente do indicativo: caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem; presente do subjuntivo: caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam; pretérito perfeito do indicativo: coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis, couberam; pretérito imperfeito do subjuntivo: coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, coubessem; futuro do subjuntivo: couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem. Dar presente do indicativo: dou, dás, dá, damos, dais, dão; presente do subjuntivo: dê, dês, dê, demos, deis, dêem; pretérito perfeito do indicativo: dei, deste, deu, demos, destes, deram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dera, deras, dera, déramos, déreis, deram; pretérito imperfeito do subjuntivo: desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem; futuro do subjuntivo: der, deres, der, dermos, derdes, derem. Dizer presente do indicativo: digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem; presente do subjuntivo: diga, digas, diga, digamos, digais, digam; pretérito perfeito do indicativo: disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis, disseram; futuro do presente:direi, dirás, dirá, etc.; futuro do pretérito: diria, dirias, diria, etc.; pretérito imperfeito do subjuntivo: dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis, dissessem; futuro do subjuntivo: disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem; Seguem esse modelo os derivados bendizer, condizer, contradizer, desdizer, maldizer, predizer. Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: dito, bendito, contradito, etc. Estar presente do indicativo: estou, estás, está, estamos, estais, estão; presente do subjuntivo: esteja, estejas, esteja, estejamos, estejais, estejam; pretérito perfeito do indicativo: estive, estiveste, esteve, estivemos, estivestes, estiveram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: estivera, estiveras, estivera, estivéramos, estivéreis, estiveram; pretérito imperfeito do subjuntivo: estivesse, estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis, estivessem; futuro do subjuntivo: estiver, estiveres, estiver, estivermos, estiverdes, estiverem; Fazer presente do indicativo: faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem; presente do subjuntivo: faça, faças, faça, façamos, façais, façam; pretérito perfeito do indicativo: fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram; pretérito imperfeito do subjuntivo: fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem; futuro do subjuntivo: fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem. Seguem esse modelo desfazer, liquefazer e satisfazer. Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: feito, desfeito, liquefeito, satisfeito, etc. Haver presente do indicativo: hei, hás, há, havemos, haveis, hão; presente do subjuntivo: haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam; pretérito perfeito do indicativo: houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: houvera, houveras, houvera, houvéramos, houvéreis, houveram; pretérito imperfeito do subjuntivo: houvesse, houvesses, houvesse, houvéssemos, houvésseis, houvessem; futuro do subjuntivo: houver, houveres, houver, houvermos, houverdes, houverem. Ir presente do indicativo: vou, vais, vai, vamos, ides, vão; Curso Preparatório Trincheira Português Página 29 presente do subjuntivo: vá, vás, vá, vamos, vades, vão; pretérito imperfeito do indicativo: ia, ias, ia, íamos, íeis, iam; pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram; pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem; futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem. Poder presente do indicativo: posso, podes, pode, podemos, podeis, podem; presente do subjuntivo: possa, possas, possa, possamos, possais, possam; pretérito perfeito do indicativo: pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis, puderam; pretérito imperfeito do subjuntivo: pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis, pudessem; futuro do subjuntivo: puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem. Pôr presente do indicativo: ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem; presente do subjuntivo: ponha, ponhas, ponha, ponhamos, ponhais, ponham; pretérito imperfeito do indicativo: punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham; pretérito perfeito do indicativo: pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis, puseram; pretérito imperfeito do subjuntivo: pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis, pusessem; futuro do subjuntivo: puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem. Todos os derivados do verbo pôr seguem exatamente esse modelo: antepor, compor, contrapor, decompor, depor, descompor, dispor, expor, impor, indispor, interpor, opor, pospor, predispor, pressupor, propor, recompor, repor, sobrepor, supor, transpor são alguns deles. Querer presente do indicativo: quero, queres, quer, queremos, quereis, querem; presente do subjuntivo: queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram; pretérito perfeito do indicativo: quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis, quiseram; pretérito imperfeito do subjuntivo: quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis, quisessem; futuro do subjuntivo: quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem; Saber presente do indicativo: sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem; presente do subjuntivo: saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam; pretérito perfeito do indicativo: soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: soubera, souberas, soubera, soubéramos, soubéreis, souberam; pretérito imperfeito do subjuntivo: soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis, soubessem; futuro do subjuntivo: souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem. Ser presente do indicativo: sou, és, é, somos, sois, são; presente do subjuntivo: seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam; pretérito imperfeito do indicativo: era, eras, era, éramos, éreis, eram; pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram; pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem; futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem. As segundas pessoas do imperativo afirmativo são: sê (tu) e sede (vós). Ter presente do indicativo: tenho, tens, tem, temos, tendes, têm; presente do subjuntivo: tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham; Curso Preparatório Trincheira Português Página 30 pretérito imperfeito do indicativo: tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham; pretérito perfeito do indicativo: tive, tiveste, teve, tivemos, tivestes, tiveram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: tivera, tiveras, tivera, tivéramos, tivéreis, tiveram; pretérito imperfeito do subjuntivo: tivesse, tivesses, tivesse, tivéssemos, tivésseis, tivessem; futuro do subjuntivo: tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem. Seguem esse modelo os verbos ater, conter, deter, entreter, manter, reter. Trazer presente do indicativo: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem; presente do subjuntivo: traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam; pretérito perfeito do indicativo: trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis, trouxeram; futuro do presente: trarei, trarás, trará, etc.; futuro do pretérito: traria, trarias, traria, etc.; pretérito imperfeito do subjuntivo: trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis, trouxessem; futuro do subjuntivo: trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem. Ver presente do indicativo: vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem; presente do subjuntivo: veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam; pretérito perfeito do indicativo: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: vira, viras, vira, víramos, víreis, viram; pretérito imperfeito do subjuntivo: visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem; futuro do subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem. Seguem esse modelo os derivados antever, entrever, prever, rever. Prover segue o modelo acima apenas no presente do indicativo e seustempos derivados; nos demais tempos, comporta-se como um verbo regular da segunda conjugação. Vir presente do indicativo: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm; presente do subjuntivo: venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham; pretérito imperfeito do indicativo: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham; pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram; pretérito imperfeito do subjuntivo: viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem; futuro do subjuntivo: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem; particípio e gerúndio: vindo. Seguem esse modelo os verbos advir, convir, desavir- se, intervir, provir, sobrevir. O emprego do infinitivo não obedece a regras bem definidas. O impessoal é usado em sentido genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, o pessoal refere-se às pessoas do discurso, dependendo do contexto. Recomenda-se sempre o uso da forma pessoal se for necessário dar à frase maior clareza e ênfase. Usa-se o impessoal: sem referência a nenhum sujeito: É proibido fumar na sala; nas locuções verbais: Devemos avaliar a sua situação; quando o infinitivo exerce função de complemento de adjetivos: É um problema fácil de solucionar; quando o infinitivo possui valor de imperativo - Ele respondeu: "Marchar!" Usa-se o pessoal: quando o sujeito do infinitivo é diferente do sujeito da oração principal: Eu não te culpo por saíres daqui; quando, por meio de flexão, se quer realçar ou identificar a pessoa do sujeito: Foi um erro responderes dessa maneira; quando queremos determinar o sujeito (usa-se a 3ª pessoa do plural): - Escutei baterem à porta. Verbos: Exercícios com GABARITO 1. Há verbos chamados abundantes, porque têm mais de uma forma, especialmente para o particípio, como expulso e expulsado. Assinale o par em que os dois verbos não têm os dois particípios no uso corrente da língua: Curso Preparatório Trincheira Português Página 31 a) aceitar – acender; b) fazer – ver; c) emitir – incorrer; d) soltar – romper; e) prender – extinguir. 2. Os períodos que possuem verbos auxiliares: I - É mister trabalharmos mais. II - Já vem raiando a madrugada. III. Ela ficava filosofando, ao contemplar as estrelas. a) I e II; b) II e III; c) I e III; d) I, II e III; e) nenhum possui verbo auxiliar. 3. Em “ _____ como se tivéssemos vivido sempre juntos”, a forma verbal está no: a) imperfeito do subjuntivo; b) futuro do presente composto; c) mais-que-perfeito composto do indicativo; d) mais-que-perfeito composto do subjuntivo; e) futuro composto do subjuntivo. 4. Assinale a alternativa correta quanto ao uso de verbos abundantes: a) foi elegido pelas mulheres, apesar de haver eleito a maioria dos homens; b) por haver aceitado as condições do acordo, seus documentos foram entregues ao escrivão; c) antes de chover, ele tinha cobrido o carro; d) tem fazido muito calor ultimamente; e) por ter morto um animal indefeso, o caçador foi matado pelos índios. 5. “Acredito que Maria tenha feito a lição”, passando-se a oração sublinhada para a voz passiva, o verbo ficará assim: a) foi feita; b) tenha sido feita; c) esteja sendo feita; d) tenha estado feita; e) seja feita. 6. Transportando para a voz passiva a frase “eu estava revendo, naquele momento, as provas tipográficas do livro”, obtém-se a forma verbal . . . a) ia revendo; b) estava sendo revisto; c) seriam revistas; d) comecei a rever; e) estavam sendo revistas. 7. Assinale a alternativa que contém voz passiva: a) tínhamos apresentado diversas opções; b) dorme-se bem naquele hotel; c) precisa-se de gerentes de vendas; d) difundia-se o boato de que haveria racionamento; e) N. R. A 8. Transportando para a voz ativa a oração “os sócios foram convocados para uma reunião”. Obtém-se a forma verbal: a) convocaram-se; b) convocaram; c) convocar-se-ia; d) haviam sido convocados; e) haverão de ser convocados. 9. Transpondo para a voz ativa a frase “O processo deve ser revisto pelos dois funcionários”, obtém-se a forma verbal: a) deve-se rever; b) devem rever; c) será revisto; d) reverão; e) rever-se-á. 10. Complete as frases abaixo com o presente do subjuntivo dos verbos indicados entre parênteses: A) Como os preços baixaram, é necessário que nós ________ o orçamentos (refaz); B) É importante que nossa tentativa _______ o esforço (valer); C) Convém que ele ______ um novo acordo (propor); D) Para que não nomeemos é necessário que nós _________ o que elas pensam (saber); E) Espero que todos os responsáveis _________ a culpa (assumir). a) refaçamos - valha - proponha - saibamos - assumam; b) refazemos - valha - proponham - sabemos - assumam; c) refaçamos - valham - proponha - soubemos - assumem; d) refazemos - valha - proponha - saibamos - assumam; e) N.D.A. Curso Preparatório Trincheira Português Página 32 11. Assinale a alternativa em que todas as formas verbais pedidas estejam certas: Haver (presente subjuntivo, 1ª pessoa do singular); Crer (presente indicativo, 3ª pessoa do plural); Passear (presente subjuntivo, 2ª pessoa do plural). a) haja – crêem – passeeis; b) haje – crêm – passeieis; c) haje – creem – passeais; d) hajai – creim – passeiais; e) haja – creiem – passeies. 12. “As linhas ______ para um ponto e depois se ______ no infinito”. a) convergem – esvão; b) convirgem – esvaem; c) convergem – esvaiem; d) convergem – esvaem; e) convirgem – esvão. 13. Assinale a alternativa que completa corretamente os espaços em branco: “É preciso que _______ novidades interessantes que _____ e ______ ao mesmo tempo”. a) surjam – divertem – instruam; b) surjam – divirtam – instruam; c) surjam – divirtam – instruem; d) surgem – divertem – instruem; e) surgem – divirtam – instruam. 14. Considere as frases: 1) “Eles querem que nós (fazer) o trabalho”. 2) “Fazemos esforços para que todos (caber) na sala”. Flexionando corretamente os verbos indicados, teremos: a) façamos – cabem; b) fazemos – caibam; c) fazemos – coubessem; d) façamos – caberem; e) façamos – caibam. 15. Assinale a frase em que há erro de conjugação verbal: a) os esportes entretêm a quem os pratica; b) ele antevira o desastre; c) só ficarei tranqüilo quando vir o resultado; d) eles se desavinham freqüentemente; e) ainda hoje requero o atestado de bons antecedentes. 16. Das frases que seguem, uma traz errado emprego da forma verbal. Assinale-a: a) cumpre teus deveres, e terás a consciência tranquila; c) nada do que se possui com gosto se perde sem desconsolação; d) não voltes atrás, pois é fraqueza desistir-se da coisa começada; e) dizia Rui Barbosa: “Fazeis o que vos manda a consciência, e não fazeis o que convém ao apetites. 17. Assinale o item que contém as formas verbais corretas: a) reouve – intervi; b) reouve – intervim; c) rehouve – intervim; d) reavi – intervi; e) rehavi – intervim. 18. Que alternativa contém as palavras adequadas para o preenchimento das lacunas? “Do lugar de onde eles ________, _______ diversas romarias”. a) provém – afluem; b) provém – aflue; c) provém – aflui; d) provêem – afluem; e) provêm – afluem. 19. A frase “Procure compreender seus pais” está na 3ª pessoa do singular. Passando-a à 2ª pessoa do singular, teremos: a) procuras compreender vossos pais; b) procurai compreender teus pais; c) procura compreender seus pais; d) procura compreender teus pais; e) N.R.A. 20. Assinale a alternativa que completa corretamente a frase abaixo. Observe que na primeira lacuna a forma verbal é do imperativo afirmativo e, na segunda,a forma verbal é do imperativo negativo. Além disso, note que é a forma verbal “Vencerás” que determina a pessoa gramatical a ser usada nas duas formas do imperativo. “ ________, não _________ e vencerás” a) lute – desista; Curso Preparatório Trincheira Português Página 33 b) lutai – desisti; c) luta – desistas; d) lutas – desiste; e) lutai – desista. 21. A relação dos verbos que completam, convenientemente e em correspondência com as frases, as respectivas com lacunas: 1 - “eles ______ melhor, sentados aqui” 2 - “todos ainda ______ nisso” 3 - “este produto ______ os mesmos fatores” a) vêm – creêm – contém; b) vêem – crêm – contém; c) vêem – crêem – contém; d) vêm – crêem – contém; e) vêem – crêem – contêm. 22. “Se você _________ e o seu amigo ________ talvez você __________ os seus bens”. a) requisesse – intervisse – reavesse; b) requeresse – intervisse – reavessse; c) requeresse – interviesse – reouvesse; d) requeresse – interviesse – reavesse; e) requisesse – intervisse – reouvesse. 23. “No desempenho de tuas funções, ________ atencioso com todos, _________ ser útil sempre e não _________ as tuas responsabilidades”. a) sê – procure – negue; b) seja – procura – negue; c) seja – procure – negues; d) sê – procura – negues; e) seja – procura – negues. 24. “Caso __________ realmente interessado, ele não ___________ de falar”. a) estiver – haja; b) esteja – houvesse; c) estivesse – haveria; d) estivesse – havia; e) estiver – houver. 25. Assinale a alternativa que completa corretamente a seguinte frase: “Quando _________ mais aperfeiçoado, o computador certamente ___________ um eficiente meio de controle de toda a vida social”. a) estivesse – será; b) estiver – seria; c) esteja – era; d) estivesse – era; e) estiver – será. 26.O modo verbal que expressa uma atitude duvidosa, incerta é o: a) indicativo; b) imperativo; c) subjuntivo; d) imperativo e subjuntivo; e) N. D. A. 27. Aponte a alternativa, em que a segunda forma está incorreta como plural da primeira: a) tu ris – vós rides; b) ele lê – eles lêem; c) ele tem – eles têm; d) ele vem – eles vêem; e) eu ceio – nós ceamos. 28. Assinale a alternativa que completa adequadamente a frase: “__________ em ti, mas nem sempre ___________ dos outros”. a) creias - duvides; b) crê - duvidas; c) creais - duvidas; d) creia - duvide; e) crê - duvides. 29. Se ele ________ (ver) o nosso trabalho __________(fazer) um elogio a) ver – fará; b) visse – fará; c) ver – fazerá; d) vir – fará; e) vir – faria. 30. É importante que vocês ____________ se eles não se ______________ durante o depoimento”. a) averiguem – contradisseram; b) averiguem – contradizeram; c) averigúem – contradisseram; d) averíguem – contradisseram; e) averigúem – contradizeram, 31. “Não me tragam estéticas !” – As formas da 2ª pessoa do imperativo negativo e afirmativo de trazer são: Curso Preparatório Trincheira Português Página 34 b) não traga, não tragai-traga – trazei; c) não tragas, não tragais – traze-trazei; d) não tragas, não tragais – traga-tragai; e) não traze, não trazei – traga – tragais. 32. Observando a correlação temporal entre a forma verbal destacada na frase e a forma verbal que você iria colocar no espaço, complete as frases abaixo: A - teremos amigos quando nós _______ ricos (ficar) B - teríamos amigos, se nós __________ ricos (ficar) C - tínhamos amigos quando nós ________ ricos (ser) D - tivemos amigos quando nós _________ ricos (ser) E - temos amigos enquanto __________ ricos (ser) a) ficamos – ficássemos – seremos – seremos – somos; b) ficamos – ficarmos – fomos – somos – fomos; c) fiquemos – ficássemos – éramos – somos – somos; d) ficarmos – ficamos – somos – fumos – samos; e) ficarmos – ficássemos – éramos – fomos – samos. 33. Observando a correlação temporal, assinale a alternativa que completa a frase: “Era provável que eles ______ hoje”. a) virão; b) venham; c) viessem; d) vêem; e) vinham. 34. Assinale a frase em que está correta a correlação verbal: a) se você interferisse, ele faria o trabalho sozinho; b) se você não interferir, ele fazia o trabalho sozinho; c) se você não interferir, ele faria o trabalho sozinho; d) se você não interfere, ele fazia o trabalho sozinho; e) se você não interferisse ele faz o trabalho sozinho. 35. Diz a regra: “exprimindo embora o resultado de uma ação acabada, o particípio não indica por si próprio se a ação em causa é presente, passada ou futura. Só o contexto a que pertence pode precisar sua relação temporal”. Nos exemplos seguintes: I - desenterrada a batata, só nos restava assá-la. II - desenterrada a batata, só nos resta assá-la. III - desenterrada á batata, só nos restará assá-la. A mesma forma expressa ação passada, presente e futura, respectivamente em: a) I, II, III; b) II, III, I; c) III, II, I; d) I, III, II; e) II, I, III. GABARITO 1. C 2. B 3. D 4. B 5. B 6. E 7. D 8. B 9. B 10. A 11. A 12. D 13. B 14. E 15. E 16. E 17. B 18. E 19. D 20. C 21. C 22. C 23. D 24. C 25. E 26. C 27. D 28. E 29. D 30. C 31. C 32. E 33. C 34. A 35. A Curso Preparatório Trincheira Português Página 35 Precede o substantivo para determiná- lo, mantendo com ele relação de concordância. Assim, qualquer expressão ou frase fica substantivada se for determinada por artigo (O 'conhece-te a ti mesmo' é conselho sábio). Em certos casos, serve para assinalar gênero e número (o/a colega, o/os ônibus). Os artigos podem ser classificado em: definido - o, a, os, as - um ser claramente determinado entre outros da mesma espécie; indefinido - um, uma, uns, umas - um ser qualquer entre outros de mesma espécie; Podem aparecer combinados com preposições (numa, do, à, entre outros). Quanto ao emprego do artigo: não é obrigatório seu uso diante da maioria dos substantivos, podendo ser substituído por outra palavra determinante ou nem usado (o rapaz ≠ este rapaz / Lera numa revista que mulher fica mais gripada que homem). Nesse sentido, convém omitir o uso do artigo em provérbios e máximas para manter o sentido generalizante (Tempo é dinheiro / Dedico esse poema a homem ou a mulher?); não se deve usar artigo depois de cujo e suas flexões; outro, em sentido determinado, é precedido de artigo; caso contrário, dispensa-o (Fiquem dois aqui; os outros podem ir ≠ Uns estavam atentos; outros conversavam); não se usa artigo diante de expressões de tratamento iniciadas por possessivos, além das formas abreviadas frei, dom, são, expressões de origem estrangeira (Lord, Sir, Madame) e sóror ou sóror; é obrigatório o uso do artigo definido entre o numeral ambos (ambos os dois) e o substantivo a que se refere (ambos os cônjuges); diante do possessivo (função de adjetivo) o uso é facultativo; mas se o pronome for substantivo, torna-se obrigatório (os [seus] planos foram descobertos, mas os meus ainda estão em segredo); omite-se o artigo definido antes de nomes de parentesco precedidos de possessivo (A moça deixou a casa a sua tia); antes de nomes próprios personativos, não se deve utilizar artigo. O seu uso denota familiaridade, por isso é geralmente usado antes de apelidos. Os antropônimos são determinados pelo artigo se usados no plural (os Maias, Os Homeros); geralmente dispensado depois de cheirar a, saber a (= ter gosto a) e similares (cheirar a jasmim / isto sabe a vinho); não se usa artigo diante das palavras casa (= lar, moradia), terra (= chão firme) e palácio a menos que essas palavras sejam especificadas (venho de casa / venho da casa paterna);na expressão uma hora, significando a primeira hora, o emprego é facultativo (era perto de / da uma hora). Se for indicar hora exata, à uma hora (como qualquer expressão adverbial feminina); diante de alguns nomes de cidade não se usa artigo, a não ser que venham modificados por adjetivo, locução adjetiva ou oração adjetiva (Aracaju, Sergipe, Curitiba, Roma, Atenas); usa-se artigo definido antes dos nomes de estados brasileiros. Como não se usa artigo nas denominações geográficas formadas por nomes ou adjetivos, excetuam-se AL, GO, MT, MG, PE, SC, SP e SE; expressões com palavras repetidas repelem artigo (gota a gota / face a face); não se combina com preposição o artigo que faz parte de nomes de jornais, revistas e obras literárias, bem como se o artigo introduzir sujeito (li em Os Lusíadas / Está na hora de a onça beber água); depois de todo, emprega-se o artigo para conferir idéia de totalidade (Toda a sociedade poderá participar / toda a cidade ≠ toda cidade). "Todos" exige artigo a não ser que seja substituído por outro determinante (todos os familiares / todos estes familiares); repete-se artigo: a) nas oposições entre pessoas e coisas (o rico e o pobre) / b) na qualificação antonímica do mesmo substantivo (o bom e o mau ladrão) / c) na distinção de gênero e número (o patrão e os operários / o genro e a nora); não se repete artigo: a) quando há sinonímia indicada pela explicativa ou (a botânica ou fitologia) / b) quando adjetivos qualificam o mesmo substantivo (a clara, persuasiva e discreta exposição dos fatos nos abalou). ARTIGO Curso Preparatório Trincheira Português Página 36 Numeral é a palavra que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração. Classifica-se como cardinal (1, 2, 3), ordinal (primeiro, segundo, terceiro), multiplicativo (dobro, duplo, triplo), fracionário (meio, metade, terço). Além desses, ainda há os numerais coletivos (dúzia, par). Quanto ao valor, os numerais podem apresentar valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem acompanhando e modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um substantivo e designando seres, terão valor substantivo. [Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo) / Ele será o primeiro desta vez. (valor substantivo)]. Quanto ao emprego: os ordinais como último, penúltimo, antepenúltimo, respectivos... não possuem cardinais correspondentes. os fracionários têm como forma própria meio, metade e terço, todas as outras representações de divisão correspondem aos ordinais ou aos cardinais seguidos da palavra avos (quarto, décimo, milésimo, quinze avos); designando séculos, reis, papas e capítulos, utiliza-se na leitura ordinal até décimo; a partir daí usam-se os cardinais. (Luís XIV - quatorze, Papa Paulo II - segundo); Se o numeral vier antes do substantivo, será obrigatório o ordinal (XX Bienal - vigésima, IV Semana de Cultura - quarta); zero e ambos(as) também são numerais cardinais. 14 apresenta duas formas por extenso catorze e quatorze; a forma milhar é masculina, portanto não existe "algumas milhares de pessoas" e sim alguns milhares de pessoas; alguns numerais coletivos: grosa (doze dúzias), lustro (período de cinco anos), sesquicentenário (150 anos); um: numeral ou artigo? Nestes casos, a distinção é feita pelo contexto. Numeral indicando quantidade e artigo quando se opõe ao substantivo indicando-o de forma indefinida. Quanto à flexão, varia em gênero e número: variam em gênero: Cardinais: um, dois e os duzentos a novecentos; todos os ordinais; os multiplicativos e fracionários, quando expressam uma idéia adjetiva em relação ao substantivo. variam em número: Cardinais terminados em -ão; todos os ordinais; os multiplicativos, quando têm função adjetiva; os fracionários, dependendo do cardinal que os antecede. Os cardinais, quando substantivos, vão para o plural se terminarem por som vocálico (Tirei dois dez e três quatros). É a palavra que modifica o sentido do verbo (maioria), do adjetivo e do próprio advérbio (intensidade para essas duas classes). Denota em si mesma uma circunstância que determina sua classificação: lugar: longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures; tempo: breve, cedo, já, agora, outrora, imediatamente, ainda; modo: bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria dos adv. com sufixo -mente; negação: não, qual nada, tampouco, absolutamente; dúvida: quiçá, talvez, provavelmente, porventura, possivelmente; intensidade: muito, pouco, bastante, mais, meio, quão, demais, tão; afirmação: sim, certamente, deveras, com efeito, realmente, efetivamente. As palavras onde (de lugar), como (de modo), porque (de causa), quanto (classificação variável) e quando (de tempo), usadas em frases interrogativas diretas ou indiretas, são classificadas como advérbios interrogativos (queria saber onde todos dormirão / quando se realizou o concurso). Onde, quando, como, se empregados com antecedente em orações adjetivas são advérbios relativos (estava naquela rua onde passavam os ônibus / ele chegou na hora quando ela ia falar / não sei o modo como ele foi tratado aqui). As locuções adverbiais são geralmente constituídas de preposição + substantivo - à direita, à frente, à vontade, de cor, em vão, por acaso, frente a frente, de maneira alguma, de manhã, de repente, de vez em quando, em breve, em mão (em vez de "em mãos") etc. São classificadas, também, em função da circunstância que expressam. Quanto ao grau, apesar de pertencer à categoria das palavras invariáveis, o advérbio pode apresentar variações de grau comparativo ou superlativo. NUMERAL ADVÉRBIO Curso Preparatório Trincheira Português Página 37 Comparativo: igualdade - tão + advérbio + quanto superioridade - mais + advérbio + (do) que inferioridade - menos + advérbio + (do) que Superlativo: sintético - advérbio + sufixo (-íssimo) analítico - muito + advérbio. Bem e mal admitem grau comparativo de superioridade sintético: melhor e pior. As formas mais bem e mais mal são usadas diante de particípios adjetivados. (Ele está mais bem informado do que eu). Melhor e pior podem corresponder a mais bem / mal (adv.) ou a mais bom / mau (adjetivo). Quanto ao emprego: três advérbios pronominais indefinidos de lugar vão caindo em desuso: algures, alhures e nenhures, substituídos por em algum, em outro e em nenhum lugar; na linguagem coloquial, o advérbio recebe sufixo diminutivo. Nesses casos, o advérbio assume valor superlativo absoluto sintético (cedinho / pertinho). A repetição de um mesmo advérbio também assume valor superlativo (saiu cedo, cedo); quando os advérbios terminados em -mente estiverem coordenados, é comum o uso do sufixo só no último (Falou rápida e pausadamente); muito e bastante podem aparecer como advérbio (invariável) ou pronome indefinido (variável - determina substantivo); otimamente e pessimamente são superlativos absolutos sintéticos de bem e mal, respectivamente; adjetivos adverbializados mantêm-se invariáveis (terminaram rápido o trabalho / ele falou claro). As palavras denotativas são séries de palavras que se assemelham ao advérbio. A Norma Gramatical Brasileira considera-as apenas como palavras denotativas, não pertencendo a nenhuma das 10 classes gramaticais. Classificam-se em função da idéia que expressam: adição: ainda, além disso etc. (Comeu tudo e ainda queria mais); afastamento: embora (Foi embora daqui); afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente (Ainda bem que passei de ano); aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de etc. (É quase 1h a pé); designação: eis (Eis nosso carro novo); exclusão: apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive,exceto, senão, sequer, apenas etc. (Todos saíram, menos ela / Não me descontou sequer um real); explicação: isto é, por exemplo, a saber etc. (Li vários livros, a saber, os clássicos); inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive etc. (Eu também vou / Falta tudo, até água); limitação: só, somente, unicamente, apenas etc. (Apenas um me respondeu / Só ele veio à festa); realce: é que, cá, lá, não, mas, é porque etc. (E você lá sabe essa questão?); retificação: aliás, isto é, ou melhor, ou antes etc. (Somos três, ou melhor, quatro); situação: então, mas, se, agora, afinal etc. (Afinal, quem perguntaria a ele?). É a palavra invariável que liga dois termos entre si, estabelecendo relação de subordinação entre o termo regente e o regido. São antepostos aos dependentes (objeto indireto, complemento nominal, adjuntos e orações subordinadas). Divide-se em: essenciais (maioria das vezes são preposições): a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás; acidentais (palavras de outras classes que podem exercer função de preposição): afora, conforme (= de acordo com), consoante, durante, exceto, salvo, segundo, senão, mediante, visto (= devido a, por causa de) etc. (Vestimo-nos conforme a moda e o tempo / Os heróis tiveram como prêmio aquela taça / Mediante meios escusos, ele conseguiu a vaga / Vovó dormiu durante a viagem). As preposições essenciais regem pronomes oblíquos tônicos; enquanto preposições acidentais regem as formas retas dos pronomes pessoais. (Falei sobre ti/Todos, exceto eu, vieram). As locuções prepositivas, em geral, são formadas de advérbio (ou locução adverbial) + preposição - abaixo de, acerca de, a fim de, além de, defronte a, ao lado de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de, junto de, perto de, até a, a par de, devido a. Observa-se que a última palavra da locução prepositiva é sempre uma preposição, enquanto a última palavra de uma locução adverbial nunca é preposição. Quanto ao emprego, as preposições podem ser usadas em: combinação: preposição + outra palavra sem perda fonética (ao/aos); PREPOSIÇÃO Curso Preparatório Trincheira Português Página 38 contração: preposição + outra palavra com perda fonética (na/àquela); não se deve contrair de se o termo seguinte for sujeito (Está na hora de ele falar); a preposição após, pode funcionar como advérbio (= atrás) (Terminada a festa, saíram logo após.); trás, atualmente, só se usa em locuções adverbiais e prepositivas (por trás, para trás por trás de). Quanto à diferença entre pronome pessoal oblíquo, preposição e artigo, deve-se observar que a preposição liga dois termos, sendo invariável, enquanto o pronome oblíquo substitui um substantivo. Já o artigo antecede o substantivo, determinando-o. As preposições podem estabelecer as seguintes relações: isoladamente, as preposições são palavras vazias de sentido, se bem que algumas contenham uma vaga noção de tempo e lugar. Nas frases, exprimem diversas relações: autoria - música de Caetano lugar - cair sobre o telhado, estar sob a mesa tempo - nascer a 15 de outubro, viajar em uma hora, viajei durante as férias modo ou conformidade - chegar aos gritos, votar em branco causa - tremer de frio, preso por vadiagem assunto - falar sobre política fim ou finalidade - vir em socorro, vir para ficar instrumento - escrever a lápis, ferir-se com a faca companhia - sair com amigos / meio - voltar a cavalo, viajar de ônibus matéria - anel de prata, pão com farinha posse - carro de João oposição - Flamengo contra Fluminense conteúdo - copo de (com) vinho preço - vender a (por) R$ 300, 00 origem - descender de família humilde especialidade - formou-se em Medicina destino ou direção - ir a Roma, olhe para frente. INTERJEIÇÃO: São palavras que expressam estados emocionais do falante, variando de acordo com o contexto emocional. Podem expressar: alegria - ah!, oh!, oba! advertência - cuidado!, atenção afugentamento - fora!, rua!, passa!, xô! alívio - ufa!, arre! animação - coragem!, avante!, eia! aplauso - bravo!, bis!, mais um! chamamento - alô!, olá!, psit! desejo - oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui! espanto - puxa!, oh!, chi!, ué! impaciência - hum!, hem! silêncio - silêncio!, psiu!, quieto! São locuções interjetivas: puxa vida!, não diga!, que horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo! É a palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre elas alguma relação (subordinação ou coordenação). As conjunções classificam-se em: Coordenativas, aquelas que ligam duas orações independentes (coordenadas), ou dois termos que exercem a mesma função sintática dentro da oração. Apresentam cinco tipos: aditivas (adição): e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda; adversativas (adversidade, oposição): mas, porém, todavia, contudo, antes (= pelo contrário), não obstante, apesar disso; alternativas (alternância, exclusão, escolha): ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer; conclusivas (conclusão): logo, portanto, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso; explicativas (justificação): - pois (antes do verbo), porque, que, porquanto. Subordinativas - ligam duas orações dependentes, subordinando uma à outra. Apresentam dez tipos: causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde que; Palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre elas alguma relação (subordinação ou coordenação). As conjunções classificam-se em: comparativas: como, (tal) qual, assim como, (tanto) quanto, (mais ou menos +) que; condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (= se não), a menos que; CONJUNÇÃO Curso Preparatório Trincheira Português Página 39 consecutivas (conseqüência, resultado, efeito): que (precedido de tal, tanto, tão etc. - indicadores de intensidade), de modo que, de maneira que, de sorte que, de maneira que, sem que; conformativas (conformidade, adequação): conforme, segundo, consoante, como; concessiva: embora, conquanto, posto que, por muito que, se bem que, ainda que, mesmo que; temporais: quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, mal (= logo que), até que; finais - a fim de que, para que, que; proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais (+ tanto menos); integrantes - que, se. As conjunções integrantes introduzem as orações subordinadas substantivas, enquanto as demais iniciam orações subordinadas adverbiais. Muitas vezes a função de interligar orações é desempenhada por locuções conjuntivas, advérbios ou pronomes. Exercícios 1. A alternativa que apresenta classes de palavras cujos sentidos podem ser modificados pelo advérbio são: a) adjetivo – advérbio – verbo. b) verbo – interjeição – conjunção. c) conjunção – numeral – adjetivo. d) adjetivo – verbo – interjeição. e) interjeição – advérbio – verbo. 2. Das palavras abaixo, faz plural como “assombrações” a) perdão. b) bênção. c) alemão. d) cristão. e) capitão. 3. Na oração “Ninguém está perdido se der amor…”, a palavra grifada pode ser classificada como: a) advérbio de modo. b) conjunção adversativa. c) advérbio de condição. d) conjunção condicional. e) preposição essencial. 4. Marque a frase em que o termo destacado expressa circunstância de causa: a) Quase morri de vergonha. b) Agi com calma. c) Os mudos falam com as mãos. d) Apesar do fracasso, ele insistiu. e) Aquela rua é demasiado estreita. 5. “Enquanto punha o motor em movimento.” O verbo destacado encontra-se no: a) Presente do subjuntivo. b) Pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo. c) Presente do indicativo. d) Pretérito mais-que-perfeito do indicativo. e) Pretérito imperfeito do indicativo.6. Aponte a opção em que muito é pronome indefinido: a) O soldado amarelo falava muito bem. b) Havia muito bichinho ruim. c) Fabiano era muito desconfiado. d) Fabiano vacilava muito para tomar decisão. e) Muito eficiente era o soldado amarelo. 7 . A flexão do número incorreta é: a) tabelião – tabeliães. b) melão – melões c) ermitão – ermitões. d) chão – chãos. e) catalão – catalões. 8. Dos verbos abaixo apenas um é regular, identifique-o: a) pôr. b) adequar. c) copiar. d) reaver. e) brigar. 9. A alternativa que não apresenta erro de flexão verbal no presente do indicativo é: a) reavejo (reaver). b) precavo (precaver). c) coloro (colorir). d) frijo (frigir). e) fedo (feder). 10. A classe de palavras que é empregada para exprimir estados emotivos: a) adjetivo. b) interjeição. c) preposição. d) conjunção. e) advérbio. 11. Todas as formas abaixo expressam um tamanho menor que o normal, exceto: a) saquitel. b) grânulo. c) radícula. d) marmita. e) óvulo. Curso Preparatório Trincheira Português Página 40 12. Em “Tem bocas que murmuram preces…”, a seqüência morfológica é: a) verbo-substantivo-pronome relativo-verbo- substantivo. b) verbo-substantivo-conjunção integrante- verbo-substantivo. c) verbo-substantivo-conjunção coordenativa- verbo-adjetivo. d) verbo-adjetivo-pronome indefinido-verbo- substantivo. e) verbo-advérbio-pronome relativo-verbo- substantivo. 13. A alternativa que possui todos os substantivos corretamente colocados no plural é: a) couve-flores / amores-perfeitos / boas-vidas. b) tico-ticos / bem-te-vis / joões-de-barro. c) terças-feiras / mãos-de-obras / guarda- roupas. d) arco-íris / portas-bandeiras / sacas-rolhas. e) dias-a-dia / lufa-lufas / capitães-mor. 14. “…os cipós que se emaranhavam…” . A palavra sublinhada é: a) conjunção explicativa. b) conjunção integrante. c) pronome relativo. d) advérbio interrogativo. e) preposição acidental. 15. Indique a frase em que o verbo se encontra na 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo: a) Faça o trabalho. b) Acabe a lição. c) Mande a carta. d) Dize a verdade. e) Beba água filtrada. 16. Em “Escrever é alguma coisa extremamente forte, mas que pode me trair e me abandonar.”, as palavras grifadas podem ser classificadas como, respectivamente: a) pronome adjetivo – conjunção aditiva. b) pronome interrogativo – conjunção aditiva. c) pronome substantivo – conjunção alternativa. d) pronome adjetivo – conjunção adversativa. e) pronome interrogativo – conjunção alternativa. 17. Marque o item em que a análise morfológica da palavra sublinhada não está correta: a) Ele dirige perigosamente – (advérbio). b) Nada foi feito para resolver a questão – (pronome indefinido). c) O cantar dos pássaros alegra as manhãs – (verbo). d) A metade da classe já chegou – (numeral). e) Os jovens gostam de cantar música moderna – (verbo). 18. Quanto à flexão de grau, o substantivo que difere dos demais é: a) viela. b) vilarejo. c) ratazana. d) ruela. e) sineta. 19. Está errada a flexão verbal em: a) Eu intervim no caso. b) Requeri a pensão alimentícia. c) Quando eu ver a nova casa, aviso você d) Anseio por sua felicidade. e) Não pudeste falar. 20. Das classes de palavra abaixo, as invariáveis são: a) interjeição – advérbio – pronome possessivo. b) numeral – substantivo – conjunção. c) artigo – pronome demonstrativo – substantivo. d) adjetivo – preposição – advérbio. e) conjunção – interjeição – preposição. 21. Todos os verbos abaixo são defectivos, exceto: a) abolir. b) colorir. c) extorquir. d) falir. e) exprimir. 22. O substantivo composto que está indevidamente escrito no plural é: a) mulas-sem-cabeça. b) cavalos-vapor. c) abaixos-assinados. d) quebra-mares. e) pães-de-ló. 23. A alternativa que apresenta um substantivo invariável e um variável, respectivamente, é: a) vírus – revés. b) fênix – ourives. c) ananás – gás. d) oásis – alferes. e) faquir – álcool. 24. “Paula mirou-se no espelho das águas”: Esta oração contém um verbo na voz: a) ativa. b) passiva analítica. c) passiva pronominal. d) reflexiva recíproca. e) reflexiva. 25. O único substantivo que não é sobrecomum é: Curso Preparatório Trincheira Português Página 41 a) verdugo. b) manequim. c) pianista. d) criança. e) indivíduo. 26. A alternativa que apresenta um verbo indevidamente flexionado no presente do subjuntivo é: a) vade. b) valham. c) meçais. d) pulais. e) caibamos. 27. A alternativa que apresenta uma flexão incorreta do verbo no imperativo é: a) dize. b) faz. c) crede. d) traze. e) acudi. 28. A única forma que não corresponde a um particípio é: a) roto. b) nato. c) incluso. d) sepulto. e) impoluto. 29. Na frase: “Apieda-te qualquer sandeu”, a palavra sandeu (idiota, imbecil) é um substantivo: a) comum, concreto e sobrecomum b) concreto, simples e comum de dois gêneros. c) simples, abstrato e feminino. d) comum, simples e masculino e) simples, abstrato e masculino. 30. A alternativa em que não há erro de flexão do verbo é: a) Nós hemos de vencer. b) Deixa que eu coloro este desenho. c) Pega a pasta e a flanela e pole o meu carro. d) Eu reavi o meu caderno que estava perdido. e) Aderir, eu adiro; mas não é por muito tempo! 31. Em “Imaginou-o, assim caído…” a palavra destacada, morfologicamente e sintaticamente, é: a) artigo e adjunto adnominal. b) artigo e objeto direto. c) pronome oblíquo e objeto direto. d) pronome oblíquo e adjunto adnominal. e) pronome oblíquo e objeto indireto. 32. O item em que temos um adjetivo em grau superlativo absoluto é: a) Está chovendo bastante. b) Ele é um bom funcionário. c) João Brandão é mais dedicado que o vigia. d) Sou o funcionário mais dedicado da repartição. e) João Brandão foi tremendamente inocente. 33. A alternativa em que o verbo abolir está incorretamente flexionado é: a) Tu abolirás. b) Nós aboliremos. c) Aboli vós. d) Eu abolo. e) Eles aboliram. 34. A alternativa em que o verbo “precaver” está corretamente flexionado é: a) Eu precavejo. b) Precavê tu. c) Que ele precavenha. d) Eles precavêm. e) Ela precaveu. 35. A única alternativa em que as palavras são, respectivamente, substantivo abstrato, adjetivo biforme e preposição acidental é: a) beijo-alegre-durante b) remédio-inteligente-perante c) feiúra-lúdico-segundo d) ar-parco-por e) dor-veloz-consoante GABARITO 1 A / 2 A / 3 D / 4 A / 5 E / 6 B / 7 E / 8 E / 9 D / 10 B / 11 D / 12 A / 13 B / 14 C / 15 D / 16 D / 17 C / 18 C / 19 C / 20 E / 21 E / 22 C / 23 A / 24 E / 25 C / 26 D / 27 B / 28 D / 29 D / 30 E / 31 C / 32 E / 33 D / 34 E / 35 C Curso Preparatório Trincheira Português Página 42 A língua nos possibilita usufruir de seus inúmeros recursos para formalizar nossas ideias e, consequentemente, proferirmos nosso discurso enquanto membros de uma comunidade social. Recursos estes apreendidos ao longo de nossa experiência e, sobretudo, a partir do momento em que estabelecemos familiaridade com a linguagem, vista sob o padrão formal que a norteia – mais precisamente no que concerne aos postulados atribuídos pela gramática. De modo mais esclarecedor, subsidiaremo-nos em uma situação comunicativa pautada no seguinte discurso: Marcela era a melhor aluna do colégio. Notamos que o enunciado linguístico, composto de determinados vocábulos, dispostos de maneira sequencial, foi perfeitamente compreendido pelo interlocutor. Mediante tal ocorrência, o emissor tão somente fez uso das classes gramaticais para compor seu discurso, isto é, aquelas representadas pelos substantivos, adjetivos, advérbios, preposições, conjunções,dentre outras, explicitamente confirmadas em: Marcela – substantivo próprio aluna – substantivo comum, etc. A referida assertiva foi somente para compreendermos acerca do assunto em pauta, visto que se trata de determinadas expressões que mesmo sendo bastante usuais, não pertencem a estas classes gramaticais. Estas, durante algum tempo, foram concebidas como advérbios, entretanto, a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), passou a classificá-las de acordo com o sentido que expressam, denominadas de locuções denotativas. Diante disso, vejamo-las, levando em consideração a ideia que retratam: * Adição – ainda, além disso, dentre outras. Ex: Tive que lhe emprestar o carro e ainda o dinheiro para abastecê-lo. * Afastamento – embora. O ideal é que você vá embora daqui. * Afetividade – ainda bem, felizmente, infelizmente. Ainda bem que irei conhecê-lo em breve. * Aproximação – cerca de, quase, volta de, etc. Chegarei por volta de uns trinta minutos. * Designação – eis. Eis que seguem anexos os documentos solicitados. * Exclusão – apesar, apenas, senão, sequer, somente, etc. Marcos sequer se mostrou interessado em voltar. * Explicação – isto é, por exemplo, a saber, etc. Curso Preparatório Trincheira Português Página 43 O relatório precisa ser retificado, isto é, verificar se contém as informações necessárias. * Inclusão – inclusive, também, até, ainda. A viagem está marcada para breve, inclusive preciso confirmar se você irá conosco. * Limitação – apenas, somente, unicamente, só, etc. Dentre todos os presentes, apenas ele se manifestou. * Realce – cá, lá, é que, é porque, etc. Acredito que, cá para nós, não existe solução para este caso. * Retificação – aliás, ou melhor, ou antes, isto é, etc. Você, ou melhor, vocês, poderão acompanhar- me. * Situação – afinal, então, se, agora, etc. Afinal, os turistas gostaram ou não do passeio? Curso Preparatório Trincheira Português Página 44 1. Frase, oração e período: Frase é a expressão de um pensamento completo. Pode ter verbo ou não. Se a frase tiver verbo, será oração ou período. Exemplos: Frase sem verbo: Socorro! Frase com verbo: Há muito tempo que não chove. Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entonação; na língua escrita, a entonação é reduzida a sinais de pontuação. Quanto aos tipos de frase, além da classificação em verbais e nominais, feita a partir de seus elementos constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu sentido global: frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma pergunta. Que queres fazer? frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem ou faz um pedido. Dê-me uma mãozinha! — Faça-o sair! frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo. Que dia difícil! frases declarativas: o emissor constata um fato. Ele já chegou. Quanto à estrutura, as frases que contêm verbos são formadas por uma ou mais orações. A oração tem como elementos essenciais: sujeito e predicado. A oração, às vezes, é sinônimo de frase e de período simples. Isso ocorre quando encerra um pensamento completo e vem limitada por ponto- final, ponto de interrogação, ponto de exclamação e por reticências. Um vulto cresce na escuridão. Clarissa se encolhe. É Vasco! Acima, temos três orações que encerram ideias completas, portanto correspondem a três períodos simples e, simultaneamente, a três frases. Obs.: frase e período têm sentido completo; oração pode não ter sentido completo. Observe que em “Convém / que te apresses.” há duas orações, mas uma só frase, pois somente o conjunto das duas é que traduz um pensamento completo. Outra definição para oração é “a frase ou parte da frase que se organiza ao redor de um verbo”. A oração possui sempre um verbo (ou locução verbal), que implica na existência de um predicado, que pode ou não estar ligado a um sujeito. Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo. Dessa forma: “Rua!” é uma frase, mas não é uma oração. Já em “Quero/ a rosa mais linda que houver/, para enfeitar a noite do meu bem.” (“A noite do meu bem” – Milton Nascimento), temos uma frase e três orações. Cada uma dessas três orações não são frases, pois, em si mesmas, não satisfazem um propósito comunicativo; são, portanto, partes da frase, ou três orações de um período composto. Quanto ao período, é uma frase constituída por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido completo. O período pode ser simples ou composto. Período simples é aquele constituído por apenas uma oração, que recebe o nome de oração absoluta. Chove. A existência é frágil. Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião. Quero uma linda rosa. Período composto é aquele constituído por duas ou mais orações. “Quando você foi embora/, fez-se noite em meu viver.” (“Travessia” – Milton Nascimento) Cantei/, dancei/ e depois dormi. 2. Sintaxe do período simples Os termos da oração Os termos que estruturam uma oração podem ser essenciais, integrantes e acessórios. Todos eles, mesmo os acessórios, concorrem para a estrutura semântica da unidade de comunicação. Curso Preparatório Trincheira Português Página 45 Termos essenciais: sujeito e predicado. Termos integrantes: complementos verbais, complemento nominal e agente da passiva. Termos acessórios: adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto. - Classificação do sujeito. - Classificação do predicado. - Transitividade verbal. Termos essenciais da oração: Sujeito – é o termo de que se faz uma declaração contida no predicado; • é o termo da oração com o qual o verbo concorda em número e pessoa; • é o ser de quem se declara algo; • é “o ponto de partida da enunciação linguística constituída pela oração”. Classificações do sujeito: Determinado, indeterminado e oração sem sujeito. Sujeito determinado – o sujeito será determinado quando for possível identificar que elemento da oração funciona como sujeito. Encontra-se o sujeito perguntando “quem faz o que o verbo diz?” Roberto aprendeu a nadar. (quem aprendeu?) Alguém bateu à porta. (quem bateu?) (eu) Aprendi as notas musicais. (quem aprendeu?) Adultos e crianças participaram do evento. (quem participou?) O sujeito determinado pode ser: 1. Simples – contém apenas um núcleo. Um robô viajará para a Estação Espacial. Todos concordaram com a ementa da palestra. 2. Composto – contém dois ou mais núcleos. Pai e filho eram duas faces da mesma moeda. Cartazes, filmes, fotografias também são meios de comunicação. 3. Implícito (ou oculto) – não está expresso na oração, mas é reconhecido pela desinência (terminação) verbal. (nós) Concordamos com suas ideias. (eu) Não entendi a questão. Sujeito indeterminado – o sujeito da oração será indeterminado quando não estiver expresso, e nenhum outro termo fornecer elementos para o seu reconhecimento. Note que, embora não seja conhecido, existe quem pratique a ação verbal. Pode-se construir o sujeito indeterminado de duas maneiras: a) colocando-se o verbo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se, que receberá a denominação de índice de indeterminação do sujeito. Precisa-se de carpinteiros. Dorme-se bem melhor no inverno. b) Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural. Dizem que pintar é uma boa distração. Consertaram a placa de sinalização. Oração sem sujeito – apesar de o sujeitoser um termo essencial, há orações constituídas apenas de predicado, pois não existe quem pratique a ação verbal. São as orações formadas com os seguintes verbos: a) haver, significando “existir”, “acontecer”, “realizar-se” e “fazer”. Há muitos sonegadores ainda impunes. (existem) Houve algum problema com você? (aconteceu) Houve uma grande festa no feriado. (realizou-se) Há muitos anos que não a vejo. (faz) b) fazer, ser e estar indicando “tempo transcorrido” ou “tempo relativo a fenômeno da natureza”. Faz dias que o carteiro não aparece. Era cedo quando ele chegou. Estava um dia chuvoso. c) verbos que exprimem fenômeno da natureza: gear, nevar, chover, ventar, trovejar, relampejar, anoitecer, etc. Choveu muito ontem. Anoitecia lentamente. Geou na serra gaúcha. Os verbos das orações sem sujeito chamam-se impessoais. Eles são usados na 3ª pessoa do singular e, se acompanhados de verbos auxiliares, transmitem a eles a sua impessoalidade. Faz cinco anos que me formei. Vai fazer cinco anos que me formei. Obs.: Os verbos que exprimem fenômeno da natureza, quando usados em sentido figurado, deixam de ser impessoais e a oração deixa de ser sem sujeito. Já amanheci cansado. (sujeito simples: eu) Chovem denúncias sobre gente importante. (sujeito simples: denúncias) Curso Preparatório Trincheira Português Página 46 Predicado – é a parte da oração que contém a informação nova para o ouvinte; – é o termo da oração que contém o verbo e que exprime aquilo que se declara a respeito do sujeito; – é a declaração que se faz sobre o sujeito. Obs.: Há casos (com verbos impessoais) em que a oração não possui sujeito. No entanto, como a oração é estruturada em torno de um verbo (expresso ou elíptico) e ele está contido no predicado, é impossível existir uma oração sem predicado. Ex.: Os retirantes fogem da seca. sujeito predicado Choveu muito no sul do país. sem sujeito predicado Classificações do predicado: Verbal, nominal e verbo-nominal. Predicado verbal – o núcleo da declaração está num verbo significativo, ou seja, um verbo que transmite uma ideia ao interlocutor, pois tem um conteúdo semântico próprio: correr, pular, sorrir, estudar, comprar, gostar, amar, vender, abrir, acender, apagar, ferir, etc. Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião. Predicado nominal – o núcleo da declaração está no nome que é ligado ao sujeito por meio de um verbo de ligação. Esse núcleo semântico, que complementa o verbo de ligação, chama-se predicativo do sujeito. Ex.: A existência é frágil. Sujeito: a existência Predicado nominal: é frágil Verbo de ligação: é Predicativo do sujeito: frágil Predicado verbo-nominal – a declaração apresenta dois núcleos (duas informações importantes): uma expressa pelo verbo significativo; outra, pelo nome (que pode referir- se ao sujeito – predicativo do sujeito – ou ao objeto – predicativo do objeto) Exemplos: O professor chegou + O professor estava nervoso = O professor chegou nervoso. Sujeito: O professor Predicado verbo-nominal: chegou nervoso Núcleo verbal: chegou Núcleo nominal: nervoso (predicativo do sujeito) O diretor achou o candidato + O candidato era fraco =O diretor achou o candidato fraco. Sujeito: O diretor Predicado verbo-nominal: achou o candidato fraco Verbo transitivo: achou Objeto: o candidato Predicativo do objeto: fraco Note que o predicativo completa um verbo de ligação (expresso ou subentendido). O verbo de ligação, por si mesmo, nada informa a respeito do sujeito; ele apenas liga o sujeito ao predicativo. Os principais verbos de ligação são: ser, estar, andar, ficar, parecer, comparecer, continuar, etc., quando expressam estado. Note: Ele anda nervoso. – verbo de ligação Ele anda de bicicleta. – verbo significativo Transitividade verbal. Termos integrantes da oração: São os termos que se juntam a determinadas estruturas (verbos ou nomes) para torná-las completas. Classificam-se em: objeto direto, objeto indireto, complemento nominal e agente da passiva. Em uma oração, o verbo significativo pode ser: Intransitivo – exprime, por si só, uma ideia completa e, por isso, não requer outro termo que lhe complete o sentido. O velho leão morreu. Transitivo – por não ter sentido completo, requer um objeto, palavra ou expressão que complete o seu sentido. Se o objeto não é iniciado por preposição, o verbo é transitivo direto e é completado pelo objeto direto. As palavras da atriz emocionaram a plateia. VTD objeto direto Se o objeto é iniciado por preposição, o verbo é transitivo indireto e é completado pelo objeto indireto. Você não crê em fantasmas? VTI objeto indireto Se o verbo exigir dois objetos, um sem preposição e outro com preposição, para o completar, então será verbo transitivo direto e indireto e terá dois complementos: objeto direto e objeto indireto. O carteiro entregou a carta para o rapaz. Curso Preparatório Trincheira Português Página 47 VTDI objeto direto objeto indireto Complemento nominal – É o termo que completa o sentido de um nome de natureza transitiva, cujo sentido só se completa em expressões que se ligam a eles por meio de uma preposição. O ser humano tem necessidade de atenção. subst. abstrato complem. nominal Todos reagiram favoravelmente ao acordo. advérbio complem. nominal Para identificar o complemento nominal, deve-se observar o seguinte: – o nome a que o complemento nominal se associa pode ser um substantivo abstrato, um adjetivo ou um advérbio; – o complemento nominal é sempre iniciado por uma preposição; – esse complemento é necessário, não pode ser retirado, para que se entenda a sentença; Agente da passiva – é o complemento de um verbo na voz passiva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo passivo. O verbo é passivo quando o sujeito é paciente, isto é, o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo. Vem, normalmente, regido pela preposição por (ou, menos frequente, de) Alfredo é estimado pelos colegas. Sujeito paciente: Alfredo Verbo na voz passiva: é estimado Agente da passiva: pelos colegas O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz ativa. Voz ativa: O exército cercou a cidade. (o sujeito age) Voz passiva: A cidade foi cercada pelo exército. (o sujeito é paciente – sofre a ação) Termos acessórios da oração: São os termos que acrescentam uma ideia secundária a um substantivo, a um adjetivo ou a um advérbio. São adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto. Adjunto adnominal – é o termo que acrescenta uma ideia secundária (dispensável) a um substantivo. (ad = junto; nominal = nome). Podem ser representados por: artigos, numerais, adjetivos, locuções adjetivas e pronomes adjetivos. Discursos longos são cansativos. Passou as duas mãos sobre a testa. Diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal: • adjunto adnominal acompanha um substantivo concreto e pode ser retirado sem prejuízo do entendimento da frase; • complemento nominal completa a ideia de um substantivo abstrato e não pode ser suprimido. Adjunto adverbial – é o termo que atribui circunstância ao verbo ou intensifica um adjetivo ou advérbio. É a função sintática exercida por advérbios e locuções adverbiais. Assim como os advérbios, podem ser de afirmação, de negação, de lugar, de intensidade, de tempo, de modo, etc. A sessão foi encerrada à meia-noite. (adjunto adverbial de tempo), Não quero ficar nervoso. (adjunto adverbial de negação) Aposto – é o termo que acrescenta uma ideia secundária ao substantivo. É um elemento dispensável que serve para explicar, esclarecer, desenvolver ou resumir outro termo da oração; por isso aparece entre vírgulas. Em poucotempo, dez ou doze minutos, estaremos aí. Vicente, presidente do sindicato, não compareceu à reunião. Vocativo – A palavra vocativo vem do latim vocare, que significa “chamar”. Então, é o termo com que chamamos o ser a quem nos dirigimos. Deve aparecer sempre isolado por vírgula. Exemplos: Crianças, entrem que já está escurecendo. Entrem, crianças, que já está escurecendo. Entrem que já está escurecendo, crianças. Formação do período composto: Processos de coordenação e de subordinação No período composto sintaticamente estruturado, as orações se relacionam por meio de dois processos básicos: coordenação e subordinação. A ordem normal das orações que formam o período composto é que a oração subordinada venha após a principal, pois, como a própria nomenclatura já diz, aquela tem condição de entendimento subordinada a esta. Quando a ordem das orações é invertida, usa-se a vírgula para marcar essa antecipação da oração subordinada (consulte as regras para emprego da vírgula). Curso Preparatório Trincheira Português Página 48 Imagine um trem. A relação dos vagões com o maquinário pode ser comparada à relação das orações em um período frasal: as orações coordenadas são como o motor do trem e os vagões são como as orações subordinadas. Ora, pois, os vagões não podem ser deslocados sem a ação coordenada do motor do trem, assim como as orações subordinadas só serão compreendidas se ligadas à oração principal. Nas frases em que não há dependência sintática entre as orações, ou seja, nos períodos formados por orações coordenadas, o que vai determinar a ordem da frase são as relações lógicas e/ou cronológicas que há entre os elementos dessas frases. Orações coordenadas As orações coordenadas tem como principal característica sua independência na frase, pois não dependem de outra oração para serem compreendidas. Quanto à sua classificação, temos dois tipos: Coordenadas assindéticas e coordenadas sindéticas. Orações coordenadas assindéticas: são orações coordenadas entre si e que não são ligadas por meio de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas. a = significa "não" - negação; síndeto = palavra de origem grega que significa "conjunção" ou "conectivo". Orações Coordenadas Sindéticas: ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas que são ligadas por uma conjunção coordenativa que vai trazer para esse tipo de oração uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas. a) Oração coordenada sindética aditiva: exprime ideia de soma, adição. Principais conjunções: e, nem, mas também. O médico não veio, nem telefonou. A funcionária chegou e começou a trabalhar. b) Oração coordenada sindética adversativa: expressa uma ideia contrária em relação à anterior. Principais conjunções: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. Tomou o remédio, mas não melhorou. Vou ao banco, porém voltarei logo. c) Oração coordenada sindética alternativa: expressa ideia de alternância, escolha ou de exclusão. Principais conjunções: ou, ou…ou, ora…ora, quer…quer, já…já, seja…seja. Ou esse time vence, ou será desclassificado. Ora eu trabalho, ora eu estudo. d) Oração coordenada sindética conclusiva: como o nome já diz, indica uma conclusão da ideia. Principais conjunções: logo, portanto, então, pois (quando posicionado após o verbo). Estou ouvindo barulho, portanto há alguém em casa. Ela também é filha de meu pai. É, pois, minha irmã. e) Oração coordenada sindética explicativa: justificam ou explicam a oração anterior. Principais conjunções: que, porque, pois (quando posicionado antes do verbo). Deve ter chovido, pois o chão está molhado. Dei-lhe um presente, porque era seu aniversário. Orações subordinadas O período composto por subordinação é formado por uma oração principal e uma ou mais orações subordinadas. Você entenderá que a vida é feita de sonhos e muito trabalho. - A oração “que a vida é feita de sonhos e muito trabalho”, exercendo a função de objeto direto, transforma-se em oração subordinada. Anote: - Quando o período contém oração subordinada, aquela que, aparentemente é uma oração coordenada, passa a ser classificada como oração principal. - Oração absoluta é uma única oração, ou seja, não existe outra oração unida a ela, dependente/subordinada a ela para formação do período, chamado, então, de período simples. - Lembre-se de que, para que haja uma oração, deve haver um verbo. Em um período, para cada verbo, há uma oração correspondente. Se não houver verbo, não será oração, e sim uma frase. A oração subordinada tem três apresentações: a) desenvolvida: apresenta conjunção; os verbos aparecem flexionados no tempo simples e compostos do modo indicativo e do subjuntivo, ou ainda em locuções verbais (Observo que a manhã se inicia.) Curso Preparatório Trincheira Português Página 49 b) justaposta: não apresenta conectivo; os verbos aparecem flexionados em tempos simples e compostos do modo indicativo, ou ainda em locuções verbais (Observo: a manhã se inicia). c) reduzida: não apresenta conjunção, os verbos aparecem nas formas nominais do infinitivo, gerúndio e particípio (Observo a manhã iniciar-se). Quanto às classificações, as orações subordinadas classificam-se em substantivas, adjetivas e adverbiais, de acordo com a função sintática que exercem em relação à oração principal, expressa pela conjunção que a introduz. Orações subordinadas substantivas São aquelas que desempenham a função sintática tal como um substantivo. a) Oração subordinada substantiva subjetiva: desempenha a função de sujeito do verbo da oração principal. Principais conjunções: que, se, como, etc. Parece que a situação melhorou. Não se sabia se ele vinha. Ignora-se como se deu o acidente. b) Oração subordinada substantiva objetiva direta: desempenha a função de objeto direto da oração principal. Juliana esperou que o amigo a esperasse. Não sabemos onde ela está. Isabela ignora quem é o rapaz. c) Oração subordinada substantiva objetiva indireta: desempenha a função sintática de objeto indireto do verbo da oração principal. Não me oponho a que você viaje. Lembra-se de quem passou no concurso. Daremos o prêmio a quem o merecer. d) Oração subordinada substantiva completiva nominal: desempenha a função sintática de complemento nominal de um vocábulo (substantivo, adjetivo ou advérbio) da oração principal. A menina tem necessidade de saber o resultado. Ele estava ansioso por que voltasses. Sou grato a quem ensina e) Oração subordinada substantiva predicativa: desempenha a função de predicativo. Meu desejo é que me deixem em paz. Lucas foi quem trabalhou mais. A esperança era que ele voltasse para mim. f) Oração subordinada substantiva apositiva: desempenha a função sintática de aposto em relação a algum termo da oração principal. Só lhe peço isto: honre seu nome. Só desejo uma coisa: que você volte para mim. g) Oração subordinada substantiva agente da passiva: desempenha a função sintática de agente da passiva da oração principal. A aluna foi elogiada pelos que a amam. A obra foi apreciada pelos que a viram. O candidato estava rodeado de quem não deseja a sua eleição. Orações subordinadas adjetivas Desempenham, na oração, a função sintática tal como um adjetivo: A menina bonita comprou o livro (bonita é o adjetivo referente à menina). A menina que é bonita comprou o livro (que é bonita é uma oração adjetiva referente à menina). As orações adjetivas são precedidas de preposição sempre que houver necessidade pela regência do verbo: O livro que comprei é bom. O livro a que merefiro é bom. a) Oração subordinada adjetiva explicativa: expressa uma explicação acerca da oração principal e deve vir sempre isolada por vírgulas, a fim de preservar o sentido correto da frase. Os rapazes, que são altos, saíram da sala. Que são altos é uma oração adjetiva explicativa sobre o sujeito da oração principal – rapazes. Significado da oração: todos os rapazes são altos e todos saíram. b) Oração subordinada adjetiva restritiva: restringe o significado a respeito daquilo que é declarado na frase. Por isso mesmo, não deve vir isolada por vírgulas. Os rapazes que são altos saíram da sala. Que são altos é uma oração adjetiva restritiva, pois restringe o significado da frase somente àqueles rapazes altos. Subentende-se que há, na sala, rapazes altos e baixos e que somente os altos saíram. Curso Preparatório Trincheira Português Página 50 Orações subordinadas adverbiais São as orações que desempenham a função sintática de adjunto adverbial. As orações adverbiais classificam-se em: a) Oração subordinada adverbial causal: expressa, como o próprio nome já diz, a causa daquilo que se afirma na oração principal. Joel se julga muito importante porque é rico. Visto que a vida é uma curta viagem, procuremos fazê-la bem. Como hoje é seu aniversário, faremos uma festa. Observação: a conjunção porque pode, por vezes, confundir o candidato, já que também é usada para expressar explicação. Nesse caso, ela introduz uma oração coordenada explicativa. Para testar se ela indica explicação, empregue em seu lugar a conjunção explicativa pois. Para testar se ela indica causa, você pode substituí-la pela conjunção causal como. A aula foi interrompida porque faltou giz (causa) Como faltou giz, a aula foi interrompida. Provavelmente alguém o agrediu, porque seu nariz sangra muito. (explicação) Provavelmente alguém o agrediu, pois seu nariz sangra muito. Como seu nariz sangra muito, provavelmente alguém o agrediu. (inadequado) b) Oração subordinada adverbial consecutiva: expressa uma consequência acerca daquilo que se expressa na oração principal. Estou tão cansado que não sairei à noite. Essa mulher fala tanto que me cansa os ouvidos. Choveu tanto que inundou as ruas. c) Oração subordinada adverbial comparativa: expressa a ideia de comparação em relação à oração principal. Você é bonita como uma flor. Nada tem tanto valor quanto a honestidade. (perceba que, nessa oração, o verbo está subentendido: Nada tem tanto valor quanto a honestidade [tem]). d) Oração subordinada adverbial concessiva: exprime um fato contrário à oração principal, mas não suficiente para anular a sua ideia. Embora não tenha estudado, entendeu tudo. Apesar de ter saído tarde, chegou a tempo. e) Oração subordinada adverbial condicional: expressa uma condição ou hipótese para que se realize a ideia da oração principal. Se você estudar muito, entenderá o conteúdo. Ele o amará, se você continuar agindo assim. f) Oração subordinada adverbial conformativa: expressa uma conformidade em relação à ideia da oração principal. Cada um colhe conforme semeia. Segundo o autor, tudo é simples. Devemos crescer consoante prescreve a vida. g) Oração subordinada adverbial temporal: expressa ideia de tempo em relação à oração principal. Quando reencontrar você, quero lhe dar um grande abraço. A gente vive somente enquanto ama. h) Oração subordinada adverbial final: expressa a finalidade da oração principal. Levantei cedo a fim de cumprir todas as minhas tarefas. Estudei para passar de ano. i) Oração subordinada adverbial proporcional: exprime um fato simultâneo e proporcional ao da oração principal. Quanto mais caminho, mais cansado fico. À medida que estudo o assunto, mais me interesso por ele. Exercícios 1.Na oração: “Foram chamados às pressas todos os vaqueiros da fazenda vizinha”, o núcleo do sujeito é: a) todos; b) fazenda; c) vizinha; d) vaqueiros; e) pressas. 2. Assinale a alternativa em que o sujeito está incorretamente classificado: a) chegaram, de manhã, o mensageiro e o guia (sujeito Curso Preparatório Trincheira Português Página 51 composto); b) fala-se muito neste assunto (sujeito indeterminado); c) vai fazer frio à noite (sujeito inexistente); d) haverá oportunidade para todos (sujeito inexistente); e) não existem flores no vaso (sujeito inexistente). 3.Em “Éramos três velhos amigos, na praia quase deserta”, o sujeito desta oração é: a) subentendido; b) claro, composto e determinado; c) indeterminado; d) inexistente; e) claro, simples e determinado. 4.Marque a oração em que o termo destacado é sujeito: a) houve muitas brigas no jogo; b) Ia haver mortes, se a polícia não interviesse; c) faz dois anos que há bons espetáculos; d) existem muitas pessoas desonestas; e) há muitas pessoas desonestas. 5. Indique a única frase que não tem verbo de ligação: a) o sol estava muito quente; b) nossa amizade continua firme; c) suas palavras pareciam sinceras; d) ele andava triste; e) ele andava rapidamente. 6. Considere a frase: “Ele andava triste porque não encontrava a companheira”, os verbos grifados são respectivamente: a) transitivo direto - de ligação; b) de ligação - intransitivo; c) de ligação - transitivo - indireto; d) transitivo direto - transitivo indireto; e) de ligação - transitivo direto. 7.Na praça deserta um homem caminhava - o sujeito é: a) indeterminado; b) inexistente; c) simples; d) oculto por elipse; e) composto. 8.Na oração:”Anunciaram grandes novidades” - o sujeito é: a) simples; b) composto; c) indeterminado; d) elíptico; e) inexistente. 9. “O toque dos sinos ao cair da noite era trazido lá da cidade pelo vento”. O termo grifado é: a) sujeito; b) objeto direto; c) objeto indireto; d) complemento nominal; e) agente da passiva. 10.“Eu andava satisfeito com o mundo e comigo mesmo”, o período é: a) simples; b) composto por coordenação; c) composto por subordinação; d) composto por coordenação e subordinação; e) composto de duas orações. 11. Na oração “Mestre Reginaldo, o impoluto, é uma sumidade no campo das ciências” - o termo grifado é: a) adjunto adnominal; b) vocativo; c) predicativo; d) aposto; e) sujeito simples. 12.Na expressão: “por todos era apedrejado o Luizinho”, o termo grifado é: a) objeto direto; b) objeto indireto; c) sujeito; d) complemento nominal; e) agente da passiva. 13. Dentre as orações abaixo, uma contém complemento nominal. Qual? a) Meu pensamento é subordinado ao seu. b) Você não deve faltar ao encontro. c) Irei à sua casa amanhã. d) Venho da cidade às três horas. e) Voltaremos pela rua escura ... 14. Assinale a alternativa em que o termo grifado é adjunto adnominal: a) Sua falta aos encontros sufocava o nosso amor. b) Ela é uma fera maluca. c) Ela é maluca por lambada nacional. d) Não tenho medo da louca. e) O amor de Deus é o primeiro mandamento. 15.Em “a linguagem do amor está nos olhos” – os termos grifados são respectivamente: a) complemento nominal e predicativo do sujeito; b) adjunto adnominal e predicativo do sujeito; c) adjunto adnominal e objeto direto; Curso Preparatório Trincheira Português Página 52 d) complemento nominal e adjunto adverbial; e) adjunto adnominal e adjunto adverbial. 16. “Diga ao povo que fico” é um período: a) simples; b) composto por coordenação; c) composto por subordinação; d) composto por coordenação e subordinação; e) composto de três orações. 17. “Saúde e felicidade são as minhas aspirações na vida” – nessa expressão o sujeito é: a) simples; b) composto; c) indeterminado; d) oculto; e) oração sem sujeito. 18.Na expressão:“Ordem e progresso, esse é o nosso lema” – o sujeito é: a) simples; b) composto; c) indeterminado; d) oculto; e) inexistente. 19. Já na expressão “O prefeito Odorico nomeou Dirceu Borboleta ajudante de ordens” – as palavras grifadas funcionam como: a) objeto direto; b) objeto indireto; c) predicativo do sujeito; d) aposto; e) predicativo do objeto 20.O verbo de “confio este carro à distinção dos senhores passageiros” é: a) transitivo direto; b) transitivo indireto; c) transitivo direto e indireto; d) intransitivo; e) de ligação. 21. Em: “Era inverno e fazia frio” – há duas orações cujos sujeitos são respectivamente: a) inexistente e indeterminado; b) indeterminado e inexistente; c) inexistente e inexistente; d) indeterminado e indeterminado; e) N. R. A. porque ambos são compostos. 22. Qual o período simples? a) Encontrará, talvez, no caminho da vida, asperezas, ingratidões, grosserias, injustiças, brutalidades. . .; b) Quem sabe se não encontrará inimigos cruéis e “amigos” pérfidos; c) Dorme, dorme meu anjinho, que a “Mamã” vela por ti . . .; d) Ela defende-o e protege-o; e) Faz cinco anos que o procuro. 23.Confiamos no futuro Desconhecemos as coisas do futuro. Temos confiança no futuro - Nas expressões acima, os termos grifados funcionam respectivamente, como: a) objeto indireto; adjunto adnominal; complemento nominal; b) objeto indireto; complemento nominal; objeto indireto; c) objeto indireto; objeto indireto; complemento nominal; d) objeto direto; adjunto adnominal; objeto indireto; e) objeto direto; sujeito; complemento nominal. 24. Em: “faz anos que não chove no sertão” – há duas orações com sujeito: a) simples; b) composto; c) indeterminado; d) inexistente; e) elíptico. 25.Em: “pediram-me papai e mamãe que eu fosse mais audacioso”: a) o sujeito da primeira oração é simples e o da segunda é inexistente; b) o sujeito da primeira oração é composto e o da segunda, é simples; c) o sujeito da primeira oração é indeterminado e o da segunda, inexistente; d) o sujeito da primeira oração é inexistente e o da segunda indeterminado; e) o sujeito da primeira oração é composto e o da segunda inexistente. 26. Em: “À boca da noite a cata-piolhos rezava baixinho . . .” , o sujeito é: a) simples; b) composto; c) indeterminado; d) inexistente; e) oculto. 27.Em qual das alternativas o verbo grifado é de ligação? a) Quando você pára, eu continuo. b) Amélia continua mulher de verdade. c) Esta “droga” de relógio não anda. d) Andei dois quilômetros a pé. e) Nos primeiros dias aprendi as notas musicais. 28.O predicado é nominal em: Curso Preparatório Trincheira Português Página 53 I - Você acha Cristina bonita, mamãe? II - O mundo podia ser tranqüilo. III - “Zé Mané” não estava embriagado. IV - O guarda noturno permanece atento a todos os perigos. V - Os transeuntes ficaram assustados. a) I - II - III; b) II - III; c) II - IV; d) III - IV - V - II; e) I - II - IV. 29. Dentre as orações abaixo, uma tem sujeito indeterminado. Qual? a) A nossa casa parecia uma arca de Noé. b) Não iria além de um vice-campeonato. c) As águas trafegam furiosas. d) Atropelaram um boi lá na gentil. e) No lugar só ficou a surpresa. 30.Na oração: “Diziam que ele era igualzinho a meu pai”, o sujeito da primeira oração é: a) simples; b) composto; c) indeterminado; d) inexistente; e) oculto. 31.Dê a função sintática do elemento grifado: “Mestre Cupijó, ouviu-se há dias a sua grande obra”. a) adjunto adnominal; b) sujeito; c) vocativo; d) aposto; e) objeto direto. 32. Em: “o homem não gosta de reconhecer a inevitabilidade de uma morte natural . . .”, a expressão grifada é: a) adjunto adnominal; b) adjunto adverbial; c) complemento nominal; d) agente da passiva; e) sujeito. 33. “Ué, gente: vocês ainda não foram pra sala? !” – o sujeito: a) simples; b) composto; c) indeterminado; d) inexistente; e) oculto. 34. Em: “Bebe que é doce, papai” – a palavra grifada funciona como: a) sujeito; b) aposto; c) vocativo; d) adjunto adverbial; e) adjunto adnominal. GABARITO 1. D 2. E 3. A 4. D 5. E 6. E 7. C 8. C 9. E 10. A 11. D 12. E 13. A 14. C 15. E 16. C 17. B 18. B 19. E 20. C 21. C 22. A 23. A 24. D 25. B 26. A 27. B 28. D 29. D 30. C 31. C 32. C 33. A 34. C Curso Preparatório Trincheira Português Página 54 Vozes do Verbo Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São três as vozes verbais: a) Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo. Por exemplo: Ele fez o trabalho. sujeito agente ação objeto (paciente) b) Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo. Por exemplo: O trabalho foi feito por ele. sujeito paciente ação agente da passiva c) Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo: O menino feriu-se. Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade. Por exemplo: Os lutadores feriram-se. (um ao outro) Formação da Voz Passiva A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético. 1- Voz Passiva Analítica Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: A escola será pintada. O trabalho é feito por ele. Obs. : o agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados. - Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja explícito na frase. Por exemplo: A exposição será aberta amanhã. - A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação das frases seguintes: a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indicativo) b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) - Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe a transformação da frase seguinte: O vento ia levando as folhas. (gerúndio) As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva analítica com outros verbos que podem eventualmente funcionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou marcada pela doença. 2- Voz Passiva Sintética A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Por exemplo: Abriram-se as inscrições para o concurso. Destruiu-se o velho prédio da escola. Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética. Curiosidade A palavra passivo possui a mesma raiz latina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem o significado de voz passiva como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE e AGENTE DA PASSIVA. Curso Preparatório Trincheira Português Página 55 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase. Por exemplo: Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa) Sujeito da Ativa Objeto Direto A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)Sujeito da Passiva Agente da Passiva Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. Observe mais exemplos: - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos. Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres. - Eu o acompanharei. Ele será acompanhado por mim. Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: - Prejudicaram-me. Fui prejudicado. Saiba que: 1) Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos, são chamados neutros. Por exemplo: O vinho é bom. Aqui chove muito. 2) Há formas passivas com sentido ativo: Por exemplo: É chegada a hora. (= Chegou a hora.) Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.) És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou) 3) Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo: Por exemplo: Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas) Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado) 4) Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é paciente. Por exemplo: Chamo-me Luís. Batizei-me na Igreja do Carmo. Operou-se de hérnia. Vacinaram-se contra a gripe. Curso Preparatório Trincheira Português Página 56 PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO Classificação das Orações Subordinadas As orações subordinadas dividem-se em três grupos, de acordo com a função sintática que desempenham e a classe de palavras a que equivalem. Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais. Para notar as diferenças que existem entre esses três tipos de orações, tome como base a análise do período abaixo: Só depois disso percebi a profundidade das palavras dele. Nessa oração, o sujeito é "eu", implícito na terminação verbal da palavra "percebi". "A profundidade das palavras dele" é objeto direto da forma verbal "percebi". O núcleo do objeto direto é "profundidade". Subordinam-se ao núcleo desse objeto os adjuntos adnominais "a" e "das palavras dele ". No adjunto adnominal "das palavras dele", o núcleo é o substantivo "palavras", ao qual se prendem os adjuntos adnominais "as" e "dele". "Só depois disso" é adjunto adverbial de tempo. É possível transformar a expressão "a profundidade das palavras dele", objeto direto, em oração. Observe: Só depois disso percebi que as palavras dele eram profundas. Nesse período composto, o complemento da forma verbal "percebi" é a oração "que as palavras dele eram profundas". Ocorre aqui um período composto por subordinação, em que uma oração desempenha a função de objeto direto do verbo da outra oração. O objeto direto é uma função substantiva da oração, ou seja, é função desempenhada por substantivos e palavras de valor substantivo. É por isso que a oração subordinada que desempenha esse papel é chamada de oração subordinada substantiva. Pode-se também modificar o período simples original transformando em oração o adjunto adnominal do núcleo do objeto direto, "profundidade". Observe: Só depois disso percebi a "profundidade" que as palavras dele continham. Nesse período, o adjunto adnominal de "profundidade" passa a ser a oração "que as palavras dele continham". O adjunto adnominal é uma função adjetiva da oração, ou seja, é função exercida por adjetivos, locuções adjetivas e outras palavras de valor adjetivo. É por isso que são chamadas de subordinadas adjetivas as orações que, nos períodos compostos por subordinação, atuam como adjuntos adnominais de termos das orações principais. Outra modificação que podemos fazer no período simples original é a transformação do adjunto adverbial de tempo em uma oração. Observe: Só quando caí em mim, percebi a profundidade das palavras dele. Nesse período composto, "Só quando caí em mim" é uma oração que atua como adjunto adverbial de tempo do verbo da outra oração. O adjunto adverbial é uma função adverbial da oração, ou seja, é função exercida por advérbios e locuções adverbiais. Portanto, são chamadas de subordinadas adverbiais as orações que, num período composto por subordinação, atuam como adjuntos adverbiais do verbo da oração principal. Forma das Orações Subordinadas Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes: "Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto." Oração Principal Oração Subordinada Observe que na Oração Subordinada temos o verbo "existe", que está conjugado na terceira pessoa do singular do presente do indicativo. As orações subordinadas que apresentam verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo), são chamadas de orações desenvolvidas ou explícitas. Podemos modificar o período acima. Veja: Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto. Oração Principal Oração Subordinada Observe que a análise das orações continua sendo a mesma: "Eu sinto" é a oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada "existir em meu gesto o teu gesto". Note que a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo. Além disso, a conjunção que, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge numa das formas nominais (infinitivo - flexionado ou não - , gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, introduzidas por preposição. Curso Preparatório Trincheira Português Página 57 1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se). Por Exemplo: Suponho que você foi à biblioteca hoje. Oração Subordinada Substantiva Você sabe se o presidente já chegou? Oração Subordinada Substantiva Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introduzem as orações subordinadas substantivas, bem como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os exemplos: O garoto perguntou qual era o telefone da moça. Oração Subordinada Substantiva Não sabemos por que a vizinha se mudou. Oração Subordinada Substantiva Classificação das Orações Subordinadas Substantivas De acordo com a função que exerce no período, a oração subordinada substantiva pode ser: a) Subjetiva É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito do verbo da oração principal. Observe: É fundamental o seu comparecimento à reunião. Sujeito É fundamental que você compareça à reunião. Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Atenção: Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome " isso". Assim, temos um período simples: É fundamental isso ou Isso é fundamental. Dessa forma, a oração correspondente a "isso" exercerá a função de sujeito. Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal: 1- Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro - Está evidente - Está comprovado Por Exemplo: É bom que você compareça à minha festa. 2- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-se - Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado - Ficou provado Por Exemplo: Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. 3- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - acontecer Por Exemplo: Convém que não se atrase na entrevista. Obs.: quando a oração subordinada substantivaé subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular. b) Objetiva Direta A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce função de objeto direto do verbo da oração principal. Por Exemplo: Todos querem sua aprovação no vestibular. Objeto Direto Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso) Oração Principal - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta As orações subordinadas substantivas objetivas diretas desenvolvidas são iniciadas por: 1- Conjunções integrantes "que" (às vezes elíptica) e "se": Curso Preparatório Trincheira Português Página 58 Por Exemplo: A professora verificou se todos alunos estavam presentes. 2- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Por Exemplo: O pessoal queria saber quem era o dono do carro importado. 3- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Por Exemplo: Eu não sei por que ela fez isso. Orações Especiais Com os verbos deixar, mandar, fazer (chamados auxiliares causativos) e ver, sentir, ouvir, perceber (chamados auxiliares sensitivos) ocorre um tipo interessante de oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo. Observe: Deixe-me repousar. Mandei-os sair. Ouvi-o gritar. Nesses casos, as orações destacadas são todas objetivas diretas reduzidas de infinitivo. E, o que é mais interessante, os pronomes oblíquos atuam todos como sujeitos dos infinitivos verbais. Essa é a única situação da língua portuguesa em que um pronome oblíquo pode atuar como sujeito. Para perceber melhor o que ocorre, convém transformar as orações reduzidas em orações desenvolvidas: Deixe que eu repouse. Mandei que eles saíssem. Ouvi que ele gritava. Nas orações desenvolvidas, os pronomes oblíquos foram substituídos pelas formas retas correspondentes. É fácil compreender agora que se trata, efetivamente, dos sujeitos das formas verbais das orações subordinadas. c) Objetiva Indireta A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição. Por Exemplo: Meu pai insiste em meu estudo. Objeto Indireto Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste nisso) Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração. Por Exemplo: Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta d) Completiva Nominal A oração subordinada substantiva completiva nominal completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por preposição. Por Exemplo: Sentimos orgulho de seu comportamento. Complemento Nominal Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sentimos orgulho disso.) Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal Lembre-se: Observe que as orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar em conta o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro complementa um verbo, o segundo, um nome. Curso Preparatório Trincheira Português Página 59 e) Predicativa A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do verbo ser. Por Exemplo: Nosso desejo era sua desistência. Predicativo do Sujeito Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo era isso.) Oração Subordinada Substantiva Predicativa Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva "de" para realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não fui bem na prova. f) Apositiva A oração subordinada substantiva apositiva exerce função de aposto de algum termo da oração principal. Por Exemplo: Fernanda tinha um grande sonho: a chegada do dia de seu casamento. Aposto (Fernanda tinha um grande sonho: isso.) Fernanda tinha um grande sonho: que o dia do seu casamento chegasse. Oração Subordinada Substantiva Apositiva Saiba mais: Apesar de a NGB não fazer referência, podem ser incluídas como orações subordinadas substantivas aquelas que funcionam como agente da passiva iniciadas por "de" ou "por" , + pronome indefinido. Veja os exemplos: O presente será dado por quem o comprou. O espetáculo foi apreciado por quantos o assistiram . Curso Preparatório Trincheira Português Página 60 É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo. Os pronomes átonos podem ocupar 3 posições: antes do verbo (próclise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise). Esses pronomes se unem aos verbos porque são “fracos” na pronúncia. PRÓCLISE Usamos a próclise nos seguintes casos: (1) Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum. - Nada me perturba. - Ninguém se mexeu. - De modo algum me afastarei daqui. - Ela nem se importou com meus problemas. (2) Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que. - Quando se trata de comida, ele é um “expert”. - É necessário que a deixe na escola. - Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos sinceros. (3) Advérbios - Aqui se tem paz. - Sempre me dediquei aos estudos. - Talvez o veja na escola. OBS: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de atrair o pronome. - Aqui, trabalha-se. (4) Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos. - Alguém me ligou? (indefinido) - A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo) - Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo) (5) Em frases interrogativas. - Quanto me cobrará pela tradução? (6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo). - Deus o abençoe! - Macacos me mordam! - Deus te abençoe, meu filho! (7) Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM. - Em se plantando tudo dá. - Em se tratando de beleza, ele é campeão. (8) Com formas verbais proparoxítonas - Nós o censurávamos. MESÓCLISE Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – amarei, amarás, ...) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – amaria, amarias, ...) - Convidar-me-ão para a festa. - Convidar-me-iam para a festa. Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória. - Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa. ÊNCLISE Ênclise de verbo no futuro e particípio está sempre errada. - Tornarei-me....... (errada) - Tinha entregado-nos..........(errada) Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa. - Entregar-lhe (correta) - Não posso recebê-lo. (correta) Outros casos: - Com o verbo no início dafrase: Entregaram-me as camisas. - Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se. - Com o verbo no gerúndio: Saiu deixando-nos por instantes. - Com o verbo no infinitivo impessoal: Convém contar- lhe tudo. OBS: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa, ocorrerá a próclise: - Em se tratando de cinema, prefiro o suspense. - Saiu do escritório, não nos revelando os motivos. COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio. AUX + PARTICÍPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar. Curso Preparatório Trincheira Português Página 61 - Havia-lhe contado a verdade. - Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade. AUX + GERÚNDIO OU INFINITIVO: se não houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal. Infinitivo - Quero-lhe dizer o que aconteceu. - Quero dizer-lhe o que aconteceu. Gerúndio - Ia-lhe dizendo o que aconteceu. - Ia dizendo-lhe o que aconteceu. Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal. Infinitivo - Não lhe quero dizer o que aconteceu. - Não quero dizer-lhe o que aconteceu. Gerúndio - Não lhe ia dizendo a verdade. - Não ia dizendo-lhe a verdade. CONCORDÂNCIA NOMINAL Concordância nominal nada mais é que o ajuste que fazemos aos demais termos da oração para que concordem em gênero e número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira, merecendo um estudo separado de concordância verbal. REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome, concordam em gênero e número com o substantivo. - A pequena criança é uma gracinha. - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que fogem à regra geral, mostrada acima. a) Um adjetivo após vários substantivos 1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou concorda com o substantivo mais próximo. - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui. 2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo. - Ela tem pai e mãe louros. - Ela tem pai e mãe loura. 3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente para o plural. - O homem e o menino estavam perdidos. - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui. b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos 1 - Adjetivo anteposto normalmente: concorda com o mais próximo. Comi delicioso almoço e sobremesa. Provei deliciosa fruta e suco. 2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda com o mais próximo ou vai para o plural. Estavam feridos o pai e os filhos. Estava ferido o pai e os filhos. c) Um substantivo e mais de um adjetivo 1- antecede todos os adjetivos com um artigo. Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola. 2- coloca o substantivo no plural. Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. d) Pronomes de tratamento 1 - sempre concordam com a 3ª pessoa. Vossa santidade esteve no Brasil. e) Anexo, incluso, próprio, obrigado 1 - Concordam com o substantivo a que se referem. As cartas estão anexas. A bebida está inclusa. Precisamos de nomes próprios. Obrigado, disse o rapaz. f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) 1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular e o adjetivo no plural. Curso Preparatório Trincheira Português Página 62 Renato advogou um e outro caso fáceis. Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. g) É bom, é necessário, é proibido 1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido de artigo ou outro determinante. Canja é bom. / A canja é boa. É necessário sua presença. / É necessária a sua presença. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é proibida. h) Muito, pouco, caro 1- Como adjetivos: seguem a regra geral. Comi muitas frutas durante a viagem. Pouco arroz é suficiente para mim. Os sapatos estavam caros. 2- Como advérbios: são invariáveis. Comi muito durante a viagem. Pouco lutei, por isso perdi a batalha. Comprei caro os sapatos. i) Mesmo, bastante 1- Como advérbios: invariáveis Preciso mesmo da sua ajuda. Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. 2- Como pronomes: seguem a regra geral. Seus argumentos foram bastantes para me convencer. Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. j) Menos, alerta 1- Em todas as ocasiões são invariáveis. Preciso de menos comida para perder peso. Estamos alerta para com suas chamadas. k) Tal Qual 1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o conseqüente. As garotas são vaidosas tais qual a tia. Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. l) Possível 1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões. A mais possível das alternativas é a que você expôs. Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da cidade. m) Meio 1- Como advérbio: invariável. Estou meio insegura. 2- Como numeral: segue a regra geral. Comi meia laranja pela manhã. n) Só 1- apenas, somente (advérbio): invariável. Só consegui comprar uma passagem. 2- sozinho (adjetivo): variável. Estiveram sós durante horas. Casos Particulares: É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É permitido a) Essas expressões, formadas por um verbo mais um adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo). Exemplos: É proibido entrada de crianças. Em certos momentos, é necessário atenção. No verão, melancia é bom. É preciso cidadania. Não é permitido saída pelas portas laterais. b) Quando o sujeito dessas expressões estiver determinado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo como o adjetivo concordam com ele. Exemplos: É proibida a entrada de crianças. Esta salada é ótima. A educação é necessária. São precisas várias medidas na educação. Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Quite Essas palavras adjetivas concordam em gênero e número com o substantivo ou pronome a que se referem. Observe: Curso Preparatório Trincheira Português Página 63 Seguem anexas as documentações requeridas. A menina agradeceu: - Muito obrigada. Muito obrigadas, disseram as senhoras, nós mesmas faremos isso. Seguem inclusos os papéis solicitados. Já lhe paguei o que estava devendo: estamos quites. Bastante - Caro - Barato - Longe Essas palavras são invariáveis quando funcionam como advérbios. Concordam com o nome a que se referem quando funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou numerais. Exemplos: As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pronome adjetivo) Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) As casas estão caras. (adjetivo) Achei barato este casaco.(advérbio) Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) "Vais ficando longe de mim como o sono, nas alvoradas." (Cecília Meireles) (advérbio) "Levai-me a esses longes verdes, cavalos de vento!" (Cecília Meireles). (adjetivo) Meio - Meia a) A palavra "meio", quando empregada como adjetivo, concorda normalmente com o nome a que se refere. Por Exemplo: Pedi meia cerveja e meia porção de polentas. b) Quando empregadacomo advérbio (modificando um adjetivo) permanece invariável. Por Exemplo: A noiva está meio nervosa. Alerta - Menos Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem sempre invariáveis. Por Exemplo: Os escoteiros estão sempre alerta. Carolina tem menos bonecas que sua amiga. CONCORDÂNCIA VERBAL Ocorre quando o verbo se flexiona para concordar com o seu sujeito. Exemplos: Ele gostava daquele seu jeito carinhoso de ser./ Eles gostavam daquele seu jeito carinhoso de ser. Casos de concordância verbal: 1) Sujeito simples Regra geral: O verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa. Ex.: Nós vamos ao cinema. O verbo (vamos) está na primeira pessoa do plural para concordar com o sujeito (nós). Casos especiais: a) O sujeito é um coletivo - o verbo fica no singular. Ex.: A multidão gritou pelo rádio. Atenção: Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural. Ex.: A multidão de fãs gritou./ A multidão de fãs gritaram. b) Coletivos partitivos (metade, a maior parte, maioria, etc.) – o verbo fica no singular ou vai para o plural. Curso Preparatório Trincheira Português Página 64 Ex.: A maioria dos alunos foi à excursão./ A maioria dos alunos foram à excursão. c) O sujeito é um pronome de tratamento - o verbo fica sempre na 3ª pessoa (do singular ou do plural). Ex.: Vossa Alteza pediu silêncio./ Vossas Altezas pediram silêncio. d) O sujeito é o pronome relativo "que" – o verbo concorda com o antecedente do pronome. Ex.: Fui eu que derramei o café./ Fomos nós que derramamos o café. e) O sujeito é o pronome relativo "quem" - o verbo pode ficar na 3ª pessoa do singular ou concordar com o antecedente do pronome. Ex.: Fui eu quem derramou o café./ Fui eu quem derramei o café. f) O sujeito é formado pelas expressões: alguns de nós, poucos de vós, quais de..., quantos de..., etc. - o verbo poderá concordar com o pronome interrogativo ou indefinido ou com o pronome pessoal (nós ou vós). Ex.: Quais de vós me punirão?/ Quais de vós me punireis? Dicas: Com os pronomes interrogativos ou indefinidos no singular, o verbo concorda com eles em pessoa e número. Ex.: Qual de vós me punirá. g) O sujeito é formado de nomes que só aparecem no plural - se o sujeito não vier precedido de artigo, o verbo ficará no singular. Caso venha antecipado de artigo, o verbo concordará com o artigo. Ex.: Estados Unidos é uma nação poderosa./ Os Estados Unidos são a maior potência mundial. h) O sujeito é formado pelas expressões: mais de um, menos de dois, cerca de..., etc. – o verbo concorda com o numeral. Ex.: Mais de um aluno não compareceu à aula./ Mais de cinco alunos não compareceram à aula. i) O sujeito é constituído pelas expressões: a maioria, a maior parte, grande parte, etc. - o verbo poderá ser usado no singular (concordância lógica) ou no plural (concordância atrativa). Ex.: A maioria dos candidatos desistiu./ A maioria dos candidatos desistiram. j) O sujeito tiver por núcleo a palavra gente (sentido coletivo) - o verbo poderá ser usado no singular ou plural, se este vier afastado do substantivo. Ex.: A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanece em casa./ A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanecem em casa. 2) Sujeito composto Regra geral O verbo vai para o plural. Curso Preparatório Trincheira Português Página 65 Ex.: João e Maria foram passear no bosque. Casos especiais: a) Os núcleos do sujeito são constituídos de pessoas gramaticais diferentes - o verbo ficará no plural seguindo-se a ordem de prioridade: 1ª, 2ª e 3ª pessoa. Ex.: Eu (1ª pessoa) e ele (3ª pessoa) nos tornaremos (1ª pessoa plural) amigos. O verbo ficou na 1ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª. Ex: Tu (2ª pessoa) e ele (3ª pessoa) vos tornareis (2ª pessoa do plural) amigos. O verbo ficou na 2ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª. Atenção: No caso acima, também é comum a concordância do verbo com a terceira pessoa. Ex.: Tu e ele se tornarão amigos. (3ª pessoa do plural) Se o sujeito estiver posposto, permite-se também a concordância por atração com o núcleo mais próximo do verbo. Ex.: Irei eu e minhas amigas. b) Os núcleos do sujeito estão coordenados assindeticamente ou ligados por “e” - o verbo concordará com os dois núcleos. Ex.: A jovem e a sua amiga seguiram a pé. Atenção: Se o sujeito estiver posposto, permite-se a concordância por atração com o núcleo mais próximo do verbo. Ex.: Seguiria a pé a jovem e a sua amiga. c) Os núcleos do sujeito são sinônimos (ou quase) e estão no singular - o verbo poderá ficar no plural (concordância lógica) ou no singular (concordância atrativa). Ex.: A angústia e ansiedade não o ajudavam a se concentrar./ A angústia e ansiedade não o ajudava a se concentrar. d) Quando há gradação entre os núcleos - o verbo pode concordar com todos os núcleos (lógica) ou apenas com o núcleo mais próximo. Ex.: Uma palavra, um gesto, um olhar bastavam./ Uma palavra, um gesto, um olhar bastava. e) Quando os sujeitos forem resumidos por nada, tudo, ninguém... - o verbo concordará com o aposto resumidor. Ex.: Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o comoveu. f) Quando o sujeito for constituído pelas expressões: um e outro, nem um nem outro... - o verbo poderá ficar no singular ou no plural. Ex.: Um e outro já veio./ Um e outro já vieram. Curso Preparatório Trincheira Português Página 66 g) Quando os núcleos do sujeito estiverem ligados por ou - o verbo irá para o singular quando a ideia for de exclusão, e para o plural quando for de inclusão. Exemplos: Pedro ou Antônio ganhará o prêmio. (exclusão) A poluição sonora ou a poluição do ar são nocivas ao homem. (adição, inclusão) h) Quando os sujeitos estiverem ligados pelas séries correlativas (tanto... como/ assim... como/ não só... mas também, etc.) - o que comumente ocorre é o verbo ir para o plural, embora o singular seja aceitável se os núcleos estiverem no singular. Exemplos: Tanto Erundina quanto Collor perderam as eleições municipais em São Paulo. Tanto Erundina quanto Collor perdeu as eleições municipais em São Paulo. Outros casos: 1) Partícula “SE”: a - Partícula apassivadora: o verbo ( transitivo direto) concordará com o sujeito passivo. Ex.: Vende-se carro./ Vendem-se carros. b- Índice de indeterminação do sujeito: o verbo (transitivo indireto) ficará, obrigatoriamente, no singular. Exemplos: Precisa-se de secretárias. Confia-se em pessoas honestas. 2) Verbos impessoais São aqueles que não possuem sujeito. Portanto, ficarão sempre na 3ª pessoa do singular. Exemplos: Havia sérios problemas na cidade. Fazia quinze anos que ele havia parado de estudar. Deve haver sérios problemas na cidade. Vai fazer quinze anos que ele parou de estudar. Dicas: Os verbos auxiliares (deve, vai) acompanham os verbos principais. O verbo existir não é impessoal. Veja: Existem sérios problemas na cidade. Devem existir sérios problemas na cidade. 3) Verbos dar, bater e soar Quando usados na indicação de horas, possuem sujeito (relógio, hora, horas, badaladas...), e com ele devem concordar. Exemplos: O relógio deu duas horas. Deram duas horas no relógio da estação. Deu uma hora no relógio da estação. O sino da igreja bateu cinco badaladas. Bateram cinco badaladas no sino da igreja. Soaram dezbadaladas no relógio da escola. Curso Preparatório Trincheira Português Página 67 4) Sujeito oracional Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Ainda falta dar os últimos retoques na pintura. 5) Concordância com o infinitivo a) Infinitivo pessoal e sujeito expresso na oração: - não se flexiona o infinitivo se o sujeito for representado por pronome pessoal oblíquo átono. Ex.: Esperei-as chegar. - é facultativa a flexão do infinitivo se o sujeito não for representado por pronome átono e se o verbo da oração determinada pelo infinitivo for causativo (mandar, deixar, fazer) ou sensitivo (ver, ouvir, sentir e sinônimos). Exemplos: Mandei sair os alunos. Mandei saírem os alunos. - flexiona-se obrigatoriamente o infinitivo se o sujeito for diferente de pronome átono e determinante de verbo não causativo nem sensitivo. Ex.: Esperei saírem todos. b) Infinitivo pessoal e sujeito oculto - não se flexiona o infinitivo precedido de preposição com valor de gerúndio. Ex.: Passamos horas a comentar o filme. (comentando) - é facultativa a flexão do infinitivo quando seu sujeito for idêntico ao da oração principal. Ex.: Antes de (tu) responder, (tu) lerás o texto./Antes de (tu) responderes, (tu) lerás o texto. - é facultativa a flexão do infinitivo que tem seu sujeito diferente do sujeito da oração principal e está indicado por algum termo do contexto. Ex.: Ele nos deu o direito de contestar./Ele nos deu o direito de contestarmos. - é obrigatória a flexão do infinitivo que tem seu sujeito diferente do sujeito da oração principal e não está indicado por nenhum termo no contexto. Ex.: Não sei como saiu sem notarem o fato. c) Quando o infinitivo pessoal está em uma locução verbal - não se flexiona o infinitivo, sendo este o verbo principal da locução verbal, quando em virtude da ordem dos termos da oração, sua ligação com o verbo auxiliar for nítida. Ex.: Acabamos de fazer os exercícios. - é facultativa a flexão do infinitivo, sendo este o verbo principal da locução verbal, quando o verbo auxiliar estiver afastado ou oculto. Exemplos: Curso Preparatório Trincheira Português Página 68 Não devemos, depois de tantas provas de honestidade, duvidar e reclamar dela. Não devemos, depois de tantas provas de honestidade, duvidarmos e reclamarmos dela. 6) Concordância com o verbo ser: a - Quando, em predicados nominais, o sujeito for representado por um dos pronomes: tudo, nada, isto, isso, aquilo - o verbo “ser” ou “parecer” concordarão com o predicativo. Exemplos: Tudo são flores. Aquilo parecem ilusões. Dicas: Poderá ser feita a concordância com o sujeito quando se quer enfatizá-lo. Ex.: Aquilo é sonhos vãos. b - O verbo ser concordará com o predicativo quando o sujeito for os pronomes interrogativos: que ou quem. Exemplos: Que são gametas? Quem foram os escolhidos? c - Em indicações de horas, datas, tempo, distância - a concordância será feita com a expressão numérica Exemplos: São nove horas. É uma hora. Dicas: Em indicações de datas, são aceitas as duas concordâncias, pois subentende-se a palavra dia. Exemplos: Hoje são 24 de outubro. Hoje é (dia) 24 de outubro. d - Quando o sujeito ou predicativo da oração for pronome pessoal, a concordância se dará com o pronome. Ex.: Aqui o presidente sou eu. Dicas: Se os dois termos (sujeito e predicativo) forem pronomes, a concordância será com o que aparece primeiro, considerando o sujeito da oração. Ex.: Eu não sou tu e - Se o sujeito for pessoa, a concordância nunca se fará com o predicativo. Ex.: O menino era as esperanças da família. f - Nas locuções: é pouco, é muito, é mais de, é menos de, junto a especificações de preço, peso, quantidade, distância e etc., o verbo fica sempre no singular. Exemplos: Cento e cinquenta é pouco. Cem metros é muito. Curso Preparatório Trincheira Português Página 69 g - Nas expressões do tipo: ser preciso, ser necessário, ser bom, o verbo e o adjetivo pode ficar invariável (verbo na 3ª pessoa do singular e adjetivo no masculino singular) ou concordar com o sujeito posposto. Exemplos: É necessário aqueles materiais. São necessários aqueles materiais. h - Na expressão: é que, usada como expletivo, se o sujeito da oração não aparecer entre o verbo “ser” e o “que”, ficará invariável. Se aparecer, o verbo concordará com o sujeito. Exemplos: Eles é que sempre chegam atrasados. São eles que sempre chegam atrasados. REGÊNCIA VERBAL O estudo da regência verbal nos ajuda a escrever melhor. Quanto à regência verbal, os verbos podem ser: - Transitivo direto - Transitivo indireto - Transitivo direto e indireto - Intransitivo ASPIRAR O verbo aspirar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto. Transitivo direto: quando significa “sorver”, “tragar”, “inspirar” e exige complemento sem preposição. - Ela aspirou o aroma das flores. - Todos nós gostamos de aspirar o ar do campo. Transitivo indireto: quando significa “pretender”, “desejar”, “almejar” e exige complemento com a preposição “a”. - O candidato aspirava a uma posição de destaque. - Ela sempre aspirou a esse emprego. Obs: Quando é transitivo indireto não admite a substituição pelos pronomes lhe(s). Devemos substituir por “a ele(s)”, “a ela(s)”. - Aspiras a este cargo? - Sim, aspiro a ele. (e não “aspiro-lhe”). ASSISTIR O verbo assistir pode ser transitivo indireto, transitivo direto e intransitivo. Transitivo indireto: quando significa “ver”, “presenciar”, “caber”, “pertencer” e exige complemento com a preposição “a”. - Assisti a um filme. (ver) - Ele assistiu ao jogo. - Este direito assiste aos alunos. (caber) Transitivo direto: quando significa “socorrer”, “ajudar” e exige complemento sem preposição. - O médico assiste o ferido. (cuida) Obs: Nesse caso o verbo “assistir” pode ser usado com a preposição “a”. - Assistir ao paciente. Intransitivo: quando significa “morar” exige a preposição “em”. - O papa assiste no Vaticano. (no: em + o) - Eu assisto no Rio de Janeiro. “No Vaticano” e “no Rio de Janeiro” são adjuntos adverbiais de lugar. CHAMAR O verbo chamar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto. É transitivo direto quando significa “convocar”, “fazer vir” e exige complemento sem preposição. - O professor chamou o aluno. É transitivo indireto quando significa “invocar” e é usado com a preposição “por”. Curso Preparatório Trincheira Português Página 70 - Ela chamava por Jesus. Com o sentido de “apelidar” pode exigir ou não a preposição, ou seja, pode ser transitivo direto ou transitivo indireto. Admite as seguintes construções: - Chamei Pedro de bobo. (chamei-o de bobo) - Chamei a Pedro de bobo. (chamei-lhe de bobo) - Chamei Pedro bobo. (chamei-o bobo) - Chamei a Pedro bobo. (chamei-lhe bobo) VISAR Pode ser transitivo direto (sem preposição) ou transitivo indireto (com preposição). Quando significa “dar visto” e “mirar” é transitivo direto. - O funcionário já visou todos os cheques. (dar visto) - O arqueiro visou o alvo e atirou. (mirar) Quando significa “desejar”, “almejar”, “pretender”, “ter em vista” é transitivo indireto e exige a preposição “a”. - Muitos visavam ao cargo. - Ele visa ao poder. Nesse caso não admite o pronome lhe(s) e deverá ser substituído por a ele(s), a ela(s). Ou seja, não se diz:viso-lhe. Obs: Quando o verbo “visar” é seguido por um infinitivo, a preposição é geralmente omitida. - Ele visava atingir o posto de comando. ESQUECER – LEMBRAR - Lembrar algo – esquecer algo - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal) No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja exigem complemento sem preposição. - Ele esqueceu o livro. No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, - me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos indiretos. - Ele se esqueceu do caderno. - Eu me esqueci da chave. - Eles se esqueceram da prova. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu. Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea , porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes. - Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento) - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança) O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa). PREFERIR É transitivo direto e indireto, ou seja, possui um objeto direto (complemento sem preposição) e um objeto indireto (complemento com preposição) - Prefiro cinema a teatro. - Prefiro passear a ver TV. Não é correto dizer: “Prefiro cinema do que teatro”. SIMPATIZAR Ambos são transitivos indiretos e exigem a preposição “com”. - Não simpatizei com os jurados. QUERER Pode ser transitivo direto (no sentido de “desejar”) ou transitivo indireto ( no sentido de “ter afeto”, “estimar”). - A criança quer sorvete. - Quero a meus pais. NAMORAR É transitivo direto, ou seja, não admite preposição. - Maria namora João. Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”. OBEDECER É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a). - Devemos obedecer aos pais. Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva. - A fila não foi obedecida. VER É transitivo direto, ou seja, não exige preposição. - Ele viu o filme. Curso Preparatório Trincheira Português Página 71 REGÊNCIA NOMINAL A regência nominal determina se os seus complementos são acompanhados por preposição. Os nomes pedem complemento nominal; e os verbos, objetos diretos ou indiretos. Exemplo: - Ela tem necessidade de roupa. Quem tem necessidade, tem necessidade “de” alguma coisa. De roupa: complemento nominal. - Fiz uma referência a um escritor famoso. Quem faz referência faz referência “a” alguma coisa. A um escritor famoso: complemento nominal Na verdade, não existem regras. Cada palavra exige um complemento e rege uma preposição. Muitas regências nós aprendemos de tanto escutá-las, porém não significa que todas estejam corretas. “Prefiro mais cinema do que teatro.” Escutamos esta frase quase todos os dias. Preferir mais, não existe, pois ninguém prefere menos. É, portanto, uma redundância. Quem prefere prefere alguma coisa “a” outra. A frase ficaria correta desta forma: “Prefiro cinema a teatro”. O verbo preferir é transitivo direto e indireto e o objeto indireto deve vir com a preposição. “a”. “Prefiro isso do que aquilo.” Do que é uma regência popular e deve ser evitada em provas, redações e concursos. “Prefiro ir à praia a estudar.” (Preferir a + a praia: a + a: à - veja Crase). Acessível a Acostumado a ou com Alheio a Alusão a Ansioso por Atenção a ou para Atento a ou em Benéfico a Compatível com Cuidadoso com Desacostumado a ou com Desatento a Desfavorável a Desrespeito a Estranho a Favorável a Fiel a Grato a Hábil em Habituado a Inacessível a Indeciso em Invasão de Junto a ou de Leal a Maior de Morador em Natural de Necessário a Necessidade de Nocivo a Ódio a ou contra Odioso a ou para Posterior a Preferência a ou por Preferível a Prejudicial a Próprio de ou para Próximo a ou de Querido de ou por Residente em Curso Preparatório Trincheira Português Página 72 Respeito a ou por Sensível a Simpatia por Simpático a Útil a ou para Versado em Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece. Substantivos Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo de Aversão a, para, por Doutor em Obediência a Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por Bacharel em Horror a Proeminência sobre Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por Adjetivos Acessível a Entendido em Necessário a Acostumado a, com Equivalente a Nocivo a Agradável a Escasso de Paralelo a Alheio a, de Essencial a, para Passível de Análogo a Fácil de Preferível a Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a Apto a, para Favorável a Prestes a Ávido de Generoso com Propício a Benéfico a Grato a, por Próximo a Capaz de, para Hábil em Relacionado com Compatível com Habituado a Relativo a Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por Contíguo a Impróprio para Semelhante a Contrário a Indeciso em Sensível a Descontente com Insensível a Sito em Desejoso de Liberal com Suspeito de Diferente de Natural de Vazio de Advérbios Longe de Perto de Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a. Exercícios 01. Está correto o emprego da expressão sublinhada na frase: (A) Os exercícios com que o autor se refere são aqueles praticados sem muito controle. (B) As substâncias na qual a privação acarreta depressão são a dopamina e a endorfina. (C)) Quando o tempo de que dispomos é insuficiente para a ginástica, cresce a nossa ansiedade. (D) É um círculo vicioso, de cujo alguns não conseguem escapar. (E) As condições adversas em cujas muita gente faz ginástica ressaltam essa dependência. 02. Todas as religiões têm rituais, e os fiéis que seguem esses rituais beneficiam-se não propriamente das práticas que constituem os rituais, mas da meditação implicada nesses rituais. Curso Preparatório Trincheira Português Página 73 Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados, respectivamente, por: (A) lhes seguem - lhes constituem - neles implicada (B) os seguem - os constituem - neles implicada (C) os seguem - os constituem - lhes implicada (D) os seguem - lhes constituem - implicada nos mesmos (E) seguem-nos - constituem-nos - a eles implicada 03. É mais do que suficiente o vocabulário _____ dispomos. O termo _______ o autor se refere é surfar. Tendo em vista a regência verbal, completam-se corretamente as frases com: (A) de que - a que. (B) com que - de que. (C) que - de que. (D) a que - que. (E) a que - com que. 04. O conhecimento ___________ se referia o profissional, se faz presente nas pessoas ___________ valores não são materiais. Assinale a opção que, segundo o registro culto e formal da língua, preenche as lacunas acima. (A) que – que (B) que – cujos os (C) a que – cujos (D) o qual – de cujos (E) o qual – para quem 05. Indique a opção em que a expressão em destaque pode ser substituída por “lhe”, assim como em “...uma parte do mérito lhe cabe,” (A) O economistachamou o colega de benfeitor da natureza. (B) A Fundação convidou o professor para o cargo de diretor. (C) O projeto pertence ao renomado cientista. (D) O governo criou recentemente o Bolsa- Floresta. (E) A diretora gosta muito de sua assistente. 06. Observe as frases a seguir. O êxito ______ confiamos depende de esforço e dedicação. Os modelos de ídolos ______ todos aspiramos deveriam ser constituídos de valores éticos. A opção que preenche, respectivamente, as lacunas das frases acima, de acordo com a norma culta, é: (A) para que / de que. (B) de que / a que. (C) em que / com que. (D) em que/ a que. (E) a que / em que. 07. Analise as frases. – Desejavam saber o preço __________ venderiam o camarão. – Com cenário iluminado, a pesca na lagoa foi a mais bonita __________ assistiu. – O barco __________ estavam os que se dirigiam ao porto passava distante dos pescadores. Tendo em vista a regência verbal, as frases acima se completam com (A) de que / em que / com que (B) de que / em que / do qual (C) pelo qual / a que / em que (D) pelo qual / que / de que (E) com o qual / com que / em que 08. Assinale a opção cuja regência do verbo apresentado é a mesma do verbo destacado na passagem “Ser aceito implica mecanismos mais sutis e de maior alcance...” (A) Lembrar-se. (B) Obedecer. (C) Visar (no sentido de almejar). (D) Respeitar. (E) Chegar. 09. Assinale a alternativa cuja seqüência completa corretamente as frases abaixo: A lei ____ se referiu jà foi revogada. Os problemas ____se lembraram eram muito grandes. O cargo _____aspiras é muito importante. O filme _____gostou foi premiado. O jogo _______ assistimos foi movimentado. A) que - que - que - que - que B) a que -de que-que-que - a que C) que - de que - que - de que - que D) a que - de que - a que - de que- a que E) a que - que - que - que - a que 10. As liberdades _____ se refere o autor dizem respeito a direitos _____ se ocupa a nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase acima, na ordem dada, as expressões: (A) a que - de que (D) à que - em que (B) de que - com que (E) em que - aos quais (C) a cujas - de cujos Curso Preparatório Trincheira Português Página 74 11. Assinale a opção cuja lacuna não pode ser preenchida pela preposição entre parênteses: A) uma companheira desta, _____ cuja figura os mais velhos se comoviam. (com) B) uma companheira desta, _____ cuja figura já nos referimos anteriormente. (a) C) uma companheira desta, _____ cuja figura havia um ar de grande dama decadente. (em) D) uma companheira desta, _____cuja figura andara todo o regimento apaixonado. (por) E) uma companheira desta, _____ cuja figura as crianças se assustavam. (de) PRÁTICA DE TEXTO TCE/RO É preciso voltar a gostar do Brasil Muitos motivos se somaram, ao longo da nossa história, para dificultar a tarefa de decifrar, mesmo imperfeitamente, o enigma brasileiro. Já independentes, continuamos a ser um animal muito estranho no zoológico das nações: sociedade recente, produto da expansão européia, concebida desde o início para servir ao mercado mundial, organizada em torno de um escravismo prolongado e tardio, única monarquia em um continente republicano, assentada em uma extensa base territorial situada nos trópicos, com um povo em processo de formação, sem um passado profundo onde pudesse ancorar sua identidade. Que futuro estaria reservado para uma nação assim? Durante muito tempo, as tentativas feitas para compreender esse enigma e constituir uma teoria do Brasil foram, em larga medida, infrutíferas. Não sabíamos fazer outra coisa senão copiar saberes da Europa (...) Enquanto o Brasil se olhou no espelho europeu só pôde construir uma imagem negativa e pessimista de si mesmo, ao constatar sua óbvia condição não- européia. Houve muitos esforços meritórios para superar esse impasse. Porém, só na década de 1930, depois de mais de cem anos de vida independente, começamos a puxar consistentemente o fio da nossa própria meada. Devemos ao conservador Gilberto Freyre, em 1934, com Casa-grande & Senzala, uma revolucionária releitura do Brasil, visto a partir do complexo do açúcar e à luz da moderna antropologia cultural, disciplina que então apenas engatinhava. (...) Freyre revirou tudo de ponta-cabeça, realizando um tremendo resgate do papel civilizatório de negros e índios dentro da formação social brasileira. (...) A colonização do Brasil, ele diz, não foi obra do Estado ou das demais instituições formais, todas aqui muito fracas. Foi obra da família patriarcal, em torno da qual se constituiu um modo de vida completo e específico. (...) Nada escapa ao abrangente olhar investigativo do antropólogo: comidas, lendas, roupas, cores, odores, festas, canções, arquitetura, sexualidade, superstições, costumes, ferramentas e técnicas, palavras e expressões de linguagem. (...) Ela (a singularidade da experiência brasileira) não se encontrava na política nem na economia, muito menos nos feitos dos grandes homens. Encontrava-se na cultura, obra coletiva de gerações anônimas. (...) Devemos a Sérgio Buarque, apenas dois anos depois, com Raízes do Brasil, um instigante ensaio – “clássico de nascença”, nas palavras de Antônio Cândido – que tentava compreender como uma sociedade rural, de raízes ibéricas, experimentaria o inevitável trânsito para a modernidade urbana e “americana” do século 20. Ao contrário do pernambucano Gilberto Freyre, o paulista Sérgio Buarque não sentia nostalgia pelo Brasil agrário que estava se desfazendo, mas tampouco acreditava na eficácia das vias autoritárias, em voga na década de 1930, que prometiam acelerar a modernização pelo alto. Observa o tempo secular da história. Considera a modernização um processo. Também busca a singularidade do processo brasileiro, mas com olhar sociológico: somos uma sociedade transplantada, mas nacional, com características próprias. (...) Anuncia que “a nossa revolução” está em marcha, com a dissolução do complexo ibérico de base rural e a emergência de um novo ator decisivo, as massas urbanas. Crescentemente numerosas, libertadas da tutela dos senhores locais, elas não mais seriam demandantes de favores, mas de direitos. No lugar da comunidade doméstica, patriarcal e privada, seríamos enfim levados a fundar a comunidade política, de modo a transformar, ao nosso modo, o homem cordial em cidadão. O esforço desses pensadores deixou pontos de partida muito valiosos, mesmo que tenham descrito um país que, em parte, deixou de existir. O Brasil de Gilberto Freyre girava em torno da família extensa da casa-grande, um espaço integrador dentro da monumental desigualdade; o de Sérgio Buarque apenas iniciava a aventura de uma urbanização que prometia associar-se a modernidade e cidadania. BENJAMIN, César. Revista Caros Amigos. Ano X, no 111. jun. 2006. (adaptado) 1. Segundo o texto, o “...tremendo resgate do papel civilizatório de negros e índios dentro da formação social brasileira.” (l. 29-30) refere-se: (A) à influência das culturas indígena e negra na civilização ibérica. (B) à influência destas etnias na constituição da cultura Curso Preparatório Trincheira Português Página 75 brasileira. (C) às interferências ibéricas na formação destas etnias. (D) às dificuldades que estes povos criaram para a formação social brasileira. (E) ao massacre sofrido por estes povos no processo colonizador. 2. O autor enaltece as teorias de Freyre e Buarque “mesmo que tenham descrito um país que, em parte, deixou de existir.” (l. 69-70). Segundo o texto, o país, em parte, deixou de existir em virtude de: (A) diferentes colonizações na sua história. (B) erros na decifração do enigmabrasileiro. (C) inevitáveis mudanças ao longo da história. (D) equívocos na construção da cultura. (E) dificuldades encontradas pelos antropólogos. 3. Para Sérgio Buarque, “as massas urbanas” (l. 61) representam o(a): (A) sinal de liberdade dos senhores locais. (B) empecilho à decifração do enigma brasileiro. (C) resultado da colonização de raízes ibéricas. (D) produto de transformações feitas pela “nossa revolução”. (E) demonstração do autoritarismo em voga na década de 30. 4. O termo destacado em “...um espaço integrador dentro da monumental desigualdade;” (l. 71-72) faz contraponto com o(a): (A) processo autoritário de modernização. (B) contraste econômico entre o campo e a cidade. (C) comunidade doméstica patriarcal. (D) estratificação social da casa-grande. (E) construção da cidadania decorrente da urbanização. 5. O fragmento “somos uma sociedade transplantada, mas nacional, com características próprias.” (l. 56-58) sinaliza uma oposição. Assinale a opção em que os termos demonstram, respectivamente, esta oposição. (A) Independente / insubmissa. (B) Colonial / singular. (C) Única / igualitária. (D) Livre / original. (E) Peculiar / específica. 6. A compreensão do Brasil foi retardada pela existência de: (A) uma família patriarcal que se opôs ao trabalho civilizatório das instituições formais. (B) uma sociedade que continuou mercantilista até a independência. (C) um enigma que só pôde ser decifrado com os ideais republicanos. (D) muitos dados que enredaram a nossa cultura. (E) aspectos que levaram à formação de uma identidade nacional contraditória. 7. É CONTRÁRIA ao texto a seguinte afirmação: (A) Sérgio Buarque não considera a passagem para a modernidade um processo lesivo aos interesses nacionais. (B) Gilberto Freyre e Sérgio Buarque compartilham o sentimento pelo ocaso da sociedade agrária. (C) Gilberto Freyre, conservador, faz uma releitura do Brasil que não se restringe ao elemento europeu. (D) O dualismo vivência rural e vivência urbana é cotejado por Sérgio Buarque em sua obra. (E) O ponto de contato entre o pensamento dos dois autores consiste na investigação do que há de específico na brasilidade. 8. O aspecto enigmático da sociedade brasileira consiste: (A) em se desvendar a razão de não se gostar muito do Brasil. (B) na fragilidade do olhar investigativo dos estudiosos. (C) na ineficácia dos esforços de se entender o Brasil em decorrência de sua situação geográfica. (D) na incapacidade brasileira de copiar os saberes europeus. (E) nas contradições existentes mesmo em etapas diferentes de sua constituição política. 9. Em “seríamos enfim levados a fundar a comunidade política, de modo a transformar, ao nosso modo, o homem cordial em cidadão.” (l. 65-67), as partes destacadas podem ser substituídas, sem alteração de sentido, por: (A) de maneira que pudéssemos – do nosso jeito. (B) com o fim de – como se fosse nosso. (C) na forma de – da nossa sociedade. (D) tendo como objetivo – para nosso lucro. (E) sem fins de – do mesmo jeito. 10. Assinale a opção em que o conjunto destacado NÃO atribui ao texto a idéia de FINALIDADE. (A) “Muitos motivos se somaram, (...) para dificultar a tarefa de decifrar, (...) o enigma ...”(l.1-3) (B) “concebida desde o início para servir ao mercado mundial,” (l.5-6) (C) “(...) as tentativas feitas para compreender esse enigma (...) foram, (...) infrutíferas.” (l.13-15) (D) “Houve muitos esforços meritórios para superar esse impasse.” (l. 20-21) (E) “experimentaria o inevitável trânsito para a modernidade urbana ...” (l. 47-48) Curso Preparatório Trincheira Português Página 76 11. Na construção de uma das opções abaixo foi empregada uma forma verbal que segue o mesmo tipo de uso do verbo haver em “Houve muitos esforços meritórios para superar esse impasse.” (l. 20-21). Indique-a. (A) O antropólogo já havia observado a atitude dos grupos sociais. (B) Na época da publicação choveram elogios aos livros. (C) Faz muito tempo da publicação de livros como estes. (D) No futuro, todos hão de reconhecer o seu valor. (E) Não se fazem mais brasileiros como antigamente. 12. Assinale a opção em que há uso INADEQUADO da regência verbal, segundo a norma culta da língua. (A) É interessante a obra de Freyre com a qual a de Sérgio Buarque compõe uma dupla magistral. (B) É necessário ler estes livros nos quais nos vemos caracterizados. (C) Chico Buarque, por quem os brasileiros têm grande admiração, é filho de Sérgio Buarque. (D) É tão bom escritor que não vejo alguém de quem ele possa se comparar. (E) Valoriza-se, sobretudo, aquele livro sob cujas leis as pessoas traçam suas vidas. 13. Em qual das palavras apresentadas a seguir as lacunas NÃO podem ser preenchidas com os mesmos sinais gráficos destacados no vocábulo expansão? (A) E __clu __ão. (D) E __ pan __ ivo. (B) E __po __ição. (E) E __ cur __ão. (C) E __ terili __ação. 14. A ausência do sinal gráfico de acentuação cria outro sentido para a palavra: (A) trânsito. (B) características. (C) inevitável. (D) infrutíferas. (E) anônimas. GABARITO DOS EXERCÍCIOS CONCORDÂNCIA VERBAL 01. a) Aconteceram; b) Ficaram; c) Sobraram; d) devem existir; e) podem ocorrer. 02. a) Anunciaram-se; b) se farão; c) Trata-se; d) se fala; e) Obtiveram-se 03.E 04.A 05.C 06.A 07.B 08.D 09.E 10.B 11.C 12.A 13.C 14.E 15.C 16.E PRÁTICA DE TEXTO: 01.D 02.E 03.C 04.E 05.A 06.B 07.D 08.B 09.D 10.E 11.A 12.E 13.C 14.A 15.C 16.B 17.C REGÊNCIA VERBAL 01.C 02.B 03.A 04.C 05.C 06.D 07.C 08.D 09.D 10.A 11.E PRÁTICA DE TEXTO: 01.B 02.C 03.D 04.E 05.B 06.D 07.B 08.E 09.A 10.E 11.C 12.D 13.C 14.A Curso Preparatório Trincheira Português Página 77 Conceito: é a fusão de duas vogais da mesma natureza. No português assinalamos a crase com o acento grave (`). Observe: Obedecemos ao regulamento. ( a + o ) Não há crase, pois o encontro ocorreu entre duas vogais diferentes. Mas: Obedecemos à norma. ( a + a ) Há crase pois temos a união de duas vogais iguais ( a + a = à ) Regra Geral: Haverá crase sempre que: I. o termo antecedente exija a preposição a; II. o termo conseqüente aceite o artigo a. Fui à cidade. ( a + a = preposição + artigo ) ( substantivo feminino ) Conheço a cidade. ( verbo transitivo direto – não exige preposição ) ( artigo ) ( substantivo feminino ) Vou a Brasília. ( verbo que exige preposição a ) ( preposição ) ( palavra que não aceita artigo ) Observação: Para saber se uma palavra aceita ou não o artigo, basta usar o seguinte artifício: I. se pudermos empregar a combinação da antes da palavra, é sinal de que ela aceita o artigo II. se pudermos empregar apenas a preposição de, é sinal de que não aceita. Ex: Vim da Bahia. (aceita) Vim de Brasília (não aceita) Vim da Itália. (aceita) Vim de Roma. (não aceita) Nunca ocorre crase: 1) Antes de masculino. Caminhava a passo lento. (preposição) 2) Antes de verbo. Estou disposto a falar. (preposição) 3) Antes de pronomes em geral. Eu me referi a esta menina. (preposição e pronome demonstrativo) Eu falei a ela. (preposição e pronome pessoal) 4) Antes de pronomes de tratamento. Dirijo-me a Vossa Senhoria. (preposição) Observações: 1. Há três pronomes de tratamento que aceitam o artigo e, obviamente, a crase: senhora, senhorita e dona. Dirijo-me à senhora. 2. Haverá crase antes dos pronomes que aceitarem o artigo, tais como:mesma, própria... Eu me referi à mesma pessoa. 5) Com as expressões formadas de palavras repetidas. Venceu de ponta a ponta. (preposição) Curso Preparatório Trincheira Português Página 78 Observação: É fácil demonstrar que entre expressões desse tipo ocorre apenas a preposição: Caminhavam passo a passo. (preposição) No caso, se ocorresse o artigo, deveria ser o artigo o e teríamos o seguinte: Caminhavam passo aopasso – o que não ocorre. 6) Antes dos nomes de cidade. Cheguei a Curitiba. (preposição) Observação: Se o nome da cidade vier determinado por algum adjunto adnominal, ocorrerá a crase. Cheguei à Curitiba dos pinheirais. (adjunto adnominal) 7) Quando um a (sem o s de plural) vem antes de um nome plural. Falei a pessoas estranhas. (preposição) Observação: Se o mesmo a vier seguido de s haverá crase. Falei às pessoas estranhas. (a + as = preposição + artigo) Sempre ocorre crase: 1) Na indicação pontual do número de horas. Às duas horas chegamos. (a + as) Para comprovar que, nesse caso, ocorre preposição + artigo, basta confrontar com uma expressão masculina correlata. Ao meio-dia chegamos. (a + o) 2) Com a expressão à moda de e à maneira de. A crase ocorrerá obrigatoriamente mesmo que parte da expressão (moda de) venha implícita. Escreve à (moda de) Alencar. 3) Nas expressões adverbiais femininas. Expressões adverbiais femininas são aquelas que se referem a verbos, exprimindo circunstâncias de tempo, de lugar, de modo... Chegaram à noite. (expressão adverbial feminina de tempo) Caminhava às pressas. (expressão adverbial feminina de modo) Ando à procura de meus livros. (expressão adverbial feminina de fim) Observações: No caso das expressões adverbiais femininas, muitas vezes empregamos o acento indicatório de crase (`), sem que tenha havido a fusão de dois as. É que a tradição e o uso do idioma se impuseram de tal sorte que, ainda quando não haja razão suficiente, empregamos o acento de crase em tais ocasiões. 4) Uso facultativo da crase Antes de nomes próprios de pessoas femininos e antes de pronomes possessivos femininos, pode ou não ocorrer a crase. Ex: Falei à Maria. (preposição + artigo) Falei à sua classe. (preposição + artigo) Falei a Maria. (preposição sem artigo) Falei a sua classe. (preposição sem artigo) Curso Preparatório Trincheira Português Página 79 Note que os nomes próprios de pessoa femininos e os pronomes possessivos femininos aceitam ou não o artigo antes de si. Por isso mesmo é que pode ocorrer a crase ou não. Casos especiais: 1) Crase antes de casa. A palavra casa, no sentido de lar, residência própria da pessoa, se não vier determinada por um adjunto adnominal não aceita o artigo, portanto não ocorre a crase. Por outro lado, se vier determinada por um adjunto adnominal, aceita o artigo e ocorre a crase. Ex: Volte a casa cedo. (preposição sem artigo) Volte à casa dos seus pais. (preposição sem artigo) (adjunto adnominal) 2) Crase antes de terra. A palavra terra, no sentido de chão firme, tomada em oposição a mar ou ar, se não vier determinada, não aceita o artigo e não ocorre a crase. Ex: Já chegaram a terra. (preposição sem artigo) Se, entretanto, vier determinada, aceita o artigo e ocorre a crase. Ex: Já chegaram à terra dos antepassados. (preposição + artigo) (adjunto adnominal) 3) Crase antes dos pronomes relativos. Antes dos pronomes relativos quem e cujo não ocorre crase. Ex: Achei a pessoa a quem procuravas. Compreendo a situação a cuja gravidade você se referiu. Antes dos relativos qual ou quais ocorrerá crase se o masculino correspondente for ao qual, aos quais. Ex: Esta é a festa à qual me referi. Este é o filme ao qual me referi. Estas são as festas às quais me referi. Estes são os filmes aos quais me referi. 4) Crase com os pronomes demonstrativos aquele (s), aquela (s), aquilo. Sempre que o termo antecedente exigir a preposição a e vier seguido dos pronomes demonstrativos:aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo, haverá crase. Ex: Falei àquele amigo. Dirijo-me àquela cidade. Aspiro a isto e àquilo. Fez referência àquelas situações. 5) Crase depois da preposição até. Se a preposição até vier seguida de um nome feminino, poderá ou não ocorrer a crase. Isto porque essa preposição pode ser empregada sozinha (até) ou em locução com a preposição a (até a). Ex: Chegou até à muralha. (locução prepositiva = até a) (artigo = a) Chegou até a muralha. (preposição sozinha = até) (artigo = a) 6) Crase antes do que. Em geral, não ocorre crase antes do que. Ex: Esta é a cena a que me referi. Pode, entretanto, ocorrer antes do que uma crase da preposição a com o pronome demonstrativo a(equivalente a aquela). Para empregar corretamente a crase antes do que convém pautar-se pelo seguinte artifício: Curso Preparatório Trincheira Português Página 80 I. se, com antecedente masculino, ocorrer ao que / aos que, com o feminino ocorrerá crase; Ex: Houve um palpite anterior ao que você deu. ( a + o ) Houve uma sugestão anterior à que você deu. ( a + a ) II. se, com antecedente masculino, ocorrer a que, no feminino não ocorrerá crase. Ex: Não gostei do filme a que você se referia. (ocorreu a que, não tem artigo) Não gostei da peça a que você se referia. (ocorreu a que, não tem artigo) Observação: O mesmo fenômeno de crase (preposição a + pronome demonstrativo a) que ocorre antes do que,pode ocorrer antes do de. Ex: Meu palpite é igual ao de todos. (a + o = preposição + pronome demonstrativo) Minha opinião é igual à de todos. (a + a = preposição + pronome demonstrativo) 7) há / a Nas expressões indicativas de tempo, é preciso não confundir a grafia do a (preposição) com a grafia do há (verbo haver). Para evitar enganos, basta lembrar que, nas referidas expressões: a (preposição) indica tempo futuro (a ser transcorrido); há (verbo haver) indica tempo passado (já transcorrido). Ex: Daqui a pouco terminaremos a aula. Há pouco recebi o seu recado. Usos do porquê Há quatro maneiras de se escrever o porquê: porquê, porque, por que e por quê. Vejamo-las: Porquê É um substantivo, por isso somente poderá ser utilizado, quando for precedido de artigo (o, os), pronome adjetivo (meu(s), este(s), esse(s), aquele(s), quantos(s)...) ou numeral (um, dois, três, quatro) Ex. • Ninguém entende o porquê de tanta confusão. • Este porquê é um substantivo. • Quantos porquês existem na Língua Portuguesa? • Existem quatro porquês. Por quê Sempre que a palavra que estiver em final de frase, deverá receber acento, não importando qual seja o elemento que surja antes dela. Ex. • Ela não me ligou e nem disse por quê. • Você está rindo de quê? • Você veio aqui para quê? Por que Usa-se por que, quando houver a junção da preposição por com o pronome interrogativo que ou com o pronome relativo que. Para facilitar, dizemos que se pode substituí- lo por por qual razão, pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, por qual. Ex. • Por que não me disse a verdade? = por qual razão • Gostaria de saber por que não me disse a verdade. = por qual razão • As causas por que discuti com ele são particulares. = pelas quais • Ester é a mulher por que vivo. = pela qual Porque É uma conjunção subordinativa causal ou conjunçãosubordinativa final ou conjunção coordenativa explicativa, portanto estará ligando duas orações, indicando causa, explicação ou finalidade. Para facilitar, Curso Preparatório Trincheira Português Página 81 dizemos que se pode substituí-lo por já que, pois ou a fim de que. Ex. • Não saí de casa, porque estava doente. = já que • É uma conjunção, porque liga duas orações. = pois • Estudem, porque aprendam. = a fim de que EXERCÍCIOS E QUESTÕES DE CONCURSOS Assinale como Falso (F) ou Verdadeiro (V): 1. ( ) A assistência às aulas é indispensável. 2. ( ) Esta novela nem se compara a que assistimos. 3. ( ) Obedecerei àquilo que me for determinado 4. ( ) O professor foi a Taguatinga comprar pinga. 5. ( ) Chegou a casa e logo se jogou na cama. 6. ( ) Os turistas foram à terra comprar flores. 7. ( ) Via-se, a distância de cem metros, uma luz. 8. ( ) Diga a Adriana que a estamos esperando. 9. ( ) Ela fez alusões a sua classe e não a minha. 10. ( ) O conselheiro jamais perdoou a Dona Margarida. 11. ( ) Esta alameda vai até à chácara de meu pai. 12. ( ) Os meninos cheiravam a cola. 13. ( ) Eles andavam à toa, sempre à procura de dinheiro, vivendo e comendo à medida que podiam. Múltipla escolha 14. Assinale a alternativa em que o acento indicativo da crase é obrigatório nas duas ocorrências. a) Uma lei sempre está ligada a alguma outra. As leis estão subordinadas a Lei-Mãe. b) Obedecer aqueles princípios é necessário. É direito que assiste a autora rever a emenda. c) Alguns parlamentares anuíram a proposta de emenda. Agiram contra a lei. d) Estamos sujeitos a muitas leis. São contrários a lei. e) O Presidente atendeu a reivindicação do ministro. Procurou-se assistir as populações atingidas pela seca. 15. Não sei ________ quem devo dirigir-me: se ______ funcionária desta seção, ou _____ da seção de protocolo. a) a-a-a; c) a-à-à; e) à-à-à. b) a-à-a; d) à-a-à; 16. Assinale a alternativa em que a crase está indicada corretamente. a) Não se esqueça de chegar à casa cedo. b) Prefiro isto aquilo, já que ao se fazer o bem não se olha à quem. c) Já que pagaste àquelas dívidas, à que situação aspiras? d) Chegaram até à região marcada e daí avançaram até à praia. e) É um perigo andar a pé, sozinho, a uma hora da madrugada. 17. Daqui _____ vinte quilômetros, o viajante encontrará, logo _____ entrada do grande bosque, uma estátua que _____ séculos foi erigida em homenagem deusa da mata. a) a-à-há-à; d) a-à-à-à; b) há -a-à-a; e) há -a-há-a. c) à-há-à-à; 18. O progresso chegou inesperadamente _____ subúrbio. Daqui ________ poucos anos, nenhum dos seus moradores se lembrará mais das casinhas que, _______ tão pouco tempo, marcavam a paisagem familiar. a) aquele - a - a; d) àquele - a - há; b) àquele - à - há; e) aquele - à - há. c) àquele - à - à; 19. O fenômeno _______ que aludi é visível _______ noite e olho nu. a) a-a-a; c) a-à-a; e) à-à-a. b) a-à-à; d) a-à-à; 20. Já estavam _______ poucos metros da clareira _________ qual foram ter por um atalho aberto_______ facão. a) à-à-a; c) a-a-à; e) à-à-à. b) a-à-a; d) à-a-à; 21. Assinale a opção incorreta no que se refere ao emprego do acento grave indicativo de crase. a) Há cinco anos vivendo em São Paulo, um cidadão inglês foi constrangido a abandonar a tradicional pontualidade britânica. Para ir à casa de seus alunos, ele enfrenta horas de trânsito congestionado. b) Assustado com os efeitos do trânsito sobre os índices de poluição, o secretário estadual de Meio Ambiente pregou a necessidade de restringir à circulação de carros na capital paulista. c) Em Salvador, a terceira cidade mais populosa do País, a prefeitura recorreu à parceria com a iniciativa privada para alargar as avenidas mais importantes. d) O motorista entregou a documentação a uma das funcionárias do Departamento e ficou à espera do resultado, a fim de que pudesse resolver o seu problema a curto prazo. e) Quanto àquele problema de falta de verbas para o Departamento, o diretor resolveu dirigir-se Curso Preparatório Trincheira Português Página 82 diretamente a Sua Excelência, de modo a deixar os funcionários mais tranqüilos. 22. "Hoje deve haver menos gente por lá, conjeturou; ótimo, porque assim trabalho à vontade." Assinale a alternativa em que também deve ocorrer o acento grave indicador da crase. a) O dia 28 de outubro é consagrado a todas as pessoas que trabalham no serviço público. b) O ponto era facultativo somente a funcionárias do ING. c) João Brandão foi a tarde ao ING. d) Ele galgava a parede quando o vigia o encontrou. 23. Assinale a frase em que o acento indicador da crase foi usado incorretamente. a) A obsessão à qual sacrificou a juventude não o persegue mais. b) Sentavam-se nas pedras do caminho à espera da comitiva do peão. c) Na imaginação, porém, ele voltava àquele mundo de sonho e fantasia. d) Depois de refletir, dirigi-me, decididamente, à casa de meu amigo. e) Tenho certeza de que os documentos não fazem referência à nada do que dizes. 24. Assinale o emprego incorreto de "a" e "à". a) "Os detritos cósmicos viajam a mais de 3.200 km por hora, 2,6 vezes a velocidade do som. b) A essa velocidade, uma esfera de metal do tamanho de uma unha que se chocar contra um objeto maior ... c) ... libera energia equivalente a explosão de uma granada. O futuro desses objetos é um dia precipitarem-se sobre a Terra. d) Os menores devem desintegrar-se. Os maiores podem chegar à superfície quase intactos. e) Na prática, isso já vem ocorrendo em escala menor: em algumas de suas missões, também o ônibus espacial já retornou à Terra com avarias provocadas por colisões em órbita." (VEJA, 22/3/95 - adaptado) 25. Indique a letra em que os termos preenchem corretamente, pela ordem, as lacunas do trecho dado. "Assustada _____ família com os versos em que o via sempre ocupado, foi reclamar ao grande mestre que não o via estudar em casa, ao que lhe foi respondido que _____ sua assiduidade e aplicação _____ aulas nada deixavam _____ desejar. Era o que bastava e daí por diante continuou tranqüilo a ler e fazer versos..." (Francisco Venâncio Filho) a) à-a-as-à; d) à-a-as-à; b) a-à-às-a; e) à-à-às-a. c) a-a-às-a; GABARITO: 1. V 6. F 11. V 16. D 21. B 2. F 7. F 12. V 17. A 22. C 3. V 8. V 13. V 18. D 23. E 4. V 9. F 14. B 19. C 24. C 5. V 10. V 15. C 20. B 25. C Curso Preparatório Trincheira Português Página 83 Para que servem os sinais de pontuação? No geral, para representar pausas na fala, nos casos do ponto, vírgula e ponto e vírgula; ou entonações, nos casos do ponto de exclamação e de interrogação, por exemplo. Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação reproduzem, na escrita, nossas emoções, intenções e anseios. Vejamos aqui alguns empregos: 1. Vírgula (,) É usada para: a) separar termos que possuem mesma função sintática na oração: O menino berrou, chorou, esperneou e, enfim, dormiu. Nessa oração, a vírgula separa os verbos. b) isolar o vocativo: Então, minha cara, não há mais o que se dizer! c) isolar o aposto: O João, ex-integrante da comissão, veio assistir à reunião. d) isolar termos antecipados, como complemento ou adjunto: 1. Uma vontade indescritível de beber água, eu senti quando olhei para aquele copo suado! (antecipação de complemento verbal) 2. Nada se fez, naquele momento, para que pudéssemos sair! (antecipação de adjunto adverbial) e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto, assim,etc. f) separar os nomes dos locais de datas: Brasília, 30 de janeiro de 2009. g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que você indicou para mim, é muito mais do que esperava. A vírgula entre orações É utilizada nas seguintes situações: a) separar as orações subordinadas adjetivas explicativas. Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro. b) separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (exceto as iniciadas pela conjunção e ). Ex.: Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para o trabalho. Estudou muito, mas não foi aprovado no exame. Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção: 1) quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes. Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres. 2) quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto). Ex.: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria. 3) quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, conseqüência, por exemplo) Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada. c) separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração principal. Ex.: "No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho."( O selvagem - José de Alencar) d) separar as orações intercaladas. Ex.: "- Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em a estar plantando..." Essas orações poderão ter suas vírgulas substituídas por duplo travessão. Ex.: "Senhor - disse o velho - tenho grandes contentamentos em a estar plantando..." e) separar as orações substantivas antepostas à principal. Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei. 2. Pontos 2.1 - Ponto-final (.) É usado ao final de frases para indicar uma pausa total: a) Não quero dizer nada. b) Eu amo minha família. Curso Preparatório Trincheira Português Página 84 E em abreviaturas: Sr., a. C., Ltda., vv., num., adj., obs. 2.2 - Ponto de Interrogação (?) O ponto de interrogação é usado para: a) Formular perguntas diretas: Você quer ir conosco ao cinema? Desejam participar da festa de confraternização? b) Para indicar surpresa, expressar indignação ou atitude de expectativa diante de uma determinada situação: O quê? não acredito que você tenha feito isso! (atitude de indignação) Não esperava que fosse receber tantos elogios! Será que mereço tudo isso? (surpresa) Qual será a minha colocação no resultado do concurso? Será a mesma que imagino? (expectativa) 2. 3 – Ponto de Exclamação (!) Esse sinal de pontuação é utilizado nas seguintes circunstâncias: a) Depois de frases que expressem sentimentos distintos, tais como: entusiasmo, surpresa, súplica, ordem, horror, espanto: Iremos viajar! (entusiasmo) Foi ele o vencedor! (surpresa) Por favor, não me deixe aqui! (súplica) Que horror! Não esperava tal atitude. (espanto) Seja rápido! (ordem) b) Depois de vocativos e algumas interjeições: Ui! que susto você me deu. (interjeição) Foi você mesmo, garoto! (vocativo) c) Nas frases que exprimem desejo: Oh, Deus, ajude-me! Observações dignas de nota: * Quando a intenção comunicativa expressar, ao mesmo tempo, questionamento e admiração, o uso dos pontos de interrogação e exclamação é permitido. Observe: Que que eu posso fazer agora?! * Quando se deseja intensificar ainda mais a admiração ou qualquer outro sentimento, não há problema algum em repetir o ponto de exclamação ou interrogação. Note: Não!!! – gritou a mãe desesperada ao ver o filho em perigo. 3. Ponto e vírgula (;) É usado para: a) separar itens enumerados: A Matemática se divide em: - geometria; - álgebra; - trigonometria; - financeira. b) separar um período que já se encontra dividido por vírgulas: Ele não disse nada, apenas olhou ao longe, sentou por cima da grama; queria ficar sozinho com seu cão. 4. Dois-pontos (:) É usado quando: a) se vai fazer uma citação ou introduzir uma fala: Ele respondeu: não, muito obrigado! b) se quer indicar uma enumeração: Quero lhe dizer algumas coisas: não converse com pessoas estranhas, não brigue com seus colegas e não responda à professora. 5. Aspas (“”) São usadas para indicar: a) citação de alguém: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo mostra um início firme. Ainda na edição, os 25 anos do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do Oportunity no exterior” (Carta Capital on-line, 30/01/09) b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias: Nada pode com a propaganda de “outdoor”. 6. Reticências (...) Curso Preparatório Trincheira Português Página 85 São usadas para indicar supressão de um trecho, interrupção ou dar ideia de continuidade ao que se estava falando: a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa, O bem que neste mundo mais invejo? O brando ninho aonde o nosso beijo Será mais puro e doce que uma asa? (...) b) E então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade... c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal... 7. Parênteses ( ) São usados quando se quer explicar melhor algo que foi dito ou para fazer simples indicações. Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (o e aparece repetido e, por isso, há o predomínio de vírgulas). 8. Travessão (–) O travessão é indicado para: a) Indicar a mudança de interlocutor em um diálogo: - Quais ideias você tem para revelar? - Não sei se serão bem-vindas. - Não importa, o fato é que assim você estará contribuindo para a elaboração deste projeto. b) Separar orações intercaladas, desempenhando as funções da vírgula e dos parênteses: Precisamos acreditar sempre – disse o aluno confiante – que tudo irá dar certo. Não aja dessa forma – falou a mãe irritada – pois pode ser arriscado. c) Colocar em evidência uma frase, expressão ou palavra: O prêmio foi destinado ao melhor aluno da classe – uma pessoa bastante esforçada. Gostaria de parabenizar a pessoa que está discursando – meu melhor amigo. EXERCÍCIOS DE PONTUAÇÃO 01. Assinale a opção que substitui corretamente os números por vírgulas. Para concluir (1) já que estamos falando em futuro (2) importa ressaltar que (3) o futuro não acontece espontaneamente (4) nem é mero fruto da tecnologia. a) 1 – 2 – 3 - 4 b) 1 – 2 – 3 c) 1 – 2 – 4 d) 2 – 4 e) 3 – 4 02. O segmento do texto que mostra um equívoco do editor do texto no emprego da vírgula é: a) “... a realidade do Judiciário e a necessidade de sua reforma foram, nos últimos meses, deformados...”; b) “...distribuição de Justiça em nosso Estado e vê-la reconhecida, senão por todos, ao menos pela maioria...”; c) “Recente pesquisa da OAB, mostrou que 55% da população mal conhece o Judiciário.”; d) “De resto, temos à disposição diversos mecanismos endógenos, eficazes, de controle...”; e) “...o pior de todos, com exceção dos outros...”. 03. “Ao lado, o filho, de 7 ou 8 anos, não cessava de atormentá-lo...”; as vírgulas que envolvem o segmento sublinhado: a) marcam um adjunto adverbial deslocado; b) indicam a presença de uma oração intercalada; c) mostram que há uma quebra da ordem direta da frase; d) estão usadas erradamente porque separam o sujeito do verbo; e) assinalam a presença de um aposto. 04. “Vamos, por um momento que seja, cair na real...”; a regra abaixo que justifica o emprego das vírgulas nesse segmento do texto é: a) separar elementos que exercem a mesma função sintática; b) isolar o aposto; c) isolar o adjunto adnominal antecipado; d) indicar a supressão de uma palavra; e) marcar a intercalação de elementos. 05. Ele não costuma esquentar a vitrine por muito tempo. Alterando a ordem do trechodestacado, a pontuação correta fica: a) Ele não costuma, por muito tempo, esquentar a vitrine. b) Ele não costuma, por muito tempo esquentar a vitrine. c) Ele não costuma por muito tempo, esquentar a vitrine. d) Ele não costuma por, muito tempo, esquentar a vitrine. Curso Preparatório Trincheira Português Página 86 e) Ele não costuma por muito tempo esquentar a vitrine. 06. Na frase – O apresentador disse: tem certeza de que a resposta é essa? – os dois pontos foram usados para: a) introduzir a fala do interlocutor. b) apresentar um ponto de vista. c) expressar uma opinião. d) suscitar uma afirmação. e) provocar uma intimidação. 07. O segmento “A cada início de ano, é costume renovar esperanças e fortalecer confianças em relação ao futuro. Tempo de limpar gavetas, fazer faxinas e vestir cores que – acreditam muitos – ajudem a realizar antigos desejos e aspirações.” aparece entre travessões porque: a) marca urna opinião do autor do texto sobre o conteúdo veiculado; b) indica uma explicação de algum segmento anterior; c) assinala a necessidade de completar um pensamento suspenso; d) mostra a presença de um termo intercalado; e) dá destaque a uma expressão usada em sentido diverso do usual. 08. “O recurso à palavra pomposa, o palavrão bonito da moda, é sintomático da velha doença brasileira da retórica”.. As vírgulas foram usadas no fragmento para: a) desfazer possível má interpretação. b) indicar a elipse de um verbo. c) intercalar o vocativo. d) separar o aposto do termo fundamental. e) assinalar o deslocamento de um termo. 09. “Depois de muita briga, o tema era ‘democraticamente imposto’.” No período acima, as aspas têm por função: a) indicar que a expressão foge ao nível de linguagem em que o texto foi elaborado. b) evidenciar a intransigência típica de algumas pessoas. c) destacar a relação irônica estabelecida entre termos semanticamente opostos. d) sugerir que, mesmo na democracia, ocorre autoritarismo. 10. No período “Era fascinante, e ela sentia nojo”. O uso da vírgula: I. enfatiza semanticamente cada oração. II. decorre de uma relação de alternância entre as duas orações. III. justifica-se por separar orações coordenadas com sujeitos diferentes. A análise das assertivas nos permite afirmar corretamente que: a) apenas I é verdadeira. b) apenas II é verdadeira. c) I e II são verdadeiras. d) II e III são verdadeiras. e) I e III são verdadeiras. 11. Considere os períodos I, II e III, pontuados de duas maneiras diferentes. I. Ouvi dizer de certa cantora que era um elefante que engolira um rouxinol / Ouvi dizer de certa cantora, que era um elefante, que engolira um rouxinol. II. A versão apresentada à imprensa é evidentemente falsa / A versão apresentada à imprensa é, evidentemente, falsa. III. Os freios do Buick guincham nas rodas e os pneumáticos deslizam rente à calçada / Os freios do Buick guincham nas rodas, e os pneumáticos deslizam rente à calçada. Com pontuação diferente ocorre alteração de sentido somente em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. 12. "Diz um conhecido provérbio nos países orientais que para se caminhar mil milhas é preciso dar o primeiro passo." O texto está corretamente pontuado em: a) Diz um conhecido provérbio, nos países orientais, que para se caminhar mil milhas, é preciso dar o primeiro passo. b) Diz um conhecido provérbio nos países orientais, que, para se caminhar mil milhas é preciso, dar o primeiro passo. c) Diz um conhecido provérbio nos países orientais, que para se caminhar mil milhas, é preciso dar o primeiro passo. d) Diz um conhecido provérbio, nos países orientais, que, para se caminhar mil milhas, é preciso dar o primeiro passo. e) Diz, um conhecido provérbio nos países orientais, que para se caminhar mil milhas, é preciso dar o primeiro passo. 13. Assinalar a alternativa cujo período dispensa o uso de vírgula: a) Nesse trabalho ficou patente a competência dos jovens frente à nova situação. b) O autor busca um meio capaz de gerar um conjunto potencialmente infinito de formas com suas propriedades típicas. c) Apreensivo ora se voltava para a janela ora examinava o documento. d) Suas palavras embora gentis continham um fundo de ironia. e) Tudo isto é muito válido mas tem seus inconvenientes. Português Página 87 14. Assinale O PAR de frases que apresenta falha(s), na pontuação. a) 1. As mulheres, dizem as feministas, aperfeiçoam os homens. 2. A voz de Gilka, está cheia de acentos nunca dantes escutados. b) 1. Nada, nos másculos versos de Francisca Júlia denuncia, a mulher. 2. Em TRÊS MARIAS, o esmagamento do personagem é mais contundente. c) 1. Em 1980, a autora, sai de cena, discretamente, como sempre viveu. 2. Agora, na residência deles, falou da viagem das irmãs. d) 1. A garota, sentia-se como única responsável pela caçula. 2. O olhar, iluminava sua face, com um sorriso doce. e) 1. Menina, venha cá. Vamos nadar? 2. Durante 10 anos, o governo holandês ocupou a ilha. 15. Identifique a alternativa em que se corrige a má estruturação do texto a seguir: "Ele chegou cansado do trabalho. Parecendo mesmo desanimado. Assistindo à televisão a família não o notou." a) Uma vez chegado do trabalho, cansado, parecia até mesmo desanimado. A família não o notou enquanto assistia à televisão. b) Tendo chegado do trabalho cansado, parecia mesmo desanimado. A família assistia à televisão. Não o notaram. c) Desde que chegou cansado do trabalho, parecia mesmo desanimado. Como assistisse à televisão, a família não o notou. d) Chegou cansado do trabalho, parecendo mesmo desanimado. A família, que assistia à televisão, nem o notou. e) Parecia mesmo desanimado, porque chegava do trabalho cansado. Enquanto que a família nem o notara, assistindo à televisão. 16. Em "ACORDEI PENSANDO EM RIOS – QUE DÃO SEMPRE UM TOQUE FEMININO A QUALQUER CIDADE – E ME DIZENDO QUE O ÚNICO POSSÍVEL DEFEITO DO RIO DE JANEIRO É NÃO TER UM RIO." o autor usou o travessão para: a) ligar grupos de palavras. b) iniciar diálogo. c) substituir parênteses. d) destacar um aposto. e) destacar um adjunto adnominal explicativo. 17. Considere os períodos I, II e III, pontuados de duas maneiras diferentes. I. Pedro, o gerente do banco ligou e deixou um recado. Pedro, o gerente do banco, ligou e deixou um recado. II. De repente perceberam que estavam brigando à toa. De repente, perceberam que estavam brigando à toa. III. Os doces visivelmente deteriorados foram postos na lixeira. Os doces, visivelmente deteriorados, foram postos na lixeira. Com a alteração da pontuação, houve mudança de sentido SOMENTE em a) I. b) II. c) I e II. d) I e III. e) II e III. GABARITO 1. C 2. C 3. E 4. E 5. A 6. D 7. D 8. D 9. C 10. E 11. D 12. D 13. B 14. D 15. D 16. E 17. D Curso Preparatório Trincheira Português Página 88 Os sinônimos são palavras "da mesma categoria gramatical, com sentido parecido e com forma diferente, que podem intercambiar-se em determinados contextos com ou sem matizações de significado". O conhecimento e o uso dos sinônimos é importante para que se evitem repetições desnecessárias na construção de textos, evitando que se tornem enfadonhos. Sinônimos perfeitos e imperfeitos Sinônimos perfeitos São os vocábulos que têm significado idêntico. Exemplos: bonito — belo após — depois língua — idioma morrer — falecer avaro — avarento catorze — quatorze léxico — vocabulário escarradeira — cuspideira Sinônimos imperfeitos São os vocábulos cujos significados são próximos, porém não idênticos. Exemplos: cidade — município córrego — riacho belo — formoso gordo — obeso feliz — alegre Antónimo (português europeu) ou antônimo (português brasileiro) é o nome que se dá à palavra cujo significado seja contrário, oposto ou inverso ao de outra. O emprego de antónimos na construção de frases pode ser um recurso estilístico que confere ao trecho empregado uma forma mais erudita ou que chame atenção do leitor ou do ouvinte. 1. Exemplos Palavra Antônimo alto baixo bem mal bom mau bonito feio mais menos pressa paciência amigo inimigo construção destruição publico privado honestidade corrupção Introvertido Extrovertido Salgado azedo doce amargo dentro fora gordo magro preto branco seco molhado grosso fino duro mole rir chorar grande pequeno soberba humildade louvar censurar bendizer maldizer ativo inativo simpático antipático progredir regredir rápido lento sair entrar sozinho acompanhado concórdia discórdia pesado leve quente frio Curso Preparatório Trincheira Português Página 89 presente ausente escuro claro inveja admiração inadequada adequada amor ódio humilhação prestígio rico pobre forte fraco justo injusto certo errado Homônimos São palavras que possuem a mesma pronúncia (algumas vezes, a mesma grafia), mas significados diferentes. Veja alguns exemplos no quadro abaixo: acender (colocar fogo) ascender (subir) acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) bucho (estômago) buxo (arbusto) caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar; arreio) censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) céptico (descrente) séptico (que causa infecção) cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) cerrar (fechar) serrar (cortar) cervo (veado) servo (criado) chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez) círio (vela) sírio (natural da Síria) cito (forma do verbo citar) sito (situado) concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) concerto (sessão musical) conserto (reparo) coser (costurar) cozer (cozinhar) esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em público) espectador (aquele que assiste) expectador (aquele que tem esperança, que espera) esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) espiar (observar) expiar (pagar pena) espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) estático (imóvel) extático (admirado) esterno (osso do peito) externo (exterior) estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo) estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) incipiente (principiante) insipiente (ignorante) laço (nó) lasso (frouxo) ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo) tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) Homônimos Perfeitos Possuem a mesma grafia e o mesmo som. Por Exemplo: Eu cedo este lugar para a professora. (cedo = verbo) Cheguei cedo para a entrevista. (cedo = advérbio de tempo) Atenção: Existem algumas palavras que possuem a mesma escrita (grafia), mas a pronúncia e o significado são sempre diferentes. Essas palavras são chamadas de homógrafas e são uma subclasse dos homônimos. Observe os exemplos: almoço (substantivo, nome da refeição) almoço (forma do verbo almoçar na 1ª pessoa do sing. do tempo presente do modo indicativo) gosto (substantivo) gosto (forma do verbo gostar na 1ª pessoa do sing. do tempo presente do modo indicativo) Curso Preparatório Trincheira Português Página 90 Os parônimos é a relação entre palavras que apresentam um sentido diferente e forma semelhante a outra, que provoca, com alguma frequência, confusão. Essas palavras apresentam grafia e pronúncia parecida, mas com significados diferentes. (no Brasil) ou parónimos (em Portugal) podem ser também palavras homófonas, ou seja, a pronúncia de palavras parônimas pode ser a mesma. Exemplos Veja alguns exemplos de palavras parônimas: Palavra 1 Significado/Função Palavra 2 Significado/Função Palavra 3 Significado/Função acender dar luz ascender subir acento inflexão tônica assento dispositivo para sentar-se bocal embocadura bucal relativo a boca cartola chapéu alto quartola coco grande comprimento extensão cumprimento saudação conselho opinião, dica concelho município (Portugal) conserto reparo concerto apresentação musical coro grupo de cantores couro pele de animal deferimento concessão diferimento adiamento delatar denunciar dilatar retardar, estender descrição representação discrição reserva descriminar inocentar discriminar distinguir despensa compartimento dispensa desobriga (verbo), demissão ou isenção (substantivo) destratar insultar distratar desfazer(contrato) emergir vir à tona imergir mergulhar eminência altura, excelência iminência proximidade de ocorrência emitir lançar fora de si imitir fazer entrar enfestar dobrar ao meio infestar assolar enformar meter em fôrma informar avisar entender compreender intender exercer vigilância incipiente que está no início insipiente ignorante, principiante lenimento suavizante linimento medicamento para fricções migrar mudar de um local para outro emigrar deixar um país para morar em outro imigrar entrar num país, vindo de outro peão que anda a pé pião espécie de brinquedo pleito discussão; eleição preito homenagem recrear divertir recriar criar de novo se pronome átono, 3ª conjugação si pronome tônico, 3ª conjugação suar transpirar soar emitir som vadear passar o vau vadiar passar vida ociosa venoso relativo a veias vinoso que produz vinho vez ocasião, momento vês verbo ver na 2ª pessoa do singular Curso Preparatório Trincheira Português Página 91 Antes mesmo de nos “deleitarmos” mediante os recursos inimagináveis oferecidos pela linguagem, sugere-se como “entrada” uma reflexão acerca do discurso concernente aos enunciados linguísticos, assim elucidados: Nossas mãos requerem um cuidado maior durante esta estação, posto que o clima predominante é o seco. Que prato divino! Sua mãe tem mesmo mãos de fada para cozinhar. Precisamos dar cabo a todo este desânimo que nos assola. Como o pai de Gustavo é cabo do exército, ele também pretende seguir a carreira militar. Constatamos que se constituem de termos idênticos (mãos/cabo). Contudo, parte-se do pressuposto que tais termos estão condicionados a um dado contexto – condição elementar para que possamos analisar o sentido retratado por estes. Assim sendo, façamos uma análise no intuito de detectá-lo: O sentido do vocábulo “mãos” no primeiro exemplo refere-se a uma parte constitutiva do corpo humano, enquanto que no segundo se atém à noção de habilidade, aptidão para exercer atividades relacionadas à culinária. No terceiro enunciado, temos que “cabo” se encontra condicionado à ideia de desapego, ou seja, livrar-se de algo inconveniente, que importuna. De acordo com último, temos que o mesmo termo já se refere a uma posição hierárquica, em se tratando dos estágios condizentes ao campo profissional em questão.Servimo-nos destes pressupostos para mais uma vez constatarmos o dinamismo e a flexibilidade da qual se perfaz a língua, posto que uma mesma palavra pode revelar distintos sentidos, bastando para isso, somente estar inserida em uma circunstância linguística de forma específica – modalidade ora concebida como polissemia que, literalmente, a começar pelo radical “-poli”, já nos induz à presente significação: “diversidade”. Vejamos ainda outros casos representativos: Venha experimentar seu vestido, pois faltam somente as mangas para que ele fique pronto. Uma das frutas saudáveis, e que eu aprecio é a manga. Tenha cuidado ao recostar aí, pois o braço do sofá está solto. Como era previsível, Pedro quebrou o braço em uma de suas terríveis peraltices. Curso Preparatório Trincheira Português Página 92 TESTES 1) Devemos alterar, ou seja, ............... agora este projeto, porque, após, não serão permitias ................ a) ratificar - ratificações b) retificar - retificações c) ratificar - retificações d) retificar - ratificações 2) ............. as minhas palavras iniciais, pois não sou homem de fazer modificações no que está feito. Acho que tenho o equilíbrio suficiente para não ............ certas normas. a) Ratifico - infringir b) Ratifico - infligir c) Retifico - infringir d) Retifico - infligir 3) No .......... do violoncelista ......... havia muitas pessoas, pois era uma ......... beneficente. a) conserto - eminente - sessão b) concerto - iminente - seção c) conserto - iminente - seção d) concerto - eminente - sessão 4) O submarino .............. do mar. a) holandês imergiu b) holandez imergiu c) holandês emergiu d) holandez emergiu 5) .......... sem licença; teve a licença ............ a) Caçava - caçada b) Caçava - cassada c) Cassava - caçada d) Cassava - cassada 6) Dê o sinônimo da palavra "propensão": a) vontade b) tendência c) indiferença d) firmeza e) indisposição 7) Aponte o antônimo do vocábulo "sucinto": a) conciso b) inerente c) ampliado d) breve e) eficaz 8) Assinale o homônimo de "censo": a) senço b) cenço c) sensso d) cenzo e) senso RESPOSTAS: 1-B 2-A 3-D 4-C 5-B 6-B 7-C 8-E Curso Preparatório Trincheira Português Página 93 Compreensão e interpretação de textos é um tema que nos acompanha na vida escolar, nos vestibulares, no Enem e em todos os concursos públicos. Comumente encontrarmos pessoas que se queixam de que não sabem compreender e interpretar textos. Muitas pessoas se acham incapazes de resolver questões sobre compreensão e interpretação de textos. Nos concursos públicos, este tema está presente nas mais variadas formas. Nas provas, há sempre vários textos, alguns bem grandes, sobre os quais há muitas perguntas com o objetivo de testar a habilidade do concurseiro em leitura, compreensão e interpretação de textos. É preciso ler com muita atenção, reler, e na hora de examinar cada alternativa, voltar aos trechos citados para responder com muita confiança. Entender as técnicas de compreensão e interpretação de textos, além de ser importante para responder as questões específicas, é fundamental para que você compreenda o enunciado das questões de atualidades, de matemática, de direito e de raciocínio lógico, por exemplo. Muitos candidatos, embora tenham bastante conhecimentos das matérias que caem nas provas, erram nas questões, simplesmente porque não entendem o que a banca examinadora está pedindo. Já pensou, nadar, nadar, nadar... e morrer na praia? Então não deixe de estudar e preste atenção nas dicas que vamos dar neste blog."As questões de compreensão e interpretação de textos vêm ganhando espaço nos concursos públicos. Também é a partir de textos que as questões normalmente cobram a aplicação das regras gramaticais nos grandes concursos de hoje em dia. Por isso é cada vez mais importante observar os comandos das questões. Normalmente o candidato é convidado a: identificar: Reconhecer elementos fundamentais apresentados no texto. comparar: Descobrir as relações de semelhanças ou de diferenças entre situações apresentadas no texto. comentar: Relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. resumir: Concentrar as ideias centrais em um só parágrafo. parafrasear: Reescrever o texto com outras palavras. continuar: Dar continuidade ao texto apresentado, mantendo a mesma linha temática. Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de responder as questões relacionadas a textos. TEXTO – é um conjunto de idéias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR). CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial. INTERTEXTO - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso denomina-se INTERTEXTO. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua idéia principal. A partir daí, localizam-se as idéias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR Fazem-se necessários: a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática; b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico; OBSERVAÇÃO – na semântica (significado das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonimia, Curso Preparatório Trincheira Português Página 94 polissemia, figuras de linguagem, entre outros. c) Capacidade de observação e de síntese e d) Capacidade de raciocínio. INTERPRETAR x COMPREENDER INTERPRETAR SIGNIFICA COMPREENDER SIGNIFICA - EXPLICAR, COMENTAR, JULGAR, TIRAR CONCLUSÕES, DEDUZIR. - TIPOS DE ENUNCIADOS • Através do texto, INFERE-SE que... • É possível DEDUZIR que... • O autor permite CONCLUIR que... • Qual é a INTENÇÃO do autor ao afirmar que... - INTELECÇÃO, ENTENDIMENTO, ATENÇÃO AO QUE REALMENTE ESTÁ ESCRITO. - TIPOS DE ENUNCIADOS: • O texto DIZ que... • É SUGERIDO pelo autor que... • De acordo com o texto, é CORRETA ou ERRADA a afirmação... • O narrador AFIRMA... ERROS DE INTERPRETAÇÃO É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais freqüentes são: a) Extrapolação (viagem) Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado idéias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. b) Redução É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de idéias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido. c) Contradição Não raro, o texto apresenta idéias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conseqüentemente, errando a questão. As questõesa seguir estão baseadas no seguinte texto: Lá pela metade do século 21, já não haverá superpopulação humana, como hoje. Os governos de todo o mundo - presumivelmente, todos democráticos - 05 poderão incentivar as pessoas à reprodu- 06 ção. E será melhor que o façam com as 07 melhores pessoas. A eugenia humana - 08 isto é, a escolha dos melhores exemplares 09 para a reprodução, de modo a aprimorar a 10 média da espécie, como já se fez com ca- 11 valos - encontrará o período ideal para 12 sair da prancheta dos cientistas para a vi- 13 da real. Pessoas selecionadas por suas 14 características genéticas serão emprega- 15 das do estado. O funcionalismo público te- 16 rá uma nova categoria: a dos reprodutores. 17 Este exercício de futurologia foi apresen- 18 tado seriamente pelo professor do Institu- 19 to de Biociências da USP Osvaldo Frota- 20 Pessoa, em palestra no colóquio Brasil-Ale- 21 manha - Ética e Genética, quarta-feira à 22 noite. [...] Nas conferências de segunda e 23 terça, a eugenia foi citada como um perigo 24 das novas tecnologias, uma idéia que não 25 é cientificamente - e muito menos etica- 26 mente - defensável. (TEIXEIRA, Jerônimo. Brasileiro apresenta a visão do horror. Zero Hora, 6.10.95, p. 5, 2º Caderno) Questão 07 (UFRGS/96-1) Considere as seguintes afirmações sobre a posição do autor com relação ao assunto de que trata o texto. I. O autor do texto é favorável à eugenia como solução para a futura queda no crescimento demográfico, como indica o primeiro parágrafo. II. O autor trata as idéias do professor Osvaldo Frota- Pessoa com certa ironia, como demonstra o uso da palavra seriamente na linha 18. III. Ao relatar posições contraditórias por parte dos cientistas com relação à eugenia humana, o autor revela que esta é uma concepção controversa. Quais estão corretas? (A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas III. (D) Apenas II e III. (E) I, II e III. Questão 08 (UFRGS/96-1) Assinale a alternativa que está de acordo com o texto. (A) Segundo lemos na primeira frase do texto, vivemos num mundo em que o número de pessoas é considerado excessivo. (B) Como se conclui da leitura do primeiro parágrafo, a escolha dos melhores seres humanos para a reprodução, através da eugenia, causará uma queda na população mundial. (C) A partir da leitura do segundo parágrafo do texto, concluímos que a especialidade do professor Frota- Pessoa é a futurologia. Curso Preparatório Trincheira Português Página 95 (D) De acordo com o significado global do último parágrafo, o maior perigo das novas tecnologias é a ética. (E) A eugenia humana, ao tornar os reprodutores candidatos a funcionários públicos, constituirá uma oportunidade de trabalho apenas para homens. Questão 09 (UFRGS/96-1) Considere as seguintes afirmações sobre a eugenia humana: I. O uso restritivo da palavra humana (linha 07), no texto, indica que a palavra eugenia (linha 07) não se refere apenas à reprodução humana, mas à reprodução de qualquer espécie. II. Pelos princípios expostos no texto, o vigor físico e a inteligência serão os critérios de eugenia a partir dos quais será feita a seleção dos melhores exemplares. III. Conforme o texto, a eugenia humana já existe na forma de projeto científico. Quais estão corretas? (A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas I e III. (D) Apenas II e III. (E) I, II e III. Resolução da Questão 07 Os últimos vestibulares da UFRGS solicitam do aluno este tipo de informação: saber de quem é a opinião. Muitas vezes, como é este o caso, o autor apenas expressa o ponto de vista de outra pessoa. A resposta correta é d. Resolução da Questão 08 Resposta Correta: Hoje existe superpopulação. A causa da queda da população não foi revelada no texto. Esta conclusão é falsa. O tal professor fez apenas um exercício de futurologia. Novamente a banca tenta iludir e confundir o vestibulando. Cuidado! Aqui temos uma troca: o maior perigo das novas tecnologias não é a ética, mas sim a eugenia. Em absoluto o texto afirma que são os homens: aborda as pessoas em geral. Além disso, também não faz afirmações sobre o mercado de trabalho. Resolução da Questão 09 O uso restritivo de humana diz exatamente isto: humana. Logo, não se estende a outras espécies. Resposta Correta: D O peso original volta depois das dietas 01 O corpo humano, mesmo submetido 02 ao sacrifício de uma dieta alimentar 03 rígida, tem tendência a voltar ao peso 04 inicial determinado por um equilíbrio 05 interno, segundo recente estudo reali- 06 zado por cientistas norte-americanos. 07 Depois do aumento de alguns quilos 08 supérfluos, o metabolismo buscará 09 eliminar o peso excessivo. 10 O corpo dispõe de um equilíbrio que 11 tenta manter seu peso em um nível 12 constante, que varia em função de 13 cada indivíduo. O estudo sugere que 14 conservar o peso do corpo é um fenô- 15 meno biológico, não apenas uma ati- 16 vidade voluntária. O corpo ajusta seu 17 metabolismo em resposta a aumentos 18 ou perdas de peso. Dessa forma, 19 depois de cada dieta restrita, o metabo- 20 lismo queimará menos calorias do que 21 antes. Uma pessoa que perdeu recente- 22 mente pouco peso vai consumir menos 23 calorias que uma pessoa do mesmo 24 peso que sempre foi magra. A pesquisa 25 conclui que emagrecer não é impossí- 26 vel, mas muito difícil e requer o consu- 27 mo do número exato de calorias quei- 28 madas. Ou seja, uma alimentação mo- 29 derada e uma atividade física estável a 30 longo prazo. (Zero Hora, encarte VIDA, 06/05/1995) Questão 10 (IPA/95-2) Segundo o texto, é correto afirmar: A) Uma dieta alimentar rígida determina o equilíbrio interno do peso corpóreo. B) O equilíbrio interno é um fenômeno biológico. C) Conservar o peso não depende somente da vontade individual. D) O ajuste de peso significa queima de calorias. E) O número exato de calorias queimadas vincula-se a uma dieta. Curso Preparatório Trincheira Português Página 96 Questão 11 Das opções abaixo, todas podem substituir, sem prejuízo ao texto, a palavra rígida (l. 03), menos A) rigorosa B) austera C) severa D) íntegra E) séria Resolução da Questão 10 Antes de mais nada, observe que o texto é um editorial de um caderno de Zero Hora. Portanto, não há um autor em especial declarado. O texto busca exatamente mostrar o contrário. Conservar o peso é um fenômeno biológico. Temos, de novo, uma inversão com o objetivo de confundir o aluno. Resposta Correta: Existem outros fatores. Essa afirmação não está no texto. O número exato de calorias queimadas depende de outros fatores. Resolução da Questão 11 Esse tipo de questão é muito comum: ele propõe a substituição de palavras. Em alguns vestibulares, em vez de uma, aparecem três palavras, tornando o exercício mais trabalhoso. A palavra rígida só não pode ser substituída por íntegra, que vem de integridade, honestidade. Curso Preparatório Trincheira Português Página 97 Texto literário e não literário Tipos de textos Partindo do conceito de texto como sendo um conjunto de palavras que formam um sentido relacionado a um contexto, podemos dividir os textos em dois grandes grupos: os textos literários e os textos não literários. Por que fazemos essa distinção? Para estudar os tipos de textos existentes em nossa sociedade, é importante compreender como podemos usá-los a fim de tornar nossa comunicaçãomais clara e aproveitarmos melhor a variedade de textos que temos a nosso dispor. Para isso, foi feita a distribuição dos textos por esses dois grupos. Isso equivale a dizer que a maioria dos textos que existem podem ser colocados em um desses grupos. Os textos literários são aqueles que possuem função estética, destinam-se ao entretenimento, ao belo, à arte, à ficção. Já os não literários são os textos com função utilitária, pois servem para informar, convencer, explicar, ordenar. Observe os exemplos a seguir. Textos literários e textos não literários (Texto 1) Descuidar do lixo é sujeira Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão. (Veja São Paulo, 23- 29/12/92) O primeiro texto – "Descuidar do lixo é sujeira" – se propõe a dar uma informação sobre o lixo despejado nas calçadas, bem como o que acontece com ele antes de o caminhão do lixo passar para recolhê-lo. É um texto informativo e, portanto, não literário. O texto não literário apresenta linguagem objetiva, clara, concisa, e pretende informar o leitor de determinado assunto. Para isso, quanto mais simples for o vocabulário e mais objetiva for a informação, mais fácil se dará a compreensão do conteúdo: foco do texto não literário. São exemplos de textos não literários: as notícias, os artigos jornalísticos, os textos didáticos, os verbetes de dicionários e enciclopédias, as propagandas publicitárias, os textos científicos, as receitas culinárias, os manuais, etc. (Texto 2) O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. (Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145) O segundo texto – “O bicho” – é um poema. Sabemos disso principalmente por sua forma. O poema é construído em versos e estrofes e apresenta uma linguagem carregada de significados, ao que chamamos de plurissignificação. Cada palavra pode apresentar um sentido diferente daquele que lhe é comum. No texto literário, a expressividade é o mais importante. O conteúdo, nesse caso, fica em segundo plano. O vocabulário bem selecionado transmite sensibilidade ao leitor. O texto é rico de simbologia e de beleza artística. Podemos citar como exemplos de textos literários o conto, o poema, o romance, peças de teatro, novelas e crônicas. Análise dos textos Os dois textos apresentam temática semelhante: pessoas que reviram o lixo em busca de comida. No entanto, o primeiro texto procura ressaltar o transtorno que causam os mendigos por deixarem o lixo esparramado pelo chão. A notícia procura denunciar dois fatos: o restaurante que deixa seu lixo na calçada com antecedência de duas horas, e a sujeira espalhada nas calçadas pelos mendigos que reviram o lixo. A única palavra nesse texto que pode denotar algum tipo de sentimentalismo do autor é “lamentável”. No entanto, ela perde sua carga significativa ao acompanhar a palavra “banquete”, revelando que o autor da notícia, na verdade, não está preocupado com as pessoas que se alimentam do lixo, mas com a sujeira causada pelo tal banquete. Curso Preparatório Trincheira Português Página 98 O título do texto também nos faz pensar: “Descuidar do lixo é sujeira”. Sujeira, no sentido de os mendigos deixarem tudo espalhado pela calçada, dificultando a limpeza das ruas; sujeira, no sentido de não ser uma atitude correta a falta de preocupação com o tempo que o lixo ficará na rua à espera do caminhão que irá recolhê-lo. De qualquer forma, o autor só demonstra preocupação com o lixo e a sujeira e não com a fome dos mendigos. Já o segundo texto apresenta preocupação com a forma: é um poema. A escolha das palavras e o suspense que causa no leitor levam a uma progressão de sentido que culmina com a revelação de que o bicho é um homem. O poema retrata a condição degradante a que um homem pode chegar quando atinge o ápice da miséria. O poeta mostra sua indignação com o fato de um homem se assemelhar a um bicho por buscar comida no lixo. Compara-o aos animais que têm por hábito revirar latas de lixo: cachorro, gato e rato. No último verso, declara sua inconformidade com o vocativo “meu Deus”, demonstrando sua emoção com a revelação de que o bicho era um homem, ou seja, o poeta não admite que um homem possa se comportar como um bicho. Ao lermos o poema, a carga emotiva das palavras escolhidas pelo poeta é transmitida para nós. Aí está a diferença fundamental entre um texto literário e um texto não literário: a expressividade. Exercício (UERJ – 2012) SOBRE A ORIGEM DA POESIA A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem. Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou:qual a origem do discurso não poético, já que , restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios ou telefonemas [...] No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas, impedindo nosso contato direto com elas. A linguagem poética inverte essa relação, pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo [...] Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se dasapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis – os poemas – contaminando o deserto de referencialidade. ARNALDO ANTUNES No último parágrafo, o autor se refere à plenitude da linguagem poética, fazendo, em seguida, uma descrição que corresponde à linguagem não poética, ou seja, à linguagem referencial. Pela descrição apresentada, a linguagem referencial teria, em sua origem, o seguinte traço fundamental: a) O desgaste da intuição b) A dissolução da memória c) A fragmentação da experiência d) O enfraquecimento da percepção Resolução A opção c é correta uma vez que a linguagem literária afasta-se das praticidades cotidianas. Isso significa afastar-se do referente, da linguagem do cotidiano. Curso Preparatório Trincheira Português Página 99 O texto pode ser considerado uma manifestação da linguagem, ou seja, a linguagem é o meio pelo qual o texto se materializa. Sabendo disso, este artigo trata dos tipos de linguagem presentes nos textos De maneira simples e objetiva, trataremos do conteúdo teórico voltado ao texto e suas linguagens. Falar sobre o tema Língua & Linguagem é entrar em um campo vasto, repleto de conceitos e teorias. Portanto, entendemos aqui que linguagem é uma forma de expressão. Tipos de linguagem presentes em textos Verbal: oral ou escrita Não verbal: visual, sonora, corporal Interação pela linguagem O texto verbal é toda ocorrência sociocomunicativa que remete a uma unidade verbal concreta oral ou escrita, usada pelos falantes de uma língua, em uma situação discursiva, com sentido e função interativa. Sabendo que há textos verbais e texto não verbais, em qual das classificações o texto abaixo seencaixa? Texto 1 “A infelicidade é uma questão de prefixo.” (Guimarães Rosa) Acertou se disse texto verbal. É uma reflexão escrita do autor consagrado, Guimarães Rosa, sobre um sentimento humano e a gramática. O escritor declarou certa vez que suas frase "tinham de ser meditadas". O autor faz neologismos e brinca com as palavras, utilizando uma linguagem verbal complexa. Interagindo com o texto: possíveis interpretações Você provavelmente fará uma leitura desta frase de acordo com seus conhecimentos de mundo. Ora, para compreender o texto é fundamental saber o que é prefixo e o conteúdo gramatical a que pertence: formação de palavras. Adicionado à palavra felicidade, o prefixo in- incorpora um sentido negativo a ela: felicidade e não- felicidade, ou, também, sentido contrário, de oposição. A questão é como Guimarães Rosa coloca de maneira simples e racional (recorrendo à gramática – formação das palavras), algo que é profundo para o ser humano? Torna a felicidade e a infelicidade sentimentos transitórios: ora estou feliz, ora estou “in-feliz” (bastando acrescentar ou tirar o prefixo in-). Observe agora o texto abaixo. Seria verbal ou não verbal? Texto 2 Fonte: www.chargesonline.com.br. Acesso em 05/08/2013 Acertou se disse texto não verbal. Por ser uma imagem, utiliza uma linguagem visual. Pergunta: É possível ler e interagir com este tipo de texto? É claro que sim! Colocando-se no lugar de um leitor competente, como vimos no artigo A leitura e os diferentes níveis de interpretação, que leitura pode ser feita a partir do texto? Algumas leituras possíveis: Os edifícios e outros grandes empreendimentos estão explorando os grandes centros urbanos. As residências, provavelmente, não farão mais parte do cenário das grandes metrópoles. É a verticalização dos grandes centros urbanos. É possível fazer uma série de inferências e interagir com o texto de maneira aprofundada mesmo não tendo a linguagem verbal, perceberam? O texto não verbal pode ser constituído de outras linguagens diferentes da verbal (escrita ou falada), como Curso Preparatório Trincheira Português Página 100 a visual (vídeo, fotografia, desenho e pintura); a musical (música e sons); ou a corporal (dança, mímica). E o texto misto? O texto misto apresenta mais de uma linguagem, como as citadas acima. Um exemplo? Uma videoaula, pois apresenta as seguintes linguagens: Linguagem verbal: falada e escrita Linguagem visual: imagem Linguagem sonora: som da fala Linguagem corporal: movimentos corporais do professor, por exemplo Veja outro exemplo de texto misto nas questões abaixo do Enem Concluindo Os tipos de texto estão ligados ao tipo de linguagem que é utilizada para a enunciação. Gráfico, filme, poema e melodia, são considerados textos. Será que até o silêncio pode ser considerado um texto? Intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade. Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor do texto citado é indicado, já na forma implícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas idéias da obra citada ou contestando-as. Há duas formas: a Paráfrase e a Paródia. Paráfrase Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a idéia do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant'Anna em seu livro "Paródia, paráfrase & Cia" (p. 23): Texto Original Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá, As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”). Paráfrase Meus olhos brasileiros se fecham saudosos Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? Eu tão esquecido de minha terra... Ai terra que tem palmeiras Onde canta o sabiá! (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”). Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia, aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo conservando suas idéias, não há mudança do sentido principal do texto que é a saudade da terra natal. Paródia A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, um Curso Preparatório Trincheira Português Página 101 choque de interpretação, a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, freqüentemente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, uma paródia. Texto Original Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá, As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”). Paródia Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar os passarinhos daqui não cantam como os de lá. (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”). O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil. O texto não se reduz à palavra, por isso é importante aprender a ler outras linguagens, não só a escrita. Antigamente, aprendia-se a ler somente textos literários, não havendo a preocupação de como os textos não literários seriam lidos. Atualmente, busca-se formar cidadãos, portanto, a leitura ganhou novo significado. Ler é um exercício. Levantar hipóteses, analisar, comparar, relacionar são passos que auxiliam nessa tarefa. Entretanto, existe uma habilidade que merece destaque: a inferência. Segundo Houaiss, inferir é: concluir pelo raciocínio, a partir de fatos, indícios; deduzir. Entretanto, na prática, como isso pode ajudar na interpretação? Ao ler um texto, as informações podem estar explícitas ou implícitas. Inferir é conseguir chegar a conclusões a partir dessas informações. Para facilitar o entendimento, vamos ao exemplo. Leia a tirinha abaixo: Criada pelo cartunista Quino, Mafalda atravessa gerações com seus questionamentos Após uma leitura atenta de todos os quadrinhos, o que é possível concluir? Perceberam a profundidade da pergunta? O objetivo da interpretação não é simplesmente descrever os fatos, mas acrescentar sentido a eles. Muitos estudantes param na superfície do texto. Por exemplo, na tirinha acima, muitos diriam: “Mafalda estava em sua casa, quando seu amigo chegou. Ela pediu que ele não fizesse barulho, porque tinha alguém doente. O amigo pensou que fosse um familiar, mas deparou-se com o mundo.”Qual sentido tem essa descrição? Nenhum, não é verdade? Então, para encontrar a essência do texto, é preciso partir dos fatos e procurar o sentido que eles querem estabelecer. O fato apresentado na tira é que o mundo está doente, por isso precisa de cuidados. Isso é possível? Curso Preparatório Trincheira Português Página 102 Literalmente, não. Entretanto, se usarmos a linguagem conotativa, é possível inferir, ou seja, interpretar, deduzir, que o objetivo da tira era chamar a atenção das pessoas para a “doença” do mundo. Em que aspectos? Os mais diversos: desigualdade social, fome, guerras, violência, poluição, preconceito, falta de amor etc. E agora, faz sentido? Então, só agora houve entendimento. É importante destacar que quando a área de atuação é a escola, falar de interpretação é falar de inferência, de conclusão, de dedução. Então, ao ler um texto, busque sempre sua essência. A COESÃO TEXTUAL O vocábulo “texto” tem origem do latim “textum”, que significa “tecido”. Fazendo-se uma analogia, podemos pensar que um tecido é resultado de uma união de pequenos fios que se costuram até um determinado limite de extensão. Já no caso de um texto, temos elementos que precisam, também, estar “costurados” para que formem um dado sentido. Um texto com coesão é um texto conectado, interligado. Além de uma sequência lógica (coerência), um texto precisa que suas ideias estejam encadeadas. Os elementos coesivos Podemos utilizar diversos mecanismos linguísticos para exercer a coesão em um texto. Conjunções, sinônimos, pronomes, numerais, advérbios são alguns exemplos. Observem o exemplo a seguir: Notem na frase: “Senhor, o índice de violência cresceu tanto, que já não há mais espaço no gráfico para apontá-lo”, a presença de dois mecanismos coesivos: o conectivo “que” estabelecendo uma relação de consequência entre as orações e a forma verbal junto ao pronome oblíquo “apontá-lo”, substituindo a expressão “índice de violência”. A coesão no período composto Curso Preparatório Trincheira Português Página 103 Além de nos preocuparmos com os elementos coesivos, para que um texto tenha coesão, devemos estar atentos à construção de períodos compostos. Observe o exemplo a seguir: A sociedade que aguarda uma atitude do governo brasileiro que nada faz para amenizar o desemprego e a criminalidade no país. Analisando-o, temos as seguintes ideias subordinadas: 1) A sociedade 2) que aguarda uma atitude do governo brasileiro 3) que nada faz 4) para amenizar o desemprego e a criminalidade no país. Notem como o segundo trecho está subordinado ao primeiro, que seria a primeira oração, mas que está truncada; a terceira parte também acompanha essa relação de subordinação; a quarta tem o sentido de finalidade em relação à terceira. O grande problema do período está na primeira parte, que está incompleta. Houve uma sucessão de inserções e a ideia inicial não foi desenvolvida. Reescrevendo-se o período, poderíamos ter, por exemplo, a seguinte construção: A sociedade aguarda uma atitude do governo brasileiro que nada faz para amenizar o desemprego e a criminalidade no país. Reparem como, agora, há um sentido e uma conexão entre as orações: 1) A sociedade aguarda uma atitude do governo brasileiro 2) que nada faz 3) para amenizar o desemprego e a criminalidade no país. A segunda oração, introduzida pelo pronome relativo “que”, está subordinada à primeira (que é a principal), adjetivando-a; já a terceira acrescenta uma noção de finalidade à segunda oração. Há, no período, uma relação de subordinação, ou seja, de dependência. A segunda oração e a terceira pressupõem a presença de uma principal. Bem, como vimos, para uma boa compreensão e progressão textual, é preciso que as ideias estejam bem conectadas, ou seja, que o período esteja coeso. Procurem se atentar a isso, principalmente quando forem escrever a redação! (de oposição, adição, conclusão, explicação, inclusão, exclusão, causa, consequência, condição, finalidade, tempo, espaço e modo). No campo da Semântica Argumentativa, os operadores ou marcadores argumentativos (também conhecidos como 'articuladores textuais' ou 'marcadores discursivos') são palavras responsáveis pela sinalização da argumentação. São certos elementos da língua, explícitos na própria estrutura gramatical da fase, cuja finalidade é a de indicar a argumentatividade dos enunciados. Eles introduzem variados tipos de argumentos. As palavras que funcionam como operadores argumentativos são os conectivos, os advérbios e outras palavras que, dependendo do contexto, não se enquadram em nenhuma das dez categorias gramaticais. O usuário da língua deve se conscientizar do valor argumentativo dessas marcas para que as perceba no discurso do outro e as utilize com eficácia no seu próprio discurso. Alguns tipos de operadores argumentativos Operadores que introduzem argumentos que se somam a outro, tendo em vista a mesma conclusão: e, nem, também, não só... mas também, além disso, etc. Operadores que introduzem enunciados que exprimem conclusão ao que foi expresso anteriormente: logo, portanto, então, consequentemente, etc. Operadores que introduzem argumentos que se contrapõe a outro (mudança na direção argumentativa), visando a uma conclusão contrária: mas, porém, todavia, embora, ainda que, apesar de, etc. Operadores que introduzem argumentos alternativos: ou... ou, quer... quer, seja... seja, etc. Operadores que estabelecem relações de comparação: mais que, menos que, tão... quanto, tão... como, etc. Operadores cuja função é introduzir enunciados pressupostos: agora, ainda, já, até, etc. Curso Preparatório Trincheira Português Página 104 Operadores cuja função é introduzir enunciados, que visa a esclarecer um enunciado anterior: isto é, ou seja, quer dizer, em outras palavras, etc. Operadores cuja função é orientar a conclusão para uma afirmação ou negação: quase, apenas só, somente, etc. Outros aspectos discursivos Quando lemos artigos de jornais e revistas que defendem certas teses, estamos diante da formação de pontos de vista, visões de mundo que têm o objetivo de influenciar idéias opiniões, princípios das pessoas, de definir ou redefinir posições, de formar ou reformar atitudes. Em qualquer dos casos, busca-se efetivar o convencimento. Intencionalidade discursiva Percebemos que a escolha de palavras e expressões, o encadeamento e a interdependência de idéias, o domínio de conectivos são algumas das características da comunicação persuasiva que influenciam diretamente na argumentação de um texto, são, portanto, elementos que marcam a intencionalidade na persuasão. Força e orientação argumentativa De acordo com Koch (1992:30), aparecem vários “operadores argumentativos” em um texto, “para designar certos elementos da gramática de uma língua que têm por função indicar a força argumentativa dos enunciados, a direção (o sentido) para que apontam”. Esses conectores são responsáveis pela estruturação e orientação argumentativa dos enunciados no texto. Quando compreendemos uma sequencia relacionada por um conectivo não deciframos apenas o seu significado, mas aplicamos idéias, visão de mundo, bagagem cultural que temos, relacionadas ao uso do conectivo para reconstruir o sentido do texto. Outros operadores bastante empregados: Estabelecem a hierarquia numa escala, assinalando ideia de inclusão de elementos. (inclusive, até, mesmo, até mesmo...) Até o auxiliar participou da reunião com a diretoria da empresa. Estabelecema hierarquia numa escala, assinalando o elemento mais fraco. (ao menos, pelo menos, no mínimo...) Ele poderia ter-nos dado ao menos um telefonema para avisar que chegou bem. Ligam elementos de duas ou mais escalas orientadas no mesmo sentido. (e, também, nem, tanto... como, não só... mas também, além de, além disso). Ele não somente estuda, como também trabalha muito. Introduzem um argumento decisivo. (além do mais, de uma vez por todas...) Ele não tem um perfil adequado para função. Além do mais, é analfabeto! Curso Preparatório Trincheira Português Página 105 Hiponímia É exatamente o contrário, o oposto da hiperonímia: É a palavra que indica cada parte ou cada item de um todo. Bem-te-vi, curió, patativa etc. constituiem um caso de hiponímia, visto que cada uma destas palavras é parte um todo. - neste caso o todo a ela correspondente será a palavra ave. HIPERONÍMIA : É a palavra que dá idéia de um todo, do qual se originam várias partes ou ramificações. A palavra religião é um todo, ao qual estão ligados todos os tipos de religião. Exemplo de hiponímia: "Ela abriu um livro, e pediu-lhe para ler o seguinte texto, em voz alta: " Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia, na fronde da carnaúba". Era o começo ( inesquecível ) de Iracema , de José de Alencar". Exemplo de hiperonímia : Calçados; a ela estão ligados palavras como, sadálias, botas, sapatos, tênis etc. 1- Denotação e Conotação A significação das palavras não é fixa, nem estática. Por meio da imaginação criadora do homem, as palavras podem ter seu significado ampliado, deixando de representar apenas a ideia original (básica e objetiva). Assim, frequentemente remetem-nos a novos conceitos por meio de associações, dependendo de sua colocação numa determinada frase. Observe os seguintes exemplos: A menina está com a cara toda pintada. Aquele cara parece suspeito. No primeiro exemplo, a palavra cara significa "rosto", a parte que antecede a cabeça, conforme consta nos dicionários. Já no segundo exemplo, a mesma palavra cara teve seu significado ampliado e, por uma série de associações, entendemos que nesse caso significa "pessoa", "sujeito", "indivíduo". Algumas vezes, uma mesma frase pode apresentar duas (ou mais) possibilidades de interpretação. Veja: Marcos quebrou a cara. Em seu sentido literal, impessoal, frio, entendemos que Marcos, por algum acidente, fraturou o rosto. Entretanto, podemos entender a mesma frase num sentido figurado, como "Marcos não se deu bem", tentou realizar alguma coisa e não conseguiu. Pelos exemplos acima, percebe-se que uma mesma palavra pode apresentar mais de um significado, ocorrendo, basicamente, duas possibilidades: a) No primeiro exemplo, a palavra apresenta seu sentido original, impessoal, sem considerar o contexto, tal como aparece no dicionário. Nesse caso, prevalece o sentido denotativo - ou denotação - do signo linguístico. b) No segundo exemplo, a palavra aparece com outro significado, passível de interpretações diferentes, dependendo do contexto em que for empregada. Nesse caso, prevalece o sentido conotativo - ou conotação do signo linguístico. Obs.: a linguagem poética faz bastante uso do sentido conotativo das palavras, num trabalho contínuo de criar ou modificar o significado. Na linguagem cotidiana também é comum a exploração do sentido conotativo, como consequência da nossa forte carga de afetividade e expressividade. Curso Preparatório Trincheira Português Página 106 O que são Figuras de Linguagem: As figuras de linguagem são recursos usados na fala ou na escrita para tornar mais expressiva a mensagem transmitida. É muito importante saber identificar as diversas figuras de linguagem, porque desta forma é possível compreender melhor diferentes textos. Compreender e saber usar figuras de estilo nos capacita a usar de forma mais eficaz a linguagem como fenômeno social e nos ajuda a vislumbrar o simbolismo de algumas conversas e obras escritas. As figuras de linguagem podem ser subdivididas em figuras de palavras, figuras de pensamento e figuras de construção. Figuras de Palavras Catacrese: emprego de uma palavra no sentido figurado por não haver um termo próprio. Ex.: a perna dos óculos. Metáfora: estabelece uma relação de semelhança ao usar um termo com significado diferente do habitual. Ex.: A menina é uma flor. Comparação: parecida com a metáfora, a comparação é uma figura de linguagem usada para qualificar 1 característica parecida entre dois ou mais elementos. No entanto, no caso da comparação, existe uma palavra de conexão (como, parecia, tal, qual, assim, etc). Ex: "O olhar dela é como a lua, brilha maravilhosamente.". Metonímia: substituição lógica de uma palavra por outra semelhante. Ex.: Beber um copo de vinho. Onomatopeia: imitação de um som. Ex.: trrrimmmmm (telefone) Perífrase: uso de uma palavra ou expressão para designar algo ou alguém. Ex.: Cidade Luz (Paris) Sinestesia: mistura de diferentes impressões sensoriais. Ex.: o doce som da flauta Figuras de Pensamento Antítese: palavras de sentidos opostos. Ex.: bom/mau Paradoxo: referente a duas idéias contraditórias em uma só frase ou pensamento. Ex: "Ainda me lembro daquele silêncio ensurdecedor." Eufemismo: intenção de suavizar um fato ou atitude. Ex.: Foi para o céu (morreu) Hipérbole: exagero intencional. Ex.: morto de sono Ironia: afirmação contrária daquilo que se pensa. Ex.: É um santo! (para alguém com mau comportamento) Prosopopeia ou Personificação: atribuição de predicativos próprios de seres animados a seres inanimados. Ex.: O sol está tímido. Figuras de Construção Aliteração: repetição de um determinado som nos versos ou frases. Ex: o rato roeu a roupa... Anacoluto: alteração da construção normal da frase. Ex.: O homem, não sei o que pretendia. Anáfora: repetição intencional de uma palavra ou expressão para reforçar o sentido. Ex.: “Noite-montanha. Noite vazia. Noite indecisa. Confusa noite. Noite à procura, mesmo sem alvo.” (Carlos Drummond de Andrade) Elipse: omissão de um termo que pode ser identificado facilmente. Ex.: no trânsito, carros e mais carros. (há) Pleonasmo: repetição de um termo, redundância. Ex.: subir para cima Polissíndeto: repetição da conjunção entre os termos da oração. Ex.: “nem o céu, nem o mar, nem o brilho das estrelas” Zeugma: omissão de um termo já expresso anteriormente. Ex: Ele gosta de Inglês; eu, (gosto) de Alemão. Curso Preparatório Trincheira Português Página 107 Ao discutirmos acerca dos desvios linguísticos, devemos analisar alguns pontos que sobressaem nessa questão. Como seres eminentemente sociais, estamos inseridos a todo o momento nas diversas circunstâncias comunicativas, as quais nos conduzem a agir de formas diferentes, sobretudo no que tange ao nosso linguajar, por exemplo, quando participamos de uma conversa informal entre os amigos, de uma entrevista de emprego, de concursos e exames avaliativos... Tal fato nos remete tão somente à ideia de adequação. Pensando no nosso vestuário, cujo traje se adequa aos diferentes momentos do nosso cotidiano, o mesmo ocorre com nosso posicionamento enquanto interlocutores. Essa realidade se ajusta ao avanço dos estudos linguísticos, sobretudo da Sociolinguística, que prefere trabalhar não mais com a noção de erro, mas com a ideia referente a desvios em relação a uma variante – a chamada norma padrão. Esses desvios, quando desprovidos de certaintencionalidade, configuram a falta de domínio por parte do emissor ou muitas vezes em razão de um simples descuido. Mas, afinal, quando são intencionais o que ocorre? Tomamos, pois, como exemplos, duas ocorrências: uma relativa à música e outra relativa a uma criação poética, ambas expressas as seguir: Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro Oswald de Andrade Inútil A gente não sabemos Escolher presidente A gente não sabemos Tomar conta da gente A gente não sabemos Nem escovar os dente Tem gringo pensando Que nóis é indigente... [...] Ultraje a rigor Constatamos dois evidentes desvios, um no que tange à concordância verbal (letra musical) e outro no que se refere ao uso do pronome oblíquo, demarcado no início do período (poema). Diante disso, resta-nos compreender que se trata da licença poética, concedida à classe artística de uma forma geral, no sentido de embelezar, conferir um caráter enfático à mensagem, bem como revelar pensamentos e posturas ideológicas por parte do autor. Pois bem, munidos dessas percepções, por vezes salutares, passaremos a conhecer a partir de agora alguns casos que ilustram ocorrências tidas como desvios: Pleonasmo vicioso Diferentemente do pleonasmo contido nas figuras de construção ou sintaxe, há o pleonasmo vicioso cuja característica se refere à repetição desnecessária de uma ideia antes expressa: Com o barulho estrondoso, imediatamente todos saíram para fora. Barbarismo Caracteriza-se pelo desvio à norma culta, manifestado nos seguintes níveis: 1) Pronúncia a) Silabada – refere-se ao deslocamento do acento tônico de uma determinada palavra, como por exemplo: No documento constata apenas a rúbrica (em vez de rubrica) do comprador. b) Cacoépia – configura-se como um erro na pronúncia dos fonemas, tal como no exemplo: Esse é um probrema (em vez de problema) que temos de resolver. c) Cacografia – manifesta-se pelo desvio no que se refere à grafia ou flexão de uma dada palavra, veja: Se o delegado detesse (detivesse) todos os marginais, haveria mais segurança. Nós advinhamos (adivinhamos) que você viria. 2) Morfologia: Se ele ir (fosse) conosco, gostaríamos bastante. 3) Semântica Os comprimentos (cumprimentos) foram destinados ao vencedor do concurso. 4) Estrangeirismos – refere-se ao emprego de palavras pertencentes a outros idiomas quando já existe um termo equivalente na língua portuguesa: Curso Preparatório Trincheira Português Página 108 Comemoraremos seu aniversário em um happy hour (final de tarde). Como foi seu weekend? (fim de semana) Solecismo Configura um desvio em relação às regras da sintaxe, podendo ser de três ordens: a) de concordância: Falta cinco minutos para partirmos. (faltam) b) de regência: Obedecemos todas as normas prescritas pela empresa. (obedecemos a...) c) de colocação: Farei-te uma homenagem. (far-te-ei...) Ambiguidade ou anfibologia Manifesta-se pela falta de clareza contida no discurso: O guarda conduziu a idosa para sua residência. (residência de quem? Dela ou do guarda?). Assim, de modo a evitar tal ocorrência, o discurso teria de ser reformulado: O guarda conduziu a idosa até a casa dela. Cacofonia Manifesta-se pelo encontro de sílabas de palavras diferentes, resultando numa terceira palavra cujo som é desagradável ou inconveniente: Eu vi ela no supermercado. (Eu a vi no supermercado) Beijou na boca dela. (Beijou-a na boca) Eco Caracteriza-se pela utilização de palavras com terminações iguais ou semelhantes na frase, provocando dissonância: Sua atuação causou comoção em toda a população. Colisão Ocorre quando há dissonância por parte da repetição de consoantes iguais ou semelhantes: O sabido sempre sabe. Hiato Manifesta-se pela sequência de palavras cujos fonemas vocálicos produzem efeito sonoro desagradável: Ou eu, ou ela ou outra. Por Vânia Duarte Graduada em Letras Curso Preparatório Trincheira Português Página 109 O discurso é direto quando são as personagens que falam. O narrador, interrompendo a narrativa, as coloca em cena e cede-lhes a palavra. Exemplo: "- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa. - Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia. - Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura." (Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XXXIV) No discurso indireto não há diálogo, o narrador não põe as personagens a falar diretamente, mas faz-se o intérprete delas, transmitindo ao leitor o que disseram ou pensaram. Exemplo: "A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo." Para você ver como fica fácil vou passar o exemplo acima para o discurso direto: - Desejo muito conhecer Carlota - disse-me Glória, a certo ponto da conversação. Por que não a trouxe consigo? Veja mais: 1.1 Tipos de Discurso As falas - ou discursos - podem ser estruturadas de duas formas básicas, dependendo de como o narrador as reproduz: o discurso direto e o discurso indireto. 1.1.1 Discurso Direto O discurso direto caracteriza-se pela reprodução fiel da fala do personagem. COISA INCRÍVEIS NO CÉU E NA TERRA De uma feita, estava eu sentado sozinho num banco da Praça da Alfândega quando começaram a acontecer coisas incríveis no céu, lá para as bandas da Casa de Correção: havia uns tons de chá, que se foram avinhando e se transformaram nuns roxos de insuportável beleza. Insuportável, porque o sentimento de beleza tem de ser compartilhado. Quando me levantei, depois de findo o espetáculo, havia umas moças conhecidas, paradas à esquina da Rua da Ladeira. - Que crepúsculo fez hoje! - disse-lhes eu, ansioso de comunicação. - Não, não reparamos em nada - respondeu uma delas. - Nós estávamos aqui esperando Cezimbra. E depois ainda dizem que as mulheres não têm senso de abstração... Mário Quintana As falas do personagem-narrador e de uma das moças, reproduzidas integralmente e introduzidas por travessão, são exemplos do discurso direto. No discurso direto, a fala do personagem é, via de regra, acompanhada por um verbo de elocução, seguido de dois-pontos. Verbo de elocução é o verbo que indica a fala do personagem: dizer, falar, responder, indagar, perguntar, retrucar, afirmar, etc. No exemplo apresentado, o autor utiliza verbos de elocução ("disse-lhes eu", "respondeu uma delas), mas abre mão dos dois-pontos. Numa estrutura mais tradicional teríamos: "... havia umas moças conhecidas, paradas à esquina da Rua da Ladeira. Ansioso de comunicação, disse-lhes eu: - Que crepúsculo fez hoje! Respondeu-me uma delas: - Não, não reparamos em nada." 1.1.2 Discurso Indireto O discurso indireto ocorre quando o narrador utiliza suas próprias palavras para reproduzir a fala de um personagem. No discurso indireto também temos a presença de verbo de elocução (núcleo do predicado da oração principal), seguido de oração subordinada (fala do personagem). É o que ocorre na seguinte passagem. "Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse que havia sonhado que iria faltar feijão. Não era a primeira vez que esta cena ocorria. Dona Abigail consciente de seus afazeres de dona-de-casa vivia constantemente atormentada por pesadelos desse gênero. E deoutros gêneros, quase todos alimentícios. Ainda bêbado de sono o marido Curso Preparatório Trincheira Português Página 110 esticou o braço e apanhou a carteira sobre a mesinha de cabeceira: 'Quanto é que você quer?'" NOVAES, Carlos Eduardo. O sonho do feijão. Nesse trecho, temos a fala (discurso) de dois personagens: a do marido ('Quanto é que você quer') e a de Dona Abigail que disse ao marido "que havia sonhado que iria faltar feijão". Ao contrário da fala do marido, em que o narrador reproduz fielmente as palavras do personagem, a fala de Dona Abigail não é reproduzida como as palavras que ela teria utilizado naquele momento. O narrador é quem reproduz com suas próprias palavras aquilo que Dona Abigail teria dito. Temos aí um exemplo de discurso indireto. Veja como ficaria o trecho acima se fosse utilizado o discurso direto: "Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse-lhe: - Sonhei que vai faltar feijão." Verifique que, ao transformar o discurso indireto em discurso direto, o verbo de elocução (disse) se manteve, o conectivo (que) desapareceu e a fala da personagem passou a ser marcada por sinal de pontuação. Veja, ainda, que o verbo sonhar, que no discurso indireto se encontrava no pretérito mais-que-perfeito composto (havia sonhado), no discurso direto passa para o pretérito perfeito simples (sonhei), e o verbo ir, que no discurso indireto estava no pretérito (iria), no discurso direto aparece no presente do indicativo (vai). Repare que o tempo verbal, no discurso indireto, será sempre passado em relação ao tempo verbal do discurso direto. Reproduzimos, a seguir, um quadro com as respectivas relações: Verbo no presente do indicativo: - Não bebo dessa água - afirmou a menina. Verbo no pretérito imperfeito do indicativo: - A menina afirmou que não bebia daquela água. Verbo no pretérito perfeito: - Perdi meu guarda-chuva - disse ele. Verbo no pretérito mais-que-perfeito: Ele disse que tinha perdido seu guarda-chuva. Verbo no futuro do indicativo: - Irei ao jogo. Verbo no futuro do pretérito: Ele confessou que iria ao jogo. Verbo no imperativo: - Aplaudam! - ordenou o diretor. Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo: O diretor ordenou que aplaudíssemos. 1.1.3 Discurso Indireto Livre Finalmente, há um caso misto de reprodução das falas dos personagens em que se fundem palavras do narrador e palavras dos personagens; trata-se do discurso direto livre. Observe a seguinte passagem do romance As meninas, de Lygia Fagundes Telles. "Aperto o copo na mão. Quando Lorena sacode a bola de vidro a neve sobe tão leve. Rodopia flutuante e depois vai caindo no telhado, na cerca e na menininha de capuz vermelho. Então ela sacode de novo. 'Assim tenho neve o ano inteiro'. Mas por que neve o ano inteiro? Onde é que tem neve aqui? Acha lindo a neve. Uma enjoada. Trinco a pedra de gelo nos dentes." Na forma do discurso direto, teríamos: "Então ela sacode de novo e diz: - Assim tenho neve o ano inteiro. Mas por que neve o ano inteiro?" Na forma do discurso indireto, teríamos: "Então ela sacode de novo e diz que assim tem neve o ano inteiro." Outro Exemplo 1.1.3.1 Discurso Direto - Bom dia. Estou procurando um vestido para minha mulher. - O senhor sabe o número dela? - Ela é meio gordinha. - O maior tamanho que temos é 44. - Acho que é esse o número dela. Ou 44 ou 88. - Vou apanhar uns modelos para o senhor ver. 1.1.3.2 Discuro Indireto (conta com o narrador) O homem entrou na loja, saudou o vendedor e lhe disse que estava procurando um vestido para sua mulher. O vendedor lhe perguntou o número e ele apenas disse que sua mulher era um pouco gorda, ao que o vendedor respondeu que o maior número que tinham na loja era o 44. O homem afirmou que esse era o número dela, mas que também podia ser o 88. O vendedor saiu e foi buscar alguns modelos para que o homem pudesse vê- los." Veja mais ainda: Aí vai tudo o que você precisa saber sobre o assunto, diretamente de um dos maiores gramáticos brasileiros: Celso Cunha: Curso Preparatório Trincheira Português Página 111 1.1.4 Discurso direto Examinando este passo do conto Guaxinim do banhado, de Mário de Andrade: "O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira lá na língua dele - "Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!..." verificamos que o narrado, após introduzir o personagem, o guaxinim, deixou-o expressar-se "Lá na língua dele", reproduzindo-lhe a fala tal como ele a teria organizado e emitido. A essa forma de expressão, em que o personagem é chamado a apresentar as suas próprias palavras, denominamos discurso direto. Observação No exemplo anterior, distinguimos claramente o narrador, do locutor, o guaxinim. Mas o narrador e locutor podem confundir-se em casos como o das narrativas memorialistas feitas na primeira pessoa. Assim, na fala de Riobaldo, o personagem-narrador do romance de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. "Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do que em primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?" Ou, também, nestes versos de Augusto Meyer, em que o autor, liricamente identificado com a natureza de sua terra, ouve na voz do Minuano o convite que, na verdade, quem lhe faz é a sua própria alma: "Ouço o meu grito gritar na voz do vento: - Mano Poeta, se enganche na minha garupa!" 1.1.5 Características do discurso direto 1. No plano formal, um enunciado em discurso direto é marcado, geralmente, pela presença de verbos do tipo dizer, afirmar, ponderar, sugerir, perguntar, indagar ou expressões sinônimas, que podem introduzi-lo, arrematá-lo ou nele se inserir: "E Alexandre abriu a torneira: - Meu pai, homem de boa família, possuía fortuna grossa, como não ignoram." (Graciliano Ramos) "Felizmente, ninguém tinha morrido - diziam em redor." (Cecília Meirelles) "Os que não têm filhos são órfãos às avessas", escreveu Machado de Assis, creio que no Memorial de Aires. (A.F. Schmidt) Quando falta um desses verbos dicendi, cabe ao contexto e a recursos gráficos - tais como os dois pontos, as aspas, o travessão e a mudança de linha - a função de indicar a fala do personagem. É o que observamos neste passo: "Ao aviso da criada, a família tinha chegado à janela. Não avistaram o menino: - Joãozinho! Nada. Será que ele voou mesmo?" 2. No plano expressivo, a força da narração em discurso direto provém essencialmente de sua capacidade de atualizar o episódio, fazendo emergir da situação o personagem, tornando-o vivo para o ouvinte, à maneira de uma cena teatral, em que o narrador desempenha a mera função de indicador das falas. Daí ser esta forma de relatar preferencialmente adotada nos atos diários de comunicação e nos estilos literários narrativos em que os autores pretendem representar diante dos que os lêem "a comédia humana, com a maior naturalidade possível". (E. Zola) 1.1.6 Discurso indireto 1. Tomemos como exemplo esta frase de Machado de Assis: "Elisiário confessou que estava com sono." Ao contrário do que observamos nos enunciados em discurso direto, o narrador incorpora aqui, ao seu próprio falar, uma informação do personagem (Elisiário), contentando-se em transmitir ao leitor o seu conteúdo, sem nenhum respeito à forma linguística que teria sido realmente empregada. Este processo de reproduzir enunciados chama-se discurso indireto. 2. Também, neste caso, narrador e personagem podem confundir-se num só: "Engrosso a voz e afirmo que sou estudante." (Graciliano Ramos) Características do discurso indireto 1. No plano formal verifica-se que, introduzidas também porum verbo declarativo (dizer, afirmar, ponderar, confessar, responder, etc), as falas dos personagens se contêm, no entanto, numa oração subordinada substantiva, de regra desenvolvida: "O padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tantos doudos no mundo e menos ainda o inexplicável de alguns casos." Nestas orações, como vimos, pode ocorrer a elipse da conjunção integrante: Português Página 112 "Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava podiam ser onze horas." (Lima Barreto) A conjunção integrante falta, naturalmente, quando, numa construção em discurso indireto, a subordinada substantiva assume a forma reduzida.: "Um dos vizinhos disse-lhe serem as autoridades do Cachoeiro." (Graça Aranha) 2. No plano expressivo assinala-se, em primeiro lugar, que o emprego do discurso indireto pressupõe um tipo de relato de caráter predominantemente informativo e intelectivo, sem a feição teatral e atualizadora do discurso direto. O narrador passa a subordinar a si o personagem, com retirar-lhe a forma própria da expressão. Mas não se conclua daí que o discurso indireto seja uma construção estilística pobre. É, na verdade, do emprego sabiamente dosado de um e de outro tipo de discurso que os bons escritores extraem da narrativa os mais variados efeitos artísticos, em consonância com intenções expressivas que só a análise em profundidade de uma dada obra pode revelar. 1.1.7 Transposição do discurso direto para o indireto Do confronto destas duas frases: "- Guardo tudo o que meu neto escreve - dizia ela." (A.F. Schmidt) "Ela dizia que guardava tudo o que o seu neto escrevia." verifica-se que, ao passar-se de um tipo de relato para outro, certos elementos do enunciado se modificam, por acomodação ao novo molde sintático. a) Discurso direto enunciado 1ª ou 2ª pessoa. "-Devia bastar, disse ela; eu não me atrevo a pedir mais." (M. de Assis) Discurso indireto: enunciado em 3ª pessoa: "Ela disse que deveria bastar, que ela não se atrevia a pedir mais" b) Discurso direto: verbo enunciado no presente: "- O major é um filósofo, disse ele com malícia." (Lima Barreto) Discurso indireto: verbo enunciado no imperfeito: "Disse ele com malícia que o major era um filósofo." c) Discurso direto: verbo enunciado no pretérito perfeito: "- Caubi voltou, disse o guerreiro Tabajara."(José de Alencar) Discurso indireto: verbo enunciado no pretérito mais- que-perfeito: "O guerreiro Tabajara disse que Caubi tinha voltado." d) Discurso direto: verbo enunciado no futuro do presente: "- Virão buscar V muito cedo? - perguntei."(A.F. Schmidt) Discurso indireto: verbo enunciado no futuro do pretérito: "Perguntei se viriam buscar V. muito cedo" e) Discurso direto: verbo no modo imperativo: "- Segue a dança! , gritaram em volta. (A. Azevedo) Discurso indireto: verbo no modo subjuntivo: "Gritaram em volta que seguisse a dança." f) Discurso direto: enunciado justaposto: "O dia vai ficar triste, disse Caubi." Discurso indireto: enunciado subordinado, geralmente introduzido pela integrante que: "Disse Caubi que o dia ia ficar triste." g) Discurso direto:: enunciado em forma interrogativa direta: "Pergunto - É verdade que a Aldinha do Juca está uma moça encantadora?" (Guimarães Rosa) Discurso indireto: enunciado em forma interrogativa indireta: "Pergunto se é verdade que a Aldinha do Juca está uma moça encantadora." h) Discurso direto: pronome demonstrativo de 1ª pessoa (este, esta, isto) ou de 2ª pessoa (esse, essa, isso). "Isto vai depressa, disse Lopo Alves."(Machado de Assis) Discurso indireto: pronome demonstrativo de 3ª pessoa (aquele, aquela, aquilo). "Lopo Alves disse que aquilo ia depressa." i) Discurso direto: advérbio de lugar aqui: Curso Preparatório Trincheira Português Página 113 "E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta, concluindo: - Aqui, não está o que procuro."(Afonso Arinos) Discurso indireto: advérbio de lugar ali: "E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta, concluindo que ali não estava o que procurava." 1.1.8 Discurso indireto livre Na moderna literatura narrativa, tem sido amplamente utilizado um terceiro processo de reprodução de enunciados, resultante da conciliação dos dois anteriormente descritos. É o chamado discurso indireto livre, forma de expressão que, ao invés de apresentar o personagem em sua voz própria (discurso direto), ou de informar objetivamente o leitor sobre o que ele teria dito (discurso indireto), aproxima narrador e personagem, dando-nos a impressão de que passam a falar em uníssono. Comparem-se estes exemplos: "Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve um momento em que esteve quase... quase! Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qualquer urubu... que raiva... " (Ana Maria Machado) "D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos." (Graciliano Ramos) "O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da espinha. Era uma urutu, a terrível urutu do sertão, para a qual a mezinha doméstica nem a dos campos possuíam salvação. Perdido... completamente perdido..." ( H. de C. Ramos) 1.1.9 Características do discurso indireto livre Do exame dos enunciados em itálico comprova- se que o discurso indireto livre conserva toda a afetividade e a expressividade próprios do discurso direto, ao mesmo tempo que mantém as transposições de pronomes, verbos e advérbios típicos do discurso indireto. É, por conseguinte, um processo de reprodução de enunciados que combina as características dos dois anteriormente descritos. 1. No plano formal, verifica-se que o emprego do discurso indireto livre "pressupõe duas condições: a absoluta liberdade sintática do escritor (fator gramatical) e a sua completa adesão à vida do personagem (fator estético) " (Nicola Vita In: Cultura Neolatina). Observe-se que essa absoluta liberdade sintática do escritor pode levar o leitor desatento a confundir as palavras ou manifestações dos locutores com a simples narração. Daí que, para a apreensão da fala do personagem nos trechos em discurso indireto livre, ganhe em importância o papel do contexto, pois que a passagem do que seja relato por parte do narrador a enunciado real do locutor é, muitas vezes, extremamente sutil, tal como nos mostra o seguinte passo de Machado de Assis: "Quincas Borba calou-se de exausto, e sentou-se ofegante. Rubião acudiu, levando-lhe água e pedindo que se deitasse para descansar; mas o enfermo após alguns minutos, respondeu que não era nada. Perdera o costume de fazer discursos é o que era." 2. No plano expressivo, devem ser realçados alguns valores desta construção híbrida: a) Evitando, por um lado, o acúmulo de quês, ocorrente no discurso indireto, e, por outro lado, os cortes das oposições dialogadas peculiares ao discurso direto, o discurso indireto livre permite uma narrativa mais fluente, de ritmo e tom mais artisticamente elaborados; b) O elo psíquico que se estabelece entre o narrador e personagem neste molde frásico torna-o o preferido dos escritores memorialistas, em suas páginas de monólogo interior; c) Finalmente, cumpre ressaltar que o discurso indireto livre nem sempre aparece isolado em meio da narração. Sua "riqueza expressiva aumenta quando ele se relaciona, dentro do mesmo parágrafo, com os discursos direto e indireto puro", pois o emprego conjunto faz que para o enunciado confluam, "numa soma total, ascaracterísticas de três estilos diferentes entre si". Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 1 FRAÇÕES EQUIVALENTES, NÚMEROS FRACIONÁRIOS, OPERAÇÕES COM FRAÇÕES. FRAÇÃO Fração é a representação da parte de um todo (de um ou mais inteiros), assim, podemos considerá-la como sendo mais uma representação de quantidade, ou seja, uma representação numérica, com ela podemos efetuar todas as operações como: adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação, radiciação. Dessa forma, toda fração pode ser representada em uma reta numerada, por exemplo, 1/2 (um meio) significa que de um inteiro foi considerada apenas a sua metade, portanto, podemos dizer que em uma reta numerada a fração 1/2 estará entre os números inteiros 0 e 1. Por ser uma forma diferente de representação numérica, a fração irá possui uma nomenclatura específica e poderá ser escrita em forma de porcentagem, números decimais (números com vírgula) e números mistos. Assim, podemos concluir que o surgimento do número fracionário veio da necessidade de representar quantidades menores que inteiros, por exemplo, 1 bolo é um inteiro, mas se comermos um pedaço, qual seria a representação numérica que esse pedaço e o resto do bolo representaria? Foi a necessidade de criar uma representação numérica para as partes de um inteiro que proporcionou o surgimento dos números fracionários que iremos estudar nesta seção. Adição e subtração de fração As operações de adição e subtração com fração dependem unicamente do denominador, ou seja, dependem da quantidade de partes que um inteiro foi dividido. Podendo ser iguais ou diferentes, assim diferenciando a resolução. Quando os denominadores forem iguais devemos somar ou diminuir as partes consideradas do inteiro (numeradores) e conservar as partes que o inteiro foi dividido (denominadores). 1/5 + 2/5 = 3/5, pois somamos os numeradores 1 + 2 e conservamos o denominador 5. 3/4 + 2/4 = 5/4, pois somamos os numeradores 3 + 2 e conservamos o denominador 4. 2/5 – 1/5 = 1/5, pois subtraímos os numeradores 2 -1 e conservamos o denominador 5. Quando os denominadores forem diferentes é preciso torná-los iguais antes de resolver a operação de adição ou subtração, utilizando as técnicas que a redução de uma fração ao mesmo denominadoroferece. Para resolver 1/5 + 2/10 é preciso que encontremos o mmc de 5 e 10 (os denominadores diferentes das frações) que será o próprio 10. Encontrando assim as respectivas frações equivalentes 2/10 e 2/10. Com essas frações efetuamos a soma: 2/10 + 2/10 = 4/10, portanto 1/5 + 2/10 = 4/10. Na operação de subtração o processo é o mesmo, só irá diferenciar-se ao operar. Comparação de Fração As frações possuem o objetivo de representar partes de um inteiro através de situações geométricas ou numéricas. Podemos comparar frações utilizando a representação numérica através de algumas técnicas e propriedades. Comparar significa analisar qual representa a maior ou menor quantidade ou se elas são iguais. 1º situação Quando os denominadores são iguais, basta compararmos somente o valor dos numeradores. Observe a comparação entre as frações . Note que os denominadores são iguais, dessa forma, vamos comparar os numeradores: 4 > 2 (quatro é maior que dois), então . Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 2 Veja outra comparação envolvendo as frações . Os denominadores também são iguais, assim basta identificarmos qual dos numeradores é maior. Percebemos que 15 é maior que 7 (15 > 7), portanto . 2ª situação Quando os denominadores são diferentes, devemos realizar operações no intuito dos denominadores se tornarem iguais. Quando eles se tornam iguais aplicamos as definições da 1ª situação. O processo que irá transformar os denominadores em valores iguais é chamado de redução e consiste em descobrir um número pelo qual iremos multiplicar os membros de uma fração para que os denominadores assumam o mesmo valor. Observe: As frações dadas possuem denominador 6 e 3, respectivamente. Vamos multiplicar os membros da 1ª equação por 3 e multiplicar os membros da 2ª equação por 6. Veja: Note que , portanto . Observe que multiplicamos os membros da 1ª equação pelo denominador da 2ª equação e os membros da 2ª equação pelo denominador da 1ª equação. Veja mais um exemplo: Vamos comparar as frações . Vamos aplicar as reduções nas frações utilizando a regra prática já enunciada. Observe que , dessa forma temos que . Divisão com frações A resolução da operação de divisão envolvendo frações depende de algumas informações importantes, como: • A divisão de dois números inteiros pode ter seu quociente (resultado da divisão) representado na forma de fração, desde que o divisor seja diferente de zero. Exemplo: a divisão dos números 10:13, pode ter seu quociente representado na forma de fração, assim: . • Ao efetuarmos a expressão: 45: (5x3) podemos resolvê-la da seguinte forma: 45 : (5x3) = 45:5:3 Resolvendo pela ordem das operações teremos: 45:(5x3) = 45:5:3 = 9:3 = 3. Com base nessas duas informações veja como podemos chegar ao quociente de uma divisão de duas frações. Considere a divisão , observe cada passo tomado para a sua resolução. A fração pode ser representada pela operação da multiplicação da seguinte forma: 3 = 1 x 3 4 4 Assim escrevemos: Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 3 A divisão , pode ser resolvida da seguinte forma: Representamos em um mesmo inteiro as duas frações e percebemos que: A fração 1/4 cabe duas vezes na fração 1/2, portanto, podemos dizer que: Substituindo na expressão temos: Dessa forma, a divisão Como base nessa demonstração podemos concluir que: , que simplificado é igual a 2/3, dessa forma, podemos deduzir a seguinte definição para encontramos o quociente de uma divisão com fração: O quociente de duas frações é o produto da primeira pelo inverso da segunda. Fração e as Operações Matemáticas As frações pertencem ao conjunto dos números racionais e o uso delas está presente em diversas situações matemáticas. Em algumas sentenças envolvendo frações é preciso o conhecimento adequado de técnicas de resolução como adicionar, subtrair, multiplicar, dividir e cálculo de potências. Vamos demonstrar a resolução de algumas expressões seguida de comentários. Exemplo 1 Reduzir os denominadores ao mesmo valor através do mmc e da proporcionalidade. Realizar as operações dentro de todos os parênteses Multiplicar os parênteses Realizar a simplificação Exemplo 2 No 1º parênteses, igualar os denominadores e no 2º, aplicar a potenciação Multiplicar os parênteses Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 4 Exemplo 3 1º passo: redução dos denominadores ao mesmo valor. 2º passo: operação entre os numeradores de cada fração. 3º passo: divisão de frações. 4º passo: propriedade da divisão de frações → repete a 1ª fração e multiplica pelo inverso da 2ª. 5º passo: simplificação de frações. Exemplo 4 Fração e PorcentagemAs frações são utilizadas para representar partes de um todo, de alguma coisa. A origem das frações está relacionada à necessidade de se representar, numericamente, valores não inteiros, menores que 1. Com as frações podemos realizar operações de adição, multiplicação, subtração e divisão. Toda fração é considerada um elemento do conjunto dos números racionais, que é representado pela letra Q. A palavra porcentagem apresenta ligações estreitas com a ideia de fração, uma vez que significa partes de 100. Ora, se é parte de um todo então é uma fração. Vamos compreender melhor a relação entre porcentagem e as frações. Definição de porcentagem: Se x é um número real, então x% representa a fração x/100. Isso significa que: Como a porcentagem pode ser escrita na forma de fração, podemos realizar facilmente cálculos que envolvam essas ideias. Veremos alguns exemplos de como isso pode ser feito. Exemplo 1. Sabe-se que 55% dos estudantes de uma sala são do sexo feminino. Como na classe há 40 estudantes, quantas meninas há nessa sala? Solução: Vamos fazer uma interpretação simples do problema. Foi dito que: 55% dos alunos são do sexo feminino. Ou seja: Número de meninas = 55% de 40 Nesse tipo de problema, a palavra “de” representa a operação de multiplicação. Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 5 Assim, teremos: 55% de 40=55% ∙40 Dessa forma não é possível realizar o cálculo. Devemos, então, escrever a porcentagem na forma de fração. Assim, podemos afirmar que nessa sala há 22 alunos do sexo feminino. Exemplo 2. Calcule: a) 36% de 125 Solução: b) 42% de 80 Solução: c) 70% de 200 Solução: d) 99% de 52 Solução: Para facilitar os cálculos, as frações que representam a porcentagem podem ser simplificadas. Veja: Além disso, podemos escrever a porcentagem na forma decimal, também a fim de facilitar os cálculos na resolução de problemas. Fração Equivalente Dizemos que uma fração é uma parte de um inteiro que pode ser representada geometricamente ou numericamente. Podemos dividir o inteiro em diversas partes, as quais representarão quantidades diferentes e outras que representarão uma mesma quantidade. No caso de frações diferentes que representam a mesma quantidade, damos o nome de frações equivalentes. A única condição para que existam frações equivalentes é que elas pertençam ao mesmo inteiro. Observe o retângulo a seguir, ele representa o inteiro: Ao dividirmos ao meio, isto é, em duas partes, e destacarmos 1 parte, teremos a seguinte fração: . Dividindo o mesmo inteiro em 4 partes e destacando 2, teremos a seguinte fração: . Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 6 Caso o inteiro seja dividido em 16 partes iguais e destacamos 8, a fração representará numericamente a seguinte parte geométrica: As frações apresentadas são equivalentes, todas possuem representação numérica diferente, mas expressam quantidades iguais. Nesse caso, elas estão representando sempre a metade do inteiro. Observe as frações na forma geométrica e numérica: Para indicarmos quando duas ou mais frações são equivalentes, utilizamos o símbolo ~ ou o símbolo da igualdade +. Para identificarmos se duas ou mais frações são equivalentes, basta aplicarmos os princípios de simplificação conhecidos, isto é, dividir o numerador e o denominador pelo mesmo número, reduzindo a fração à forma irredutível. Se as formas irredutíveis forem idênticas, dizemos que as frações são equivalentes. Veja exemplos: Verifique que as frações ao serem reduzidas à forma irredutível se tornaram idênticas, portanto, elas são equivalentes. Multiplicação com Fração A multiplicação é uma operação básica que surge para simplificar a soma de parcelas iguais. Por exemplo, a adição 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2, pode ser escrita através da multiplicação 2 * 9, que corresponde a 18. A operação da multiplicação é aplicada a qualquer conjunto numérico, dos Naturais aos Reais. No caso dos racionais, principalmente os números fracionários, a multiplicação deve ser utilizada respeitando algumas regras básicas, como multiplicar numerador por numerador e denominador por denominador. Na multiplicação de números fracionários, é valido o jogo de sinal entre os fatores. Observe tabela de jogo de sinais: (+) * (+) = (+) (+) * (–) = (–) (–) * (+) = (–) (–) * (–) = (+) Os exemplos a seguir demonstrarão passo a passo o andamento de uma multiplicação envolvendo números racionais na forma fracionária. Exemplos: Caso seja necessário, os produtos apresentados e que constituem frações, podem ser escritos de Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 7 forma mais simples, isto é, na forma de fração irredutível. Para tal procedimento utilizamos a simplificação de frações, que é feita encontrando o maior divisor comum ao numerador e ao denominador. Veja exemplos de simplificação: Nomenclatura de fração As frações possuem dois tipos de representação, uma geométrica (desenho) e outra na forma de expressão matemática. É importante lembrar que fração é uma representação da parte de um todo. Para termos uma representação fracionária devemos primeiramente constituir todo o inteiro. A figura a seguir representa um inteiro. Podemos dividir a pizza em várias partes. A pizza foi dividida em oito partes iguais, cada parte irá representar uma fração de acordo com o inteiro. Se retirarmos um pedaço, ele corresponderá a um oitavo do inteiro. Toda fração na forma de expressão matemática é representada de acordo com uma regra geral, seus termos recebem nomes: numerador e denominador. O numerador tem o objetivo de representar determinada parte do inteiro. O denominador representa a quantidade de partes que o inteiro foi dividido. O numerador e o denominador são separados por uma barra, que também tem a finalidade de expressar a operação da divisão. Podemos representar as partes da pizza dividida da seguinte maneira: Sabendo que uma fração deve ser representada por um numerador e um denominador, fica fácil compreendermos a sua nomenclatura. A leitura de uma fração irá depender do seu denominador. A nomenclatura de uma fração pode ser dividida em dois grupos: - o primeiro compreende os denominadores iguais a 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 100, 1000. - o segundo compreende os denominadores que não pertencem ao primeiro grupo, como 12, 20, 51. Para denominadores iguais a 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 100, 1000, a leitura das frações fica da seguinte forma: Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 8 Segundo grupo: considerando que o denominador seja qualquer outro número, acrescentamos na sua leitura a palavra “avos”. Número misto Toda fração imprópria pode ser escrita na forma de número misto. Esse tipo de número é formado por uma ou mais partes inteiras mais uma parte fracionária. Considere a seguinte fração imprópria . A sua representação em forma de desenho será: Vamos considerar como sendo um inteiro a seguinte circunferência: Para representarmos a fração será preciso dividir o inteiro (a circunferência) em 2 partes iguais e considerar 5 partes,como 2 < 5, termos que construir mais de um inteiro, veja: Assim, podemos dizer que . Portanto, o número é a representação mista da fração imprópria . Seguindo esse mesmo raciocínio podemos transformar um número misto em fração imprópria e fração imprópria em número misto. Veja algumas regras práticas que facilitam essas transformações: Primeiro apresentaremos a transformação de fração imprópria em número misto. Dada a fração imprópria , para representarmos em forma mista teremos que efetuar a seguinte divisão: 15 : 7 Os elementos que compõem uma divisão são nomeados da seguinte forma: Assim, podemos dizer que na divisão de 15 : 7, o 15 é o dividendo, 7 é o divisor, 1 é o resto e 2 é o quociente. Utilizando esses elementos da divisão, formaremos o número misto que representará a fração imprópria . O valor que representar o quociente será a parte inteira, o valor que representar o resto será o numerador e o valor que representar o divisor será o denominador, assim temos = . Agora veremos o inverso: como transformar número misto em fração imprópria. Dada o número misto , para transformá-lo em fração imprópria teremos que seguir a regra: repetir o denominador e multiplicar o denominador pela parte inteira e somar o produto com o numerador, veja: Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 9 Assim, o número misto terá como fração imprópria . Potenciação de Frações Algébricas A potenciação de frações algébricas utiliza o mesmo processo das frações numéricas, o expoente precisa ser aplicado ao numerador e ao denominador, considerando o valor do denominador diferente de zero. Após o desenvolvimento da potenciação, se for o caso, simplifique a fração, pois dividindo seus elementos pelo mesmo número, isto é, pelo divisor comum ao numerador e ao divisor. Observe alguns exemplos: Frações Numéricas Frações Algébricas Nos casos em que o expoente possui sinal negativo, devemos inverter a base e trocar o sinal do expoente para positivo. Feito esse processo, basta aplicar o expoente ao numerador e ao denominador. Observe: Algumas situações exigem maior complexidade nos cálculos, utilizando as propriedades estudadas como soma de frações com denominadores diferentes, mmc de polinômios, expoente negativo, divisão de frações, multiplicação de frações, potenciação e simplificação de termos semelhantes. Veja: Problemas envolvendo números fracionários A maneira como resolvemos uma situação problema é sempre a mesma, o que pode ser diferente é a estratégia de resolução, pois cada uma delas envolve um conteúdo diferente. Levando em consideração os problemas matemáticos que envolvem números fracionários, podemos utilizar como estratégia na sua resolução a construção de figuras que representem os inteiros ou partes deles (fração). Veja o exemplo de situação problema envolvendo números fracionários. Uma piscina retangular ocupa 2/15 de uma área de lazer de 300 m2. A parte restante da área de lazer equivale a quantos metros quadrados? Resolução: Considere o retângulo abaixo como sendo a área de lazer completa. Para representarmos 2/15 (área ocupada pela piscina) na região retangular que está representando a área de lazer, basta dividir esse retângulo em 15 partes iguais e considerar apenas duas como sendo ocupadas pela piscina. Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 10 Foi dito no enunciado que a área total é de 300m², portanto, a área que a piscina ocupa será de: 2 de 300 = 300:15 x2 = 40m2. Dessa forma, cada 1/15 do terreno corresponde a 20m². 15 Observando a figura acima percebemos que a fração que irá corresponder à parte restante da área de lazer é 13/15, dessa forma, para descobrirmos quanto isso representa em metros quadrados basta multiplicar 20 por 13 que será igual a 260m2 de área restante. Redução de fração ao mesmo denominador Podemos transformar duas frações que representam quantidades diferentes de um mesmo inteiro, por exemplo, 1/2 e 2/5 em frações com denominadores iguais. Esse processo é conhecido como redução de fração ao mesmo denominador. Para reduzir as frações 1/2 e 2/5 ao mesmo denominador devemos encontrar as frações equivalentes a cada uma delas, ou seja, frações diferentes, mas que representam a mesma quantidade. 1/2 é o mesmo que a metade de um inteiro, pois dividimos o inteiro em 2 partes iguais e consideramos 1, portanto é possível dividir esse mesmo inteiro em partes diferentes e continuar considerando a metade do inteiro, veja: Todas essas frações 2/4, 3/6, 4/8 e 5/10 são equivalentes a 1/2, pois representa a mesma quantidade. Se pegarmos esse mesmo inteiro utilizado acima e encontrarmos frações equivalentes a 2/5, teremos: Como as frações equivalentes a 1/2 e 2/5 foram encontradas levando em consideração o mesmo inteiro, podemos dizer que as frações 1/2 e 2/5 transformadas em um mesmo denominador ficariam respectivamente iguais a 5/10 e 4/10. Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 11 Uma maneira mais prática de reduzir as frações ao mesmo denominador é encontrar o mínimo múltiplo comum (menor múltiplo comum) dos números que representam os denominadores, por exemplo: As frações 3/20 e 5/6 possuem os números 20 e 6 como denominadores e o menor múltiplo comum (mmc) entre eles é 60. Assim, o denominador comum das frações 3/20 e 5/6 será 60. Depois de encontrar o “novo denominador” temos que dividi-lo pelo “antigo” e multiplicar o resultado pelo numerador, devemos fazer sempre esse processo, pois se mudamos o denominador temos que encontrar um numerador proporcional. Veja como é feito: Simplificação de Fração Simplificar uma fração consiste em reduzir o numerador e o denominador através da divisão pelo máximo divisor comum aos dois números. Uma fração está totalmente simplificada quando verificamos que seus termos estão totalmente reduzidos a números que não possuem termos divisíveis entre si. Uma fração simplificada sofre alteração do numerador e do denominador, mas seu valor matemático não é alterado, pois a fração quando tem seus termos reduzidos se torna uma fração equivalente. A fração possui as seguintes frações equivalentes: . Elas são formadas por elementos diferentes, mas todas possuem o mesmo valor proporcional. Nesse exemplo, temos que a fração é a fração irredutível de . Simplificar uma fração consiste em dividir o numerador e o denominador pelo mesmo número. Você pode simplificar uma fração por partes, veja: Ou você pode simplificar a fração uma única vez. Para isso, você deve identificar o máximo divisor comum aos dois termos. Observe: O máximo divisor comum aos números 24 e 36 é o 12. Então, simplificamos da seguinte maneira: Observe mais alguns exemplos de simplificação. O MDC entre 32 e 40 é 8. O MDC entre 63 e 81 é 9. O MDC entre 90 e 120 é 30. Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 12 O MDC entre 36 e 66 é 6. Portanto, para que uma fração se torne irredutível, devemos dividir o numerador e o denominador pelo maior divisor comum ou realizar a simplificação por partes. Lembre-se deque toda fração irredutível possui inúmeras frações equivalentes. Tipo de fração Fração não é necessariamente a parte que tiramos deum inteiro, ela pode ser partes de um inteiro completo, dois inteiros completos, um inteiro mais uma parte, e assim sucessivamente. Levando em consideração todas as formas possíveis de encontrarmos uma fração podemos classificá-las em: próprias, impróprias ou aparentes. Fração própria Toda fração que for considerada própria deverá ser menor que um inteiro, ou seja, seu numerador é menor que seu denominador. Considerando o inteiro dividido em 8 parte iguais . Se colorirmos 5 partes desse inteiro teremos: A fração que irá representar a parte colorida é e a fração que irá representar a parte que não foi colorida é . As duas frações são classificadas como próprias, pois são menores que um inteiro. Uma maneira prática de perceber se uma fração é ou não própria é observar o numerador e o denominador, portanto é própria, pois 5 (numerador) < 8 (denominador). Fração imprópria As frações impróprias são maiores que um inteiro, ou seja, o seu numerador é maior que o denominador. A fração é uma fração imprópria, pois 5 (numerador) > 3 (denominador), veja como representaríamos: significa que repartimos um inteiro em três partes e consideramos 5. Como 5 > 3, temos que construir mais um inteiro idêntico ao outro e completar a fração. 1 inteiro mais 2/3 é igual a Fração aparente Fração aparente é um tipo de fração imprópria, sendo que os numeradores são múltiplos dos denominadores, ou seja, ao dividirmos o numerador pelo denominador iremos obter valor inteiro como resposta. A fração representa dois inteiros completos, pois 6 : 3 = 2, assim considerada aparente. Veja a sua representação: Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 13 2 inteiros são iguais a . EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01 – Com 12 litros de leite, quantas garrafas de 2/3 de litros poderão ser cheias ? 02 – Coriolano faz um cinto com 3/5 de um metro de couro. Quantos cintos poderão ser feitos com 18 metros de couro ? 03 – Qual é o número cujos 4/5 equivalem a 108 ? 04 – Distribuíram-se 3 1/2 quilogramas de bombons entre vários meninos. Cada um recebeu 1/4 de quilograma. Quantos eram os meninos ? 05 – Para ladrilhar 2/3 de um pátio empregaram- se 5 456 ladrilhos. Para ladrilhar 5/8 do mesmo pátio, quantos ladrilhos seriam necessários ? 06 – Dona Solange pagou R$ 5.960,00 por 4/7 de um terreno. Quanto pagaria por 4/5 desse terreno? 07 – Luciano fez uma viagem de 1.210 km, sendo 7/11 de aeroplano; 2/5 do resto, de trem, 3/8 do novo resto, de automóvel e os demais quilômetros, a cavalo. Calcular quantos quilômetros percorreu a cavalo ? 08 – A terça parte de um número adicionado a seus 3/5 é igual a 28. Calcule a metade desse número ? 09 – Carolina tinha R$ 175,00. Gastou 1/7 de 1/5 dessa importância. Quanto sobrou ? 10 – Que número é necessário somar a um e três quartos para se obter cinco e quatro sétimos ? 11 – A soma de dois números é 850. Um vale 12/5 do outro. Quais são eles ? 12 – Se dos 2/3 de um número subtrairmos seus 3/7, ficaremos com 45. Qual é o número? 13 – A soma de três números é 30. O primeiro corresponde aos 2/3 do segundo e este, aos 3/5 do terceiro. Calcular o produto destes três números. 14 – Se 7/8 de um terreno valem R$ 21.000,00, qual é o valor de 5/48 do mesmo terreno? 15 – Qual é o número que se da metade subtrairmos 8 unidades ficaremos com 1/3 dele mesmo ? 16 – Da terça parte de um número subtraindo-se 12, fica-se com 1/6 do mesmo número. Que número é esse ? 17 – Qual é o número que retirando 48 unidades de sua metade, encontramos a sua oitava parte ? 18 – A diferença entre dois números é 90; um é 3/13 do outro. Calcular os números. 19 – A soma de dois números é 345; um é 12/11 do outro. Calcule-os. 20 – Seu Áureo tendo gasto 4/7 do dinheiro que possuía, ficou com 1/3 dessa quantia mais R$ 164,00. Quanto tinha o velho Áureo? 21 – Divida R$ 1590,00 em três partes de modo que a primeira seja 3/4 da segunda e esta 4/5 da terceira. 22 – Se eu tivesse apenas 1/5 do que tenho, mais R$ 25,00. teria R$ 58,00. Quanto tenho ? 23 – A nona parte do que tenho aumentada de R$ 17,00 é igual a R$ 32,50. Quanto possuo ? 24 – Zé Augusto despendeu o inverso de 8/3 de seu dinheiro e ficou com a metade mais R$ 4,30. Quanto possuía ? 25 – Repartir 153 cards em três montes de forma que o primeiro contenha 2/3 do segundo o qual deverá ter 3/4 do terceiro. 26 – Distribuir 3.717 tijolos por três depósitos de tal maneira que o primeiro tenha 3/4 do segundo e este 5/6 do terceiro. 27 – O diretor de um colégio quer distribuir os 105 alunos da 4ª série em três turmas de modo que a 1ª comporte a terça parte do efetivo; a 2ª, 6/5 da 1ª, menos 8 estudantes e a 3ª, 18/17 da 2ª. Quantos alunos haverá em cada turma ? 28 – Dividiu-se uma certa quantia entre três pessoas. A primeira recebeu 3/5 da quantia, menos R$ 100,00; a segunda, 1/4 , mais R$ 30,00 e a terceira, R$ 160,00. Qual era a quantia ? 29 – Um número é tal que, se de seus 2/3 subtrairmos 1.036, ficaremos com 4/9 do mesmo. Que número é esse? 30 – Das laranjas de uma caixa foram retirados 4/9, depois 3/5 do resto, e ficaram 24 delas. Quantas eram as laranjas ? Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 14 Resolução dos exercícios de frações 01) 18 garrafas 02) 30 cintos 03) 135 04) 14 meninos 05) 5.115 06) R$ 8.344,00 07) 165 km 08) 15 09) R$ 170,00 10) 11) 600 e 250 12) 189 13) 810 14) R$ 2.500,00 15) 48 16) 72 17) 128 18) 117 e 27 19) 180 e 165 20) R$ 1.722,00 21) R$ 397,50 , R$ 530,00 e R$ 662,50 22) R$ 165,00 23) R$ 139,50 24) R$ 34,40 25) 34 , 51 e 68 26) 945, 1260 e 1512 27) 35 , 34 e 36 28) R$ 600,00 29) 4.662 30) 108 Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 15 NÚMEROS PRIMOS, MÁXIMO DIVISOR COMUM, MÍNIMO DIVISOR COMUM. DIVISIBILIDADE Para alguns números como o dois, o três, o cinco e outros, existem regras que permitem verificar a divisibilidade sem se efetuar a divisão. Essas regras são chamadas de critérios de divisibilidade. Divisibilidade por 2 Um número natural é divisível por 2 quando ele termina em 0, ou 2, ou 4, ou 6, ou 8, ou seja, quando ele é par. Exemplos: 1) 5040 é divisível por 2, pois termina em 0. 2) 237 não é divisível por 2, pois não é um número par. Divisibilidade por 3 Um número é divisível por 3 quando a soma dos valores absolutos dos seus algarismos for divisível por 3. Exemplo: 234 é divisível por 3, pois a soma de seus algarismos é igual a 2+3+4=9, e como 9 é divisível por 3, então 234 é divisível por 3. Divisibilidade por 4 Um número é divisível por 4 quando termina em 00 ou quando o número formado pelos dois últimos algarismos da direita for divisível por 4. Exemplo: 1800 é divisível por 4, pois termina em 00. 4116 é divisível por 4, pois 16 é divisível por 4. 1324 é divisível por 4, pois 24 é divisível por 4. 3850 não é divisível por 4, pois não termina em 00 e 50 não é divisível por 4. Divisibilidade por 5 Um número natural é divisível por 5 quandoele termina em 0 ou 5. Exemplos: 1) 55 é divisível por 5, pois termina em 5. 2) 90 é divisível por 5, pois termina em 0. 3) 87 não é divisível por 5, pois não termina em 0 nem em 5. Divisibilidade por 6 Um número é divisível por 6 quando é divisível por 2 e por 3. Exemplos: 1) 312 é divisível por 6, porque é divisível por 2 (par) e por 3 (soma: 6). 2) 5214 é divisível por 6, porque é divisível por 2 (par) e por 3 (soma: 12). 3) 716 não é divisível por 6, (é divisível por 2, mas não é divisível por 3). 4) 3405 não é divisível por 6 (é divisível por 3, mas não é divisível por 2). Divisibilidade por 8 Um número é divisível por 8 quando termina em 000, ou quando o número formado pelos três últimos algarismos da direita for divisível por 8. Exemplos: 1) 7000 é divisível por 8, pois termina em 000. 2) 56104 é divisível por 8, pois 104 é divisível por 8. 3) 61112 é divisível por 8, pois 112 é divisível por 8. 4) 78164 não é divisível por 8, pois 164 não é divisível por 8. Divisibilidade por 9 Um número é divisível por 9 quando a soma dos valores absolutos dos seus algarismos for divisível por 9. Exemplo: 2871 é divisível por 9, pois a soma de seus algarismos é igual a 2+8+7+1=18, e como 18 é divisível por 9, então 2871 é divisível por 9. Divisibilidade por 10 Um número natural é divisível por 10 quando ele termina em 0. Exemplos: 1) 4150 é divisível por 10, pois termina em 0. 2) 2106 não é divisível por 10, pois não termina em 0. Divisibilidade por 11 Um número é divisível por 11 quando a diferença entre as somas dos valores absolutos dos algarismos de ordem ímpar e a dos de ordem par é divisível por 11. O algarismo das unidades é de 1ª ordem, o das dezenas de 2ª ordem, o das centenas de 3ª ordem, e assim sucessivamente. Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 16 Exemplos: 1) 87549 Si (soma das ordens ímpares) = 9+5+8 = 22 Sp (soma das ordens pares) = 4+7 = 11 Si-Sp = 22-11 = 11 Como 11 é divisível por 11, então o número 87549 é divisível por 11. 2) 439087 Si (soma das ordens ímpares) = 7+0+3 = 10 Sp (soma das ordens pares) = 8+9+4 = 21 Si-Sp = 10-21 Como a subtração não pode ser realizada, acrescenta-se o menor múltiplo de 11 (diferente de zero) ao minuendo, para que a subtração possa ser realizada: 10+11 = 21. Então temos a subtração 21-21 = 0. Como zero é divisível por 11, o número 439087 é divisível por 11. Divisibilidade por 12 Um número é divisível por 12 quando é divisível por 3 e por 4. Exemplos: 1) 720 é divisível por 12, porque é divisível por 3 (soma=9) e por 4 (dois últimos algarismos, 20). 2) 870 não é divisível por 12 (é divisível por 3, mas não é divisível por 4). 3) 340 não é divisível por 12 (é divisível por 4, mas não é divisível por 3). Divisibilidade por 15 Um número é divisível por 15 quando é divisível por 3 e por 5. Exemplos: 1) 105 é divisível por 15, porque é divisível por 3 (soma=6) e por 5 (termina em 5). 2) 324 não é divisível por 15 (é divisível por 3, mas não é divisível por 5). 3) 530 não é divisível por 15 (é divisível por 5, mas não é divisível por 3). Divisibilidade por 25 Um número é divisível por 25 quando os dois algarismos finais forem 00, 25, 50 ou 75. Exemplos: 200, 525, 850 e 975 são divisíveis por 25. Números Primos Números primos são os números naturais que têm apenas dois divisores diferentes: o 1 e ele mesmo. Exemplos: 1) 2 tem apenas os divisores 1 e 2, portanto 2 é um número primo. 2) 17 tem apenas os divisores 1 e 17, portanto 17 é um número primo. 3) 10 tem os divisores 1, 2, 5 e 10, portanto 10 não é um número primo. Observações: => 1 não é um número primo, porque ele tem apenas um divisor que é ele mesmo. => 2 é o único número primo que é par. Os números que têm mais de dois divisores são chamados números compostos. Exemplo: 15 tem mais de dois divisores => 15 é um número composto. Reconhecimento de um número primo Para saber se um número é primo, dividimos esse número pelos números primos 2, 3, 5, 7, 11 etc. até que tenhamos: => ou uma divisão com resto zero e neste caso o número não é primo, => ou uma divisão com quociente menor que o divisor e o resto diferente de zero. Neste caso o número é primo. Exemplos: 1) O número 161: não é par, portanto não é divisível por 2; 1+6+1 = 8, portanto não é divisível por 3; não termina em 0 nem em 5, portanto não é divisível por 5; por 7: 161 / 7 = 23, com resto zero, logo 161 é divisível por 7, e portanto não é um número primo. 2) O número 113: não é par, portanto não é divisível por 2; 1+1+3 = 5, portanto não é divisível por 3; não termina em 0 nem em 5, portanto não é divisível por 5; por 7: 113 / 7 = 16, com resto 1. O quociente (16) ainda é maior que o divisor (7). por 11: 113 / 11 = 10, com resto 3. O quociente (10) é menor que o divisor (11), Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 17 e além disso o resto é diferente de zero (o resto vale 3), portanto 113 é um número primo. M.D.C. E M.M.C. Múltiplos e Divisores Máximo Divisor Comum (mdc) O máximo divisor comum entre dois ou mais números naturais não nulos (números diferentes de zero) é o maior número que é divisor ao mesmo tempo de todos eles. Não vamos aqui ensinar todos as formas de se calcular o mdc, vamos nos ater apenas a algumas delas. Regra das divisões sucessivas Esta regra é bem prática para o calculo do mdc, observe: Exemplo: Vamos calcular o mdc entre os números 160 e 24. 1º: Dividimos o número maior pelo menor. 2º: Como não deu resto zero, dividimos o divisor pelo resto da divisão anterior. 3º: Prosseguimos com as divisões sucessivas até obter resto zero. O mdc (64; 160) = 32 Para calcular o mdc entre três ou mais números, devemos coloca-los em ordem decrescente e começamos a calcular o mdc dos dois primeiros. Depois, o mdc do resultado encontrado e o terceiro número dado. E assim por diante. Exemplo: Vamos calcular o mdc entre os números 18, 36 e 63. Observe que primeiro calculamos o mdc entre os números 36 e 18, cujo mdc é 18, depois calculamos o mdc entre os números 63 e 18(mdc entre 36 e 18). O mdc (18; 36; 63) = 9. Regra da decomposição simultânea Escrevemos os números dados, separamos uns dos outros por vírgulas, e colocamos um traço vertical ao lado do último. No outro lado do traço colocamos o menor dos fatores primos que for divisor de todos os números de uma só vês. O mdc será a multiplicação dos fatores primos que serão usados. Propriedade: Observe o mdc (4, 12, 20), o mdc entre estes números é 4. Você deve notar que 4 é divisor de 12, 20 e dele mesmo. Exemplo: mdc (9, 18, 27) = 9, note que 9 é divisor de 18 e 27. mdc (12, 48, 144) = 12, note que 12 é divisor de 48 e 144. Mínimo Múltiplo Comum (m.m.c) O mínimo múltiplo comum entre dois ou mais números naturais não nulos(números diferente de zero), é o menor número que múltiplo de todos eles. Devemos saber que existe outras formas de calcular o mmc, mas vamos nos ater apenas a decomposição simultânea. OBS: Esta regra difere da usada para o mdc, fique atento as diferenças. Exemplos: mmc (18, 25, 30) = 720 1º: Escrevemos os números dados, separados por vírgulas, e colocamos um traço vertical a direita dos números dados. 2º: Abaixo de cada número divisível pelo fator primo colocamos o resultado da divisão. CursoPreparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 18 O números não divisíveis pelo fator primo são repetidos. 3º: Continuamos a divisão até obtermos resto 1 para todos os números. Observe o exemplo ao lado. Propriedade: Observe, o mmc (10, 20, 100) , note que o maior deles é múltiplo dos menores ao mesmo tempo, logo o mmc entre eles vai ser 100. Exemplo: mmc (150, 50 ) = 150, pois 150 é múltiplo de 50 e dele mesmo mmc (4, 12, 24) = 24, pois 24 é múltiplo de 4, 12 e dele mesmo Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 19 (COM UMA VARIÁVEL E COM DUAS VARIÁVEIS). EQUAÇÃO DO 1º GRAU Introdução Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma relação de igualdade. A palavra equação tem o prefixo equa, que em latim quer dizer "igual". Exemplos: 2x + 8 = 0 5x - 4 = 6x + 8 3a - b - c = 0 Não são equações: 4 + 8 = 7 + 5 (Não é uma sentença aberta) x - 5 < 3 (Não é igualdade) (não é sentença aberta, nem igualdade) A equação geral do primeiro grau: ax+b = 0 onde a e b são números conhecidos e a diferente de 0, se resolve de maneira simples: subtraindo b dos dois lados, obtemos: ax = -b dividindo agora por a (dos dois lados), temos: Considera a equação 2x - 8 = 3x -10 A letra é a incógnita da equação. A palavra incógnita significa " desconhecida". Na equação acima a incógnita é x; tudo que antecede o sinal da igualdade denomina-se 1º membro, e o que sucede, 2ºmembro. Qualquer parcela, do 1º ou do 2º membro, é um termo da equação. Exercicios resolvidos Resolva as equações a seguir: a)18x - 43 = 65 18x = 65 + 43 18x = 108 x = 108/18 x = 6 b) 23x - 16 = 14 - 17x 23x = 14 - 17x + 16 23x + 17x = 30 40x = 30 x = 30/40 = 3/4 c) 10y - 5 (1 + y) = 3 (2y - 2) - 20 10y - 5 - 5y = 6y - 6 -20 5y - 6y = -26 + 5 -y = -21 y = 21 Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 20 d) x(x + 4) + x(x + 2) = 2x2 + 12 x² + 4x + x² + 2x = 2x² + 12 2x² + 6x = 2x² + 12 Diminuindo 2x² em ambos os lados: 6x = 12 x = 12/6 = 2 e) (x - 5)/10 + (1 - 2x)/5 = (3-x)/4 [2(x - 5) + 4(1 - 2x)] / 20 = 5 (3 - x) / 20 2x - 10 + 4 - 8x = 15 - 5x -6x - 6 = 15 - 5x -6x + 5x = 15 + 6 -x = 21 x = -21 f) 4x (x + 6) - x2 = 5x2 4x² + 24x - x² = 5x² 4x² - x² - 5x² = -24x -2x² = -24x Dividindo por x em ambos os lados: -2x = - 24 x = 24/2 = 12 EXERCICIOS 1) Resolva as seguintes equações a) x + 5 = 8 ( R = 3) b) x - 4 = 3 (R = 7) c) x + 6 = 5 ( R = -1) d) x -3 = - 7 (R= -4) e) x + 9 = -1 (R=-10) f) x + 28 = 11 (R=-17) g) x - 109 = 5 (R= 114) h) x - 39 = -79 (R=-40) i) 10 = x + 9 (R=2) j) 15 = x + 20 (R= -5) l) 4 = x - 10 ( R= 14) m) 7 = x + 8 ( R= -1) n) 0 = x + 12 (R= -12) o) -3 = x + 10 (R= -13) 2) Resolva as seguintes equações a) 3x = 15 (R=5) b) 2x = 14 ( R=7) c) 4x = -12 (R=-3) d) 7x = -21 (R=-3) e) 13x = 13 (R= 1) f) 9x = -9 (R=-1) g) 25x = 0 (R=0) h) 35x = -105 (R=-3) i) 4x = 1 (R=1/4) j) 21 = 3x (R=7) l) 84 = 6x (R=14) m) x/3 =7 (R=21) n) x/4 = -3 (R=-12) o) 2x/5 = 4 (R=10) p) 2x/3 = -10 (R=-15) q) 3x/4 = 30 (R=40) r) 2x/5 = -18 (R= -45) Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA Página 21 EXERCÍCIOS EM SITUAÇAO PROBLEMA 1) O dobro de um número aumentado de 15, é igual a 49. Qual é esse número? (R:17) 2) A soma de um número com o seu triplo é igual a 48. Qual é esse número? (R:12) 3) A idade de um pai é igual ao triplo da idade de seu filho. Calcule essas idades, sabendo que juntos têm 60 anos. (R:45 e 15) 4) Somando 5 anos ao dobro da idade de Sônia, obtemos 35 anos. Qual é a idade de Sônia? (R:15) 5) O dobro de um número, diminuído de 4, é igual a esse número aumentado de 1. Qual é esse número? (R:5) 6) O triplo de um número, mais dois,é igual ao próprio número menos quatro. Qual é esse número? (R:-3) 7) O quádruplo de um número, diminuído de 10, é igual ao dobro desse número, aumentado de 2. Qual é esse número? (R:6) 8) O triplo de um número, menos 25, é igual ao próprio número mais 55. Qual é esse número? (R:40) 9) Num estacionamento há carros e motos, totalizando 78. O número de carros é igual a 5 vezes o de motos. Quantas motos há no estacionamento? (R:13) 10) Um número somado com sua quarta parte é igual a 80. Qual é esse número? (R:64) 11) Um número mais sua metade é igual a 15. Qual é esse número? (R:10) 12) A diferença entre um número e sua quinta parte é igual a 32. Qual é esse número? (R:40) 13) O triplo de um número é igual a sua metade mais 10. Qual é esse número? (R:4) 14) O dobro de um número menos 10, é igual à sua metade, mais 50. Qual é esse número? (R:40) 15) Subtraindo 5 da terça parte de um número, obtém-se o resultado 15. Qual é esse número? (R:60) 16) A diferença entre o triplo de um número e a metade desse número é 35 . Qual é esse número? (R:14) 17) A metade dos objetos de uma caixa mais a terça parte desses objetos é igual a 25. Quantos objetos há na caixa? (R:30) 18) Em uma fábrica, um terço dos empregados são estrangeiros e 72 empregados são brasileiros. Quantos são so empregados da fábrica? (R:108) 19) Flávia e Silvia têm juntas 21 anos. A idade de Sílvia é ¾ da idade de Flavia. Qual a idade de cada uma? (R:12 e 9) 20) A soma das idades de Carlos e Mário é 40 anos. A idade de Carlos é 3/5 da idade de Mário. Qual a idade de Mário? (R:25) 21) A diferença entre um número e os seus 2/5 é igual a 36. Qual é esse número? (R:60) 22) A diferença entre os 2/3 de um número e sua metade é igual a 6. Qual é esse número? (R:36) 23) Os 3/5 de um número aumentado de 12 são iguais aos 5/7 desse número. Qual é esse número? (R:105) 24) Dois quintos do meu salário são reservados para o aluguel e a metade é gasta com a alimentação, restando ainda R$ 45,00 para gastos diversos. Qual é o meu salário? (R:450) 25) Lúcio comprou uma camisa que foi paga em 3 prestações. Na 1ª prestação, ele pagou a metade do valor da camisa, na 2ª prestação , a terça parte e na ultima R$ 20,00. Quanto ele pagou pela camisa? (R:120) 26) Achar um número, sabendo-se que a soma de seus quocientes por 2, por 3 e por 5 é 124. (R:120) 27) Um número tem 6 unidades a mais que o outro. A soma deles é 76. Quais são esses números ? (R:35 e 41) 28) Um número tem 4 unidades a mais que o outro. A soma deles é 150. Quais são esses números ? (R:73 e 77) 29) Fábia tem 5 anos a mais que marcela. A soma da idade de ambas é igual a 39 anos. Qual é a idade de cada uma? (R:22 e 17) 30) Marcos e Plínio têm juntos R$ 35.000,00. Marcos tem a mais que Plínio R$ 6.000,00. Quanto tem cada um? (R: 20500 e 14500) Curso Preparatório Trincheira MATEMÁTICA