Buscar

Processo de Conhecimento Saneamento e Instrução

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES: ESPECIFICAÇÃO DE PROVAS E RÉPLICA
Após o prazo de contestação, o juiz tomará, conforme o caso, as chamadas providências preliminares previstas em lei. Tais providências, quando necessárias, buscam organizar o processo para fase procedimental denominada julgamento conforme seu estado, tema que será abordado no próximo tópico. 
Em síntese, existem duas providências preliminares a serem possivelmente adotadas pelo juiz, após o prazo de contestação do réu:
Intimar o autor para réplica (arts. 350 a 352 do CPC).
Determinar que as partes especifiquem as provas que pretendem produzir (arts. 348 e 349 do CPC).
Na hipótese de o réu não contestar e o efeito material da revelia (presunção de veracidade das alegações de fato do autor) não ocorrer, em razão da incidência de algum dos incisos do art. 345 do CPC (por exemplo, o processo versar sobre direitos indisponíveis), o juiz determinará que o autor especifique as provas que pretende produzir, se ainda não as tiver indicado na petição inicial (art. 348 do CPC).
A lógica do dispositivo legal ao determinar que o autor especifique as provas nessa hipótese é tão somente uma:
Se não há presunção de veracidade das alegações de fato do autor, seu ônus probatório ainda existe, cabendo a ele comprovar que o que alega na petição inicial é verdade.
Ainda quanto ao art. 348 do CPC, vale registrar que o prazo para especificação de provas não é previsto em lei. Nesse sentido, caberá ao juiz, na referida decisão de especificação, mencionar o prazo de que o autor disporá, caso contrário, será ele de cinco dias (art. 218, §1º e §3º, do CPC).
Se, por outro lado, o réu não contestar e o efeito material da revelia de presunção de veracidade das alegações do autor se operar, não haverá que se falar em ônus probatório do autor para comprovar suas alegações de fato. Afinal, tais alegações serão presumidas verdadeiras e não dependerão de provas, conforme estabelece o art. 374, IV, do CPC. Nesse caso, será lícito ao réu produzir provas que possam contrapor as alegações do autor já presumidamente verdadeiras, devendo apenas, para tanto, comparecer nos autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa produção (art. 349 do CPC).
Atenção
É preciso registrar que, embora o art. 348 se refira somente à produção de provas pelo autor nos casos de revelia do réu, doutrina e jurisprudência compreendem que a fase de especificação de provas também se aplica quando o réu não é revel, sendo comum o juiz intimar, nessa última hipótese, tanto o autor como o réu para especificar as provas que pretendem produzir.
Feitas as considerações sobre a especificação de provas, passemos a analisar a outra providência preliminar possivelmente adotada pelo juiz: a intimação do autor para que apresente réplica à contestação.
Réplica é a resposta do autor à contestação. Não é sempre, contudo, que ao autor vai ser concedido o direito de responder a contestação. A réplica é autorizada pelo legislador apenas nos casos em que o réu tiver alegado na contestação:
Defesa processual
O réu alega na contestação alguma das defesas preliminares previstas no art. 337 do CPC (art. 351 do CPC).
Defesa de mérito indireta
O réu alega na contestação fato novo, que impede, modifica ou extingue o direito do autor (art. 350).
No caso de apresentação de uma defesa de mérito indireta, o juiz abrirá prazo de quinze dias para que o autor se manifeste em réplica acerca das novidades trazidas pelo réu, permitindo-lhe, ainda, a produção de provas. 
Quando o réu apresenta apenas defesa de mérito direta na contestação, não há que se falar em oferecimento de réplica. Isso porque, na defesa de mérito direta, o réu limita-se a negar, frontalmente, a ocorrência dos fatos constitutivos do direito do autor ou suas consequências jurídicas. Com efeito, o legislador dispensou que o autor, nesse caso, fosse intimado em réplica apenas para reforçar o que já havia dito na inicial. Afinal, o objetivo da réplica, como já dito, é facultar ao autor a oportunidade de se manifestar a respeito das matérias novas expostas pelo réu, em respeito ao princípio do contraditório.
Atenção
Se o réu apresentar documento novo em sede de contestação, independentemente do tipo de defesa que tenha oferecido (defesa de mérito direta ou indireta), deverá o juiz ouvir o autor, concedendo-lhe prazo de quinze dias para se manifestar (art. 437, §1º, do CPC). Do mesmo modo, quando apresentada reconvenção pelo réu, deve também o juiz intimar o autor para, em quinze dias, oferecer contestação à reconvenção.
Ainda no que diz respeito à hipótese de o réu alegar na contestação defesa processual, tratando-se de irregularidade ou vício sanável existente da petição inicial, poderá o juiz determinar sua correção pelo autor em prazo não superior a 30 dias (art. 352 do CPC).
O legislador buscou prestigiar, aqui, o aproveitamento dos atos processuais, evitando a extinção do processo em razão da existência de vício sanável.
JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
Passada a fase das providências preliminares, inicia-se a fase de julgamento conforme o estado do processo. Na referida fase, o juiz profere uma das seguintes decisões:
Extinção do processo sem resolução do mérito com base nas hipóteses do art. 485 (art. 354 do CPC).
Extinção do processo com resolução do mérito com base nas hipóteses dos arts. 487, II e III (art. 354 do CPC).
Julgamento antecipado do mérito, total ou parcial (art. 355 e 356 do CPC).
Decisão de saneamento e organização do processo (art. 357 do CPC).
Analisemos cada uma das hipóteses de forma breve a seguir.
Extinção do processo sem resolução do mérito
A primeira opção do juiz é proferir sentença julgando extinto o processo sem resolução do mérito, com base em uma das hipóteses do art. 485 (art. 354 do CPC) – por exemplo, em virtude de coisa julgada. Tal julgamento ocorre quando não houver mais como prosseguir com o processo, em razão da existência de vício processual insanável.
Embora esteja se examinando a extinção do processo sem resolução do mérito na fase de julgamento conforme o estado do processo, é preciso registrar que pode a referida extinção ocorrer em:
Momento anterior
Como é o caso de quando o juiz indefere a petição inicial e julga extinto o processo sem resolução do mérito.
Momento posterior
Tendo em vista que se trata de matéria de ordem pública não sujeita à preclusão.
Extinção do processo com resolução do mérito
A segunda opção do juiz é proferir sentença julgando extinto o processo com resolução do mérito, com base nas hipóteses dos arts. 487, II e III (art. 354 do CPC). Ou seja, é proferida sentença que decide sobre a ocorrência de decadência ou prescrição (art. 487, II) ou que homologa o reconhecimento da procedência do pedido, a transação ou renúncia à pretensão (art. 487, III).
Essa hipótese de extinção, igualmente à primeira, pode ocorrer antes ou depois da fase de julgamento, conforme o estado do processo.
Atenção
Contra a extinção do processo sem resolução do mérito (art. 485) ou com resolução do mérito nas hipóteses mencionadas (art. 487, II e III) cabe apelação (art. 1.009 do CPC). Caso, no entanto, tais decisões digam respeito a apenas parcela do processo – ou seja, decisões que resolvem parte do processo, reduzindo subjetiva ou objetivamente a demanda, enquanto a outra parte segue para apreciação posterior –, o recurso cabível será agravo de instrumento (parágrafo único do art. 354 do CPC).
Julgamento antecipado do mérito
A terceira opção do juiz é o julgamento antecipado do mérito, que pode ser total (art. 355 do CPC) ou parcial (art. 356 do CPC) – julgamento de procedência ou improcedência.
Julgamento antecipado total
Pode ocorrer em duas hipóteses distintas:
PRIMEIRA HIPÓTESE
A primeira hipótese de julgamento antecipado do mérito ocorre quando o juiz verifica que não há necessidade de produzir outras provas nos autos (art. 355, I do CPC).
Exemplos de situações em que isso ocorre: quando a prova documental já existente nos autos se demonstra suficiente para a formar a convicção do juiz, ou quando,após a contestação, houver apenas questões de direito a serem resolvidas pelo juiz.
SEGUNDA HIPÓTESE
A segunda hipótese de julgamento antecipado do mérito acontece quando o réu for revel, ocorrer o efeito material da revelia (que é a presunção de veracidade das alegações formuladas pelo autor) e não houver requerimento de prova pelo réu, na forma do art. 349 (art. 355, II, do CPC).
Julgamento antecipado parcial
Ocorre quando apenas parcela do objeto do processo tem condições de ter seu mérito julgado. Segundo o art. 356 do CPC, o juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso (o que ocorre quando o réu pratica ato de autocomposição unilateral; é o caso, por exemplo, de quando reconhece parcela da quantia cobrada contra ele numa ação indenizatória).
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 (o que acontece quando não há necessidade da produção de provas).
A decisão que julga antecipada e parcialmente o mérito pode reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida (art. 356, §1º do CPC), sendo autorizada a parte liquidar ou executar tal obrigação, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto (art. 356, §2º, do CPC).
O legislador ressalta, ainda, que, na hipótese do § 2º, havendo o trânsito em julgado da decisão, ela se tornará definitiva (art. 356, §3º, do CPC) e fará coisa julgada (art. 503 do CPC).
Por fim, o §4º do art. 356 do CPC estabelece que a liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
Saneamento do processo
A quarta opção do juiz, na fase de julgamento conforme o estado do processo, é proferir decisão de saneamento e organização do processo (art. 357 do CPC). Essa decisão será prolatada sempre que o processo não for extinto, seja por:
Sentença com resolução do mérito (art. 355 do CPC)
Sentença sem resolução do mérito (art. 354 do CPC)
A decisão de saneamento e organização do processo é um ato processual complexo, na qual cabe ao magistrado preparar o processo para a atividade instrutória. Nessa decisão, o juiz:
Resolve as questões processuais pendentes, se houver.
Delimita as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos.
Define a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373 do CPC.
Delimita as questões de direito relevantes para a decisão do mérito.
Designa, se necessário, audiência de instrução e julgamento (art. 357 do CPC).
Examinemos cada um dos pontos.
Resolve questões processuais pendentes
Nos termos do art. 357, I, do CPC, cabe ao juiz na decisão saneamento e organização do processo resolver as questões processuais pendentes, se houver. O objetivo do ato é sanar eventuais defeitos processuais ainda presentes no processo, de modo a permitir que o processo prossiga regularmente, sem vícios, para a fase instrutória.
Caso não haja questões processuais pendentes, o juiz declara saneado o processo, ou seja, sem qualquer vício.
Delimita questões de fato
Nos termos do art. 357, II, do CPC, deve o juiz delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos.
O objetivo do inciso é otimizar a atividade instrutória, afinal, se o juiz é o principal destinatário da prova, cabe a ele determinar quais são os fatos controversos que precisam ser comprovados e quais serão as provas utilizadas para cada um deles, tudo para que assim possa formar sua convicção.
Define distribuição do ônus da prova
Por força do art. 357, III, do CPC, o juiz deve definir a distribuição do ônus da prova, observando o art. 373 do CPC. Trata-se do momento em que o juiz decide a quem incumbe o ônus da prova de cada fato, podendo fazer, se necessário, eventual redistribuição, nos termos do art. 373, §1º, do CPC.
Delimita questões de direito relevantes
O art. 357, IV, do CPC institui que cabe ao juiz delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito. Da mesma forma que a delimitação das questões de fato feita pelo juiz é relevante para que forme sua convicção, o mesmo pode ser dito em relação às questões de direito. Afinal, embora não precisem ser comprovadas, uma vez delimitadas as questões de direito pelo juiz, otimiza-se o debate jurídico travado entre as partes, que já saberão de antemão quais questões de direito o juiz considera relevante para o seu julgamento.
Designa audiência de instrução e julgamento
Nos termos do art. 357, V, do CPC, cabe ao juiz designar, se necessária, audiência de instrução e julgamento. O juiz marcará a audiência de instrução e julgamento apenas se tiver admitido a produção de prova oral (depoimento pessoal e testemunhal). Conheça o procedimento de produção de provas para as seguintes hipóteses:
Prova Testemunhal
O juiz fixará prazo comum não superior a quinze dias para que as partes apresentem lista de testemunhas (art. 357, §4º, do CPC), com a limitação de dez testemunhas a serem arroladas, sendo três, no máximo, para a prova de cada fato (art. 357, §6º, do CPC). Cabe ressaltar, no entanto, que o juiz poderá limitar o número de testemunhas para abaixo do permitido legalmente, levando em conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados (art. 357, §7º, do CPC).
Prova pericial
O juiz deve, desde já, na decisão de saneamento e organização do processo, nomear perito e fixar prazo para entrega do lado, estabelecendo, ainda, se possível, calendário para sua realização (art. 357, §8º, do CPC).
Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações (art. 357, §3º, do CPC).
Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de cinco dias, findo o qual a decisão se torna estável (art. 357, §1º, do CPC). Se a decisão de saneamento ocorrer oralmente na audiência, e não por escrito, os pedidos de esclarecimentos ou ajustes deverão ser realizados até o final da sessão.
Por decisão estável, mencionada na parte final do art. 357, §1º, do CPC, entende-se decisão não mais sujeita à alteração, após o prazo de cinco dias para esclarecimentos ou ajustes. Trata-se de preclusão que vincula tanto as partes como o juiz, que não poderá mais, em regra, proferir decisão sobre as questões decididas na decisão de saneamento e organização.
Por fim, o §2º do art. 357 permite que as partes apresentem ao juiz, para homologação, delimitação consensual das questões de fato e de direito, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz. Trata-se, no caso, de negócio processual típico celebrado entre as partes, denominado organização consensual processual, no qual optam as partes, de forma consensual, por delimitar as matérias de fato e de direito controvertidas do processo.
DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE PROVA
Conceito de prova
O conceito de prova é controverso. Geralmente, a doutrina aponta uma série de significados, tendo em vista que se trata de tema utilizado dentro e fora do Direito. Limitando-nos ao sentido jurídico, veja as três acepções mais utilizadas para se referir à prova:
a) às vezes, é utilizado para designar o ato de provar, é dizer, a atividade probatória; é nesse sentido que se diz que àquele que alega um fato cabe fazer prova dele, isto é, cabe fornecer os meios que demonstrem a sua alegação;
b) noutras vezes, é utilizado para designar o meio de prova propriamente dito, ou seja, as técnicas desenvolvidas para se extrair a prova de onde ela jorra; nesse sentido, fala-se em prova testemunhal, prova pericial, prova documental etc.;
c) por fim, pode ser utilizado para designar o resultado dos atos ou dos meios de prova que foram produzidos no intuito de buscar o convencimento judicial e é nesse sentido que se diz, por exemplo,que o autor fez prova dos fatos alegados na causa de pedir.
DIDIER JR. et al., 2016, p.44.
Objeto da prova
Compõem o objeto da prova as alegações sobre fatos controvertidos, relevantes e determinados. Algumas observações são necessárias quanto a essa afirmativa.
Atenção
Em primeiro lugar, frise-se que apenas alegações de fato são objeto de prova. Alegações sobre direito não o são, com exceção do art. 376 do CPC, segundo o qual a parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário terá que provar o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.
As alegações de fato devem ser:
CONTROVERTIDAS
É necessário haver controvérsia entre as alegações de fato do autor e réu – para se submeterem à atividade probatória. Fatos incontroversos não dependem de prova, como é o caso daqueles afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária, e os admitidos no processo como incontroversos (art. 374, II e III, do CPC). Outros fatos que não dependem de prova são os notórios e os em cujo favor milita presunção legal de veracidade (art. 374, I e IV, do CPC).
RELEVANTES
Alegações que não influenciam no resultado da decisão não precisam ser comprovados, visto que desnecessárias.
DETERMINADAS
Alegações de fato indeterminados ou indefinidos são insuscetíveis de prova.
Natureza jurídica da prova
Em relação à natureza jurídica da prova, embora haja divergências na doutrina, pode-se dizer que a corrente dominante é a que considera as normas sobre provas normas processuais, uma vez que se destinam à formação da convicção do juiz (DIDIER JR. et al., 2016).
Classificação das provas
A doutrina, tradicionalmente, classifica as provas quanto ao seu objeto (diretas ou indiretas), quanto à fonte (pessoais ou reais), quanto à forma (orais, documentais e materiais) e quanto à preparação (casuais e pré-constituídas). Veja mais sobre cada uma delas a seguir.
Objeto
No que diz respeito à classificação das provas quanto ao seu objeto, as provas podem ser:
Diretas
A prova direta é a prova que busca comprovar que as alegações de fato são verdadeiras (v.g. certa testemunha comparece em audiência para prestar depoimento sobre fato, objeto de prova principal do litígio, que presenciou).
Indiretas
A prova indireta, também denominada de indícios, é uma prova que busca comprovar alegações de fato secundárias, ou seja, alegações que decorrem das alegações de fato principais.
Fonte
Em relação à fonte, as provas podem ser:
Pessoais
São aquelas em que há uma declaração feita por pessoa consciente (v.g. prova testemunhal).
Reais
São aquelas constituídas por meio de objeto ou coisas (v.g. documentos).
Forma
Em relação à forma, as provas podem ser:
Orais
São aquelas em que há uma afirmação feita por pessoa de forma oral (v.g. prova testemunhal e depoimento pessoal).
Documentais
São aquelas afirmações escritas ou gravadas (v.g. fotografias, desenhos e cartas).
Materiais
São aquelas que não são orais nem documentais, mas comprovam fatos (v.g. perícia).
Preparação
Quanto à preparação, as provas podem ser:
Causais
Provas causais são aquelas produzidas durante o processo (v.g. perícia e depoimento pessoal).
Pré-constituídas
Provas pré-constituídas são as produzidas antes do processo, como pode ser o caso da prova documental.
Dispositivos legais das provas
É preciso fazer breves observações sobre alguns dispositivos legais previstos nas disposições gerais sobre provas do CPC. Veja a seguir:
	ART. 369
Nos termos do art. 369 do CPC, as partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados no CPC, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.
 
Como se nota, o dispositivo legal autoriza que as partes produzam:
· Provas típicas, ou seja, aquelas que se encontram regularmente previstas em lei.
· Provas atípicas, ou seja, aquelas que não se encontram especificadas, consagrando-se o princípio da atipicidade das provas.
 
Para as atípicas, ainda, o art. 369 do CPC exige que sejam elas moralmente legítimas. Já em relação às provas ilícitas (v.g. tentativa de obtenção de confissão via tortura, gravação clandestina de conversa etc.), veja-se que o dispositivo veda expressamente sua utilização.
 
Excepcionalmente, o uso de prova ilícita é autorizado (STJ, REsp nº 1.026.605, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. em 13.05.14), embora polêmica a sua aceitação.
 
Embora o art. 369 faça menção apenas às partes, todos os participantes do processo têm direito à prova, em decorrência do princípio do devido processo legal.
	ART. 371
Nos termos do art. 371 do CPC, o juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
 
A regra consagra o princípio do livre convencimento motivado, também conhecido como princípio da persuasão racional da prova. O juiz é livre na apreciação das provas constantes nos autos e na formação de seu convencimento.
 
A única ressalva é que, ao valorar livremente a prova, deve indicar na sua decisão os motivos de seu convencimento, em atenção ao princípio da fundamentação.
	ART. 378
Nos termos do art. 378 do CPC, ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade. O referido dispositivo estabelece, assim, que é dever de todos – não apenas das partes, mas, sim, de todos os participantes do processo – cooperar perante o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade.
 
Se o juiz tem o dever de prestar tutela jurisdicional adequada, é importante que as partes colaborem na entrega dos elementos necessários para prestação efetiva da referida tutela.
	ART. 379
O art. 379 do CPC estabelece que, preservado o direito de não produzir prova contra si própria, incumbe à parte:
 
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado;
II - colaborar com o juízo na realização de inspeção judicial que for considerada necessária;
III - praticar o ato que lhe for determinado.
 
Tal dispositivo deve ser analisado de forma sistemática. Na realidade, não existe, no âmbito civil, algo semelhante com o que se tem no âmbito penal, de direito contra autoincriminação criminal.
 
Segundo Marinoni et al. (2017), no CPC, não se pode crer que existe um direito geral de não produzir prova contra si mesmo, visto que isso iria de encontro a uma série de normas probatórias, tais como a própria confissão, inspeção judicial nas partes etc. O que existe é um dever geral de colaboração, havendo exceção somente quanto às regras específicas que estabelecem regras de exclusão (v.g. arts. 388, 404 e 448 do CPC).
	ART. 380
O art. 380 do CPC consagra o dever de colaboração dos terceiros perante o Poder Judiciário. O dispositivo destina-se àqueles que, ainda que não partes do processo, possuem informações que interessam para a resolução do conflito. Segundo o art. 380 do CPC, incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa:
 
I – informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento (tais informações podem ser prestadas via prova testemunhal ou documental); e
II – exibir coisa ou documento que esteja em seu poder (a exibição de documento é regulamentada pelos arts. 396 a 404).
 
Poderá o juiz, em caso de descumprimento, determinar, além da imposição de multa, outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias (art. 380, parágrafo único, do CPC).
PROVAS EM ESPÉCIE
Ata notarial
Ata notarial é um documento público lavrado por tabelião, a requerimento de interessado, no qual se atesta ou documenta a existência e o modo de existir de algum fato (art. 384 do CPC).
Em razão da fé pública atribuída ao tabelião, os fatos por ele narrados na ata notarial presumem-se verdadeiros. Contudo, tal presunção de veracidade é relativa, cabendo a produção de prova em sentido contrário.
Na ata notarial, o tabelião pode não apenas declarar a existência e o modo de existir de um fato que tenha presenciado, mas também pode constar dados representados por imagemou som gravados em arquivos eletrônicos (art. 384, parágrafo único, do CPC).
Depoimento pessoal
O depoimento pessoal, uma das espécies de prova oral, é o testemunho em juízo de uma das partes do processo, tomado na audiência de instrução e julgamento, a requerimento da parte contrária ou do juiz. Nesse sentido, estabelece o art. 385 do CPC que “cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício”.
AtençãoPor pena de confesso, entende-se confissão conficta, ou seja, o juiz, ao decidir o caso considerará como confessados os fatos que a parte não depôs, e os valorará em conjunto com as demais provas para proferir a decisão.
É vedado à parte que requeira seu próprio depoimento. Se tiver interesse em se manifestar perante o juízo, deverá fazê-lo por meio de petição assinada por seu procurador, protocolando-a nos autos.
Para depor, a parte deve ser pessoalmente intimada e advertida que, na hipótese de não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor, a pena de confesso será aplicada (art. 385, §1º, do CPC).
O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela em que tramita o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento (art. 385, §3º, do CPC).
A regra (art. 361, II, do CPC) é:
Primeiro colhe-se o depoimento do autor.
Depois colhe-se o depoimento do réu.
É vedado a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da outra parte (art. 385, §2º, do CPC).
As partes têm o ônus de responder o que lhe foi perguntado. Caso, sem motivo justificado, não respondam ou empreguem respostas evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e os elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor (art. 386 do CPC) e, havendo, aplicará pena de confissão. 
Nos termos do art. 388 do CPC, a parte não é obrigada a depor sobre fatos: 
I – criminosos ou torpes que lhe forem imputados (afinal, ninguém é obrigado a produzir prova criminal contra si mesmo);
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo (cita-se, como exemplo, o advogado que pode se recusar a depor sobre fato relacionado à pessoa que advogou a favor);
III - acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível (a desonra a que se refere esse inciso deve ser grave);
IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas no inciso III (o risco a que se refere esse inciso deve ser concreto e imediato).
Por fim, a parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos (art. 387 do CPC).
Confissão
A confissão, judicial ou extrajudicial, ocorre quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário (art. 389 do CPC). Além disso, é admissível apenas quando versa sobre fatos relativos a direitos disponíveis (art. 392 do CPC).
CONFISSÃO JUDICIAL
É aquela feita nos autos. Pode ser espontânea ou provocada (art. 390 do CPC).
· A confissão espontânea é aquela praticada fora do depoimento pessoal, de forma escrita ou oral, pela própria parte ou por representante com poder especial (art. 390, §1º, do CPC). Quando feita por representante, a confissão somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado (art. 392, §2º, do CPC).
· A confissão provocada é aquela que resulta do depoimento pessoal, e deverá constar no termo do referido depoimento (art. 390, §2º, do CPC). 
CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL
É aquela realizada fora do processo, de forma escrita ou oral. Quando feita oralmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal (art. 394 do CPC).
Em caso de litisconsórcio, a confissão judicial apenas faz prova contra o confitente, mas não prejudica os litisconsortes, nos termos do art. 391 do CPC. A regra, no entanto, merece ressalvas. 
Se o litisconsórcio for simples, o resultado do processo para cada litisconsorte é independente, não podendo, em regra, a confissão efetuada por um atingir os demais (cf. regime jurídico descrito no art. 117 do CPC).
A não ser no caso em que exista fato comum existente entre os litisconsortes, ocasião em que o magistrado – havendo confissão do referido fato por um litisconsorte – deve valorar tal prova junto as demais, e eventualmente presumir sua veracidade. 
No caso de litisconsórcio unitário, em que os fatos relevantes da causa e o resultado do processo são os mesmos para os litisconsortes, a confissão não pode atingir nem o confitente nem os demais litisconsortes, tendo em vista que não se pode admitir que o mesmo fato seja considerado provado para um e não para os demais, caso contrário, teriam eles resultados diferentes no processo. 
É o que prevê o parágrafo único do art. 391 do CPC em uma situação em específico: “nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens”. 
Veja mais sobre a confissão a seguir:
Ineficaz
A confissão será ineficaz se feita por quem não for capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados (art. 392, §1º, do CPC). O objetivo dessa regra é proteger o incapaz que não pode dispor de seus interesses exatamente por poder prejudicá-los.
Irrevogável
A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada, por meio de ação anulatória, se decorreu de erro de fato ou de coação (arts. 214 do Código Civil e 393 do CPC). A legitimidade para a ação prevista no caput é exclusiva do confitente e pode ser transferida a seus herdeiros se ele falecer após a propositura (art. 393, parágrafo único, do CPC).
Indivisível
A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável. A confissão, no entanto, pode ser cindida quando o confitente aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção (art. 395 do CPC).
Exibição de documento ou coisa
A exibição de documento ou coisa é um meio de prova autônomo pelo qual a parte, tentando provar certa alegação de fato, requer a exibição de documento ou coisa que não esteja em seu poder, mas no de terceiro particular ou da parte contrária (art. 396 do CPC). Além da parte, o juiz de ofício também pode determinar que a parte ou terceiro exiba o documento ou coisa.
A exibição de documento ou coisa está regulamentada nos arts. 396 a 404 do CPC, mas o seu procedimento irá variar a depender contra quem se requer a exibição:
Contra a parte contrária
(art. 396 a 400)
Contra terceiros
(art. 401 a 404)
Se presentes os requisitos do art. 381, a exibição de documento ocorre de uma terceira forma: por meio de ação autônoma denominada produção antecipada de prova.
Prova documental
Documento é qualquer coisa capaz de atestar – por escrito ou por qualquer outra forma gravada – um fato. A quantidade de coisas que são consideradas documentos para fins probatórios é significativa: fotos, vídeos, tabelas, gravações, escritos etc. O CPC trata da produção da prova documental nos arts. 434 a 438 do CPC. Analisemos brevemente cada um dos dispositivos legais.
Como regra geral, incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas alegações (art. 434 do CPC). Caso contrário, haverá preclusão temporal, nos termos do art. 223 do CPC. Quando o documento consistir em reprodução cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos do caput, mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-se previamente as partes(art. 434, parágrafo único, do CPC).
O art. 435 excepciona a regra geral do art. 434 ao prever que é lícito às partes juntar documento novos após:
A petição inicial: No caso do autor
A contestação: No caso do réu
O referido dispositivo legal prevê duas hipóteses em que se permite a juntada posterior de documento:
· Quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados.
· Para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Em regra, ao réu cabe manifestar-se na contestação sobre os documentos anexados à inicial, e o autor na réplica sobre os documentos anexados à contestação (art. 437 do CPC).
Fora esses momentos específicos, sempre que uma parte requerer a juntada de documento, a parte contrária terá quinze dias para se manifestar a respeito e adotar qualquer uma das posturas do art. 436 do CPC (art. 437, §1º, do CPC). O referido prazo de quinze pode ser dilatado pelo juiz, a requerimento da parte, levando em consideração a quantidade e a complexidade da documentação (art. 437, §2º, do CPC).
Prova testemunhal
Prova testemunhal é um meio de prova na qual um terceiro, não integrante do processo, depõe em juízo sobre o que sabe acerca dos fatos discutidos na causa. A testemunha não faz análise ou juízo de valor sobre os fatos controvertidos, apenas declara o que viu, escutou, inalou, sentiu ou provou a respeito deles. É uma prova sempre admissível, salvo se a lei dispuser de modo diverso (art. 442 do CPC), a exemplo do mandado de segurança, cujo procedimento só admite a produção de prova documental pré-constituída.
O art. 443, I e II, do CPC estabelecem que o juiz indeferirá o depoimento testemunhal sobre fatos:
(I) - já provados por documento ou confissão da parte – afinal, a prova testemunhal nesse caso seria inútil; e
(II) - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados – por exemplo, fatos que exigem instrumento público para sua comprovação como é caso do casamento e do óbito, e fatos que exigem o conhecimento especializado de um perito para serem esclarecidas, como a vistoria de um imóvel rural para apurar exatamente sua localização e área, em uma ação de usucapião.
Segundo o art. 448, do CPC, a testemunha não é obrigada a depor sobre fatos:
I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge ou companheiro e aos seus parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau;
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo (exemplo do padre ou bispo que não são obrigados a depor sobre fato fruto de confissão realizada na Igreja Católica). 
Em regra, as testemunhas depõem na audiência de instrução e julgamento, perante o juízo da causa, exceto as que prestam depoimento antecipadamente e as que são inquiridas por carta (art. 453 do CPC).
Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada sobre dia, hora e local da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo (art. 455 do CPC). O procedimento da intimação é devidamente regulado nos parágrafos do art. 455.
No que diz respeito à ordem dos depoimentos, o juiz deve inquirir as do autor primeiro e depois as do réu, de forma separada e sucessiva, sem permitir que uma ouça o depoimento da outra (art. 456 do CPC). É possível, no entanto, alterar a ordem se as partes concordarem (art. 456, parágrafo único, do CPC).
Cabe à testemunha, no início da inquirição, prestar compromisso de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado (art. 458 do CPC), sob pena de incorrer em sanção penal (art. 458, parágrafo único, do CPC).
Por fim, é preciso registrar que as perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha começando pela que a arrolou. O juiz não admitirá perguntas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição de outra já respondida (art. 459 do CPC).
Além disso, o juiz poderá inquirir a testemunha, antes ou depois da inquirição feita pelas partes (art. 459, §1º). As perguntas indeferidas serão transcritas a termo, se a parte o requerer (art. 459, §3º, do CPC). Vale lembrar que as testemunhas devem ser sempre tratadas com urbanidade (art. 459, §2º, do CPC)
Prova pericial
Há casos em que a apuração de determinados fatos litigiosos exige certo conhecimento técnico ou científico que o magistrado não possui. Nessas situações, conta-se com o auxílio de um perito – especialista de uma determinada área de conhecimento: Engenharia, Medicina, Contabilidade, Agronomia etc. –, que será responsável por elaborar um laudo pericial com suas conclusões acerca do referido fato, contribuindo para que o juiz forme sua convicção e julgue a demanda.
Segundo o art. 464 do CPC, há três espécies de provas realizadas pelo perito: exame, vistoria ou avaliação.
Exame
É ato de inspeção sobre um bem móvel, pessoa ou semovente, a fim de atestar algum fato ou circunstância relevante para a lide (v.g. exame de DNA em ação de investigação de paternidade e inspeção de uma obra de arte ou documento).
Vistoria
É igualmente um ato de inspeção, mas voltado somente para bens imóveis (v.g. vistoria de um imóvel rural para apurar exatamente sua localização e área no âmbito de uma ação de usucapião).
Avaliação
É a perícia voltada para a apuração do valor de determinado bem, móvel ou imóvel, ou direito (v.g. estimação do valor de um bem do devedor em uma execução judicial ou do de cujus em uma ação de inventário).
Em regra, é na decisão de saneamento e de organização do processo que o magistrado, entre outras medidas, irá delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, bem como admitir ou não a prova pericial requerida. Ato contínuo, caso admitida a perícia, o juiz observará o disposto no art. 465 do CPC (nomeação do perito, fixação de prazo para entrega do laudo etc.) e, se possível, estabelecerá, desde logo, calendário para a realização da prova pericial (art. 357, §8º, do CPC).
É possível que, de ofício ou a requerimento das partes, o juiz substitua a prova pericial pela prova técnica simplificada – também denominada pela doutrina de perícia simples –, o que ocorrerá quando o ponto controvertido for de menor complexidade (art. 464, §2º). Por outro lado, caso a perícia seja complexa, abrangendo mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente técnico (art. 475 do CPC).
Procedimento da prova pericial e funções do perito
Segundo o art. 465 do CPC, o juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato prazo para entrega do laudo (art. 465, caput, do CPC). Ato contínuo, em quinze dias contados da intimação da decisão de nomeação, incumbe às partes:
Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso.
Indicar assistente técnico.
Apresentar quesitos (art. 465, §1º, incisos I, II e III do CPC, respectivamente).
Independentemente de terem formulado quesitos iniciais, as partes podem formular quesitos suplementares durante o curso da perícia, que serão respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento (art. 469 do CPC).
Veja mais sobre o procedimento da prova pericial a seguir:
Cumprido o disposto no art. 465, §1º, do CPC e ciente de sua nomeação, o perito apresentará em cinco dias: proposta de honorários; currículo com comprovação de especialização; e seus contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais (art. 465, §2º, incisos I, II e III do CPC, respectivamente).
Em seguida, as partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se no prazo de cinco dias (primeira parte do art. 465, §3º, do CPC). Podem as partes concordar ou não com a proposta de honorários formulada pelo perito. Findo o referido prazo, o juiz arbitrará o valor dos honorários periciais e intimará as partes para depositar os honorários na forma do art. 95 (segunda parte do art. 465, §3º, do CPC).
Em atenção ao princípio do contraditório, as partes – leia-se, seusadvogados – serão intimadas da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para o início da produção da prova (art. 474 do CPC).
Por fim, o laudo pericial será entregue pelo perito no prazo fixado. Trata-se de documento que expõe a conclusão do perito. Nele, o especialista faz uma análise em torno do fato litigioso, emite sua opinião em relação ao objeto da perícia e responde todos os requisitos formulados pelas partes. Os elementos que compõem o laudo pericial estão expostos no art. 473 do CPC.
Após o protocolo do laudo, as partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito em quinze dias. Além delas, os assistentes técnicos de cada parte, no mesmo prazo, poderão apresentar seus respectivos pareceres técnicos (art. 477, §1º, do CPC). Ato contínuo, o perito do juízo tem o dever de, no prazo de quinze dias, esclarecer ponto: I -sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público; e II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte (art. 477, §2º, do CPC).
Caso ainda haja necessidade de mais esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos (art. 477, §3º, do CPC).
Atenção
Em regra, o perito apenas recebe os honorários após a apresentação do laudo pericial, mas é possível – e comum – que o juiz autorize o recebimento de até 50% dos honorários arbitrados no início dos trabalhos e o restante ao final, depois de entregue o laudo e prestados os esclarecimentos necessários (art. 465, §4º, do CPC). Na hipótese de a perícia ser inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir os honorários periciais inicialmente arbitrados (art. 465, §5º, do CPC).
Inspeção judicial
O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim obter esclarecimentos sobre fato que interesse à decisão da causa (art. 481 do CPC). Trata-se do meio de prova denominado inspeção judicial.
A inspeção judicial pode ser direta ou indireta:
Inspeção direta
O magistrado inspeciona diretamente o objeto, sendo apenas auxiliado por técnicos.
Inspeção indireta
O magistrado precisa que um perito inspecione diretamente o objeto e depois repasse a ele as informações obtidas. Neste caso, o juiz pode ser assistido por um ou mais peritos (art. 482 do CPC).
As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que considerem de interesse para a causa (art. 483, parágrafo único, do CPC).
Atenção
Em regra, o juiz pratica os atos processuais na sede do juízo (art. 217 do CPC), entre eles, também a própria inspeção. Contudo, o juiz terá o dever de ir ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa a ser inspecionada quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves dificuldades;
III - determinar a reconstituição dos fatos (art. 483 do CPC). 
Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa (art. 484 do CPC). O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia (art. 484, parágrafo único).
NOÇÕES GERAIS SOBRE A AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
A audiência de instrução e julgamento pode ser definida como um ato processual complexo, no qual diversas atividades são praticadas por juiz, partes, terceiros, advogados e demais presentes. Na referida audiência, são realizadas atividades preparatórias, tais como:
Intimação da testemunha e do perito para comparecer.
Atividades conciliatórias, conforme prevê o art. 359 do CPC.
Atividades instrutórias, referentes aos esclarecimentos do perito e assistentes técnicos, bem como a colheita do depoimento pessoal e oitiva de testemunhas.
Atividades relacionadas à discussão da causa – as denominadas alegações finais.
Atividades decisórias, pois é possível a prolação de sentença ainda durante a audiência de instrução e julgamento.
Em regra, a audiência será pública (art. 368 do CPC), ou seja, ocorre a portas abertas, podendo qualquer pessoa comparecer. Contudo, existem exceções legais, como é o caso dos processos em segredo de justiça, em que só pode comparecer à audiência os sujeitos dos processos e seus auxiliares.
Como já mencionado, o momento em que o juiz designa a audiência de instrução e julgamento é na decisão de saneamento e organização do processo (art. 357, V, do CPC).
Ao juiz compete dirigir o processo, nos termos do art. 139 do CPC. No âmbito da audiência de instrução e julgamento, igualmente a ele cabe dirigir os trabalhos, incumbindo-lhe:
Manter a ordem e o decoro na audiência.
Ordenar que se retirem da sala de audiência os que se comportarem inconvenientemente.
Requisitar, quando necessário, força policial.
Tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e qualquer pessoa que participe do processo.
Registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos apresentados em audiência (art. 360 do CPC).
No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta a audiência de instrução e julgamento e mandará apregoar as partes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas que dela devam participar (art. 358 do CPC).
Por as outras pessoas que dela devam participar previstas no art. 358, entendem-se:
As testemunhas.
Os representantes do ministério público nos processos em que atua como fiscal da ordem jurídica.
Os peritos.
Os amicus curiae.
Uma vez instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, independentemente do emprego anterior de outros métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem (art. 359 do CPC).
Caso não ocorra solução consensual, a próxima etapa envolve as medidas adotadas no art. 361 do CPC, que serão realizadas na própria audiência de instrução e julgamento.
Em primeiro lugar, ouve-se o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. 477, caso não respondidos anteriormente por escrito (art. 361, I, do CPC).
Lembre-se de que, além do laudo pericial, as partes podem requerer a presença dos experts na audiência para prestar esclarecimentos (art. 477, §3º, do CPC).
Veja mais sobre a organização dos depoimentos a seguir:
Nesse sentido, cabe primeiro ao juiz inquirir o perito, seguido do advogado que pediu os esclarecimentos e, por fim, do advogado do adversário.
Se o assistente técnico for ouvido, o juiz será o primeiro a inquirir; em seguida, o advogado que o indicou; e, por fim, o advogado da parte contrária (NEVES, 2017).
Ato contínuo, o autor e, em seguida, o réu, prestarão depoimentos pessoais (art. 361, II, do CPC).
Por fim, as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu serão inquiridas (art. 361, III, do CPC). As regras de procedimento do depoimento pessoal e da prova testemunhal já foram abordadas no módulo 2.
Enquanto depuserem o perito, os assistentes técnicos, as partes e as testemunhas não poderão os advogados e o Ministério Público intervir ou apartear, sem licença do juiz (art. 361, parágrafo único).
Terminada a instrução, o juiz permitirá que advogados do autor e réu, bem como o Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, de forma sucessiva, apresentem alegações finais, que, em regra, serão orais. Cada um terá o prazo de vinte minutos para apresentar, prorrogável por dez minutos, a critério do juiz (art. 364 do CPC).
Na hipótese de haver litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo de alegações finais orais será de trinta minutos, dividindo-se de forma igual o tempo se os advogados forem diferentes. Pode-se, no entanto, convencionar de modo diverso a distribuição do tempo disponível. (art. 364, §1º, do CPC). Por exemplo, podem eles definir que um terá vinte minutos e o outro dez.
Apenas após os debates – oraisou escritos –, também denominados de alegações finais, é que o juiz proferirá sentença oralmente na própria audiência, ou por escrito, posteriormente, no seu gabinete, no prazo (impróprio) de trinta dias (art. 366 do CPC). O adiamento e antecipação da audiência de instrução e julgamento serão melhor abordados no próximo tópico.
ADIAMENTO E ANTECIPAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Adiamento
O art. 362 do CPC elenca um rol – não taxativo – de hipóteses em que a audiência de instrução e julgamento pode ser adiada.
Primeira hipótese
É o caso de as partes convencionarem o adiamento da audiência de instrução e julgamento (art. 362, I). Não é necessário que as partes apresentem motivo justificado, podendo apenas não lhes ser conveniente o dia e hora designados.
É comum tal convenção, por exemplo, quando as partes buscam solução consensual extrajudicial, preferindo aguardar sua conclusão.
Segunda hipótese
É quando qualquer pessoa (partes, juiz, perito, testemunha e terceiros), que deveria participar da audiência, não puder comparecer por motivo justificado (art. 362, II). O impedimento no comparecimento deverá ser comprovado até a abertura da audiência, caso contrário, o juiz dará prosseguimento à audiência e à instrução (art. 362, §1º, do CPC).
Ainda que ausente, de forma injustificada, o advogado, o defensor público ou membro do Ministério Público, a audiência ocorrerá normalmente e o juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas pela parte do patrono faltante (art. 362, §2º, do CPC).
Se o juiz não comparecer à audiência, naturalmente ela será adiada, tendo em vista que cabe a ele a função de dirigi-la.
Terceira hipótese
Ocorre quando há atraso injustificado de seu início em tempo superior a trinta minutos do horário marcado (art. 362, III).
Aquele que tiver dado causa ao adiamento da audiência de instrução e julgamento deverá arcar com as despesas que foram acrescidas ao processo em razão da necessidade de designação de nova data (art. 362, §3º, do CPC).
Antecipação
Existe, também, a possibilidade de a audiência de instrução e julgamento ser antecipada; o que poderá ocorrer, de ofício ou a requerimento da parte, em razão da necessidade de resolução urgente da causa ou por eventual conveniência e disponibilidade da pauta de audiências daquele juízo.
Havendo antecipação ou adiamento da audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinará a intimação dos advogados ou da sociedade de advogados para ciência da nova designação (art. 363 do CPC). Trata-se de providência que objetiva concretizar o princípio ao contraditório, publicidade e cooperação.
Nos termos do art. 365 do CPC, a audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e justificadamente cindida na ausência de perito ou de testemunha, desde que haja concordância das partes. Embora o dispositivo legal forneça apenas uma razão para a ocorrência da cisão da audiência (ausência do perito ou de testemunha), o parágrafo único do art. 365, em complemento, autoriza que o julgador adie a continuação da sessão em razão da impossibilidade de realização da instrução, do debate e do julgamento no mesmo dia.
O art. 367 do CPC regula a forma de registro e documentação de todos os atos que foram praticados na audiência. Segundo o caput, o servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo (também chamada de ata) que conterá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso, os despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato. Quando o termo não for registrado em meio eletrônico, as folhas serão rubricadas pelo juiz e encadernadas em volume próprio (art. 367, §1º, do CPC).
Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do Ministério Público (quando eventualmente participam) e o escrivão ou chefe de secretaria, dispensadas as partes, exceto quando houver ato de disposição para cuja prática os advogados não tenham poderes (art. 367, §2º, do CPC).
Ao escrivão ou chefe de secretaria cabe trasladar para os autos cópia autêntica do termo de audiência (art. 367, §3º, do CPC).
É possível que a audiência seja integralmente gravada em imagem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a legislação específica (art. 367, §5º, do CPC). Além disso, as partes podem realizar diretamente a gravação da audiência, independentemente de autorização judicial (art. 367, §6º, do CPC).

Outros materiais

Outros materiais