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Psicologia e comportamento organizacional Érica Custódia de Oliveira Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Simone M. P. Vieira - CRB 8a/4771) Oliveira, Érica Custódia de Psicologia e comportamento organizacional / Érica Custódia de Oliveira. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2021. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-65-5536-785-0 (ePub/2021) e-ISBN 978-65-5536-786-7 (PDF/2021) 1. Gestão de pessoas 2. Comportamento organizacional 3. Psicologia organizacional 4. Psicologia I. Título. II. Série. 21-1344t CDD – 658.3 150 BISAC BUS030000 PSY000000 Índice para catálogo sistemático: 1. Comportamento organizacional : Gestão de pessoas 658.3 2. Psicologia 150 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. PSICOLOGIA E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Érica Custódia de Oliveira Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Luís Américo Tousi Botelho Gerente/Publisher Luís Américo Tousi Botelho (luis.tbotelho@sp.senac.br) Coordenação Editorial/Prospecção Dolores Crisci Manzano (dolores.cmanzano@sp.senac.br) Administrativo grupoedsadministrativo@sp.senac.br Comercial comercial@editorasenacsp.com.br Acompanhamento Pedagógico Otacília da Paz Pereira Designer Educacional Janaina Nascimento Menezes da Silva Revisão Técnica: Maria da Glória Calado Preparação e Revisão de Texto Deborah Quintal Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Cristiane Marinho de Souza Ilustrações Cristiane Marinho de Souza Imagens Adobe Stock Photos E-pub Ricardo Diana Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.livrariasenac.com.br © Editora Senac São Paulo, 2021 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . http://www.livrariasenac.com.br mailto:editora@sp.senac.br mailto:grupoedsadministrativo@sp.senac.br mailto:dolores.cmanzano@sp.senac.br mailto:luis.tbotelho@sp.senac.br M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sumário Capítulo 1 Introdução aos estudos de psicologia, 7 1 Histórico da Psicologia, 8 2 Psicologia vs. Ciências Psicológicas: do senso comum ao conhecimento científico, 11 Considerações finais, 19 Referências, 19 Capítulo 2 Psicologia: escolas de pensamento e áreas de atuação, 21 1 Principais escolas de pensamento: Behaviorismo, Gestalt, Psicanálise, 22 2 Áreas de atuação da Psicologia, 32 Considerações finais, 35 Referências, 35 Capítulo 3 Psicologia organizacional: conceitos fundamentais, 37 1 Conceitos de organização, 38 2 Teorias organizacionais: tipos de organização, objetivos e mudanças organizacionais, 41 3 Psicologia Organizacional e áreas de atuação: a importância da interdisciplinaridade, 48 Considerações finais, 52 Referências, 53 Capítulo 4 Comportamento organizacional, 55 1 Diferenças entre comportamento individual e comportamento organizacional, 56 2 Comportamento grupal na organização, 60 3 Percepção no trabalho, 65 Considerações finais, 69 Referências, 69 Capítulo 5 Atitude e satisfação nas organizações, 71 1 Atitude no trabalho, 72 2 Tipos de comprometimento, 75 3 Satisfação no trabalho, 79 Considerações finais, 83 Referências, 83 Capítulo 6 Resiliência, inteligência emocional e gestão da mudança, 87 1 Resiliência nas organizações, 88 2 Importância da inteligência emocional nas organizações, 91 3 Gestão da mudança: conceito e principais técnicas, 96 Considerações finais, 101 Referências, 102 6 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Capítulo 7 Assédio moral e sexual no trabalho, 105 1 Psicologia Organizacional, saúde mental e bem-estar no trabalho, 106 2 Assédio moral: características e tipos, 109 3 Assédio sexual, 115 Considerações finais, 117 Referências, 118 Capítulo 8 Outras dimensões psicossociais do trabalho e promoção da saúde psíquica, 121 1 Trabalho e subjetividade humana, 122 2 Trabalho e saúde psíquica: teorias, impactos e prevenções, 124 3 Promoção da saúde psíquica, 131 Considerações finais, 134 Referências, 135 Sobre a autora, 139 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Introdução aos estudos de Psicologia Os avanços tecnológicos desde o início do século XXI têm sido mar- cados por uma velocidade sem precedentes. Este fato tem pressionado as empresas e consequentemente as pessoas que nelas trabalham a buscar formas de serem mais competitivas e diferenciarem-se no mer- cado de trabalho. As previsões indicam que o trabalho nas organiza- ções se transformará radicalmente, e muitos postos de trabalho serão substituídos por máquinas ou algoritmos. Diante de um ambiente tão inédito, como ficam as emoções, os pensamentos e os sonhos de cada indivíduo? É desse mundo subjetivo de cada um que a Psicologia se ocupa, e é por isso que saber como essa área de conhecimento se formou até se tornar uma ciência – e os 8 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc ação a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . critérios considerados para essa caracterização – é o primeiro passo para, então, compreender quais podem ser suas contribuições para o ambiente organizacional. 1 Histórico da Psicologia Bock, Furtado e Teixeira (1994) destacam a importância de conhe- cer a história de qualquer área do conhecimento para compreendê- -la em profundidade devido ao seu desenvolvimento ocorrer sempre como resposta às necessidades humanas e estar conectada a outras áreas do conhecimento, a fim de dar conta de desafios econômicos e sociais e, no caso da Psicologia, suportar a busca do homem por conhecer mais sobre si mesmo. No Ocidente, a Psicologia começou há mais de 2 mil anos com os gregos, que eram a civilização mais evoluída da época, inclusive politi- camente, pois foi lá que nasceu a democracia. Era preciso gerar riqueza para manter as cidades-estados, e tais riquezas permitiam planejar me- lhorias para essas cidades, o que levou a diversos avanços na Física e na Geografia e, ao mesmo tempo, favoreceu que muitos cidadãos, tais como Sócrates, Platão e Aristóteles, refletissem sobre o homem e a sua interioridade, praticando a Filosofia (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). Os filósofos gregos foram os primeiros que tentaram sistematizar a Psicologia (em grego, psyqué é alma, e logos, razão): [...] etimologicamente, psicologia significa ‘estudo da alma’. [...] parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sen- sação e a percepção. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994, p. 31) Sócrates (469 a.C.-399 a.C.) foi o primeiro a se destacar nessas reflexões ao buscar o que diferenciava os homens dos animais e en- contrar como resposta a razão: era ela que tornaria possível ao homem sobrepor-se aos seus instintos. Platão (427 a.C.-347 a.C.), discípulo de 9 Introdução aos estudos de psicologia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sócrates, concentrou-se em defender que a razão se localizava em uma parte específica do corpo: a cabeça, o que, por consequência, separava a alma do restante do corpo (corpo e alma se conectariam por meio da medula). Embora discípulo de Platão, Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) se opôs a essa ideia, defendendo que a alma era o princípio ativo da vida e, por isso, não poderia ser dissociada do corpo. Assim, a teoria platô- nica pressupunha a imortalidade da alma, separada do corpo, e a teo- ria aristotélica, sua mortalidade, por pertencer a ele (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). Com o início da era cristã e o domínio do Império Romano sobre os gregos, o cristianismo ascendeu e a Psicologia desenvolveu-se relacio- nada ao conhecimento religioso, já que a Igreja Católica monopolizava o saber. Destacaram-se, nesse longo período da Idade Média, as posi- ções de Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274): enquanto o primeiro defendia que a alma era a manifestação divina no homem, o elemento que o ligava a Deus, o segundo buscava distinguir entre essência e existência e concedia a Deus o poder único de reuni-las. Ambos, portanto, reforçavam que o estudo do psiquismo se mantivesse como monopólio da Igreja – assunto divino, portanto (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). O período histórico seguinte, o Renascimento, foi marcado pela va- lorização do homem e pelo avanço da ciência. A posição defendida por Descartes (1596-1659) o destaca como contribuinte para a nova fase de estudos da Psicologia como ciência, por retomar a defesa da separa- ção entre corpo e alma (concordando com Platão) e, assim, abrir espa- ço para os estudos em mortos (antes a Igreja os proibia por considerar os corpos sagrados) e o consequente desenvolvimento da Anatomia e da Fisiologia (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994), fundamentais para a evolução da Psicologia científica. O histórico da Psicologia, portanto, mostra que ela surgiu a partir de reflexões da Filosofia, foi monopólio da Igreja por longo tempo e, 10 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . posteriormente, fortaleceu-se como ciência, influenciada por conheci- mentos da Fisiologia, da Neuroanatomia e da Neurofisiologia (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Reforçando a ideia exposta no início des- te capítulo, de que a história de uma área de conhecimento vai sendo construída de acordo com o contexto social e econômico, o quadro 1 destaca três momentos na evolução da Psicologia. Quadro 1 – Três momentos na evolução da Psicologia 1. Conhecimento 2. Conhecimento 3. Conhecimento filosófico religioso científico Cidades-estado gregas: riqueza proporcionava avanços sociais Império Romano dominava o mundo: ascensão do cristianismo Renascimento: valorização do homem e da ciência Alguns pensadores dialogavam sobre a alma (psyqué) Igreja monopolizava o saber, inclusive sobre o psiquismo Separação entre alma e corpo: Anatomia e Fisiologia Fonte: adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (1994). A Psicologia, ciência que nascia entre os séculos XVIII e XIX, compre- endia o ser humano cada vez mais como indivíduo, pressupondo que cada pessoa vivencia suas experiências de forma subjetiva e persona- lizada, ou seja, única. Essa ciência se propõe, então, a compreender e explicar o homem, o eu: o que a identifica como ciência moderna é o estudo da subjetividade (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). PARA SABER MAIS Para conhecer com mais profundidade cada uma das fases do conheci- mento em Psicologia, inclusive as diferentes etapas pelas quais a Psico- logia Científica vem se constituindo, há uma obra que tem exatamente esse objetivo: História da psicologia, de David Hothersall (1997). 11 Introdução aos estudos de psicologia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.2 Psicologia e ciências psicológicas: do senso comum ao conhecimento científico As necessidades de compreender o universo e transformá-lo são tão características da humanidade que os arqueólogos consideram a cons- trução e o uso de ferramentas como critérios para estabelecer quando os humanos mais antigos surgiram no planeta Terra: há 2,5 milhões de anos (HARARI, 2017). Há todo esse tempo o homem busca entender e alterar o mundo, mas nem sempre o método usado para atender a es- sas necessidades foi o científico. Como a Revolução Científica data do século XVI, durante cerca de 2,45 milhões de anos, os seres humanos pensaram sobre suas realidades, compreenderam-na e construíram al- ternativas para modificá-la recorrendo ao senso comum. Carregado de crenças e suposições intuitivas e espontâneas, “O senso comum é o consenso que se cria socialmente e constitui o re- pertório de saber construído a partir da observação da natureza e do ensaio e erro” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019, n.p.): cada pessoa faz a própria leitura do mundo e chega às próprias conclusões com base em suas experiências anteriores, seguindo os passos que julga mais adequados e ouvindo as pessoas em quem mais confia. Por exemplo, mesmo sem ser médico, se você perceber que tem tido dor de estôma- go frequentemente e se sente “pesado” após cada refeição, como se sua digestão estivesse comprometida, pode desconfiar de que esteja com gastrite com base no senso comum, por causa de tudo que já ouviu falar a respeito dessa doença. Diferente do senso comum, a ciência “compõe-se de um conjunto de conhecimentos (ou ideias sistematizadas e organizadas) que per- mitem uma compreensão da realidade sistematizada, comprovada e testada” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019, n.p.). Para que seja con- siderado ciência, esse conjunto de conhecimentos precisa ter as se- guintes características: objeto específico, linguagem rigorosa, método 12 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .sistematizado, compor um processo cumulativo do conhecimento e objetividade (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). O método científico, fundamental para a produção de ciência, pode ser definido como o “conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido [...]” (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 65). Usando o exemplo anterior, se você procurar um médico para atestar cientificamente se você tem ou não gastrite, ele solicitará uma série de exames – e, portanto, seguirá procedimentos padronizados, que outros médicos também seguem, e reconhecidos como legítimos na comunidade científica – para chegar a um diagnóstico. Nas ciências básicas, tais como a Física e a Química, resumidamen- te, o método científico prevê um ciclo de aprendizado em três etapas (TEIXEIRA; SALOMÃO; TEIXEIRA, 2010), detalhadas a seguir e sintetiza- das na figura 1: 1. Observar o mundo e tecer uma hipótese: o ser humano reflete sobre algo que está ocorrendo no mundo e formula uma teoria a respeito dele e elabora uma hipótese sobre o porquê de o fenô- meno observado acontecer daquela maneira. Por exemplo, pes- quisadores de Harvard e da Kent State University, observando as pessoas, tiveram a impressão de que ninguém consegue captar tudo o que está ocorrendo ao redor e elaboraram uma hipótese quanto a isso (BRASIL POST, 2014). 2. Conduzir um experimento para testar essa hipótese: para testá-la, é preciso planejar um experimento. Seguindo o mesmo exemplo, os pesquisadores então realizaram um experimento: no campus de uma das faculdades, um ator abordava um pedestre e pedia instruções para chegar a um local. Enquanto isso, dois homens carregando uma grande porta de madeira passavam entre o ator e o pedestre, bloqueando completamente a visão que um tinha do 13 Introdução aos estudos de psicologia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. outro por alguns segundos, e esse ator era substituído por outro bem diferente (altura, voz, roupa). 3. Corroborar ou refutar a hipótese: os resultados obtidos a partir do experimento serão a base para comprovar ou não a hipótese. Finalizando o exemplo, metade dos participantes não percebia que o ator tinha sido substituído, o que corroborou a hipótese ini- cialmente elaborada. Figura 1 – Ciclo de aprendizado nas ciências básicas Hipótese Comprovação ou não da hipótese Experimento Fonte: adaptado de Teixeira, Salomão e Teixeira (2010, p. 47). A Psicologia, como todas as ciências humanas não básicas, tem um desafio extra para aplicar o método, pois geralmente é impossível realizar um experimento controlando tudo que pode interferir no re- sultado (TEIXEIRA; SALOMÃO; TEIXEIRA, 2010): os experimentos com pessoas são influenciados por variáveis incontroláveis (por exemplo, as emoções das pessoas no momento do experimento), o que pode até impedir o alcance de resultados conclusivos. Bock, Furtado eTei- xeira (2019) acrescentam que esse desafio é intrínseco à Psicologia devido ao seu objeto de estudo ser o próprio homem: embora defen- da-se que o rigor exigido no método científico seja sinônimo de objeti- vidade e neutralidade, essa neutralidade se torna impossível porque o cientista se confunde com o objeto a ser estudado. Um primeiro fator que pode influenciar a pesquisa é a concepção que o cientista tem de homem, como exemplificado na figura 2: acreditar que o homem é imutável ou não interfere nas questões específicas que interessarão ao cientista e em como ele interpretará os resultados. 14 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Figura 2 – Duas concepções bem diferentes de homem Homem como ser abstrato, com características definidas e que não mudam Homem como ser datado, determinado pelas condições históricas e sociais que o cercam Fonte: adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (1994). A ciência como um todo começou a se destacar no século XIX por- que o capitalismo ascendente dependia do conhecimento independen- te da fé para sustentar a produção crescente: as máquinas, um dos maiores símbolos docapitalismo da época, precisavam ser conheci- das e controladas pelos homens, independentemente da vontade divi- na, com impessoalidade e objetividade – não importa qual homem as manipulasse ou qual era sua fé, as máquinas tinham que funcionar da mesma maneira. Além de contar com a ciência para se desenvolver, o capitalismo defende a ideia de que os sujeitos são livres, destacando o mundo como um conjunto infinito de escolhas possíveis: cada pessoa pode escolher entre variadas ideias, religiões e opiniões, de forma a se tornar única e distinta das demais. O desenvolvimento do capitalismo, então, favorecia a ciência e a Psicologia como ciência (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). No meio do século, XIX, a Psicologia passou a se expandir também a partir de conhecimentos de Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia, pois percebeu-se que era preciso compreender o funcionamento da máqui- na de pensar do homem: o seu cérebro (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Um primeiro exemplo é a formulação da Lei de Weber-Fechner (Psicofísica), no século XIX, batizada em homenagem aos pesquisadores 15 Introdução aos estudos de psicologia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. que a estabeleceram. Eles investigaram a relação entre estímulo e sen- sação, de modo a mensurar objetivamente o fenômeno psicológico da percepção – lembrando que ser mensurável era condição para que um fenômeno pudesse ser considerado científico. Esses estudiosos perce- beram que, enquanto o estímulo aumentava geometricamente, a per- cepção sobre ele crescia aritmeticamente (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Por exemplo, a diferença percebida ao aumentar a intensidade de iluminação de uma lâmpada de 100 para 110 watts era a mesma de quando a intensidade subia de 1000 para 1100 watts (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). No final desse mesmo século, Wundt (1832-1920) criou o primeiro laboratório de Psicofisiologia na Universidade de Leipzig, na Alemanha, e, por isso e por sua extensa produção teórica na área, o pesquisador é considerado o pai da Psicologia científica. Wundt desenvolveu o para- lelismo fisiológico, segundo o qual aos fenômenos mentais correspon- dem fenômenos orgânicos. Por exemplo, a picada de uma agulha, que é uma estimulação física/orgânica, teria uma correspondência na mente de quem foi picado (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). O desenvolvimento da Psicologia científica se acelerou nos Estados Unidos, que eram um campo fértil para esse avanço devido ao seu intenso desenvolvimento econômico na época. Os pesquisadores estadunidenses inauguraram três abordagens: o Funcionalismo, o Estruturalismo e o Associacionismo, fontes de diversas teorias psicoló- gicas posteriores, brevemente explicadas no quadro 2. 16 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Quadro 2 – Três abordagens iniciais da Psicologia científica nos Estados Unidos FUNCIONALISMO ESTRUTURALISMO ASSOCIACIONISMO PESQUISADOR William James Edward Bradford Titchner Edward Lee Thorndike FOCO Responder o que fazem os homens e por que o fazem: como usam a consciência para se adaptar ao meio. Estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central Aprendizagem que ocorreria por meio da associação de ideias, das mais simples às mais complexas. CURIOSIDADE Na época, a sociedade estadunidense demandava pragmatismo para se desenvolver economicamente. Usava o introspeccionismo como método de observação e experimentos em laboratório. Formulou a primeira teoria da aprendizagem da Psicologia. Fonte: adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (1994) Ao se libertar da Filosofia e obter status de ciência, a Psicologia impôs desafios importantes aos pesquisadores (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994): • definir o objeto de estudo; • deliminar o campo de estudo, diferenciando-se de outras áreas do conhecimento; • formular métodos de estudo de seu objeto; • formular teorias, buscando a isenção, usando dados passí- veis de comprovação e atentando para criar um conhecimento cumulativo. Como citado no final do subcapítulo anterior, o objeto de estudo da ciência Psicologia é a subjetividade como uma síntese singular e individual que cada um vai constituindo em sua trajetória de vida. É uma síntese que nos identifica, por ser úni- 17 Introdução aos estudos de psicologia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. ca, e nos iguala por acontecer em um cenário comum: a sociedade. Refere-se a sentimentos, ideias, sonhos, projetos e formas de se comportar de cada um. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019, n.p.). Estudar a subjetividade, ou seja, aspectos invisíveis que compõem e criam a realidade, é buscar dar visibilidade ao processo de produção dos modos de ser e estar no mundo, que é movimento e transformação constantes (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). É importante destacar que a subjetividade é um dos âmbitos da rea- lidade, ideia fundamental para compreender o humano como parte dela, não somente como sua consequência. Isso reforça que o trabalho é uma grande conquista porque é o meio pelo qual o homem pode transformar o mundo para sobreviver, ultrapassando limitações biológicas e cons- tituindo-se sob leis sócio-históricas, e viver melhor, satisfazendo suas necessidades. A ação humana transforma a realidade (mundo objetivo) e transforma os humanos (mundo subjetivo), que vão desenvolvendo habilidades que ainda não possuíam: cada pessoa participa ativamente da própria construção, inserida em um mundo cultural e social (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Um exemplo claro é a invenção da escrita e toda a evolução proporcionada por ela: os seres humanos passaram a registrar suas memórias para além do que poderia ser falado entre uma geração e outra; como o cérebro humano é limitado em sua ca- pacidade de armazenamento, a escrita funcionou como uma forma de aumentar essa capacidade e a de processamento de informações entre indivíduos e gerações (HARARI, 2017). Considerar a subjetividade como objeto de estudo da Psicologia científica moderna é uma forma de conciliar diversos elementos que fo- ram foco dessa ciência ao longo do tempo (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019), a ponto de, em um passado recente, possível se referir a Ciências Psicológicas ao invés de a uma Psicologia apenas (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994):por exemplo, para conhecer melhor o sujeito, Wundt focou no caminho da estimulação sensorial; pesquisadores posteriores 18 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .focaram no inconsciente, depois no comportamento, na cognição, nos afetos etc... parecia até que existiam diversas Ciências Psicológicas. IMPORTANTE Lembremos que considerar a subjetividade como objeto de estudo da Psicologia permite compreender que o interesse científico pelo entendi- mento do homem pode se manifestar pelo foco em diferentes elemen- tos, tais como sentimentos, ideias, sonhos, projetos, comportamentos, inconsciente e consciência. Sumarizando, a Psicologia científica tem a subjetividade como objeto de estudo, a partir dele se diferencia de outras áreas de conhecimento, usa métodos rigorosos e impessoais dentro das limitações intrínsecas ao campo de estudo, formula e testa teorias com base em conhecimen- tos prévios e busca acrescentar algo aos pesquisadores que virão pos- teriormente (conhecimento cumulativo). PARA PENSAR No final do século XX, Martin Seligman (1942-), psicólogo estaduniden- se, liderou um conjunto de pesquisas com o objetivo de alterar radi- calmente o foco da Psicologia, que, segundo ele, concentrava-se nos aspectos negativos que impediam a mente humana de funcionar bem, ou seja, em desvios ou patologias: a Psicologia buscava “consertar” o que não estava bom na mente das pessoas. Seligman deu origem, en- tão, à Psicologia Positiva, cujo foco é melhorar o que as pessoas já têm de bom para que se tornem cada vez mais felizes (SELIGMAN, 2004). Para pensar: como essa nova abordagem da Psicologia alterou as pes- quisas científicas na área e quais são suas aplicações no mundo do trabalho? Uma pista: cada vez mais a gestão de pessoas bem estrutu- rada foca nos pontos mais fortes de cada pessoa – ao invés de querer melhorá-las em seus pontos mais fracos – e busca compor equipes com indivíduos complementares. 19 Introdução aos estudos de psicologia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Considerações finais Este capítulo focou-se em explorar o histórico da Psicologia, partin- do da fase filosófica até a científica, que teve, então, o início de seu de- senvolvimento detalhado porque é a essência da Psicologia moderna: uma ciência com objeto específico, linguagem rigorosa, construída a partir de métodos sistematizados e reproduzíveis, constituindo-se um processo cumulativo do conhecimento. A Psicologia evoluiu – e continua evoluindo – de acordo com os de- safios socioeconômicos de cada época e das consequentes necessida- des subjetivas dos seres humanos, surgidas ou intensificadas nesses contextos peculiares. Entender como essa ciência vem sendo forma- da historicamente aumenta o poder de compreensão de suas contri- buições para desafios futuros, competência especialmente importante em um mundo que tem mudado em uma velocidade inédita e que nem sempre considera o modo como as emoções, os pensamentos, os so- nhos e a subjetividade de cada indivíduo são afetados por ele. Referências BRASIL POST. 10 estudos que vão mudar o que você pensa que sabe sobre si mesmo. Exame, Tecnologia. 13 mai. 2014. Disponível em: https://exame.com/ tecnologia/10-estudos-que-vao-mudar-o-que-voce-pensa-que-sabe-sobre-si- mesmo/. Acesso em: 23 jan. 2021. BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologia. Série em foco. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. E-book. BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 6. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 1994. HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. 29. ed. Porto Alegre: L&PM, 2017. https://exame.com 20 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . HOTHERSALL, David. História da psicologia. McGraw Hill Brasil, 1997. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodo- logia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SELIGMAN, Martin Elias Peter. Felicidade autêntica. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. TEIXEIRA, Hélio Janny; SALOMÃO, Sérgio Mattoso; TEIXEIRA, Clodine Janny. Fundamentos de administração: a busca do essencial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 21 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A Psicologia como ciência, focada no estudo da subjetividade, teve suas bases desenvolvidas principalmente no final do século XIX e iní- cio do século XX, quando três escolas de pensamento se desenvolve- ram e se tornaram a origem de muitos outros conhecimentos gerados posteriormente na área: o Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise. Compreender os princípios e as teorias de cada escola é fundamental para entender como funciona a Psicologia atualmente e suas potenciais contribuições para que tenhamos uma vida melhor. Esse é o principal objetivo deste capítulo: resgatar as três escolas que são alicerces da Psicologia, fazendo uma ponte entre a formação dessas escolas e como os conhecimentos por elas produzidos são Capítulo 2 Psicologia: escolas de pensamento e áreas de atuação 22 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .aplicados na prática profissional dos psicólogos, seja na Psicologia Clínica, na Psicologia Escolar ou na Psicologia Organizacional. 1 Principais escolas de pensamento: Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise Na Psicologia moderna, considera-se a existência de quatro siste- mas, que são assim nomeados porque deles derivam de outras teorias em Psicologia. Os quatro se desenvolveram entre o final do século XIX e o início do século XX: o Behaviorismo, a Gestalt, a Psicanálise e a Psicologia Histórico-Cultural (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Os próximos subcapítulos detalham as três primeiras escolas, come- çando pelo Behaviorismo, depois Gestalt e Psicanálise. 1.1 Behaviorismo O Behaviorismo nasceu no final do século XIX, nos Estados Unidos, com John Broadus Watson (1878-1958), e é a escola da Psicologia cujo objeto de estudo é o comportamento compreendidocomo a interação indivíduo-ambiente, mais especificamente a relação entre as variáveis do ambiente que interagem com o sujeito e aquilo que o sujeito faz com elas (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Respectivamente, o estímulo e a resposta são o ponto de partida para essa ciência do comportamento, frequentemente representados pelas iniciais em latim S (stimulus) e R (responsum) (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). A fundamentação da teoria behaviorista foi desenvolvida posterior- mente por Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) e é conhecida como análise experimental do comportamento baseada no condicionamento operante, conceito desenvolvido a partir das noções de comportamen- to-reflexo e condicionamento respondente (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 23Psicologia: escolas de pensamento e áreas de atuação M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 1994, 2019). Esses três conceitos centrais para o Behaviorismo estão descritos no quadro 1. Quadro 1 – Três definições centrais para o Behaviorismo COMPORTAMENTO- -REFLEXO CONDICIONAMENTO RESPONDENTE CONDICIONAMENTO OPERANTE DE SC RI ÇÃ O E EX EM PL O S Comportamento involuntário, automático, produzido por estímulos do ambiente. Exemplos: contração das pupilas diante de uma luz forte; salivação de um cachorro quando vê comida. Processo que resulta em um comportamento involuntário (uma resposta ao mundo) produzido por um estímulo neutro associado ao estímulo incondicionado, que produziria originalmente o comportamento. Exemplo: o pesquisador Ivan Petrovich Pavlov (1849- 1936) passou a tocar uma campainha antes de servir a comida aos cachorros e, após repetir esse som (estímulo neutro) muitas vezes antes de servir a comida (estímulo incondicionado), os cachorros salivavam (comportamento) só de ouvir a campainha, antes de ver ou farejar a comida. Processo que resulta em um comportamento voluntário (que opera sobre o mundo), produzido devido às consequências geradas por ele. Pode ser representado por R à S (resposta leva ao estímulo reforçador). Fonte: adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (1994, 2019). O psicólogo Skinner realizou um experimento para testar o condiciona- mento operante: ele deixou um ratinho em uma caixa que continha uma alavanca cujo acionamento liberava uma gota d'água. A expectativa era de que o ratinho pressionasse a alavanca por acidente uma primeira vez e, após repetir essa ação outras vezes, aprendesse que, ao sentir sede, basta- va pressionar a alavanca novamente e receberia água. Nesse caso, a ação do ratinho sobre o meio e o efeito resultante propiciavam a aprendizagem do comportamento: R à S, ou seja, a resposta (pressionar a alavanca) levava ao estímulo reforçador (a água) (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). Para o Behaviorismo, o que propicia a aprendizagem dos comporta- mentos é a relação entre a ação do sujeito sobre o meio (resposta) e o efeito resultante (estímulo reforçador). Visando à manutenção de um comportamento operante, ou seja, à obtenção de determinada resposta, dois tipos de reforços são possíveis (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994): 24 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .1. Reforço positivo: quando apresentado, fortalece o comportamen- to precedente (resposta). Retomando o exemplo do experimento de Skinner, a água é um reforço positivo, que faz com que o rati- nho mantenha seu comportamento de pressionar a alavanca. 2. Reforço negativo: fortalece um comportamento (resposta) que elimine esse reforço. Alterando o exemplo de Skinner para a exis- tência de um choque no assoalho que cessasse sempre que o ratinho pressionasse a alavanca: após algum tempo, o ratinho passaria a pressionar a alavanca (comportamento) para remover o choque (reforço negativo). Para eliminar um comportamento operante indesejável ou inadequa- do, existe outro mecanismo, a punição: a emissão de um estímulo aver- sivo. Seguindo no exemplo do ratinho, mas invertendo a situação: a cada vez que ele pressionasse a alavanca, ele levaria um choque. Com o tem- po, ele deixaria de pressionar a alavanca (comportamento eliminado) de- vido ao choque (estímulo aversivo) (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). Um alerta importante realizado por Skinner foi o de que a relação en- tre punição e reforço não segue o senso comum, que considera a puni- ção como o melhor caminho para evitar comportamentos indesejáveis: suas pesquisas comprovaram que o melhor é descobrir qual é o com- portamento desejado em determinada situação e atribuir reforço a ele, pois embora a punição até diminua os comportamentos indesejados, ela diminui os comportamentos de forma geral, inclusive os desejados e especialmente os criativos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). O Behaviorismo é frequentemente aplicado quando há desejo de di- recionar os comportamentos, como na educação (organização e con- trole das situações de aprendizagem) e no mundo do trabalho (treina- mentos) (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). 25Psicologia: escolas de pensamento e áreas de atuação M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 1.2 Gestalt A Gestalt – também conhecida como Psicologia da Forma – nas- ceu na Alemanha no final do século XIX e até hoje é considerada uma teoria consistente, com forte base metodológica, tendo sido elaborada por Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1941) a partir de estudos psicofísicos que relacionavam forma e percepção. Gestalt é um termo alemão de difícil tradução, cujo significado se aproxima de forma ou configuração (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Inicialmente o objetivo era entender os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, ou seja, por que a assimilação de um estímulo físico ocorreria de maneira diferente em relação à realidade objetiva. Um exemplo é o que ocorre no cinema: embora as imagens projetadas na tela sejam estáticas, elas vão se sobrepondo em nossa retina e a percepção é de que há movimento – é uma ilusão de ótica (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). O princípio implícito na teoria behaviorista é que entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo está o processo de percep- ção (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Consequentemente, embora se assemelhe ao Behaviorismo por ter o comportamento como foco de estudo, a Gestalt defende que é preciso compreender esse comporta- mento considerando o contexto maior em que ele ocorre, ou seja, as condições que podem alterar a percepção do estímulo – essa é uma crítica da Gestalt ao Behaviorismo. Essa defesa se baseia na teoria do isomorfismo: a parte é relacionada ao todo, e a percepção busca fe- chamento, simetria e regularidade entre os pontos que compõem uma figura (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994) ou entre os acontecimentos de uma situação. A figura 1 ilustra a teoria do isomorfismo, apresentando quatro ele- mentos para exemplificar como a percepção tenta compor o todo a 26 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lham en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .partir de pedaços, ou seja, promover o fechamento: o elemento 1 são quatro bolinhas pretas e é percebido como um quadrado, não como uma figura inclinada ou um perfil, embora esses dois últimos desenhos apareçam no elemento 2 e todos (os três desenhos) tenham as quatro bolinhas pretas. O elemento 3 é o elemento 1 acrescido de outras 4 bolinhas, o que faz com que o percebamos como um círculo. E, final- mente, no elemento 4, percebemos um círculo branco no meio de cada desenho, embora não exista nada lá: são apenas quatro linhas que for- mariam uma cruz se não houvesse uma parte vazia onde deveria ser o encontro das linhas (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). Figura 1 – Exemplos da teoria do isomorfismo Fonte: adaptado de Bock, Furtado e Teixeira, 1994. Outro conceito importante para a Gestalt é o de meio ambiental, ou seja, o conjunto de estímulos determinantes do comportamento, que pode ser de dois tipos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994): • o meio geográfico, que é o físico, objetivo, a realidade tal qual ela é; Elemento 1 Elemento 3 Elemento 4 Elemento 2 27Psicologia: escolas de pensamento e áreas de atuação M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • o meio comportamental, que resulta da interação da pessoa com o meio físico, sendo o modo como ela interpreta esse meio, obedecendo à força do campo psicológico, ou seja, à tendência de “juntar” elementos durante a percepção, buscando por equilí- brio, simetria, estabilidade e simplicidade – a lei da boa-forma. A Gestalt defende que é o meio comportamental (a interpretação do meio geográfico) que influencia o comportamento. A Gestalt embasa estudos de psicologia da arte, de comunicação (publicidade) e de gestão de pessoas, sendo a origem da Psicologia Organizacional (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Na década de 1930, nos Estados Unidos, Kurt Lewin (1890-1947) popularizou a expressão “dinâmica de grupo” (CASADO, 2002) e definiu “clima grupal”, legitiman- do a voz dos trabalhadores. Um de seus experimentos mais marcantes, e que permanece influenciando o mundo do trabalho, demonstrou uma produtividade decrescente entre grupos de clima democrático (os mais produtivos – as ordens são discutidas entre membros e o líder emerge do grupo), grupos de clima autoritário (um líder define o que o grupo deve fazer) e grupos de clima laissez-faire (os menos produtivos – grupos sem ordem nem liderança) (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). 1.3 Psicanálise É na passagem para o século XX que surge a Psicanálise, na Áustria, fundada por Sigmund Schlomo Freud (1856-1939), médico cujas contri- buições alteraram profundamente o modo de pensar a vida psíquica, pois ele passou a investigar, cientificamente, processos misteriosos da subje- tividade, tais como fantasias, sonhos e esquecimentos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). Freud começou a usar a técnica da hipnose para tratar e eliminar os sintomas de pessoas que sofriam com distúrbios nervosos após estudar com Jean-Martin Charcot (1825-1893), psiquiatra francês que 28 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .usava essa mesma técnica para cuidar de histerias. Também incorpo- rou o método catártico após trabalhar com seu propositor, Josef Breuer (1842-1925): o objetivo era eliminar sintomas atuais por meio da libera- ção de afetos e emoções relacionados a traumas passados e que fica- ram retidos no inconsciente, não tendo sido experimentados no mesmo momento das experiências desagradáveis que os causaram. O exemplo clássico é o de Ana O., paciente de Breuer: ela tinha sintomas como con- tratura muscular, inibições e dificuldades de pensamento, que surgiram enquanto cuidava do pai doente. Sob hipnose, Ana relatou a origem de cada sintoma, quando reprimia pensamentos e sentimentos relaciona- dos ao desejo de morte do pai. Rememorar as experiências por meio da hipnose permitiu que os sintomas desaparecessem porque liberou as emoções reprimidas associadas ao evento traumático do passado (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Como nem todos os pacientes aceitavam ser hipnotizados, Freud começou a usar a técnica da concentração, pedindo que os pacientes relembrassem acontecimentos enquanto conversavam, o que evoluiu para a associação livre: ao paciente era solicitado que falasse o que lhe viesse à mente, sem ser guiado por perguntas do psiquiatra (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Assim, buscando explicar por que as pessoas esqueciam alguns acontecimentos de sua vida, Freud defendeu que era devido a esses episódios envolverem conteúdos dolorosos, que eram a origem dos sintomas e ficavam presos no inconsciente, conceito-chave para a Psicanálise. Dois processos psíquicos centrais estavam envolvidos em manter esses conteúdos no inconsciente (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019): a resistência, força que tenta impedir o conteúdo de migrar para o consciente, e a repressão, que busca encobrir uma ideia insuportável, uma espécie de desejo proibido, origem do sintoma. A primeira teoria do aparelho psíquico postula, então, a existência de três instâncias psíquicas, conforme apresentado no quadro 2. 29Psicologia: escolas de pensamento e áreas de atuação M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Quadro 2 – Primeira teoria do aparelho psíquico: as três instâncias psíquicas Inconsciente Conteúdos reprimidos por censura interna, não acessíveis pelo consciente Pré-consciente Conteúdos que podem ser acessados pelo consciente Consciente Conteúdos dos mundos exterior e interior Fonte: adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (2019). Ao longo de seus atendimentos, Freud percebeu que muitos dos pensamentos e desejos reprimidos de seus pacientes estavam relacio- nados a conflitos de ordem sexual vividos durante a infância. A partir dessa descoberta, ele teorizou sobre diversos outros aspectos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994, 2019), a saber: • Sexualidade infantil: a função sexual existe desde o início da vida, não apenas a partir da puberdade. • Libido: energia dos instintos sexuais. • Etapas do desenvolvimento sexual (decorrentes da função se- xual estar relacionada à sobrevivência, e o prazer, a partes do corpo): fase oral (zona de erotização é a boca), fase anal (zona de erotização é o ânus), fase fálica (zona de erotização é o órgão genital) e fase genital (zona de erotização está fora da pessoa, no outro). • Complexo de Édipo: um dos processos ocorridos durante o de- senvolvimento sexual e em torno do qual se estrutura a persona- lidade do indivíduo entre os 2 e 5 anos: a mãe é objeto de desejo do menino, tornando-se seu modelo de comportamento, até que, para não perder o amor do pai, o menino troca o desejo pela mãe pelo desejo pela riqueza cultural e social do mundo; no Complexo de Édipo Feminino, a situação se inverte, com o pai sendo o obje- to de desejo da menina. 30 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão eo c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .A segunda teoria do aparelho psíquico se refere aos três sistemas da personalidade, introduzindo os conceitos de id, ego e superego, confor- me apresenta o quadro 3. Quadro 3 – Segunda teoria do aparelho psíquico: os três sistemas da personalidade Id Abriga as pulsões da vida e da morte e é guiado pelo princípio do prazer; refere-se ao inconsciente. Ego Equilibra as exigências do id, as da realidade (mundo objetivo) e as "ordens" do superego; é guiado pelo princípio da realidade. Superego Guarda as exigências sociais e culturais, sendo formado a partir do Complexo de Édipo, ou seja, da internalização de proibições, limites e autoridade. Fonte: adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (1994, 2019). Freud também defende que há uma realidade psíquica, ou seja, uma realidade subjetiva, imaginada, que, para o indivíduo, equivale à realida- de objetiva. E que essa realidade psíquica pode resultar de mecanismos de defesa usados para deformar uma realidade desagradável ou dolo- rosa, tais como a projeção, quando o sujeito vê algo de si que considera indesejável em outra pessoa, mas não em si mesmo, e a formação rea- tiva, quando o sujeito adota uma atitude oposta ao seu desejo (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019). Por exemplo, ao mesmo tempo uma pes- soa pode qualificar um colega como muito controlador sem perceber que ela, sim, age dessa maneira (projeção), ou uma mãe pode super- proteger o filho quando seu desejo é de exprimir a raiva que sente dele devido às dificuldades que trouxe para a vida dela (formação reativa). A Psicanálise é considerada uma teoria, um método de investiga- ção e uma prática profissional, pois, respectivamente (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019): • sistematiza conhecimentos sobre o funcionamento da vida psíquica; 31Psicologia: escolas de pensamento e áreas de atuação M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • preconiza a interpretação dos conteúdos manifestos em ações, palavras, delírios, sonhos e associação livre em busca de conteú- dos ocultos; • e caracteriza-se pela análise para cura ou autoconhecimento, ini- cialmente feita individualmente em consultórios e estendida para processos de aconselhamento e formação de equipes em insti- tuições de educação, justiça, saúde e assistência social. O quadro 4 apresenta os principais conceitos de cada uma das três escolas exploradas detalhadamente neste capítulo: Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise. Quadro 4 – Síntese dos principais conceitos de cada uma das três escolas principais da Psicologia Behaviorismo • Comportamento como interação indivíduo-ambiente • Aprendizagem • Estímulo (S) • Resposta (R) • Análise experimental do comportamento • Condicionamento operante • Reforço positivo • Reforço negativo • Punição Gestalt • Psicologia da Forma • Estímulo, resposta e percepção • Teoria do isomorfismo: busca por fechamento, simetria e regularidade • Meio ambiental: geográfico ou comportamental • Força do campo psicológico • Lei da boa-forma Psicanálise • Hipnose • Método catártico • Associação livre • Resistência e repressão • Inconsciente, pré-consciente e consciente • Sexualidade infantil, libido, etapas do desenvolvimento sexual, Complexo de Édipo • Id, ego e superego • Realidade psíquica • Mecanismos de defesa PARA SABER MAIS Uma quarta escola da Psicologia moderna, a Psicologia Histórico-Cultu- ral, foi criada na Rússia, por Lev Semionovitch Vigotski (1896-1934), no contexto de implementação do estado socialista. Usando o método his- tórico-cultural de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), que defende que, para compreender a subjetividade humana, é preciso 32 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Saber que a consciência se produz nas relações concretas de atividade no mundo e [...] se desloca dessa atividade (capacidade de abstração), que a cultura congrega um importante repertório consolidado dessas abstrações, constituindo a memória coletiva de um povo, e que esse repertório é interpretado à luz da história desse povo. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019, p. 22) Em outras palavras, essa escola considera a linguagem fator fundamen- tal na construção da consciência ao duplicar o mundo existente no inte- rior singular de cada pessoa por meio dos processos de abstração e ge- neralização; defende ainda que a adaptação de cada indivíduo depende mais do que é produzido e aprendido do que de comportamentos inatos. 2 Áreas de atuação da Psicologia A Psicologia como profissão é a prática do conhecimento científi- co gerado na área, baseando-se, portanto, nas teorias psicológicas e usando métodos próprios para investigação (por exemplo, os testes psicológicos de personalidade e de inteligência e as técnicas de obser- vação). O psicólogo é um profissional da saúde, seguindo a definição da Organização Mundial da Saúde: “Saúde é um estado de bem-estar, físico, mental e social completo, não apenas de ausência de doença ou enfermidade”1 (OMS, 1948). Sob essa perspectiva, esse profissional [...] deve empregar seus conhecimentos de Psicologia na promo- ção de condições satisfatórias de vida, na sociedade em que vive e trabalha, isto é, em que está comprometido como cidadão e como profissional. [...] enfocando a subjetividade dos indivíduos e/ou suas manifestações comportamentais. (BOCK; FURTADO; TEIXEI- RA, 1994, p. 154) 1 Tradução livre de “Health is a state of complete physical, mental and social well-being and not merely the absence of disease or infirmity.” (OMS, 1948) 33Psicologia: escolas de pensamento e áreas de atuação M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Embora haja um objetivo central que é a promoção de saúde, a Psicologia pode ser dividida ainda em três áreas principais para atua- ção profissional: Psicologia Clínica, Psicologia Escolar e Psicologia Organizacional (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). Bock, Furtado e Teixeira (1994) reforçam que, apesar de o foco do psi- cólogo ser a subjetividade, ele precisa considerar também a objetividade que cerca o indivíduo, pois condições materiais precárias (por exemplo fome, falta de habitação, desemprego e analfabetismo) prejudicam o de- senvolvimento: não é possível construir um mundo psíquico (subjetivo) sem matéria-prima adequada (mínimas condições objetivas de vida). Ter clareza sobre isso ajuda os psicólogos a lidar com os diversos e às ve- zes surpreendentes desafios cotidianos, de forma que possam decidir o que fazer e projetar intervenções coerentes. Um exemplo é uma pessoa que declara ao seu psicólogo sentir uma tristeza constante e que está desempregada há bastante tempo: o psicólogo não pode desconsiderar essa característica objetiva (desemprego) apesar de seu foco ser o as- pecto subjetivo, ou seja, o sentimento de tristeza relatado pela pessoa. Ao praticar a Psicologia Clínica, os psicólogos trabalham em con- sultórios psicológicos, hospitais e ambulatórios, fazendo diagnósticos, propondo intervenções e avaliando os resultados. Eles coletam dados por meio de testes, entrevistas e observação e, se identificamdistúrbios ou sofrimentos psíquicos, interveem, propondo terapias verbais ou cor- porais (não podem medicar, prerrogativa restrita aos psiquiatras). Por exemplo, se o psicólogo seguir a Psicanálise, ele pode coletar os dados por meio da análise dos sonhos (associação livre: paciente vai contando o que vem à mente conforme relata seus sonhos) e, após interpretá-los segundo a teoria de Freud, propor uma terapia psicanalítica. Os psicó- logos clínicos são comumente conhecidos como terapeutas e, durante sua prática, tendem a desenvolver conhecimento sobre populações es- pecíficas (psicologia da gravidez, do puerpério, da terceira idade etc.) e estados psíquicos alterados (angústia, ansiedade, luto etc.) (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). 34 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Como o próprio nome indica, na Psicologia Escolar, o psicólogo atua em instituições educacionais, tais como escolas, creches e orfa- natos, com foco no processo pedagógico e na relação entre instrução e desenvolvimento, aperfeiçoando conhecimentos sobre questões como a aprendizagem, a alfabetização e a relação professor-aluno (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). Já na Psicologia Organizacional, o psicólogo atua em empresas dos mais diferentes setores, tendo como foco as relações de trabalho e o processo produtivo, gerando conhecimento sobre situações que se de- senvolvem nesse ambiente, tais como o stress, as consequências psí- quicas do trabalho e as técnicas de seleção, recrutamento e avaliação de desempenho. O psicólogo organizacional pode inclusive trabalhar em um hospital ou uma escola desde que seu foco sejam as relações de trabalho (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). Resumidamente, as tarefas de um psicólogo organizacional são compreender o comportamento individual, grupal e organizacional e contribuir para o desenvolvimento nos três níveis, mensurar compor- tamentos, projetar potencial e aplicar as descobertas de pesquisas no ambiente de trabalho (ROTHMANN; COOPER, 2017). O quadro 5 sintetiza as principais áreas de atuação dos psicólogos, destacando o local e o foco de atuação. Quadro 5 – Síntese das principais áreas de atuação dos psicólogos PSICOLOGIA CLÍNICA PSICOLOGIA ESCOLAR PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL LOCAIS DE ATUAÇÃO Consultórios psicológicos, hospitais e ambulatórios Instituições educacionais, tais como escolas, creches e orfanatos Empresas dos mais variados setores FOCO Diagnósticos clínicos sobre a saúde psíquica Processo pedagógico Relações de trabalho e processo produtivo Fonte: adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (1994). 35Psicologia: escolas de pensamento e áreas de atuação M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. IMPORTANTE Assim como em todas as áreas do conhecimento, outra possibilidade de atuação para os psicólogos é em Pesquisa e Ensino, trabalhando di- retamente para expandir e transmitir o conhecimento científico em Psi- cologia, funcionando como o motor de desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência: são os pesquisadores que atuam em universidades, assim como os que ensinam Psicologia nas escolas (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1994). Considerações finais Este capítulo focou no resgate das três escolas que são alicerces da Psicologia – Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise – e na descrição das áre- as de atuação dos psicólogos: na Psicologia Clínica, eles fazem diagnós- ticos individuais, propõem intervenções e acompanham os resultados; na Psicologia Escolar, o foco é o processo pedagógico; e na Psicologia Organizacional, as relações de trabalho e o processo produtivo. É possível notar que, dependendo da escola em que o profissional se baseia, ele usará determinada lente para analisar e interpretar a subjeti- vidade no ambiente em que atua: a abordagem pode ser psicanalítica, pode focar em comportamentos com base na interação do indivíduo com o ambiente ou ainda acrescentar a essa visão a percepção de cada sujeito para compreendê-lo, mas o objetivo deve ser sempre a promoção da saúde como estado de bem-estar, físico, mental e social. Referências BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologia. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 36 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 6. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 1994. CASADO, Tânia. O indivíduo e o grupo: a chave do desenvolvimento. In: As pes- soas na organização. São Paulo: Editora Gente, 2002. p. 235-246. ORGANIZAÇÃO Mundial da Saúde. OMS. 1948. Disponível em: https://www. who.int/about/frequently-asked-questions. Acesso em: 29 jan. 2021. ROTHMANN, Ian; COOPER, Cary L. Introdução à psicologia organizacional e do trabalho. In: Fundamentos de psicologia organizacional e do trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 37 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 3 Psicologia organizacional: conceitos fundamentais As organizações são parte inerente da sociedade contemporânea. Com elas, convivemos cotidianamente, pois a maioria de nós nasceu em hospitais, estuda em escolas, trabalha em empresas, frequenta ci- nemas e faz compras em lojas e supermercados (BASTOS et al., 2014). Essas organizações estão por toda parte, e é nelas que os psicólogos organizacionais atuam, tendo a oportunidade única de observar e cui- dar da subjetividade dos indivíduos no ambiente em que estes movi- mentam corpos e mentes para construir a sociedade em que desejam viver (ZANELLI; BASTOS; RODRIGUES, 2014). Compreender a evolução do conceito de organização de sistema racional até sistema aberto e as implicações práticas dessa transfor- mação é essencial para que os psicólogos organizacionais equilibrem o foco entre o bem-estar das pessoas e a produtividade, cientes de 38 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . que suas intervenções dependem da aplicação de diferentes áreas da Psicologia e até de diferentes áreas do conhecimento. É por isso que este capítulo aborda os diferentes conceitos de organização, o que di- ferencia uma organização de outra e quais áreas da Psicologia e do conhecimento contribuem para a atuação do psicólogo organizacional. 1 Conceitos de organização Baseando-se em Scott e Davis (2007), Bastos et al. (2014) resgatam diferentes conceitos de organização, dividindo-os em três abordagens. Sob aprimeira abordagem, as organizações são vistas como um siste- ma racional, ou seja, como coletividades orientadas para atingir objeti- vos a partir de ações coordenadas e com alto grau de formalização: as pessoas cooperam conscientemente, e a estrutura é planejada especifi- camente para alcançar os objetivos, refletindo regras que direcionam o comportamento e informam o papel esperado de cada indivíduo. Na segunda abordagem, as organizações são vistas como um siste- ma natural, ou seja, [...] coletividades em que os membros perseguem distintos inte- resses, até mesmo alguns objetivos individuais, mas reconhecem o valor de perpetuar a organização como um recurso importante. (BASTOS et al., 2014, p. 77) Em relação à perspectiva anterior, são duas as principais diferen- ças: a complexidade dos objetivos (frequentemente há diferenças entre os objetivos oficiais e os perseguidos ou simplesmente as ações das pessoas não se guiam pelos objetivos) e a existência de uma estrutura informal (grupos que afetam o comportamento das pessoas no dia a dia e podem até desgastar a estrutura formal) (BASTOS et al., 2014). O fato de a primeira abordagem focar no que diferencia a organiza- ção de outras coletividades (destaque à formalização) e a segunda, no que aproxima a organização de outras unidades sociais (conflitos entre User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 39 Psicologia organizacional: conceitos fundamentais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. objetivos e ações e informalidade nas relações), reflete o embasamento em pressupostos distintos sobre a natureza humana: na segunda abor- dagem, há uma visão mais ampla sobre os fatores que podem guiar o comportamento nas organizações. As duas abordagens também veem os sistemas sociais de forma diferente: na primeira, a visão é mecânica; e na segunda, orgânica (SCOTT; DAVIS, 2007 apud BASTOS et al., 2014). Na terceira abordagem, as organizações são vistas como um siste- ma aberto, que depende do fluxo de recursos diversos (pessoas, infor- mações, matérias-primas etc.) provenientes do ambiente externo, con- forme representado na figura 1. Essa abordagem pressupõe que não há um único ou melhor modelo de organização independentemente dos ambientes interno e externo em que ela funciona e é largamente aceita e difundida nos estudos organizacionais (BASTOS et al., 2014). Figura 1 – A organização como sistema aberto Ambiente Econômico Entradas/ insumos Es tra té gi a Tecnológico Saídas/ resultados Produtos/ serviços Satisfação dos funcionários Lucros/perdas Organização Processos de transformação Matéria-prima Recursos financeiros Informações Recursos humanos Tecnologia Estrutura formal Pessoas Gestão Feedback Sociocultural Político-legal Fonte: adaptado de Bastos et al. (2014, p. 80). O quadro 1 sintetiza os três conceitos de organização, buscando evi- denciar por que as organizações modernas são sistemas abertos: por mais que a gestão se esforce para guiar a coletividade na mesma direção User Realce User Realce User Realce 40 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . (objetivos), há outros fatores ambientais que impactam no desempenho desejado. É nesse contexto que os psicólogos organizacionais atuam. Quadro 1 – Síntese dos três conceitos de organização Sistema racional Sistema natural Sistema aberto Coletividade orientada para atingir objetivos a partir de ações coordenadas e com alto grau de formalização. Coletividade em que os membros perseguem distintos interesses, até individuais, mas reconhecem o valor de perpetuar a organização. Depende do fluxo de recursos provenientes do ambiente externo, o que torna o desempenho contingenciado por fatores diversos. Fonte: adaptado de Bastos et al. (2014). Campo vasto para processos psicológicos e psicossociais inerentes à sua própria existência e que impactam as pessoas e a sociedade, as organizações podem, então, ser definidas como: [...] ferramentas humanas, construídas e reconstruídas para lidar com os desafios do seu contexto, um empreendimento coletivo imerso em complexas redes de significados e interesses que po- dem ser mais ou menos convergentes; [...] – no plano dos indiví- duos, com suas expectativas, habilidades e interesses; no plano dos grupos, em suas dinâmicas que facilitam ou dificultam suas atividades; no plano organizacional propriamente dito, no conjunto de processos políticos e técnicos que o configuram [...] (BASTOS et al., 2014, p. 103) Diante de tanta complexidade, os psicólogos organizacionais zelam para que as organizações sejam cada vez mais espaços de desenvolvi- mento individual e, consequentemente, social (BASTOS et al., 2014), ao invés de fontes de opressão. Esse desafio torna-se especialmente difícil devido à organização ser um sistema aberto, pois o psicólogo organi- zacional terá seu trabalho sempre influenciado por múltiplas variáveis, precisando, então, propor intervenções que sejam as mais adequadas possíveis ao contexto específico e momentâneo da organização. User Realce User Realce User Realce 41 Psicologia organizacional: conceitos fundamentais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 2 Teorias organizacionais: tipos de organização, objetivos e mudanças organizacionais Para que o psicólogo organizacional tenha uma visão global sobre as organizações e, assim, torne-se capaz de diagnosticar e atuar sobre os processos que nelas ocorrem (individuais, grupais e organizacionais), é preciso conhecer as três dimensões que conferem unidade, singula- ridade e dinamismo a cada organização: a estrutura, a relação com o ambiente e a estratégia (LOIOLA et al., 2014). 2.1 Estrutura e tipos de organização A estrutura define a divisão de autoridade e trabalho (atividades) na organização, assim como o sistema de comunicação, sendo represen- tada por um organograma que mostra as relações de interdependência e hierarquia (LOIOLA et al., 2014), conforme exemplificado na figura 2. Figura 2 – Exemplo simplificado de organograma User Realce User Realce User Realce 42 Psicologia e comportamento organizacional Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . As decisões sobre estrutura envolvem os mecanismos de divisão e integração do trabalho e das pessoas: como o trabalho é complexo, precisa ser dividido, mas é preciso coordenar as ações individuais para que o objetivo coletivo seja alcançado. A busca é responder a questões como: Em que nível as tarefas devem ser subdivididas e quais critérios usar para essa separação? A quem os trabalhos devem se reportar? Quantos trabalhadores devem ficar sob a coordenação de um gestor? Em que nível está a autoridade para tomar decisões e definir as regras de conduta dos trabalhadores? (ROBBINS;
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