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SISTEMA DE ENSINO
CRIMINOLOGIA
Escolas e Teorias Criminológicas
Livro Eletrônico
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Escolas e Teorias Criminológicas
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
Sumário
Apresentação .....................................................................................................................................................................3
Escolas e Teorias Criminológicas ...........................................................................................................................4
1. Escola Clássica .............................................................................................................................................................4
1.1. Iluminismo ....................................................................................................................................................................4
1.2. Escola Clássica .........................................................................................................................................................4
2. Escola Positivista ......................................................................................................................................................7
2.1. Positivismo no Brasil ..........................................................................................................................................12
2.2. Críticas ao Positivismo ......................................................................................................................................13
3. Ideologia de Defesa Social: Componente Comum às Escolas Clássica e Positivista .......14
4. Escolas Sociológicas ..............................................................................................................................................14
4.1. Teorias do Consenso e do Conflito ..............................................................................................................14
4.2. Teorias do Consenso ...........................................................................................................................................16
4.3. Escola de Chicago ................................................................................................................................................16
4.4. Teoria da Anomia ..................................................................................................................................................20
4.5. Teoria da Associação Diferencial ............................................................................................................... 24
4.6. Teoria da Subcultura Delinquente ............................................................................................................. 29
5. Quadro Sinóptico das Teorias do Consenso ..............................................................................................31
5.1. Teorias do Conflito ................................................................................................................................................31
5.2. Labelling Approach ............................................................................................................................................33
5.3. Criminologia Crítica ............................................................................................................................................39
5.4. Criminologia Cultural.........................................................................................................................................58
Resumo ...............................................................................................................................................................................60
Mapas Mentais ............................................................................................................................................................... 69
Questões de Concurso ...............................................................................................................................................75
Gabarito ..............................................................................................................................................................................92
Gabarito Comentado ................................................................................................................................................... 93
Referências .....................................................................................................................................................................129
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Escolas e Teorias Criminológicas
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
ApresentAção
Bem-vindas, queridas alunas e queridos alunos!
Vamos dar início a nossas aulas. Começarei a aula me apresentando. Sou Consultora Le-
gislativa da Câmara dos Deputados e Mestre em Criminologia pela Universidade de São Paulo 
(USP), faculdade onde também fiz minha graduação. Fui Oficial de Inteligência da Agência 
Brasileira de Inteligência, de 2009 a 2018, e, antes disso, Agente de Promotoria (atual Analista 
de Promotoria) do Ministério Público do Estado de São Paulo.
Ministrarei o curso de Criminologia e tentarei fazê-lo de maneira bem didática, para ajudar 
tanto quem nunca teve contato com a matéria quanto quem já estudou e precisa rever os con-
ceitos de forma sistematizada.
Ao final de cada aula, apresentarei um resumo do assunto, os respectivos mapas mentais 
e 50 questões comentadas. Como o universo de questões de Criminologia não é tão vasto as-
sim, vamos usar questões comentadas de bancas que sejam pertinentes.
Caso queira acompanhar minhas publicações e lives sobre Criminologia, siga meu Insta-
gram: @profmaribarreiras. Bons estudos!
Hoje vamos analisar o assunto de Criminologia mais cobrado em provas: as escolas ou 
teorias criminológicas.
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Escolas e Teorias Criminológicas
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
ESCOLAS E TEORIAS CRIMINOLÓGICAS
1. escolA clássicA
1.1. iluminismo
A Europa, nos séculos XV a XVIII, vivenciou o que se convencionou chamar de Antigo Re-
gime. Era a época das monarquias absolutistas, com o regime centralizado nas mãos do rei. 
A figura do rei era sagrada e incontestável e a visão teocêntrica do mundo, amplamente do-
minante. Nesse período, o sistema penal era caótico, cruel e arbitrário. Os réus não possuí-
am as garantias processuais e penais que hoje existem em qualquer sistema democratica-
mente sólido.
No século XVIII surgiu o Iluminismo, movimento filosófico que exaltou o poder da razão em 
detrimento do poder da religião. Ideologias absolutistas e religiosas foram substituídas pelo conhe-
cimento racional do mundo. O Iluminismo, portanto, promoveu o culto à razão e passou a fornecer 
explicações racionais para os problemas sociais. O movimento iluminista é considerado a base 
tanto dos autores clássicos do Direito Penal quanto dos autores positivistas da Criminologia.
1.2. escolA clássicA
Na esfera penal, o Antigo Regime contava com práticas punitivas bárbaras, aleatórias, des-
proporcionais. No século XVIII, com o advento do Iluminismo, novos códigos penais entram 
em cena, com técnicas mais humanas e racionais depunição. Nasce, então, um Direito Penal 
como conhecemos hoje, com elaboradas racionalizações e construções dogmáticas. O fun-
dador da moderna dogmática penal foi o alemão Paul Johann Anselm von Feuerbach, mais 
conhecido nos estudos penais pelo último sobrenome.
A Escola Clássica é uma escola do Direito Penal. Nela, ainda são utilizados métodos jurídi-
cos, como a dedução (raciocínio que parte de um comando genérico – a norma –, a ser aplica-
do a um caso concreto), o dogmatismo e a abstração. Essa fase é considerada, portanto, uma 
etapa pré-científica da Criminologia.
Os autores clássicos reconhecem que as pessoas são seres racionais, que possuem livre-
-arbítrio, ou seja, podem fazer escolhas. O cometimento de um crime é fruto de uma decisão 
que implica quebra do pacto social de convivência pacífica. O delinquente deve ser punido 
pelo mal que causou com a sua escolha. A ele, então, são aplicáveis as penas previstas no 
ordenamento jurídico, utilizando-se a técnica dedutiva de subsumir uma conduta a uma norma 
penal incriminadora (a dedução é típica do Direito, lembre-se! A Criminologia usa técnica indu-
tiva, mas nessa época a Criminologia ainda não havia nascido propriamente como ciência, de 
modo que os clássicos são, sobretudo, juristas da área penal). A Escola Clássica teve na Itália 
grande epicentro.
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Escolas e Teorias Criminológicas
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
Os clássicos consideram que o crime é, antes de tudo, um ente jurídico. É necessário que 
haja uma previsão legal para que uma conduta seja considerada criminosa.
O enfoque clássico, portanto, se vale de um método dedutivo: parte da regra geral (normas 
jurídicas por exemplo) para analisar o fenômeno criminal. O método é também abstrato, pois 
baseia-se sobretudo na lei, um comando genérico. A lei é justa e deve ser aplicada de maneira 
racional e igualitária para todos.
A Escola Clássica não estava tão interessada em entender a razão pela qual alguém decide 
cometer um crime.
As bancas gostam de utilizar o termo etiologia. Se refere à busca de explicações das causas 
do comportamento criminoso. A Escola Clássica não estava, portanto, preocupada com a etio-
logia dos delitos.
Assim, a Escola Clássica pouco contribuiu com a etiologia. Mas foi a Escola Clássica que 
se preocupou, pela primeira vez, em fundamentar, delimitar e legitimar a pena. Em substituição 
ao sistema penal caótico e desumano do Antigo Regime, a Escola Clássica forneceu um pano-
rama legislativo humanitário e racional, mostrando que a pena poderia e deveria ser útil, justa 
e proporcional.
A pena, para os clássicos, deve ter nítido caráter de retribuição pela responsabilidade moral 
do delinquente (imputabilidade moral), de modo a restaurar a ordem externa social.
Os principais autores clássicos relembrados por terem contribuído para a Criminologia são 
os seguintes:
• Feuerbach
Feuerbach foi o principal redator do Código Bávaro de 1813. Lá, situou o Direito Penal den-
tro do Direito Público e o separou do processo penal. Fez a distinção entre crime e outros 
tipos de ilícitos. Desenhou a autonomia da disciplina (Direito Penal) e colocou a tarefa de criar 
delitos e impor penas nas mãos do soberano, entregando ao Estado a exclusividade do poder 
criminal. Defendeu a separação entre direito e moral. Especificou que as penas deviam estar 
previamente declaradas em leis e que somente com observância dessas leis o Direito Penal 
podia ser aplicado, dando forte ênfase ao direito positivado, ao princípio da legalidade e, por-
tanto, à proteção das liberdades individuais do cidadão.
• Marquês de Beccaria
Cesare Bonesana, conhecido como Marquês de Beccaria, é o maior expoente dessa Es-
cola. Publicou, em 1764, “Dos Delitos e Das Penas”, que serviu de base para a valorização 
da dignidade das pessoas e para a consequente humanização das penas, em contraposição 
à crueldade das sanções existentes até a primeira metade do século XVIII. Para Beccaria, o 
indivíduo escolhe ou não obedecer às leis, mas o Estado não poderia escolher tratamentos 
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Escolas e Teorias Criminológicas
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
cruéis e desumanos. As leis, para ele, deveriam ser simples, conhecidas pelo povo. E as penas 
deveriam estar previstas nessas leis. Ele criticava o sistema de provas que não admitia o tes-
temunho da mulher, não dava atenção ao depoimento do condenado e era complacente com 
a tortura. Preocupava-se com a situação deplorável das prisões e defendia a necessidade de 
provas robustas para a condenação de alguém. A obra de Cesare Bonesana é considerada 
fundamental para o Direito Penal liberal e para a Criminologia clássica. Veja alguns trechos:
O juiz deve fazer um silogismo perfeito. A premissa maior deve ser a lei geral; a menor, a ação con-
forme ou não à lei; a consequência, a liberdade ou a pena. Se o juiz for obrigado a elaborar um racio-
cínio a mais, ou se o fizer por sua conta, tudo se torna incerto e obscuro. (...) Quando as leis forem 
fixas e literais, quando apenas confiarem ao magistrado a missão de examinar os atos dos cidadão, 
para indicar se esses atos são conforme a lei escrita, ou se a contrariam (...) então não se verão 
mais os cidadãos submetidos ao poder de uma multidão de ínfimos tiranos (...). À proporção que as 
penas forem mais suaves, quando as prisões deixarem de ser a horrível mansão do desespero e da 
fome (...) as leis poderão satisfazer-se com provas mais fracas para pedir a prisão.1
• Francesco Carrara
Francesco Carrara escreveu o Programa de Direito Criminal, de 1859. Para ele, o crime não 
é um ente de fato, mas sim um ente jurídico. Ou seja, só existe crime porque há uma norma 
dizendo que tal fato é um crime. Os indivíduos possuem livre-arbítrio e decidem se comportar 
de maneira contrária à lei, sendo a pena uma retribuição jurídica que pretende restabelecer a 
ordem externa violada. Se o crime é um ente jurídico, deve ser estudado a partir das normas, 
em obediência a um método dedutivo, lógico-abstrato.
• Giovanni Carmignani
Giovanni Carmignani foi um jurista italiano igualmente preocupado em fundamentar o di-
reito de castigar. Para ele, o direito de punir se fundamentava na necessidade de manter a paz 
social. A pena não deve se preocupar tanto em castigar, mas sim em evitar delitos futuros.
DICA
Recurso Mnemônico:
Ao falar em Escola Clássica, pense em música clássica. Para 
ouvir música clássica, você vai a um ambiente classudo, com 
parede de mármore Carrara (Francesco Carrara) e lareira (fogo 
em alemão é Feuer), onde vai ouvir Bach (Feuerbach). Você irá 
bem-vestido, na beca (Beccaria) e quem vai te acompanhar é a 
Carminha (Carmignani) da novela Avenida Brasil.
1 BECCARIA, Cesare Bonesana, Marches di. Dos delitos e das penas. São Paulo: Martin Claret, 2014, p. 24.
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Escolas e Teorias Criminológicas
CRIMINOLOGIA
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2. escolA positivistA
Depois dos clássicos (século XVIII), vieramos positivistas (século XIX). Antes de falar da 
Criminologia Positivista, vamos falar um pouquinho sobre o Positivismo de maneira geral, pois 
isso vai ajudar a fixar o conteúdo.
O Positivismo foi uma corrente filosófica formulada pelo francês Auguste Comte, no início 
do século XIX. A Europa passava por uma transição rumo à modernidade, com urbanização 
e industrialização. Comte defendia que, para enfrentar essas mudanças, os seres humanos 
também deveriam passar por uma reforma, nesse caso intelectual. Nessa transformação de 
pensamento, era necessário passar a explicar os fenômenos, naturais e sociais, por meio da 
sua observação (emprego dos sentidos humanos) e por meio da compreensão das leis natu-
rais que os regem. A humanidade já havia passado pelo estado teológico (em que se pensava 
que deuses e seres sobrenaturais seriam responsáveis por reger o mundo); pelo estado me-
tafísico (típico do pensamento clássico, em que se pensava que com argumentações lógicas, 
abstratas e racionais seria possível compreender o mundo); e agora estava pronta para ingres-
sar no estado positivo, em que o ser humano empregaria a observação e o trabalho empírico 
(concreto, positivo) para, de maneira científica, compreender a natureza e a sociedade, rumo 
ao progresso.
Visto isso, fica mais fácil compreender o positivismo criminológico, ou Escola Positivista, ou 
simplesmente Escola Positiva. Vou precisar inserir aqui alguns conceitos básicos da Criminologia.
A Criminologia tem como objetos o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. A Cri-
minologia passa a estudar o delinquente a partir da segunda metade do século XIX, com o 
advento da filosofia positivista.
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Escolas e Teorias Criminológicas
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
Opondo-se ao racionalismo dedutivo dos clássicos, os positivistas defendem a observa-
ção dos fenômenos criminais, com primazia para a experiência sensitiva humana. A ideia era 
aplicar, nas ciências humanas, métodos oriundos das ciências naturais. Como não era possível 
realizar essa aplicação em relação às normas e aos delitos nelas previstos (grande objeto de 
estudo dos penalistas clássicos), começa-se a estudar o próprio delinquente. Muitos autores 
identificam que aí nasce, verdadeiramente, a Criminologia como ciência. Afinal, é nesse mo-
mento que a Criminologia começa a se valer dos métodos indutivo, empírico e interdisciplinar.
No método empírico, observa-se a realidade (no caso, os delinquentes). No método induti-
vo, parte-se dos dados concretamente observados para chegar a conceitos mais gerais (como 
as teorias criminológicas. No método interdisciplinar, realiza-se a construção de uma ciência 
com aportes oriundos de diversos ramos do saber (como o Direito, a Biologia, a Medicina, a 
Sociologia, a Psicologia etc.).
DICA
Recurso Mnemônico:
A crimINologia é INdutiva, INterdisciplinar e “INpírica”
Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do determi-
nismo biológico ou do determinismo social. No determinismo biológico, acredita-se que di-
ferenças genéticas entre os indivíduos os tornam mais propensos ao crime. São doenças, 
patologias que levam o indivíduo a se tornar um delinquente. No determinismo social, são as 
características do ambiente social que levam um indivíduo ao crime. Em ambos os casos, não 
há espaço para a escolha do indivíduo. Há, nessa Escola, muito interesse pelo estudo da etio-
logia do delito. Ou seja, com o positivismo a Criminologia passa a tentar entender a razão pela 
qual uma pessoa comete um crime.
É típica do pensamento clássico a adoção de penas proporcionais ao mal causado. A pena, 
para os clássicos, é sobretudo retribuição. É característica do pensamento positivista a ado-
ção de medidas de segurança com finalidade curativa, pelo tempo em que persistisse a pato-
logia. A medida de segurança é uma medida de defesa social (defesa da sociedade) contra o 
criminoso, que será sempre psicologicamente anormal.
Os autores positivistas foram bastante influenciados pelo pensamento evolucionista de 
Charles Darwin, que acreditava que alguns seres eram mais evoluídos que outros. Depois de 
Darwin demonstrar a teoria da evolução das espécies, o antropólogo inglês Herbert Spencer 
(século XIX) defendeu que os pobres, os incapazes, os imprudentes, eram inaptos para o cres-
cimento intelectual e seriam superados pelos indivíduos mais aptos. Seu pensamento evolu-
cionista buscava justificar o neocolonialismo: os colonos, dos países ocupados, seriam seres 
inferiores, que não haviam passado por uma evolução completa. As raças inferiores teriam 
menos sensibilidade. Era inútil ofertar a elas muita educação ou instrução, sendo mais lógico 
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Escolas e Teorias Criminológicas
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
reservar-lhes os trabalhos manuais. As ideias de Darwin e de Spencer influenciaram bastante 
os positivistas, para quem, como veremos, os indivíduos não eram todos iguais.
O positivismo, de maneira geral, foi crucial para a Criminologia: era essencialmente inter-
disciplinar, tendo construído seu pensamento a partir da aglutinação de várias ciências; aban-
donou a perspectiva fortemente centrada nos saberes jurídicos dos clássicos; trouxe, portanto, 
o método indutivo, empírico e interdisciplinar para o centro dos estudos; e transformou o delin-
quente em objeto de profunda análise.
Vamos, agora, analisar o pensamento dos principais autores positivistas e suas três fases 
principais: antropológica, jurídica e sociológica.
Cesare Lombroso
Lombroso foi médico e antropólogo italiano. Ele é o principal expoente da fase antropológi-
ca do positivismo. Para a maioria dos autores, é com Lombroso que a Criminologia pode pas-
sar a ser considerada uma ciência e por isso ele é considerado o pai da Criminologia. Escreveu 
O Homem Delinquente, em 1876.
DICA
Recurso Mnemônico:
Lombroso é o pai. É o cara. É o homem. O Homem Delinquente.
Utilizou algumas ideias de fisionomistas para tentar fazer um retrato do delinquente. Várias 
características corporais das pessoas eram analisadas, tais como estrutura do tórax, tamanho 
das mãos e das pernas, quantidade de cabelo, altura, peso, barba, rugas, tamanho da cabeça 
etc. A ideia era partir da observação da realidade para chegar a regras gerais sobre o compor-
tamento delinquente. Tratou, então, de aplicar o método empírico e indutivo para analisar o 
fenômeno criminal.
Para Lombroso, o crime era um fenômeno biológico, e não um ente jurídico: o delinquen-
te é um selvagem (ele não é igual ao restante da população!) que já nasce criminoso por ser 
possuidor de algum tipo de epilepsia. Por isso, Lombroso utiliza amplamente o conceito de 
criminoso nato. Os fatores ambientais, sociais, ou seja, exógenos, externos ao indivíduo, ape-
nas têm o poder de desencadear os fatores clínicos, biológicos, endógenos. Há, portanto, forte 
negação do livre-arbítrio, já que o criminoso é um ser moralmente inferior (não evoluiu!), um 
louco moral, com evidências de atavismo. A característica atávica é aquela que já estava pre-
sente em ascendentes distantes e que reaparece em determinado indivíduo.
Lombroso era, então, um evolucionista (seguia os ensinamentos de Darwin): ele entendia 
que algumas pessoas seriam dotadas de uma predisposição primitiva paraa delinquência. 
Pessoas mais “evoluídas”, mais distantes de seus antecessores primitivos, não seriam crimi-
nosas por não serem portadoras dessas características inatas que levavam ao crime.
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Escolas e Teorias Criminológicas
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
Ele emanou conceitos bastante preconceituosos sobre as mulheres, consideradas cruéis, 
mentirosas, fracas, tagarelas e indiscretas. As mulheres criminosas, para Lombroso, estavam in-
timamente associadas à prostituição. As grandes categorias de criminoso para Lombroso são:
• o criminoso nato;
• o louco moral;
• o epilético;
• o criminoso louco;
• o criminoso ocasional; e
• o criminoso passional.
Nas primeiras edições de O Homem Delinquente, Lombroso traça uma distinção entre o cri-
minoso nato, o louco moral e o epilético, mas com a evolução de seus estudos, ele chega à 
conclusão de que criminalidade nata, loucura moral e epilepsia se confundem e se fundem.
Repare que ele não utiliza a categoria de criminoso habitual, que será empregada por seu 
sucessor, Enrico Ferri.
Categorias de criminoso
Lombroso
Criminoso nato (louco moral, epilético)
Criminoso louco
Criminoso ocasional
Criminoso passional
Não há, em sua obra, uma preocupação em traçar nitidamente a distinção conceitual entre 
cada uma das categorias. Partindo do pressuposto – equivocado – que essas categorias são 
conceitos de cristalina compreensão, focou sua atenção em tirar medidas, analisar e compa-
rar a fisionomia e outras características corporais dos criminosos de cada tipo, buscando o 
tipo criminal.
Raffaele Garofalo
Raffaele Garofalo foi um jurista italiano. Com sua obra Criminologia, de 1885, deu início à 
fase jurídica do positivismo criminológico. Ele dizia que o crime é a revelação de uma natureza 
degenerada. Introduziu o conceito de temibilidade (ou periculosidade), que é a perversidade 
constante e ativa do delinquente e a quantidade do mal que se deve temer desse criminoso. 
Esse conceito foi importante para a proposta dos positivistas de aplicação de medida de segu-
rança, espécie de sanção penal com finalidade curativa que, diferentemente da pena, não deve 
ter prazo, mas sim ser aplicada pelo tempo em que persista a patologia. A finalidade da medida 
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Escolas e Teorias Criminológicas
CRIMINOLOGIA
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de segurança, como o próprio nome já diz, é tratar o criminoso e proteger a sociedade (medida 
de defesa social) de pessoas desprovidas dos sentimentos de piedade e probidade.
Garofalo defendia, ainda, a existência de um conceito de delito natural, ou seja, condutas 
que seriam consideradas crimes em todos os tempos e locais, tais como o parricídio, o la-
trocínio e o homicídio por mera brutalidade. Ele postulava a adoção de – e chegou mesmo a 
redigir – um código penal internacional, no qual previa duas categorias de penas: eliminação 
absoluta, que nada mais é do que a pena de morte, destinada aos homicidas; e eliminação 
relativa, para os demais tipos de delinquente. Dentro da eliminação relativa havia as seguintes 
espécies: “marooning” ou transporte com abandono (abandono do delinquente em algum lugar 
isolado, como um deserto, ou uma ilha remota, por exemplo); internação perpétua em colônia 
penal no exterior; internação por tempo indeterminado no exterior; confinamento em asilos por 
tempo indeterminado, que era o tipo de pena apropriada para loucos e alcoólatras; e trabalho 
compulsório.
Para ele, as categorias de criminoso seriam:
• Criminoso assassino: delinquente típico, egoísta, que segue o apetite instantâneo, como 
um selvagem ou uma criança, e que apresenta sinais externos, físicos;
• Criminoso enérgico ou violento: delinquente que possui senso moral, mas é desprovido 
de compaixão;
• Criminoso ladrão ou neurastênico: delinquentes desprovidos de probidade. Possuem, 
em geral, olhos vivazes, nariz achatado;
• Criminoso lascivo ou cínico: delinquente que comete crimes sexuais.
Categorias de criminoso
Lombroso Garofalo
Criminoso nato Criminoso assassino
Criminoso louco Criminoso enérgico ou violento
Criminoso ocasional Criminoso ladrão ou neurastênico
Criminoso passional Criminoso lascivo ou cínico
Enrico Ferri
Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Com sua obra Sociologia Criminal, de 1900, 
inaugurou a fase sociológica do positivismo criminológico. Defendia, assim como o sogro, que 
o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência de fatores antropológicos (ex: con-
dições orgânicas), físicos (cosmo-telúricos, como clima e condições atmosféricas) e sociais 
(como política, densidade populacional, religião, família) que influenciavam no cometimento 
de um crime. Com base nesses fatores, e muito influenciado pela aplicação dos métodos das 
ciências naturais às ciências humanas, formulou a “lei da saturação”: assim como um líquido 
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CRIMINOLOGIA
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se comporta de maneiras diferentes a depender da temperatura, o nível de criminalidade seria 
determinado pelas condições do meio físico e social, combinadas com as tendências congêni-
tas e impulsos ocasionais dos indivíduos.
Ferri dividiu os criminosos em cinco categorias:
• Criminoso nato: era impulsivo e incorrigível, agindo de maneira desproporcional aos mo-
tivos da ação;
• Criminoso louco: é levado ao crime por uma doença mental e pela atrofia da moral;
• Criminoso ocasional: apresenta menor periculosidade, maior possibilidade de ser rea-
daptado socialmente e é condicionado por fatores ambientais, como provocação, ne-
cessidades, facilidades, sem os quais a delinquência não ser verificaria;
• Criminoso passional: age impelido por alguma paixão pessoal, política ou social;
• Criminoso habitual: delinquente urbano, criado em um ambiente de miséria, que começa 
com leves faltas e incorre numa escalada rumo aos crimes graves.
Categorias de criminoso
Lombroso Garofalo Ferri
Criminoso nato Criminoso assassino Criminoso nato
Criminoso louco Criminoso enérgico ou violento Criminoso louco
Criminoso ocasional Criminoso ladrão ou assassino Criminoso ocasional
Criminoso passional Criminoso lascivo ou cínico Criminoso passional
Criminoso habitual
Ferri, por dar o devido peso aos fatores sociais, é considerado o pai da sociologia crimi-
nal. Ele explicava que o delinquente é um anormal, que só comete delitos porque vive em 
sociedade. E segundo Ferri, é papel da sociedade se defender dessas ameaças, por meio de 
medidas de defesa social (que viriam a dar origem às atuais medidas de segurança). Para 
ele, a pena-castigo, por tempo determinado, não era adequada, suficiente. Era fundamental 
que os delinquentes fossem colocados em isolamento por tempo indeterminado, para que só 
saíssem quando estivessem curados ou corrigidos, ou seja, para que retornassem ao meio 
social somente quando demonstrassem capacidade de interagir em sociedade sem represen-
tar ameaças.
2.1. positivismo no BrAsil
NoBrasil, três autores são particularmente identificados como conectados às ideias da 
Escola Positivista Italiana:
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Tobias Barreto
Tobias Barreto, em seu livro Menores e Loucos em Direito Criminal, de 1884, apesar de pos-
suir uma concepção humanista, afirma que o direito de punir é consequência de uma fórmula 
científica, algébrica, de imposição da pena aos criminosos, que perturbam a ordem social. 
Tobias Barreto, assim como Lombroso, tinha uma visão bastante preconceituosa da mulher, 
considerada um ser que se deixava levar pelas paixões e que, quando apaixonada, era incapaz 
de pensar em qualquer outro assunto que não o amor.
Nina Rodrigues
Nina Rodrigues, em As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil, de 1894, cri-
ticou o ecletismo de Tobias Barreto e negou o livre-arbítrio invocando a heterogeneidade da 
cultura mental dos brasileiros. Com postulados racistas, Nina Rodrigues dizia que o negro 
era briguento, violento nas impulsões sociais e muito dado à embriaguez. Chegou a defender 
a existência de, pelo menos, quatro Códigos Penais no Brasil, que atendessem diversidades 
raciais e regionais.
Afrânio Peixoto
Afrânio Peixoto, autor de Hygiene, de 1917, foi no Brasil o defensor da eugenia (eu: boa; 
genus: geração). Defendia a importância da medicina eugênica preventiva para o trabalho po-
licial: deviam ser investigados e resolvidos os problemas biológicos da gestação, para a pro-
dução de entes sadios, válidos. Em seu livro Criminologia, de 1933, defendeu que a disposição 
ao crime é hereditária e que, por isso, é necessário fazer uma seleção das pessoas que quere-
mos em nossa sociedade. Partindo de premissas polêmicas, entendia que apenas as pessoas 
biologicamente dignas deveriam prosperar, e que seria a realização de um sonho impedir a 
procriação de doentes, loucos, degenerados.
2.2. críticAs Ao positivismo
Como problemas comuns aos teóricos positivistas podem ser citados a patologização do 
fenômeno delitivo e a concepção do entorno social como mero fator desencadeante da crimi-
nalidade. Houve, ademais, erros metodológicos cometido pelos positivistas. Um deles foi ana-
lisar clinicamente pessoas que já haviam sido selecionadas pelo sistema sucessivo de freios 
que é o Direito Penal, desconsiderando os estereótipos que guiam seu funcionamento e as 
consequências e estigmas que o próprio sistema penal provoca nos criminosos. Outro erro foi 
o de considerar que características encontradas nos delinquentes eram típicas desse grupo, 
esquecendo-se que os mesmos traços podiam estar presentes na população de maneira geral.
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3. ideologiA de defesA sociAl: componente comum às escolAs clássicA 
e positivistA
Alessandro Baratta, importante Criminólogo Crítico, defende que havia uma ideologia de 
defesa social comum às Escolas Clássica e Positivista. Ele diz que essa ideologia comum, que 
buscava a defesa da sociedade contra o delito, era composta dos seguintes princípios:
• Princípio da legitimidade: o sistema penal é legítimo.
• Princípio do bem e do mal: crime e criminosos são males que devem ser combatidos.
• Princípio da culpabilidade: crime é expressão de atitude interna reprovável.
• Princípio da finalidade: a pena deve prevenir crimes.
• Princípio de igualdade: a lei penal é igual para todos.
• Princípio do interesse social: o crime é um delito natural, ofensa em qualquer sociedade.
4. escolAs sociológicAs
As Escolas Sociológicas dominam o panorama criminológico desde o início do século XX 
até os dias atuais. São teorias que colocam ênfase na análise da sociedade em que o crime 
está inserido.
4.1. teoriAs do consenso e do conflito
As teorias sociológicas do crime podem ser divididas em dois grandes grupos: Teorias do 
Consenso e Teorias do Conflito.
As teorias do consenso partem do pressuposto de existência de objetivos comuns a todos 
os cidadãos, que aceitam as regras vigentes. As pessoas de um grupo social possuem con-
senso em torno de uma série de valores e criam instituições para manter a ordem social. Esse 
grupo de teorias também é chamado de integralista ou estrutural funcionalista, pois compre-
ende que a sociedade é uma estrutura relativamente estável de elementos, bem integrada e 
que todo elemento em uma sociedade possui uma função, contribuindo para a manutenção do 
sistema. Para essas teorias, o crime é uma disfunção, ou seja, uma função negativa. O delito é 
um fenômeno social, normal e funcional.
Ralf Dahrendorf explica que as teorias do consenso se baseiam em quatro teses:
• Toda sociedade é um sistema relativamente constante e estável de elementos (tese da 
estabilidade);
• Toda sociedade é um sistema equilibrado de elementos (tese do equilíbrio);
• Cada elemento dentro da sociedade contribui para o seu funcionamento (tese do fun-
cionalismo);
• Cada sociedade se mantém graças ao consenso dos seus membros sobre determina-
dos valores comuns (tese do consenso).2
• As principais teorias do consenso são:
2 DAHRENDORF, Ralf. Sociedad y Libertad: hacia un análisis sociológico de la actualidad. Madri: Tecnos, 1971, p. 190.
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• Escola de Chicago
• Teoria da Anomia
• Teoria da Subcultura Delinquente
• Teoria da Associação Diferencial.
DICA
Recurso de memorização!
CONSENSO: Chicago, Anomia, Subcultura, Associação
É CONSENSO que todo mundo quer CASA
As teorias do conflito, por outro lado, partem do pressuposto de que há força e coerção 
na sociedade. Somente existe ordem porque há dominação de uns e sujeição de outros. A 
produção legislativa serviria para assegurar o triunfo da classe dominadora. A sociedade está 
sempre sujeita a processos de mudança e cada elemento da sociedade contribui, de certa for-
ma, para sua desintegração. Para essas teorias o crime faz parte da luta pelo poder. Assim, em 
lugar de uma visão de cunho funcionalista, tem-se uma visão de cunho argumentativo.
Dahrendorf, ao tentar simplificar as teorias do conflito, elenca os seguintes postulados:
• Toda sociedade – e cada um dos seus elementos – está a todo tempo submetida à mu-
dança (tese da historicidade);
• Toda sociedade é um sistema de elementos contraditórios em si e explosivos (tese da 
explosividade);
• Cada elemento dentro da sociedade contribui para a sua mudança (tese da disfunciona-
lidade e da produtividade);
• Toda sociedade se mantém graças à coação que alguns dos membros exercem sobre 
os demais (tese da coação).3
Para Dahrdendorf, aliás, a tese da coação é a mais apropriada para explicar os conflitos 
sociais que são, no limite, conflitos que repousam sobre a desigualdade de divisão de poder 
entre os membros da sociedade. Para os teóricos dessa linha, os conflitos possuem efetivida-
de criadora (eles causam mudanças) e é necessáriose afastar do pensamento utópico de um 
sistema social equilibrado.
A teoria do Labelling Approach – também chamada de interacionista, interacionismo sim-
bólico, teoria da rotulação ou do etiquetamento – e as teorias críticas – também denominadas 
radicais ou dialéticas – se encaixam na categoria de teoria do conflito.
3 DAHRENDORF, Ralf. Sociedad y Libertad: hacia un análisis sociológico de la actualidad. Madri: Tecnos, 1971, p. 190.
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DICA
Recurso de memorização!
CONSENSO: Chicago, Anomia, Subcultura, Associação
CONFLITO: Crítica, Interacionismo Simbólico ou Etiquetamen-
to
É CONSENSO que todo mundo quer CASA
O CONFLITO é que estamos em CRISE
4.2. teoriAs do consenso
Como acabamos de analisar, as teorias do consenso também são chamadas de funciona-
listas, estrutural-funcionalistas ou integralistas. Elas partem do pressuposto de existência de 
objetivos comuns a todos os cidadãos, que aceitam as regras vigentes. Essas teorias são con-
sideradas conservadoras, porque acreditam na coesão social e querem garanti-la, preservando 
o status quo, ou seja, o estado vigente das coisas.
4.3. escolA de chicAgo
A Escola de Chicago, com enfoque fortemente empírico e transdisciplinar, se propôs a dis-
cutir múltiplos aspectos da vida humana, todos relacionados com a vida na cidade. Nasceu na 
Universidade de Chicago, que havia sido recém-inaugurada, com aportes de John Rockefeller. 
Debruçou-se, sobretudo, sobre a desorganização social das grandes cidades.
Entre os anos 1920 e 1930, Robert Ezra Park, Ernest W. Burgess e seus alunos produziram 
mais de 20 obras sobre a ecologia urbana da cidade de Chicago, abordando problemas como 
falta de moradia, desorganização social, guetos, zonas residenciais ricas e pobres, distribuição 
de doentes mentais na cidade, entre outros.
Em diversas dessas obras, os bairros de Chicago são divididos e analisados de acordo 
com seus problemas sociais. Esses bairros ou áreas seriam analisados também a partir das 
possibilidades moralizadoras ou de controle social que geravam em seus habitantes. A cidade 
em geral permitia a confusão, a mobilidade e, portanto, o refúgio e a criação de personalida-
des conflitivas, como vagabundos, alcoólatras, prostitutas e delinquentes. Todos eles, porém, 
seriam reprimidos e censurados em determinadas áreas morais, nas quais, em virtude desse 
controle social, não se verificariam conflitos sociais significativos. Foi com base nesses estu-
dos que as instâncias de controle social informal começaram a fazer parte da lista de objetos 
da Criminologia.
Obs.: � O controle social é um dos objetos da Criminologia, ao lado do crime, do criminoso e 
da vítima. São mecanismos de controle social todos aqueles que buscam fazer com 
quem alguém se comporte de acordo com as normas. O controle social pode ser divi-
dido em formal e informal.
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 � - O controle social informal é aquele realizado de maneira difusa pela sociedade e do 
qual não pode decorrer a aplicação de uma pena. Ex: família, amigos, escola, redes 
sociais, vizinhança.
 � - O controle social formal é aquele realizado pelo Estado e do qual pode decorrer a apli-
cação de uma pena. Ex: polícia, Ministério Público, Poder Judiciário, sistema carcerário.
Robert Park se apropriou de conceitos da ecologia. Comparava a cidade a um organismo 
vivo e utilizava os conceitos de invasão, dominação e sucessão descritos pelos ecologistas.
A expansão e consolidação da burguesia industrial, o êxodo rural e o recebimento de gran-
des contingentes de imigrantes, fizeram com que Chicago, assim como outras cidades estadu-
nidenses, passassem por profundas mudanças em um curto espaço temporal. Várias etnias, 
povos, religiões e culturas passam a conviver ali. Esse conceito de fusão de elementos hete-
rogêneos e por vezes conflitivos se denomina melting pot, em referência a um caldeirão onde 
tudo se derrete e se mistura.
Também chamada de teoria da ecologia criminal ou teoria da desorganização social, a es-
cola de Chicago se dispôs a analisar comportamentos sociais, seitas, grupos, multidões, opi-
nião pública, criminalidade e outros fenômenos que ocorriam na cidade cuja população saltou 
de 4.470 pessoas em 1840 para mais de um milhão de habitantes em 1900.
Grande parte da população de Chicago nessa época era de imigrantes. A cidade crescia se 
expandindo em anéis, ou círculos concêntricos, do centro para a periferia. Essa é a teoria das 
zonas concêntricas, de Ernest Burgess. Segundo ele, o anel mais central, chamado loop, era a 
zona comercial, com bancos, grandes lojas, a administração da cidade, estações etc. A segun-
da zona, chamada zona de transição, é uma zona de comércio que conecta o loop à terceira 
zona (residencial). A zona de transição, por estar constantemente sujeita à invasão do loop, era 
uma área com intensa mobilidade e degradação, com barulho, agitação, mau cheiro, bordéis e 
pensões – as denominadas tenement houses, espécies de cortiços para os recém-chegados à 
cidade. A terceira zona abrigava trabalhadores com uma condição financeira ligeiramente me-
lhor e imigrantes de segunda geração (filhos dos imigrantes originais). Nela, as moradias ainda 
são modestas, mas já ficam um pouco mais afastadas das zonas deterioradas. A quarta zona 
é a da chamada classe média, com moradias um pouco melhores. E a quinta zona é aquela 
habitada pelos altos-estratos da população. Esses moradores são chamados commuters: são 
pessoas que gastam muito tempo em meios de transporte para chegar às regiões centrais 
da cidade.
Grandes condomínios de luxo, que se assemelham a cidades, com ruas, enormes áreas de 
lazer e até lojas, mais populosos que muitas cidades, cercados de muros, constantemente 
vigiados, e afastados do centro da cidade são realidades bastante comuns nas metrópoles 
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brasileiras. Alphaville em São Paulo (e presente também em outras cidades brasileiras) e con-
domínios da Barra da Tijuca (Rio de Janeiro) são citados como exemplos que se encaixam na 
descrição da zona V de Burgess. O aumento da tensão social e a decadência de certos bairros 
da cidade faz com que as pessoas queiram se agrupar em comunidades fechadas, em que 
fiquem distantes da confusão. Iniciativas como essa acabam por fragmentar o espaço social, 
criando a cidade dual. Esse conceito de dual city aumentar a distância social entre os dois gru-
pos. Os moradores dos condomínios não veem os pobres, não convivem com eles. E quanto 
mais desconhecemos o outro, quanto mais ficamos afastados e o consideramos um estranho, 
mais fácil é criminalizar suas condutas. Segundo Nils Christie, criminólogo norueguês contem-
porâneo, falecido em 2015, a distância social aumenta a tendência de que certas condutas 
sejam criminalizadas4.Clifford Shaw e Henry McKay são outros dois nomes importantes na Escola de Chicago. 
Com base na teoria das zonas concêntricas, eles se dedicaram a analisar as áreas de delinqu-
ência e a delinquência juvenil. A obras mais conhecidas deles é Delinquency Areas.
Eles foram responsáveis por demonstrar que, quanto mais perto do loop, maior a degrada-
ção e as taxas de criminalidade dos bairros. Concluíram, também, que nas áreas criminais, o 
controle social informal é pouco eficiente na formatação do comportamento dos jovens, já que 
familiares, amigos e vizinhos geralmente aprovam condutas antissociais. Para Shaw e McKay, 
a delinquência começaria cedo, como jogo das ruas e alguns bairros ofereceriam oportunida-
des ao crime, como pessoas dispostas a adquirir bens roubados.
Não se deve, no entanto, entender que há um determinismo ecológico, ou seja: a pessoa 
cometerá crimes apenas por habitar uma região. O que ocorre é que o fato de estar localizado 
em uma área da cidade é um vetor criminógeno, ou seja, um fator que pode contribuir com a 
prática de um delito.
A escola de Chicago percebe que é mais apropriado falar em “cidades”, no plural, pois cada 
parte do Município tem sua cultura própria, sua dinâmica particular, com estatutos, usos, cos-
tumes. A cidade não é apenas um amontoado de pessoas, ruas, bairros. O complexo cultural 
determina o que é típico de cada cidade e mais, de cada parte da cidade. Essas culturas são 
transmitidas e aprendidas dentro dos respectivos grupos.
As formas de adaptação das pessoas à cidade fazem com que haja um processo de per-
manente interação. As interações são tantas que se fala em sobrecarga ou saturação. E ao 
mesmo tempo em que há interação, é comum, nas cidades, que haja anonimato: as pessoas 
têm mais liberdade de ação de modo que os freios exercidos pelas instâncias de controle so-
cial se afrouxam. As pessoas, nas cidades, se distanciam, são seletivas em seus processos 
de aproximação, competem pelos escassos recursos da cidade, tudo isso resultando em uma 
postura individualista que tem impacto na criminalidade.
4 FREITAS, Wagner Cinelli de Paula. Espaço urbano e criminalidade: lições da Escola de Chicago. São Paulo: IBCCRIM, 2002, 
p.121 e ss.
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Dentro dos bairros, dos quarteirões, dos edifícios, as pessoas se aproximam por serem 
similares. Os vizinhos controlam, informalmente, as atividades uns dos outros, numa espécie 
de polícia natural. Nas chamadas “regiões morais”, um grupo de habitantes se identifica. Em 
cidades com muitos imigrantes, como era Chicago, havia áreas morais formadas por pessoas 
de uma mesma raça ou origem, que ali vivem ou convivem (pode ser um local de residência ou 
de encontro) de maneira segregada do restante da população. Há, por exemplo, regiões morais 
de pobres, viciados, desajustados, criminosos.
Como as cidades são dotadas de mobilidade, há grande fluidez de pessoas pelas regiões, 
o que tende e confundir e desmoralizar as pessoas, pois o controle social informal é tanto 
menor quanto mais a pessoa se distancie de suas raízes. A mobilidade dificulta que a família, 
a vizinhança, a igreja ou os grupos comunitários imponham inibições a condutas de vício, pro-
miscuidade e delinquência. Assim, a mobilidade está relacionada com criminalidade.
Os estudiosos de Chicago notaram que as taxas de doença mental estavam distribuídas 
diferencialmente por bairro da cidade. Os bairros mais pobres apresentavam maiores taxas de 
criminalidade e maiores índices de distúrbios mentais. As precárias condições das famílias, 
a falta de intervenção estatal e as dificuldades de adaptação decorrentes da imigração e do 
isolamento contribuíam enormemente para as altas taxas de insanidade mental.
A pessoa recém-chegada à cidade passa por um processo de desorganização social. Há 
um sentimento de perda pessoal, rejeição de regras sociais, perda de raízes. A desorganização 
social causa aumento de doenças, prostituição, insanidades, suicídios e crime.
Clifford Shaw é autor, também, de The Jack-roller: a delinquent boy’s own story. Shaw utiliza 
o relato da história de vida (autobiografia) de um delinquente de Chicago, denominado Stanley, 
que viveu em diferentes áreas de cidade. A ideia foi demonstrar como a vida em diferentes 
áreas da cidade, convivendo com diferentes culturas, tinha impacto na criminogênese.
Por tudo isso, as propostas de Escola de Chicago para equacionar a questão criminal pas-
sam, necessariamente, por alterar as condições de vida nas cidades, sobretudo as condições 
econômicas e sociais das crianças, diminuindo as condições para as carreiras delinquentes. 
O enfoque da intervenção proposta pelos autores Clifford Shaw e Henry McKay no Chicago 
Area Project era a maximização do controle social informal (famílias, vizinhanças, igrejas, clu-
bes, escolas). Deve haver macrointervenção na comunidade e reconstrução da solidariedade 
social. Os projetos devem ser feitos levando em consideração cada vizinhança e devem incluir 
atividades recreativas, artesanais, culturais e melhorias nas condições sanitárias e de conver-
sação predial de alguns bairros e edifícios.
Como definitiva contribuição, a Escola de Chicago utilizou largamente os social surveys, 
inquéritos sociais que consistem em interrogatório direto feito a um número considerado de 
pessoas sobre itens criminologicamente relevantes. Trata-se de técnica empírica de observa-
ção da realidade até hoje utilizado largamente pela criminologia. Além disso, implicou toda 
a comunidade no enfrentamento do crime. Alargou o objeto de estudo da ciência, para nele 
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incluir os mecanismos de controle social. Ademais, a Escola de Chicago propugnou uma inter-
venção preventiva e não repressiva.
DICA
Recurso Mnemônico:
4.4. teoriA dA AnomiA
Vamos analisar a teoria da anomia sob a ótica de dois grandes nomes: Émile Durkheim e 
Robert Merton. O termo anomia tem origem grega e significa ausência de leis.
Émile Durkheim
Émile Durkheim foi um sociólogo francês do final do século XIX. Ele é considerado um dos 
principais teóricos da anomia. Sua teoria sociológica considera que um ser vivo só pode ser 
feliz e até mesmo viver se suas necessidades forem compatíveis com os meios para satisfa-
zê-las. No animal, o equilíbrio entre necessidades e meios depende de condições puramente 
materiais: é o organismo, o corpo que dita quais são as necessidades (respirar, se alimentar, se 
hidratar). No ser humano, a maioria das necessidades não depende do corpo. Afinal, para os 
seres humanos, além do mínimo necessário para a sobrevivência, existe o desejo de condições 
melhores, de situações de bem-estar. Esse apetite por conforto em algum momento tem que 
encontrar limites, até mesmo porque desejos ilimitados são insaciáveis por definição e geram 
um perpétuo estado de desconforto. E como esse limite não é dado pelo corpo, ele somente 
pode vir da sociedade.
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Para Durkheim, então, a força reguladora externa ao indivíduo que limita os desejos é a 
sociedade, único poder moral superior ao indivíduo. A sociedade regula, ainda que nem sem-
pre por meio de norma jurídica, o máximo de bem-estar que cada classe social pode legitima-
mente procurar obter e cada um percebe vagamente o ponto extremo até onde podem ir suas 
ambições. O contentamento com essas regras gera prazer de existir e viver. O trabalhador não 
estará em harmonia com sua função social se não estiver convencido de que é mesmo aquela 
a função que deve ter. Ou seja, essa disciplina que a sociedade exerce só é útil se for considera-
da justa pelos povos submetidos a ela, se for reconhecida como equitativa pela grande maioria 
das pessoas.
Há momentos, explica Durkheim, em que a sociedade atravessa transformações. Nesses 
transtornos, a sociedade perde a capacidade de exercer seu papel de freio moral. Não importa 
se se trata de uma crise dolorosa ou de uma transformação boa, afortunada, com pujança 
econômica. Em qualquer caso, como as condições de vida mudam, a escala segundo a qual 
as necessidades eram reguladas já não pode permanecer a mesma. Leva tempo até que seres 
humanos e coisas sejam novamente classificados pela consciência pública.
A anomia é esse estado de desregramento ou desintegração das normas sociais, produzin-
do uma situação de transgressão ou de pouca coesão5. São, por exemplo, aquelas situações 
em que não se sabe quais as normas vigentes ou em que uma norma positivada deixa de ser 
amplamente observada pela sociedade. Para Durkheim, o crime se torna um problema quando 
existe uma situação de anomia. Caso contrário, o crime é um fenômeno relativamente normal. 
Afinal, ele ocorre em todas as sociedades, de todos os tipos e muitos índices criminais vêm 
aumentando significativamente ao longo da história social. Por isso, ele diz:
Não há fenômeno que apresente de maneira mais inconteste todos os sintomas da normalidade. 
(...) Sem dúvida, pode ser que o crime tenha formas anormais; é o que ocorre quando, por exemplo, 
ele atinge uma taxa exagerada6.
Para Durkheim, além de normal, o crime é útil. Para entender esse ponto é importante com-
preender suas ideias sobre a consciência coletiva, que é um conjunto de crenças e sentimen-
tos comuns à média dos membros de uma sociedade e que tem vida própria. A consciência 
coletiva não é simplesmente a soma de todas as consciências individuais. Ela depende das 
consciências individuais, mas não se confunde com elas. Nas sociedades arcaicas, em que as 
pessoas diferem pouco umas das outras, existe uma solidariedade por semelhança, mecânica. 
Nessas sociedades, os membros têm sentimentos parecidos e por isso diz-se que a consci-
ência coletiva abrange a maior parte das consciências individuais, ainda que com elas não se 
confunda. Nas sociedades contemporâneas, os indivíduos são menos parecidos entre si. Cada 
um age de acordo com sua liberdade de crença e ação. Aqui, Durkheim fala em solidariedade 
orgânica. Nessas sociedades, a consciência coletiva tem sua amplitude reduzida. O crime é 
útil porque permite que a consciência coletiva evolua.
5 DURKHEIM, Émile. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Edipro, 2014, p. 249.
6 DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Edipro, 2014, p. 82-83.
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O crime é, portanto, necessário; ele está ligado às condições fundamentais de toda vida social, mas 
por isso mesmo, ele é útil. Pois estas condições são indispensáveis para a evolução normal da 
moral e do direito. (...) A liberdade de pensar de que gozamos atualmente jamais poderia ter sido 
proclamada, se as regras que a proibiam não tivessem sido violadas antes de serem solenemente 
revogadas.7
Como o crime é considerado útil, portador de uma função – a de reforçar a solidariedade da 
sociedade – essa teoria tem forte traço funcional. Uma sociedade sem crimes é pouco desen-
volvida para Durkheim.
Do mesmo modo como o crime é algo natural, a sanção também é algo normal. A função 
da pena é satisfazer a consciência coletiva, ferida com o crime, mantendo intacta a coesão 
social. Assim, o castigo do condenado age nas pessoas honestas, já que serve para curar a 
ferida feita nos sentimentos coletivos que somente residem nos indivíduos corretos. Mas a 
pena segue sendo, ao menos em parte, uma vingança, pois é uma reação passional institucio-
nalizada – e que reforça a coesão social.
Robert Merton
Além de Durkheim, outro nome importante para a teoria da anomia na criminologia é o do 
sociólogo estadunidense Robert Merton, que viveu de 1910 a 2003. Ele adaptou a teoria do 
Durkheim para a sociedade norte-americana da década de 1930, que vivia o American Dream.
Merton defendeu, em artigo lançado em 1938, que as estruturas sociais e culturais são 
compostas de vários elementos, dois dos quais são de fundamental importância: os objetivos 
e os meios.
Os objetivos são as metas, propósitos, interesses (ex.: comprar uma casa; ter um carro; 
viajar para o exterior todo ano). Eles são social e culturalmente ordenados em uma escala 
de valores.
Os meios, por sua vez, definem, regulam e controlam as maneiras consideradas aceitáveis 
para o atingimento dos objetivos (ex.: trabalhar em troca de um bom salário para poder adquirir 
seus bens; praticar fraudes).
Segundo Merton, os meios são sempre limitados pelas normas instituídas. Ou seja: nem 
todas as maneiras de se atingir um objetivo são toleradas, lícitas.
Os objetivos culturalmente definidos e os meios considerados válidos pelas normas ins-
tituídas operam em conjunto. Mas a relação entre os objetivos e os meios é uma relação in-
constante. Às vezes, a cultura de uma sociedade coloca muita ênfase na importância de que 
se atinja um certo objetivo, mas não fornece os meios correspondentes para que o êxito se dê. 
Isso é particularmente visível nas situações em que a estrutura cultural impõe aos cidadãos 
padrões de consumo e riqueza, mas a estrutura social não fornece condições para que os indi-
víduos enriqueçam ou consumam do modo como se espera.
7 DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Edipro, 2014, p. 87.
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Os objetivos e meios têm, entre outras, a função de fornecer uma base de previsibilidade e 
regularidade do comportamento das pessoas em sociedade. Quando esses elementos estão 
dissociados, a efetividade dessas funções fica limitada. No limite, quando a previsibilidade 
das condutas num grupo social é minimizada, por esse espaçamento entre os objetivos e os 
meios, está configurada a anomia, que também pode ser chamada de caos cultural.
Para lidar com os objetivos e meios, os indivíduos procedem a adaptações individuais, que 
podem ser de cinco tipos8:
Modos de 
Adaptação
Objetivos ou Metas 
Culturais Meios Instituídos
Conformidade + +
Inovação + -
Ritualismo - +
Retração - -
Rebelião ± ±
• Conformidade: os indivíduos se adaptam (+) aos objetivos culturais e (+) aos meios exis-
tentes. Quando temos uma sociedade estável, esse é o tipomais comum de adaptação.
• Inovação: a ênfase cultural muito forte no objetivo de sucesso convida a esse tipo de 
adaptação, que ocorre pelo uso de meios proibidos, porém efetivos, para se alcançar ao 
menos um simulacro do sucesso, ou seja, riqueza e poder. Esses indivíduos aceitam (+) 
a meta “sucesso”, mas não aceitam (-) se valer dos meios permitidos, regulados pelas 
normas. Aqui reside um tipo de delinquência. É aqui, especificamente, que se fala em 
anomia, como não aceitação das regras que limitam os meios para o alcance das metas.
• Ritualismo: os indivíduos abandonam ou diminuem gradualmente (-) as metas de suces-
so pecuniário e mobilidade social para um ponto em que podem ser atingidas; e, ao mes-
mo tempo, continuam obedecendo (+) quase compulsivamente às normas instituídas.
• Retração: esses indivíduos rejeitam (-) tanto os objetivos culturais como (-) os meios 
instituídos. Eles abdicam dos objetivos estabelecidos pela sociedade e adotam compor-
tamentos em desacordo com as normas instituídas, de modo que estão em constante 
escapismo da realidade. É o caso, segundo Merton, dos psicóticos, autistas, marginais, 
mendigos, pedintes, alcoólatras crônicos, viciados em drogas.
• Rebelião: essas pessoas não aceitam a estrutura social reinante, mas imaginam e pro-
curam dar vida (±) a uma estrutura modificada. A rebelião envolve necessariamente 
ação, transformação dos valores, também chamada de transvaloração. É uma espécie 
de adaptação coletiva, em que se deseja instalar uma estrutura social onde haveria cor-
respondência entre mérito, esforço e recompensa.
8 MERTON, Robert K. On Social Structure and Science. Chicago: The University of Chicago Press, 1996, p. 139.
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Esse esquema de Robert Merton foi, posteriormente, ampliado e aprofundado por Talcott 
Parsons, que, em 1951, criou a teoria do sistema social. Ele substituiu as duas variáveis de 
Merton (objetivos e meios) por outras três duplas de fatores: atividade e passividade; predomí-
nio conformativo e predomínio alienativo; e orientação para objetos sociais e orientação para 
normas. A combinação desses fatores ditará qual o tipo de resposta – delitiva por exemplo – 
que uma pessoa dará a uma situação em que há uma perturbação no quadro de expectativas. 
A teoria de Parsons é complexa e nunca foi cobrada em detalhes em provas. O que as bancas 
cobram é que o candidato saiba que ela é uma teoria da anomia e, portanto, do consenso.
DICA
Recurso Mnemônico:
4.5. teoriA dA AssociAção diferenciAl
A Teoria da Associação Diferencial se insere num grupo maior, chamado Teorias da Apren-
dizagem Social. Esse grupo de teorias possui em comum a noção de que a chave para a com-
preensão da criminalidade está na aprendizagem. Assim como aprendem a fazer qualquer 
outra coisa, as pessoas, que não nascem criminosas, aprendem a cometer delitos e a desen-
volver mecanismos de neutralização da culpa. Não se trata de uma questão de pobreza ou ri-
queza. Aliás, grande parte da importância dessas teorias reside exatamente na demonstração 
de que os ricos também cometem crimes.
A Teoria da Associação Diferencial foi formulada por Edwin Sutherland, sociólogo (e cri-
minólogo) norte-americano. Suas ideias são do começo da década de 1940. Para Sutherland, 
o crime não é cometido somente por pessoas menos favorecidas. As pessoas de qualquer 
classe social aprendem a conduta desviada e se associam com outras pessoas tendo por base 
essa conduta. O processo de comunicação, que permite a aprendizagem, é fundamental para 
a prática criminal.
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Associação Diferencial significa, em resumo, se associar para aprender a fazer coisas dife-
rentes do que é a regra, ou seja, imitar alguém que é desviante, que comete crimes.
Segundo Sutherland, a pessoa se torna criminosa quando as definições favoráveis à viola-
ção da norma superam as definições desfavoráveis, tudo no âmbito de um processo de imita-
ção. Esse processo é tanto mais intenso quanto mais íntimas as relações estabelecidas pelo 
indivíduo. As pessoas, então, interagem, aprendem umas com as outras, se associam, mas não 
para seguir os padrões da sociedade, e sim para agir de modo diferente (praticando delitos). 
Daí o nome associação diferencial.
Uma das causas fundamentais para a existência de associação diferencial é o conflito 
cultural: na sociedade existem diversos grupos culturais, e a cultura criminosa pode prevalecer 
por diversos fatores. Outra causa básica para o comportamento criminoso é a desorganização 
social, que já havia sido bem explicada pela Escola de Chicago. Quando há desorganização 
social, os mecanismos de controle social informal são precários em virtude da perda de raízes, 
e isso pode facilitar a escolha pelo caminho do crime.
Sutherland elencou nove princípios da Teoria da Associação Diferencial:
1. A conduta criminosa se aprende, como qualquer outra atividade.
2. O aprendizado se produz por interação com outras pessoas em um processo de 
comunicação.
3. A parte mais importante do aprendizado tem lugar dentro dos grupos pessoais íntimos.
4. O aprendizado do comportamento criminoso abrange tanto as técnicas para cometer o 
crime, que às vezes são muito complicadas e outras, muito simples, quanto a direção específi-
ca dos motivos, atitudes, impulsos e racionalizações.
5. A direção específica dos motivos e impulsos se aprende de definições favoráveis ou 
desfavoráveis a elas.
6. Uma pessoa se torna delinquente por efeito de um excesso de definições favoráveis à 
violação da lei, que predominam sobre as definições desfavoráveis a essa violação.
7. As associações diferenciais podem variar tanto em frequência como em prioridade, du-
ração e intensidade.
8. O processo de aprendizagem do comportamento criminoso por meio da associação 
com pautas criminais e anticriminais compreende os mesmos mecanismos abrangidos por 
qualquer outra aprendizagem.
9. Se o comportamento criminoso é expressão de necessidades e valores gerais, não se 
explica por estes, já que o comportamento não criminoso também é expressão dos mesmos 
valores e necessidades9.
Essas ideias foram importantes para demonstrar que o crime pode ser cometido por qual-
quer pessoa na sociedade, independentemente de fatores biológicos, de pobreza, de déficit de 
inteligência ou falta de inserção social. A teoria da associação diferencial foi a primeira a co-
locar o foco na criminalidade dos poderosos, estudando a forma distinta como a justiça penal 
os tratava.
9 SUTHERLAND, Edwin H. Crime de colarinho branco: versão sem cortes. Rio de Janeiro: Revan, 2015, p. 14.
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Como crítica, costuma-se delinear que a teoria de Sutherland não explicava por que, con-
vivendo no seio de uma mesma cultura, certas pessoas aprendiam ouoptavam pelo com-
portamento criminoso, enquanto outras não. Ademais, a teoria da associação diferencial não 
considerava, como relevantes para a prática de um crime, fatores impulsivos, ocasionais, pas-
sionais, calamitosos. Em casos em que esses fatores se apresentam, muitas vezes não há que 
se falar em aprendizado, mas sim em reação isolada.
Crime do Colarinho Branco (White-Collar Crime)
Sutherland cunhou a expressão crime de colarinho branco (white collar crime). Utilizou-a 
por primeira vez em um discurso de 1939. Trata-se do crime cometido no âmbito da profis-
são por uma pessoa de respeitabilidade e elevado estatuto social. Em seu livro que leva esse 
nome – Crime de colarinho branco: versão sem cortes –, ele analisa decisões da justiça e das 
comissões administrativas relativas a 70 grandes empresas americanas para defender a tese 
de que as pessoas da classe socioeconômica mais alta estão engajadas em muitos comporta-
mentos criminosos e que este comportamento criminoso difere do comportamento criminoso 
da classe econômica mais baixa principalmente por conta dos procedimentos administrativos 
– mais brandos – para lidar com os infratores. A diferença entre a criminalidade dos poderosos 
e a criminalidade das pessoas mais pobres não é, no entanto, significativa do ponto de vista 
da causação do crime: a razão pela qual os crimes são cometidos é a mesma, o aprendizado 
somado a definições favoráveis à violação da lei10.
São crimes que, em geral, não podem ser explicados pela pobreza ou educação de má qua-
lidade. São, ademais, crimes difíceis de se detectar ou mesmo de se sancionar.
A própria população tem, em muitos momentos, dificuldade de classificar tais condutas 
como criminosas. Há um sentimento de admiração e respeito aos grandes empresários, ban-
queiros, homens de negócio, políticos. É como se houvesse uma “imunidade do negócio”. A 
concessão de prisão especial para os possuidores de diploma de nível superior costuma ser 
citada como exemplo de imunidade do negócio.
Sutherland relatava que costuma haver, em relação aos crimes de colarinho branco, a pre-
visão de penas não muito elevadas e de penas pecuniárias e restritivas de direito em substi-
tuição à pena privativa da liberdade, pois o pensamento dominante é que os autores desses 
crimes não precisam ser ressocializados, já que têm boa situação econômica e estão integra-
dos na sociedade.
Os efeitos dos crimes de colarinho branco costumam ser significativos, porém difusos. 
Não é uma pessoa particular que sente o efeito danoso da conduta, e sim uma coletividade. 
Essa característica também contribui para a leveza das penas e para as baixas taxas de perse-
cução do crime.
10 SUTHERLAND, Edwin H. Crime de colarinho branco: versão sem cortes. Rio de Janeiro: Revan, 2015, p. 33.
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Apesar de tudo isso, defende Sutherland, o crime do colarinho branco é, por diversas ra-
zões, um tipo de criminalidade organizada praticada pelos homens de negócio. É um tipo de 
crime organizado porque são condutas deliberadas, com unidade relativamente consistente. É 
uma criminalidade persistente, pois grande parte dos criminosos é reincidente. Mas os crimi-
nosos do colarinho branco não se veem como criminosos, até mesmo porque não são tratados 
com os mesmos procedimentos oficiais destinados aos criminosos comuns; e porque, como 
são oriundos de outra classe social, não se relacionam de forma pessoal e íntima com aqueles 
que se definem como os criminosos típicos.
Cifras da Criminalidade
Vou falar um pouco sobre as cifras da criminalidade, porque o crime do colarinho branco 
está intimamente relacionado com esse conceito. O conceito de cifras da criminalidade deriva 
da percepção de quem nem todos os crimes chegam ao conhecimento das autoridades. Ao 
lado da criminalidade real – isto é, da totalidade de delitos praticados – existe a criminalidade 
revelada, ou seja, a parcela da criminalidade real que chega ao conhecimento do Estado.
Trata-se do chamado efeito de funil, também conhecido como mortalidade de casos crimi-
nais. Isso é natural e a criminologia reconhece que o processamento de todos os casos (total 
enforcement) levaria à falência do próprio sistema penal.
Cifra Negra
Uma das consequências do efeito de funil é a existência da denominada cifra negra, aquela 
parcela de crimes que não integra as contagens oficiais. São os crimes que não chegam ao co-
nhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. Quantas vezes, por exemplo, somos 
assaltados ou furtados e deixamos de registrar ocorrência? Quando fazemos isso, estamos 
inflando a cifra negra, que nada mais é, portanto, do que a diferença entre a criminalidade real 
e a criminalidade revelada.
Os crimes do colarinho branco apresentam alta cifra negra, já que são delitos de difícil de-
tecção e punição. Outro tipo de delito que apresenta altíssimas taxas de subnotificação são os 
crimes sexuais. Acredita-se que a diferença entre os crimes sexuais praticados e aqueles que 
são comunicados chega a 90%. Às vezes a própria vítima sente vergonha e não denuncia; às 
vezes a vítima quer denunciar, mas não se sente acolhida nos contatos com a polícia e acaba 
desistindo de levar adiante seus relatos; às vezes a própria família acoberta o caso, para evitar 
que se torne um escândalo, já que a maior parte dos crimes sexuais contra menores são co-
metidas por parentes próximos à vítima. Esses são apenas alguns exemplos de motivos que 
estão na base desse descompasso entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida.
Por tudo isso, as estatísticas criminais não refletem a criminalidade real, mas apenas uma 
parte dela, restando a cifra negra, oculta, difícil de decifrar. As pesquisas de vitimização, ou 
seja, realizadas com a população em geral questionando se foram vítimas de algum crime, 
procuram suprir essa lacuna.
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Cifra Dourada
Cifra negra é o nome mais genérico para designar essa diferença entre a criminalidade 
real e a criminalidade conhecida. Ao longo dos anos, subclassificações das cifras negras 
têm aparecido. Já disse a você que os crimes do colarinho branco possuem alta taxa de 
subnotificação, porque são delitos de difícil detecção. Criou-se, então, um nome específico 
para essa diferença entre criminalidade real e conhecida dos poderosos: é a chamada ci-
fra dourada.
A cifra dourada diz respeito, portanto, aos delitos cometidos pelos poderosos que são 
desconhecidos e ficam impunes. Pode-se dizer que ela é um subtipo da cifra negra. Quando 
alguém dos altos estratos sociais comete um crime contra o sistema financeiro ou um crime 
tributário, por exemplo, é possível que fique sem punição porque o sistema penal é desenhado 
para selecionar a criminalidade de rua, cometida pelos pobres.
Obs.: � Já houve questões da Vunesp considerando que o conceito de cifra dourada equivale 
ao conceito de crime do colarinho branco. Tecnicamente, não é isso, como acaba-
mos de ver. Aos crimes do colarinho branco (crimes dos poderosos cometidos no 
âmbito laboral) que permanecem desconhecidos ou, segundo algumas definições, em 
relação aos quais há uma indulgência do sistema persecutório penal, dá-se o nome 
cifra

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