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02 Trabalho Final Fernanda Vierno

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
FACULDADE DE ARQUITETURA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO 
MESTRADO PROFISSIONAL EM CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE 
MONUMENTOS E NÚCLEOS HISTÓRICOS (MP-CECRE) 
 
FFFEEERRRNNNAAANNNDDDAAA VVVIIIEEERRRNNNOOO DDDEEE MMMOOOUUURRRAAA 
 
 
SSSÃÃÃOOO LLLUUUIIIZZZ DDDOOO PPPAAARRRAAAIIITTTIIINNNGGGAAA::: 
 
 
 
 
 
 
PPPRRREEESSSEEERRRVVVAAAÇÇÇÃÃÃOOO 
DDDOOO CCCEEENNNTTTRRROOO HHHIIISSSTTTÓÓÓRRRIIICCCOOO 
 EEE IIINNNTTTEEERRRVVVEEENNNÇÇÇÃÃÃOOO NNNAAA 
PPPRRRAAAÇÇÇAAA DDDRRR... OOOSSSWWWAAALLLDDDOOO CCCRRRUUUZZZ 
 
 Salvador, 2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO LUIZ DO PARAITINGA: 
PRESERVAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO 
E INTERVENÇÃO NA PRAÇA DR. OSWALDO CRUZ 
 
 
Salvador 
2011 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
 
FACULDADE DE ARQUITETURA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO 
MESTRADO PROFISSIONAL EM CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE 
MONUMENTOS E NÚCLEOS HISTÓRICOS (MP-CECRE) 
 
 
 
Fernanda Vierno de Moura 
 
 
 
ii 
 
Introdução 
Fernanda Vierno de Moura 
 
 
SÃO LUIZ DO PARAITINGA: 
Preservação no centro histórico e 
intervenção na Praça Dr. Oswaldo Cruz 
 
 
 
Trabalho Final de Mestrado Profissional apresentado ao Programa 
de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Fa-
culdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, como 
requisito para obtenção do grau de Mestre Profissional em Con-
servação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos 
 
 
Salvador 
2011 
 
 
 
 
iii 
 
Introdução 
Fernanda Vierno de Moura 
 
SÃO LUIZ DO PARAITINGA: 
Preservação no centro histórico e 
Intervenção na Praça Dr. Oswaldo Cruz 
 
Trabalho Final de Mestrado Profissional apresentado ao Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetu-
ra e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção 
do grau de Mestre Profissional em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
Profª. Drª. Naia Alban Suarez 
PPGAU / FAU-UFBA 
 
Prof. Dr. José Simões Belmont Pessoa 
PPG-AU / UFF 
 
Profª. Drª. Briane Elizabeth Panitz Bicca 
MONUMENTA – Porto Alegre 
 
Salvador 
2011 
 
 
 
iv 
 
Introdução 
AGRADECIMENTOS 
 
Aos professores do CECRE, pela orientação, em especial a Lula, Eugênio, Eloísa, Mariely, Mario Mendonça, Silvia Puccioni, 
Briane e Ana Lucia; 
A Odete Dourado por sua especial atenção e preocupação em me orientar na teoria de tão difícil tema; 
Aos professores do ateliê de projeto, Rodrigo, Nivaldo, Juliana, Marcio, Naia e Maria Hermínia, pelos produtivos comentá-
rios e observações nos atendimentos; 
À colega Olivia pelo material de pesquisa cedido; 
A todos os colegas do I MP-CECRE pela cumplicidade e ajuda; 
A Ivete e Inácio, que vieram a se tornar meus pais baianos; 
E em especial ao meu marido Rodrigo pelo incentivo e aos meus pais Lívia e Edmar, aos quais dedico este trabalho pelo 
apoio incondicional. 
 
 
 
 
v 
 
Introdução 
RESUMO 
 
São Luiz do Paraitinga é uma cidade paulista, de ricas tradições culturais, cujo centro histórico é tombado pelo IPHAN. Atravessou um longo período de 
isolamento ocasionado pela estagnação do quadro econômico do município, o que permitiu ao centro histórico da cidade ainda hoje se apresentar 
como um retrato autêntico de nosso passado imperial. A cidade possui um conjunto significativo de sobrados e casas térreas de porte, erguidos em sua 
maioria entre os anos de 1850 e 1880 em taipa de pilão e de mão, que surpreende seus visitantes pela unidade visual, pela homogeneidade do con-
junto e pela regularidade e simetria das suas edificações. Este rico patrimônio arquitetônico, no entanto, se encontra implantado numa região de gran-
de vulnerabilidade ambiental, onde ocasionalmente ocorre o transbordamento do rio que corta a cidade de norte a sul. Em janeiro de 2010 houve 
uma grande destruição no centro histórico, causada por uma enchente de proporções jamais vistas anteriormente. As águas do rio Paraitinga chega-
ram a subir 16m além do seu leito normal, causando sérios danos à cidade, abalando a integridade de muitos edifícios e ocasionando o arruinamento 
de outros tantos. A principal praça da cidade, que é uma área de convívio da população e lugar de passagem obrigatória dos transeuntes do centro 
histórico, encontra-se hoje com grandes lacunas urbanas. Mais da metade de seus edifícios sofreram danos parciais ou foram totalmente arruinados. O 
desafio atual é entender como se deve intervir nesse rico ambiente histórico, visando a recomposição do que se perdeu, sem falsear o aspecto estético 
do conjunto e nem propor uma nova arquitetura que imponha sua presença sobre a anterior. Um bom começo é perceber que o vazio que se formou 
com as perdas totais é menor do que o tecido remanescente, o que permite que a leitura parcial do conjunto urbano ainda seja possível de ser feita. A 
situação contrária o condenaria à sua descaracterização. Por isso, é necessário eliminar a tensão visual existente hoje, recuperando a percepção deste 
ambiente por inteiro. Estes vazios urbanos podem ser preenchidos com novas edificações que atendam a novas necessidades e suas formas podem se-
guir critérios diversos: ser a reconstrução idêntica dos edifícios perdidos; ser uma reconstrução simplificada baseada na releitura das formas dos antigos 
volumes; ser uma nova arquitetura de formas contrastantes; ou ser edifícios novos de linhas contemporâneas que levam em consideração os valores 
espaciais da inteira praça de hoje. Entende-se que o conjunto pré-existente jamais voltará a existir, mas a intervenção proposta deverá dialogar em 
harmonia com o ambiente histórico desta praça, já tão cheia de caráter. 
Palavras-chave: Restauração arquitetônica. Ambiência urbana. Centro histórico. 
 
 
 
 
vi 
 
Introdução 
ABSTRACT 
 
São Luiz do Paraitinga is a city from São Paulo State with rich cultural traditions, which historical centre is recognized as a National Heritage by IPHAN. It 
remained isolated for a long period due to the stagnation of its economy, but this fact allowed the city's historic centre to be with its original aspect and 
be considered nowadays an authentic portrait of the Brazilian imperial past. The city has a significant set of houses, built between the years 1850 and 
1880 in rammed earth and brayed mud wall, which astonishes its visitors by the visual unit, the homogeneity of the set and the regularity and symmetry 
of the buildings. This rich architectural heritage, however, is settled in a region of great environmental vulnerability, where occasionally occurs the over-
flowing of the river that cross the city from North to South. In January 2010 there was a great destruction in the historical centre, caused by a flood of 
proportions never seen previously. The Paraitinga River rose up to 16 m beyond its normal bed, causing serious damages to the city, rocking the integrity 
of many buildings and causing structure instability to many others. The main city square, which is a meeting area for the population and an important 
way in the historic centre, is today with large urban gaps. More than half of the buildings in this square are damaged or totally ruined. The current chal-
lenge is to understand how to intervene in this rich historical environment, aiming at the reassembling of what was lost, without compromising the aes-
thetic aspect of the set, neither proposing a new architecture that imposes its presence over the previous one. A good start is to realize that the visual 
empty spaces are smaller than the remaining filled ones, which allows the partial aesthetic reading of the urban set to be made. The opposite situation 
would condemn the place to ruins. Therefore, it is necessary to eliminate the existing visual tension by retrieving the perception of the entire environment. 
These urbanvoids can be filled with new buildings that meet new needs and its forms can follow several criteria: be identical reconstruction of lost build-
ings; be a simplified reconstruction based on the re-reading of the forms of the old volumes; be a new architecture of contrasting shapes; or be new con-
temporary buildings that consider the current spacial values of the entire square. The pre-existing set will never come back to existence, but the proposed 
intervention can engage a harmonic solution with the historic ambience of this square, yet full of character. 
Keywords: Architecture restoration. Urban environment. Historic centre. 
 
 
vii 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 
1.1. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO................................................................................ 1 
1.2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 2 
1.3. OBJETIVO ......................................................................................................... 3 
1.4. PROBLEMÁTICA .................................................................................................. 3 
1.5. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ............................................................................ 3 
2. INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA ..................................................................................... 4 
2.1. HISTÓRICO DO MUNICÍPIO ..................................................................................... 4 
2.1.1. Origens do povoado e da vila ................................................................ 4 
2.1.2. O traçado da cidade ............................................................................. 5 
2.1.3. A expansão urbana .............................................................................. 7 
2.2. O PATRIMÔNIO CULTURAL DE SÃO LUIZ DO PARAITINGA ............................................... 16 
2.2.1. Patrimônio arquitetônico e ambiental ................................................. 16 
2.2.2. Folclore e tradições populares ............................................................ 17 
2.3. O TOMBAMENTO DO CENTRO HISTÓRICO ................................................................. 20 
2.4. ASPECTOS AMBIENTAIS E ECONÔMICOS ................................................................... 28 
2.4.1. Dados geográficos.............................................................................. 28 
2.4.2. Aspectosclimáticos ............................................................................. 29 
2.4.3. Análise socioeconômica ...................................................................... 33 
3. INVESTIGAÇÃOTÉCNICA ....................................................................................... 38 
3.1. CARACTERÍSTICAS DA CIDADE DE SÃO LUIZ DO PARAITINGA............................................ 38 
3.1.1. Morfologia urbana ............................................................................. 38 
3.1.2. Diagnóstico urbanodo centro histórico ................................................ 39 
3.2. USO E OCUPAÇÃO DA ÁREA .................................................................................. 43 
3.3. CONFIGURAÇÃO ESTÉTICA E ARQUITETÔNICA ............................................................. 45 
3.3.1. Edifícios do centro histórico ................................................................ 46 
3.4. TIPOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES DA PRAÇA DR. OSWALDO CRUZ .......................................... 49 
3.5. GRAU DE PROTEÇÃO E DE CONSERVAÇÃO DOS EDIFÍCIOS ............................................... 53 
3.5.1. Graus de proteção .............................................................................. 53 
3.5.2. Estadoatualde conservação ................................................................ 54 
3.5.3. Técnica construtiva x danos ................................................................ 57 
3.6. A PRAÇA DR. OSWALDO CRUZ .............................................................................. 60 
3.6.1. Análise visual ..................................................................................... 60 
3.6.2. Sequências visuais .............................................................................. 61 
3.6.3. Diagnóstico urbano da praça dr. Oswaldo cruz .................................... 70 
3.6.4. Análise da pavimentação e equipamento urbano ................................. 78 
4. DISCUSSÃO CONCEITUAL ...................................................................................... 84 
4.1. O OBJETO DE INTERVENÇÃO ................................................................................. 84 
4.2. O VALOR INTRÍNSECO DO PATRIMÔNIO TOMBADO ....................................................... 86 
4.2.1. O valor material.................................................................................. 87 
4.2.2. O valor artístico .................................................................................. 87 
4.2.3. O valor histórico ................................................................................. 88 
4.2.4. A imaterialidade da praça ................................................................... 89 
4.3. O RESTAURO DE RECOMPOSIÇÃO ............................................................................ 89 
4.4. A RESTAURAÇÃO DA UNIDADE PLENA ....................................................................... 95 
4.5. A RECUPERAÇÃO DA OBRA DE ARTE ......................................................................... 96 
4.6. O AMBIENTE CONTEMPORÂNEO ............................................................................ 96 
5. PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO .............................................................................. 99 
5.1. DESENHO URBANO ............................................................................................ 99 
5.1.1. O traçado das ruas.............................................................................. 99 
5.1.2. Estacionamento .................................................................................. 99 
5.1.3. Novo tratamento de superfícies ........................................................... 99 
5.1.4. Drenagem ........................................................................................ 100 
5.1.5. Calçamento ...................................................................................... 100 
5.1.6. Mobilidade acessível ......................................................................... 102 
5.1.7. Mobiliário urbano e paisagismo ........................................................ 102 
5.1.8. Projeto de iluminação ....................................................................... 104 
5.1.9. Intervenções urbanas próximas ao rio ............................................... 106 
5.2. PROPOSTAS DE NORMATIVAS PARA O CENTRO HISTÓRICO ............................................. 108 
5.2.1. Ocupação do solo ............................................................................. 111 
5.3. EDIFICAÇÕES.................................................................................................. 111 
5.3.1. O uso da estética contemporânea ..................................................... 111 
5.3.2. Diretrizes para a nova igreja matriz ................................................... 112 
5.3.3. Esboço de ideias ............................................................................... 113 
6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 124 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 126 
Apêndice 1 Caderno de fichas cadastrais.......................................................................anexo 
Apêndice 2 Desenhos de cadastro e diagnóstico...........................................................anexoApêndice 3 Desenhos da proposta................................................................................anexo
 
1 Introdução 
1. INTRODUÇÃO 
 
Fig. 1. Vista aérea da cidade, 2001. Foto: internet 
1.1. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO 
O presente trabalho é resultado de um estudo elaborado para a propo-
sição de uma intervenção urbana dentro de uma área no centro históri-
co de São Luiz do Paraitinga. O produto final compreende o presente 
volume e mais três volumes Apêndices, que contêm os materiais gráfi-
cos e fotográficos necessários para a compreensão do tema. 
O material total reúne o trabalho elaborado em três etapas distintas: 
Levantamento: pesquisa histórica, dados técnicos, sociais e culturais da 
cidade, levantamento cadastral e documentação fotográfica da área 
em estudo; 
Diagnóstico: análise físico-urbanística da área levantada; 
Projeto: discussão teórica e apresentação de uma proposta de interven-
ção. 
A área escolhida para a intervenção urbana envolve a praça Dr. Os-
waldo Cruz, que é a principal praça do centro histórico, e uma área 
adjacente a ela, que corresponde a 32 imóveis e um trecho da margem 
esquerda do rio Paraitinga. 
O objetivo das duas primeiras etapas de trabalho, levantamento e di-
agnóstico, é compreenderas características físicas da área e fundamen-
tar a proposta abordada na terceira etapa. 
Apresentação do objeto de intervenção 
São Luiz do Paraitinga é um município de aproximadamente 10.500 
habitantes, sendo que cerca de 60% da população vive na cidade e 
40% no meio rural. A cidade atrai vários turistas, principalmente nas 
datas festivas do carnaval e da Festa do Divino, por ter um rico cenário 
arquitetônico, ambiental e cultural. 
Diferente de outras cidades do Vale do Paraíba, a cidade está afastada 
em 44 km da rodovia Presidente Dutra, principal elo de comunicação 
entre as capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Localiza-se no início 
da Serra do Mar, rodeada por morros e pela exuberante Mata Atlânti-
ca. 
 
 
 
2 
 
Introdução 
O município foi bastante próspero no século XIX, época do ciclo do 
café, quando ricos casarões em arquitetura de terra – taipa de pilão, de 
mão e pedra entaipada – foram erguidos, mas atravessou depois disso 
um longo período de isolamento ocasionado por uma estagnação do 
seu quadro econômico. Por estar relativamente longe da rodovia Presi-
dente Dutra, principal eixo econômico do Brasil no período industrial, a 
instalação de indústrias de meados do século XX não atingiu o municí-
pio, permitindo ao centro histórico da cidade ainda hoje se apresentar 
como se constituiu há quase dois séculos. Além disso, devido ao seu 
“abandono”, guardou histórias e tradições, que outras cidades há mui-
to perderam. 
A cidade se apresenta como um retrato autêntico de nosso passado 
imperial e possui um conjunto significativo de sobrados e casas térreas 
de porte, erguidos em sua maioria entre os anos de 1850 e 1880, que 
surpreende seus visitantes pela unidade visual e pela regularidade e 
simetria das edificações. Este conjunto é representativo e faz parte de 
um planejamento urbano estabelecido e normatizado desde a sua fun-
dação. 
Ela hoje constitui um dos maiores conjuntos arquitetônicos do Estado 
de São Paulo e é tombada como patrimônio arquitetônico estadual e 
federal. 
Além disso, chama a atenção dos visitantes não só pelas suas caracte-
rísticas físico-arquitetônicas, bastante preservadas, como também pelas 
características do seu modo de vida e sua cultura imaterial, que expres-
sam um ritmo e um modo de vida “caipira”. 
 
Fig. 2. Casario e duas das igrejas: em primeiro plano, São Luiz de Tolosa e ao fundo, 
Nossa Senhora do Rosário. Foto internet. 
1.2. JUSTIFICATIVA 
O centro histórico da cidade de São Luiz do Paraitinga foi escolhido 
como tema deste trabalho por sua crescente valorização no cenário 
nacional e também por apresentar certas fragilidades que demonstram 
haver a necessidade de uma intervenção física no seu espaço urbano. 
Apesar de tanta riqueza cultural, a cidade possui uma grande vulnera-
bilidade ambiental: ela sofre todos os anos com problemas de enchen-
tes.As enchentes comprometem a integridade das edificações e têm se 
agravado ao longo dos anos. Em janeiro de 2010 as águas do rio Pa-
raitinga chegaram a subir 16m além do seu leito normal e causou sé-
 
 
 
3 
 
Introdução 
rios danos ao centro histórico, quando muitos edifícios desabaram, in-
clusive a igreja matriz de São Luiz de Tolosa. 
Além dos problemas inerentes ao seu ambiente físico natural, a cidade 
tem vivenciado também nas últimas três décadas, uma expansão des-
controlada da área urbana, e as instituições que a reconheceram como 
patrimônio arquitetônico e urbanístico têm juntado esforços recente-
mente para organizar a estrutura administrativa da cidade e controlar e 
normatizar as intervenções no centro histórico. 
Outro fator a se observar é a nova função que a cidade passou a de-
sempenhar desde o ano de 2002, a de estância turística. O carnaval e 
outras festas típicas têm atraído muitos turistas e o seu centro histórico é 
o cenário e o palco de festas populares. Por esse motivo a cidade corre 
também o risco de se tornar alvo de especuladores imobiliários e o seu 
casario ser falseado arquitetonicamente para manter e reforçar essa 
atratividade turística. 
Assim sendo, o tema da preservação e intervenção urbana no centro 
histórico de São Luiz do Paraitinga será abordado de forma conjunta, 
mostrando a importância de “intervir para se preservar”. 
1.3. OBJETIVO 
O produto final deste trabalho é uma proposta de intervenção na prin-
cipal praça da cidade, a praça Dr. Oswaldo Cruz, onde vários edifícios 
ruíram após a enchente de 2010, visando a recomposição do que se 
perdeu. 
O objetivo principal da proposta é mostrar que construções contempo-
râneas, inseridas em harmonia no ambiente histórico, podem contribuir 
para a preservação do centro histórico e resgatar a ambiência do lugar 
sem falsear a história. 
1.4. PROBLEMÁTICA 
A problemática a ser discutida neste trabalho de pesquisa será o de 
como inserir a dinâmica da cidade moderna neste rico ambiente histó-
rico e qual a linha de restauração mais adequada para a intervenção 
urbana. 
1.5. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO 
Para se chegar a uma diretriz de intervenção, foram realizados os se-
guintes procedimentos: 
 Contextualização histórica, geográfica, cultural e técnica da cidade; 
 Mapeamento urbano através de mapas temáticos e fotos; 
 Elaboração de fichas cadastrais dos imóveis que circundam a Praça 
Dr. Oswaldo Cruz para uma leitura estética das fachadas do casa-
rio; 
 Análise da paisagem natural que circunda o centro histórico; 
 Observação e avaliação da dinâmica urbana existente; 
 Análise da paisagem urbana e da composição estilística do conjun-
to urbano; 
 Elaboração de justificativa teórica para a intervenção; 
 Diretrizes para intervenção. 
 
 
 
4 
 
Investigação histórica 
2. INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA 
2.1. HISTÓRICO DO MUNICÍPIO 
2.1.1. ORIGENS DO POVOADO E DA VILA 
A fundação da cidade de São Luiz do Paraitinga teve relação com um 
plano estratégico do governo Português de controlar e organizar a po-
pulação da colônia do Brasil em meados do século XVIII, época em 
que uma crise econômica se abateu sobre Portugal após o declínio das 
remessas de ouro e diamantes da colônia para a metrópole. 
A sua história nasceu contemporânea a uma nova ordem econômica 
para o Brasil, quando se disseminou a criação de nucleações urbanas 
planejadas, consequência de uma política colonizadora e urbanizadora 
do governo de Marquês de Pombal. 
A capitania de São Paulo havia enfraquecido economicamente e muitos 
foram os que saíram em expedições para o sertão, ou se dispersaram e 
se isolaram em pequenos sítios, distanciados das ações de governo e 
da justiça. Como consequência disto, em meados do século XVIII oter-
ritório paulista passou para o domínio da capitania do Rio de Janeiro e 
este foi considerado por 17 anos uma sub-capitania. 
Para restaurar a ordem, uma das medidas da metrópole foi recriar a 
capitania de São Paulo, nomeando como governador em 1765 o por-
tuguês D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, o Morgado de Ma-
teus, que trouxe consigo ordens expressas de reorganizar a economia e 
promover a militarização da capitania de São Paulo. Este propôs, em 
forma de legislação, a Lei dos Sítios Volantes, de 1766, que previa a 
fundação de novas vilas e pequenas comunidades com a finalidade de 
demarcação de fronteiras. O novo governador visou também reorgani-
zar as vilas existentes decadentes, disciplinar os habitantes, instaurar o 
exercício do serviço religioso, combater a improdutividade e incentivar 
a exportação de gêneros alimentícios. Foi neste contexto que se deu a 
instalação da vila de S. Luiz da Paraitinga. 
A criação de povoações, freguesias e vilas, proporcionou ao governo 
um aumento na produção e na arrecadação das rendas. Muitas dessas 
aglomerações foram beneficiadas por iniciativas e atividades relaciona-
das com os planos militares do governador Morgado de Mateus, mas 
esses núcleos somente apareceram porque já eram antes ocupados ou 
trafegados, ou constituíam “pousos” construídos à beira dos caminhos. 
Na região do rio Paraitinga, entroncamento do caminho para Paraty, já 
existiam sesmarias desde o início do século XVII. 
Fundada em 1769, juntamente com outros 30 povoados autorizados 
pelo governador Morgado de Mateus, São Luiz do Paraitinga deve seu 
nome ao padroeiro, São Luiz, uma homenagem a D. Luiz Antônio de 
Souza Botelho Mourão, e ao rio Paraitinga, onde havia um entreposto 
utilizado pelos bandeirantes. 
Os habitantes de início ofereceram certa resistência a se estabelecerem 
em vilas. O governo conseguiu através de um ajuste operativo prelimi-
nar, algumas adesões da população: distribuiu isenções e honras a 
cargos militares e concedeu privilégios aos novos povoadores, como 
por exemplo, o sustamento das dívidas passadas. Posteriormente con-
seguiu mais adesões às vilas por meio de imposição, usando força e 
 
 
 
5 
 
Investigação histórica 
autoridade. 
A maior parte dos novos povoadores era compreendida por “miserá-
veis”, que não podiam “tirar sesmaria”, criminosos de pequenos delitos 
“na esperança de viverem ali sossegados”, e devedores falidos, a fim 
de obterem uma moratória por certo número de anos (FLEXOR, 
1988:98). 
 
 
Fig. 3. Mapa da capitania de São Paulo em 1792. Novas vilas marcadas em vermelho. 
Fonte: Belotto, p. 238 
Aos novos povoadores de São Luiz do Paraitinga deu-se início, em 
maio de 1771, a distribuição de terras e lavouras. Os povoadores, vin-
do das vilas de Guaratinguetá, Ubatuba, Taubaté e das vilas da Capi-
tania de Minas, foram auxiliados por oficiais militares, juízes e pela jus-
tiça, na sua condução, estabelecimento e arruamento da nova vila. A 
estes eram dados tais privilégios para poderem ter um bom começo na 
vila, prosperarem em seus negócios e eventualmente sanarem suas dí-
vidas com seus credores. 
Uma vez vila, o Morgado de Mateus determinou que todas as pessoas 
que viviam em roças dos distritos, e tinham possibilidade, fossem obri-
gadas a fazerem casas arruadas dentro da vila. Somente foram admiti-
dos a cargos públicos aqueles que edificaram suas casas dentro das 
vilas. 
Só depois de quatro anos, no mínimo, de instaladas as vilas, é que os 
indivíduos puderam ser considerados vizinhos e exercer os cargos da 
câmara. 
2.1.2. O TRAÇADO DA CIDADE 
O traçado de São Luiz do Paraitinga seguiu as regras do traçado das 
povoações fundadas na mesma época. Diferente das vilas fundadas em 
épocas anteriores, os núcleos urbanos sob o domínio do Marquês de 
Pombal passaram a ter certa regularidade, ordem e simetria, retoman-
do as características típicas do século XVI em toda a América Latina. A 
morfologia livre, típica do urbanismo português, foi substituída pela 
experiência hispano-americana. 
São Luiz do Paraitinga, que se encontra numa região montanhosa, 
mesmo baseada num traçado empírico, seguiu certa ordenação viária, 
pelo menos ótica, dada pelas autoridades, que traçaram os “riscos” do 
 
 
 
6 
 
Investigação histórica 
núcleo fundado. 
Pelos documentos do período, verificamos que os próprios ouvidores e 
capitães-gerais foram os urbanistas, arquitetos e mestres de obra, e o 
povo, na ausência dos oficiais mecânicos especializados, os construto-
res. Coube a eles a organização espacial dos núcleos urbanos progra-
mados e a expansão da rede urbana; os núcleos planejados desta épo-
ca não foram produto de uma ordem social, mas consequência de uma 
ordem econômica e de uma política colonizadora e urbanizadora (FLE-
XOR, 1988:100). 
As experiências de vilas fundadas na mesma época mostram que estas 
nasciam a partir de uma praça central, contendo pelourinho, matriz e 
casa de câmara e cadeia, como foi o caso de São Luiz do Paraitinga. 
As construções particulares foram acrescidas a partir da praça central, 
num traçado regular. Esse traçado fazia parte do projeto português pa-
ra todas as vilas do território brasileiro. A irregularidade dos riscos das 
ruas era contrária ao conceito de ordem da nova política do governo. 
Até mesmo algumas das povoações fundadas nos séculos XVI e XVII 
foram retraçadas conforme esta nova ordenação. 
Cada povoação criada por Morgado de Mateus deveria possuir no mí-
nimo 50 vizinhos. Àqueles que se dispunham povoar uma região pro-
metia-se premiações. Aos povoadores escolhidos e aprovados pelo 
Morgado de Mateus foram enviadas ordens e a planta para saberem 
como as construções deveriam ser feitas. 
O governo de São Paulo na época elaborou documentos contendo ins-
truções para cada povoado. Estes determinavam o arruamento, o ta-
manho dos quintais, o recuo da rua, altura, largura e comprimento das 
casas que seriam construídas, além de estabelecerem o número dos 
cômodos, de vãos e sua disposição (FLEXOR, 1988:101). Por esses 
mesmos documentos é possível notar que os portugueses pretendiam 
modificar o modelo de casas coletivas típicos da maioria das aldeias 
jesuíticas e criar edificações unifamiliares. 
A política urbanizadora de São Luiz do Paraitinga, como de outras vilas 
formadas na mesma época, relacionava-se à estrutura familiar, povoa-
mento, loteamento e solidariedade comunitária. 
O povoamento deveria ser concentrado, com aglomeração seriada de 
casas, sem interposição de espaços cultivados, como se existia até en-
tão. As casas seguiam uma linha construtiva, eram adjacentes lateral-
mente, ficando os quintais ao fundo, muitas vezes escondidos da rua. 
Nessas novas vilas o que predominou foi a uniformidade teórica na 
organização do espaço, em nome da “boa perspectiva”, sem que os 
edifícios estabelecessem diferenciação social. Com o transcorrer do 
tempo, o que se fez ressaltar foi a diferença econômica e não especifi-
camente a social. Alguns tinham conseguido seguir o determinado, fa-
zendo suas casas de tijolos e cobertas de telhas, que ombreavam-se 
com aquelas cujos donos não tinham tido possibilidades econômicas 
de cobri-las com material mais nobre, continuando a usar a palha 
(FLEXOR, 1988:98). 
 
 
 
7 
 
Investigação histórica 
2.1.3. A EXPANSÃO URBANA 
Após a escolha sítio do núcleo do povoado em 1769, a primeira medi-
da tomada por Manuel Antônio de Carvalho, nomeado pelo governa-
dor como o fundador do povoado, foi erguer uma igreja, a de Nossa 
Senhora dos Prazeres (letra “B” do mapa da fig. 4), no local onde se 
encontra a atual igreja matriz, na Praça Dr. Oswaldo Cruz. 
No terreno da praça, projetada para os edifícios públicos – igreja e 
casa de câmara e cadeia – assentou-se em 1773 o pelourinho, em-
blema de autoridade e governo, e que servia também de forca, conju-
gando no mesmo espaço urbano as autoridadeslaica e religiosa. Tam-
bém se fazia na praça a quitanda de gêneros alimentícios. 
Os edifícios particulares foram sendo construídos a partir dessa praça. 
A vila de São Luiz do Paraitinga apresentava em 1773 cinquenta e duas 
casas e outras em construção; no ano seguinte o resultado do censo 
revelou que a vila possuía uma população de oitocentas pessoas que 
se dedicavam exclusivamente à agricultura de subsistência plantando 
milho, feijão, arroz, fumo, mandioca, entre outros produtos. Já pos-
suindo os elementos necessários, São Luiz do Paraitinga passou a ser 
considerada vila a partir deste ano. 
Em 1774, quando certo desenvolvimento e aumento populacional já 
eram vistos, decidiu-se pela demolição do primeiro templo da praça e 
iniciou-se a construção de outro com maior dimensão no mesmo local. 
Também teria sido por essa época que foi instituído como padroeiro 
São Luiz, bispo de Toulouse, e instalada a paróquia de São Luiz do Pa-
raitinga a 26 de junho de 1774 (SOUZA, 2003:6). 
Nessa ocasião, como consta nos livros da Câmara do município, al-
gumas obras de melhoria foram feitas para receber a nova matriz: o 
aplainamento do terreno em uma cota maior do que a da praça para 
comportar um adro maior, e aterros na praça para evitar o acúmulo de 
águas provenientes do rio Paraitinga. 
 
 
Fig. 4. Mapa de expansão urbana entre 1779-1800. Desenho sobre base da Superin-
tendência do IPHAN em São Paulo 
As obras de construção do novo templo, no entanto, não tiveram pros-
seguimento. A igreja que estava sendo construída em taipa de pilão e 
cobertura de palha acabou por ser demolida. Em 1830 foi apresentado 
 
 
 
8 
 
Investigação histórica 
um novo projeto, no qual a planta do prédio seria rotacionada em 90 
graus, deixando livre um espaço entre a igreja e o pelourinho (ver “le-
tra” B no mapa da fig. 5). 
Nos seus primeiros trinta anos de existência São Luiz do Paraitinga foi 
um povoado acanhado, com uma agricultura de “roça”, parte comer-
cial, parte para consumo. Sua localização intermediária no circuito ex-
portação-importação, adicionado à sua topografia bastante acidentada 
decidiram sua vocação pela economia policultura de mantimentos, 
com predomínio do milho e feijão e, durante o primeiro século, tam-
bém o criadouro suíno, o cultivo de fumo e a produção de aguardente. 
No início do século XIX São Luiz do Paraitinga caracterizava-se por uma 
vila cuja maioria da população não tinha nenhuma posse, com poucos 
proprietários de escravos, que predominava na zona rural, desenvol-
vendo uma cultura de subsistência, mantendo raros vínculos comerciais 
com regiões próximas. A exploração de policultura não permitiu que 
suas terras fossem invadidas por canaviais, não tendo ocorrido na ci-
dade a substituição da cana‐de‐açúcar pelo café como ocorreu em ou-
tras regiões. Desse modo, o café entrou aos poucos na cidade, tendo 
tido uma produção pouco significativa em relação às de outras regiões 
do Vale, como Pindamonhangaba, Taubaté e Guaratinguetá. 
O município teve sua primeira fase de expansão entre 1790-1840. A 
economia local foi beneficiada pela localização estratégica da cidade, 
situada no caminho do porto de Ubatuba, que funcionou a partir da 
primeira década do século XIX, reaberto para exportações da capitania, 
em decorrência da transferência da Corte Portuguesa para o Rio de 
Janeiro e em razão da abertura de todos os portos do Brasil ao comér-
cio, o que estimulou a produção de gêneros alimentícios e aumentou o 
volume de carga em direção aos portos (TRINDADE, 2010, 53). 
 
 
 
Fig. 5. Mapa de expansão urbana entre 1800-1850. Desenho sobre base da Superin-
tendência do IPHAN em São Paulo 
O crescimento econômico decorrente da expansão da produção agrí-
cola e os investimentos econômicos feitos por parte dos vários fazendei-
ros locais propiciou o aumento da demanda por mão-de-obra escrava 
e o incremento da vila com novas edificações. 
 
 
 
9 
 
Investigação histórica 
 
Fig. 6. São Luiz do Paraitinga por volta de 1850. Mapa sem escala, fonte: Museu Histó-
rico de S. Luiz do Paraitinga. Apresenta a praça já com sua estrutura e localização atu-
ais, com as pontes de acesso nos mesmos pontos. Fonte: arquivo pessoal do autor. 
 
Fig. 7. Vista da cidade de São Luiz do Paraitinga, por volta de 1884, tendo no centro a 
Igreja Matriz de São Luiz de Tolosa. Foto arquivo PMSLP 
 
 
Fig. 8. Casario com fachadas em orientação leste, com destaque para o sobrado nº 
82, à esquerda, o mais antigo da Praça Oswaldo Cruz. Foto arquivo PMSLP 
 
 
 
10 
 
Investigação histórica 
Por volta do ano de 1820 foram construídas casas na recém-aberta 
Rua do Carvalho, adjacente à Praça Oswaldo Cruz e também o sobra-
do nº 82 na praça, cuja volumetria e estilo remetem a antigas posturas 
da vila (TRINDADE, 2010:68). 
Conforme relata o arquiteto Luís Saia, na década de 1840 “a estrutura 
urbana de São Luís já estaria inteiramente moldada, com ruas e logra-
douros perfeitamente definidos, bem assim os diferentes setores da ci-
dade já caracterizados na sua função citadina. Pouca coisa do que 
aconteceu dessa época em diante foi capaz de introduzir modificação 
sensível” (SAIA, 1977: 24). O projeto da “cidade iluminista” de Morga-
do de Mateus consolidou-se, portanto, próximo à década de 1840. A 
documentação da época indica que havia o empenho em manter a 
uniformidade e o alinhamento das fachadas, buscando uma elegância 
estética, simetria e regularidade, postas desde o início do povoado e 
que ainda se vê na configuração do cenário urbano atual. 
A fase entre 1850 e 1890 é a de maior riqueza para o município devi-
do ao aumento da produção comercial de cereais e aos lucros prove-
nientes da cultura do café e algodão. A sua localização geográfica no 
planalto, entre o porto exportador de Ubatuba e as cidades cafeeiras 
do Vale do Paraíba paulista também favoreceu o seu crescimento. Em 
1857 a vila foi elevada a cidade. 
A época entre 1850 e 1870 foi considerada de ”embelezamento” da 
cidade, quando a maioria dos sobrados e casas térreas de morada e 
meia
1
 foram erguidas numa linguagem neoclássica, como expressão de 
uma sociedade ascendente economicamente. 
 
 
Fig. 9. Rua do Carvalho, aberta no início do século XIX. Em primeiro plano, casa de 
esquina com a Praça Oswaldo Cruz. Foto de 1906, arquivo Cinira Santos 
O centro urbano de São Luiz do Paraitinga foi se transformando e a 
cidade assumiu a conformação que perdura até hoje. Além dos sobra-
dos ornamentados, foram construídas novas edificações oficiais, a 
exemplo da Casa de Câmara e Cadeia e a nova Matriz. 
 
1
Casa térrea, de frente de rua, cuja fachada tem uma porta lateral e duas janelas. 
Composta de sala, quarto, varanda e cozinha com distribuição típica. A sala e o quarto 
estão alinhados e ligados lateralmente à varanda por corredor. A varanda une-se à 
cozinha por um correr. Adequava-se aos antigos lotes urbanos estreitos. O corredor 
situava-se sempre em uma das divisas laterais. Se duplicada, tendo o corredor como 
elemento central, caracteriza a morada-inteira. Diferencia-se da tradicional casa de 
porta e janela, ou simplesmente porta-e-janela, basicamente pela presença do corre-
dor, que vem trazer outras modificações. Fonte: www.arkitekturbo.arq.br/dicionario_por
 
 
 
 
11 
 
Investigação histórica 
 
Fig. 10. Mapa de expansão urbana entre 1850-1890. Desenho sobre base da Superin-
tendência do IPHAN em São Paulo 
A malha urbana se expandiu para sul, ocupando os terrenos de várzea, 
e na direção do morro do Cruzeiro. Os lotes urbanos passaram a ser 
disputados em função de sua localização. Por volta do ano de 1853 a 
rua Cel. Domingues de Castro foi estendida e uma rua paralela a ela, 
a atual rua Cel. Manuel Bento, foi aberta, onde foi construído o mer-
cado municipal. Na direção do morro foram abertas duas ladeiras, a 
da Florestae a do Cruzeiro. 
Segundo o censo de 1872, existiam na época sete ruas, 355 casas e 
1.156 pessoas na cidade, que recebeu em 1873 o título honorífico de 
“imperial Cidade” por Decreto Imperial, como haviam recebido anteri-
ormente as cidades de Ouro Preto, Belém, Vassouras e Niterói. 
As técnicas construtivas da taipa de pilão e taipa de mão, dominantes 
desse período foram pouco a pouco sendo abandonadas e as novas 
construções começaram a dar preferência para a alvenaria de tijolo. 
 
 
Fig. 11. Rua Domingues de Castro, início do século XIX, com o casario que ainda hoje 
pode ser visto nas ruas de São Luiz. Fonte: IPHAN, 2010, p. 121. 
Nessa época foram realizadas também obras de infraestrutura urbana, 
como calçadas, guias, sarjetas, pavimentação de ruas com pedras e 
obras de prevenção a enchentes, como o alargamento do rio, conten-
ção de encostas e drenagem das águas. Em 1897 foi construída uma 
nova ponte, adjacente à praça Dr. Oswaldo Cruz, que veio a se tornar 
a principal entrada da cidade, dando acesso diretamente à Praça da 
Matriz. 
 
 
 
12 
 
Investigação histórica 
 
Fig. 12. Conjunto de casas à Rua Barão de Paraitinga, muitas delas construídas por 
volta da década de 1830. Fotos arquivo PMSLP 
 
Fig. 13. Casarões na Praça Dr. Oswaldo Cruz, 1932. Fonte: IPHAN, 2010, p. 112. 
 
Fig. 14. Casarões neoclássicos da Praça Oswaldo Cruz. Foto arquivo Cinira Santos
 
13 Investigação histórica 
 
Fig. 15. Praça Matriz, 1906 ao fundo ponte sobre o Rio Paraitinga. Foto arquivo PMSLP 
A construção da igreja de São Luiz de Tolosa se estendeu por várias 
décadas. Um dos motivos foram as disputas sobre as doações de áreas 
ao redor da igreja. Foi somente em 1881 que a torre da igreja foi fina-
lizada e solenemente inaugurada (ver Fig. 7). 
Em 1894 a igreja matriz passou por sua primeira reforma, quando a 
segunda torre foi construída. Nesta fase, a igreja, até então em estilo 
neoclássico, com o característico frontão e óculo central, recebeu nova 
fachada, típico de um ecletismo neobarroco, conservando as mesmas 
proporções anteriores. Na reforma as paredes externas foram enrique-
cidas com colunatas e cimalhas e o frontão adquiriu nova forma. 
 
Fig. 16. Primeira grande reforma da igreja, que teve a fachada alterada, em 1892.Foto 
arquivo PMSLP 
 
 
Fig. 17. Igreja Matriz de São Luiz de Tolosa após a primeira reforma. Foto PMSLP 
 
 
 
14 
 
Investigação histórica 
Na primeira metade do século XX a estrutura urbana já se encontrava 
estabelecida com suas ruas e logradouros perfeitamente definidos e os 
setores da cidade caracterizados em suas funções. 
 
 
Fig. 18. Vista da cidade, tendo em primeiro plano o Mercado Municipal e o rio Parai-
tinga, por volta de 1900. Foto: arquivo Vicente Toledo. 
A partir de 1918 começou um declínio econômico no município. A in-
tegração dentro do sistema econômico do Vale do Paraíba, como ca-
minho obrigatório e produtor de gêneros básicos, garantiu apenas cer-
to período de estabilidade à cidade. A lavoura cafeeira no início do 
século XX se deslocou para o interior e oeste paulista, ocasionando a 
decadência dos portos do litoral norte, principalmente o de Ubatuba, e 
ganhou em importância econômica o porto de Santos, mais ao sul do 
Estado. 
A abertura da ferrovia Vale Acima (E.F.D. Pedro II) resultou no imobilis-
mo econômico de São Luiz do Paraitinga, por sua ligação marginal às 
novas vias de escoamento do Vale e a impossibilidade de construção 
de ramais de ligação por linha férrea devido à sua topografia aciden-
tada. 
Além disso, é importante salientar, também, ter havido o esgotamento 
do solo e a destruição da vegetação natural ocasionada no período de 
intensa atividade agrícola. 
São Luiz do Paraitinga começou a sentir as consequências do desenvol-
vimento e transformação por que passava o Brasil e, em especial, o 
Vale do Paraíba, o que acarretou para a cidade a sua estagnação, uma 
vez que passou a estar isolada do grande eixo de comunicação que se 
formou entre as duas principais cidades do país, São Paulo e Rio de 
Janeiro. A via férrea, ao se tornar a principal artéria de comunicação 
entre os centros produtores, condenou ao isolamento as cidades que 
não pertenciam a esse eixo, fato que se deu também com as cidades 
do fundo do Vale, Bananal, Areias e São José do Barreiro. 
Assim, a cidade ficou reduzida novamente às relações locais de subsis-
tência, uma vez cortada sua principal função econômica e fator de 
crescimento. 
Em 1945 foi estimado um número de 1.164 habitantes na zona urbana 
e suburbana, praticamente o mesmo número do ano de 1872. 
 
15 Investigação histórica 
 
Fig. 19. Mapa de expansão urbana entre a partir do final do século XX. Desenho sobre base da Superintendência do IPHAN em São Paulo
 
16 Investigação histórica 
O afastamento de São Luiz do Paraitinga do cenário de atuação no 
quadro econômico tornou‐se ainda mais agravado com a nova fase de 
industrialização que substituiu o café, que trouxe ainda para o Vale, 
outra via de comunicação, a Rodovia Pres. Dutra, inaugurada em 
1951. A situação de cidade marginal, no entanto, não se revestiu de 
somente aspectos negativos. A estagnação econômica da cidade per-
mitiu que as tradições culturais implantadas em São Luiz do Paraitinga 
continuassem vivas, em estado latente, como um meio de dar à popu-
lação apartada do cenário econômico, a manutenção de sua identida-
de. A história e as tradições da cidade se apresentam hoje como as 
grandes riquezas que esta possui. 
A expansão urbana voltou a ocorrer somente na década de 1980. Isso 
fez com que a maior parte da cidade se conservasse até essa época 
dentro dos limites do sítio escolhido para a sua implantação. 
 
2.2. O PATRIMÔNIO CULTURAL DE SÃO LUIZ DO PARAI-
TINGA 
2.2.1. PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO E AMBIENTAL 
 Conjunto arquitetônico histórico da cidade 
 
Figs. 20. 21 e 22. Casario da cidade. 2002. Fonte: Internet 
São Luiz do Paraitinga conserva sua história com a preservação do seu 
patrimônio arquitetônico tombado pelo CONDEPHAAT e pelo IPHAN 
como o maior do Estado de São Paulo com cerca de 400 imóveis rela-
cionados. Entre estes estão 90 casas térreas e sobrados, representativos 
dos séculos XVIII e XIX, retrato da fase áurea do cultivo do café na eco-
nomia paulista. 
 Arquitetura rural 
 
Figs. 23, 24 e 25. Antigas fazendas cafeeiras da região. Fonte: Internet 
As fazendas antigas do município correspondem ao século XVIII e XIX, 
com características da arquitetura colonial, cuja representatividade é do 
período áureo do café, iniciado na década de 30 do século XIX. 
 Rios Paraitinga e Paraibuna 
 
Figs. 26, 27 e 28. Corredeira e cachoeira no Rio Paraibuna e Rio Paraitinga junto à 
cidade. 2002. Fonte: Internet 
São Luiz do Paraitinga está cercada pela maior porção de Mata Atlânti-
ca ainda preservada no Brasil: o Parque Estadual da Serra do Mar, cri-
 
 
 
17 
 
Investigação histórica 
ado em 1977 para preservar 315 mil hectares do rico mas quase extin-
to ecossistema original. A 30 quilômetros da cidade, com entrada no 
km 78 da SP-125, fica o Núcleo Santa Virgínia, um dos pontos de en-
trada do Parque. 
O Núcleo Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar é contro-
lado pela Secretaria do Meio Ambiente. Está localizado no Alto da Ser-
ra do Mar, a 1.200 metros de altitude. Foi criado em 1977 e constitui 
uma Unidade de Conservação que tem como meta principal a pesquisa 
e o desenvolvimento de trabalhos científicos e a preservação de áreas 
remanescentes da Mata Atlântica. A região é bastante acidentada e rica 
em recursos hídricos, cheia de cachoeiras, quedas d‟água e riachos 
cristalinos. São quase 5 mil hectares de vegetação nativa, caracterizada 
pela exuberância de suas árvores, como o cedro e o jequitibá branco, 
além da riqueza em samambaias, bromélias e orquídeas raras. 
2.2.2. FOLCLORE E TRADIÇÕES POPULARES 
 
 
Figs. 29 e 30. Aspectosdas festas religiosas e folclóricas da cidade. 2002. Fonte: Inter-
net 
 
Figs. 31 e 32. Aspectos das festas religiosas e folclóricas da cidade. 2002. Fonte: Inter-
net 
São Luiz do Paraitinga concentra e preserva uma grande gama de ma-
nifestações culturais. A cidade conserva as tradições populares através 
das festas “religiosas-profanas”, mas a responsabilidade por manter 
viva esta cultura advém de sua população, sempre ativa e criativa. Vá-
rias modalidades de artes e atividades culturais estão presentes no ce-
nário cultural da cidade. 
 Festas Religiosas 
Festa de São Sebastião - Comemorada no dia 20 de janeiro, com ce-
lebração de Tríduo de Orações e Missa Solene, é marcada por mastro 
e bandeira, com seu hasteamento em frente a Igreja do Rosário. O seu 
andor é sempre conduzido por militares, devido ao fato de São Sebas-
tião ter sido soldado romano. 
Semana Santa - A cerimônia da Semana Santa em São Luiz do Paraitin-
ga se parece muito com a da península Ibérica. Mesmo depois das re-
formas conciliares, muitas tradições permanecem. Como por exemplo, 
a Quaresma, as Vias-Sacras, os cânticos e os rituais na igreja e nas 
 
 
 
18 
 
Investigação histórica 
ruas. A Semana Santa começa na sexta-feira anterior, com as cerimô-
nias de Nossa Senhora das Dores (que constam do calendário Litúrgi-
co). No sábado é realizada a procissão do Depósito, onde a imagem 
do Senhor dos Passos é levada pelas ruas dentro de um quadrilátero de 
cor roxa, representando uma sela de prisão. No dia seguinte é feita a 
Procissão do Encontro, com imagens centenárias. Os cânticos são em 
latim. Sábado de Aleluia sempre tem a Malhação de Judas e a leitura 
de seu testamento. No Domingo da Páscoa a principal cerimônia, para 
o povo, é a coroação de Nossa Senhora, por dezenas de crianças ves-
tidas de anjos. A festa só termina na Segunda feira, dedicada a São 
Benedito, o Santo Preto. 
Festa do Divino Espírito Santo - A Festa do Divino de São Luiz do Parai-
tinga é uma festa secular que tem sua origem no município, nos pri-
mórdios do século XIX. Trazida pelos portugueses ela tem uma relação 
estreita com os solstícios, consequentemente com o ciclo agrícola. A 
festa carrega em seu cerne uma grandiosa Procissão: A Folia do Divino, 
onde esmola-se o ano todo, pois como é tradição, quando termina 
uma festa se inicia outra. Os festeiros, escolhidos através de sorteio, 
iniciam a festa dando para o povo o afogado - "comida típica", distri-
buído durante a festa por oito dias. A Folia do divino Espírito Santo é 
um precatório, formado por quatro pessoas que cantam, utilizando ins-
trumentos musicais para acompanhamento. O mestre e o contramestre 
tocam violas; depois vem o contralto (caixa de percussão). Na festa 
também se apresentam a cavalhada, teatro equestre da Idade Média, 
representando a luta entre Cristãos e Mouros, encerrando-se com a 
conversão dos infiéis à religião cristã, Congada, Moçambique, Jongo, 
Dança do Sabão, Dança de Fitas, etc. Ela ainda conta com a presença 
dos gigantes festivos João Paulino e Maria Angu e se encerra em esta-
do apoteótico: "repiques de sinos e estrondos de chipopós, metamorfo-
seando a noite em dia". 
 
 
Fig. 33. Preparo do “Afogado”. Foto Luciano Cocca. 2001 
 Festas Profanas 
Festival de marchinhas carnavalescas - O Festival de marchinhas carna-
valescas, dentro de uma concepção de resgate da cultura musical da 
cidade, vem valorizando as marchinhas que são a base do carnaval 
luizense. Tem toda uma linguagem própria, desenvolvendo uma musi-
calidade original, valorizando de sobremaneira os músicos locais, o 
que não inibe outros compositores regionais de participar. As músicas 
são expostas em dois fins de semana, ou seja em duas eliminatórias e 
 
 
 
19 
 
Investigação histórica 
uma final, com a participação de mais de 3.000 pessoas na Praça Dr. 
Oswaldo Cruz. 
Carnaval - O Carnaval de São Luiz do Paraitinga tem se transformado, 
nos últimos 10 anos, um dos carnavais mais originais do Estado de São 
Paulo. Seu embasamento é estruturado na cultura do povo luizense, 
onde mitos, lendas e tradições populares, são materializadas em bone-
cos gigantes, que são construídos com balaios de taquara poça (corpo) 
papel machê. 
 Festas Folclóricas 
 Dança do Sabão; 
 Cavalhada; 
 Jongo; 
 Dança do Caranguejo; 
 Balaio; 
 Moçambique; 
 Congada; 
 Caiapó; 
 Quadrilha; 
 Dança da Catira; 
 Dança das Fitas 
 Artesanato e Artistas 
 Taquara: cestaria, peneira, balaios, bonecos; 
 Madeira: figuras e objetos decorativas, utensílios domésticos, brinquedos; 
 Barro: artigos para presépios, objetos e figuras decorativas; 
 Cerâmica: peças decorativas; 
 Tecidos: bonecos, colcha retalhos, bordados, quadros, roupas religiosas; 
 Papel machê: máscaras, bonecos, objetos decorativos; 
 Pintura: tela, telha, pedra, tecido, vidros, plástico; 
 Taboa: redes, tapetes; 
 Papel: cartuchos para doces e salgados, enfeites. 
 Grupos Folclóricos 
 Cavalhada; 
 Cia Nova Congada do Alto do Cruzeiro ; 
 Cia Moçambique Mirim do Alto do Cruzeiro; 
 Grupo do Jongueiro Mestre Joviano; 
 Dança de Fitas; 
 Folia de Reis de São Luís do Paraitinga; 
 Folia de Reis do Bairro da Cachoeirinha; 
 Folia de Reis do Edu Caroço; 
 Folia de Reis do Reizeeiro; 
 Folia de Reis do Bairro Santa Cruz; 
 Cia Moçambique São Benedito 
 Tradições Culturais Locais / Regionais 
A música é um capítulo a parte na vida social de São Luís do Paraitin-
ga. Está impregnada na alma da sua população, incorporando ele-
mentos do passado, reciclando-os nas "Marchinhas", tipicamente lui-
zenses. Pode-se destacar os seguintes grupos: 
 Esquadrilha da Fumaça; 
 Banda Municipal; 
 FAMIG (Fanfarra Monsenhor Ignácio Gióia); 
 Grupos Religiosos em geral. 
 Grupo Paranga 
Na parte das festividades musicais, os Festivais de Marchinhas: Carna-
valescas e Juninas possuem grande repercussão no cenário artístico do 
Vale do Paraíba, atraindo compositores, músicos e pessoas em geral 
para a cidade. 
Dentro desta grande diversidade cultural e artística de São Luiz do Pa-
raitinga, verificamos a presença de brincadeiras e lendas na cultura 
popular dos luizenses: 
 Brincadeiras 
 João Paulino e Maria Angu (bonecos gigantes que correm atrás das crianças 
 "Puxa" Corda. 
 
 
 
20 
 
Investigação histórica 
 Pau de Sebo; 
 Vaca Louca; 
 Dança da Cadeira; 
 Leitoa Ensebada 
 Lendas 
 Saci; 
 Corpo seco. 
2.3. O TOMBAMENTO DO CENTRO HISTÓRICO 
Em 1977, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológi-
co, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, CONDEPHAAT, reali-
zou um trabalho de reconhecimento do centro histórico da cidade para 
proceder a um processo de tombamento do conjunto urbano. Neste 
trabalho foram identificados, através de fotos e plantas, 23 imóveis do 
centro histórico, não sendo anexado nenhum dado sobre os mesmos, 
apenas se caracterizando como um levantamento ilustrativo do poten-
cial do acervo arquitetônico da cidade. 
Em 1981, este mesmo órgão procedeu a um levantamento sistemático 
dos bens culturais do Estado de São Paulo, que tinha por objetivo pro-
curar conhecer o atual acervo cultural existente das cidades paulistas, a 
fim de que se pudesse programar um inventário mais amplo e promo-
ver a sua defesa. 
Por esta época, este órgão havia criado um programa de Cidades His-
tóricas, que propunha a implantação de um Plano de Preservação e 
Desenvolvimento visando os seguintes objetivos: 
Preservar, salvaguardar e revitalizar o conjunto de edificações de valor 
histórico existentes na cidade, mediante sua adequada incorporação e 
integração de atividades decorrentes de uma utilização contemporâ-
nea; 
Promover o desenvolvimento do município através de uma utilização 
efetiva dos recursos naturais e culturais existentes. Os eventos culturais 
e as riquezas regionais de São Luiz do Paraitinga poderão ser capitali-zados em função da dinamização da atividade turística, como vocação 
natural; 
Procurar criar condições reais e necessárias ao fortalecimento dos vín-
culos da população à cidade - tendo em vista, inclusive, a ativação do 
turismo - alcançando-se formas de fixidez desejadas com reflexos posi-
tivos nas múltiplas atividades desenvolvidas no município. 
Este levantamento realizou o que tinha sido estabelecido como primeira 
etapa, chamada de exploratória, onde a preocupação era apenas com 
o acervo arquitetônico mais antigo. Deste modo, foram objeto de estu-
do nesta primeira fase somente as cidades fundadas até meados do 
século XIX na então província de São Paulo, e entre estas, São Luiz do 
Paraitinga. Segundo Gustavo Rocha, um dos objetivos deste levanta-
mento eram suas intenções promocionais, "porque o levantamento des-
te acervo poderá induzir e mesmo facilitar pesquisas mais profundas, 
tanto pelo CONDEPHAAT quanto pelas comunidades locais. O exame 
deste levantamento, por outro lado, permitirá estabelecer a prioridade 
para o inventário detalhado do bem cultural e sua eventual indicação 
para tombamento"(1981:7). Este levantamento sistemático constou de 
um registro das características básicas de cada edifício, através da sim-
ples leitura das fachadas, e da tomada de fotografias isoladas de cada 
 
 
 
21 
 
Investigação histórica 
edifício ou em grupos de até três, com filme a cores, formato 
24x26mm, cujas ampliações foram a seguir identificadas para exame 
crítico posterior. 
Em 1982 o CONDEPHAAT desenvolveu um trabalho para o município, 
intitulado São Luiz do Paraitinga, revitalização do Centro Histórico, com 
levantamentos e várias propostas de intervenção e preservação, utili-
zando a mesma classificação da tipologia construtiva do conjunto ar-
quitetônico do levantamento realizado no ano anterior. Este trabalho 
localiza os imóveis na malha urbana, classificando-os em uma listagem 
segundo a rua ou praça, o número do imóvel, a época de sua constru-
ção, o grau de proteção das edificações, a tipologia, o padrão constru-
tivo, estado de conservação, uso do solo, n° de pavimentos e a posse. 
Após esta listagem, foram elaborados mapas com a identificação dos 
imóveis para: 1. Cronologia dos edifícios; 2. Uso do solo; 3. Padrão 
construtivo; 4. Estado de Conservação; 5. Número de pavimentos; 6. 
Regime de posse dos imóveis; 7. Grau de proteção; 8. Tipologia das 
edificações; 9. Delimitação do centro histórico. 
Adotou-se uma divisão do centro histórico de São Luiz do Paraitinga em 
2 categorias distintas. São essas: 
Centro histórico I - Caracteriza-se pela presença de grandes sobrados, 
predominantemente do século XIX, quase todos construídos no alinha-
mento das ruas com influências claras da Corte e da arquitetura urbana 
de Minas Gerais. A estrutura urbana desta área já era definida na dé-
cada de 40 do século XIX, em função do racionalismo urbano instituído 
por Luís Antônio, o Morgado de Mateus. 
Centro histórico II- Caracterizado por construções de menor porte e de 
alguns edifícios isolados. Constituído por casas populares, de um ou 
dois pavimentos, com maior simplicidade no partido arquitetônico, na 
organização dos espaços e nas técnicas construtivas. Quanto à estrutu-
ra urbana, já não apresenta o mesmo rigor das ruas perpendiculares, 
resultantes do denominado racionalismo hipodâmico do Morgado de 
Mateus, posto que algumas modificações foram introduzidas pelos po-
voadores da cidade, condicionadas às peculiaridades da topografia. 
 
Fig. 34. Centro histórico de São Luiz. Fonte: Vierno, 2002, 15 
 
 
 
22 
 
Investigação histórica 
Este trabalho apresenta por último, algumas orientações e recomenda-
ções gerais de como se proceder em casos de intervenção, de acordo 
com os graus de proteção estabelecidos na listagem e mapa (são cinco 
graus, classificados como GP-1, GP-1A, GP-2, GP-3 e GP-4). 
 GP-1: Com grau de proteção 1, figuram as construções antigas 
(anteriores ao século XX) que permanecem inalteradas, necessitan-
do apenas de conservação e aquelas que sofreram reduzidas modi-
ficações, podendo ser restauradas por métodos científicos passíveis 
de aplicação no caso, porquanto tais mudanças são identificáveis. 
As edificações enquadradas nesta categoria devem ser conservadas 
integralmente, recomendando-se que sejam mantidas as funções 
originais ou análogas. Outra determinação poderá ser adotada 
desde que seja mantida a integridade da estrutura e os principais 
espaços internos. 
 GP-1A: Com grau de proteção 1A, figuram as edificações antigas 
(anteriores ao século XX) sujeitas a modificações mais acentuadas 
em relação àquelas cujos imóveis receberam o grau de proteção 1, 
em razão das adaptações sucessivas decorrentes das novas funções 
urbanas. Igualmente, tornam-se susceptíveis de restauração por 
métodos científicos porque identificáveis. Os edifícios enquadrados 
nessa categoria devem ser conservados, após sua restauração, ao 
se permitindo, porém, nenhuma outra intervenção capaz de au-
mentar a descaracterização do conjunto. 
 GP-2: Com o grau de proteção 2, figuram as edificações antigas 
(anteriores ao século XX), descaracterizadas por intervenções muitas 
vezes impróprias, a ponto de não se tornar possível identificar, nu-
ma análise sumária, seus elementos primitivos. Nesse caso, reco-
menda-se a manutenção da parte não descaracterizada dos imó-
veis, podendo o restante ser reformado de acordo com a legislação 
de tombamento do respectivo Centro Histórico. Nos casos em que 
se aplica o GP-2, somente os elementos externos (fachadas e co-
berturas) justificam, em geral, a proteção. Eventualmente, algum 
componente interno, como circulação, pátio, saguão, forro, pavi-
mentação, em razão de seu valor arquitetônico, deve ser objeto de 
proteção. 
 GP-3: Com o grau 3, figuram as edificações novas que, embora 
unitariamente sejam desprovidas de características que justifiquem 
sua preservação, desempenham função importante na percepção 
visual do conjunto, ou seja, da ambiência do Centro Histórico. Es-
ses imóveis poderão ser reformados, obedecida a legislação de 
tombamento do Centro Histórico I e II que preconiza a manutenção 
do equilíbrio urbano, evitando-se, contudo, soluções que condu-
zam a imitações do antigo. 
 GP-4: Com o grau 4, figuram as edificações que, embora novas, 
por suas características comprometem o equilíbrio do conjunto, 
Nestes casos, recomenda-se que qualquer intervenção se oriente no 
sentido de recuperar o imóvel para o conjunto, visando a elimina-
ção das partes destoantes, evitando-se soluções que imitam o anti-
go. 
Finalmente, em maio de 1982, todo o conjunto urbano de São Luiz do 
Paraitinga foi tombado pelo CONDEPHAAT, pelo Processo n° 
22.066/82, na Resolução n° 55 de 13 de Maio de 1982, quando todo 
 
 
 
23 
 
Investigação histórica 
o Centro Histórico de São Luiz do Paraitinga foi considerado de "inte-
resse maior por possuir valores de ordem histórica, arquitetônica e ur-
banística que o situam de modo relevante no Patrimônio Cultural do 
Estado de São Paulo" (Condephaat,1:82). São cerca de 400 imóveis 
relacionados em seu conjunto, formando o maior núcleo urbano tom-
bado do Estado de São Paulo, sendo que na área de maior interesse 
histórico existem ao todo, 171 edificações. 
Em 2009, o IPHAN deu início a um processo de tombamento de todo o 
conjunto arquitetônico da cidade, com a elaboração de um minucioso 
levantamento e inventário dos imóveis do centro histórico. Este levan-
tamento foi concluído nos últimos meses de 2009, entregue ao IPHAN, 
que daria continuidade ao tombamento. 
Mas o inesperado aconteceu. No começo do ano de 2010, uma forte 
chuva que atingiu o Vale do Paraíba causou imensos danos na cidade 
de São Luiz do Paraitinga, que ficou totalmente alagada. Todo o centro 
histórico, que abriga prédios centenários foi inundado e os prédios da-
nificados, entreeles a igreja matriz São Luiz de Tolosa. São Luiz do Pa-
raitinga teve 80% do seu centro histórico abalado. Dezenas de casa-
rões centenários foram totalmente arrasados e outros, que se mantive-
ram em pé, tiveram todo seu interior em ruínas. 
No dia 27 de março de 2010, o IPHAN tombou em caráter provisório 
cerca de 400 imóveis do conjunto histórico de São Luiz do Paraitinga, 
dando continuidade ao processo iniciado em 2009. Mesmo com gran-
de parte das edificações da cidade arrasadas, o IPHAN decidiu dar 
continuidade ao processo, tombando o conjunto arquitetônico como 
estava antes da catástrofe. 
 
Fig. 35. Sítio urbano tombado pelo IPHAN. Fonte: SR IPHAN-SP 
 
24 Investigação histórica 
 
Fig. 36. Mapa cartográfico mostrando o centro histórico de São Luiz do Paraitinga em vermelho e a poligonal da área de preservação visual proposta em laranja. O perímetro desse 
entorno foi estabelecido pelas cotas mais altas destas elevações. Fonte: SR IPHAN-SP, a partir de base do Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC)
 
25 Investigação histórica 
Em dezembro de 2010 o centro histórico foi finalmente elevado a pa-
trimônio arquitetônico federal. 
O tombamento do centro histórico de São Luiz do Paraitinga é baseado 
no valor da sua conformação urbana, na sua peculiar arquitetura e na 
magnífica paisagem que a emoldura. É reconhecido o seu valor em 
razão de: 
1. Apresentar um traçado regular e um conjunto de edificações, orien-
tados pelo plano estabelecido previamente, juntamente com normas de 
uniformização e harmonia das edificações, visando obter a “formosura” 
da cidade, disposições que remontam, portanto, ao “urbanismo da 
Ilustração” e acompanharam o seu desenvolvimento; 
2. Apresentar uma escala e um índice de ocupação que mantêm a ci-
dade ainda fortemente envolvida pela paisagem natural que a contin-
genciou e deu suporte à sua formação e desenvolvimento; a maior par-
te da área urbana está contida pelo Rio Paraitinga e pelo morro que 
contorna a várzea em forma de “dente” escolhida para receber o “pla-
no regular”, bem como pelo mar-de-morros à base dos quais corre o 
rio: essa várzea ribeirinha e o cenário de morros que a envolvem, em 
sua maioria recobertos de vegetação e ainda não ocupados, mostram 
bem a situação estratégica e complexa da rota de transição do planalto 
para o litoral – numa área de topografia elevada e bastante acidentada 
– que motivou a criação da cidade, em meados do século XVIII. 
A área proposta para tombamento pelo IPHAN, que compreende o 
“mar de morros” que envolve São Luiz, delimita uma moldura verde 
que valoriza o conjunto arquitetônico. 
Assim sendo, o tombamento federal não se trata de preservar um con-
junto, uma área ou setor da cidade, mas o sítio urbano tradicional, 
com o seu traçado, seus edifícios públicos, seu casario e a paisagem 
envolvente. 
 
Fig. 37. Vista da cidade de São Luiz do Paraitinga e a paisagem natural que a emoldu-
ra. Foto: Gustavo Moura 2001 
 
26 Investigação histórica 
 
Fig. 38. Poligonais de tombamento. Desenho Fernanda Vierno sobre mapa de São Luiz do Paraitinga retirado do Google Earth
 
27 Investigação histórica 
 
Fig. 39. Vista do ponto definido como Ângulo 1 da poligonal de tombamento. Foto 
Fernanda Vierno. 
 
 
Fig. 40. Vista do ponto definido como Ângulo 2 da poligonal de tombamento. Foto 
Fernanda Vierno. 
 
 
Fig. 41. Vista do ponto definido como Ângulo 3 da poligonal de tombamento. Foto 
Fernanda Vierno. 
 
Fig. 42. Vista do ponto definido como Ângulo 4 da poligonal de tombamento. Foto 
Fernanda Vierno. 
 
 
 
 
Fig. 43. Vista do ponto definido como Ângulo 5 da poligonal de tombamento. Foto 
Fernanda Vierno. 
 
 
 
 
Fig. 44. Vista do ponto definido como Ângulo 6 da poligonal de tombamento. Foto 
Fernanda Vierno. 
 
 
 
28 
 
Investigação histórica 
2.4. ASPECTOS AMBIENTAIS E ECONÔMICOS 
2.4.1. DADOS GEOGRÁFICOS 
A cidade de São Luiz do Paraitinga está localizada na região sudeste do 
Brasil, junto a uma das vias de ligação do Vale do Paraíba com o Lito-
ral Norte do Estado de São Paulo, a SP 125 Rodovia Oswaldo Cruz, 
que liga Taubaté a Ubatuba. Situa-se próxima a cidades como Taubaté, 
São José dos Campos e Pindamonhangaba, estando a 170 km da ca-
pital de São Paulo. 
 
 
Fig. 45. Localização do Município no mapa do Brasil. Fonte: internet 
 
LATITUDE: 23º13'18" sul 
LONGITUDE: 45º18'36" oeste 
ALTITUDE: 741 metros 
FUSO HORÁRIO: UTC-3 
 
Figs. 46 e 47. Localização do Município no mapa de São Paulo. Fonte: internet 
 
 
Fig. 48. Localização do Município no Vale do Paraíba. Desenho Livia Vierno 
 
Proximidade com a capital: 170 km 
Municípios limítrofes: Lagoinha (N), Cunha (NE), Ubatuba (SE), Nativi-
 
 
 
29 
 
Investigação histórica 
dade da Serra (SO), Redenção da Serra (O) e Taubaté (NO). 
População: 10.429 hab. cont. IBGE/2009 
Área do Município: 617,148 km² 
Densidade: 17,5 hab./km² 
Dados: www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br 
 
 
Fig. 49. Mapa topográfico do centro histórico de São Luiz do Paraitinga, limitado por 
um lado pelo rio Paraitinga, e pelo outro por um terreno acidentado. Fonte: Alessandra 
Martins, p. 51 
Os principais condicionantes físicos da ocupação urbana do município 
são o Rio Paraitinga e o relevo acidentado. O Rio Paraitinga atravessa 
e delimita a mancha urbana no sentido leste-oeste, e dada a sua pro-
ximidade tem grande importância na estrutura da cidade, que está im-
plantada em um terraço cuja extensão ao longo do rio, é de pouco 
mais de 1 km, principalmente na margem esquerda, com largura nas 
partes mais consideráveis, de aproximadamente, 200m. 
O terraço em que se situa, na cota de 750m, é cercado de morros que 
chegam a atingir 822m de altura, como o do Cruzeiro. O crescimento 
da cidade foi direcionado em função do traçado do rio e da declivida-
de do morro, ocorrendo estrangulamentos em várias partes da cidade 
onde a topografia é mais acentuada. Devido à escassez de áreas pro-
pícias à ocupação urbana, a mancha da cidade foi se espalhando pe-
los morros, principalmente o do Cruzeiro. Atualmente a mancha urba-
na da cidade está ultrapassando o Rio Paraitinga, com loteamentos re-
centes ocupando a margem direita do Rio Paraitinga, como o Lotea-
mento Verde Perto, que tem agravado o problema das enchentes do rio 
na cidade. 
 
TOPOGRAFIA: Montanhosa, serrana. 
HIDROGRAFIA: Rio Paraitinga, Rio Paraibuna, Rio Paraíba, Rio Claro, 
Ribeirão Prata, Ribeirão Turvo e Ribeirão Chapéu. 
2.4.2. ASPECTOS CLIMÁTICOS 
 Clima: Temperado com inverno seco 
 A temperatura média da região é de 21ºC, com máxima de 27ºC e 
mínima de 12ºC. Os Verões são quentes, com chuvas ao fim do 
 
 
 
30 
 
Investigação histórica 
dia, entre dezembro e março. A época das secas é de Junho a Ou-
tubro - entre o outono e a primavera. 
 Índice pluviométrico: 1.300mm/ano 
 Ventos predominantes: sul e sudeste 
 Umidade relativa do ar: aprox. 80% no verão e 50% no inverno, 
podendo chegar a 20% no período de seca (agosto).
2
 
 
 
Fig. 50. Carta solar para o município de São Luiz do Paraitinga, latitude 23,13 sul 
 Radiação solar nas fachadas do casario da Praça. Dr. 
Oswaldo Cruz: 
 
 
2
 Dados: www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br. 
 
Fig. 51. Carta solar para o casario com fachadas orientadas para o sul 
 
Fig. 52. Carta solar para o casario com fachadas orientadas para o norte 
 
 
 
31 
 
Investigação histórica 
 
Fig. 53. Carta solar para o casario com fachadas orientadas para oeste 
 
Fig. 54. Carta solar para o casario com fachadas orientadas para leste 
 Umidade relativa do ar: 
 
Fig. 55. Gráfico de umidade relativa do ar. Fonte: www.inmet.gov.br 
 Precipitação de chuvas - médias mensais: 
 
Fig. 56. Tabela de precipitação de chuvas. Fonte: www.bdclimacnpm.embrapa.br 
 
 
 
32 
 
Investigação histórica 
 
Fig. 57. Gráfico de precipitação dechuvas. Fonte: Geberson Ricardo de Paula e Gil-
berto Fisch. UNITAU, 2008 
 Avaliação das chuvas: 
São Luiz do Paraitinga não é considerado um município chuvoso, mas 
o nível de precipitação de chuvas é bem alto no verão e enchentes são 
fenômenos ambientais frequentes. O loteamento dos terrenos de várzea 
da margem direita do Rio Paraitinga agravou o problema das enchen-
tes na cidade, pois a área que serve para dar vazão ao rio em épocas 
de cheia foi ocupada. 
Outro fator encontrado foi a ocupação de áreas de encostas, princi-
palmente no Morro do Cruzeiro, adjacente ao centro histórico. Além 
dos danos ao ambiente físico que provoca, comprometendo a qualida-
de de vida da população, as edificações neste morro estão acontecen-
do de maneira desordenada e numa zona de risco de desabamento. 
Essas edificações também ocasionam a impermeabilização do solo, 
acarretando pouca drenagem no solo e uma sobrecarga do volume de 
águas ao rio Paraitinga no período de chuvas. A maior catástrofe regis-
trada foi no começo do ano de 2010. A cidade ficou totalmente alaga-
da e todo o centro histórico, que abriga edifícios centenários, foi inun-
dado e os prédios danificados. No dia 2 de janeiro daquele ano, a 
inundação atingiu seu ponto máximo, quando as águas do rio Paraitin-
ga chegaram a subir 16m acima de seu leito normal. 
 A enchente de janeiro de 2010 
A enchente de 2010 afetou tanto o patrimônio material, quanto a po-
pulação, visto que na área histórica da cidade se concentra a dinâmica 
socioeconômica local. Inúmeras moradias, comércio e as atividades 
institucionais foram paralisados ou seriamente comprometidos pelos 
danos causados nos edifícios. 
 
 
 
Figs. 58, 59, 60, 61, 62 e 63. Imagens da enchente de janeiro 2010. Fotos internet. 
 
 
 
33 
 
Investigação histórica 
 
Figs. 64, 65. Imagens da enchente de janeiro 2010. Fotos internet. 
 
 
Fig. 66. Mapa cadastral da Praça Oswaldo Cruz mostrando danos no casario após 
enchente de 2010. Mapa Fernanda Vierno 
2.4.3. ANÁLISE SOCIOECONÔMICA 
Perfil de moradores e usuários – atores locais 
Perfil do usuário 
População (Censo 2000) 10.417 
Nº de habitantes estimado 
Área urbana 6143 
Área rural 4274 
Habitações 3.057 
Domicílios particulares permanentes 3.057 
Domicílios particulares permanentes- com banheiro ou sanitário 
- esgotamento sanitário 
1.444 
Domicílios particulares permanentes - forma de abastecimento 
de água 
1.698 
Eleitores 7.769 
Perfil de usuários: ocupantes locais e visitantes 
Renda média familiar 
 
Acesso a serviços e redes de informação 
Agropecuária 197 25% 
Indústria 88 11% 
Comércio 188 14% 
Serviço 385 48% 
Construção civil 10 2% 
Empresas 790 100% 
Fonte: IBGE, censo 2000 
 Legislação aplicada 
Adriano La Regina (1982:29) classifica a tipologia dos centros históri-
cos em três categorias: centros históricos de metrópoles, onde o cres-
cimento urbano acaba por "engolir" o núcleo urbano original, restrin-
gindo-o a poucos prédios pontualmente preservados; cidades mais ou 
menos estacionárias, que vêm sofrendo uma série de intervenções sem 
 
 
 
34 
 
Investigação histórica 
nenhum critério, pela ausência de um plano e de direcionamento de 
intenções; cidades que nunca cresceram de seus centros históricos, nas 
quais a luta é contra a decadência causada pelo abandono. Destes três 
tipos de centros históricos, São Luiz do Paraitinga apresenta-se mais 
como uma cidade do terceiro tipo, que nunca cresceu além de seu cen-
tro histórico, nas quais a luta é contra a decadência causada pelo 
abandono, não estando, contudo, distante da segunda classificação de 
cidades mais ou menos estacionárias, que vêm sofrendo uma série de 
intervenções sem nenhum critério. 
Após a retomada de crescimento urbano que se iniciou na década de 
80, a cidade se expandiu sem um plano de direcionamento de inten-
ções e acabou permitindo que ocorresse um desenvolvimento desorde-
nado e sem critérios de intervenção. Foi somente a partir de 2010 que 
São Luiz do Paraitinga passou a ter um plano diretor para controlar o 
seu crescimento, e a aplicação de suas diretrizes vem sendo feita aos 
poucos. 
A primeira medida tomada visando o controle nas intervenções em 
prédios da cidade acontece com a promulgação da lei nº 518 de 4 de 
novembro de 1980, que firma um convênio entre a Prefeitura Municipal 
e a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo para a execução de 
obras de restauração em prédios tombados e em fase de tombamento 
pelo órgão CONDEPHAAT. 
Em 1982 um conjunto de cerca de 400 imóveis foi tombado pelo 
CONDEPHAAT em todo o município de São Luiz do Paraitinga, e as leis 
desse órgão passaram então a estabelecer as normas de intervenções 
nesses imóveis. São elas: 
 Decreto Estadual nº 13.426 de 16 de março de 1979, revogado 
pelo de nº 20.955, de 1º de junho de 1983 (exceto quanto aos Ar-
tigos 134 a 149 que permanecem em vigor por força do Artigo 
158 do Decreto 50.941), que disciplina o processo de tombamen-
to. 
 Decreto Estadual nº 48.137, de 07.10.2003, que altera a redação 
do Artigo 137 do Decreto nº 13.426 no que se refere à área envol-
tória dos bens imóveis tombados pelo CONDEPHAAT. Segundo es-
te decreto, a área sujeita a restrições de ocupação e de uso, quan-
do estes se revelarem aptos a prejudicar a qualidade ambiental do 
bem sob preservação, será definida pelo CONDEPHAAT, que avali-
ará, caso a caso, as dimensões dessa área envoltória. Portanto, 
"nenhuma obra poderá ser executada dentro da área envoltória de-
finida nos termos deste Artigo sem que o respectivo projeto seja 
previamente aprovado pelo CONDEPHAAT." 
 Resolução n° 55 de 13 de Maio de 1982, que estabelece os bens 
imóveis de São Luiz do Paraitinga integrantes do tombamento esta-
dual e os classifica em 4 graus distintos de proteção. 
 Grau de Proteção 1 (GP1) - Proteção integral 
 Grau de Proteção 2 (GP2) - Proteção limitada: fachadas, volu-
metria, cobertura e ornamentos externos 
 Grau de Proteção 3 (GP3) - Proteção de referência: volumetria 
e harmonização arquitetônica 
 Grau de Proteção 4 (GP4) Imóveis sujeitos a disposições de en-
voltórias de bens tombados. 
No ano de 1995 é elaborado pela municipalidade o Código de Obras 
que impõe normas às construções nos terrenos com a finalidade de 
 
 
 
35 
 
Investigação histórica 
melhorar o padrão de higiene e segurança da população e permitir o 
melhoramento dos investimentos públicos. A Prefeitura começa a con-
trolar a partir dessa data as obras de construção e de reforma, emitindo 
licença aos projetos aprovados por ela. 
Foi na gestão do prefeito Danilo José de Toledo, no ano 2000, que 
São Luiz do Paraitinga começou o cadastramento dos imóveis existente 
na cidade para a cobrança de IPTU. A medida foi necessária para a 
arrecadação de tributos para obras de melhorias na cidade e também 
permitiu a municipalidade obter a atualização dos imóveis construídos 
na cidade. 
Em novembro de 2002 foi promulgada a Lei Municipal nº1044 que 
dispõe sobre a composição, organização e competência do Conselho 
Municipal de Preservação e sobre os procedimentos necessários ao 
tombamento de bens de natureza material. 
Segundo o Artigo 3º desta lei, "Consideram-se de imediato, bens inte-
grantes do patrimônio histórico, artístico, urbanístico, arqueológico, 
paleonteológico, ecológico, arquitetônico e paisagístico do Município a 
serem preservados, aqueles já tombados pelo CONDEPHAAT." 
Mas apesar de criado, o Conselho Municipal de Preservação nunca 
existiu em prática, ficando as questões relacionadas ao patrimônio a 
cargo do Conselho de Planejamento. 
A partir de 5 de julho de 2002, pela Lei Estadual n° 11.197, São Luiz 
do Paraitinga passou a ser Estância Turística, um novo status urbano 
que há muito o município solicitava ao Governo Estadual. 
Segundo o estatuto da cidade, Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, 
o plano diretor

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