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APOSTILA-ÉTICA-DOCENTE

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ÉTICA DOCENTE 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 
1 A cultura e a sociedade ............................................................................................. 5 
1.1 O conceito de sociedade....................................................................................... 7 
1.2 Cultura e sociedade .............................................................................................. 7 
1.3 Ética e a Sociedade .............................................................................................. 9 
2 Código de Ética do profissional pedagogo .............................................................. 12 
2.1 A ética profissional e o ambiente de trabalho do pedagogo................................ 16 
2.2 Código de Ética e atuação profissional ............................................................... 17 
3 O ethos na Antiguidade ........................................................................................... 19 
3.1 Relação de pertencimento com o ethos cultural ................................................. 27 
4 Ética medieval ......................................................................................................... 29 
4.1 As características da Ética Medieval .................................................................. 30 
4.2 A antropologia da queda ..................................................................................... 31 
4.3 Os principais representantes da ética medieval .................................................. 31 
4.4 Santo Agostinho: o livre arbítrio .......................................................................... 31 
4.5 São Tomás de Aquino ........................................................................................ 32 
4.6 Pedro Abelardo ................................................................................................... 32 
4.7 Renascimento e Humanismo .............................................................................. 32 
4.8 Cultura Renascentista ......................................................................................... 33 
4.9 O Humanismo Renascentista ............................................................................. 34 
4.10 Renascimento Literário ................................................................................ 34 
4.11 Renascimento Artístico ................................................................................ 35 
4.12 Renascimento Científico .............................................................................. 35 
5 O pensamento pedagógico de Rousseau ............................................................... 36 
5.1 A criança e suas especificidades ........................................................................ 38 
 
 
5.2 O Projeto Pedagógico Moderno em Kant............................................................ 39 
5.3 A visão moderna de Kant sobre a educação ...................................................... 41 
6 CULTURA E DIVERSIDADE CULTURAL NO MUNDO ATUAL ............................. 44 
6.1 Multiculturalismo: origens e propostas ................................................................ 47 
6.2 A Origem do Multiculturalismo ............................................................................ 48 
6.3 Diferentes abordagens do multiculturalismo e suas principais vertentes ............ 48 
6.4 Multiculturalismo na escola: práticas interculturais na EJA ................................. 50 
7 ÉTICA DAS VIRTUDES NA MODERNIDADE ........................................................ 51 
7.1 A ética e a crise moral na modernidade .............................................................. 55 
7.2 Educando e convivendo em uma comunidade ética ........................................... 58 
7.3 Uma formação para viver bem com e para os outros em instituições justas ...... 59 
8 As diferenças culturais no cotidiano escolar ........................................................... 60 
8.1 O valor da prática pedagógica cultural para o educando .................................... 63 
8.2 Práticas culturais criativas no interior da escola ................................................. 65 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 68 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 A CULTURA E A SOCIEDADE 
Os indivíduos são criadores e propagadores de cultura, manifestando-a de 
diversas maneiras em sua vida cotidiana. Portanto, entender a cultura é essencial 
como educador e cidadão porque a cultura permeia toda experiência social. A cultura 
traz conhecimento e enriquecimento para a sociedade. Quando bem cultivada, ela 
pode ser divulgada por meio de eventos que valorizam e enriquecem o espaço.Definir 
cultura não é uma tarefa fácil porque ela gera interesses multidisciplinares e ainda é 
estudada em diversas áreas como sociologia, antropologia, história. Em cada uma 
destas áreas, a cultura é estudada com diferentes enfoques. Segundo Cuche (2002), 
a palavra cultura tem sido utilizada em vários campos semânticos, substituindo outros 
termos, como mentalidade, espírito, tradição e ideologia. 
Em seus estudos, Williams (2007) afirma que a palavra cultura tem origem em 
colore, e este, por sua vez, originou o termo em latim cultura, que apresentava vários 
significados como habitar, cultivar, proteger e honrar com veneração. Até o século 
XVI, o termo cultura era utilizado para se referir a sentidos como ter cuidado com algo, 
por exemplo, com os animais ou mesmo com o desenvolvimento da colheita, ou terra 
cultivada. A partir do final do século XX, ganha destaque um sentido mais figurado de 
cultura, metaforicamente relacionada a desenvolvimento agrícola, a palavra passa a 
designar também o esforço despendido para o desenvolvimento das faculdades 
humanas. Assim, as obras artísticas começam a representar a cultura. 
Cuche (2002) menciona que o antropólogo britânico Edward Burnett Tylor 
escreveu a primeira definição etnológica da cultura em 1871. Nesta definição, ele 
propõe que a cultura resulta do aprendizado cultural, e não da transmissão biológica. 
Assim, a cultura passa a ser todo o complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, 
moral, leis, costumes ou ainda qualquer capacidade adquirida pelo indivíduo, que vive 
em sociedade. Entretanto, Tylor afirmava sobre o conceito do evolucionismo, para o 
 
 
 
qual haveria uma escala evolutiva de progresso cultural que as sociedades primitivas 
tinham que percorrer para chegar ao nível das sociedades ditas civilizadas. Franz 
Boas, apontado como o inventor da etnografia e precursor nos estudos de observação 
direta das sociedades primitivas, já em1942 mostrava-se contrário ao evolucionismo 
e trouxe em suas pesquisas um conceito contemporâneo de cultura (BOAS, 2010). 
Frente a tantas interpretações e usos do termo cultura, é possível adotar três 
concepções fundamentais, que segundo Cuche (2002) se denominam da seguinte 
forma: 
• modos de vida de um grupo; 
• obras de arte, bem como atividades intelectuais e do entretenimento; 
• desenvolvimento humano. 
 
Na primeira concepção, a cultura se mostra como interação social dos 
indivíduos, que constroem seus modos de pensar e sentir, bem como seus valores. 
Segundo Chauí (1995), é preciso atentar sobre a necessidade de abrir o conceito de 
cultura, vendo-a também como uma invenção coletiva de símbolos e que os indivíduos 
e grupos são seres culturais. O termo lida com a cultura de forma mais restrita, 
referindo-se a obras de arte e práticas, atividade intelectual e entretenimento visto 
principalmente como atividade econômica. Este conceito visa construir certos 
significados e focar em atingir certos tipos de público. 
Uma terceira compreensão da cultura enfatiza o papel que ela pode 
desempenhar como determinante do desenvolvimento social. Com base nesses 
estudos, as atividades culturais são praticadas como uma forma de pedagogia social, 
com o objetivo de despertar atitudes críticas e promover a atuação política dos 
indivíduos em seu ambiente social. Essas atividades visam promover o crescimento 
cognitivo de todos os indivíduos, incluindo aqueles com necessidades especiais ou 
problemas de saúde. 
As atividades culturais consistem em importante ferramenta para estimular 
atitudes críticas e enfrentar problemas sociais, como a violência. Para Canclini (1987), 
a cultura é considerada como uma parte da socialização de classes e grupos, na 
formação das concepções políticas e no estilo que a sociedade adota em diferentes 
linhas de desenvolvimento. Na atualidade, a cultura pode ser compreendida como um 
conceito mais amplo: todos os indivíduos passam a ser produtores de cultura, as 
 
 
atividades artísticas se concentram na produção cultural e a cultura se torna um 
instrumento para o desenvolvimento político e social, onde o campo cultural se 
confunde com o social. 
1.1 O conceito de sociedade 
Entende-se por sociedade a junção de indivíduos entre os quais se 
estabelecem alguns tipos de relações, como econômicas, políticas e culturais. Em 
uma sociedade, é possível observar a unidade linguística e a cultura de seus 
membros, sob as mesmas leis, costumes, tradições, unidos por um objetivo que possa 
interessar ao grupo. A ideia de sociedade está intimamente relacionada com as 
relações humanas resultantes da interdependência entre os seus membros. 
Turner (2008) mantém intenso diálogo intelectual com pensadores clássicos e 
contemporâneos que forneceram contribuições significativas sobre a conceituação da 
sociedade. Os autores explicam que não pretendiam fazer um trabalho sobre a história 
da teoria social. Alternam entre contribuições modernas e clássicas ao conceito de 
sociedade, evitando a construção de um roteiro intelectual que enfatize o contraste 
entre determinados autores e seus conceitos. Ao contrário, enfatizam que, embora os 
autores discutidos no livro tenham matrizes teóricas diferentes, suas análises 
apresentam certos meios de convergência para compreender a sociedade moderna. 
O argumento central é de que a sociedade apresenta três conceituações 
relevantes: sociedade como estrutura, sociedade como solidariedade e sociedade 
como processo criativo. Essas três concepções inicialmente formuladas no final do 
século XIX têm experimentado consideráveis transformações ao longo do tempo. Os 
autores realçam as múltiplas formas pelas quais esses três sentidos se vinculam, ora 
se entrelaçando, ora mantendo relações conflituosas. 
A concepção de sociedade como estrutura procura ressaltar os aspectos de 
competição, conflito, concorrência e rivalidade entre os atores sociais (ELLIOT; 
TURNER, 2010). Ao mesmo tempo, também contempla dimensões morais e de regras 
de conduta que permeiam as relações sociais. 
1.2 Cultura e sociedade 
A sociologia surge com dois fatos básicos: o de que o comportamento dos seres 
 
 
humanos revela padrões regulares e repetitivos, e o de que os seres humanos são 
animais sociais, e não criaturas isoladas (CHYNOI, 1975). Quando observamos as 
pessoas à nossa volta tendemos mais a notar-lhes as idiossincrasias (maneira 
pessoal de ver, sentir e reagir; propensão) e singularidades pessoais do que as 
semelhanças. Charles Cooley (1969, p.91) diz: 
Não se dá o caso de que, quanto mais próxima estiver uma coisa do nosso 
hábito de pensamento, tanto mais claramente vemos o indivíduo? O princípio 
é muito semelhante ao que faz que todos [os chineses] nos sejam muito 
parecidos; vemos os tipos por ser tão diferente daquele que estamos 
acostumados a ver, mas somente quem vive dentro dele é capaz de perceber 
plenamente as diferenças entre os indivíduos. 
Os aspectos recorrentes da atividade humana formam a base de toda ciência 
social. Tentando explicar as aparentes leis da atividade humana e os fatos da vida 
coletiva, os sociólogos criaram dois conceitos - sociedade e cultura. A sociedade 
humana não pode existir sem cultura, e a cultura humana existe apenas na sociedade. 
O conceito de relação social é fundamental no fato de que o comportamento humano 
é direcionado a inúmeras outras pessoas. 
Homens e mulheres não apenas vivem juntos e compartilham opiniões, crenças 
e costumes comuns, mas também interagem constantemente e moldam seu 
comportamento de acordo com o comportamento e as expectativas dos outros. A 
interação não é um evento momentâneo, é um processo contínuo de ação e reação. 
Uma relação social consiste em um padrão de interação entre as pessoas. Então, de 
um ponto de vista, a sociedade é uma rede de relações sociais. 
A sociedade é um grupo no qual homens e mulheres vivem juntos, não uma 
organização limitada por um objetivo ou objetivos específicos. Em qualquer 
sociedade, grupos menores podem ser encontrados dentro de grupos maiores, e os 
indivíduos pertencem a vários grupos ao mesmo tempo. A sociedade pode, portanto, 
ser analisada a partir dos grupos que a formam e de suas relações mútuas. Toda 
sociedade tem um estilo de vida ou cultura que define formas apropriadas ou 
necessárias de pensar, agir e sentir. 
Em Sociologia, a cultura se refere à totalidade do que aprendem os indivíduos 
como membros da sociedade. Na visão de Taylor (1911), a cultura é o todo complexo 
que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer aptidões 
adquiridas pelo homem como membro da sociedade (CUCHE, 2002). Para George 
Murdock, antropólogo americano, a cultura é, em grande parte, “ideacional”: refere-se 
 
 
aos padrões, às crenças e às atitudes em função dos quais agem as pessoas 
(CUCHE, 2002). 
A importância da cultura é que ela fornece o conhecimento e as técnicas que 
permitem às pessoas sobreviver física e socialmente e administrar e controlar o 
mundo ao seu redor na medida do possível. O homem é o único animal que possui 
cultura; é de fato uma das principais diferenças entre o homem e os outros animais. 
O que é importante sobre a definição de cultura é que ela é aprendida e 
compartilhada. O comportamento universal, mesmo que não aprendido ou exclusivo 
de um indivíduo, não faz parte da cultura. Mas a cultura pode influenciar ou moldar 
não apenas comportamentos não aprendidos, como reflexos, mas também 
peculiaridades pessoais. 
1.3 Ética e a Sociedade 
O vínculo entre a ética e a sociedade revela o eixo fundamental no qual temos 
que pensar nossa existência enquanto indivíduos singulares, mas também membros 
de uma coletividade. Na nossa relação com os outros e com a natureza produzimos a 
cultura que é uma espécie de segunda pele na qual nos movemos. A cultura é uma 
extensão de nós mesmos, conformeexplica Ortega y Gasset. 
No mesmo sentido afirma Reale (1989, p. 180): “A cultura, tudo somado, nasce 
do homem e ao homem se destina, o que explica que deve ser concebida como um 
ente moral, não obstante, sua radical historicidade”. O vínculo entre o projeto de 
sociedade concebida como valor e nossa subjetividade como caminho de liberdade é 
a forma como deve a vida humana ser concebida e realizada. Esse é um eixo 
fundamental que liga a escola culturalista brasileira através de Miguel Reale aos 
herdeiros de Ortega y Gasset membros da denominada Escola de Madri. 
Esse eixo contempla a tensão existente entre a solidão radical e a vida em 
sociedade, como traduz a filósofa e herdeira de Ortega y Gasset, Maria Zambrano 
(2004, p. 157): “O lugar do indivíduo é a sociedade, porém o lugar da pessoa é o 
espaço íntimo”. Aproximando existência individual e sociedade, ética e cultura, não 
assumimos a formação de uma síntese eclética, mas reconhecemos que a 
subjetividade agregada ao ambiente cultural é a forma mais adequada de 
compreender o homem atual. A ligação entre ética e sociedade nos faz rejeitar a ideia 
de um momento histórico que deixou para trás valores e projetos ocidentais. Os 
 
 
valores centrais ocidentais permanecem. 
Os problemas atuais, e existem, não violam o eixo axiológico que identifica a 
sociedade ocidental. Se não podemos voltar à velha vida, a melhor escolha é 
aprofundar o sentido do núcleo ético mencionado acima. Evita que os desafios 
modernos nos levem a uma vida unilateral centrada no prazer e no consumo de curto 
prazo, entendido, explicamos, não como o consumo crescente de bens devido ao 
enriquecimento da sociedade, mas como o uso dos bens como entretenimento e o 
afasta de sua vida mais íntima, uma forma de compensar o esquecimento de si 
mesma. 
 Portanto, o consumo não é um fenômeno moderno, mas observado desde o 
início do século XX, quando a abundância de bens foi associada ao esquecimento de 
si mesmo, que foi a raiz da crise identificada por pensadores como Ortega y Gasset e 
Karl. Jaspe. Falamos de ética e sociedade porque entendemos que existe um elo 
intransponível entre elas. O homem nasce e vive numa sociedade que, como ele, é 
histórica. Sempre vivemos em grupos, mas “a novidade do nosso tempo é que o 
existente não está separado do mundo” (Carvalho, 1998, p. 12). 
O fato de a vida humana acontecer em sociedade não significa que as pessoas 
não tenham intimidade. Ele está com você parte do tempo, mas sua subjetividade não 
está separada de seu entorno. A vida se desenvolve na cultura, que é uma espécie 
de segunda pele e nasce da objetividade dos valores. Portanto, quando falamos de 
vida social, entendemos que ela tem um suporte moral, pois grupos de pessoas se 
movimentam em espaços relacionais, moldam a natureza, criam ciência e 
desenvolvem normas de convivência baseadas nos valores que nutrem e nos valores 
materiais. 
Os princípios morais não são objetivados ou assumidos automaticamente, 
portanto a liberdade é um aspecto fundamental da existência. A vida humana é uma 
jornada de liberdade possível. A liberdade se realiza nas circunstâncias, como diz o 
filósofo José Ortega y Gasset, vem do reconhecimento de que existem exigências 
absolutas em nossas vidas que não podem ser ignoradas. 
Portanto, quando uma sociedade recebe uma experiência histórico-cultural 
compatível com as normas que ela criou, ela experimenta momentos de conforto, caso 
contrário, ela mergulha na crise. Ciclos de maior e menor conforto se sucedem na 
história. As crises culturais não são necessariamente momentos ruins, elas fornecem 
um julgamento de valor. O nosso tempo vive uma daquelas crises que começaram no 
 
 
século passado, mas que não romperam com os valores centrais do Ocidente e com 
o caminho estabelecido nos tempos modernos. 
A ética é uma das questões mais importantes no contexto da nossa sociedade, 
tanto na vida pública como na privada. Somos éticos quando refletimos sobre o que 
fazemos, quando medimos e categorizamos nossas ações de acordo com quem 
somos e o que podemos fazer com base na valorização do outro, seja o próximo, a 
sociedade ou até mesmo o planeta. Sem ética, não sabemos viver em nenhuma área 
de nossas vidas. Sem ética, somos alienados, ou seja, personagens que se 
distanciam da deliberação da sociedade sobre o propósito da vida. 
A ética é uma atitude e, portanto, uma ação, que sem dúvida é mediada por 
princípios como o respeito à subjetividade, à dignidade da pessoa humana, à 
diversidade e outros. Mas este não é um ato limpo. Em vez disso, trata da relação 
entre pensamento e ação. Nesse sentido, para chegar à ética, devemos lutar para 
desmistificar a separação entre teoria e prática. Esta é uma das questões mais 
fundamentais quando falamos de ética como a filosofia prática que ela realmente é. 
A ética é a capacidade de pensar e agir com base no princípio da autonomia 
pessoal, em que cada sujeito questiona o que pensa e faz, considerando que 
questionar é em si pensamento e ação que tem consequências concretas. Aqueles 
que não pensam por si mesmos são levados a pensar o que os outros definiram como 
verdade para eles. É nesse sentido que muitos absorvem a automutilação que é 
decretada contra eles. A heteronômica pode até ser moral, mas não é ética, porque 
se a moral é uma afirmação de costume ou previamente estabelecida, então a ética 
exige o seu questionamento. No entanto, falamos de ética como uma palavra mágica 
que, com uma simples afirmação, ganha uma validade concreta. 
Tem dois lados. Por outro lado, muitos acreditam que basta “falar” sobre ética 
para ser ético. Por outro lado, é verdade que a palavra ética tem um poder 
performativo radical. Quando digo ética, a palavra saltita à minha volta e exige que eu 
a pratique. Isso significa que se alguém fala de ética sem ser ético, a contradição está 
aberta. Ao mesmo tempo, vivemos em uma sociedade caracterizada por uma relação 
direta com a informação e uma certa compreensão da informação, que parece não 
oferecer muito espaço e tempo para o cultivo da subjetividade, o que nos permitiria 
inventar a ética entre nós. 
As relações não são mais pautadas em princípios éticos, pois a esfera da 
subjetividade, ou seja, o interior, o autoconhecimento, o autoquestionamento e a 
 
 
crítica social já não existem. O que costumávamos chamar de "alma". Nos vários 
contextos da nossa vida, vivemos mudanças profundas que alteram a forma como 
vemos e assim agimos no mundo. 
As novas tecnologias, a Internet, as redes sociais têm levantado muitas 
questões, para as quais a filosofia, a antropologia, a sociologia e o campo da 
educação procuram uma resposta. A contradição do mundo da informação e a 
desvalorização da comunicação e da educação é uma delas, nossa cultura também 
degrada a cultura. 
2 CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL PEDAGOGO 
O código de ética é um instrumento apresentado em forma de documento cujo 
objetivo é delinear os princípios, a missão e os valores de uma determinada profissão, 
sendo, portanto um guia para o funcionamento de cada profissional. Visto que a 
profissão de pedagogo pode promover a ampliação do conhecimento dos alunos e o 
desenvolvimento da maturidade nos mais diversos casos, é muito importante e 
necessária a aplicação de normas éticas nas atividades do profissional pedagógico. 
Ao observar que a ética está relacionada ao agir de acordo com os padrões 
pré-estabelecidos visando o bem ao seu próximo, observamos que ética no meio 
profissional envolve, o cumprimento de normas estabelecidas pela sociedade e por 
determinado grupo de trabalho, no entanto, é possível identificar elementos universais 
que configuram a ética profissional, tais como responsabilidade, comprometimento, 
assiduidade, honestidade e competência. 
Tendo em vista que o ambiente escolar desenvolve um papel fundamental na 
formação de indivíduos, tanto na alfabetizaçãoe construção de conhecimento quanto 
no desenvolvimento ético e moral, o profissional da educação muitas vezes torna-se 
um referencial na formação do caráter e na construção dos valores desses alunos. 
Sendo assim o presente trabalho discutirá sobre o quanto à postura ética do 
profissional da educação poderá influenciar neste processo. 
Na busca por códigos de ética que norteiam a conduta de um profissional da 
educação, foi possível identificar um código de ética do profissional pedagogo, que de 
acordo com a “Associação universitária de pedagogia do Brasil” (2009), apresenta a 
este profissional fundamentos e condutas que o orientam no exercício de sua 
profissão, pautados na legislação vigente. O Código orienta ao pedagogo que no 
 
 
exercício da profissão, deve pautar-se no respeito, na dignidade e na integridade do 
ser humano, objetivando o desenvolvimento harmônico do ser e dos seus valores, 
munindo-se de técnicas adequadas, assegurando os resultados propostos e a 
qualidade satisfatória da educação. 
O código prevê, inclusive, penalidades para a não observância das normas, 
que podem culminar com a cassação do direito de exercer a profissão. Portanto, a 
profissão “professor” está amparada por um código de ética, onde permite entender 
melhor como deverá exercer sua profissão de forma ética, assegurando o bem aos 
outros em seu ambiente de trabalho, principalmente aos alunos assistido pelo mesmo. 
Professores são agentes transformadores, em que além de repassar conhecimentos 
científicos, previstos por currículos escolares, transmitem princípios e valores que 
servem como referencial para seus alunos, pois enquanto docentes carregam consigo 
a necessidade de formar o indivíduo como aluno e também como cidadão. 
Assim como da mesma forma em que o professor pode influenciar no processo 
de desenvolvimento social das crianças, o mesmo também é um agente formador de 
opinião e incentivador ao pensamento crítico. É importante então que o professor 
busque capacitações que o auxiliem nesse processo, adequando às novas 
tecnologias e as novidades apresentadas no mundo atual, para conseguir oferecer ao 
aluno a oportunidade para construir e reconstruir conhecimentos à luz do pensamento 
reflexivo e crítico. 
Os educadores profissionais ainda não possuem um código de ética organizado 
pelo governo federal ou órgãos reguladores A profissão de pedagogo foi 
regulamentada no final do ano de 2017, com a aprovação do Projeto de Lei nº 
6.847/17, pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público. No 
entanto, estudantes e pedagogos da Associação Universitária de Pedagogia do Brasil 
(AUNIPEDAG. BR) criaram um Código de Ética para a profissão do pedagogo, 
baseado em documentos legais como a Constituição Federal do Brasil (1988), a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394 – LDB, e as 
Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia (Resolução nº 1 do MEC/CNE, de 
05 de maio de 2006), entre outras. 
A AUNIPEDAG.BR, situada no município de São Paulo/SP, organizou por 
iniciativa própria, em 2009, o Código de Ética do Profissional Pedagogo, no qual estão 
presentes as questões fundamentais para o exercício do profissional pedagogo, tais 
como: princípios, deveres fundamentais, impedimentos, direitos, sigilo profissional, 
 
 
trabalho científico, divulgação, relações profissionais, medidas disciplinares e 
disposições gerais (ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
Composto por 22 artigos, o Código de Ética Profissional do pedagogo, da 
AUNIPEDAG.BR, reúne fundamentos que orientam as condutas do pedagogo, 
valorizando a Pedagogia enquanto campo científico profissional. 
Ancorado nas legislações que conduzem a Pedagogia, a educação, a formação 
do pedagogo e sua prática, tais como a Constituição Federal do Brasil de 1988, a 
LDBEN – Lei nº 9.394/96 e as Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia, 
Resolução nº 1 do MEC/CNE de 2006, bem como as resoluções que complementam 
essas legislações (ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). O Artigo 1º se refere 
aos requisitos para atuar como profissional pedagogo, conferindo ao profissional 
licenciado em Pedagogia a atuação junto à docência na Educação Infantil e nos anos 
iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, 
e em cursos de Educação Profissional, na área de serviços e apoio escolar, bem como 
nas demais áreas em que sejam solicitados conhecimentos pedagógicos. 
Um pedagogo profissional pode atuar tanto em contexto escolar quanto 
extraescolar, além disso, está apto a atuar como especialista educacional em gestão, 
planejamento, controle, supervisão e trabalho pedagógico, conforme mencionado no 
Artigo 64º da LDB, Lei nº 9.394/96 (ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). Dessa 
maneira, o Código de Ética, conforme organizado pela AUNIPEDAG. BR, indica que 
a prática profissional do pedagogo será conduzida: 
No respeito, na dignidade e na integridade do ser humano, objetivando o 
desenvolvimento harmônico do Ser e dos seus valores, munindo-se de 
técnicas adequadas, assegurando os resultados propostos e a qualidade 
satisfatória da educação; b) Na defesa da democracia, respeitando as 
posições filosóficas, políticas, religiosas e culturais, analisando crítica e 
historicamente a realidade em que atua, buscando a socialização do saber; 
c) Na promoção do bem-estar dos sujeitos e da comunidade atuando a favor 
destes com aplicação de várias áreas do conhecimento humano, 
selecionando métodos, técnicas e práticas que possibilitem a consecução do 
ato de educar; d) Na responsabilidade profissional por meio de um constante 
desenvolvimento pessoal, científico, técnico e ético; e) Na definição de suas 
responsabilidades, direitos e deveres de acordo com os princípios 
estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Estatuto da 
Criança, Adolescente e no Estatuto do Idoso na legislação educacional em 
vigor (ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015, p. 11). 
Atuar de forma coerente, digna, honesta e respeitosa com a pessoa, com o 
indivíduo com vontade de aprender e com toda a sociedade, fazendo da sua prática 
um instrumento de mudança e colocando-se à disposição como iniciador das 
 
 
mudanças necessárias. Constituindo, assim, conforme consta no segundo capítulo, 
sobre os deveres fundamentais, em sua prática profissional, tais como: 
• respeitar a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa humana; 
• atuar com elevado padrão de competência, senso de responsabilidade, 
zelo, discrição e honestidade; 
• manter-se atualizado com os conhecimentos científicos e técnicos sobre 
o desenvolvimento humano por meio de pesquisas; 
• colocar-se a serviço do bem comum da sociedade, sem permitir que 
prevaleça qualquer interesse particular ou de classe; 
• ter uma filosofia de vida que permita o respeito à justiça, a transmissão 
de segurança e a firmeza para todos aqueles com quem se relaciona 
profissionalmente; 
• respeitar os códigos sociais e as expectativas morais das comunidades 
com as quais realize seu trabalho; 
• assumir somente a responsabilidade de tarefas para as quais está 
capacitado, recorrendo a outros especialistas sempre que for 
necessário; 
• zelar para que o exercício profissional seja efetuado com a máxima 
dignidade, recusando e denunciando situações em que o indivíduo 
esteja correndo risco ou o exercício profissional esteja sendo aviltado; 
• oferecer serviços profissionais de forma voluntária em campanhas 
educativas e situações de emergência, dentro de suas capacidades; 
• manter a atitude de colaboração e solidariedade com colegas; 
• denunciar ao Conselho Federal e/ou Regional de Pedagogia as 
instituições públicas, ou privadas onde as condições de trabalho não 
sejam dignas, ou depreciem, monetária e moralmente, nas diferentes 
mídias, a formação e a atuação do profissional pedagogo; 
• dar conhecimento ao Conselho Federal e/ou Regionalde Pedagogia as 
instituições públicas e particulares que tenham atos que possam 
prejudicar alunos, suas famílias, membros da comunidade ou outros 
profissionais; 
• lutar pela expansão da Pedagogia e defender a qualidade na sua 
profissão; 
 
 
• denunciar falhas em regulamentos, normas e programas da instituição 
em que trabalha, quando estes estiverem ferindo os princípios e as 
diretrizes curriculares do Curso de Pedagogia, bem como o Código de 
Ética, mobilizando, inclusive, o Conselho Regional caso seja necessário; 
• denunciar ao Conselho Regional os profissionais Pedagogos e/ou as 
Instituições que não atendam aos preceitos científicos da profissão e 
que, notoriamente, ferem o Código e outros parâmetros legais; 
• empregar com transparência as verbas sob a sua responsabilidade, de 
acordo com os interesses e as necessidades coletivas dos usuários 
(ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
O pedagogo deve cumprir as normas técnicas e os princípios teóricos que 
embasam a ação do profissional pedagogo, não deixando de divulgar os 
conhecimentos científicos, artísticos e tecnológicos inerentes à profissão 
(ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
2.1 A ética profissional e o ambiente de trabalho do pedagogo 
Compreender o alcance da ética profissional no ambiente de trabalho de um 
pedagogo requer compreender o conceito relacionado à ética profissional. A ética 
profissional refere-se a um conjunto de normas morais que os sujeitos utilizam para 
orientar sua conduta profissional. Sendo a ética norteadora para todos os sujeitos em 
todas as instâncias, como individuais, sociais, profissionais, entre outros, a ética 
profissional medeia princípios e valores próprios do sujeito para a sua atuação em 
atividades relacionadas ao trabalho (CHAUÍ, 1995). 
Esta é entendida como a ciência dos deveres, especialmente dos deveres 
profissionais, formando assim um conjunto de normas de comportamento profissional 
e classificando o código de ética profissional, no qual os direitos, deveres e 
responsabilidades dos membros de uma determinada classe são explicados por 
competências profissionais. A pedagogia, como área de conhecimento que estuda a 
natureza e a finalidade da educação da sociedade, mantém sua distinção e ainda 
considera meios adequados para o desenvolvimento da educação e dos sujeitos, 
pode ser considerada uma ciência prática, cujo objetivo é descobrir os objetivos e 
formas de intervir de forma metódica e organizacional. 
 
 
Naquelas áreas de atividade educacional que estão relacionadas à 
transferência de conhecimento e métodos de operação e assimilação ativa, que 
também têm uma importância relevante nos processos. Como entendemos, a ética 
profissional é extremamente importante em todas as áreas de atuação profissional, 
mas principalmente na área da educação, a ética profissional é ainda mais poderosa. 
Nesse sentido, Ortega e Santiago (2009) referem que no ambiente profissional do 
pedagogo, ao atuar com pessoas, habilidades, competências, limitações, desafios, 
sentimentos e valores em uma dinâmica de constante transformação e ampliação da 
complexidade do campo prático, torna-se necessariamente urgente a reflexão e a 
discussão das melhores formas de agir diante das circunstâncias que se apresentam, 
muitas vezes caracterizando dilemas éticos. 
2.2 Código de Ética e atuação profissional 
Com a regulamentação da profissão de pedagogo aprovada pela Comissão de 
Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP), no Projeto de Lei (PL) n° 
6.847/17, o convite destina-se apenas a quem tenha obtido o diploma pedagógico 
básico para a docência e exercício de atividades que exijam conhecimentos 
pedagógicos, além de: planejar, implementar e avaliar programas e projetos de 
treinamento em diversos espaços organizacionais; gestão do trabalho pedagógico e 
da prática educativa em escolas e instituições não planificadoras; avaliar e 
implementar as políticas públicas formuladas pelo executivo nas instituições de 
ensino; desenvolver, planejar, gerenciar, coordenar, monitorar, revisar, controlar e 
dirigir os processos de treinamento; ensino de disciplinas pedagógicas e afins na 
formação de professores; realiza recrutamento e seleção em programas educacionais 
em instituições educacionais e não acadêmicas; desenvolver técnicas de treinamento 
em diversas áreas do conhecimento (GOULART, 2017). 
O propósito de criar o regulamento da profissão do pedagogo é definir os 
critérios relativos à sua formação e qualificação no contexto do trabalho, considerando 
que o seu exercício profissional exige conhecimentos teóricos e técnicos, ou seja, 
pode ser exercido apenas por profissionais que se formaram na escola. Cursos 
pedagógicos reconhecidos pelo Ministério da Educação, que alertam para as 
consequências desta profissão como possível risco e desvantagem social para a 
educação. 
 
 
Para a fiscalização da orientação, o Projeto de Lei nº 6847/17 prevê a criação 
do Conselho Federal de Pedagogia para atuar em conjunto com os conselhos 
regionais. A proposta desse PL ainda tramita em caráter conclusivo na Comissão de 
Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) (GOULART, 2017). A criação do 
regulamento da profissão de pedagogo tem por objetivo definir os critérios relativos à 
sua formação e qualificação em contexto de trabalho, considerando que o seu 
exercício profissional exige conhecimentos teóricos e técnicos, ou seja, só pode ser 
praticado por profissionais formados escola. 
Cursos pedagógicos reconhecidos pelo Ministério da Educação, que alertam 
para as consequências desta profissão como possível risco e desvantagem social 
para a educação (LIBÂNEO, 2011). Portanto, o pedagogo deve ter conhecimento dos 
princípios éticos gerais que regem a conduta humana e aplicá-los em seu trabalho 
diário. Assim, a ética profissional de um pedagogo está no exercício consciente de 
sua profissão. 
Por exemplo: o pedagogo profissionalmente ético reconhece que os conteúdos 
íntimos referentes à história pregressa de seu público-alvo devem ser protegidos e 
resguardados, implicando a ruptura da confiança caso sejam indevidamente expostos, 
podendo também acarretar danos morais, sociais e emocionais se o pedagogo não 
conduzir de forma ética esses conteúdos (LIBÂNEO, 2011). 
Um pedagogo deve encarar a profissão com dignidade, respeito e honestidade. 
A ética profissional do pedagogo traz a consciência da diversidade dos saberes 
pedagógicos e das práticas educativas democráticas para a existência dos saberes 
infanto-juvenis, o que contribui para o pleno desenvolvimento do pensamento para a 
estruturação e ação das questões socialmente críticas. 
A ética do profissional pedagogo deriva de sua formação pessoal, 
compreendida pela virtude, pelo caráter, pela conduta, pela moral, pela tolerância, 
pela presença e pelo afeto. O sujeito que se dispõe a ser pedagogo necessita 
compreender que a sua existência será norteada pelo exercício das suas atividades 
profissionais no seu dia a dia (LIBÂNEO, 2011). 
Piaget (1978) refere sobre a importância da formação contínua dos pedagogos, 
afirmando que organizar programas e construir teorias é tão essencial quanto realizar 
reformas pedagógicas eficazes e revalorizar o corpo docente por meio de constante 
formação intelectual e moral do corpo docente. Em outras palavras, para refletir 
eticamente a atividade dos educadores, é preciso ampliar gradual e continuamente a 
 
 
formação dos educadores, levando em conta os processos decorrentes das múltiplas 
mudanças na existência da sociedade, porque isso se deve à formação dos 
educadores, modernização contínua da formação funcional do pedagogo, o que afeta 
a sua ética profissional. 
3 O ETHOS NA ANTIGUIDADE 
O ethos é um conceito fundamental da Antropologia da Grécia Antiga, sendo 
um modo analisar como o homem grego experiênciava os mitos, entendidos como 
meios culturais responsáveis por construira linguagem, os arquétipos e a realidade 
na pólis. Em geral, esses estudos sobre o homem, se encontram nos problemas no 
campo da história e filosofia. Alguns estudiosos acreditam que a Retórica de 
Aristóteles foi escrita como um manual prático que separaria a ética da persuasão. 
Por isso, esses autores afirmam que Aristóteles não teria a retórica como 
fundamentada eticamente. É crucial entender essa obra em seus possíveis 
funcionamentos sociais: Simrell (1928 apud SMITH, 1984, p. 3), por exemplo, afirma 
que a Retórica é como um livro de receitas linguísticas que meramente satisfaz o 
“deturpado” apetite humano, pois, para esse intérprete, se Aristóteles fosse o último 
estudioso de retórica, ela não passaria de um método justificado por uma necessidade 
circunstancial (não por seu valor inerente). 
Comentadores como Fuller (1931 apud SMITH, 1984, p. 3), por outro lado, 
argumentaram que a Retórica encorajava oradores a persuadirem, ainda que sem 
considerarem a ética. Esse comentador sustentou que o tratamento retórico de 
Aristóteles era feito com base na discussão política de sua época e não por um viés 
moral. Hunt (1961 apud SMITH, 1984, p. 3), por sua vez, afirmou que a Retórica é 
completamente separada tanto da moralidade quanto da pedagogia, sendo uma 
análise não moral do processo de persuasão. Oastes (1963 apud SMITH, 1984, p. 3) 
também parece concordar com Hunt, porém aquele é ainda mais contundente ao 
afirmar que a característica mais notável da Retórica seria o imoralismo. 
Como observamos antes, o passado fala na interpretação hermenêutica a 
estrutura atual e ateniense conta a teoria de Aristóteles: são cinco pensar a leitura da 
tradição segundo a dialética do círculo hermenêutico Gadamer.O próprio autor da 
Retórica criticou os manuais que precederam sua obra, pois estes apenas indicavam, 
segundo o filósofo, aquilo que as partes do discurso deveriam conter, mas eles não 
 
 
disseram nada sobre a prova artística que tornaria o leitor hábil em usá-la etimemas. 
Aristóteles define, então, a retórica não como a arte de persuadir, mas antes a 
arte de discernir os meios de persuasão; para ele, a retórica seria “a capacidade de 
descobrir a cada caso com o fim de persuadir” (Aristóteles, Retórica, I, 1356a2). 
Diversos autores leem a Retórica de Aristóteles à luz de outros escritos deste 
autor. Esse procedimento hermenêutico busca a coerência da interpretação à luz de 
textos que distribuído sob o mesmo nome de autor para que a leitura seja influenciada 
pelo tempo e pela história da recepção da obra. 
Segundo William Grimaldi (1987), a noção de persuasão aristotélica fornece 
aos leitores os meios necessários para tomar uma decisão ansiosa”. Aqueles que 
interpretam a Retórica para defender a persuasão a qualquer custo estariam, por 
conseguinte, interpretando-a mal. O estudioso moderno Gill (1984) segue a mesma 
linha de pensamento e procura entender a Retórica em relação a outras obras, como 
a Ética a Nicômaco e a Poética. Há, assim, numerosos julgamentos éticos 
relativamente aos ensinamentos aristotélicos, que se justificam, por vezes, através de 
outros trabalhos atribuídos ao filósofo. 
Aristóteles adverte que existem questionamentos sobre o caráter moral que, se 
feitos, podem perturbá-lo ou criar conflito. Isso ocorre porque, como Aristóteles 
argumenta, os falantes também são julgados por seus julgamentos anteriores, e tais 
julgamentos compõe sua pessoa pública. Sobre a avaliação do locutor, Aristóteles nos 
lembra que o que é usual o que nos faz felizes é o que admiramos nas outras pessoas. 
Para o autor embora há uma hierarquia na retórica, qualidades admiradas. Então nós 
admiramos mais que ama mais seus amigos do que aquele que ama seu dinheiro, 
porque amar seus amigos seria mais virtuoso. 
E ainda, considerando o personagem de Sócrates no Górgias, ele declara que 
seria é mais honroso sofrer injustiça do que cometê-la. Um debate sobre o tema da 
honra seria daí o núcleo da reputação passada. Para Aristóteles, trata-se de hierarquia 
que o orador deve primeiro revelar: o que é mais honroso, então seja foi revelado pela 
primeira vez. Além disso, o falante deve explicar a si mesmo o que os ouvintes acham 
necessário pendência o que o público considera mais respeitável é mais persuasivo 
do que o que é respeitável de fato. 
Determinar a crença do público é útil para uma adaptação bem-sucedida 
construir credibilidade. Assim vemos que o ethos aristotélico não está apenas no 
falante, como Platão e Isócrates parecem argumentar, mas também entre o público. 
 
 
Você pode dizer isso essas considerações estão relacionadas com a tendência 
hermenêutica que estamos discutindo aqui oportunidade: Ambos são destacados 
observando a influência do contexto falar. 
Em sua discussão sobre felicidade e virtude no capítulo V do livro I da Retórica, 
o autor lista os principais atributos que a audiência tende a admirar, que incluem bom 
nascimento, sorte, saúde, beleza, bons amigos, bons filhos, fama, honra, dinheiro e 
bom gosto. Tudo isso seria parte de uma reputação prévia, que é considerada 
constitutiva do ethos pela leitura de Smith (1984, p. 6), que reitera a importância do 
contexto para tal reputação prévia. Por exemplo, um oligarca seria mais admirado em 
Esparta do que em Atenas e um democrata seria mais admirado em Atenas do que 
em Esparta. 
Aristóteles adverte que existem afirmações sobre o caráter moral que, se feitas 
pode perturbá-lo ou criar conflito. Isso ocorre porque, como Stagirite argumenta, os 
falantes também são julgados por seus julgamentos passado e esse seria o pano de 
fundo de sua persona pública. Sobre a avaliação do locutor, Aristóteles nos lembra 
que o que é usual o que nos faz felizes é o que admiramos nas outras pessoas. 
Para o autor embora há uma hierarquia na retórica, qualidades admiradas. 
Então nós admiramos mais que ama mais seus amigos do que aquele que ama seu 
dinheiro, porque amar seus amigos seria mais virtuoso e ainda, considerando o 
personagem de Sócrates no Górgias, ele declara que seria é mais honroso sofrer 
injustiça do que cometê-la. 
Um debate sobre o tema da honra seria daí o núcleo da reputação passada. 
Para Aristóteles, trata-se de hierarquia que o orador deve primeiro revelar: o que é 
mais honroso, então seja foi revelado pela primeira vez. Além disso, o falante deve 
explicar a si mesmo o que os ouvintes acham necessário pendência o que o público 
considera mais respeitável é mais persuasivo do que o que é respeitável de fato. 
Determinar a crença do público é útil para uma adaptação bem-sucedida construir 
credibilidade. 
Assim vemos que o ethos aristotélico não está apenas no falante, como Platão 
e Isócrates parecem argumentar, mas também entre o público. Você pode dizer isso 
essas considerações estão relacionadas com a tendência hermenêutica que estamos 
discutindo aqui oportunidade: Ambos são destacados observando a influência do 
contexto falar podem ser entendidos como extensão ou herança da preceptiva 
retórica. O discurso de um orador se ligaria aos seus feitos prévios e à sua vida 
 
 
pregressa; semelhantemente, uma obra se ligaria a outras obras do mesmo autor e 
àquelas que dividiram com ela a atenção do leitorado em sua história de recepção. 
A forte conexão entre escolha e caráter é também desenvolvida no livro II da 
Ética a Nicômaco, em que Aristóteles (Ética a Nicômaco, II, 3, 1105a) afirma que o 
ato virtuoso reflete um caráter virtuoso apenas quando três condições são satisfeitas: 
(há consciência do ato realizado; as escolhas para realizar tal ato são pessoais e os 
recursos da ação são derivados de um caráter imutável. 
Além disso, o caráter moral seria transmitido através da escolha do estilo a ser 
proferido pelo orador, que é a expressão do caráter, visto que há um estilo apropriado 
para cada estado moral. O estado moral seria um princípio adquirido que se torna um 
hábitopermanente do caráter. Os oradores que escolhem um estilo apropriado ao seu 
estado moral criam um senso de caráter; a seleção de palavras é, igualmente, uma 
forma pela qual o caráter moral é transmitido através da escolha. 
Segundo Jesus (2013, p. 64), para Aristóteles, o “discurso, portanto, deve 
carregar a dramatização de cujo caráter o orador deve ser portador, de modo que o 
éthos se apresenta a Aristóteles como o principal meio de persuasão, apesar de deixar 
patente que o ideal seria o discurso Aristóteles (Retórica, 1388b) também adverte os 
oradores a terem familiaridade com caracteres diferentes na audiência – o jovem, o 
velho, os que estão no auge da vida, os nobres, os ricos e os poderosos. 
Para ajudar os oradores, ele faz uma descrição de cada grupo. Sendo assim, 
uma audiência tem caráter e caracteres. Uma audiência tem um ethos próprio a que 
os oradores devem atender, e aos quais se devem adaptar a fim de elevar seu próprio 
ethos.Além disso, os oradores podem mover a audiência conforme o ethos do orador 
e modificar os hábitos dos ouvintes e seus valores. Embora seja difícil de ser 
alcançado, esse seria o tipo mais poderoso de persuasão (Aristóteles, Retórica, 
1388b). 
 Kennedy (1991, p. 38) resume o conceito de ethos em Aristóteles da seguinte 
forma: para o orador deveria se mostrar, através do seu discurso, um homem de bem 
pois uma pessoa que pareça virtuosa teria maior capacidade de inspirar a confiança 
dos ouvintes a respeito daquilo que fala. Esse seria, portanto, o sentido mais restrito 
de ethos. Cícero, no Orator, refere-se apenas a esse sentido mais amplo e de maneira 
muito en passant: “pois duas são as coisas que, bem empregadas pelo orador, podem 
tornar admirável a eloquência. 
Uma delas, que os gregos chamam ético, é adequada às naturezas, aos modos 
 
 
de proceder e a todos os costumes da vida. Para Cícero, que retoma aqui as ideias 
de Aristóteles, o orador, além de cuidar da parte racional do discurso, ou seja, da 
argumentação demonstrativo, deve desenvolver aspectos discursivos (tanto o que se 
diz quanto o que se faz próprio discurso), que mexem com as emoções dos ouvintes 
e leitores. 
Um daqueles olhares é uma atmosfera que, como sugere a passagem de 
Cícero, é uma manifestação da natureza (natural/ moralidade) por meio da fala do 
falante. Para garantir o sucesso de seu discurso, o orador deve para expressar a 
natureza do discurso de acordo com as circunstâncias, ou seja, de acordo com o 
propósito (Provavelmente temos um legado de novas condições legais aqui na 
estrutura social que a advocacia é uma prática generalizada e institucionalmente 
estabelecida) e ouvintes. No entanto, há algumas vezes em que Arpinat usa a palavra 
grega (ethos). 
Cícero afirma estar particularmente interessado em traduzir não apenas a 
filosofia grega, mas também a filosofia latina. Sua dificuldade é digna de nota é um 
pensador romano que traduziu o conceito grego de ethosix. Cícero se refere à 
natureza e como explicá-lo, provavelmente porque ele pensou que a atmosfera em 
geral era aquela a manifestação da natureza de um indivíduo (natural) através de seu 
caminho de progresso (mais). 
No que diz respeito ao falante, tal manifestação deve ocorrer na fala. Isso é o 
que eu te avisei Aristóteles (Retórica, 1356a): "mas é necessário que [isto é, desperte 
confiança nos ouvintes] é o efeito do discurso, não a opinião prévia de que o falante é 
de certa natureza pessoa". Na chamada Roma republicana, o caráter do cidadão 
desempenhou um papel central tanto em tanto na vida privada como na vida pública 
com impacto significativo oratório latino. Os romanos acreditavam que não apenas 
esse caráter foi essencialmente preservado constante em uma pessoa, que determina 
suas ações, mas também na maioria dos casos o personagem permaneceu o mesmo 
de geração em geração na mesma família. 
É interessante observarmos que não há em nenhum tratado de retórica romana 
que tenha chegado aos nossos dias, ao menos de nosso conhecimento, uma só 
palavra em latim que corresponda diretamente ao grego ethos. No primeiro século 
d.C., Quintiliano, por exemplo, vale-se da palavra grega afirmando não haver um 
equivalente latino: 
 
 
 
Ora, segundo a tradição dos antigos, são dois os modos de persuasão: um é 
chamado pelos gregos de pathos, termo que nós traduzimos corretamente e 
precisamente por afeto (adfectus); o outro é o ethos, termo a que, pelo menos 
em minha opinião, falta equivalência na língua latina – nós o tratamos por 
moralidades (mores) e é disso que vem o fato de aquela parte da filosofia 
ethike ser dita moral. 
Mas tanto Quintiliano quanto Cícero abordam o ethos com as maneiras latinas 
e natural (cf. MAIO, 1988, p. 5), embora Quintiliano (Instit. orat., 6, 2, 9) afirme que 
escritores mais cuidadosos preferiram especificar o significado da palavra em vez de 
traduzi-la. Conforme Scatolin (2009, p. 106), ao usar a palavra conciliare, Cícero 
mudaria o foco da representação do orador para a sua ação. Em uma importante 
passagem do De oratore (II,182), Antônio explicita as características éticas de um bom 
orador: 
Tem muita força, então, para a vitória, que se aprovem o caráter, os 
costumes, os feitos e a vida dos que defendem as causas e daqueles em 
favor de quem as defendem, e, do mesmo modo, que se desaprovem os dos 
adversários, bem como que se conduzam à benevolência os ânimos 
daqueles perante os quais se discursa, tanto em relação ao orador como em 
relação ao que é defendido pelo orador. Cativam-se os ânimos pela dignidade 
do homem, por seus feitos, por sua reputação; pode-se orná-los com maior 
facilidade, se, todavia, existem, do que forjá-los, se absolutamente não 
existem. Ora (Sed), são vantajosos, no orador, a brandura (lenitas) da voz, a 
expressão de pudor no rosto, a afabilidade nas palavras e, se acaso fazes 
alguma reivindicação com maior rispidez, parecer fazê-lo contrariado e por 
obrigação. Exibir sinais de afabilidade, generosidade, brandura, devoção e 
de um ânimo grato, não ambicioso, não avaro, é extremamente útil; e tudo 
aquilo que é próprio de homens honestos, modestos, não de homens 
severos, obstinados, contenciosos, hostis, granjeia enormemente a 
benevolência e a afasta daqueles em que tais elementos não estão 
presentes; sendo assim, esses mesmos elementos devem ser lançados 
contra os adversários de maneira inversa. 
Cícero (De oratore, II, 121 e 128) assinala, assim, que os juízes devem ser 
conquistados pelo orador e, para tanto, faz-se necessária a lenitas. O conceito de 
lenitas é importante na retórica ciceroniana, pois permite estabelecer um ponto de 
contato entre os aspectos éticos e estruturais do discurso (Cf. De orat., II, 64 e Orat., 
53). No que diz respeito à decisão, a lenitas é a qualidade da deliberação sábia e 
misericordiosa dos juízes em relação à justiça (Cf. Part. Orat., 78). 
Para Fantham (1973, p. 263), isso teria uma correspondência bem próxima ao 
conceito aristotélico de ἐπιείκεια, mas em sentido mais geral (Cf, Aristóteles, Retórica, 
1.2. 1356); ἐπιείκεια – razoável, moderado – é um importante elemento para o ideal 
de ethos, no qual Aristóteles define o seu orador. Fantham acredita que a escolha de 
Cícero acerca dos conceitos de lenis e lenitas lhe permitiram incluir conotações 
 
 
estruturais que não estavam presentes na ἐπιείκεια aristotélica. 
Como podemos observar, Cícero revela também nessa passagem as 
características éticas de um bom orador. Na segunda parte de sua fala (iniciada pela 
conjunção adversativa sed), o autor afirma, porém, que mesmo um orador sem tais 
méritos poderia compensar certas deficiências através de recursos como a lenitas. 
Esse recurso seria mais bem aproveitado, portanto, em casos em que há menor 
possibilidade de se inflamar o ânimo dos juízes. Antônio diz ainda que o orador que o 
fizer terá um poder maior do que a própria causa em si (FANTHAM, 1973, p. 265).Uma 
grandediferença entre o que afirma Cícero do que afirma Aristóteles sobre o caráter 
do orador reside no fato de que, para Aristóteles, o ethos do cliente não era importante, 
visto que o orador desenvolvia seu discurso em primeira pessoa. Sendo assim, 
quando Aristóteles (Retórica, II, 1, 1355a-1356a) afirma que o ethos do orador é o 
elemento mais importante em uma defesa, ele não está considerando o cliente, ou 
qualquer outra parte, na defesa. 
Isso porque, na oratória forense grega, era o próprio acusado que proferia o 
seu discurso (por vezes, poderia inclusive recorrer a um discurso escrito por outrem) 
Cícero, então, adapta seu conceito à oratória romana, na qual as figuras do orador e 
do cliente estão presentes e são igualmente importantes em seu contexto.Desse 
modo, o conciliare de Cícero tinha a função de criar confiança (facere fidem) tanto 
para o caráter e atitudes do defensor (patronus) quanto de seu cliente (Cf. MAY, 1988, 
p. 6). A escolha do verbo conciliare nos parece, assim, muito apropriada para isso, 
como também para outras categorias de prova, justamente por se tratar de um verbo 
tão geral. 
 Isso evita a distinção entre o papel descritivo da prova “ética” e o papel emotivo 
da crença pelos ouvintes (πιστις δια των ακροατων). Assim, o conceito de ethos 
apresentado pelo Arpinate tem um caráter muito mais amplo do que aquele 
apresentado por Aristóteles: trata-se de um ethos atento e mais complexamente 
associado ao discurso. Além disso, não é difícil entender por que a autoapresentação 
do orador significaria a aquisição de credibilidade para o cliente (Cf. JESUS, 2013, p. 
63), já que, em tese, o trabalho do advogado era tido como um favor pessoal. 
No que diz respeito ao ethos dos poetas, Cícero, em suas poucas ponderações 
sobre esta questão que chegaram até nós, parece não distinguir a persona poética do 
autor empírico.Embora o Arpinate tenha escrito, ele próprio, poesia amorosa, muitas 
são as críticas, em seus textos preceptivos e não preceptivos, que confundem essas 
 
 
duas instâncias. Como afirma Vasconcellos (2010, p. 112), devemos, no entanto, estar 
atentos para o fato de que Cícero, assim como prescreveu em sua obra retórica que 
o orador deveria adaptar seu ethos a seu discurso e a sua audiência, poderia também 
adaptar sua persona a cada escrito seu em acordo com o que lhe parecia mais 
adequado. 
Acreditamos que o ethos e a hermenêutica podem nos orientar a pensar a 
questão do ego, o eu-lírico ou eu-poético na poesia antiga, como já discutimos, com 
certeza. Os conceitos de grego e latim parecem se separar e outros adotam a ideia 
de um escritor que misturar em seu texto. Diferentes noções de autoria xvii parecem 
se entrelaçar velha ideia como aponta Vasconcellos (2010, pp. 115-116), Veyne e sua 
obra polêmica parece introduzir uma ideia sedutora de poesia feita de erudição, muito 
mais do que vida. 
 A dignidade do especialista é enfatizada diante da riqueza do texto denso e 
belo saturação de código. Ao mesmo tempo é também um texto triste e frio, pois é 
completamente cortado. O teórico literário Compagnon (1998) considera que o autor 
da obra não teria seu monopólio de sentido, mas também que não se afaste do objeto 
que inventou: o autor seria a dimensão da literatura. Essa é praticamente a direção 
que podemos enfrentar o antigo conceito de autoria. 
Para colocar Veyne em perspectiva, também há algum respeito observação de 
autoridades antigas: o ethos de Aristóteles, como mostrado, não deriva de uma um 
buraco negro, apenas da vida humana, da vida do escritor e de seu texto. De jeito 
nenhum defenderíamos aqui uma biografia romantizada, mas também não 
poderíamos aceitá-la Aspectos mais extremos do estruturalismo francês, como 
Roland Barthes (1984), pelo autor falecido e excluído do quadro interpretativo. 
Como nos tempos antigos, temos uma compreensão inequívoca da relação 
entre o autor e seu discurso: no estudo documentários culturais, a Antiguidade nos 
encontra, contemporâneos. De uma perspectiva hermenêutica, nossas dúvidas sobre 
nossos preconceitos (preconceitos) respeito pelo trabalho é realmente uma obrigação 
tão compreensiva funcionalidade para criar e distribuir discursos antigos é essencial. 
Você pode dizer depois de um pouco de reflexão, que existem ambiguidades 
no funcionamento da cultura escrita antiga semelhante ao nosso: as próprias 
autoridades antigas responderam à pergunta de maneira diferente. Uma pergunta 
sobre a relação entre o autor e sua escrita. 
Com isso em mente, até faz sentido um profundo problema hermenêutico dos 
 
 
objetos culturais (especialmente os antigos) completo, não é um ponto de vista 
completamente ingênuo e outro completamente saber se é sobre a organização 
interna e os botões formados pela organização vamos falar sobre exógeno. 
Mas defendemos que há também uma dialética semelhante à atual a proposta 
de Gadamer para um círculo hermenêutico: é possível que o interior de um texto conte 
aspectos essenciais e gerais de antigas práticas alfabéticas, também é possível 
conhecimento geral e científico de assuntos e códigos pode informar o leitor moderno 
para um texto, reciprocamente. Se tomarmos um exemplo típico como a poesia de 
Ovídio, sua atividade em Roma muitas vezes se torna um tópico de discussão. No 
entanto, cabe ao tradutor determinar sua localização a ressonância dialética do texto 
que a poesia e a vida de uma nação podem suscitar a seu favor da interpretação de 
sua obra, porque a poesia, como qualquer produto humano deixado para trás na terra, 
não é feito não só de arte, mas também de vida. 
3.1 Relação de pertencimento com o ethos cultural 
As bases que compõem a ética das virtudes, só fazem sentido quando 
articuladas à vivência de cada pessoa, sendo preciso considerar a especificidade da 
história de cada povo. Estas questões do reconhecimento entre diferentes culturas 
são difíceis de serem identificadas diretamente a partir das obras de Aristóteles, tendo 
em vista que a noção de cultura foi desenvolvida apenas no século XIX. 
 Contudo, mesmo que o termo cultura não tenha sido utilizado de forma literal 
na Grécia Antiga, havia uma extensa tradição de se transmitir os legados sobre as 
artes, a ética, a política, a filosofia e hábitos que se difundiram ao longo de gerações. 
Os costumes que foram herdados ao longo de séculos, propiciaram o que os 
modernos chamariam de cultura, sendo, portanto, pertinente vincular a temática da 
cultura aos estudos da filosofia moral. 
Como, sob este ponto de vista a consciência histórica é capaz de revisar a 
própria história e as interpretações das teorias do conhecimento, é necessário que um 
estudo sobre A ética esteja fundamentado em observações e análises sobre a 
interação entre as culturas. Isto reforça a ideia de que os valores são construídos e 
modificados ao longo do tempo, o que conduz à compreensão de que a ética é 
extensiva à cultura. 
Jamais poderá será possível entender um ethos considerando apenas o 
 
 
individual, pois os costumes se configuram na história da coletividade, em um sistema 
de tradições, rituais e valores, sendo algo que está arraigado nas formações sociais. 
Por isto, a ética é mais do que um saber para o indivíduo, já que se efetiva tão somente 
no âmbito das relações de pertencimento coletivo. 
 No entendimento de tais questões deve-se considerar a existência de relações 
de poder que se desdobram na emergência de um ethos dominante que se sustenta 
como moral universal, tendendo a definir para o conjunto das relações sociais uma 
visão própria sobre o dever ser e perceber o mundo. É importante perceber que a 
proposta de reinterpretar a ética e a virtude, envolve uma proposta educativa, cuja 
responsabilidade é fazer com que as pessoas se tornem mais sensíveis em relação 
aos valores éticos, entendendo o ser humano como único, ou seja, que o ensino da 
ética das virtudes no campo educação, possaser iniciada por meio de grandes temas, 
como a liberdade, a política, a convivência com as diferenças, que permitem reflexões 
sobre como essas questões foram pensadas em diferentes épocas, encaminhando à 
compreensão de tais conceitos em relação à experiência de cada aluno. 
A ética das virtudes abrange as dimensões das singularidades nos processos 
formativos, seja na condição de aluno, seja na condição de professor, desenvolvendo 
um processo de construção coletiva, no qual aquele que ensina e aquele aprende 
estão imersos em trocas de experiências. Esta disposição é crucial, considerando a 
formação como uma possibilidade de desenvolver as capacidades de alunos e 
professores. Quando se trata de relacionar ética e cultura, as principais questões que 
emergem sobre tais temas, envolvem duas perspectivas antagônicas. 
A primeira corrobora o monoculturalismo cultural, situação em que o choque 
entre as diferentes culturas, representa uma ameaça aos valores iluministas do 
Ocidente. A resposta etnocêntrica defenderia que as instituições públicas, não 
poderiam reconhecer as outras identidades (CESAREO, 2002). Agrega-se a isto, por 
outro lado, pressupostos do relativismo cultural, cuja direção é a de negar que uma 
comunidade local aspirasse a uma universalidade. Acrescenta, ainda, os argumentos 
segundo os quais negação do 104 compartilhamento dos ethos, preservaria as 
culturas de sua fragmentação. 
O simulacro destes binômios estaria composto por desacordos epistemológicos 
e morais, razão pela qual as bases destas argumentações partiriam de diferentes 
tradições sobre um mesmo problema. Esta condição de encontro entre culturas, ilustra 
como diferentes contextos históricos podem culminar em dificuldades na aplicação 
 
 
dos sentidos originários dos conceitos. Mesmo que um exercício analítico seja 
indispensável, um dos problemas em categorizar outra cultura, diz respeito a uma 
dedução de pressupostos universais a todas as normas de eticidade. 
Cada cultura desenvolve seu próprio ethos, transmitindo valores específicos 
que promovem a convivência em comunidade. Em diferentes séculos, as releituras da 
filosofia moral pouco debateram a ideia de cultura, seja por conta dos condicionantes 
históricos, seja por conta dos objetivos em se construir grande sistemas teóricos 
generalizantes, objetivando dar ênfase às grandes narrativas. 
Contudo, este olhar para o ethos local, deveria ser algo muito pertinente para a 
filosofia moral, que ignorou, desconheceu ou negligenciou um olhar sobre as 
comunidades locais, formando uma visão unilateral ao enfatizar uma perspectiva 
etnocêntrica sobre os costumes de cada povo. 
 Desse modo, não compete apenas à filosofia pensar a importância de uma 
ética delimitada, evitando um saber acabado e único para definir a realidade de cada 
éticalocal. O campo da ética deve ser composto por uma convergência de saberes e 
debates interdisciplinares, podendo se articular a outros ramos do conhecimento. 
 A busca para compreender a ética em diferentes culturas, envolve a descrição 
filosófica de uma realidade desconhecida, ou melhor, se trata de uma realidade a ser 
conhecida. A proposta de contribuir com a formação de professores, ao elucidar as 
categorias de ética e virtude, não objetiva certeza ou assepsia teórica, pois se trata 
de percurso sinuoso no campo político-social, envolvendo problemas que tangenciam 
reformulações sobre a ética em sala de aula. 
4 ÉTICA MEDIEVAL 
A ética medieval tinha a função de ordenar a vida pessoal e social por meio de 
um conjunto de virtudes, visando à busca da paz e da felicidade. Uma, a paz, 
entendida como modo de viver em comunidade, remetendo para a dimensão política; 
outra, a felicidade, como fim do ser humano, valorando a ação como transcendência.A 
prática da virtude exige o hábito de moldar o caráter virtuoso, dotando-o de dignidade, 
responsabilidade e autonomia, e alinhando-o no horizonte da paz e da felicidade. 
Embora a ética tenha desaparecido dos currículos universitários porque sua existência 
foi obscurecida pela metafísica e pela lógica, ela é fundamental para a visão de mundo 
 
 
ocidental, e seus pilares e direções estão sendo revisitados com vistas ao bem comum 
(DUARTE, 2021). 
A ética é a área que resta do medievo com pertinência mais atual. Sem dúvida 
um sinal dos tempos, de ordenação relativizada, débil e manipulável. Na perspetiva 
da filosofia e da educação não são modelos ou bandeiras nostálgicas que se procuram 
na ética medieval; são razões, fundamentos e sentidos para compreender o ser 
humano agindo no mundo, muitas vezes em contracorrente (VIERIA, 2021). 
Mas são também a razão, o sentido e o fundamento para recordar as liberdades 
que a ética exige. Essa é a condição para que as pessoas questionem suas relações 
consigo mesmas, com os outros (humanos ou não) e com o mundo (CHAVES-
TANNÚS, 2020). 
A ética filosófica cristã não surgiu do nada. Os filósofos medievais foram fortemente 
influenciados pelos grandes filósofos gregos pagãos e escolas filosóficas como os 
estóicos, aristotélicos e platônicos (FRIAS, 2020; VASCONCELOS, 2022). 
Os filósofos cristãos acolheram as teorias éticas antigas que podiam ser 
harmonizadas com a fé cristã. Podemos dizer, por isso, que a ética cristã é 
uma síntese do pensamento filosófico grego com o pensamento cristão.Os filósofos 
medievais cristãos adotaram os clássicos conceitos éticos dos gregos, tais como: 
felicidade;alma;bem;mal;virtude;liberdade.Estes conceitos gregos e muitos outros 
foram adaptados com os conceitos éticos e religiosos do cristianismo como pecado, 
graça, salvação, caridade, etc (PÁTARO e DE ARAÚJO, 2021). 
4.1 As características da Ética Medieval 
A principal característica da ética medieval é ser fundamentada na cosmovisão 
cristã. Ela se distingue, portanto, da ética grega antiga nos seguintes aspectos: 
• Distanciamento das coisas do mundo: na ética medieval cristã, o fim último do 
homem deixa de estar neste mundo. Os filósofos medievais defendiam que o 
amor a Deus era a principal condição para o homem alcançar a perfeição moral; 
• Valorização da subjetividade: a ética medieval dá ênfase ao aspecto subjetivo 
humano, por isso, conceitos como liberdade e intenção serão fundamentais 
para ela. Diferente da ética antiga em que o homem grego estava estritamente 
https://www.filosofiadoinicio.com/2021/09/etica-grega-antiga.html
 
 
relacionado com a pólis, a ética cristã valorizará a relação entre os indivíduos 
e Deus. 
4.2 A antropologia da queda 
Os povos medievais acreditavam que as leis e os regulamentos eram feitos por 
Deus. De acordo com a ética cristã, fazer o mal significava quebrar os mandamentos 
de Deus. 
A ética medieval cristã defendia que o homem era um ser caído devido ao 
pecado original, cometido por Adão. 
Portanto, a vontade do homem era fraca para cumprir perfeitamente as leis de 
Deus. Para que um homem caído obtenha a salvação, ele deve viver uma vida santa. 
4.3 Os principais representantes da ética medieval 
 
• Santo Agostinho: este importante filósofo medieval teve como principal 
influência a filosofia de Platão; 
• São Tomás de Aquino: o Doutor Angélico, como é chamado Tomás, elaborou 
sua filosofia tendo como base a filosofia de Aristóteles; 
• Pedro Abelardo: renomado lógico medieval, Abelardo inovou a ética cristã 
dando ênfase na intenção do indivíduo, não apenas na ação. 
4.4 Santo Agostinho: o livre arbítrio 
O conceito ético mais importante desenvolvido por Santo Agostinho é o do livre-
arbítrio. Deus deu ao homem o dom da liberdade. As ações humanas não são 
determinadas pelo destino fatal, mas sim pela vontade de cada um.Visto que Deus é 
infinitamente bom, a ideia de livre arbítrio também é importante para explicar como o 
mal pode existir nas criações de Deus. Agostinho argumenta que o mal existe 
justamente para a liberdade.O homem pode escolher se aproximar ou se afastarde 
Deus (ESCOBAR, 2021). 
O afastamento de Deus é, para Agostinho, o mal . O mal, que é uma ação 
contrária à vontade Divina, será definido como pecado. O pecador é aquela pessoa 
https://filosofiadoinicio.com/2022/03/santo-agostinho.html
 
 
em que o corpo domina a alma. Além disso, Agostinho afirma que aqueles que vivem 
em pecado abusam de sua liberdade e se tornam escravos. Por outro lado, aqueles 
que levam uma vida que satisfaz a vontade de Deus são verdadeiramente livres. 
Para Agostinho, a alma é criação de Deus e é superior ao corpo. A alma 
deve dominar o corpo para a prática do bem.O conceito de livre arbítrio mostra 
como a subjetividade é importante para a ética medieval. A liberdade na ética antiga 
centrava-se na relação entre os seres humanos e a sociedade. No pensamento 
cristão, a liberdade é entendida como um meio de agir de acordo com o código de 
Deus. 
4.5 São Tomás de Aquino 
Tomás de Aquino foi um dos maiores filósofos medievais, ele conseguiu 
harmonizar a filosofia aristotélica com o pensamento cristão, por isso, muito de sua 
ética se deve à Aristóteles. Tomás concorda com Aristóteles que o fim último do 
homem é a felicidade, mas não concorda que a felicidade seja alcançada através da 
contemplação. Para o filósofo medieval, Deus é a fonte dessa felicidade. 
4.6 Pedro Abelardo 
A ética de Pedro Abelardo é chamada “Ética da intenção”. 
Para ele, todas as ações humanas devem ser consideradas neutras, indiferentes. É a 
vontade de uma pessoa que decide se uma ação é boa ou má. Por exemplo, uma 
pessoa que faz caridade com o propósito de se exibir está agindo de forma imoral. As 
ações não fazem parte da ética de Abelardo. A intenção é a chave para determinar a 
ação. Uma pessoa forçada a fazer algo errado não peca, a menos que tenha essa 
intenção. O pecado, portanto, nasce do consentimento ao ato praticado. 
4.7 Renascimento e Humanismo 
O humanismo foi um movimento intelectual que se manifestou nas artes e na 
filosofia. Os filósofos humanistas tinham o objetivo de trazer à tona questões 
relacionadas com o universo humano, afastando-se do pensamento teocêntrico da 
época anterior, a Idade Média. 
 
 
Trata-se, portanto, do rompimento de paradigmas, buscando assim, uma nova 
forma de compreender o mundo, a partir de diversos questionamentos realizados 
pelos filósofos da época. Com o desenvolvimento do cientificismo e a corrente do 
empirismo, a verdade passou a ser percebida não apenas como vinda de Deus, mas 
também como resultado do pensamento e da reflexão sobre a condição humana no 
mundo. 
O Renascimento foi um movimento artístico e filosófico que teve início no 
século XV na Península Itálica e que aos poucos, foi se espalhando pelo continente 
europeu.Esta nova visão de mundo surge quando o sistema feudal começa a se 
enfraquecer. A terra passa a perder valor e o comércio será a atividade mais lucrativa. 
Com o crescimento comercial surge uma nova classe social, a burguesia e o 
renascimento reflete essas mudanças (PÁTARO e DE ARAÚJO, 2021). 
Ao mesmo tempo, com a revalorização dos textos da Antiguidade Clássica, a 
ciência ganha um novo impulso. As pesquisas de cientistas como Copérnico, Galileu, 
Kepler, Newton, etc., vieram confrontar diversos dogmas da Igreja Católica, que aos 
poucos, foi perdendo influência, sobretudo com a reforma protestante.Podemos 
perceber que o Renascimento foi um importante período de transformação social, 
cultural, política e econômica que influenciou o pensamento da época. 
Na área da educação, a expansão de diversas escolas e universidades foram 
essenciais para a difusão do humanismo renascentista. Foram incluídas disciplinas 
como a filosofia, língua grega, poesia, e assim, se produz a expansão do humanismo 
pela Europa.Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica e gerado pelas 
modificações estruturais da sociedade, resultou na reformulação total da vida 
medieval, dando início à Idade Moderna. 
Florença, a cidade italiana considerada “Berço do Renascimento”O 
Renascimento originou-se na Itália, devido ao florescimento de cidades como Veneza, 
Gênova, Florença, Roma e outras.Enriqueceram com o desenvolvimento do comércio 
no Mediterrâneo, criando uma rica burguesia comercial e, no processo de afirmação 
social, dedicaram-se às artes juntamente com alguns príncipes e papas. 
4.8 Cultura Renascentista 
A cultura renascentista teve quatro características marcantes, a saber: 
 
 
 
• Racionalismo – os renascentistas estavam convictos de que a razão 
era o único caminho para se chegar ao conhecimento, e que tudo podia 
ser explicado pela razão e pela ciência. 
• Experimentalismo – para eles, todo conhecimento deveria ser 
demonstrado através da experiência científica. 
• Individualismo – nasceu da necessidade do homem conhecer a si 
próprio, buscando afirmar a sua própria personalidade, mostrar seus 
talentos, atingir a fama e satisfazer suas ambições, através da 
concepção de que o direito individual estava acima do direito coletivo. 
• Antropocentrismo – colocando o homem como a suprema criação de 
Deus e como centro do universo. 
4.9 O Humanismo Renascentista 
O humanismo foi um movimento de glorificação do homem e da natureza 
humana, que surgiu na Itália em meados do século XIV.O ser humano, a mais perfeita 
criação do Criador, foi capaz de compreender, modificar e até dominar a natureza. O 
pensamento humanista provocou uma revolução na educação universitária com a 
introdução de disciplinas acadêmicas como poesia, história e filosofia 
(VASCONCELOS, 2022). 
Os humanistas buscaram interpretar o cristianismo baseando-se nos escritos 
de autores antigos como Platão. O estudo dos textos antigos estimulou o gosto pelos 
estudos históricos e o conhecimento de línguas clássicas como o latim e o grego.A 
partir do século XIV, ao mesmo tempo que os renascentistas se dedicavam ao estudo 
das línguas clássicas, diferentes dialetos davam origem às línguas nacionais.Gestado 
nessa época, o humanismo se tornou referência para muitos pensadores nos séculos 
seguintes, inclusive para os filósofos iluministas do século XVIII. 
4.10 Renascimento Literário 
O Renascimento deu origem a grandes gênios da literatura, entre eles: 
 
• Dante Alighieri: escritor italiano autor do grande poema “Divina 
Comédia“. 
https://www.todamateria.com.br/racionalismo/
https://www.todamateria.com.br/antropocentrismo/
https://www.todamateria.com.br/humanismo-renascentista/
https://www.todamateria.com.br/humanismo/
https://www.todamateria.com.br/o-principe-de-maquiavel/
https://www.todamateria.com.br/a-divina-comedia/
https://www.todamateria.com.br/a-divina-comedia/
 
 
• Maquiavel: autor de “O Príncipe“, obra precursora da ciência política 
onde o autor dá conselhos aos governadores da época. 
• Shakespeare: considerado um dos maiores dramaturgos de todos os 
tempos. Abordou em sua obra os conflitos humanos nas mais diversas 
dimensões: pessoais, sociais, políticas. Escreveu comédias e tragédias, 
como “Romeu e Julieta“, “Macbeth“, “A Megera Domada“, “Otelo” e 
várias outras. 
• Miguel de Cervantes: autor espanhol da obra “Dom Quixote“, uma 
crítica contundente da cavalaria medieval. 
• Luís de Camões: teve destaque na literatura renascentista em 
Portugal, sendo autor do grande poema épico “Os Lusíadas“. 
4.11 Renascimento Artístico 
No século XVI, o principal centro de arte renascentista passou a ser Roma. Os 
principais artistas plásticos do renascimento foram:Leonardo da Vinci: Matemático, 
físico, anatomista, inventor, arquiteto, escultor e pintor, ele foi um gênio absoluto. 
A Mona Lisa e A Última Ceia são suas obras primas. 
Rafael Sanzio: foi um mestre da pintura, famoso pela doçura de suas 
madonas. A Madona do Prado foi considerada a mais perfeita. Michelangelo: artista 
italiano cuja obra foi marcada pelo humanismo. Além de pintor foi um dos maiores 
escultores do Renascimento. Entre suas obras destacam-se a Pietá, David, O

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