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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA 
TRADUÇÃO 
 
 
 
 
 
BRENNO BARROS DOUETTES 
 
 
 
 
 
A TRADUÇÃO NA CRIAÇÃO DE SINAIS-TERMOS 
RELIGIOSOS EM LIBRAS E UMA PROPOSTA PARA 
ORGANIZAÇÃO DE GLOSSÁRIO TERMINOLÓGICO 
SEMIBILÍNGUE 
 
 
 
 
 
 
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Florianópolis 
 2015 
1 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 
GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA 
 
TERMOS 
RELIGIOSOS EM LIBRAS E UMA PROPOSTA PARA 
OSSÁRIO TERMINOLÓGICO 
 
1 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA 
TRADUÇÃO 
 
 
Brenno Barros Douettes 
 
 
 
A TRADUÇÃO NA CRIAÇÃO DE SINAIS-TERMOS 
RELIGIOSOS EM LIBRAS E UMA PROPOSTA PARA 
ORGANIZAÇÃO DE GLOSSÁRIO TERMINOLÓGICO 
SEMIBILÍNGUE 
 
 
 
Dissertação apresentada à Banca 
Examinadora do Programa de Pós-
graduação em Estudos da Tradução da 
Universidade Federal de Santa 
Catarina como parte dos requisitos 
para obtenção do título de Mestre em 
Estudos da Tradução. 
 
 
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ronice Müller de Quadros. 
 
Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Sandra Patrícia de Faria do Nascimento. 
 
 
Área de Concentração: Processos de Retextualização. 
 
Linha de Pesquisa: Lexicografia, Tradução e Ensino de Línguas. 
 
 
 
 
 
 Florianópolis 
 2015 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, 
 por meio do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC. 
 
 Douettes, Brenno Barros 
 A tradução na criação de sinais-termos religiosos em 
 libras e uma proposta para organização de glossário 
 terminológico semibilíngue / Brenno Barros Douettes ; 
 orientadora, Ronice Müller de Quadros ; coorientadora, 
 Sandra Patrícia de Faria do Nascimento. - Florianópolis, SC, 
 2015. 
 438 p. 
 
 Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa 
 Catarina, . Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução. 
 
 Inclui referências 
 
 1. Estudos da Tradução. 2. Libras. 3. Glossário 
 Terminológico Semibilíngue. 4. Lexicografia. 5. Estudos da 
 Tradução. I. Quadros, Ronice Müller de. II. Nascimento, 
 Sandra Patrícia de Faria do. III. Universidade Federal de 
 Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Estudos da 
 Tradução. IV. Título. 
 
3 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, meus pais, irmãos, familiares e 
amigos que de muitas formas me 
incentivaram e ajudaram para que fosse 
possível a concretização deste trabalho. 
7 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus por ter um propósito para a minha vida desde o 
nascimento até hoje, por iluminar meu caminho e me dar forças para 
seguir em frente. 
Aos meus pais pelo amor, apoio e educação, base para minha 
vida, que me permitiu conseguir a conquista de hoje. 
Aos meus irmãos, pelo amor, respeito, apoio e compreensão, 
apesar da distância. 
Às minhas orientadoras Ronice Müller de Quadros e Sandra 
Patrícia de Faria do Nascimento pela objetividade, competência, 
paciência e clareza na orientação da presente dissertação. 
Aos professores que participaram da minha banca de Exame de 
Qualificação e Defesa de dissertação de mestrado, Professor Doutor 
Felipe Venâncio Barbosa, Professora Doutora Janine Soares de Oliveira, 
Professora Doutora Maria Lúcia Vasconcellos e Professora Doutora 
Marianne Stumpf, pelas sugestões para a melhoria deste trabalho. 
A todos os professores do curso de Pós-graduação em Estudos da 
Tradução, pelos ensinamentos que ampliaram minha pesquisa que 
resultou neste trabalho. 
A todos os intérpretes de Libras que me auxiliaram por meio da 
interpretação, durante as aulas do curso de Pós-graduação em Estudos 
da Tradução. 
À turma do mestrado 2013, pelo companheirismo, apoio e por 
todos os momentos maravilhosos que passamos juntos. 
Aos amigos ouvintes Felipe Barbosa, Janice Temoteo, Neusa 
Pajewski, Ronaldo Quirino, Susan Punchard e à amiga surda Sílvia 
Andreis Witkoski que, de diversas formas, contribuíram para a 
construção deste trabalho. 
Aos grandes amigos, a ouvinte, Lois Irene Broughton e o surdo, 
Marcos Kleber, do Instituto Expressão Surda, pelo incentivo, pela 
paciência, pelo apoio na validação da tradução dos conceitos de sinais-
termos bíblicos e na filmagem em estúdio. 
Ao meu mentor e consultor linguístico, Robert Van Zyl, da 
Sociedade Internacional de Linguística, pelo apoio e incentivo em meus 
estudos e treinamento. 
À organização, The Seed Company, pelo apoio financeiro aos 
meus estudos e treinamento. 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Passará o céu e a terra, porém as 
minhas palavras não passarão. 
Jesus Cristo (Marcos 13:31) 
11 
 
RESUMO 
 
 
Este trabalho discute a terminologia religiosa construída em Língua de 
Sinais Brasileira, sob o viés dos Estudos da Tradução, dos Estudos da 
Léxico-terminologia, à luz das explicações semânticas e conceituais. 
Entre os autores estudados com o objetivo de fundamentar esse estudo 
encontram-se Barnwell (2011), Carvalho (2001), Faulstich (1995), 
Faria-Nascimento (2006, 2009), Gouadec (1990), Larsen (2001), Nida 
(1964), Quadros; Karnopp (2004), Segala (2010), Stone (2009), 
Vasconcellos (2010), William e Chesterman (2002), entre outros. 
Selecionamos três manuais, 1 da religião Católica Apostólica Romana - 
Linguagem das Mãos (Oates, 1969), 1 da religião Evangélica 
(denominação Batista) - Clamor do Silêncio (JMN, 1991) e outro das 
Testemunhas de Jeová - Linguagem de Sinais (TJ, 1992). Extraímos 
desses os termos religiosos neles presentes, prosseguimos a uma análise 
desses sinais-termos, incluindo reflexões sobre os principais problemas 
da tradução (Português para Libras), a interferência cultural de cada 
religião no processo de tradução dos léxicos do Português para Libras. 
Apresentamos uma tabela síntese comparativa entre os sinais-termos 
encontrados nas três obras. Nessa tabela foi incluída a quantidade total 
de verbetes encontrados em cada obra e a ocorrência dos sinais-termos 
similares em três delas, em duas delas ou em apenas um dos manuais, 
além dos sinais-termos que são diferentes nas três obras. Inserimos esses 
valores em termos de porcentagem. Finalizamos a dissertação com uma 
proposta para organização de um glossário semibilíngue com sinais-
termos religiosos e afins, com uma apresentação aos consulentes de 
verbetes elaborados em Libras e em Língua Portuguesa. Assim, 
apresentamos um modelo de glossário de sinais-termos bíblicos, a partir 
de uma lista de 93 sinais-termos bíblicos, que vêm acompanhados de 
seus respectivos conceitos e exemplos. Estes 93 sinais-termos, estão 
todos listados no menu do DVD e possuem uma versão Web. Para 
elaborar a amostra de sinais-termos incluídos no modelo foi escolhida a 
categoria “Personagens bíblicos e sua história”, entre as que foram 
elencadas no trabalho e com o objetivo de mostrar visualmente a 
proposta, optamos pela organização desses sinais-termos em ordem 
alfabética. 
 
Palavras-chave: Libras. Glossário Terminológico Semibilíngue. 
Léxicos Religiosos. Estudos da Tradução. Lexicografia. 
13 
 
ABSTRACT 
 
 
This paper discusses the religious terminology used in Brazilian Sign 
Language, from the perspective of Translation Studies, Lexical 
Terminology Studies, and in light of semantic and conceptual 
explanations. Among the authors analyzed in order to support this study 
are Carvalho (2001),Faulstich (1995), Faria-Nascimento (2006, 2009), 
Gouadec (1990), Larsen (2001), Nida (1964), Quadros; Karnopp (2004), 
Segala (2010), Stone (2009), Vasconcellos (2010), William and 
Chesterman (2002), among others. We have selected three Sign 
Language Manuals: Roman Catholic - Linguagem das Mãos (Oates, 
1969), Christian Evangelical (Baptist) - Clamor do Silêncio (JMN, 
1991) and Jehovah’s Witness - Linguagem de Sinais (JW, 1992). 
Weextracted the religious terms contained therein, then made an 
analysis of these sign-terms, including reflections on the main problems 
of translation (Portuguese to Brazilian Sign Language - Libras), and the 
cultural impact of each religion on the translation process of Portuguese 
lexicons to Brazilian Sign Language (Libras). We have presented a 
comparative summary table of the sign-terms contained in the three 
manuals. In the table we have included the total amount of entries found 
in each manual and the occurrence of sign-terms that are similar in all 
three, or in only two of them, and sign-terms which occur in just one of 
the manuals, as well as the sign-terms which are completely different in 
all three. We have included these values in percentage terms. We 
conclude this paper with a proposal on how to organize a semi-bilingual 
glossary containing religious and related sign-terms, with a presentation 
that others can consult as a resource, in Libras (Brazilian Sign 
Language) and in the Portuguese Language. Thus we present a model 
glossary of biblical sign-terms, from a list of 93 sign-terms, which are 
accompanied by their respective concepts and examples. These 93 sign-
terms are all listed in the DVD menu and are also available in a Web 
version. To create the sample of sign-terms included in this model we 
chose the category “Biblical characters and their stories”, one among 
other categories covered in the research, and, with the objective of 
visually showing the proposal, we opted to organize these sign-terms 
alphabetically. 
 
Keywords: Libras (Brazilian Sign Language). Semi-bilingual Glossary 
of Terms, Religious Lexicons.Translation Studies and Lexicography. 
15 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 - Mapeamento dos Estudos da Tradução ................................ 44 
Figura 2 - Áreas dos Estudos da Tradução – St. Jerome 
Publishing Ltd. ...................................................................................... 45 
Figura 3 - Livro Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos ............ 60 
Figura 4 - Sinais-termos religiosos da obra de Flausino José da 
Gama ..................................................................................................... 61 
Figura 5 - Oração do Pai Nosso em ASL .............................................. 63 
Figura 6 - Ilustração do site de Tradução da Bíblia em Língua de 
Sinais Espanhola / Língua de Sinais Catalã .......................................... 64 
Figura 7 - Vídeo de sete dias de criação de Deus em Língua de 
Sinais Espanhola / Língua de Sinais Catalã .......................................... 64 
Figura 8 - Sinal-termo de Davi em Língua de Sinais Espanhola / 
Língua de Sinais Catalã ......................................................................... 65 
Figura 9 - A Bíblia em Libras - Carta de Paulo aos Colossenses .......... 66 
Figura 10 - As Parábolas de Jesus em Libras ........................................ 67 
Figura 11 - Livretos Aventuras da Bíblia em Libras - volumes 1e 2 
e DVDs .................................................................................................. 68 
Figura 12 - Sinal-termo de Moisés ........................................................ 69 
Figura 13 - Sinal-termo de Sansão ........................................................ 70 
Figura 14 - Sinal-termo de Jesus ........................................................... 70 
Figura 15 - Sinal-termo de ovelhas ....................................................... 70 
Figura 16 - The New Testament - The Bible: ASL Version ................. 71 
Figura 17 - Big Bible Stories – American Sign Language .................... 72 
Figura 18 - Recorte do vídeo de contação da história de Abraão 
em ASL ................................................................................................. 72 
Figura 19 - Vídeos via aplicativo Deaf Bible ........................................ 74 
Figura 20 - Vídeo de uma das histórias bíblicas das Testemunhas de 
Jeová pelo tablet .................................................................................... 75 
Figura 21 - Recorte do vídeo do livro de Mateus traduzido em 
Libras .................................................................................................... 76 
Figura 22 - Sinal-termo de Espírito Santo em Libras ............................ 84 
Figura 23 - Ilustração das capas do livro Linguagem das Mãos de 
Oates ...................................................................................................... 85 
Figura 24 - Capa do livro Linguagem de Sinais do Brasil, de 
Hoemann, Oates e Hoemann ................................................................. 87 
Figura 25 - Vocabulário de sinais-termos de religião do livro 
Linguagem de Sinais ............................................................................. 88 
16 
Figura 26 - Vocabulário de sinais-termos de religião do livro 
Linguagem de Sinais ............................................................................. 89 
Figura 27 - Capa do Manual de sinais bíblicos da Junta de 
Missões Nacionais ................................................................................ 90 
Figura 28 - Sinal-termo de Esaú do Manual de sinais bíblicos da 
Junta de Missões Nacionais .................................................................. 91 
Figura 29 - Capas do livro Linguagem de Sinais das Testemunhas 
de Jeová ................................................................................................. 92 
Figura 30 - Sinal-termo de Eva do livro Linguagem de Sinais ............. 93 
Figura 31 - Capa do Diccionario de Palabras Bíblicas en Lengua 
de Señas Colombiana .......................................................................... 101 
Figura 32 - DVDs do Diccionario de Palabras Bíblicas en Lengua 
de Señas Colombiana .......................................................................... 102 
Figura 33 - Vocabulário de sinais-termos da Língua de Sinais 
Colombiana ......................................................................................... 103 
Figura 34 - Discussão da equipe do Instituto Expressão Surda .......... 120 
Figura 35 - Planejamento no estúdio ................................................... 121 
Figura 36 - Tabela para a equipe Instituto Expressão Surda ............... 121 
Figura 37 - Câmera fotográfica Nikon D5100 .................................... 122 
Figura 38 - Visualização da tela da câmera fotográfica ...................... 122 
Figura 39 - Sala do estúdio ................................................................. 123 
Figura 40 - Iluminação com lâmpadas fluorescentes .......................... 123 
Figura 41 - Tripés de iluminação no estúdio ....................................... 124 
Figura 42 - Três sinais-termos iguais nas três obras ........................... 146 
Figura 43 - Sinal-termo de Jesus em diversas línguas de sinais .......... 147 
Figura 44 - Palavras representadas por dois sinais-termos 
distribuídas nas três obras ................................................................... 150 
Figura 45 - Sinal-termo de Abençoar .................................................. 154 
Figura 46 - Sinal-termo de Abraão...................................................... 154 
Figura 47 - Sinal-termo de Adão ......................................................... 155 
Figura 48 - Sinal-termo de Adão em ASL ..........................................155 
Figura 49 - Sinal-termo de Adorar ...................................................... 156 
Figura 50 - Sinal-termo de Alma ........................................................ 156 
Figura 51 - Sinal-termo de Amém ...................................................... 157 
Figura 52 - Sinal-termo de Anjo ......................................................... 157 
Figura 53 - Sinal-termo de Apóstolo ................................................... 158 
Figura 54 - Sinal-termo de Baal .......................................................... 159 
Figura 55 – Sinal-termo de Babilônia ................................................. 159 
Figura 56 - Sinal-termo de Batismo .................................................... 160 
Figura 57 - Sinal-termo de Bíblia ....................................................... 161 
Figura 58 - Sinal-termo de Blasfemar ................................................. 161 
17 
 
Figura 59 - Sinal-termo de Buda/Budismo .......................................... 162 
Figura 60 - Sinal-termo de Céu ........................................................... 162 
Figura 61 - Sinal-termo de Confessar.................................................. 163 
Figura 62 - Sinal-termo de Criar/Criação ............................................ 164 
Figura 63 - Sinal-termo de Cristão/Crente .......................................... 164 
Figura 64 - Sinal-termo de Davi .......................................................... 165 
Figura 65 - Sinal-termo de Demônio ................................................... 166 
Figura 66 - Sinal-termo de Diabo/Satanás........................................... 166 
Figura 67 - Sinal-termo de Discípulo .................................................. 167 
Figura 68 - Sinal-termo de Dízimo ...................................................... 167 
Figura 69 - Sinal-termo de Espírito Santo ........................................... 168 
Figura 70 - Sinal-termo de Eterno ....................................................... 169 
Figura 71 - Sinal-termo de Eva em Libras .......................................... 169 
Figura 72 - Sinal-termo de Eva em ASL ............................................. 170 
Figura 73 - Sinal-termo de Evangelho ................................................ 170 
Figura 74 - Sinal-termo de Faraó ........................................................ 171 
Figura 75 - Sinal-termo de Fariseu ...................................................... 172 
Figura 76 - Sinal-termo de Fé ............................................................. 172 
Figura 77 - Sinal-termo de Fiel/Fidelidade ......................................... 173 
Figura 78 - Sinal-termo de Glorificar .................................................. 173 
Figura 79 - Sinal-termo de Idolatria/Ídolo .......................................... 174 
Figura 80 - Sinal-termo de Igreja ........................................................ 174 
Figura 81 - Sinal-termo de Inferno ...................................................... 175 
Figura 82 - Sinal-termo de Israel ......................................................... 175 
Figura 83 - Sinal-termo de Jejum/Jejuar ............................................. 176 
Figura 84 - Sinal-termo de Jerusalém .................................................. 176 
Figura 85 - Sinal-termo de Judas Iscariotes ........................................ 177 
Figura 86 - Sinal-termo de Judeu ........................................................ 177 
Figura 87 - Sinal-termo de Justiça/Juiz/Justo ...................................... 178 
Figura 88 - Sinal-termo de Meditação/Meditar ................................... 179 
Figura 89 - Sinal-termo de Misericórdia ............................................. 179 
Figura 90 - Sinal-termo de Moisés ...................................................... 180 
Figura 91 - Sinal-termo de Orar/Rezar ................................................ 181 
Figura 92 - Sinal-termo de Páscoa ...................................................... 181 
Figura 93 - Sinal-termo de Pastor/Pastoreio. ....................................... 182 
Figura 94 - Sinal-termo de Paz ............................................................ 182 
Figura 95 - Sinal-termo de Pecar/Pecado ............................................ 183 
Figura 96 - Sinal-termo de Perdoar ..................................................... 183 
Figura 97 - Sinal-termo de Perdoar em ASL ....................................... 184 
Figura 98 - Sinal-termo de Limpar em ASL ....................................... 184 
Figura 99 - Sinal-termo de Pregar/Pregação ....................................... 185 
18 
Figura 100 - Sinal-termo de Profecia .................................................. 185 
Figura 101 - Sinal-termo de Profeta .................................................... 186 
Figura 102 - Sinal-termo de Protestante.............................................. 187 
Figura 103 - Sinal-termo de Religião .................................................. 187 
Figura 104 - Sinal-termo de Ressurreição/Ressuscitar ....................... 188 
Figura 105 - Sinal-termo de Revelação/Revelar ................................. 188 
Figura 106 - Sinal-termo de Sacerdote................................................ 189 
Figura 107 - Sinal-termo de Salvar/Salvação ...................................... 190 
Figura 108 - Sinal-termo de Santo ...................................................... 190 
Figura 109 - Sinal-termo de Sinagoga ................................................ 191 
Figura 110 - Sinal-termo de Trindade ................................................. 192 
Figura 111 - Sinal-termo de Unção/Ungido/Ungir ............................. 192 
Figura 112 - Sinal-termo de Verdade .................................................. 193 
Figura 113 - Sinal - termo de Jesus ..................................................... 194 
Figura 114 - Sinal-termo de Crucificar ............................................... 194 
Figura 115 - Sinal-termo de Cruz ....................................................... 195 
Figura 116 - Sinal-termo de Igreja ...................................................... 195 
Figura 117 - Sinal-termo de País ......................................................... 196 
Figura 118 - Sinal-termo de Abraão ................................................... 196 
Figura 119 - Sinal-termo de Deus ....................................................... 197 
Figura 120 - Sinal-termo de Céu ......................................................... 197 
Figura 121 - Sinal-termo de Alma ...................................................... 198 
Figura 122 - Sinal-termo de Babel ...................................................... 199 
Figura 123 - Sinal-termo de Baal ........................................................ 199 
Figura 124 - Sinais-termos de Adão e Eva .......................................... 200 
Figura 125 - Sinais-termos diferentes de Batismo .............................. 203 
Figura 126 - Versão do DVD do Glossário de Termos Bíblicos 
em Língua Brasileira de Sinais ........................................................... 206 
Figura 127 - Etiqueta para o DVD ...................................................... 206 
Figura 128 - Menu principal do Glossário de Termos Bíblicos em 
Libras .................................................................................................. 207 
Figura 129 - Captura do vídeo de apresentação do Glossário de 
Termos Bíblicos em Libras ................................................................. 208 
Figura 130 - Página do link Personagens Bíblicos do Glossário de 
Termos Bíblicos em Libras ................................................................. 208 
Figura 131 - Menu de Índice Temático dos Personagens Bíblicos 
do Glossário de Termos Bíblicos em Libras ....................................... 209 
Figura 132- Lista de nomes de personagens bíblicos do Glossário 
de Termos Bíblicos em Libras iniciados pela letra A ......................... 210 
Figura 133 - Menu que mostra os quatro links de acesso ................... 210 
19 
 
Figura 134 - Quatro vídeos diferenciados pelo uso de camisetas 
de cores específicas ............................................................................. 211 
Figura 135 - Página de créditos do Glossário de Termos Bíblicos 
em Libras ............................................................................................. 212 
Figura 136 - Página de contatos do Glossário de Termos Bíblicos 
em Libras ............................................................................................. 213 
 
21 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 - Lexicografia da Língua Brasileira de Sinais – Libras ......... 83 
 
 
23 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
Gráfico 1 - Ocorrência dos sinais-termos entre os manuais 
pesquisados ......................................................................................... 144 
 
25 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 - Síntese da quantidade total de verbetes .............................. 141 
Tabela 2 - Tabela comparativa de ocorrência dos sinais-termos 
religiosos ............................................................................................. 144 
 
 
27 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
ASL American Sign Language (Língua de Sinais 
Americana) 
 
Auslan Língua de Sinais Australiana 
BSL British Sign Language (Língua de Sinais 
Britânica) 
 
CM Configuração de Mão 
CODA Children of Deaf Adults (Filhos ouvintes de pais 
surdos) 
 
CR Cultural Religiosa 
CSL Língua de Sinais Chinesa 
DOOR Deaf Opportunity OutReach 
EUA Estados Unidos da América 
HKSL Língua de Sinais de Hong Kong 
I Iconicidade 
IES Instituto Expressão Surda 
INES Instituto Nacional de Educação de Surdos 
IS Intérprete Surdo 
ISL Língua de Sinais Israelense 
JMN Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista 
Brasileira 
 
JSL Língua de Sinais Japonesa 
Kerala SL Língua de Sinais de Kerala (Índia) 
KSL Língua de Sinais Queniana 
KSSL Língua de Sinais Sul-coreana 
Lessa Língua de Sinais Salvadoreña (El Salvador) 
Libras Língua de Sinais Brasileira 
LIS Língua de Sinais Italiana 
LP Língua Portuguesa 
LS Língua de Sinais 
LSC Língua de Sinais Catalã 
LSC Língua de Sinais Colombiana 
LSE Língua de Sinais Espanhola 
LSF Língua de Sinais Francesa 
LSM Língua de Sinais Mexicana 
LSPy Língua de Sinais Paraguaia 
NGT Língua de Sinais Holandesa 
PGET Pós-graduação em Estudos da Tradução 
SBB Sociedade Bíblica do Brasil 
28 
SIL Sociedade Internacional de Linguística (Summer 
Institute of Linguistics) 
 
TILS Tradutores e Intérpretes de Língua de Sinais 
Brasileira 
 
TJ Testemunhas de Jeová 
TS Tradutor Surdo 
 
 
29 
 
 SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ............................................... 33 
OBJETIVOS ......................................................................................... 41 
Objetivo geral ...................................................................................... 41 
Objetivos específicos ........................................................................... 41 
CAPÍTULO I ....................................................................................... 43 
1 REVISÃO DA LITERATURA EM ESTUDOS DA 
TRADUÇÃO NA ELABORAÇÃO DE GLOSSÁRIOS 
RELIGIOSOS ...................................................................................... 43 
CAPÍTULO II ...................................................................................... 49 
2 ASPECTOS DA TRADUÇÃO E DA LEXICOGRAFIA 
NA PESQUISA EM LIBRAS ............................................................. 49 
2.1 CONCEPÇÕES DE LÍNGUA NA TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LIBRAS ........................................................ 52 
2.2 CULTURA SURDA NA TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO 
EM LIBRAS NOS ESPAÇOS RELIGIOSOS ...................................... 54 
2.3 OBRAS EM LIBRAS, COM REGISTROS DE 
SINAIS-TERMOS RELIGIOSOS ........................................................ 59 
2.4 TRADUÇÃO BÍBLICA EM LÍNGUAS DE SINAIS NO 
MUNDO ................................................................................................ 61 
2.4.1 A tradução da Bíblia católica em línguas de sinais.................. 62 
2.4.2 Tradução da Bíblia evangélica em Línguas de Sinais ............. 65 
2.4.3 Tradução da Bíblia de Testemunhas de Jeová em 
Línguas de Sinais................................................................................. 75 
CAPÍTULO III .................................................................................... 79 
3 OS GLOSSÁRIOS COM LÍNGUA DE SINAIS ........................... 79 
3.1 TIPOLOGIA DE REPERTÓRIOS LEXICOGRÁFICOS .............. 79 
3.2 PROBLEMAS ENVOLVENDO A LEXICOGRAFIA EM 
LÍNGUA DE SINAIS ........................................................................... 80 
3.3 PROBLEMAS ENVOLVENDO TRADUÇÃO EM LÍNGUA 
DE SINAIS.......................................................................................... 104 
CAPÍTULO IV .................................................................................. 113 
4 METODOLOGIA .......................................................................... 113 
4.1 TIPO DE PESQUISA .................................................................... 113 
4.2 PASSOS DA PESQUISA ............................................................. 113 
4.2.1 Metodologia da primeira etapa da pesquisa .......................... 113 
4.2.2 Metodologia da segunda etapa da pesquisa ........................... 114 
4.2.3 Metodologia da terceira etapa da pesquisa ............................ 115 
4.2.3.1 Elaboração das fichas terminográficas .................................... 115 
30 
4.2.3.2 A seleção dos sinais-termos para compor o glossário piloto ... 115 
4.2.3.3 A gravação dos verbetes de composição do volume I da 
série Glossário Semibilíngue de Termos Bíblicos em Libras ............. 116 
4.2.3.4 A validação do trabalho desenvolvido .................................... 117 
4.3 ESTRATÉGIAS PARA TRADUÇÃO, FILMAGEM E 
EDIÇÃO DO GLOSSÁRIO PROPOSTO .......................................... 118 
4.3.1 Estratégias do processo de tradução ...................................... 118 
4.3.2 Estratégias para o processo de filmagem ............................... 124 
4.3.3 Estratégias para o processo de edição .................................... 127 
CAPÍTULO V.................................................................................... 131 
5 EXTRAÇÃO DE DADOS NOS GLOSSÁRIOS 
EXISTENTES ................................................................................... 131 
5.1 LISTA DE LÉXICOS RELIGIOSOS PRESENTES EM 
CADA OBRA SEGUIDA DE ANÁLISE .......................................... 131 
5.1.1 Lista de sinais-termos católicos (OATES, 1969) .................... 131 
5.1.1.1 Análise da obra ....................................................................... 132 
5.1.2 Lista de sinais-termos de O clamor do silêncio 
(JMN, 1991) ....................................................................................... 134 
5.1.2.1 Análise da obra ....................................................................... 135 
5.1.3 Lista de sinais-termos do livro Linguagem de sinais 
(Testemunhas de Jeová, 1992) .......................................................... 137 
5.1.3.1 Análise da obra ....................................................................... 138 
5.2 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ENCONTRADA ENTRE OS 
SINAIS-TERMOSRELIGIOSOS DE RELIGIÕES CRISTÃS .......... 142 
5.3 TABELA DE OCORRÊNCIA DOS SINAIS-TERMOS 
RELIGIOSOS .....................................................................................143 
5.3.1 Influência na formação dos sinais-termos religiosos ............. 145 
5.3.1.1 Influência na formação dos sinais-termos religiosos: 
três sinais-termos iguais ...................................................................... 145 
5.3.1.2 Influência na formação dos sinais-termos religiosos: 
dois sinais-termos iguais ..................................................................... 149 
5.3.1.3 Influência na formação dos sinais-termos religiosos: 
sinais-termos diferentes....................................................................... 152 
5.4 EXPLICAÇÃO CONCEITUAL E AMPLIAÇÃO 
VOCABULAR .................................................................................... 193 
5.5 INFLUÊNCIA DAS CONCEPÇÕES RELIGIOSAS NA 
TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO EM LIBRAS ........................... 200 
 
 
 
 
31 
 
CAPÍTULO VI .................................................................................. 205 
6 MODELO DE GLOSSÁRIO SEMIBILÍNGUE DE 
TERMOS BÍBLICOS EM LIBRAS, RESPEITANDO-SE 
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA MARCADA PELA 
DIFERENÇA DOUTRINÁRIA ....................................................... 205 
CAPÍTULO VII ................................................................................. 215 
7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS ........................... 215 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 217 
REFERÊNCIAS ................................................................................ 221 
ANEXO A- E-mail Christopher Stone ............................................ 231 
ANEXO B - E-mail Albert Bickford ................................................ 233 
ANEXO C - E-mail Steve and Dianne Parkhurst........................... 234 
APÊNDICE A - Tabela Inicial e Comparativa dos 
Sinais-Termos Religiosos................................................................... 235 
APÊNDICE B - Fichas Terminográficas para Elaboração de 
Glossário de Sinais-Termos Religiosos com Língua de Sinais....... 305 
33 
 
 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 
 
 
Para iniciar esta dissertação, considerando que a escolha do tema 
é o início do processo de planejamento, inicialmente apresento-me para 
que o leitor conheça as bases referenciais que me alicerçam enquanto 
pesquisador. Insiro-me na área de processos de retextualização para 
desenvolver esta pesquisa, porque, como tradutor surdo, esta tem sido 
minha prática profissional. Atualmente sou um dos tradutores da Bíblia, 
do Instituto Expressão Surda (IES), parceiro da Sociedade Bíblica do 
Brasil1 (SBB), da Sociedade Internacional de Linguística2 (SIL - 
Summer Institute of Linguistics - EUA) e da The Seed Company3 (EUA), 
por isso o meu interesse pelo tema religião. 
Antes de explicar a proposta da pesquisa, faz-se oportuno 
ressaltar a importância da Língua de Sinais Brasileira – Libras que foi 
reconhecida nacionalmente como língua, por meio da Lei nº 
10.436/2002, regulamentada pelo Decreto nº 5.626/2005. A partir da 
regulamentação, Libras passou, então, a ser utilizada como língua 
oficial, ou seja, a forma de comunicação e expressão de comunidades de 
pessoas surdas do Brasil, sendo falada pelos surdos brasileiros 
frequentadores dos mais diferentes espaços, e que se encontram em 
escolas e nas associações dos surdos, entre outros lugares. Seus pontos 
de encontro são locais onde a comunidade surda se expressa por meio de 
sua língua. 
Sobre a importância da Língua de Sinais (LS), o seu 
reconhecimento linguístico tem marca nos estudos descritivos do 
linguísta americano William Stokoe que, em 1960, publicou o primeiro 
estudo sobre uma língua de sinais, no qual descreveu a estrutura da 
American Sign Language (ASL). 
Sobre a Libras, é importante também enfatizar que esta tem sua 
própria estrutura gramatical, com as funções fonética, fonológica, 
morfológica, semântica, pragmática e sintática, conforme constataram as 
linguistas Quadros e Karnopp (2004). A língua visual-espacial é 
constituída pelos movimentos das mãos e do corpo e pelo espaço de 
sinalização. 
Para abordar essa temática, escolhemos como par linguístico, 
Língua de Sinais Brasileira e Língua Portuguesa, com o objetivo de que 
 
1 Sociedade Bíblica do Brasil – www.sbb.org.br 
2 Sociedade Internacional de Linguística – www.sil.org 
3 The Seed Company – www.theseedcompany.org 
34 
a pesquisa se constituísse em um instrumento que pudesse subsidiar a 
elaboração de um glossário semibilíngue que não pode ser equiparado 
ao bilíngue puro, pois fornece menos equivalência, sendo muito comum 
haver somente uma equivalência por acepção. Por outro lado, seu 
aspecto monolíngue faz com que o usuário obtenha informações mais 
precisas e detalhadas sobre o significado e o uso da palavra-entrada 
(CARVALHO; MARINHO, 2007, p. 122). Com isso, queremos dizer 
que é prioritário colocar a definição dos sinais-termos do glossário 
semibilíngue em Libras, visualmente, no DVD e na versão Web. Assim, 
em nossa proposta, as entradas são organizadas em ordem alfabética, de 
A a Z, em Língua Portuguesa, seguidas dos sinais-termos, definições e 
exemplos diretos em Libras, ou seja, no formato visual-espacial (mas 
sem acrescentar as definições e exemplos em Língua Portuguesa escrita) 
fazendo uso dessas duas línguas, as mais usadas pelos surdos brasileiros, 
e oficiais no país, conforme a legislação vigente. 
Escolhemos, inicialmente, pesquisar os sinais-termos religiosos 
com base em manuais de Libras de três religiões: Católica, Evangélica 
(Batista) e Testemunhas de Jeová (TJ). Essas três religiões 
influenciaram fortemente os surdos no Brasil, no século XX, e seus 
manuais de Língua de Sinais foram os mais usados no país. Outras 
religiões não foram incluídas nessa pesquisa por não haver, até o 
presente momento, conhecimento de trabalho com surdos, nem dos 
respectivos manuais religiosos em Libras, no mesmo período, no Brasil. 
A presente pesquisa está dividida em duas partes: a primeira diz 
respeito à comparação dos sinais-termos religiosos presentes nos três 
manuais de Libras citados. Tal comparação é para dar a conhecer os 
registros de sinais de cada uma dessas religiões, e também para 
comparar os sinais-termos de uso comum entre elas. Nesta etapa, 
buscou-se elaborar uma avaliação dos resultados obtidos por análise 
estatística descritiva; o número total de sinais-termos religiosos 
encontrados; a porcentagem de sinais-termos semelhantes na 
comparação entre os manuais e a porcentagem de sinais-termos 
diferentes na comparação entre os manuais. Buscou-se, também, listar 
os principais temas religiosos abordados em cada um dos manuais. 
Na segunda parte, define-se uma lista com os principais termos 
comuns às três religiões, para organizar os verbetes que vão compor o 
glossário conceitual semibilíngue em Libras. Assim, a metodologia 
desse trabalho está dividida conforme as duas etapas de trabalho. 
O primeiro tema está relacionado ao fato de haver, no Brasil, 
glossários em formato de vídeo (on-line ou em mídias digitais – CDs e 
DVDs), cujos léxicos e seus conceitos estejam em Libras. As 
35 
 
multimídias são os meios mais apropriados, para o registro de 
dicionários e glossários com línguas de sinais. Até bem pouco tempo, 
final do século XX, o uso de tecnologias pelos surdos ainda era 
limitado. Contudo, com a popularização destas e da internet, a 
comunicação entre eles foi facilitada por meio de smartphones e tablets, 
que possibilitaram o uso de chats (conversas on-line), 
videoconferências, e-mails, mensagens, vídeos etc., permitindo maior 
acesso à informação. Poucos sites disponibilizam sinais-termos 
religiosos, e os existentes não trazem definições, apenas os equivalentes 
em Português e Libras. 
Desde então, o que se observa é uma melhora na qualidade dos 
bancos de dados de sinais-termos e o surgimentode glossários on-line 
de áreas específicas, como o do curso de Letras-Libras da Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC), que registra sinais-termos das áreas 
de Letras e Linguística, facilmente encontrados na internet, além de 
vídeos que ensinam sinais-termos por categorias semânticas, ordem 
alfabética ou por nível de aprendizagem. Há também, disponíveis na 
rede, vários vídeos que ensinam sinais-termos religiosos. 
A criação de novos glossários em LS é de extrema importância 
para os sujeitos surdos, na medida em que estes são construídos a partir 
dos constituintes da própria língua. Sobre tal relevância, é salutar 
argumentar que: 
 
O uso de tal tipo de recurso para a representação 
da língua de sinais favorece alguns aspectos 
relacionados aos parâmetros que constituem a 
língua, tais como: a melhor visualização das 
configurações de mãos exigidas para a realização 
do sinal desejado; a ênfase da expressão facial e 
corporal durante a realização de um determinado 
sinal; a compreensão da trajetória do movimento 
necessário a alguns sinais; a “localização das 
mãos”, que fica mais evidenciada, pois existe uma 
cena da qual o modelo faz parte, embora se 
evidencie apenas a região da cabeça, do pescoço e 
do tronco. (SOFIATO; REILY, 2013, p.159). 
 
Observa-se que, para além da importância referida acima, o 
caráter visual-espacial de um glossário, disponibilizado em Libras, 
repercute na compreensão que os sujeitos surdos têm dos sinais-termos, 
na medida em estão sinalizados e apresentados de forma organizada e 
didática. Esses sinais-termos, acrescidos das definições que refletem os 
36 
conceitos de cada um, precisam apresentar o “jeito surdo” de perceber o 
mundo e de registrá-lo por meio de sua língua; isto é, precisam utilizar 
todas as estruturas linguísticas visuais, emergentes na sintaxe frasal da 
língua de sinais, na gramática da Libras. E não podem ancorar-se na 
Língua Portuguesa, mas nos conceitos que eles trazem, e que podem ser 
visualmente representados em estruturas lexicais da Libras, embora, 
grande parte das vezes, o material fonte para a elaboração do material 
em Libras esteja em Língua Portuguesa e precise passar pelo processo 
tradutório. 
Desta forma, verifica-se o quão complexo é o processo de criação 
de novos glossários com línguas de sinais, os quais precisam ser 
elaborados com o máximo de precisão linguística e lexicográfica, a fim 
de que tanto visualmente, na representação linguística que trazem, 
quanto conceitualmente, quando passam pela tradução, sejam 
plenamente compreendidos, mantendo a fidedignidade conceitual com o 
tema. Por isso, essa adequação precisa contemplar o “jeito surdo”, que 
se apropriado mundo por meio de referências visuais, sendo para tal, 
inclusive, muito produtiva, a identificação de metáforas que levam à 
melhor compreensão dos conceitos. Sobre tal fenômeno, resgata-se a 
explicação de Schallenberger: 
 
A metáfora significa pensar, de maneira visual, 
algo que na língua oral ou escrita parece ser 
obscuro. [...] Nas metáforas surdas, uma imagem 
pode servir para compreender algo de modo 
visual. Os surdos as utilizam muito, pois nas 
conversas elas estão diluídas entre narrações e 
argumentações, dando o teor de visibilidade 
àquilo que para os surdos parecer abstrato. 
(SCHALLENBERGER, 2011, p. 116). 
 
 Em se tratando da tradução de sinais-termos religiosos, trabalhar 
os conceitos em Libras é um grande desafio, por cuidar, ora, da tradução 
de uma língua oral para uma língua de sinais, ora, da criação na própria 
língua de sinais, uma grande tarefa para os pesquisadores da área dos 
Estudos da Tradução e da Lexicografia, principalmente, porque envolve 
duas línguas de modalidades diferentes. 
O fato dessas duas línguas, a Língua Portuguesa oral-auditiva e a 
Libras visual-espacial, serem de modalidades diferentes, implica, 
também, no envolvimento de duas culturas diferentes: a cultura ouvinte 
e a cultura surda. Desta feita, uma palavra inserida na cultura ouvinte, 
37 
 
para ser traduzida via Libras, precisa de referências visuais a fim de que 
seu conceito se torne claro para o sujeito surdo. Desta forma, conforme 
 
Stone (2009), Souza (2010), bem como, 
Greggersen e Souza (2012), reitera-se que é 
possível haver tradução de textos escritos para 
línguas de sinais, textos esses que, ao serem 
traduzidos, são re-textualizações orais em sinais e 
performáticas, que, por sua vez, dispõem de 
normas, que revelam elementos identitários e 
culturais surdos, próprios de procedimentos entre 
línguas de modalidades diferentes. (SOUZA, 
2013, p.154). 
 
Para além da questão cultural, é importante observar que, se 
tratamos de línguas diferentes, tratamos de estruturas gramaticais 
distintas. Desta forma, na tradução, ocorre esta interferência interlingual 
em decorrência, também, da estrutura gramatical, pois uma tem a base 
estrutural alicerçada na lógica oral-auditiva, enquanto a outra, em uma 
construção visual-espacial. 
Neste sentido, ressalta-se a complexidade da tradução 
interlingual, especialmente no que diz respeito à tradução da Língua 
Portuguesa para Libras. Esta complexidade se dá na medida em que não 
existe, segundo Jakobson (apud ALBRES, 2010), a possibilidade de 
“[...] equivalência completa entre as unidades de código, ao passo que as 
mensagens podem servir como interpretações adequadas das unidades 
de código ou mensagens estrangeiras”. 
Desta forma, não há como fazer a tradução de um sinal para cada 
palavra do texto, sendo necessária uma adaptação cultural entre o texto 
produzido a partir da lógica ouvinte para a Libras, língua com gramática 
própria, alicerçada em uma lógica visual. Deste modo, faz-se necessária, 
segundo o autor referido (1975, p.64-65), “uma tradução intersemiótica, 
visto que signos verbais são traduzidos a partir de signos ou sistemas 
não-verbais”. (JAKOBSON, 1975, apud ALBRES, 2010, p. 42). 
O processo detradução intersemiótica, com interpretação de 
signos verbais por meio de sistemas de signos não-verbais, ocorre, por 
exemplo, na tradução de um texto escrito para vídeo, cinema, entre 
outros. Deste modo, tal qual Guerini (2008, p. 23) ilustra, essa troca de 
sistemas, do verbal para signos não-verbais, exemplifica como prática 
usual, a transformação de histórias em ficção, no cinema, ou em 
ilustrações de livros, entre outros, ocorrendo prática similar na tradução 
de um texto em Língua Portuguesa para Libras. Esta se dá na medida em 
38 
que o texto de origem é escrito e precisa passar para a modalidade 
visual, o que significa que a narrativa deve ser sinalizada e gravada em 
vídeo. 
Este processo de troca de sistemas, ilustrado por Guerini, foi 
utilizado na construção do glossário semibilíngue de termos bíblicos. 
Conceitos da língua-fonte, em Língua Portuguesa, foram traduzidos para 
a língua-alvo, em Libras, alterando sua forma final de apresentação, que 
de origem escrita, ao serem vertidos para Língua de Sinais, passam a ser 
expressos por meio de filmes. 
Nesta perspectiva, reitera-se que a Libras é uma língua visual-
espacial falada entre os surdos brasileiros, diferentemente da Língua 
Portuguesa (QUADROS, 2004, p. 8). Como as demais línguas de sinais, 
a Libras costuma ser vítima de um grande equívoco, o de ser 
considerada pelas pessoas leigas como simplesmente uma composição 
de gestos que representam palavras de línguas faladas e/ou escritas 
(QUADROS; KARNOPP, 2004). Embora sejam de modalidades 
diferentes e, aparentemente, possam ser produzidas simultaneamente, 
não se deve falar as duas línguas ao mesmo tempo, pois a estrutura da 
Libras é completamente diferente da estrutura da Língua Portuguesa, 
falada e/ou escrita, e não há relação direta de um termo com outro, de 
uma língua para outra, numa mesma ordem. Também são diferentes as 
estruturas das demais línguas de sinais espalhadas pelo mundo, ou seja, 
as línguas de sinais não são universais, assim como as línguas faladas 
(QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 33). É incerto o númerode línguas 
de sinais existentes no mundo hoje. Foram confirmadas 230 línguas de 
sinais. Entretanto, pode haver até 400 línguas de sinais distintas no 
mundo e cada uma tem a sua própria estrutura 
(https://www.wycliffe.ca/wycliffe/ck_assets/admin/files/wam/wam_200
9_summer.pdf). 
A maioria dos consulentes surdos, em especial os falantes de 
Libras como primeira língua, querem um glossário em língua de sinais, 
com a devida explicação conceitual, para fortalecer o enriquecimento 
dos léxicos em Libras, para compreender os seus conceitos em Libras, e 
para valorizar o desenvolvimento linguístico do povo Surdo em sua 
língua própria. 
No Brasil, há registros de Libras em “dicionários”, glossários, 
manuais impressos e em multimídia, como o glossário de Letras-Libras, 
por exemplo. Na maioria deles, porém, os conceitos dos sinais-termos 
estão ausentes em Libras, e os sinais-termos religiosos, são inexistentes. 
Esta proposta tem o objetivo de contribuir para mudar essa realidade, 
criando um glossário de sinais-termos religiosos com conceitos e 
39 
 
exemplos em Libras, para facilitar, aos surdos sinalizantes, o acesso ao 
conhecimento. A criação de um glossário conceitual, temático 
(religioso), semibilíngue em Libras pode contribuir para a padronização 
dos termos religiosos da língua e para a compreensão da 
gramaticalização de alguns sinais-termos, a partir do dogma seguido por 
cada grupo religioso. 
Segue agora um panorama do tema aqui trabalhado, conforme 
será apresentado nos capítulos que constituem esta dissertação. O 
capítulo 1 traz uma “Revisão da literatura em estudos da tradução na 
elaboração de glossários religiosos”. O capítulo 2 trata de “Aspectos da 
tradução e da lexicografia na pesquisa em Libras”, e as principais 
discussões do capítulo 3, referem-se aos “Glossários com Língua de 
Sinais”. O estudo da tradução na criação de sinais-termos religiosos em 
Libras e uma proposta para organização de glossário terminológico 
semibilíngue, assunto desta pesquisa, foi baseado nos dois temas 
principais mencionados. 
No capítulo 4, “Metodologia”, foram apresentadas todas as etapas 
da pesquisa mostrando, sequencialmente, os passos realizados no estudo 
dos três manuais da Libras publicados por Oates (1969), Junta de 
Missões Nacionais (JMN) (1991) e Testemunhas de Jeová (TJ) (1992), 
que têm sinais-termos religiosos específicos, com tabulação dos sinais-
termos semelhantes encontrados. Desta forma, a pesquisa é documental 
e apresenta um estudo comparativo dos sinais-termos encontrados nas 
três obras analisadas e que constituíram o corpus dos sinais-termos 
coletados. 
Sobre os manuais de Libras selecionados, destaca-se que foram 
escolhidos os de três religiões praticadas no Brasil do século XX, a 
saber, religiões Católica, Evangélica (Batista) e Testemunha de Jeová. 
Estas foram selecionadas em decorrência de que são as mais 
frequentadas por sujeitos surdos no país, incluindo o material 
bibliográfico para a realização da pesquisa, já citado anteriormente. 
Os procedimentos para o desenvolvimento da pesquisa foram 
demonstrados em detalhes, no item de descrição da Metodologia. O 
objetivo dessa descrição detalhada foi o de subsidiar a criação conceitual 
de novos materiais com léxico religioso. 
No capítulo 5, que trata da “Extração de dados nos glossários 
existentes”, foi apresentada a lista de léxicos religiosos presentes nas 
três obras utilizadas como base de dados desta pesquisa, isto é, do livro 
do Oates (1969), JMN (1991) e TJ (1992). Sequencialmente, aparece 
uma tabela com uma síntese da quantidade total de verbetes em cada 
obra e também de ocorrência dos sinais-termos nos mesmos. Também 
40 
são mostrados os sinais-termos similares nas três fontes, ou apenas em 
dois dos livros, e os que são diferentes nas três obras. 
Após a apresentação dos dados, conforme as características acima 
mencionadas, também foram apontados os sinais-termos que diferem de 
uma obra para outra, identificando e explicando o motivo destas 
diferenças, que podem advir da influência de quatro diferentes fatores, 
isto é, dos aspectos culturais de cada religião, da Língua Portuguesa, da 
iconicidade ou da Língua de Sinais Americana. 
No capítulo 6, apresentamos um “Modelo de glossário 
semibilíngue de termos bíblicos em Libras, respeitando-se a variação 
linguística marcada pela diferença doutrinária”, no qual está apresentada 
a metodologia proposta para a criação de glossários, sendo que para 
ilustrar, foi anexado, à dissertação, um vídeo ilustrativo. O glossário 
semibilíngue, com vídeos, sinais-termos, conceitos e exemplos foi 
constituído a partir de uma lista com 93 (noventa e três) sinais-termos, 
tendo, como base, os 260 (duzentos e sessenta) sinais-termos já 
inseridos na tabela comparativa que consta do corpo desta dissertação. 
Estes 93 sinais-termos estão listados no menu do filme, acompanhados 
dos conceitos e exemplos da categoria “Personagens bíblicos”, como o 
objetivo de mostrar visualmente a proposta referida. 
O modelo apresenta a categoria “personagens bíblicos” e está 
organizado em ordem alfabética. Ressalta-se que o glossário é 
denominado como semibilíngue por apresentar, no menu, as palavras-
chaves em Língua Portuguesa que, ao serem clicadas, abrem filmes em 
Libras que mostram o sinal-termo na Língua de Sinais, além do conceito 
e do exemplo. 
No capítulo 7, sobre a “Discussão dos resultados obtidos” foram 
exibidos os dados da pesquisa, mostrando o número de léxicos 
religiosos encontrados nas obras “Linguagem das mãos”(OATES), O 
clamor do silêncio (JMN) e Linguagem de sinais (TJ), acompanhados de 
uma tabela comparativa dos sinais-termos encontrados nos três manuais. 
A comparação entre as três obras, além de mostrar o total de 
sinais-termos religiosos encontrados, apresenta a porcentagem de sinais-
termos semelhantes na comparação entre os livros, o número de 
categorias encontradas, a quantidade de sinais-termos encontrados 
dentro das mesmas, e conclui com análise e discussão acerca dos 
resultados obtidos. 
As “Considerações finais,” apresentam as principais 
contribuições que esta pesquisa trouxe para a área de Estudos de 
Tradução, destacando os principais elementos envolvidos no processo, a 
41 
 
fim de que a discussão promovida possa contribuir, de maneira 
significativa, para a construção de glossários conceituais na Libras. 
A Língua Brasileira de Sinais – Libras é a primeira língua (L1) 
dos sujeitos surdos. Faz parte da cultura surda própria, constitui uma 
comunidade linguística minoritária e difere da língua do mundo ouvinte, 
a Língua Portuguesa, que é a segunda língua (L2) para Surdos na 
modalidade escrita. Essas línguas, a Libras e a Língua Portuguesa, 
apresentam organização linguística totalmente distinta: uma é oral-
auditiva e a outra, visual-espacial. Na presente pesquisa, considerando o 
exposto, parte-se do pressuposto de que o Glossário de Libras deveria 
conter vocabulário e definições em Libras. 
A presente pesquisa, para análise dos sinais-termos religiosos, faz 
uso de três documentos históricos, já citados aqui. Os três livros nos 
quais a pesquisa foi baseada foram: (1) Linguagem das mãos (OATES, 
1969); (2) O clamor do silêncio (JMN, 1991) e (3) Linguagem de sinais 
(Testemunhas de Jeová, 1992). 
A partir das referências acima citadas, buscou-se resgatar a parte 
histórica da Libras, sobre a qual o autor se debruçou para realizar estudo 
sistemático comparativo do conteúdo dos livros escolhidos. 
 
OBJETIVOS 
 
Objetivo geral 
 
Apresentar proposta para a elaboração de um glossário 
semibilíngue de termos religiosos bíblicos, com base nos sinais-termos 
coletados em três manuais de Libras publicados no Brasil, um de cada 
religião pesquisada (Católica, Evangélica (Batista) e Testemunhas de 
Jeová), e sustentado pela identificação de sinais-termos religiosos já 
catalogados em Libras, pela análise conceitual desses sinais-termos e 
pela organização lexicográfica dos mesmos. 
 
Objetivos específicosa) Selecionar e analisar obras lexicográficas com sinais-termos 
de Libras, no âmbito do discurso religioso; 
b) elencar os sinais-termos religiosos nas obras selecionadas; 
c) registrar possíveis interferências dogmáticas de cada religião, 
na concepção dos sinais-termos no âmbito do discurso 
religioso; 
42 
d) identificar os principais problemas de tradução dos léxicos do 
Português para Libras, com terminologia na área de 
especialidade, religião, em manuais de sinais-termos bíblicos, 
analisando-os com base nos estudos teóricos da tradução; 
e) identificar explicações semânticas, conceituais, interferências 
culturais ou doutrinárias de cada religião nos sinais-termos 
religiosos construídos em Libras, com base nos termos 
encontrados em manuais de sinais-termos religiosos de três 
religiões: Católica, Evangélica (Batista) e Testemunhas de 
Jeová; 
f) elaborar fichas terminográficas, a partir dos sinais-termos 
selecionados; 
g) selecionar os sinais-termos para compor o volume I da série 
Glossário Semibilíngue de Termos Bíblicos em Libras; 
h) gravar os verbetes de composição do glossário; 
i) validar o trabalho desenvolvido; 
j) apresentar em DVD e na Web, uma proposta de glossário 
de sinais-termos religiosos. 
 
 
 
43 
 
 CAPÍTULO I 
 
 
O primeiro passo da pesquisa foi selecionar os principais autores 
e obras das áreas de Estudos da Tradução, de Estudos da Língua de 
Sinais e da Lexicografia, e que foram base para a compreensão da 
tradução dos termos em Libras para se chegar à elaboração do glossário 
pretendido. Entre os autores estudados estão: Barnwell (2011), Carvalho 
(2001), Faria-Nascimento (2006, 2009), Faulstich (1995), Gouadec 
(1990), Larsen (2001), Nida (1964), Quadros; Karnopp (2004), Segala 
(2010), Stone (2009), Vasconcellos (2010) e William e Chesterman 
(2002). 
 
1 REVISÃO DA LITERATURA EM ESTUDOS DA TRADUÇÃO 
NA ELABORAÇÃO DE GLOSSÁRIOS RELIGIOSOS 
 
Um dos principais problemas da investigação dessa pesquisa, 
dada a importância de glossários com conceitos em Libras, foi refletir 
como seria o processo tradutório mais adequado para a elaboração de 
um glossário semibilíngue, temático, que contemplasse entrada e 
conceito de uma área de especialidade, em Libras, no caso, de léxicos 
religiosos, procurando suprir as lacunas referentes a sinais 
terminológicos. 
Dentro do campo disciplinar em Estudos da Tradução da UFSC, a 
nossa pesquisa é de lexicografia em língua de sinais. As estratégias 
relacionam-se aos mecanismos usados, nos processos lexicográfico e 
tradutório, para encontrar a solução de problemas com os quais o 
tradutor surdo se depara. Foram escolhidas as estratégias de tradução e 
de filmagem para a construção do glossário semibilíngue em Libras, na 
área religiosa. 
A seguir, apresentamos a proposta de mapeamento de Williams e 
Chesterman (2002), com 12 itens nas áreas de pesquisa em tradução: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 Figura 1 - Mapeamento dos Estudos da Tradução 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Williams e Chesterman (2002, apud VASCONCELLOS, 2010, p. 128) 
 
A presente pesquisa focaliza a Terminologia e os Glossários, e 
direciona o trabalho na busca de como processar a tradução na proposta 
de modelo de um glossário semibilíngue de termos bíblicos para a 
categoria escolhida, a de personagens bíblicos, sinalizando os sinais-
termos, afins e exemplos extraídos de versículos de Bíblia Sagrada 
acerca desses personagens, em Libras, primeira língua dos usuários, 
com estrutura própria a ser considerada e respeitada. 
As obras vinculadas aos Estudos da Tradução, da Editora St. 
Jerome Publishing4, no campo disciplinar Estudos da Tradução, 
conforme figura 2, mostram as diversas áreas mencionadas pela editora, 
traduzidas e apresentadas em Português por Vasconcellos (2010, p.129): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4<www.stjerome.co.uk>. 
45 
 
 Figura 2 - Áreas dos Estudos da Tradução – St. Jerome Publishing Ltd. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Modelo traduzido por Vasconcellos (2010), e esquematizado pelo pesquisador. 
 
Da pesquisa de Vasconcellos (2010), a partir das 27 áreas 
evidenciadas, o autor ressalta três áreas específicas, “Tradução religiosa 
e bíblica”, “Interpretação de línguas sinalizadas” e “Terminologia e 
lexicografia”, as que têm relação mais específica com essa pesquisa que 
aborda como elaborar a proposta de modelo de glossário semibilíngue 
de termos bíblicos em Língua Portuguesa e Libras. Neste século XXI, 
em vários países do mundo, tem crescido bastante o trabalho de 
tradutores surdos na área de tradução religiosa e bíblica, fato este que 
poderá ser verificado na seção 2.4, que trata a respeito da tradução 
bíblica em Línguas de Sinais no mundo, em três religiões: Católica, 
Evangélica e das Testemunhas de Jeová. Até hoje, as organizações e 
missões religiosas se preocupam em compartilhar a Bíblia Sagrada, 
adaptada em Línguas de Sinais, para que as pessoas surdas conheçam a 
palavra inspirada por Deus na sua língua própria e natural. 
No século XX, já existia a área de interpretação religiosa em 
Libras. Dentro das igrejas brasileiras, havia a presença dos surdos e de 
intérpretes. Essa área é uma marca histórica e forte nas tradições 
religiosas. Naquela época, a comunidade surda cristã criou os sinais-
termos religiosos próprios da igreja e os intérpretes aprenderam Libras 
dentro desse contexto. Considerando alguns pesquisadores, destacamos 
Assis Silva (2012), que enfatiza a área de Antropologia Social, em 
46 
relação à história canônica da surdez nas igrejas brasileiras. Ele analisou 
as mesmas três religiões que estudamos nesta pesquisa, a Católica, a 
Evangélica e a das Testemunhas de Jeová, considerando a relação com a 
cultura surda: agentes religiosos e a construção de uma identidade. 
Outra pesquisadora, Peixoto (2011), tece análise a respeito do título 
“Conceito de sagrado nos surdos congênitos: um estudo na Língua 
Brasileira de Sinais”. A tese de Temoteo (2012) pesquisa a 
“Lexicografia da Língua de Sinais do Nordeste”, destacando os três 
séculos de história nas obras registradas de sinais-termos religiosos e de 
outros sinais-termos em geral. Hortêncio (2005) apresenta estudo 
descritivo do papel dos intérpretes de Libras no âmbito organizacional 
das Testemunhas de Jeová e Masutti (2007) pesquisa a respeito de 
tradução cultural em sua obra, “Tradução cultural: desconstruções 
logofonocêntricas em zonas de contato entre surdos e ouvintes”, 
destacando também hospitalidade da tradução da cultura surda e da 
língua de sinais na zona de contato, na igreja das Testemunhas de Jeová. 
Assim, antes do século XXI, já havia a produção de lexicografia 
em línguas de sinais para dicionários impressos ou on-line, que 
apresentavam os sinais-termos, mas não continham a definição destes 
em Libras, a própria língua dos Surdos. Seguem exemplos de obras 
impressas onde se encontra o registro de sinais-termos na lexicografia de 
Línguas de Sinais: Iconographia dos signaes dos surdos-mudos (GAMA, 
1875), Linguagem das mãos (OATES, 1969), Comunicação total 
(PETERSON, 1981), Linguagem de sinais do Brasil (HOEMANN; 
OATES; HOEMANN, 1983), Aprendendo a comunicar (PETERSON; 
ENSMINGER, 1984), Comunicando com as mãos (PETERSON; 
ENSMINGER, 1987), O clamor do silêncio (JMN, 1991), Linguagem 
de sinais (TJ, 1992) e Manual ilustrado de sinais e sistema de 
comunicação em rede para surdos (CAPOVILLA; RAPHAEL; 
MACEDO, 1998). Essas obras têm o objetivo comum de comunicar 
informações aos surdos na sua própria língua, a Língua de Sinais. 
A área específica de tradução e interpretação em Libras é recente, 
e se destacam estes pesquisadores: Vasconcellos (2010), Pereira (2010), 
Santos (2013), Souza (2010). Tais autores afirmavam que a área de 
Estudos da Tradução e Interpretação de Línguas de Sinais constitui-se 
como um campo emergente e promissor em nosso país.Ressaltamos que a profissão de tradutor e intérprete de Libras-
Português-Libras somente foi regulamentada no Brasil pela Lei n° 
12.319, em 1° de setembro de 2010, o que significa também que os 
estudos na linha de tradução e interpretação são recentes, na medida em 
que sequer a profissão destes era reconhecida na legislação brasileira. 
47 
 
Contudo, na atualidade no Brasil, especialmente depois do 
reconhecimento deste profissional, e da Libras como a língua oficial dos 
surdos reconhecida pela Lei n° 10.436 de 24 de abril de 2002, conforme 
já referido, ampliou-se bastante o trabalho dos tradutores e intérpretes 
surdos e ouvintes na área de tradução e interpretação em Libras. A partir 
do aumento deste mercado, ampliou-se também a compreensão acerca 
dos desafios e experiências destes profissionais, frente à tradução de 
textos de diversos campos de conhecimento apresentados na Língua 
Portuguesa, os quais precisam ser traduzidos para Libras com as 
adaptações necessárias. A complexidade deste processo de tradução, 
vale destacar, desde 2008 está na pauta de discussão realizada no 
Congresso Nacional de Pesquisas em Tradução e Interpretação de 
Língua Brasileira de Sinais (TILS), que vem sendo realizado a cada dois 
anos, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Essa iniciativa tem 
tido grande repercussão e recebido grande reconhecimento nacional. 
Tem reunido estudantes, profissionais e pesquisadores, tanto surdos 
quanto ouvintes, de todo o Brasil. 
Sobre pesquisas recentes relacionadas aos Estudos da Tradução 
em Língua de Sinais e realizadas por pesquisadores surdos no Brasil, 
vale salientar que, além desta pesquisa, realizada via o curso de 
mestrado do autor desta dissertação (DOUETTES, 2015), pode-se citar 
também os autores surdos: Avelar (2010), Segala (2010), Castro (2012), 
Machado (2013) e Lopes (2015). 
Observa-se a importância das pesquisas desenvolvidas pelos 
tradutores surdos referidos, enquanto fontes fundamentais a esclarecer 
as interfaces relacionadas ao campo disciplinar Estudos da Tradução, o 
que deve repercutir no aperfeiçoamento profissional destes na área de 
tradução em Libras. Neste sentido, tanto o trabalho destes pesquisadores 
surdos, quanto outras pesquisas desenvolvidas, constituem-se como 
relevantes, sendo que dentre estas, também se destacam as pesquisas 
desenvolvidas por William e Chesterman (2002) e Holmes (1972, 1998, 
2000 apud VASCONCELLOS, 2010). 
 
 
 
49 
 
 CAPÍTULO II 
 
 
2 ASPECTOS DA TRADUÇÃO E DA LEXICOGRAFIA NA 
PESQUISA EM LIBRAS 
 
 
Pesquisar a tradução e a lexicografia necessárias à pesquisa com 
Libras, remete-nos a conceitos dos glossários em Libras no Brasil, com 
obras de referência em Lexicografia e Terminologia. É importante 
afirmar a importância destes como apoio para a defesa e valorização da 
Libras, assim como, podem representar base de esclarecimento para os 
tradutores de línguas de sinais. De acordo com Vasconcellos (2010, 
p.120-132): 
 
Mesmo levando em conta a legitimidade da 
questão identitária da pesquisa em TILS onde: 
‘Tradução’ e ‘Tradução e Interpretação de 
Línguas de Sinais’ podem beneficiar-se da filiação 
num mesmo campo disciplinar – Estudos da 
Tradução (ET) [...] ao se consolidar, passam a se 
preocupar com a formação de pesquisadores, cuja 
responsabilidade é lançar um olhar crítico sobre a 
prática – sistematizando-a e propondo modelos 
teóricos e metodológicos para a investigação do 
fenômeno da tradução, em suas mais variadas 
manifestações. 
 
A pesquisa na área da tradução e interpretação envolvendo 
Línguas de Sinais é bem mais recente que nas línguas orais. Existe a 
intenção, nesta pesquisa, de incentivar e motivar o crescimento desta 
área, utilizando o glossário como uma base para tal desenvolvimento, 
servindo como incentivo ao desenvolvimento do conhecimento 
científico e aos profissionais que necessitam de materiais de pesquisa 
nesta área. Vale definir o que é glossário, pelo verbete apresentado por 
Alves et al.: 
 
Glossário (termo tolerado: vocabulário): 
dicionário terminológico (6.2.1.1) baseado num 
trabalho terminológico (8.2) que apresenta a 
terminologia (5.1) de um domínio (2.3) ou de 
subdomínios (2.4) ou de vários domínios 
50 
associados. (NORMA ISO 1087 – Terminologia – 
Vocabulário, revisão conceitual / denominativa 
por Alves et al.). 
 
Ao se considerar, ainda, que a Língua não é estática, torna-se 
urgente a existência de glossários de qualidade em diversas áreas, entre 
as quais destacamos a área acadêmica, cujo repertório a ser explorado é 
imenso. Faulstich (1995) descreve “repertório como aquele que define 
termos de uma área científica ou técnica, dispostos em ordem alfabética, 
podendo apresentar ou não remissivas”. 
Outros conceitos merecem ser explicitados, a fim de situar o 
leitor. Entre eles, palavra, sinal e sinal-termo. A respeito do significado 
de sinal e palavra, Zeshan (2002 apud FARIA-NASCIMENTO, 2009) 
menciona: 
 
Os linguistas, especialistas em línguas de sinais, 
usualmente não falam em ‘palavras’. Em vez 
disso, falam em ‘sinais’ que tomam lugar da 
unidade lexical nas línguas orais. (...) A palavra e 
o sinal são situados num nível equivalente de 
organização linguística. (...) as línguas de sinais 
falam em sinais nos mesmos contextos em que as 
línguas orais falam em palavras. (ZESHAN, 2002 
apud FARIA-NASCIMENTO, 2009: 14). 
 
A expressão sinal-termo equivale a um sinal que compõe um 
termo específico da Libras. As informações gerais desses conceitos 
envolvem a lexicografia em língua de sinais necessária para a 
construção de glossário de sinais-termos religiosos dessa proposta. 
Segundo Faulstich (2012 apud CASTRO JUNIOR, 2014) sinal-termo é: 
 
1. Termo da Língua de Sinais Brasileira que 
representa conceitos com características de 
linguagem, próprias de classe de objetos, de 
relações ou de entidades. 2. Termo adaptado do 
Português para a Língua de Sinais Brasileira para 
representar conceitos que denotem palavras 
simples, compostas, símbolos ou fórmulas, usados 
nas áreas específicas do conhecimento. 3. Nota: a 
expressão sinal-termo foi criada por Faulstich 
(2012) e aparece pela primeira vez na dissertação 
de mestrado de Messias Ramos Costa, 
denominada Proposta de modelo de enciclopédia 
51 
 
bilíngue juvenil: Enciclolibras (2012). 
(FAULSTICH, 2012 apud CASTRO JÚNIOR, 
2014, p. 28). 
 
Stumpf (2005, p. 36) descreve sinalário como “[um repertório 
lexicográfico], um conjunto de expressões que compõe o léxico de uma 
determinada língua de sinais.” Assim, ao vocabulário que apresentamos 
em língua de sinais chamamos, também, de “sinalário”. 
Tais conceitos encontram-se empregados em toda a pesquisa e 
são retomados, mais especificamente, no item 3.2, onde o foco serão os 
problemas envolvendo a Lexicografia na Língua de Sinais. 
Nos últimos anos, o número de materiais de apoio como 
glossários acadêmicos de Libras no Brasil, cada vez mais vem sendo 
ampliado, graças ao trabalho da equipe de tradutores surdos, como 
exemplo, o grupo de pesquisa que desenvolveu o glossário do curso de 
Letras-Libras, onde são mostradas as definições em Libras (formato de 
vídeo on-line), no site acadêmico da UFSC que está disponível em 
<www.glossario.libras.ufsc.br/letraslibras> conforme acesso em 10 abr. 
2015. O referido glossário é um instrumento de apoio para estudantes 
surdos e ouvintes. Tem três formas: 1ª) busca pelo sinal-termo (grupo 
configuração de mão, configuração de mão no grupo e localização do 
sinal-termo), 2ª) português (ordem alfabética de A a Z) e 3ª) inglês 
(ordem alfabética). 
Nesse site acadêmico, também são encontrados os novos 
glossários da área de Cinema e de Arquitetura, acompanhados dos 
sinais-termos e definições em Libras. Muitas vezes acontecia, por 
exemplo, que alunos surdos que frequentaram cursos acadêmicos nas 
universidades ou faculdades brasileiras, pela necessidade emergente, 
criaram sinais-termos juntamente com os intérpretesde Libras durante 
as aulas, à medida que o professor da disciplina ensinava. Tanto os 
intérpretes de Libras quanto os alunos, até então, não sabiam quais eram 
os léxicos de Libras desta ou daquela área do curso, o que levava, então, 
à prática que ainda persiste, dos próprios alunos criarem os novos 
léxicos para ajudar na interpretação. Entretanto, depois do curso 
concluído, muitas vezes, não ficam registros destes sinais-termos para 
uma biblioteca, o que facilitaria muito na chegada dos próximos 
calouros à universidade e, até mesmo, na troca do intérprete. Por isso, 
são necessários registros de glossários acadêmicos de Libras nas 
bibliotecas de todas as universidades, podendo ser em DVD, opções on-
line e outras. A Gallaudet University, uma universidade específica de 
surdos nos E.U.A., tem por norma, registrar por meio de videoclipes 
52 
acessíveis, o glossário de Observação do Discurso de Sala de Aula 
(Classroom Discourse Observation – CDO) no Website da própria 
universidade. Tal glossário explica as palavras soletradas em inglês 
acompanhadas das definições na Língua de Sinais Americana (ASL). 
Está disponível 
em:<http://www.gallaudet.edu/asldes/cdo/cdo_glossary_videos.html> 
conforme acesso em 10 de abril de 2015. Outro site britânico contém 
“British Sign Language Glossaries of Curriculum Terms – Scottish 
Sensory Centre” da Universidade de Edinburgh, que mostra os 
glossários de BSL (Língua Britânica de Sinais) para Matemática, Física, 
Astronomia, Química, Biologia, explicando as suas definições e 
exemplos em BSL, em ordem alfabética de A a Z, conforme está 
disponível em http://www.ssc.education.ed.ac.uk/bsl/list.html, acesso 
em 10 de abril de 2015. 
É de importância relevante que haja um modelo de glossário em 
Língua de Sinais, incluindo explicações conceituais para fortalecer o 
enriquecimento dos léxicos terminológicos, tal como pode ser feito em 
Libras, para consulentes surdos nas escolas, universidades e outras. 
 
2.1 CONCEPÇÕES DE LÍNGUA NA TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LIBRAS 
 
O linguista americano William Stokoe (1960) foi uma das 
primeiras pessoas a considerar a Língua de Sinais Americana - ASL, 
uma língua legítima; ele é considerado pai da Linguística da Língua de 
Sinais. Na década de 1980, Ted Supalla e Carol Padden foram pioneiros 
nos estudos linguísticos e gramaticais da ASL, realizados por surdos, 
nos EUA. 
No Brasil, a Libras começou a ser investigada na década de 1980 
por Ferreira-Brito (1984). Nos anos 1990, Karnopp (1994) e Quadros 
(1995) pesquisaram a aquisição de língua de sinais e as linguístas surdas 
Marianne Stumpf e Ana Regina Campello também passaram a dedicar-
se ao trabalho linguístico e gramatical dessa língua. Stumpf destaca, a 
respeito do reconhecimento das línguas de sinais: 
 
Hoje, 44 países reconhecem oficialmente as 
Línguas de Sinais e os direitos linguísticos dos 
surdos. No Brasil, e nesses países, as novas 
gerações pertencentes às comunidades surdas não 
dizem mais “Eu surdo” – Ser passivo – que não 
pensa nem escolhe. Sabem que é seu direito usar a 
53 
 
Língua de Sinais e acreditam em suas 
possibilidades. É uma geração mais forte que 
sempre pressiona pelo intérprete, pela 
acessibilidade da Língua de Sinais. (STUMPF, 
2008, p. 18). 
 
Stumpf (2008) destaca que o direito de o sujeito surdo utilizar a 
Língua de Sinais, garante o funcionamento das suas funções linguísticas. 
Sobre esta questão, resgata-se a explicação tecida por Weininger a 
respeito deste processo: 
 
A língua de sinais sempre deve ser considerada a 
L1 dos surdos (...), mesmo que ela seja adquirida 
de forma incompleta. Ela é a única que consegue 
exercer plenamente todas as três funções 
linguísticas para os Surdos: percepção, cognição e 
comunicação. Mais uma decorrência da aplicação 
dessas análises de Humboldt e Wittgenstein é a 
existência necessária de uma “cognição visual” 
Surda, formada não apenas por causa do estímulo 
e desenvolvimento cerebral maior das áreas de 
processamento visual, mas ainda mais pelo fato da 
língua que forma o pensamento dos Surdos ser 
viso-espacial. (WEININGER, 2014, p. 73). 
 
Ao considerar a função exercida pela Língua de Sinais, nas 
funções linguísticas dos surdos, reitera-se a importância do 
reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais - Libras como língua 
oficial de comunicação e expressão das comunidades surdas do Brasil, 
que se deu pela Lei Federal n° 10.436, de 24 de abril de 2002, 
regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de Dezembro de 2005. 
Sobre a Libras, Quadros e Karnopp (2004, p. 28) afirmam que é uma 
língua com “um sistema padronizado de sinais/sons arbitrários, 
caracterizados pela estrutura dependente, criatividade, deslocamento, 
dualidade e transmissão cultural”. 
Entre as abordagens passíveis de discussão sobre as Línguas de 
Sinais, enfatiza-se que no Brasil, a cada dia, ampliam-se os números das 
pesquisas sobre tradução e interpretação de textos, da Língua Portuguesa 
para Libras, assim como o número de profissionais intérpretes e 
tradutores de língua de sinais. Um evento importante, que tem 
contribuído para o aprofundamento das discussões sobre os temas 
citados, é o Congresso Nacional de Pesquisas em Tradução e 
54 
Interpretação de Libras e Língua Portuguesa, já referido. Já ocorreram 
quatros edições deste congresso na Universidade Federal de Santa 
Catarina, datados a partir de 2008, ocorrendo também em 2010, 2012 e 
2014. O objetivo primordial tem sido socializar e afirmar as pesquisas 
em tradução e interpretação da Libras, no campo dos Estudos de 
tradução e Interpretação. 
Todo esse contexto, que demanda a criação de um grande número 
de sinais-termos para que se possa tematizar novos conteúdos em 
Libras, nas diversas áreas, confirma que tem sido fomentado o aumento 
no número de pesquisas desenvolvidas e em desenvolvimento na área de 
Tradução e Interpretação. 
 
2.2 CULTURA SURDA NA TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO EM 
LIBRAS NOS ESPAÇOS RELIGIOSOS 
 
Ser leitor e não auditor é a referência totêmica dos 
surdos. Esta referência é o identificador comum, 
não a identidade. A “força ritual” e a relação dela 
com o “totem” identificam a aglutinação de um 
grupo de pessoas em torno de um conjunto de 
práticas e de objetos. O totêmico pode também 
explicar o consumismo como efeito de um 
operador fortemente alçado ao processo de 
“rendição” ou “amor” aos objetos consumidos. No 
caso dos surdos, o objeto externo cultuado, amado 
e querido é o uso da visão, pois é a partir daí que 
surge a pulsação identitária, a cultura, a língua de 
sinais. (PERLIN, 2014, p. 223). 
 
Em relação à cultura surda, a tradução e a interpretação em Libras 
nos espaços religiosos, são de grande importância para os leitores 
surdos, que prezam as suas crenças religiosas e seus direitos de conhecer 
os textos religiosos na Língua Portuguesa, que estes sejam traduzidos 
para Libras ou línguas de sinais. A construção de um glossário de sinais-
termos bíblicos é uma resposta a essa prerrogativa, e envolve o grande 
desafio de definir conceitos de sinais-termos religiosos em Libras, de 
forma que seja natural e pura. De acordo com o povo surdo que avalia a 
própria gramática visual, essa língua de sinais é inseparável da cultura 
surda; são interligadas, tornando-se impossível conhecer apenas a língua 
de sinais, sem ter contato com a cultura dos surdos. 
No século XIX, Flausino da Gama, surdo, analisou, adaptou uma 
obra francesa e criou outra, que veio a tornar-se o primeiro dicionário 
55 
 
registrado no Brasil, “Iconographia dos signaes dos surdos-mudos”, de 
1875. 
Seguiu-se a essa publicação um muito longo tempo sem novos 
estudos, com pouquíssimas publicações: Oates (1969), Peterson (1981), 
Hoemann; Oates; Hoemann (1983), Peterson; Ensminger (1984), 
Peterson; Ensminger (1987), JMN (1991), TJ (1992), Capovilla; 
Raphael; Macedo (1998) na área de Lexicografia. Após o 
reconhecimento da Libras, em 2002 e, posteriormente, com a criação do 
curso Letras- Libras na

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