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teoria critica

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A Teoria Crítica surgiu a partir do século XX, pelos filósofos da Escola de Frankfurt. A ideia atrás dessa teoria passou a ser incorporada aos questionamentos filosóficos da época, por um processo emancipatório que buscava a eliminação das mais diversas formas de dominação na sociedade.
Por estar conectado à Escola de Frankfurt, o conhecimento desenvolvido pela Teoria Crítica é considerado neomarxista ou pós-marxista, pois considera que o homem pode construir sua própria história, mas “crítica a sua ênfase nas condições materiais e na luta de classes, ignorando os aspectos cognitivos da dominação social, além de outras formas de dominação diferentes das classes exploradas.” (SARFATI, 2005)
Fazendo uma crítica ao positivismo científico, a Teoria Crítica liga as concepções sociais e políticas para construir uma perspectiva pós-positivista crítica a respeito das relações internacionais, sendo a percussora do pós-positivismo e lançando novos espaços para as teorias posteriores.
Assim são visíveis duas vertentes dentro da teoria. A primeira, tendo como principal personagem Robert Cox - responsável por introduzir a teoria nas Relações Internacionais e que popularizou a diferença entre a “concepção tradicional da teoria” e a “concepção crítica da teoria”, elaborada por Horkheimer e Adorno - prega “a utilização crítica do método do materialismo histórico com base na relação dialética entre a consciência e as circunstâncias materiais.” (JATOBÁ, 2013), questionando as estruturas de produção, o papel da ideologia e a hegemonia na ordem mundial. Já a segunda vertente, protagonizada por Andrew Linklater e influenciada pela segunda geração da Escola de Frankfurt, acredita em uma Teoria Crítica cosmopolita, em que há uma defesa pela construção de valores para a convivência global.
O tema globalização, antes evitado pelas teorias tradicionais, é frequentemente debatido pela Teoria Crítica nas suas contribuições para as Relações Internacionais.
Vista pela primeira vertente, a globalização é pautada pela internacionalização do Estado, isto é, “forças materiais do Estado atreladas a uma específica ideologia que levam a uma institucionalização do ideário do Estado”. (SARFATI, 2005)
Segundo Cox, a internacionalização do Estado se dá em três fases: a primeira, em 1930, quando os Estados eram fechados; a segunda, a partir de 1945, quando o sistema de Bretton Woods foi criado para o fortalecimento da economia global; e a terceira quando houve uma globalização do Estado, ou seja, a diminuição das fronteiras entre a política doméstica e a internacional.
A globalização do Estado está altamente ligada à produção em escala global, já que a mesma alterou a natureza do Estado e suas relações, e, por esta razão, o Estado está submetido à dominação da economia capitalista mundial.
Para lutar contra esta hegemonia da economia capitalista mundial, Cox acredita que seja possível mudar o sistema internacional com a criação de um movimento social global, ou seja, com a união de países do Terceiro Mundo e apoio de organizações internacionais não governamentais.
Enquanto Cox se volta para a questão da internacionalização do Estado e da dominação hegemônica, Linklater se preocupa com a formação do Estado, isto é, com as barreiras que formam quem está dentro e fora da sociedade.
A identidade cultural nacional dos Estados é rompida pela globalização, fazendo com que exista uma única cultura global cosmopolita. Sarfati cita que o terrorismo poderia ser visto, nessa percepção, como uma reação contrária a esta cultura cosmopolita, ao mesmo tempo em que a existência de grupos nacionais de resistência os quais se unem internacionalmente pode criar novas concepções de cidadania, sociedade e soberania.
As rígidas fronteiras dos Estados enquanto comunidades morais limitadas são contestadas pela Teoria Crítica, ressaltando que, por serem assim, os Estados promovem desigualdades, injustiças e exclusões entre as sociedades nacionais. “Isso quer dizer que o Estado nacional poderia ser transcendido sem que a liberdade dos cidadãos seja submetida a uma instância supranacional”. (SARFATI, 2005)
Deste modo, a Teoria Crítica traz a tona o tema da globalização para as Relações Internacionais, uma vez que as teorias tradicionais evitavam, e constrói uma critica a partir da visão hegemônica do capitalismo, acreditando numa sociedade globalizada, mas sem perder sua autodeterminação.

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