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TEXTO AULA 05

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EDUCAÇÃO PERMANENTE 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Thiana Maria Becker 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Chegamos a mais um momento importante de nosso processo dialético, 
a fim de aprendermos sobre a ergologia. Essa abordagem pluridisciplinar nos 
permite investigar as atividades de trabalho e descobrir quais são os elementos 
que passam pela formação do trabalhador e do próprio trabalho. Descreveremos 
nesta etapa as dimensões da ergologia na produção do conhecimento, seus 
saberes investidos e constituídos que fazem diferença na preparação para o 
mundo do trabalho. Trazemos explicações sobre o que são os três polos (DD3P) 
e o diálogo socrático, e, para concluir, a pauta será sobre a aprendizagem por 
problemas. 
TEMA 1 – ERGOLOGIA – CONCEITO E CONCEPÇÃO NA FORMAÇÃO PARA 
O MUNDO DO TRABALHO 
A ergologia visa o estudo da atividade humana e, de forma mais 
específica, a atividade do trabalho. Caracteriza-se como sendo pluridisciplinar 
por não haver uma disciplina específica que consiga, em sua complexidade, 
conceituar de forma única o ser humano ou o trabalho em si. 
 Dessa forma, analisando o trabalho e suas atividades, de uma maneira 
mais generalizada, com seus saberes de experiências, mas ainda assim, com 
bases científicas, respaldando-se em diferentes áreas de estudos, a 
compreensão faz com que se torne possível organizar e aumentar o rendimento 
(social e economicamente) das atividades humanas. 
 Diante do exposto, a ergologia não é uma disciplina, tampouco uma teoria; 
é uma abordagem, que tem em sua constituição o método que pode indicar o 
caminho, as vias para que o estudo possa se concretizar. 
Para melhor entender em qual esfera encontra-se a ergologia, veja a 
imagem a seguir, extraída do artigo de Pierre Trinquet (2010) intitulado: 
“Trabalho e Educação: o método ergológico”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Figura 1 – Pluridisciplinaridade ergológica 
 
Fonte: Trinquet, 2010. 
De acordo com Trinquet (2010), quando esses diferentes saberes se 
encontram, elaboram-se novos conceitos, descobertas inovadoras, 
possibilitando maior horizonte no intento do entendimento sobre o trabalho, 
estabelecendo o objetivo da ergologia. 
 Ressalta-se que, para que isso aconteça, esses saberes devem ser vistos 
em função das percepções dos trabalhadores, e a relação que estes firmam com 
o ambiente em que estão inseridos, desenvolvendo determinada atividade 
humana. Com base nessa ideia, Schwartz e Durrive (2007, p. 26) referem que: 
“é necessário fazer um esforço para ver de perto como cada um não apenas se 
submete, mas vive e tenta recriar sua situação de trabalho”. 
 Tendo em vista o que foi exposto, precisamos saber o que é essa 
atividade humana no âmbito da ergologia que tanto citamos. Para isso, trazemos 
Trinquet (2010, p. 96), que estabelece que: 
é tomada no sentido de atividade interior. É o que se passa na mente 
e no corpo da pessoa no trabalho, em diálogo com ela mesma, com 
seu meio e com os outros. Embora essa seja uma ideia abstrata, é 
muito fecunda e eficaz. Definitivamente, é o que faz com que o trabalho 
possa se realizar e, de fato, se realiza. 
 
 
4 
Sabemos que a vida humana é pautada por planejamentos, normas, 
regras em geral. Na ergologia, toda atividade humana, enfatizando as do 
trabalho, podem ser constituídas de saberes formais ou informais, acumulados 
historicamente, que inventam e reinventam a história e nos remetem a “escolher 
e agir segundo um misto de aceitação (apropriação) e retrabalho variável das 
normas antecedentes, e esse tratamento do misto, em si, é o que chamamos de 
renormalização” (Schwartz, 2009, p. 267). Ou ainda, podemos dizer que o 
trabalho é uma forma específica, e “é sempre o lugar de debates, com resultados 
sempre incertos, entre as normas antecedentes enraizadas nos meios de vida e 
as tendências à renormalização e à ressingularização pelos seres humanos” 
(Schwartz, 2005, p. 64). 
Dessa forma, podemos concluir que há uma certa distância entre o que é 
previsto, planejado para uma atividade ser realizada, e aquilo que realmente 
acontece, se concretiza. A atividade, portanto, é ressingularizada 
constantemente, porque o que está em pauta é a história pessoal de quem as 
faz, com escolhas que podem perpassar a cultura, o intelecto e o fisiológico. 
TEMA 2 – DIMENSÕES DA ERGOLOGIA NA PRODUÇÃO DO TRABALHO E 
DO SABER 
Neste início da etapa já aprendemos que a atividade humana no trabalho 
é o objeto de estudo da ergologia, e esse ato de trabalhar é consolidado por três 
dimensões descritas por Schwartz (2007). 
A primeira dimensão é relativa aos conhecimentos necessários para que 
as atividades no trabalho sejam realizadas, e podem ser encontrados em 
diferentes meios como livros, ferramentas, máquinas etc. 
A segunda dimensão diz respeito aos trabalhadores, sujeitos esses que 
realizam o trabalho à sua maneira, pautando-se em seus valores, escolhas e 
experiências de vida. 
A terceira dimensão fala sobre o meio e suas variações, o ambiente físico, 
o meio social, dentre outros. 
 Com a união dessas três dimensões, as atividades de trabalho são 
inúmeras, permitindo várias possibilidades, modificações constantes e 
singulares. Sempre que essas configurações mudam, aprende-se algo novo, 
surge um saber inovador, único e que, por sua vez, mesmo sendo novo, passa 
 
 
5 
pelo mesmo processo, continuando em (re)configuração permanente (Santos, 
2000). 
 Assim, “trabalhar é satisfazer uma exigência – produzir – mas, 
estreitamente ligada ao fato de criar, de aprender, de desenvolver-se, de 
dominar, de adquirir um saber” (Franzoi; Oliveira, 2015, p. 319). 
 Santos (2000) ainda nos traz que, ao trabalhar, estamos preenchendo 
nosso ser com saber, nos transformando e formando, desenvolvendo, 
aprimorando nossa inteligência. Esse trabalho do saber pode ser simples ou não, 
abstrato ou real, caracterizado como um processo ou um produto tanto coletivo 
como individual. Essa problematização que surge entre essas ambivalências de 
termos acaba por interagir, evocando a dialética, e, portanto, não se excluem, 
mas conversam entre si. 
 Analisando esse contexto, a ergologia tende a buscar mais conhecimento 
sobre as experiências que os sujeitos têm em seu meio de trabalho, entre o que 
se chama de trabalho prescrito (trabalho imposto, que deve ser executado, 
porém não prevê acontecimentos que podem ocorrer no percurso), e trabalho 
real (resultante das normatizações, contudo não circunscrito às execuções das 
normas e suas aplicações) (Schwartz, 2006). Como exemplo disso, podemos 
citar a produção, mobilização, organização e formalização do saber do 
trabalhador “em que se considera toda situação de trabalho como espaço de 
transgressão de normas produzidas pelos sujeitos no trabalho, espaço no qual 
cada sujeito vive um uso de si por si mesmo e um uso de si pelo outro” (Schwartz, 
2003, citado por Franzoi; Oliveira, 2015, p. 319). 
 Por conseguinte, a ergologia explora essa realidade da atividade humana 
em que: 
este concentrado de história é sempre, por uma parte, inacabado, 
lacunar, isto significa que a história se reescreve em permanência, que 
novas normas de construção de saberes, de construção do social, 
“renormalizações” incessantes reaparecem em todos os lugares onde 
os grupos humanos se mobilizam para produzir. [...] se o saber adere 
a tudo isso que aí se cria, aí se reinventa, se reproduz sem cessar, 
porque os meios de trabalho são sem dúvida o que acumula mais 
cristalizações, da história humana. (Schwartz, 2003, p. 24) 
Essas cristalizações que o autor supracitado se refere, são os novos 
conhecimentos, as diferentes organizações, tecnologias, procedimentos e 
valores estabelecidos. 
 
 
6 
TEMA 3 – SABERES INVESTIDOS E CONSTITUÍDOS: DISPOSITIVO 
DINÂMICO DOS TRÊS POLOS 
Tendo ciência de que entre o trabalho real e o trabalho prescrito há uma 
distância, e que esta deve serpreenchida pelo saber pessoal, que se constitui 
por meio de experiências profissionais, familiares, culturais, sociais, particulares, 
histórias, valores, educação, firma-se que esse saber é a própria personalidade 
de cada sujeito. Trata-se de um saber investido, que é complementar do saber 
constituído. 
Ressaltamos que: 
Primeiramente, a ergologia adjetiva esse saber de investido porque 
remete à especificidade da competência adquirida na experiência da 
gestão de toda a atividade de trabalho. E esta experiência é investida 
nesta situação única e histórica. Trata-se de um saber que está em 
aderência com a atividade. Ele não é formalizado e nem escrito em 
qualquer lugar. Essa experiência está cravada no intelecto e/ou no 
corpo, no corpo-si, como diria Schwartz, quer dizer, ao mesmo tempo 
no corpo e na mente ou na alma. (Trinquet, 2010, p. 101) 
Levando ao campo de trabalho, para compreender e analisar todo 
contexto, essas duas formas de saber – investido e constituído – são de extrema 
importância, pois formam os dois lados das atividades de trabalhos, uma unidade 
dialética. 
O saber constituído (ou simplesmente saber) é o saber acadêmico, 
adquirido por meio dos livros, das técnicas, das normas, dos programas de 
ensino, da tecnologia, enfim, de todos os meios formais que promovam novos 
conhecimentos. Contudo, apesar de muito importante, esse tipo de saber 
acadêmico que explica o trabalho prescrito não consegue expor tudo que ocorre 
no trabalho real, no cumprimento das situações reais. 
Diante disso, de forma isolada, nem o saber constituído, tampouco o saber 
investido, conseguem dar conta de explicar a complexidade da ergologia em se 
tratando do trabalho e suas atividades. Foi então que, na intenção de unir esses 
saberes, apresentou-se um método chamado de Dispositivo Dinâmico de Três 
Polos (DD3P), para compreender de forma menos descomplicada as situações 
de trabalho e dos saberes. 
O dispositivo dinâmico de três polos se situa, efetivamente, naquilo que 
podemos chamar de formação, para tanto, reconstituindo 
sensivelmente esta noção. Com efeito, intervir envolve dominar os 
saberes que se vai compartilhar, mas envolve também reconhecer o 
saber do outro, semelhante, na medida em que ele é também 
permanentemente portador de diferenças recriadoras em sua 
 
 
7 
atividade; consequentemente, envolve estar igualmente disponível 
para aprender com ele. (Schwartz; Durrive, 2007, p. 267) 
No estudo da ergologia, todas essas questões que concernem ao 
trabalho, seja pesquisa, estudo, formação, organização etc., não devem ser 
apontadas somente por peritos, mas sim também por aqueles que estão de fora, 
que conseguem ter percepções mais generalizadas sobre o assunto, que 
conseguem compreender o todo e não somente o específico, que é a 
especialidade de um perito. 
Por isso, a união dos saberes constituídos e investidos se torna importante 
e faz com que haja possibilidade de reunir mais pessoas, para responder a 
determinados problemas ou ainda para compreender essas atividades humanas 
no e do trabalho. 
 Para que isso ocorra, faz-se necessário que as pessoas participantes 
respeitem as condições de organização e funcionamento, que remetem à 
metodologia ergológica que se encontra no método DD3P. 
 Entendida essa importância, interessa-nos agora conceituar esse 
dispositivo dinâmico formado por três polos, sendo que o polo é um local virtual 
onde se juntam os objetivos, os saberes, as competências, interesses que toda 
essa coletividade de pessoas citadas anteriormente têm em comum: “Cada polo 
constitui, portanto, um grupo de pressão que busca conhecer e reconhecer o seu 
ponto de vista, seus interesses, suas concepções, junto aos outros polos que 
têm origem e concepções diferentes, porém, complementares” (Trinquet, 2010, 
p. 103). 
 Dessa forma, é possível obter-se uma percepção mais ampla das 
situações que se estuda ou sobre as quais se busca entendimento. Também é 
necessário ressaltar que não há, em um polo, indivíduos bem definidos. Existe, 
sim, um conjunto de ideias, de conceitos, de interesses, que permite que uma 
mesma pessoa possa transitar nos diferentes polos, sendo: 
a) aquele do polo dos saberes constituídos, organizados e disponíveis, 
b) mas, também, enquanto “trabalhador” mesmo, aquele que dispõe de 
saberes investidos e, enfim, c) enquanto parte integrante da 
organização, da concepção e do desenvolvimento de debates, aqueles 
saberes que pertencem às exigências ergológicas. (Trinquet, 2010, p. 
103) 
Em consequência, o DD3P se caracteriza como um método válido, capaz 
de unificar saberes e trazer pessoas de diferentes formações e percepções para 
juntas, buscarem pela elaboração de novos saberes e maiores compreensões. 
 
 
8 
TEMA 4 – TRÊS POLOS E DIÁLOGO SOCRÁTICO EM DUPLO SENTIDO 
 A dialética presente entre os saberes constituídos e os saberes investidos, 
ou seja, essa conversa que existe entre os saberes, é o que se denomina na 
ergologia de diálogo socrático de duplo sentido: 
Processo socrático de duplo sentido são situações em que não há 
somente Sócrates (aquele que sabe), que coloca as questões aos 
executantes (aqueles que estão na ignorância total e que buscam o 
saber), que devem responder, mas em que os “executantes” também 
colocam questões a Sócrates. Daí o duplo sentido. Portanto, é junto 
que se deve buscar as respostas apropriadas que levem em conta 
tanto os saberes acadêmicos quanto os saberes de experiência. 
(Trinquet, 2010, p. 99-100) 
Para o autor supracitado, um dos grandes desafios então é a formação 
profissional, que deve aliar os diferentes tipos de saber, sendo reconhecidos e 
usados, recaindo sobre as gerações como uma exigência para o trabalho. 
 Vejamos a seguir o esquema desse diálogo socrático de duplo sentido: 
 
Figura 2 – Esquema geral dos dispositivos dinâmicos de três polos 
 
 
 
 
9 
Na imagem acima, podemos identificar dois polos que já descrevemos: o 
dos saberes constituídos e dos saberes investidos. 
 No polo dos saberes constituídos, que permitem elaborar o trabalho 
prescrito, estão inseridas as competências, os conceitos, conhecimentos 
acadêmicos e profissionais. Esse grupo apresenta os saberes essenciais, mas 
fora da situação de trabalho estudada. 
 Já o polo dos saberes investidos está voltado para as atividades e refere-
se às experiências, à prática que cria e recria saberes com base em debates de 
normas que não são controladas ou apreciadas pelos saberes constituídos. São 
esses que chamamos de verdadeiros saberes, os saberes reais, concretos, e 
estão ligados com a situação de trabalho que buscamos estudar. 
“Evidentemente, muito intrincados, muito ligados à atividade em questão, muito 
mais situados no tempo e no espaço, resultado de uma história singular por 
serem elaborados em tempo real” (Trinquet, 2010, p.104). 
 Esses dois polos da DD3P são diferentes quando falamos de suas 
origens, seus conceitos, conteúdos e, por isso, possuem funções e 
responsabilidades diferentes desempenhados por seus participantes. Contudo, 
ratifica-se que, apesar das diferenças, eles são complementares. 
 Em seu texto “Trabalho e Educação: o método ergológico”, Trinquet 
(2010, p. 103) traz um exemplo, que, segundo ele, é simplório, mas que explicita 
essa relação de complementariedade necessária apresentada nesses polos: 
Imaginemos que seja necessário refazer a instalação elétrica de um 
ambiente de trabalho. A solução clássica consiste em requisitar um 
especialista (saber constituído), que colocará essa instalação em 
perfeita conformidade com as normas em vigor. Não resta nenhuma 
dúvida nesse sentido! Porém, se ele não tomou a precaução de discutir 
com os verdadeiros utilizadores desse ambiente de trabalho (saber 
investido), as tomadas serão instaladas onde o próprio especialista 
julgar melhor, e elas estarão em absoluta conformidade com as 
normas. Entretanto, pode ser que elas estejam instaladasem lugares 
onde não há necessidade, segundo a organização do trabalho 
desejada pelos utilizadores. Obviamente, isso não significa um 
problema para os trabalhadores, pois eles colocarão extensões com 
benjamins nas pontas, todas esparramadas pelo chão. Todavia, a partir 
de então, a instalação não estará mais em conformidade com o 
C.Q.F.D. (sigla francesa que significa a expressão matemática: o que 
é preciso demonstrar), ou ainda, não estará em conformidade com as 
normas oficiais. 
Tendo em vista esse exemplo, compreende-se que os diálogos entre 
essas duas formas de saberes nos exigem ética e respeito aos sujeitos 
trabalhadores, que estão desenvolvendo as atividades de trabalho, as atividades 
reais. 
 
 
10 
 Mas a essas alturas, você já deve estar se perguntando: e o terceiro polo, 
o que é? O terceiro polo é o local em que todas as pessoas, interlocutores, 
podem participar do processo de elaboração e definição de disposições e meios 
para buscar soluções possíveis para aquilo que se deseja. Ou seja, não é 
formado somente de saberes constituídos, tampouco somente de saberes 
investidos, mas ambos formam uma terceira via. Como nesse polo estão os 
representantes dos dois outros polos, para que não haja discussões infrutíferas 
ou momento em que as diferenças e oposições se sobressaiam, é pertinente 
tratar da formação em ergologia, que na prática se mostra elemento sine qua 
non para que os participantes estejam unidos em prol de um problema a ser 
resolvido, apoiando-se em uma mesma base de conceitos elementares: 
“Portanto, para favorecer a eficácia, é preciso envolvimento nessa organização. 
O que consiste em se debruçar sobre a preparação, o desenvolvimento, as 
condições materiais e conceituais a serem atendidas para alcançar eficiência” 
(Trinquet, 2010, p. 105). 
Com isso, temos que os três polos formam um esquema metodológico-
teórico que incorpora toda a filosofia do método ergológico. 
TEMA 5 – APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (PBL) 
Ao tratarmos a aprendizagem baseada em problemas, traremos um 
encontro da ergologia com a politecnia (conceito que traz o trabalho como 
princípio educativo), estudada em etapas anteriores. 
Essas duas vias se encontram quando tratamos do aprendizado com base 
nas relações de trabalho. Quando isso vai para além da escola, o método 
aplicado passa a ser a aprendizagem baseada em problemas. 
A PBL é uma metodologia voltada para a aquisição do conhecimento por 
meio da resolução de situações. Trata-se de uma metodologia de resoluções 
colaborativas no intuito de resolver desafios propostos pelos problemas 
elencados. Ao contrário das metodologias tradicionais, que em primeira instância 
apresentam conceitos, conteúdos, para em seguida resolver um problema 
proposto, a PBL apresenta primeiro o problema e, com base nesse, começa a 
busca por soluções. 
Segundo Junges e Junges (2017, p. 289), essa metodologia permite a 
“construção de conhecimentos de negócios e o encontro de respostas, 
instigando a criatividade, provocando reflexões, aguçando o instinto 
 
 
11 
investigativo, podendo utilizar tecnologias ou recursos”, descobrindo novas 
soluções dentro do que se está sendo proposto para a aprendizagem. 
Sendo assim, a PBL é uma abordagem metodológica que permite pensar 
a problematização em um contexto socrático de duplo sentido, sempre na 
percepção de seu momento histórico. Como tudo, essa metodologia também 
está pautada em intenções, e uma delas é a transformação do aluno, ainda em 
âmbito escolar, para cidadão, vivente em sociedade, sendo proativo, crítico e 
tendo sua formação omnilateral. 
Nesse contexto, o objetivo é a realização do encontro da dialética e dos 
saberes provenientes da formação acadêmica e da formação por experiências, 
“de criar, fazer, produzir, divulgar novos saberes” (Oliveira; Franzoi, 2015, p. 
334). 
Dessa forma, o processo socrático se refaz na escola, por meio da 
pesquisa dos alunos, unindo os saberes constituídos, as diversas experiências, 
saberes e valores de vida e de trabalho e se estende por toda sua vida no 
estabelecimento de suas relações sociais. 
A pesquisa, as problematizações e a dialética entre os saberes 
possibilitam alternativas e soluções para os problemas que estão presentes no 
cotidiano, os quais podem ser individuais e coletivos. 
NA PRÁTICA 
Para esse momento de nossa prática, analisaremos dois elementos muito 
importantes. São eles: 
1. A nossa própria relação com a complexidade dos processos de trabalho: 
em que medida os assalariados conseguem transpor saberes investidos 
e constituídos? Será que grande parte do trabalho executado demanda 
ações coordenadas e motoras de modo que, dialeticamente, na 
transgressão e na contradição, seja possível criar, se ressingularizar e se 
transformar? Como isso ocorre nas situações de trabalho corriqueiras e 
nas nossas próprias? 
2. Em que medida essas relações se dão na experiência de trabalho na 
escola? Agora podemos pensar trabalho como toda a atividade 
pedagógica pensada e planejada. Em que medida a escola coloca os 
alunos em situações de trabalho, pesquisa, problematizações em que não 
 
 
12 
somente eles (os alunos), mas os professores e a própria escola possam 
se ressignificar? Até que ponto que a escola mantém seu habitus e 
perpetua suas próprias relações? 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, pudemos aprender sobre a ergologia, que é uma abordagem 
pluridisciplinar que tende a compreender as atividades humanas, de forma 
especial no âmbito do trabalho. 
Aprendemos que existe uma certa distância entre o que é previsto 
(trabalho prescrito), planejado para uma atividade ser realizada, daquilo que 
realmente acontece (trabalho real). Dessa forma, a atividade é ressingularizada 
constantemente, porque o que está em pauta é a história pessoal de quem as 
faz, com escolhas que podem perpassar a cultura, o intelecto e o fisiológico. 
Vimos que o ato de trabalhar é consolidado por três dimensões descritas 
por Schwartz (2007): 
• 1ª dimensão relativa aos conhecimentos necessários para que as 
atividades no trabalho sejam realizadas, e podem ser encontrados em 
diferentes meios como livros, ferramentas, máquinas etc.; 
• 2ª dimensão que diz respeito aos trabalhadores, sujeitos esses que 
realizam o trabalho à sua maneira, pautando-se em seus valores, 
escolhas e experiências de vida; e 
• 3ª dimensão, que fala sobre o meio e suas variações, o ambiente físico, o 
meio social, dentre outros. 
Por meio da união dessas três dimensões, as atividades de trabalho são 
inúmeras, permitindo várias possibilidades, modificações constantes e 
singulares. Toda vez que essas configurações mudam, aprende-se algo novo, 
surge um saber inovador, único e que, por sua vez, mesmo sendo novo, passa 
pelo mesmo processo, continuando em (re) configuração permanente. 
Compreendemos que entre esse trabalho real e o trabalho prescrito, há 
uma lacuna que se preenche com o saber pessoal, que se constitui por meio de 
experiências profissionais, familiares, culturais, sociais, particulares, histórias, 
valores, educação, e firma-se que esse saber é a própria personalidade de cada 
sujeito. Esse saber passa a se chamar de saber investido, que é complementar 
 
 
13 
do saber constituído (saber acadêmico, proveniente dos livros, da tecnologia, 
das normas, máquinas etc.). 
Por isso, a união dos saberes constituídos e investidos se torna importante 
e faz com que haja possibilidade de reunir mais pessoas, para responder 
determinados problemas ou ainda, para compreender essas atividades humanas 
no e do trabalho. Para que isso ocorra, faz-se necessário que as pessoas 
participantes respeitem as condições de organização e funcionamento, que 
remetem à metodologia ergológica que se encontra no método dispositivo 
dinâmico de 3 polos (DD3P). 
Tratamos ainda da aprendizagem baseada em problemas, promovendo 
um encontro da ergologia com a politecnia(conceito que traz o trabalho como 
princípio educativo), estudada em etapas anteriores. 
Essas duas vias se encontram quando tratamos do aprendizado em 
função das relações de trabalho. 
 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
FRANZOI, N. L.; OLIVEIRA. M. C. R. Educação profissional, trabalho e produção 
de saberes. Revista Reflexão e Ação. Santa Cruz do Sul, v. 23, n. 3, p. 315-
337, set./dez. 2015. Disponível em: <http://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/
index>. Acesso em: 27 jun. 2023. 
JUNGES, S. S.; JUNGES, K. S. Aprendizagem baseada em problemas: uma 
metodologia nova ou uma metodologia inovadora? Revista Intersaberes, 
Curitiba, v. 12, n. 26, p. 287-304, 2017. Disponível em: 
<https://www.uninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/view/1302>. 
Acesso em: 27 jun. 2023. 
SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente. Contra o desperdício da 
experiência. São Paulo, Cortez, 2000. 
SCHWARTZ, Y. Trabalho e Saber. Trad. Daisy Moreira Cunha; Francisco Lima 
e Eloisa Helena Santos. Trabalho e Educação. v. 12, n. 1, jan./jun. 2003. 
_____. Transmissão e ensino: do mecânico ao pedagógico. Pro-Posições. v. 
16, n. 3, set./dez. 2005. 
_____. Entrevista: Yves Schwartz. Trabalho, Educação e Saúde. v. 4, n. 2, p. 
457-466, set./dez. 2006. 
_____. Produzir saberes entre aderência e desaderência. Revista Educação 
Unisinos. v. 13, n 4, p. 264-273, set./dez. 2009. Disponível em: 
<http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/4959>. Acessado 
em: 10 de junho de 2023. 
SCHWARTZ, Y.; DURRIVE, L. Trabalho e ergologia: conversas sobre a 
atividade humana. Trad. Jussara Brito e Milton Athayde et al. Niterói: UdUFF, 
2007. 
TRINQUET, P. Trabalho e educação: o método ergológico. Revista Histedbr. 
Campinas, n. esp., p. 93-113, ago. 2010. 
 
	EDUCAÇÃO PERMANENTE
	CONVERSA INICIAL
	TEMA 1 – ERGOLOGIA – CONCEITO E CONCEPÇÃO NA FORMAÇÃO PARA O MUNDO DO TRABALHO
	TEMA 2 – DIMENSÕES DA ERGOLOGIA NA PRODUÇÃO DO TRABALHO E DO SABER
	TEMA 3 – SABERES INVESTIDOS E CONSTITUÍDOS: DISPOSITIVO DINÂMICO DOS TRÊS POLOS
	TEMA 4 – TRÊS POLOS E DIÁLOGO SOCRÁTICO EM DUPLO SENTIDO
	TEMA 5 – APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (PBL)
	NA PRÁTICA
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

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