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Planejamento Urbano e Mobilidade 2

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PLANEJAMENTO URBANO 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Daniela Tahira Munhoz da Rocha 
 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, vamos tratar das dimensões do Planejamento Urbano, 
aspecto de fundamental importância para o gestor urbano, independentemente 
da esfera em que atue. 
Iniciaremos com uma breve justificativa metodológica na definição das 
dimensões do planejamento urbano. Na sequência, essas dimensões serão 
descritas uma a uma, trazendo exemplos práticos para que seja possível, ao 
final, analisar planos municipais, regionais, o organograma da administração 
municipal e as dimensões do planejamento urbano trabalhadas pelos 
municípios. 
Por fim, faremos a verificação do conteúdo disponibilizado por meio da 
análise de aplicação prática dessas dimensões em caso concreto. 
Segundo Duarte (2012), a divisão do planejamento urbano em dimensões 
e seus respectivos aspectos integrantes não é uma fórmula teórica abstrata. Ao 
contrário, essas dimensões surgem da prática, da execução de planos urbanos 
e de seu gerenciamento. Por esse motivo, vamos adotar um dos caminhos que 
Duarte (2012) menciona e determinar as dimensões do planejamento por meio 
da análise da própria estrutura administrativa de prefeituras no Brasil: 
• dimensão ambiental; 
• dimensão social; 
• dimensão econômica; 
• dimensão territorial; 
• infraestrutural; 
• gerencial; 
• círculos da sustentabilidade. 
TEMA 1 – DIMENSÃO AMBIENTAL 
Essa dimensão do planejamento urbano dedica-se ao aspecto ambiental 
que acaba sendo envolvido, em maior ou menor grau, em toda intervenção do 
urbana. 
Considerando sua relevância, a questão ambiental influencia diretamente 
outras dimensões do planejamento urbano. De acordo com Turbay e Cassilha 
(2021), “nas cidades se concentra pouco mais da metade da população global, 
 
 
3 
porém o consumo de energia destas representa 80% dos recursos energéticos 
disponíveis, o que ocasiona grande impacto ambiental, especialmente pelo 
maciço uso de combustíveis fósseis”. 
Embora não seja um conceito novo, cidades como Curitiba, por exemplo, 
já vêm dando destaque à dimensão ambiental há várias décadas, como se pode 
constatar nos projetos de drenagem urbana por meio da instalação de parques 
com lagoas de contenção e espraiamento dos rios implementados desde a 
década de 1970. Essa dimensão tem ganho especial relevância com o 
agravamento das mudanças climáticas e o grande aumento populacional que, 
inevitavelmente, acaba causando problemas na busca pelo equilíbrio com outras 
dimensões, como a econômica, a social e a infraestrutural. 
Não se está querendo dizer que essas dimensões são excludentes, longe 
disso, elas devem ser pensadas e aplicadas de forma harmônica e sinergética, 
cabendo ao gestor público essa tarefa. 
Segundo Sánchez (2013), o meio ambiente é a integração dos meios 
físico, biótico e antrópico, com seus respectivos agrupamentos de disciplinas. 
Assim, no mesmo sentido do que propõem Turbay e Cassilha (2021), 
As políticas ambientais urbanas, portanto, devem ser desenvolvidas 
com este olhar de minimizar impactos indesejados sobre a sociedade, 
o que significa analisar, entender e considerar o comportamento da 
natureza para fundamentar soluções, o que se denomina nature-based 
solutions (soluções baseadas na natureza). 
TEMA 2 – DIMENSÃO SOCIAL 
Nas palavras de Duarte (2012), 
A dimensão social é aquela que trata do bem-estar de todos os 
cidadãos. Os serviços essenciais, como saúde e educação, são a base 
da dimensão social. São responsabilidade do Município a educação 
básica e os serviços de saúde – mesmo quando recebem ajuda de 
fundos estaduais ou federais. 
Nessa dimensão, portanto, o gestor público deve se preocupar com todas 
as camadas que integram o bem-estar do cidadão. 
Integram essas camadas, além de educação e saúde, segurança, 
esporte, lazer, disponibilização de boas condições urbanas – por exemplo, áreas 
verdes, equipamentos públicos e mobilidade urbana. 
 
 
4 
Importante fazer aqui breve parêntese para pontuar que, no conceito de 
equipamento públicos, estão abarcadas escolas, hospitais, parques, áreas para 
atividade esportiva etc. 
Essa dimensão ganha especial relevância com o grande aumento 
populacional e concentração cada vez maior de pessoas em grandes centros 
urbanos, seja essa concentração para moradia ou apenas para o trabalho diário. 
Cabe ao planejamento urbano direcionar a política habitacional do 
município, evitando, por exemplo, que haja interferência com os recursos 
naturais, e buscando sobretudo disponibilizar as melhores condições e 
equipamentos púbicos no entorno das moradias. 
Por fim, compõem ainda a dimensão social a assistência social e 
promoção da cidadania, buscando a inclusão de todos os grupos sociais, 
especialmente os mais vulneráveis. 
TEMA 3 – DIMENSÃO ECONÔMICA 
De acordo com Duarte (2012), 
A dimensão econômica do planejamento urbano está ligada às 
possibilidades de a cidade gerar recursos financeiros de forma global, 
para, assim, pode implementar os projetos urbanos para toda a 
população e, também, a criação de oportunidades a fim de que cada 
indivíduo tenha condições gerar recursos pelo seu próprio trabalho. 
Compõem essa dimensão os mais diversos aspectos econômicos e meios 
de produção, por exemplo, agricultura, indústria, comércio e serviços. 
Nesse ponto, o gestor público deve estar especialmente atento às 
questões que influenciam esses setores e que vem sofrendo alterações com 
velocidade e frequência sem precedentes na história da humanidade. 
Com efeito, o rápido avanço tecnológico vem gerando grandes mudanças 
em todos os setores anteriormente citados, seja com novas técnicas agrícolas, 
que aumentam a produtividade e diminuem a necessidade de área de plantio, 
seja no surgimento de um número cada vez maior de empresas baseadas em 
tecnologia e informação, que alteram o perfil dos serviços e distribuição de 
mercadorias. 
A dimensão econômica abarca ainda a busca pelo gestor público das 
condições de emprego e programas de geração de renda alternativa. Para 
Duarte (2012), “é importante abordar a criação de possibilidades para geração 
 
 
5 
de postos de trabalho e os programas de geração de renda alternativa para 
aqueles que esteja temporariamente fora do mercado de trabalho.” 
Por fim, mas não menos importante, está inserido nessa dimensão o 
turismo, aspecto que tradicionalmente é negligenciado, deixando-se de 
aproveitar em sua plenitude o enorme potencial turístico do Brasil. 
TEMA 4 – DIMENSÃO TERRITORIAL 
De acordo com Duarte (2012), “quase todos os aspectos dessas cinco 
dimensões efetivam-se no território urbano e, para que tenham o melhor uso 
para a população à qual se destinam, é necessário que estejam bem 
posicionados na cidade”. 
Na prática, o instrumento utilizado pelo gestor público para direcionar essa 
distribuição é o Plano Diretor. 
Para Turbay e Cassilha (2021), “a concentração ou distribuição de 
recursos e oportunidades urbanas determina a necessidade ou não de se 
deslocar nas cidades”. 
A equidade espacial é definida por Taleai et al. (2014) como o grau em 
que os serviços são distribuídos espacialmente de maneira igual em diferentes 
áreas, correspondendo à variação espacial da necessidade desses serviços. A 
equidade espacial na distribuição dos recursos é igual à acessibilidade. 
Turbay e Cassilha (2021) defendem que 
Ao lidar com a questão socioespacial, é fundamental compreender os 
mecanismos de segregação e as forças que os exercem. Um 
fenômeno característico da cidade contemporânea, que deve ser 
enfrentado pelo planejamento urbano, é a gentrificação, que consiste 
em uma expulsão de comunidades locais por efeitos da implantação 
de grandes projetos urbanos, sejam empreendimentos privados ou 
obras públicas, que determinam uma valorização do preço da terra e 
favorecem uma pressão imobiliária que acaba por inviabilizar apermanência de grupos sociais de menor renda. 
Em resumo, a dimensão territorial exige que o gestor público distribua os 
aspectos das demais dimensões com equidade e eficiência, buscando sempre o 
planejamento eficaz e sustentável. 
 
 
6 
TEMA 5 – INFRAESTRUTURAL, GERENCIAL E CÍRCULOS DA SUSTENTABILIDADE 
Para Duarte (2012), a “dimensão infraestrutural trata das obras de 
serviços públicos e de fornecimento de água, esgoto, eletricidade, gás etc. Essa 
dimensão é a base técnica da organização territorial do Município”. 
Trata-se aqui, portanto, da fundamental tarefa de gerir as obras públicas 
que, em último grau, são a forma de concretização e aplicação no mundo real de 
tudo aquilo que foi planejado e pensado nas demais dimensões do Planejamento 
Urbano. 
Não há hierarquia entre as dimensões do planejamento urbano que, como 
já se disse, devem coexistir e ser aplicadas de forma harmônica. Entretanto, a 
dimensão infraestrutural acaba gerando grande visibilidade para a população em 
geral em razão do aspecto físico e palpável das obras públicas e também pelos 
efeitos que muitas vezes gera no dia a dia do cidadão, por exemplo, alterações 
de trânsito, fechamento de comércio etc. 
Basta andar pelas ruas de qualquer cidade do país para testemunhar 
in loco exemplos positivos e negativos da aplicação dessa dimensão, seja por 
meio de obras que se perpetuam no tempo (aspecto negativo), seja por obras 
que são realizadas de forma bem planejada e que em quase nada afetam a rotina 
diária dos habitantes. 
Dessa forma, cabe ao gestor público não apenas diagnosticar os 
problemas e as necessidades do território e vislumbrar e planejar seu futuro, mas 
também a fundamental tarefa de programar e gerenciar as obras públicas de 
forma que sejam realizadas com a maior eficiência e com o menor impacto 
possível para os cidadãos. 
Para Duarte (2012), “a dimensão gerencial lida com a administração, o 
planejamento e a gestão dos órgãos públicos responsáveis pelo bom 
funcionamento do Município”. 
Trata-se aqui do gerenciamento e dimensionamento da estrutura de 
secretárias, autarquias, e demais órgãos e agentes que compões a estrutura 
administrativa do Município. 
Encontram-se abarcados nessa dimensão instrumentos de gestão e 
planejamento mais amplos, por exemplo, o Plano Diretor, o Plano Plurianual, a 
Lei de Diretrizes Orçamentárias etc. 
 
 
7 
O gerenciamento dos diversos órgãos da administração pública é um dos 
aspectos mais delicados e importantes para a aplicação das demais dimensões, 
sendo necessário que se busque alcançar a atuação harmônica e coordenada 
das diversas secretarias, autarquias etc. 
O gestor público não pode jamais perder de vista que a administração 
pública é uma só, havendo divisão administrativa apenas para que se alcance 
uma maior eficiência. Dessa forma, o diálogo constante e cooperação é conditio 
sine qua non para que se tenha a máquina pública funcionando de forma célere 
e eficiente. 
Importante destacar já de início que não se trata aqui de uma dimensão 
propriamente dita, mas sim de uma ferramenta de avaliação diagnóstica, uma 
metodologia adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em seu 
programa de Cidades Compactas. 
Segundo Turbay e Cassilha (2021), essa metodologia entende o 
planejamento urbano nas esferas econômica, política, cultural e ecológica, e 
sugere a participação da comunidade por meio de um questionário, o qual é 
analisado graficamente, resultando no perfil de sustentabilidade do município ou 
região. 
Cada uma das quatro esferas mencionadas trazem ainda sete 
subdivisões. 
• Economia: 
i. produção e recursos; 
ii. troca e transferência; 
iii. contabilidade e regulação; 
iv. consumo e uso; 
v. trabalho e bem-estar; 
vi. tecnologia e infraestrutura; 
vii. riqueza e distribuição. 
• Ecologia: 
i. materiais e energia; 
ii. água e ar; 
iii. flora e fauna; 
iv. habitat e assentamentos; 
v. forma integrada e transporte; 
vi. modalidade e sustentação; 
 
 
8 
vii. emissão e resíduos. 
• Política: 
i. organização e governança; 
ii. direito e justiça; 
iii. comunicação e crítica; 
iv. representação e negociação; 
v. segurança e acordo; 
vi. diálogo e reconciliação; 
vii. ética e responsabilidade. 
• Cultural: 
i. identidade e engajamento; 
ii. criatividade e recreação; 
iii. memória e projeção; 
iv. crenças e ideias; 
v. gênero e gerações; 
vi. investigação e aprendizagem; 
vii. bem-estar e saúde. 
Figura 1 – Círculo de sustentabilidade 
 
Fonte: ONU – Programa de Cidades Compactas, [S.d.]. 
Além das subdivisões citadas, o círculo tem escala de avaliação com 
variação de nove pontos, desde sustentabilidade crítica (mais ao centro) até 
sustentabilidade vibrante (mais periférica). Apresentada em cores, a escala deve 
 
 
9 
ser representada em vermelho para a situação crítica no aspecto em avaliação, 
cor âmbar quando estiver em posição central de sustentabilidade, e em verde 
quando avaliado positivamente. 
A abordagem utilizada busca aproximar as cidades da sustentabilidade, 
abordando tanto questões qualitativas quanto quantitativas. A dimensão 
econômica é definida pelas práticas e usos de materiais associados à produção, 
utilização e gestão de recursos. Na questão política, são enfatizadas práticas 
associadas a organizar, regular e legitimar a vida em sociedade. Na esfera 
cultural, estão expressões de significado social para a vida comum. Já a 
dimensão ecológica envolve as práticas humanas dentro do ambiente, seja ele 
construído ou não. A respeito do questionário, as questões avaliam a realidade 
do território em busca dos seguintes aspectos: 
• prosperidade econômica – confiança da população, envolvimento com a 
temática, e o resultado direto envolvendo seu bem-estar; 
• resiliência ecológica – percepção da população sobre a resistência do 
ambiente natural às ações sofridas; 
• engajamento político – percepção do poder de envolvimento da população 
em decisões políticas em seu território de convivência; 
• vitalidade cultural – capacidade de desenvolvimento, por parte da 
população, de seus costumes, cultivando a identidade e formação cultural 
da comunidade. 
Os resultados trazidos são muito relevantes, pois conseguem traduzir o 
ponto de vista da comunidade sobre sua relação com o território em diversas 
questões, apontando inclusive pontos importantes para o futuro alcance da 
sustentabilidade. 
Turbay e Cassilha (2021) sintetizam que 
abordar a relação do planejamento urbano com as dimensões da 
realidade contemporânea tem por objetivo contextualizar a 
complexidade e a transdisciplinaridade do tema. Esta complexidade 
exige que o planejamento territorial seja desenvolvido por equipes de 
profissionais de diversas áreas do conhecimento. As dimensões 
contempladas, servem para viabilizar processos analíticos específicos, 
mas é importante reconhecer que os temas urbanos devem ser 
avaliados de forma integrada e sistêmica em uma orientação de 
planejamento para minimizar a crise ambiental, expressada pelo 
aquecimento global e pela fragilidade de certas populações a desastres 
naturais; e para promover inclusão social no sentido da equidade de 
acesso a recursos e oportunidades. 
 
 
10 
NA PRÁTICA 
• Projeto Gestão de Risco Climático Bairro Novo do Caximba – PGRC-
Bairro Novo do Caximba 
Em Curitiba, no bairro do Caximba, em 2010, às margens do Rio Barigui, 
em área de proteção, controle ambiental e drenagem natural do rio, denominada 
Área de Proteção Ambiental Municipal do Iguaçu, teve início um processo de 
ocupação irregular que foi denominado Vila 29 de Outubro, data do início da 
ocupação. No período de 2010 a 2017, a ocupação se expandiu e se consolidou 
em aterro ilegal de antigas cavas, resultado da extração de areia e com material 
contaminado e resíduos da construção civil, apresentando, em dezembro de 
2017, 1.693 domicílios em condições precárias,construídas de material 
aproveitado (compensados, lonas, entre outros de baixa qualidade). Objetivando 
atenuar as extremas condições de vulnerabilidade socioambiental verificadas, 
iniciou-se um robusto conjunto de ações integrando diversas áreas setoriais, a 
comunidade e a sociedade civil organizada, que culminaram na elaboração do 
Projeto Gestão de Risco Climático Bairro Novo do Caximba. 
O Projeto propõe alternativas para desenvolver a resiliência local e 
promover a adaptação à mudança do clima, especialmente com relação a 
inundações, bem como atuar no processo de ocupação nessa área de 
vulnerabilidade ambiental e socioeconômica. 
As medidas estruturais da proposta são: 
1. macrodrenagem e recuperação ambiental – liberação da área de risco 
com a retirada e reassentamento de 1.147 domicílios da área de proteção 
permanente e sujeita à inundação, para as novas unidades habitacionais 
a serem construídas; recomposição do corredor ecológico ao longo do rio; 
implantação de bacias de espraiamento e contenção de cheias, 
apropriadas ao espraiamento do Rio Barigui; construção de talude/dique 
e canal de macrodrenagem para contenção de cheias, delimitando a área 
de recuperação ambiental da área a ser urbanizada; implantação de 
Parque Linear acessível à população, no platô do talude, com áreas de 
estar para o convívio comunitário, equipamentos de esporte e lazer, como 
ciclovia e quadras esportivas, centro de Capacitação e Convívio para a 
comunidade; além do esporte e lazer. Como alternativa de 
desenvolvimento social e econômico, inédito em Curitiba, estão previstas 
 
 
11 
no parque áreas destinadas ao plantio de flores, como alternativa de 
geração de renda para a comunidade. 
2. infraestrutura urbana, social e equipamentos públicos – acesso da 
população a condições adequadas de infraestrutura viária, esgoto, 
abastecimento de água, rede de energia elétrica e construção de 
moradias; garantia de atendimento nas áreas de educação, saúde e 
assistência social com a construção, reforma e ampliação de 
equipamentos que atenderão à população da 29 de Outubro e entorno. 
A força-tarefa da Prefeitura envolve, além do Instituto de Pesquisa e 
Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), o Gabinete do Prefeito, a Companhia 
de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), a Procuradoria Geral do Município e 
as secretarias municipais de governo, Meio Ambiente, Obras Públicas, 
Segurança Alimentar e Nutricional, Defesa Social, Educação e Fundação de 
Ação Social. O Instituto das Águas do Paraná, a Sanepar, a Copel e a Secretaria 
Estadual de Segurança Pública participam do projeto pelo Governo do Estado 
do Paraná e há parceria da Associação dos Empresários da Cidade Industrial de 
Curitiba (Aecic). Ainda participam organizações não governamentais (ONGs) 
com atuação local e a iniciativa privada. 
A equipe intersetorial municipal coordena o trabalho, em uma abordagem 
bottom up (“de baixo para cima”), por meio de reuniões, audiências, workshops 
e parcerias, em um tipo de governança em equipe. 
FINALIZANDO 
O Projeto Gestão de Risco Climático – Bairro Novo do Caximba pode ser 
considerado um bom exemplo de projeto de planejamento urbano que contempla 
as dimensões explicitadas anteriormente. O projeto busca soluções aos 
impactos físico-territoriais, ambientais e sociais, de forma sustentável e com 
características inovadoras. Ele foi desenvolvido adotando-se conceitos de 
mitigação e adaptação às mudanças climáticas e construído em conjunto com a 
população do local, em um processo único de inovação social. 
Alguns exemplos dessas soluções: 
a. o reassentamento das famílias que serão realocadas para áreas próximas 
(em um raio de até 700 metros) em locais seguros, respeitando as normas 
 
 
12 
ambientais e incorporando critérios de adaptação e soluções baseadas 
na natureza; 
b. utilização de matéria-prima da região e contratação de mão de obra da 
própria comunidade com o objetivo de valorizar a economia local e reduzir 
as emissões de Gases de Efeito Estufa; 
c. otimização das infraestruturas existentes (equipamentos públicos e 
transporte) garantindo a resiliência dos equipamentos e serviços; 
d. adesão da comunidade à proposta (em função de um trabalho de 
construção coletiva – bottom up em que houve constante e intensa 
interação com os moradores que efetivamente participaram e influíram na 
formatação do projeto); 
e. envolvimento multisetorial do poder público e privado contando com a 
interação de diversas secretarias e órgão municipais e instituições; 
f. utilização de módulos fotovoltaicos (painéis solares) e captação de água 
da chuva na unidade habitacional promovendo a utilização de energia 
renovável, eficiência energética, bem como resiliência quanto à questão 
hídrica tanto na retenção das águas pluviais quanto em relação ao 
aproveitamento da água; 
g. a definição das ruas “compartilhadas” que foram pensadas do ponto de 
vista do pedestre, do usuário do transporte coletivo, do ciclista e do 
motorista, nessa ordem de prioridade, sendo que algumas delas são a 
extensão da unidade habitacional e observando também critérios de 
conforto térmico, segurança nos deslocamentos, favorecendo a 
mobilidade ativa; 
h. soluções para uma nova abordagem com relação à microdrenagem das 
águas das chuvas e utilização de pavimentação sustentável com material 
drenante que contribuirão positivamente do ponto de vista econômico, 
social e ambiental, em especial com relação aos riscos de alagamentos; 
i. parque produtivo, que, além de ter as funções de macrodrenagem urbana 
respeitando o espraiamento natural do Rio Barigui e auxiliando na 
contenção de cheias, tem também o plantio como opção econômica para 
as famílias contempladas no projeto. 
São soluções do projeto que fazem do PGRC – Bairro Novo do Caximba 
um verdadeiro laboratório de ideias diante dos desafios não só da mudança do 
clima, mas do planejamento urbano e inclusão social. 
 
 
13 
Figura 2 – Projeto Gestão de Risco Climático Bairro Novo do Caximba 
 
Fonte: Magnabosco; Rocha, 2020. 
Figura 3 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas 
 
Fonte: ONU, 2015. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
DUARTE, F. Planejamento urbano. Curitiba: InterSaberes, 2012. 
TURBAY, A.; CASSILHA, S. Planejamento urbano. Curitiba: InterSaberes, 2021.

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