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......... ....... ....... . . . . . . . . . . . . . . . . I,Hill.-mo r pupiicuito I out I in llllNNito il.i IhlH V Hull)' I'lVM* B o x I - I l t d I ) n w n r i ' n ( i m v r , I I , ( J O S I S U S A . l o i I om o n d i r d c o » M O i «*»»»-1 * . h I u n WlhMlv I11 ediçAo 2 0 1 0 .. 3 . 0 0 0 exemplares Co n s e l ho Edi tor ial Adão Carlos do Nascimento Ageu Ci ri lo de Magalhães, Jr. Cláudio Marra (Presidente) Fabiano Almeida de Oliveira Francisco Solano Portela Neto Heber Carlos de Campos Júnior Jôer Corrêa Batista Jailto Lima Mauro Fernando Meister Tarcízio José Freitas de Carvalho Valdeci da Silva Santos Produção Editorial Tradução Valdeci Santos Revisão Silvana Brito W ilton Vidal de Lima Paulo Pompêo Editoração Lidia de Oliveira Dutra Capa Lela Design Wdl»h, Brian; Middlcton,J. Richard A vis.m transformadora / Brian Walsh, J . Richard Middleton; traduzido por Vaklei-i Santos, _ S ã o Paulo: Cultura Cristã, 2010 192 I6x23cm I radtição I lie transforming vision ISBN 9 7 8 - 8 5 - 7 6 2 2 - 3 0 6 - 1 I. Teologia Bíblica 2. Bíblia I. Título C D D 230.041 € 6DITORR CULTURR CRISTR Rua Miguel Teles Junior, 394 - Cambuci 01540-040 - São Paulo - SP - Brasil Fone (11) 3207-7099 - Fax (11) 3209-1255 www.editoraculturacrista.com.br - cep@cep.org.br 0800-0141963 Superintendente: Haveraldo Ferreira Vargas Editor: C láud io A ntônio Batista Marra http://www.editoraculturacrista.com.br mailto:cep@cep.org.br Aos nossos alunos e Institu to para Estudos Cristãos S u m á r i o im 'M NT/lÇj()..................................................................................................................................9 /*«/1vício..........................................................................................................................................11 PAKTK 1: O que são cosmovisões? ( 'upítulo 1: Cosmovisão e cultura...................................................................................... 15 l 'upítulo 2: Analisando as cosmovisões...........................................................................29 PAU I I ' 2: A cosmovisão bíblica l ‘upítulo 3: Com base na criação........................................................................................ 39 ( 'upítulo 4: Reconhecendo a queda....................................................................................55 l 'upítulo 5: Transformado pela redenção..........................................................................65 l'A UTE 3: A cosmovisão moderna ( ’upítulo 6: O problema do dualismo................................................................................81 l'upítulo 7: O desenvolvimento do dualismo................................................................. 93 l 'upítulo 8: O progresso da cosmovisão secular........................................................... 101 ( 'upítulo 9: Os deuses da nossa era .................................................................................113 PAUTE 4: A cosmovisão bíblica em ação l 'upítulo 10: Uma resposta cristã cultural.....................................................................129 l 'upítulo 11: A cosmovisão e a academia...................................................................... 141 l ’upítulo 12: Rumo a uma estrutura filosófica cristã................................................. 151 N< >TAS.................................................................................................................................................. 161 1 J MA lilBLIO G R A FIA SEM A QUAL NÃO PO D EM O S V IV E R .................................................177 A i m u í s k n t a ç ã o K m Ir livro foi motivado por um profundo desapontamento e por um desejo llltciiNO, ( )s autores, eles próprios cristãos, observam que um grande número de ftfllN contemporâneos norte-americanos se considera cristão. Ainda assim o Cris- IiiiliÍnih<> é ineficiente para moldar suas vidas públicas. O que modela com eficácia iiuNMH vida pública e nossa sociedade em geral é a subserviência com -que tratamos •i i kénciu, a tecnologia e o crescimento econômico. Na maior parte do tempo o I ‘i lhtiiinisnio fica de lado e, simplesmente, observa. Esse é o desapontamento dos tlUtorcN. ( ) desejo intenso deles c que haja mudança - porque o Cristianismo pode inrltcr uma inclusão social e cultural. Pois nisso eles veem a vida, o direcionamento ti CNpcrança que nossa sociedade tanto precisa. Walsh e Middleton questionam por que o Cristianismo norte-americano pn mimeec tão separado da sociedade. A resposta deles é mais ou menos esta: Se íniNi ;ii mos em qualquer sociedade por sua formação básica, descobrimos que ela é ltinunda pela cosmovisão daqueles que a compõem. Isso é o que molda sua existência. A roMiiovisão de um povo é sua maneira de pensar a respeito da vida e do mundo, íHHniT.ula aos valores que estabelecem para si mesmo dentro do contexto daquela IflHlIcira de pensar. Os japoneses têm uma cosmovisão que molda sua vida em um nmjunto; os índios canadenses dene têm uma cosmovisão, a cultura da maioria, mi América do Norte, existe uma, e assim por diante. ICxiste também uma cosmovisão cristã, que na verdade não está claramente Incorporada em alguma sociedade existente, mas está expressa nas Escrituras. Para rtdotur o Cristianismo com autenticidade é preciso ser uma pessoa de fé que aceita |U|urla cosmovisão bíblica. Walsh e Middleton dão uma declaração renovada do que »* t*HHa cosmovisão bíblica. Eles desejam, especialmente, enfatizar que um escrutínio preciso dessa cosmovisão deixa clara sua extensão. Essa é uma cosmovisão para inolilar a vida como um todo e não apenas alguns ângulos religiosos ou espirituais ou sagrados da vida. Então, por que ela não funciona realmente assim? Por que a cosmovisão cristã fâermanece tão excluída da sociedade apesar de tantos nela se considerarem cris- Iflos? A resposta que Walsh e M iddleton desenvolvem é que os cristãos, em geral, (hlliam cm perceber o alcance radical da cosmovisão bíblica. Eles consideram que HGU impacto formativo não alcança além de um ângulo religioso da vida. “Vejam, f\ v w u | 'hAnmri | lUHrt cutá iu|ui, mus nflo exÍ8tr"; é corno eles pensam, Klcs ntto percebem o dcHcjo ardente (Ir I )cuh pela rxprcssiío cie fé no Kstado ou sociedade caracterizada pelo senso co mum polis. Consequentemente, outras cosmovisõcs c outras crenças concorrentes modelam sua vida pública. Resumindo, os cristãos são dualistas. Kntfto este livro é um chamado veemente aos cristãos para ter um só coração r uma só mente e reconhecer que Jesus Cristo c Senhor na vida como um todo. Leia o como uma análise perturbadora sobre o que impede tal simplicidade de coração e mente. Leia-o, também, como uma receita provocativa para vencer os obstáculos e recuperar a atitude de servir apenas um Mestre. Nicholas W olterstorff l \ilvin ( ’ollrge P k k f á c i o 1'IhIc livro originou-se de uns 20 cursos sobre cosmovisão cristã que nós dois ■ imiihiinos cm vários campt universitários na região de Ontário Sul entre 1977 e IW t. N osso alvo era auxiliar os estudantes a desenvolver uma cosmovisão cristã liilr|ii ml;i, uma cosmovisão que fosse tanto fiel às Escrituras quanto motivadora de iiiiin obediência cristã em uma era secular. Este livro tem o mesmo objetivo. A Marte 1 introduzirá as cosmovisões. O Capítulo 1 discute o que elas são V m ino nos afetam. No Capítulo 2 atentamos para formas de avaliá-las: O que lii/ iiiiiii cosmovisão específica ser boa? A partir dessa visão geral nos direciona- inon para a Parte 2, para uma exposição da cosmovisão cristã. Cada um dos três i tiplliilos aqui desenvolve um elemento crucial da perspectiva cristã. A Parte 3, "A cosmovisão moderna”, apresenta a visão que atualmente guia a sociedade oci- ilt nliil. ( ) Capítulo 6 observa sua base dualista, e o Capítulo 7 explica de onde ela veio, ( )s Capítulos 8 e 9 analisam a idolatria e a situação profundamentedifícil ili nossa era presente. As Partes 1 a 3 nos preparam para a resposta cristã da Parte 4. Nesses últimos »tipii (ilos enfatizamos a natureza comum de nossa resposta cultural. As conclusões, òn quais chegamos aqui, particularmente são sustentadas por cristãos eruditos, e iiNHÍm, a bibliografia com a qual concordamos é muito mais do que um anexo. E , ltu verdade, uma bibliografia sem a qual não podemos viver. Nossa crença de que as cosmovisões são comuns é indicada pelo fato de que rMe livro foi escrito em coautoria. M as a natureza comunitária deste livro é tam bém evidenciada por todas as outras pessoas que contribuíram para este projeto. Infelizmente, podemos agradecer apenas a poucos neste espaço. I lendrik Hart, James Olthuis e Al Wolters, professores no Instituto para KmIikIos Cristãos, Toronto, tiveram profunda influência sobre nossa maneira de pensar. Robert Vandervennen, diretor de serviços educacionais no Instituto para Khludos Cristãos, deu suporte e encorajou o projeto desde o início. A assistência editorial de D on Sedgwick no esboço inicial do manuscrito foi inestimável. Susan Bower, Jack Kuhatschek, Jane Wells e Jim Sire leram o mtmuscrito inteiro e fizeram comentários úteis. O manuscrito foi digitado por Don Knudsen e Kathy Vanderkloet. Gord Carkner e Ruth Irwin deram assis- léiuia compilando a bibliografia. E o Instituto para Estudos Cristãos supriu com gmeroiddade a asniíitêneia linanceira necessária. Somou profundamente devedores a todoí (*I(?h, por participarem deste projeto comunitário. Mas existe um tipo especial de participação comunitária que queremos ilcs-- tacar. Wendy Bartley e Mareia Middleton não digitaram manuscritos ou deram conselhos editoriais. Elas simplesmente nos amaram. Agradecemos a Yahweh, HONRO Senhor, pelo amor e por sua constante fidelidade pactuai por nós. finalmente, este livro nunca teria sido escrito sem nossos alunos. Suas perguntas, ideias e reações entusiásticas à cosmovisão cristã c suas implicações transformadoras de vida constituíram um estímulo fundamental em nossos escritos. I A VI RAI J 1HANRPIJUMAP 'HA Brian W;ilsh Rii hard Middleton Montreal, Natal tie 1983. P a k t e 1 O Q U E S Ã O C O S M O V IS Õ E S ? C a p í t u l o i COSMOVISÃO E CULTURA Anthony sentou-se e conversou conosco, na cafeteria bem iluminada, por um Intimo período. Apesar de entendermos seu problema, parecia impossível para nós fllt ant,i'i lo. Não conseguíamos atravessar o abismo perceptível existente entre nós. I' ui o I i|x> de abismo que separa dois tipos de vida, duas cosmovisões. Anthony veio para o Canadá estudar comércio, com a intenção de voltar para milti chhii em Singapura e começar a trabalhar em seu ramo de atividades. Ao retornar (4(7 ilovcria se casar com uma garota com a qual já se relacionava havia alguns anos. Apesar de não estarem oficialmente comprometidos, dentro da estrutura cultural ilrlfM, supunha-se que eles se casariam. M as algo aconteceu. Em seu segundo ano no Canadá, Anthony tornou-se i iimUIo por meio do grupo InterVarsity Christian Fellowship à t seu campus. Ele i resecu como pessoa de maneira nunca antes esperada por ele mesmo. Como, fre quentemente, acontece em tais períodos de crescimento, velhos planos começam B mudar. Anthony concluiu que não amava mais sua amiga, e começou a esfriar o irliu ionamento em suas cartas. Por fim, fez-se necessário voltar para casa e romper ii relacionamento de modo adequado. Ao contar sua história, ficamos impressionados com a integridade moral do ijlle liiivia feito e da maneira como havia feito. Entretanto, agora que ele havia fel ornado, Anthony era um jovem deprimido e enfraquecido. Sua família o havia rejeitado por ter terminado o relacionamento com a moça. “Você é pior do que um Rulmal", seu pai lhe disse. “Até mesmo animais demonstram gratidão.” Aos olhos de seus pais e aos olhos dos pais de sua namorada, Anthony havia n »metido um pecado imperdoável. Ele havia golpeado as esperanças e expectativas i Ir mia família sendo desleal com a mulher a quem ele havia sido prometido. Na cul- 11ii ii natal de Anthony, a lealdade é um dos mais altos de todos os deveres morais. Essa história ilustra de forma dolorosa o caráter infiltrador das cosmovisões. A família de Anthony viu o que ele havia feito de maneira completamente dife- letltc de como nós vimos. O que se destacou para nós foi a integridade de caráter JO A VIMM I TUANMVt i|UIAln IRA de Antlumy. Vimos um jovem que se recusou ;i esconder se atTil« dos milmtrcs de quilômetros que o separavam de uma situação desagradável. Vimos um jovem que cru uherto e sensível na maneira como se relacionava com sua antiga namorada. Sc seus pais notaram essas características admiráveis em Anthony, certamente não viram sua importância. Viram em primeiro lugar falta de lealdade e de gratidão. Temos aqui duas maneiras de ver - na verdade, duas cosmovisões. Contudo, 0 que fez a situação mais dolorosa ainda é que as duas cosmovisões estavam em guerra dentro do próprio Anthony. Apesar de algumas pessoas alegarem o contrário, a conversão a Jesus Cristo não apaga de imediato anos de criação de acordo com outra visão religiosa. Anthony sabia que, como cristão, suas ações eram amorosas e honestas, mas em seu coração oriental as acusações de seus pais ainda faziam sentido. ' Talvez ele losse, realmente, o vilão que seu pai disse que era. Knhu batalha de cosmovisões, essa tensão fundamentalmente espiritual in comodou e deprimiu Anthony por meses. Como amigos cristãos, o melhor que podÍHinoH fa/er cru afirmar o lado cristão daquela batalha. Tentamos elevar sua lUitnGrttiimi fUWcgurundo seu valor aos olhos de seu Senhor e de seus irmãos e irmãs 1 I Ihliloh, Kmc’ livro é sobre cosmovisões. Cosmovisões são mais bem compreendidas qiiiiitdo um vemos materializadas, incorporadas em modos reais de vida. Elas não são hÍMciiiun de pensamentos, como teologias ou filosofias. Pelo contrário, cosmovisões Mfto dHtruturas perceptivas. São formas de se ver. Se quisermos entender o que as pewMOiin veem ou a maneira como veem, precisamos prestar atenção à maneira como elun uiuliun. Se colidem com certos objetos ou tropeçam neles, então podemos Niipoi que elas não os estão vendo. Reciprocamente, seus olhos podem não apenas ver, mas lixar se em outros objetos. Dois exemplos ilustrarão a questão. Antes de tudo, veremos como as práticas de criação de filhos no Japão diferem das do Canadá e então analisaremos os pontos de vist a a respeito da terra mantida pela cultura norte-americana dominante e pela cultura norte-americana dos índios nativos, contrastando-os. Sobre dar banho em bebês Em 1959 a antropóloga M argaretM ead ajudou a produzir um filme intitulado: As quatro fam ílias} O filme retrata um dia na vida de quatro famílias de quatro culturas: índia, França, Japão e Canadá. As famílias são moradoras da zona rural e aproximadamente do mesmo nível e classe sociais. O contraste entre a família japonesa e a canadense é particularmente intrigante. O conceito de família japonesa é mais amplo; os avôs paternos moram com a família do filho mais velho. O bebê fica a maior parte do tempo nas costas da avó ( \«MOVInA( H ( 11| ('URA 17 um 11 <i».i hiiida i omum n»i-< coinmildudnt oi ientain das grandes cidades nortc- .iiiit'ii» iinan. No filme, o conselho »Ihm avô* tcrn autoridade. A sabedoria da avó é *"l" I lulmriHr importance nu criliiçílo dos lilhos. Na verdade, Mead observa que ri niRp i‘ dominada por sua sogra. Quando chega a hora do banho do bebê, a mãe Mim î n o í\ avó, em uma enorme banheira; a avó segura o bebê junto ao seu corpo I lava ti I ,imoes flutuam na água para protegê-los do mal. Nu cilNa existem santuários budistas e xintoístas, diante dos quais os adultos iipnpipiitani pequenas cerimônias religiosas, adorando os deuses e ancestrais. As 1 1 1 ui iça« compartilham pequenos e delicados brinquedos cuidadosamente manufa- llli >tdON. Nem o irmão nem a irmã podem reivindicara posse particular de qualquer Inliiqucdo. No fim tio filme, perguntou-se a uma pessoa japonesa quais caracte- Hfttli um (’i am requeridas das crianças japonesas. Ela respondeu que eles deviam se IniiUU dóceis, gentis, obedientes, submissos e dependentes. A » >ra, olhem para a família canadense. O que nos impressiona de imediato é I |up un » I ianças, nessa família nuclear, são incentivadas a desenvolver autossuficiência, tiiiltu nu fiança e independência. Cada criança tem seus brinquedos e é ensinada a tf^pultur os direitos de propriedade dos outros. Quando uma criança (um menino) nu il de sua língua durante o jantar, ele é advertido a não ser um “bebê chorão”. Além • liMii, h cerimônia religiosa de dar graças antes das refeições é desempenhada por uniu das crianças. ( ) mais interessante é o banho do bebê. O ritual é executado com grande hIU l îu ia. Parece até um evento médico ver o nariz e as orelhas do bebê serem rtrduumente investigadas com o uso de cotonetes. Em vez de estar em uma banheira ilplnveitando a proximidade de um parente, o bebê está sozinho. Observa-se que a míle luta com a criança pela posse da esponja, Mead comenta: “Novamente a Piilihr na independência, positividade e o desenvolvimento do poder da vontade”. Kijquunto o bebê japonês (como as crianças francesas e indianas) é alimentado com lellr materno e colocado para dormir com uma cantiga de ninar, o bebê canadense Im desmamado cedo. Na hora de dormir ele recebe sua mamadeira e é colocado no hriço. A luz é desligada e a porta fechada. Não tem cantiga de ninar. E óbvio que nem toda família japonesa nem canadense vive, exatamente, rnuio as famílias desse filme. E verdade também que o filme é da época em que os pu pé is da família no Japão eram mais tradicionais e o livro Baby and Child Care de llcnjamin Spock era a bíblia para muitas famílias jovens do baby-boom/* na Am é- iii u do Norte. M esmo assim os padrões de vida dessas duas famílias esclarecem a II uti l reza das diferenças existentes entre as cosmovisões das duas culturas. Quando olhamos para uma cultura, estamos olhando para as peças de um quebra-cabeça. Podemos ver o funcionamento de instituições diferentes, como a Iwnília, governo, escolas, instituições de culto (igrejas, templos, sinagogas e assim por diante) e empresas. Podemos ver os modos diversos de recreação, diferentes Pfiportes, hábitos de comida e de transporte. Cada cultura desenvolve uma vida •artística c musical que singulur, Todas essas atividades culturais silo pt*v»H de um quebra-cabeça. A questão e: Como montamos o quebra-cabeça? Como as peças se relacio nam? Qual é o padrão da cultura? Existe um código que desvenda o padrão? Sim. O elemento central que interliga as partes do quebra-cabeça tornando-o um todo coerente é a cosmovisão que tem o papel principal na vida daquela cultura. Assim, se quisermos entender realmente por que uma família japonesa é tão diferente de uma canadense (ou por que Anthony teve de sofrer tanto na ruptura de seu relacionamento) precisamos compreender as distintas cosmovisões que estão em vigor. Por que a avó é tão importante na cultura japonesa e em outras culturas orientais? Por que ela tem a honra de dar banho no bebê? Por que as crianças têm de compartilhar seus delicados e esteticamente ricos brinquedos? Por que as crian ças são criadas de maneira a ser dóceis, gentis, submissas e dependentes? Apesar de cada uma dessas perguntas ter muitas respostas, entenderemos o modo de vida japonês melhor se conhecermos mais a respeito de sua visão da vida. O povo dominante A cosmovisão japonesa tradicional foi formada por três tradições religiosas antigas: o Xintoísmo, o Confucionismo e o Budismo. Essas religiões não compe tem entre si no Japão. Pelo contrário, elas se unem para formar o ponto de vista a respeito da vida que é predominante naquela cultura. No livro didático intitulado Japan: A Way o fL ife , os autores Arnold DeGraaff, Jean Olthuis e Anne Tuininga apresentam este esclarecimento: As três religiões formais do Japão enfatizam sentimentos de lealdade ao grupo e de dever aos superiores. Praticar isso como modo de vida requer autocontrole e abnegação. A pessoa tende a negar suas necessidades e desejos pessoais e render-se aos interesses do grupo. Essa pessoa adquire um senso de importância pessoal por ser um membro leal do grupo. Por tanto, ninguém pode agir sem o suporte ou aprovação do grupo.2 O egoísmo é visto como destruidor da harmonia original entre o homem e a natureza, o homem e outro homem, e entre o homem e ele próprio. A lealdade ao grupo é a única maneira de reaver essa harmonia porque tal lealdade não dá lugar ao egoísmo. E o que é o grupo? O grupo é, em primeira instância, a família. “Trazer desonra sobre o nome da família é a pior coisa que uma pessoa pode fazer.”3 A pessoa que pratica tal ato demonstra deslealdade e ingratidão aos seus superiores na hierarquia familiar. A lealdade e a gratidão estendem-se também aos ancestrais. De acordo com DeGraaff, I n A VISAI * TR A N IN IH M Al H 'HA f i l i l m i i i U i i n i n g í i , ti l i un í l i i i <' " K i r m u d u p o i u n i u l i n h a c i f d e s c e n d ê n c i a i n i n lt h m| >1 ii i|ii( rt truvfSNn o s s«;i i i Ion. ( ) e n p u i t o d e c a d a a n c e s t r a l a i n d a vive e 6 p a r t e il.i l l i ini l l i i 1 ( ) c u l t o a o s a n c c H t m i i i o u d e v o ç f t o f i l i a l <’• a p a r t e c e n t r a l p a r a o m o d o »I» • I' I I lilpOIlÔH, N1.1*1 ii família suprema nslo 6 apenas a linha de descendência dc uma família |||nimlvti cm particular. I1'. a nação como um todo. Os japoneses têm uma crença liiidli IlllHtl dc cjue cies sa<> os descendentes diretos da deusa do sol Amaterasu-Omi- flflttli I til dcHcendência os destina a ser o povo supremo tio mundo. Portanto, o •il>" lluiil dc lealdade c a nação. IÍmIuh cnnus facetas são integrantes da visão de vida japonesa. Apesar de não «Hi m abnuigentcs, elas nos esclarecem sobre o modo de vida japonês e oriental. A I ii iftlt, li. i dou avós na família é firmemente estabelecida enquanto a devoção filial tra- i||i lniiiil c cNtimulada. 1'] as crianças não terão necessidade de proteger seus próprios !i| lni|iit’doN porque serão treinadas a ser humildes e submissas. Por razões religiosas »I» «i M i a m gentileza, obediência, docilidade e dependência- porque egoísmo é H lilM de toda desarmonia e porque a família nacional chegará à preeminência do miiuiln, Ihho só pode ocorrer se as pessoas forem leais. I'/Nnc sentimento de lealdade religiosa estava na base das atividades japonesas Hd NftfUtlda ( Jucrra Mundial. Nenhuma outra nação naquela guerra podia esperar Hl jiii lr tIpo dc lealdade abnegada, comum entre as forças militares japonesas. Após a > lt li‘i 111| hu mi Ibante em 1945, a honra do Japão ficou em perigo por causa da eventual Mimpíjnridade econômica do Japão sobre o mundo ocidental. A industrialização Inin guci ra cra uma tentativa religiosa de reconquistar o orgulho nacional. Entretanto, a forma que tal industrialização tomou tem sido diferente daquela i|i( capita li Ht n o ocidental. Graças ao seu modo religioso de ver a vida, o Japão pode mmliii com uma força-tarefa dedicada e leal. O espírito empreendedor industrial min f' uma batalha individualista entre a administração e a mão de obra, mas um i h|(H\'o nacional. Os trabalhadores relacionam-se com a corporação com a lealdade i rthU IcrÍBtica de sua vida. O emprego é para a vida toda, não uma conveniência a tti i vendida a um arrematador no mercado de empregos. Kmsc senso fundamental de lealdade e gratidão também é responsável pela ili il experimentada por Anthony, pois as cosmovisões do Japão e de Singapura têm Ml/e» Nemelhantes. Romper um relacionamento não era meramente uma questão (»■KNiial na relação entre um homem e uma mulher; tinha profundas ramificações H l||Jlt.KUs. Jrt que um capítulo posterior tratará da cosmovisãonorte-americana e da mi Iduntal em detalhes, podemos ser breves em nossa discussão sobre a família cana- t li iim’ aqui. O contraste com a família japonesa é evidente. Os valores incutidos nas II liuiças canadenses - independência, individualidade e autoconfiança - são quase diretamente opostos aos valores japoneses de dependência, lealdade e obediência. < ) ílflM não ganha o prazer da amamentação nem uma cantiga de ninar antes de ir A VIBAl' rRANNM tRMADOUA para o berço. Está sozinho, segurando nua própria mamadeira; eípera mc dele que vá dormir como um adulto, assim que as luzes sito apagadas. E as crianças recebem mais liberdade, seja sendo respondonas ou ao disputar a posse de uma esponja. Por que as crianças canadenses são criadas assim? A herança judaico-cristã, com sua ênfase 110 interesse de Deus por nós como pessoas distintas, é uma das razões. Os seres humanos têm valor e são importantes aos olhos de Deus. Mas existem outras razões também, pois o individualismo da cosmovisão ocidental é contrário às noções bíblicas de comunidade, serviço e corpo de Cristo. O Ocidente enfatiza o indivíduo porque vê as pessoas como autônomas. O Renascimento defen dia o homem que se faz pelo esforço próprio. O espírito pioneiro norte-americano promove a pessoa que vence por si mesma, que é agressiva e autoconfiante. A vida contemporânea norte-americana requer que as pessoas tenham essas qualidades. A vida de negócios, por exemplo, não é vida de lealdade a uma com panhia, destinada a realçar a honra nacional. Os norte-americanos participam de corporações sem nenhuma obrigação nacional - elas são, na verdade, corporações multinacionais. O propósito do trabalho é criar segurança econômica e afluência material, em primeiro lugar para indivíduos e famílias nucleares. Se outra corpo ração oferecer mais dinheiro e melhores benefícios, o assalariado desconsidera a lealdade e a gratidão para aceitar o novo trabalho. Uma sociedade assim precisa de indivíduos agressivos, não de membros leais de grupos. Sem a força da lealdade filial, os avôs, em tal sociedade individualista, normalmente, vivem separados de suas crianças. Quando não podem mais cuidar de si mesmos, os mais idosos são colocados em instituições para serem cuidados por profissionais. Em uma sociedade assim, os mais idosos tornam-se inúteis e são, consequentemente, descartados. Não sendo economicamente mais produtivos, eles são, presumivelmente, velhos demais para oferecer um conselho significativo às suas crianças no mundo moderno. Não é de se admirar que as crianças japonesas e canadenses tenham relacionamentos tão diferentes com seus avôs. O contraste entre o modo tradicional de vida japonês e o canadense oferece evidência para duas cosmovisões distintas. Uma tem suas raízes nas crenças budista, xintoísta e confucionista a respeito do grupo, dos ancestrais, da deusa do sol, da lealdade e da gratidão, ao passo que a outra está fundamentada em uma mistura de crenças cristãs e humanistas a respeito do indivíduo, autonomia e progresso econômico. Essas perspectivas da vida conduzem seus respectivos adeptos a modos de vida radicalmente diferentes. E essas diferenças de cosmovisões podem ser identificadas em acontecimentos tão corriqueiros como na maneira de dar banho em um bebê. Para os ocidentais pode parecer uma estranha superstição colocar limões na banheira para proteger a família do mal, mas podemos questionar se a aura da higiene científica e médica que cerca nossa maneira de dar banho em bebês não é também religiosa e talvez até supersticiosa. Um pluralismo de cosmovisões ( )tj modos de vida das lamilias japonesas c canadenses ilustram a diferença na himiiioviuUo dc duas culturas gcogrrtlicn e politicamente distintas. Mas nem todos uh HiiMTiliroR de cada uma dessas sociedades aceitam a cosmovisão dominante e a Imiiui dc vida habitual de suas respectivas culturas. Cosmovisões minoritárias e t miiiuiiuIihIch alternativas sempre estão presentes cm qualquer sociedade. D e fato, >i ic.ieju crifltü antiga era exatamente como uma comunidade alternativa durante i I ia Uommia. ( guindo a sociedade manifesta uma pluralidade de cosmovisões, aparecem | •Mil tlrmas. Se não existe uma visão dominante, aquela sociedade se torna uma casa diviilidu coi itra si mesma e, inevitavelmente, experimentará uma desintegração mliiihil. Mas quando há uma posição majoritária, quando uma cosmovisão do- Hlllni u h outras, a cultura deve lidar com as minorias de algum jeito. Essa questão # üijçnilieante no âmbito ético e político. Como a sociedade principal, com sua 'li »lirm,Uo à forma de vida culturalmente dominante, relaciona-se com os grupos iiiinoi Hat io s inclusos nela própria? ( )n cristãos do primeiro século d.C. descobriram como a cultura dominante llililHtt com sua comunidade alternativa quando Nero ordenou sua perseguição. A i » «mi i m ivisil< > fascista de Hitler levou à tentativa da eliminação do povo judeu. Exem - |i|tiN de culturas dominantes esmagando seus grupos minoritários são abundantes, hoje, nos regimes totalitários de esquerda e de direita. A .,. icstão do pluralismo tem sido um problema central também para nações i uloiihus, só que a situação é oposta. No caso do colonialismo a questão não é como d maioria lida com a minoria, mas como uma minoria colonial poderosa lida com il iimloi ia nativa a qual ela colonizou. O colonialismo cria a estranha situação em ijiii a nova cosmovisão do poder colonial é forçada sobre a população majoritária ■ la t olniiia. Vemos um exemplo extremo disso na política racista do apartheid [se- que ocorreu na África do Sul. Entretanto, a África do Sul não é o único país no mundo que tem um pro- nativo. O Canadá e os Estados Unidos também o têm. Ambas as nações Mitu coloniais no sentido dc que são habitadas e governadas por pessoas de herança jiliiit ipulmente europeia (isto é, estrangeiros). M as havia pessoas aqui antes dos MHiopeus chegarem, e essas pessoas ainda estão aqui hoje. Os povos nativos da América do Norte tinham uma cosmovisão e um modo de vida antes da chegada ijiiR colonizadores brancos, e aquela cosmovisão contrasta com a forma de vida (Hiropeia de maneira tão veemente quanto o faz a cosmovisão japonesa. Desde os |u imdrdios da conquista europeia da América do Norte tem havido pluralismo de I iieniovisoes e, consequentemente, problemas de cosmovisão. Como os poderes coloniais tentaram lidar com aquele pluralismo? Eles iMilnram absorver a população nativa na mistura cultural ocidental. Se os povos ( 'ONMOVHMO |i i l l l II III A 21 I í . A V In A O I H A I J '4 'i Hl Kl A l M tllA n a t i v o s n i lo t|uist*SHrin »ei* a b s o r v i d o s p e l a c u l t u r a b r a n c a ( c an a l i t l l t lc H d o s brancos faziam cjut* essa assimilnvfio fosse (piusc impossível), enfflo eles recebiam duas opções: morte em batalha ou o isolamento nas reservas onde o modo de vida deles não podia ter continuação. A segunda opção equivalia à destruição cultural (alguns diriam genocídio) tanto quanto a primeira, mas o processo era mais vagaroso. Sir John A. Macdonald, primeiro-ministro do Canadá, deixou claro que a cultura europeia dominante não deixaria espaço político, cultural ou econômico para os povos nativos do continente: “Os índios e mestiços do noroeste serão mantidos sob mão forte até que o oeste seja conquistado e controlado pelos colonizadores brancos.”5 Os filmes hollywoodianos sobre a conquista do oeste nos mostram que o programa de ação interno americano era o mesmo que o do Canadá. A insistência na absorção era uma rejeição total ao pluralismo cultural. T h o mas Berger, comissário de uma recente investigação do governo canadense sobre as propostas de se construir um oleoduto ao longo do vale Mackenzie no Território Noroeste do Canadá, fez esta observação: “Era para ser missão do homem branco não apenas subjugar a terra e cultivá-la, mas também domesticar o povo nativo confinando-ono âmbito da civilização.”6 E óbvio que existem várias suposições aqui: (1) nativos são selvagens que necessitam ser domesticados; (2) a cultura nativa não é uma civilização; (3) costumes nativos são inferiores aos dos colonizadores europeus e têm de ser rejeitados. A suposta inferioridade da forma nativa de vida levou muitos missionários cristãos a trazer tanto o evangelho de Jesus Cristo quanto a civilização da Europa para os povos nativos. No Canadá, por exemplo, a igreja controlou a educação na tiva. Ela via a educação como o meio mais eficaz de livrar os índios de sua forma de vida tradicional e começar a incorporá-los à cultura branca dominante. Não é de se admirar que tantos nativos hoje (e povos em geral em todo o mundo que tiveram contato com missionários cristãos), simplesmente, equiparam o Cristianismo à cultura ocidental. E eles rejeitam ambos de maneira categórica. A maior parte das crianças índias, nos Territórios Noroeste, vivia em interna tos onde recebiam sua educação. Em 1893 Mr. Hayter Reed, superintendente das questões indígenas, deixou claro o objetivo deles: “Nos internatos e nas escolas de aprendizagem industrial os alunos são retirados da liderança desta vida não civi lizada por um longo período e recebem atenção e cuidados constantes.”' Tirando ;is crianças de seus pais, vestindo-as com as roupas comuns aos brancos do sul e extinguindo o uso das línguas nativas e observâncias religiosas nativas, os brancos esperavam que essas crianças rejeitassem sua cosmovisão tradicional e seu modo île vida e se convertessem à civilização branca. Apesar de esse programa assimilativo ter conseguido criar crianças com baixa autoestima (elas foram ensinadas a envergonhar-se de sua herança cultural nativa), e apesar de produzir jovens que perderam sua agilidade tradicional para caçar, pescar COílMOVHAO H i ilt lUUA 2 Í • l'* «i .iriiiiulilliuM, cif nflo |muhi iu prNNQttN morenas integradas í\ cultura branca, t t pnvo nativo perdeu sim linguagem, icligiflo c* modo de vida, mas não conseguiu •idiiiiii ii coumovisílo branca. PifHON entre duas cultura«, cIch tornaram-se um povo desiludido e enfraque- i idn, nflo muito diferente do jovem Anthony. Sem raízes e espiritualmente desam- purtuloH, muitos passaram a ser dependentes da Previdência Social. O estereótipo dn índio preguiçoso e bêbado tem suas origens nessa crise de cosmovisão. Por liMiihi, h única mercadoria que recebe subsídio governamental nos Territórios do NtmieNte do Canadá, deixando seu preço tão baixo como o do sul, são as bebidas itli tiúlii as.H Ao passo que comida e roupas são caras, álcool é relativamente barato. I ditfcil entender o raciocínio do governo canadense. Observando a terra Nos últimos 15 anos os povos nativos da América do Norte têm começado a tii/er algo a respeito de sua situação. Para a renovação ou mesmo a sobrevivência di' Miiíi cultura, é necessário um retorno à sua cosmovisão tradicional e seu modo de vldti. A espiritualidade nativa tem tido um ressurgimento marcante. Os indígenas fim dito que a única maneira de recuperar o controle sobre sua vida e libertá-los dii dependência da Previdência Social e das bebidas alcoólicas é o retomo aos seus \ iilores tradicionais. Um conceito fundamental para esses valores é a percepção nativa sobre a iPl ia. Entretanto, sua opinião sobre a terra leva-os imediatamente a um conflito p&piritual, legal e político com a sociedade dominante do Canadá.Thom as Berger Identifica o problema com muita precisão. O conflito é entre aqueles que veem a Iri i u como uma fronteira (os europeus) e aqueles que a veem como sua terra natal (fiN denes e os inuítes). Berger escreve: Consideramos o Norte como uma fronteira. Para nós é natural pen sar em desenvolvê-lo, em subdividir a terra extraindo dela recursos para alimentar a indústria canadense e aquecer nossos lares. Nossa inteira inclinação é pensar na expansão de nossa máquina industrial até o limite da fronteira de nosso país... Mas o povo nativo diz que o Norte é a terra natal deles. Eles moram lá há milhares de anos. Eles reivindicam que a terra pertence a eles e creem que têm o direito de dizer o futuro dela.9 Nossa sociedade colonial branca nunca permitiu que o povo nativo mantivesse « mi modo de vida livremente. Mas o problema torna-se crítico quando a forma de vida dos indígenas obstrui o caminho do nosso modo de viver. Isso ocorre de modo muis notório quando precisamos usar as terras indígenas para nossos propósitos /.*] / \ V IHAI' I HANSI'1 UiMALH WA industriais. Em questão pode estar uma barragem, um desumi umrnín ou u explorarão e transporte de óleo e gás natural.10 Apesar de tal conflito, de maneira inevitável, levar ao debate sobre a questão legal de reivindicações de terras nativas, o problema não e, originalmente, legal ou político. Em um nível mais básico o problema é de contraste de cosmovisões. Certa vez o economista E . F. Schumacher disse: “Observe como uma sociedade usa suas terras, e você pode chegar a conclusões bastante confiáveis a respeito do que será seu futuro.”11 Poderíamos também dizer que o futuro de uma sociedade é dependente de sua visão, e sua visão pode ser averiguada a partir da observação de como ela usa suas terras. Por que os euros-canadenses veem o norte como uma fronteira enquanto os povos denes e inuítes o veem como terra natal? Não é bastante dizer que é fronteira para nós porque somos relativamente novos na América do Norte, enquanto os nativos a veem como terra natal por estarem aqui há muito mais tempo. Sem dúvida essas realidades históricas são relevantes, mas não é só isso. A cultura ocidental, caracteristicamente, vê a humanidade em uma relação de disputa com a natureza. Schumacher diz: “O homem moderno não se sente parte da natureza, mas uma força externa destinada a dominá-la e conquistá-la.”12 A natureza é uma ameaça. E selvagem e irracional. Portanto, deve ser domesticada, subjugada e submetida ao controle racional dos seres humanos. Além do mais: “A natureza é a esfera de ação da autorrealização do homem.”13 Isto é, em nossa manipulação e exploração da natureza construímos nossa sociedade, que é nossa autoafirmação. Aqui a exploração é um elemento-chave. A natureza existe para ser explorada pelos homens; à parte disso, tem pouco valor. Um comercial de televisão da empresa Óleo Imperial (Exxon) ilustra o caráter antagônico e explorador de nossa relação com a natureza. Homens estão trabalhando em uma perfuratriz petrolífera no M ar de Beaufort. O anunciante nos transmite a ideia de como as condições deste M ar Ártico são desfavoráveis aos seres humanos. Explorar os vastos campos petrolíferos sob o fundo do oceano é uma tarefa difícil e perigosa. As perfuratrizes contorcem-se visivelmente contra os ventos tempestuosos do Ártico. Barcaças de suprimentos, que parecem pedaços de cortiça balançando no mar revolto, gastam horas tediosas tentando aproximar- se da plataforma gelada. Tudo está envolto em gelo. Mas a tecnologia da empresa Oleo Imperial conquistará esse oceano e trará petróleo para o sul do Canadá para assegurar que não congelemos no escuro deste inverno. A natureza é vista aqui como o adversário constante. Tiramos da natureza os recursos que consumimos para nos isolar da natureza, por meio do nosso trabalho e da tecnologia. O comercial transmite a confiança de que o ser humano pode con quistar e explorar a natureza. E óbvio que não é mencionado que um vazamento de petróleo seria impossível de se limpar sob essas condições e resultaria em danos ecológicos incalculáveis. [ ( ViHMovisAt'i i wi muA 2*»I M ponto de viwlii ocidental iHi tvi iiiMOH podem ser possuídos e também explo- íiíiIm I leii podem tifto apenas mbi poNHiiídoí, mas também comprados c vendidos. r\ li iiii * * um artigo dc merendo assim como comida e vestuário. Isso pode não itiiii ím pressionar como sendo algo muito estranho, mas vale a pena observar que ■I lili iii de vender terra é relativamentenova até mesmo na cultura ocidental. O i j|)iiin!o Kobei i I leill ■»roner mostrou que: “Até o século 14 ou 15 não havia terra, | h - I i i m o n O N no moderno sentido de propriedade vendável, produtora de renda.”14 A li*",II*> de propriedade privada que pode ser comprada livremente, explorada, I' ’I livolvida, subdividida e vendida é fundamental para a economia contemporânea .I> m m tul<> dos países capitalistas. Isso não é apenas um conceito econômico. E lllii mnilo fundamental de ver a terra. ( povos nativos veem a terra de maneira muito diferente da nossa. Vamos tUliiliNtu primeiro a forma como eles nos entendem e ao nosso ponto de vista. O i In lií Snillil da tribo suwamish escreveu estas palavras ao presidente dos Estados í l|lld<)N em 1855: Sabemos que o homem branco não compreende nossos caminhos. Pura ele uma porção de terra é a mesma que a próxima, pois ele é um entranho que vem à noite e toma da terra o que ele precisa. A (erra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando já a conquistou, muda- we... Seu apetite devorará a terra e deixará atrás apenas um deserto.1;> ( h | »ovos nativos em toda a América do Norte consideram-se inseparáveis iM twru, A terra é algo que Deus deu a eles; eles devem usá-la e devem ser seus tl»linlnÍHtradores. A terra é uma amiga. Não deve ser destruída, mas transferida para rtt iiK lillios e netos. A terra é segurança. Enquanto estiver lá eles não temem ficar himu nllmento c abrigo. Além disso, a terra é a fonte de identidade e de autorrespeito. I lii« iii ieditam que se a terra for destruída ou se eles se separarem dela, morrerão. I <4it i* a razão pela qual, muitos deles, veem a expansão industrial em direção a ftllHN propriedades como uma maneira de genocídio cultural. Veja. nos como o povo dene descreve seu relacionamento com a terra: Ser indígena significa ser capaz de compreender e viver com este mun- ilu de forma muito especial. Significa viver com a terra, com os animais, com os pássaros e peixes, como se fossem nossos irmãos e irmãs. Significa dizer que a terra é uma velha amiga e uma velha amiga que nosso pai conheceu, nosso avô conheceu e de fato seu povo sempre conheceu... Para o povo indígena nossa terra é realmente nossa vida. Sem nossa terra não podemos - não poderíamos existir mais como povo. Se nossa terra for destruída, nós também o seremos. Se seu povo algum dia tomar nossa terra, estará tomando nossa vida. [Richard Nervsoo] •26 A VllAt I l RANÍI1 )RM VI>< IRA A cerra é nosso sangue. Nascemos e fomos t rindo* 110I11 Vivemos e sobrevivemos dela. | joe Hctsidea] Para nós é exatamente como uma mãe que criou seus filhos. K assim que nos sentimos com respeito a este país. E exatamente como uma mãe. Essa é a seriedade com que pensamos a respeito tia terra por aqui. [Isodore Kochon]16 Em razão da cosmovisão dene vincular uma relação íntima e religiosa para com a terra, a noção de vendê-la é estranha para eles. Você não vende sua mãe, vende? Além disso, a propriedade é pública, não individual e particular. Um filho poderia fazer uma reivindicação especial de possuir sua mãe e também sua irmã? Claro que não. Os povos dene e inuíte compartilham suas posses materiais e chegam a decisões com base em consenso comum, não pela maioria democrática. Esses pontos de vista contrários a respeito da terra levam a abordagens contrastantes sobre seu desenvolvimento. Os povos nativos não são contra o desenvolvimento em si. Eles, simplesmente, têm uma abordagem diferente. Os próprios denes identificam as duas propostas opostas: uma eles chamam filosofia colonial de desenvolvimento, a outra filosofia comunitária. A abordagem colonial vê o norte como o celeiro de recursos para os centros industriais do sul. Os denes explicam as consequências: “O petróleo, o gás e os minerais mudam-se para o sul, para esses centros. Os lucros que eles geram também se mudam para o sul com eles. O norte torna-se uma região distante dependente do sul; perde seus recursos e ganha a Previdência Social em troca.”17 O desenvolvimento colonial, dizem os denes, teria um impacto terrível sobre a cultura do norte. Sugaria seus recursos até que se secassem, destruiria o meio ambiente e aniquilaria o modo local de vida. Existe alguma alternativa? Os denes dizem que sim. Propõem uma abordagem comunitária de desenvolvimento pela qual pode ser concedida a eles a propriedade legal das terras, para as quais possuem a reivindicação aborígine. Eles teriam posse comum delas e as desenvolveriam com base no senso comum. “Somente a proprie dade comunitária da terra, terra que pertence ao nosso povo por milhares de anos, pode nos dar a habilidade de determinar e seguir nosso próprio caminho.”18 Os denes empenham-se em desenvolver a terra como administradores e não mestres; como gratos recipientes da bênção divina e não como gananciosos caça dores de lucros. Eles disseram que permitiriam até mesmo que um oleoduto fosse construído, com todo o risco que tal projeto traz para o modo de vida deles, se fossem convencidos de que o óleo iria ajudar os pobres do Terceiro Mundo. C on tudo, eles não aceitarão tal risco, se for apenas para alimentar a máquina industrial do Canadá ou dos Estados Unidos.19 Temos aqui dois modos de vida, duas visões da terra, duas abordagens para o desenvolvimento, uma cultura dentro de outra. Se essas duas cosmovisões podem coexistir dentro de uma sociedade será conhecido com o tempo. I .'i wMoVlNAi H i'H I lU IW n litnhoi ,i nejn íiVil íular de cumihivimOcm em termos abstratos, tentamos mostrar i|m* • hm míIo mais que sistemas redutívelm \\ denci içftõ tcórica. Cosmovisõcs têm poder MiIlUi ill e espiritualmente íormativo nn vida de indivíduos que dão banho em bebês i iiiitlam sobre a terra. I Ima descrição meramente teórica não pode transmitir seu k tiiiUPr direcionadot de vida. Mas, após ter dito tudo isso, queremos agora olhar Imi ;t ti explicação teórica das cosmovisócs, sem reduzi-las a meras abstrações. C a p í t u l o 2 A n a l i s a n d o a s c o s m o v i s õ e s ( )n Ncres humanos são criaturas de visão. Isso não significa, simplesmente, >|iii icniiiH olhos. Animais têm olhos. Antes, significa que somos criaturas que » |h ui ti vida em termos de perspectivas, da visão que temos da vida. Os animais liilll |im isum de tal perspectiva, pois são guiados por instintos. Os homens fazem Mi ulli.lN dc vida e as realizam considerando a maneira como veem as coisas. I '< msidcre a noção bíblica de modo de vida. As Escrituras nos dizem para andar l<» |m 1'jpírito e não pela carne (G 15.25). Paulo não quer dizer que deveríamos deixar IIhum ih corpos de lado, tentando ser, de algum modo, espíritos desencarnados. Não, ISlilU) CHtii dizendo que a orientação de nossa caminhada de vida, nossa direção, di vp N(?r de obediência a Deus e não desobediência.1 Devemos focalizar nossos iilljtlN c nossa visão em uma direção e não na outra. Isso vai diretamente ao âmago dii iliirHlao do que e uma cosmovisão. i oêmovisão, cosmovisão: todos têm uma cosmovisão. Uma cosmovisão nunca é meramente uma visão da vida. E sempre uma VUflO, (umbém, para a vida.2 D e fato, uma visão da vida ou cosmovisão, que não i tiudtiza, necessariamente, uma pessoa ou um povo em uma forma distinta de vida nitii é cosmovisão. Nossa cosmovisão determina nossos valores. Ela nos auxilia a luii‘1 protar o mundo ao nosso redor. Ela separa o que é importante do que não é; li ime 6 mais valioso do que é menos. I Ima cosmovisão, então, proporciona um modelo de mundo que direciona HPilH adeptos no mundo. Ela estipula como o mundo deve ser, e assim nos adverte ■i rlupcito do modo como seus partidários devem se conduzir no mundo. D e certa niiiiwira, cada cosmovisão vem acompanhada de uma escatologia, uma visão do IllHiro que guia e direciona a vida. Os contrastes entre as visões diretrizes dos •v» n Yiünv • i iinrwn »nivmi " nvi japoneses, com respeito à honra nacional, a visito i oIoijIuIJnIu tio norte canadense,como uma fronteira e a filosofia comunitária dos dcncN de desenvolvimento í I un tram esse ponto de vista. Vemos neles três culturas, três cosmovisfles, três direçOffl de vida e três expectativas. Contudo, é importante notar que as cosmovisões (assim como as cultural) nunca pertencem a apenas um indivíduo. Cosmovisões sempre são compartilhada«}1 elas são comunitárias. Na verdade, a existência de uma comunidade verdadeira (* possível somente quando pessoas estão ligadas por uma forma comum de vida fundamentada em uma visão compartilhada de vida. Como vimos em nosso olhai' rápido sobre o Japão, o Canadá e os denes, quando uma sociedade inteira está dominada por uma cosmovisão em particular, surge um padrão cultural. Arnold D eG raaff observa que: “Atividades políticas, legais, econômicas, casamento, família e criação de filhos são práticas que expressam o modo de vida conduzido de modo confessional. Assim, cada cultura apresenta urn padrão coerente, significativo que encontra sua unidade na visão dominante de vida.”3 Todos os diferentes aspectos de uma cultura, seja sua vida artística, estrutural econômicas ou práticas de criação de filhos, surgem de sua cosmovisão e são dire cionados por ela (veja a Figura 1). Isso é o que faz esses aspectos diferentes de uma cultura permanecer unidos. Como educamos nossos filhos, que tipo de cuidado de saúde recebemos e como fazemos negócios, são partes de um todo exatamente porque são guiados pelo mesmo espírito. Se não são, então experimentamos um tipo de esquizofrenia espiritual, na qual uma parte da vida é liderada por um prin cípio e outra parte por um princípio diferente. Tal condição não pode continuar indefinidamente sem causar problemas. Entretanto, a vida cultural não está apenas baseada na cosmovisão dominan te; ela também orienta a vida em termos daquela cosmovisão. Essa é a razão pela qual as setas no diagrama apontam em ambas as direções. Se determinada visão cultural da vida leva a certa maneira de criar filhos, certas práticas educacionais e econômicas, então aquelas práticas educarão as crianças para viver em termos daquela visão. Mundos a parte Cosmovisões são intensamente espirituais. Elas são um fenômeno religioso. Hendrik Hart observa que: “Quando você fala do princípio de um movimento, você fala de sua vida, de sua forma de relacionar-se com as coisas ao seu redor, daquilo que realmente o faz aquilo que ele é.”4 Falamos da tendência da época quando um princípio vital ou cosmovisão tem um papel preponderante em uma cultura durante um período significativo. A N A I IKANI IO AH i i iMM< JVHOB* ' I ãlytih i I Hnlnçüo mútua entre cosmovisão e cultura. hpnjtimin W horf, um aluno de teoria da linguagem, explica que a diferença t hIm grupos de diferentes línguas reflete as diferenças em suas cosmovisões. Ele "A estrutura da linguagem que uma pessoa utiliza comumente influencia ft liitiiii-ii ii pela qual ela compreende seu ambiente. A imagem do universo muda In lliiht língua para a outra.”5 ApcHtir cie não desejarmos alegar que cada língua reflete uma cosmovisão Ml lililVH e uniforme, no entanto nossa linguagem realmente afeta nossa maneira i|t vis| Por exemplo, não existe palavra para deserto em dene. Não é de se surpre- rHtU'1 imiIiío que a cosmovisão dene não tenha deserto, pelo contrário, veja toda ii 11 hm como uma mãe e como amiga. Uma linguagem diferente significa uma diferente do mundo. M as o oposto, sem dúvida, também é verdadeiro. NhINíI linguagem é moldada por nossa cosmovisão. As duas confirmam-se reci- Mjiii tmirnte. Jumes Sire falou das cosmovisões como universos dentro dos quais as pessoas VlM iu/' I )e fato, constantemente sentimos que estamos mundos à parte de outras pi'MHHN, 011 que alguém parece viver em um mundo diferente do nosso. E muitas HIeín IfiHO é exatamente o que acontece. A cosmovisão de outra pessoa é como um mundo OU universo diferente, c seus elementos coiimI Í Iu I Ivoi, mio i nniii um roupa daquele mundo. Essa é a razão pela qual, muitas vezes, é tão difícil puni pessoas cie visõc* ‘l<’ vida diferentes a comunicação e a compreensão mútuas. Elas realmente estão em mundos diferentes e não podem penetrar o universo do outro.Talvez isso explique o fracasso do homem branco na educação das crianças nativas. As crianças não sabem o que o professor está falando porque estão em um universo discursivo diferente. I A base de uma cosmovisão Assim, a linguagem reflete a cosmovisão e a cosmovisão dá forma à lingua gem. Onde é que esse ciclo começa então? O que vem primeiro, determinando tanto a cosmovisão quanto sua formulação verbal? Gostaríamos de sugerir que as cosmovisões são fundadas em compromissos fundamentais de fé. Fé é uma parte essencial da vida humana. Os homens são criaturas confet)-1 sionais, crédulos e confiantes. Nosso objeto de fé determina a cosmovisão que I adotaremos/ Em outras palavras, nosso compromisso fundamental de fé determina os contornos de nossa cosmovisão. Ela molda nossa visão para um modo de vida, As pessoas que duvidam de sua cosmovisão são inquietas e sentem que não têm uma base para se apoiar. Elas estão sempre na iminência de uma crise psicológica, Mas essa crise emocional é fundamentalmente religiosa, pois nossa cosmovisão repousa em um compromisso de fé. O que é um compromisso de fé? E a maneira como respondemos quatro 1 perguntas básicas que afrontam a todos:8 (1) Ouem sou eu? Ou, qual é a natureza, ! a tarefa e o propósito dos seres humanos? (2) Onde estou? Ou, qual é a natureza do mundo e do universo onde vivo? (3) O que está errado? Ou, qual é o problema básico ou o obstáculo que me impede de atingir a satisfação? Em outras palavras, 1 como eu entendo o mal? E , (4) qual é a solução? Ou, como é possível vencer esse I impedimento à minha realização? Em outras palavras, como encontro salvação? Quando tivermos respondido essas perguntas, ou seja, quando nossa fé estiver j estabelecida, então começaremos a ver a realidade em alguns padrões perceptíveis. ; De nossa fé procede a cosmovisão sem a qual a vida humana, simplesmente, não pode continuar. A vida de toda pessoa pressupõe respostas a essas perguntas elementares de fé, mas tais respostas raramente são consideradas de modo consciente. Apesar de elas poderem ser trazidas à consciência e feitas cognitivamente explícitas, essas perguntas j e respostas não são teóricas por natureza. Em outras palavras, fundamentamos todo o nosso pensamento teórico nas respostas pré-teóricas que atribuímos às quatro ! perguntas fundamentais.9 (O Capítulo 11 explicará melhor essa ideia.) Seria um ANA! IMANIM ' Aí' I OMMOVlfti 'I \ H ml ui ii In uma cosmovisão ooiii itiM nÍMlrimi lilosófko ou teológico. Uma lUlnltit i nempie luudamcnial pura tal MÍHtema, mas nunca c esgotada nele. I mim irinoH agora a coNinovinAo cIoh japoneses, norte-am ericanos c denes, liilu nmin crenças assumidas do modo i|ue eles vivem para responder as quatro inlitH liiiidamentais: Q uem sou eu? O nde estou? ( ) que está errado? Q ual é tu,*»",1 Ttsnha em mente que poucas pessoas de qualquer uma dessas culturas !M M i m m RU a cosmovisão dessa maneira, ou até m esm o teriam pensado a res- ♦ i* diumi, M as, podemos sugerir essas visões não imaginadas, que direcionam 4 Vidii, ilenta maneira: JAPÃO: sou membro da família nacional do Japão, descendente direto dii dciina do sol. Vivo na Terra do Sol Nascente em harmonia e unidade i uiii o lluxo da natureza. A desarmonia ocorre quando trago desonra para liiliilui família ou meu país. M inha tarefa na vida é enaltecer o nòme de ililnliii família nacional, porque a verdadeira bênção somente ocorrerá lmando o Japão alcançar a superioridade sobre o mundo das nações. AMERICA d o N o r t e : eu sou eu, um indivíduo, o mestre livre e inde- pMidcnlc do meu próprio destino. Estou em um mundo cheio de potencial iiiiliiiiil, e minha tarefa é utilizar esse potencial para o bem econôm ico. ApCMiti de ser atrapalhado nessa tarefapela ignorância da natureza e falta d» lemimentas para controlá-la, contudo minha esperança está na boa vida do progresso em que a natureza concede sua abundância em prol do liriiclli io humano. Somente assim todos encontrarão felicidade em uma vida de afluência material, sem necessidades e sem dependência. I ) I .N 1C: sou um dene, um pele-vermelha, moro aqui, sou um filho da IciiH, A terra é minha mãe; ela me dá vida. A terra é um presente que MUprilo, que uso com gratidão e com a qual vivo em harmonia. M as o limuem branco chegou, roubando minha terra, dispersando meu povo e KBparando-nos do Grande Espírito. Nossa salvação como povo está na rp|eiçi\o nos costumes do homem branco e no retorno às nossas antigas IVttdiçóes. Somente assim a terra será preservada e mantida para nossos filhos e netos. liando uma cosmovisão t '< uno julgamos uma cosmovisão? Quais critérios podemos usar? Se, por algum IliMl Ivi i, for necessário escolher uma cosmovisão, o que nos motivaria a escolher uma Mli tltMrtinento de outra? Nossa apresentação de três cosmovisões, inevitavelmente, ÍPMttpÔN certa reprovação a elas. Apesar de tentar sermos justos, nossa discussão tfMM la íi>u mais os hábitos de vida dos denes e m enos os dos norte-am ericanos. H A VIsAi t lUAMM' HtMAI'1 'KA A raz&o desse favoritismo 6 que, apesar de nfto «ermoM ilench, ii comnovififto dele« parece mais próxima da nossa, cm alguns aspectos, do i|Uc n vlnfto de vida japoneil ou norte-americana. Essa é a única base para a reprovação? Certamente níio. Mas seria desonewtn desconsiderar quanto tendemos a ser atraídos por cosmovisões que coincidem com a nossa ou que oferecem critérios que aprofundam nossa própria visão. Entretanto, existem outros critérios pelos quais uma cosmovisão deve ser julgada. Mas até mesnn > esses critérios são dependentes da cosmovisão. Isso é inevitável. Realidade. O primeiro critério é, simplesmente, este: a cosmovisão em foco efetua o que uma cosmovisão deve realizar? Como visão de vida, elucida toda il vida? Ela pode tornar acessível a vida como um todo para aqueles que aderem » ela? Ela é verdadeiramente uma visão do mundo? Ou tende apenas a dar acesnn para alguns aspectos da vida, ignorando outros? Ela enfatiza de maneira exage rada ou idolatra uma coisa em detrimento de outra? Por exemplo, a visão de vidrt norte-americana, com sua preocupação com o desenvolvimento, enfatiza demais o crescimento econômico em detrimento da responsabilidade ecológica? A ênfase ; japonesa no grupo e na lealdade resulta em uma desvalorização do indivíduo e dc . suas necessidades? O fato é que a criação de Deus tem coerência. Tudo tem seu lugar legítimo, E uma cosmovisão que dá prioridade absoluta para o lado econômico da vida ou para a participação do indivíduo em um grupo, inevitavelmente, fará injustiça à coerência da criação. Essa injustiça se tornará evidente em certos colapsos na vida de uma cultura. Por exemplo, uma crise ecológica ou problemas psicológicos podem 1 indicar um problema fundamental na visão de vida de uma cultura. Eventualmente, sofreremos as consequências de uma cosmovisão idólatra. Uma cosmovisão que não integra e esclarece a criação de Deus como ela , realmente é não pode levar a um modo de vida integral.10 Na verdade, a questão ] é se a nossa cosmovisão é consistente com a realidade ou não. Se não for, então a realidade entrará em disputa contra nossa interpretação errônea, impelindo-nos a 1 mudar nossa perspectiva e nosso modo de vida. Uma segunda pergunta a fazer é se nossa perspectiva nos sensibiliza ou nos ' torna insensíveis para os assuntos a respeito do amor e da justiça. Na verdade ela torna legítimas todas as formas de mal? Nós nos tornamos cegos para o egoísmo I e para a injustiça que nossa própria cultura propaga ou ainda podemos vê-los? Se tudo em nosso ambiente tende a legitimar nosso modo de vida, nunca o desafiando, 1 então talvez precisemos de nova receita para nossos óculos de cosmovisão.11 Coerência interna. Uma cosmovisão deve não apenas desvendar a criação para nós, mas também ser coerente internamente. Uma cosmovisão não é um conjunto de crenças ajuntadas de modo arbitrário; ela deve ser uma visão coerente da vida. A questão não é tanto de coerência lógica, mas de unidade de comprometimento. Essa visão de vida permanece unida ou é uma casa dividida em si mesma? ANA! IMA NI II I AH ' I >*Mt 'VI’11 H H \ 111 (< m i,i dojttpflo, noH ii11iiiioft ;.S .mo«, exibe umn cosmovisão que carece dc H$hi iii lutei nu, A coHmovifl&o jiiponcMi culaii/a uma unidíidc com u natureza e a ■ 1 i"i ii l.uli iloH japoncsen sobre todos ou outros povos do mundo. A preocupação H jltjttin 1 oin <> orgulho do grupo e lealdade cru a força motriz por trás da indus- [| ili ■■•ti. tu ) min guerra do Japão. Mus u iudusti iuli/uçáo trouxe poluição, e a poluição • » * * » ....... everônciu xintoístu pela natureza. Consequentemente, o Japão enfrenta de cosmovisão em que um de seus elementos milita contra outro.12 I hiiiquera. A Bíblia sugere uma pergunta concisa pela qual podemos avaliar p â • fi.iiiiivÍHUo (I )t 30 .15-20): Essa visão traz vida ou morte, bênção ou maldi- ' I m nutras palavras, ela desvenda a vida ou a encerra? Em qualquer aspecto, iiiiliu tiOHinovisão traga esclarecimento, devemos aprender dela e permitir que uoHna cosmovisão. Por exemplo, temos muito que aprender com os japoneses ■pft* ^iftlldtto e com os denes a respeito da terra. Implicitamente, sugerimos, aqui, uma distinção de uma boa cosmovisão: ■ 'ffC i 111 lu re seu próprio estado e limitações. Ela está aberta para aprender de MMilii" vlhOes de vida. Isso pode ser uma proposta difícil. As pessoas apegam-se ft HiHii Cosmovisão porque acreditam que ela descreverá melhor a realidade do jjUt“ tjliuk|uer outra. M as uma cosmovisão não é infalível e, portanto, não deve mittiidcrada absoluta. Ousamos não permitir que nossa cosmovisão se tom e H 1 I lu deve ser informada, constantemente, pela realidade e, se somos cristãos, pHt III>ui compreensão cada vez maior da revelação, a Palavra de Deus. I*i«< * 11< is t raz de volta à questão do pluralismo, que foi mencionado inicialmente wÇmpítulo um. Se uma cosmovisão chega a ser dominante em uma cultura, deve Pi^iti pspiiço para outras visões competirem dentro daquela sociedade. Se não for iltltil, temos razões para suspeitar de sua viabilidade como cosmovisão. Tal visão, fitMlilili 1» em caráter, torna-se assim uma ideologia.13 Devemos reconhecer que ĤS«ii visfío de vida sempre é limitada. Ela deve sempre ser aberta à correção e P tliiincnto , mesmo por outras cosmovisões.14 í/ifM cosmovisão cristã I lilvez você esteja imaginando como uma cosmovisão cristã possa ser corrigida. Mtiuil i le contas, ela não está fundamentada em nossa fé em Jesus Cristo, que é 111 '«mlnlio, a Verdade e a Vida? Sim, está. M as se fizermos um estudo empírico I*mi 1I11 iremos que existem muitas cosmovisões cristãs.15 Infelizmente, como ve- I» mo» 110 Capítulo seis, os cristãos, com frequência, defendem uma cosmovisão pVprgentc de sua confissão de Cristo. Aqui temos a questão da coerência interna de nossa cosmovisão. Ela é consis- Ih íIp com seu compromisso de fé? Se não, então falta integridade. Com frequência, A VISA» 1 IKANMh tÚMAI>i >UA é exatamente essa descoberta (|iie impele muito! criHtflnM ,i iim.u i me dr cosmovisito, Um dia descobrimos que nossa cosmovisão não é a dtlM Km l iturftH; vemos que el»i não é consistente com nossa confissão dc que Jesus 6 o Senhor. Kntílo precisamou ou negar nossa confissão e olhar em outra direção ou começar a rever nossa maneira básica de olhar para a vida e de vivê-la. Para os cristãos, o critério máximo pelo qual julgamos nossa cosmovisão ó a Bíblia. Ela é a revelação de Deus a respeito da realidade. Paulo diz a Timóteo que as Escrituras têm um propósito; elas são para nos ensinar, reprovar e corrigir, e para nos treinar na retidão de maneira que possamos estar equipados para umitvida de boas obras (2Tm 3 .16-17). Se buscamos uma cosmovisão que nos leve \\ vida e não à morte, então devemos procurar as Escrituras para instrução. E , como nossa cosmovisão é informada, corrigida e moldada pelas Escrituras sob o direcio namento do Espírito, receberemos orientação para nosso modo de vida. Os trên próximos capítulos investigarão essa cosmovisão bíblica, o caminho para nosstl caminhada com Deus. P a r t e 2 A C O S M O V IS Ã O B Í B L I C A C a i ’ î t u l o 3 C o m b a s e n a c r i a ç ã o "No |'i indpio, criou Deus os céus e a terra” (G n 1.1). A Bíblia tem início com BÜ ffiiljriiloHn proclamação. Assim, também, inicia a cosmovisão bíblica. t itmo cristílos, constantemente, concordamos com a doutrina bíblica apenas si 1 1mu ti puni fora”. Pensamos que ela é importante talvez para refutar a teoria da ' nlll|fltl, MUIN, por outro lado, não damos muito valor a ela. Em vez disso, focali- IhIiim l 'm to e a mensagem de salvação. A | ii'Miii disse>, a cosmovisão das Escrituras não tem início com Cristo e a salvação, li,*. i ti i it\H ‘'«un I )eus e a criação. O primeiro artigo do Credo dos Apóstolos enfatiza II jfpltflii ilt1 ( iênesis: “Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador dos céus e da IWm I' nqui que o Cristianismo começa. A criação é o ponto de partida bíblico.1 IlUlubiluvelmente, o foco das Escrituras é Jesus Cristo e a redenção que ele A mensagem bíblica é um convite para sair do pecado, indo em direção à HHIII Ulttvflo com Deus. Mas o que é pecado? E o que significam palavras como ItitfitiïfHt redenção e reconciliação? E impossível dar uma resposta a essas perguntas fî tirtn tivermos uma ideia implícita sobre a criação. Pois é a criação que é afetada |§|f) iir« mio c pela salvação. 1'iiiu liilar sobre pecado precisamos olhar como as criaturas de Deus o de- «n|iííilmu‘iim e como sua boa criação foi distorcida. O que é a salvação senão a ij'innriiliiçiio, em termos de trabalho, do amor de Deus por sua criação ao restau- 14 lil tlil CNcravidão e dos efeitos do pecado? A criação então, apesar de certamente H f) icr ii mensagem central das Escrituras, é o alicerce fundamental. D e fato, sem Mtiiil compreensão da visão bíblica da criação nosso entendimento a respeito do «Ht siilii r ilii redenção, inevitavelmente, será distorcido. Em termos de cosmovisão, Mflii |hiilemos responder as perguntas: “O que está errado?” E , “qual é a solução?”, íj IMEMlOH que abordemos antes as questões com respeito a quem somos e onde i -I<iituin. Responder as quatro perguntas sobre cosmovisão nos levará pelos temas bllilíi un cia criação, queda e redenção em Cristo. Esses temas constituem o fluxo PÍMro e o mecanismo da Bíblia. 40 A VIKAi I I UANHI'1 MMAIN 'KA Contudo precisamos nos lembrar que cbnom nfto wflo nuTumenle ideias iii tcrcssantcvs paru serem discutidas. Uma cosmovisflo Hempre (' muferializadfii /\ cosmovisão das Escrituras, que vem com autoridade de I )cus, convoca seu pov» ao comprometimento e à ação. Assim como não podemos ser neutros a respeili da pessoa de Cristo e da salvação que ele oferece, também não podemos ignohti as implicações radicais do ensino bíblico acerca da criação. Pela palavra, pela sabedoria. M uito pode ser dito sobre a criação, mas comecemos observando duas imfl gens significativas que a Bíblia usa para retratar a divina criação do mundo.2 A primeira ocorre em Gênesis 1, 110 qual Deus cria pelo comando da palavra. A segunda imagem vem de Provérbios 8. Lá a sabedoria é o artesão por meio do qual Deus fez o mundo. Essas duas imagens, criação pela palavra e criação pela sabedoria, têm in trigado os cristãos há muito tempo. Mas que ideia elas transmitem? E como cljjtN contribuem para nossa compreensão da cosmovisão bíblica? Olhe primeiro para a imagem da criação pela palavra. Depois da declaraçjí inicial majestosa que proclama a criação de Deus do universo inteiro, a terra descrita como sem forma e vazia, como um oceano escuro. E “o Espírito de DeiU pairava por sobre as águas” (G n 1.2). A cena é de preparação. Algo grandioso eslil prestes a acontecer. Então “Disse Deus: Haja luz; e houve luz” (G n 1.3). EbiI imagem, sobre a ordem de Deus e a reação da criação, torna-se o paradigma, 01 modelo, para o restante do capítulo. Oito vezes Deus traz novas criaturas à vida partir de sua criação amorfa, original, pelo comando de sua palavra.3 O impacto dessa imagem nos faz conscientes do poder e da soberania do Criado; Sua autoridade é tal que ele precisa apenas falar e a criação obedece. Pelo seu decrete soberano ele dá ordem e estrutura ao mundo. Como Isaías 55.10-11 diz: a palavnt de Deus não retorna para ele vazia. Ela sempre executa sua vontade. Nesse caso, palavra de Deus executa a criação.4 Daí o refrão em Gênesis 1: “E assim se fez”.5 M as outro refrão importante aparece em Gênesis 1: Deus está satisfeito com | ordem e a complexidade do mundo que ele fez. A variedade incrível da criação - dii e noite; céu, terra e mar; sol, lua e estrelas; peixes, aves, animais e seres humanol - tudo isso é declarado bom , na linguagem simples, mas ao mesmo tempo profundí de Gênesis 1. Por quê? O que deixa Deus satisfeito? E bom, antes de tudo, que o mundo exista com toda a sua diversidade, coflj tantos tipos de criatura. Deus está satisfeito com as várias coisas diferentes que cia fez. Por quê? Porque é uma expressão de sua vontade. A criação constitui um padrãC de resposta obediente à sua voz de comando. Isso é o que Deus considera bom. I V 1M HA.MI» MA I I I I Al, A( I 41 Hkirtin Mc foHHc para Bolidífii ai i in nonmiil inentCH quanto 1 )eus estava .satisfeito UHII mundo, C icnesis I aíil nui a <■ seriem ia da eriaçílo não menos que sele vezes. ..Ill liiiiydo filial, no fechamento do capítulo (v. 31), declara enfaticamente que: ti I ». 'Uh tudo quanto fizera, e cíh que era muito bom .”6 A ideia da criação pela palavra de I )eus, entretanto, não está limitada a G ê- • I l )h Salmos, por exemplo, também falam desse modo. Eles estão cheios de ii I >rus por sua criação. I Jm exemplo clássico é o Salmo 33.6-9 : ( h rn is por sua palavra se fizeram, i', pelo sopro de sua boca, i» exército deles. I'',le ajunta em m ontão Uh jlguas do mar; c riu reservatório encerra iih grandes vagas. I rm a ao SENHOR toda a terra, tem am -no todos os habitantes do mundo. 1'ois ele falou, e tudo se fez; d e ordenou, e tudo passou a existir.7 « Kl I ro exemplo é o Salmo 148 .5 -6 , que convida as criaturas de Deus a ItftiVil In I ,ouvem o nome do SENHOR, pois mandou ele, e foram criados. K os estabeleceu para todo o sempre; lixou-lhes uma ordem que não passará. I Duramente essas duas passagens ressoam Gênesis 1. Elas retratam Deus i Mino o t Viador soberano que dá as ordens; seu mundo e sua criação existem em li »(iimlii, A criação existe pela palavra de Deus.8 Mil« a criação também existe pela sabedoria de Deus. Observe Provérbios 8, Mn que a sabedoria, personificada na forma feminina, explica seu relacionamento HMD I •('UH e com a criação. I ( ) S e n h o r me possuíano início de sua obra,antes de suas obras mais antigas.I )esde a eternidade fui estabelecida, 42 A VlsAo HlANWUIlMAlHiKA desde <> princípio, untes do começo da terra. Antes de haver abismos, eu nasci, e antes ainda de haver fontes carregadas de águas. Antes que os montes fossem firmados, antes de haver outeiros, eu nasci. Ainda ele não tinha feito a terra, nem as amplidões, nem sequer o princípio do pó do mundo. (8.22-26) No princípio, antes da criação, Deus possuía sabedoria. Na verdade, Deu é sábio. M as ele também estabeleceu e fez nascer a sabedoria. O que isso siglil9 fica? Significa que o sábio Criador elaborou um plano brilhante. Ele deu à luz n sabedoria; seu esquema incrível foi concebido. E ele designou esse plano sábl< como modelo para o mundo que criou. A sabedoria estava lá antes que o mundo fosse feito, e ainda assim ela estava também lá na criação e, na verdade,teve parte nela. Quando ele preparava os céus, aí estava eu; quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de cima; quando estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao mar o seu limite, para que as águas não traspassassem os seus limites; quando compunha os fundamentos da terra; então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo; regozijando-me no seu mundo habitável e achando as minhas delícias com os filhos dos homens. (Pv 8.27-31) CO M ftANI NA i HIAi. An ■Attuim, ,i mibcdoria nflo <■ mrnimciitr o plimo de Deus puni a criaç&o no iiii«, t lii c o modo ddbio pelo 111uiI ele verdadeiramente projetou e ordenou o jjH A Imagem r do Critidor tnibídhundo como um artífice e estruturando a fln i mu habilidade, (irando as medida« para o oceano, estabelecendo limites, tiiidii ii horizonte, lixando os céus e as nuvens em seus lugares. Em tudo isso, liMilmiii r o "artesíío” de Deus. A I ifltt tf cm da criação pela sabedoria é fundada em outras partes na Bíblia. PJttHiipln, em Jó 28 .25-27 o método de criação de Deus é descrito de forma Ht HHnii'Iliunto à de Provérbios 8. lenindo regulou o peso do vento c lixou ;i medida das águas; (|Uiindo determinou leis para a chuva c caminho para o relâmpago iltiN irovões, piitfto, viu ele a sabedoria r ii manifestou; c’Nlaheleceu-a t* liiinbém a esquadrinhou. I podemos nos voltar para Provérbios 3 .19-20 , que declara: ( ) S kni lOR com sabedoria fundou a terra, com inteligência estabeleceu os céus. Pelo seu conhecim ento os abismos se rom pem , c as nuvens destilam orvalho. 1’nni a mente hebraica antiga term os com o sabedoria, entendimento e inicii/o eram quase sinônimos. Eles se referem à mesma realidade básica, a Hltliu lr» sábia como Deus projetou e estruturou a criação. A forma sábia e maravilhosa como Deus fez o mundo é motivo de muito re- Sua criação é boa. Em Provérbios 8 vemos a sabedoria dançando de alegria HHlitc de Deus, deleitando-se em suas obras. E o salmista exclama no que talvez IH*|H o mais belo salmo da Bíblia sobre a criação: Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! ' I odas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas. (SI 1 0 4 .2 4 ) .'\ VINAl > I HrtNNI I M<MAI M i|lA Davi, relletindo cm sua própria condiç&o de ciiuimn, Mprcrtcmin nm regwlro pessoal dessa consciência quando diz ao Senhor: Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; (SI 139.14) Esses textos selecionados são apenas uma amostra da consciência que ou escritores bíblicos tinham da maravilha e excelência da criação, uma consciência que transborda em louvor ao Criador. Digno de louvor Tanto as passagens da criação pela sabedoria quanto da criação pela palavra ocorrem em um contexto de louvor e adoração a Deus. A criação nunca é discuti da de maneira abstrata e teórica nas Escrituras. Pelo contrário, o foco é em Deus como o Criador sábio e Todo-Poderoso. Seja por seu discernimento perspicaz no surpreendente projeto do mundo ou por sua autoridade imperiosa à qual a criação responde, Deus é digno de ser louvado. Uma passagem que reúne essas duas ênfases e focaliza o Senhor como o único digno de culto pode ser encontrada em Jeremias 10.1-16. E uma crítica bíblica clássica contra os ídolos, que, em contraste com Yahweh, são impotentes e estúpidos. Esses falsos deuses não têm parte na criação. O SENHOR fez a terra pelo seu poder; estabeleceu o mundo por sua sabedoria c com a sua inteligência estendeu os céus. Fazendo ele “soar a voz”, logo há tumulto de águas no céu, e sobem os vapores das extremi dades da terra; ele cria os relâmpagos para a chuva e dos seus depósitos faz sair o vento. (Jr 10.12-13).9 Essa passagem reúne criação pela sabedoria e pela palavra. E ambas são motivo para louvar o Criador. Existe outra ligação entre as passagens de criação pela palavra e a criação pela sabedoria. Ambas são repletas de termos que se referem à maneira como Deus dá forma e medidas ao mundo por meio do ato da criação. Podemos comparar, por exemplo, duas das mais longas passagens que já mencionamos. Em Gênesis 1, a palavra do Criador ordena e estrutura a terra informe; em Provérbios 8 a sabedoria é o “artesão” de Deus pelo qual a criação recebe limites e medidas. I mi' fctnii da O H t r u t u »iln i 1 lui.ilo r rui ontnulo em todas as passagens que HiMii inn.iiuoN c cm pralivamrnlr todas uh ouirufi referências bíblicas á criação. Iili iii liÁMÍctl, nus palavras dc Isaían 'IS. IH, é que 1 )c*us: “Kormou a terra, que a # » a rtül'nl)dleceu; que níío a criou para ncr um caos, mas para ser habitada”. A Hllimi*• tujui é a ( ienesis 1.2, a figura da terra desolada, terra vazia. Mas esse não foi M HltUlO lina I da criação. I >onge de ser um solo improdutivo e caótico,10 o mundo tiMii lliído e um cosmos, um universo habitável, em ordem, estruturado pelos sábios lHliitili(loH do próprio Deus. vário* dos termos utilizados nessas passagens sobre a criação conotam mais HM i | H i upcuas ordem ou estrutura. Eles inferem uma ordem estável, uma estrutura m f r i J i i a I *a lavra de Deus é fiel, fundando e estabelecendo o mundo, fixando-o fUtlli mente em seu lugar.11 Essa ênfase direciona para a natureza radicalmente ili pt lulente da criação. Em nós mesmos não possuímos qualquer estrutura ou M hlítulil. Nada mais somos do que carne e pó, hoje aqui, amanhã não mais. UiftitH 40.6 H nos compara com a erva e com as flores. “Seca-se a erva, e cai a tiliii lliif, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente” (v. 8). Criaturas Httti, poi delinição, totalmente dependentes. Existim os apenas porque a sábia Miilavra dc Deus sustém e preserva nosso ser. O salmista, em 119 .89-91 , afirma Is.....h iu ih Io diz: 1’ara sempre, ó SENHOR, está firmada a tua palavra no céu. A tua fidelidade estende-se de geração em geração; fundaste a terra, e ela permanece. Conforme os teus juízos, assim tudo se mantém até hoje; porque ao teu dispor estão todas as coisas. I i >M IIANI NA i Kl At, Al » 'h Um pacto com a criação t 'ontrário à ideia deísta da criação, Deus não falou no princípio, somente, iIh m iiu Io o mundo por conta própria.12 A criação não é um relógio no qual Deus tlf [i corda e deixou para funcionar sozinho. Até hoje ele ainda fala; sua voz ecoa por Imltl ii criação. Essa é a única razão pela qual o mundo ainda está aqui. A criação é IMíMiualmente constituída como uma resposta às leis de Deus. Não demos início d iitittsa própria existência. Em vez disso, existimos porque a Palavra de Deus - seu i leeretc >, seus mandamentos e suas leis - permanece para sempre. Podemos depender iln ( Viador porque ele é fiel à sua Palavra. ICxplieando de outra maneira: 1 >t*ns é fiel ao mcii prn t<> Normalmente peii samos na aliança de I)eus como seu relacionamento com Ahrano <>u Israel, ou dti nova aliança por meio de Jesus. Mas a realidade subjacente por Ir.ls desses pados históricos é o relacionamento de Deus com a própria criaçflo. Isso é colocado ei# maneira explícita no livro de Jeremias, no qual Yafnueh, falando por meio do pro feta, faz um desafio: Se puderdes invalidar a minha aliança com o dia e a minha aliança com a noite, de tal modo que não haja nem dia nem noite a seu tempo, poder-se-á também invalidar a minha aliança com Davi, meu servo, para que não tenha filho que reine no seu trono; como também com os levitas sacerdotes, meus ministros [...] Se a minha aliança com o dia e com a noite não permanecer, e eu não mantiver as leis fixas dos céus e da terra, também rejeitarei a descendência de Jacó e de Davi, meu servo (Jr 33.20-21, 25-26). Em outras palavras, o relacionamento de Deus com o dia e a noite, os céliN e a terra é tão pactuai quanto seu relacionamento com seu povo. E esse pacto estit ligado de modo explícito com a ordem fixa da criação a qual Deus estabeleceu
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